sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Há esperança


Na Copa de 1998, a Bélgica de Van der Elst (6) se sentiu atrasada em relação à Holanda de Ronald de Boer (7). Neste 2017, foi a Holanda que ficou para trás (crédito não encontrado)
Na seleção, a entressafra já eclodida com a ausência na Euro 2016 ficou definitivamente clara com a confirmação de que a única presença holandesa na Copa de 2018 será do quinteto de arbitragem liderado por Bjorn Kuipers – fora um ou outro técnico que assuma alguma seleção, na última hora. Nos clubes, houve o fugaz esplendor do Ajax na Liga Europa - mesmo com a fragilidade defensiva crônica, que quase cobrou o preço contra Schalke 04 e Lyon -, mas a verdade voltou logo à tona: vexames de Ajax e PSV ainda nas fases preliminares dos torneios continentais, campanhas melancólicas de Feyenoord (na Liga dos Campeões) e Vitesse (na Liga Europa), e o fato de que a Holanda ficará sem vagas diretas nas fases de grupos das competições europeias, a partir de 2019/20.

Difícil ter esperança que a seleção e o futebol holandeses possam melhorar algum dia. Sim, é desagradável ler críticas como “Não acha que poderia ter uma pitada de otimismo/esperança? É preciso mostrar a verdade nua e crua?”. Mas... sim, é preciso mostrar a “verdade nua e crua”, porque de outro modo esta coluna seria só um espaço de torcedor – o que sou, mas sem querer deixar a emoção turvar as coisas (embora isso torne o futebol mais sem graça, verdade). O que não quer dizer que a Holanda está condenada a se tornar uma “nova Hungria”. Há esperança, sim. E ela está expressa nas palavras de um... belga: Bob Browaeys, envolvido nas seleções de base da vizinha e principal rival histórica da Laranja – atualmente, Browaeys treina a seleção sub-16 da Bélgica.

Em setembro de 2017, quando os Diabos Vermelhos já estavam tranquilamente garantidos entre as nações europeias que irão à Copa e a Laranja já temia a ausência que se consumaria, Browaeys concedeu um depoimento à revista Voetbal International, comentando toda a evolução da seleção belga, até o estágio elogiável da atualidade – no qual, embora o Campeonato Belga seja tão abaixo da crítica quanto o Holandês, as equipes nacionais do país detectam com qualidade os novos talentos, resultando numa boa seleção principal. Não excepcional, mas suficientemente boa para sonhar igualar a campanha de 2014, quando alcançou as quartas de final.

E Browaeys citou: a Holanda teve participação nesse ponto de virada da Bélgica. Indiretamente, claro. Foi ao ver a participação dos rubros na Copa de 1998 que ele se conscientizou de como a seleção e o futebol belgas estavam defasados. A ponto do resultado da estreia naquele Mundial (um 0 a 0 justamente contra a rival laranja, em Saint-Denis) ter sido muito comemorado, meramente pela Bélgica ter escapado da derrota – ainda que ela tenha criado chances até para vencer, justiça seja feita. Porém, a sequência da Copa revelou como a seleção holandesa vivia um de seus momentos mais brilhantes naquele 1998, assim como deixou claro que a Bélgica precisava mudar, eliminada na fase de grupos que foi.

“Nós conseguimos o resultado sonhado, mas nos esquecemos de olhar o todo. Se o vemos hoje, notamos que a Holanda nos superara completamente. E não foi só por aquele jogo, foi por toda a Copa. Nós entramos apenas para participar, e era o suficiente”. De fato, a equipe belga em 1998 parecia cada vez mais esgotada, dependente de veteranos. Na defesa, o goleiro Filip de Wilde (reserva de Michel Preud’homme em 1990 e 1994) já tinha 33 anos, o zagueiro Vital Borkelmans tinha 35, e seu companheiro de defesa Lorenzo Staelens possuía 34. No meio-campo, a confiança na marcação residia em Franky van der Elst e seus 37 anos de então, enquanto a criação de jogadas ainda cabia a Enzo Scifo, então com 32 primaveras. E no ataque, nem Luc Nilis era garoto (31 anos), nem Oliveira (29 anos), nem Marc Wilmots (29).

Logo após aquela Copa, Browaeys foi contratado pela federação belga – por obra de Frans Masson, diretor das categorias de base -, para trabalhar num plano de reestruturação. E suas declarações à Voetbal International deixaram claro: desde o começo, havia uma meta. “Ele [Masson] estabeleceu diretamente que, se você quer mudar o futebol, deve começar pela raiz: pelos treinadores que trabalham com a base”. E por quê a Bélgica precisava mudar? “Os sucessos que a Bélgica alcançou nos anos 1980 e 1990 vieram por causa da boa organização e da mentalidade belga, de querer trabalhar duro. Quais jogadores nossos podiam fazer a diferença individual naquela época? Marc Degryse, Luc Nilis e Enzo Scifo. Era essa a nossa criatividade, cercada de ‘carregadores de piano’. Vimos a Holanda, com todos aqueles jogadores talentosos, a França, que seria campeã mundial... a diferença em relação a nós, belgas, era chocante. Simplesmente pensamos: ‘Por quê não nos miramos no que os holandeses fazem bem, na razão dos franceses brilharem?’” 

Era esse o desafio: pegar o que de bom os exemplos holandês e francês tinham, “somados à nossa mentalidade”, de acordo com Browaeys. Ficou claro que era necessário superá-lo, diante da participação ainda mais vexatória na Euro 2000 sediada parcialmente em casa: eliminação na primeira fase. Ainda naquele ano, a federação belga lançou o relatório “Vision 2000”, em que preconizava a mudança de mentalidade. E aos poucos, a lógica belga foi sendo alterada nas categorias de base. E Browaeys, comandando várias seleções menores, citou no que a Holanda foi importante: “Nós nos perguntávamos qual era a característica que mais faltava em nossos jogadores. Era muito simples: faltava criatividade, ação individual. Não tínhamos mais gente que driblasse. E qual é a base do futebol? É o um-contra-um. Se você olha a influência que França e Holanda tiveram nisso, a holandesa foi bem maior. Eu já me encontrara com Rinus Michels num congresso em Barcelona, já apoiava a visão de Johan Cruyff, admirava Louis van Gaal – até assinei uma revista holandesa, De Voetbaltrainer [“O treinador de futebol”], onde estavam bons artigos. Assim começou tudo: foco no um-contra-um, depois ensinar os jogadores a tomarem decisões, a melhorarem o passe, a terem criatividade, a jogarem em pequenos espaços”.

Demorou ainda algum tempo. Mas os resultados começaram a aparecer – a partir da elogiável participação no torneio olímpico de futebol masculino em 2008, quando vários integrantes da “ótima geração” – Vincent Kompany, Thomas Vermaelen, Marouane Fellaini, Jan Vertonghen, Kevin Mirallas - fizeram sua primeira aparição, obtendo o quarto lugar (até derrotados pelo Brasil na decisão da medalha de bronze). Dali por diante, enquanto a Holanda apostava nos “três grandes”, a Bélgica foi construindo... um time. Cada vez mais fortalecido pelos surgimentos de novos talentos, como Eden Hazard e Romelu Lukaku. E hoje, é o que se vê: a Holanda parece desorientada, enquanto a Bélgica mostra uma seleção bem montada coletivamente.

Certo, relatório, a federação holandesa também fez: “Winnaars van morgen” (“Vencedores do amanhã”), publicado em 2015. Mas é preciso trabalhar com metas práticas, não considerar que falta ao jogador holandês apenas “mentalidade de campeão” - sim, foi uma das conclusões. É preciso que a Holanda reconheça: não é mais uma “meca tática”. Ela tem de deixar a arrogância de lado: ao contrário de 1998, precisa aprender com outros, não os outros com ela. A Bélgica fez isso – e tem razões para valorizar a mudança de mentalidade. 

Enquanto isso, os holandeses se debatem entre a clara necessidade de mudança e a resistência em abandonar o purismo. O Ajax simboliza isso: apostou em Marcel Keizer (que manteria a pureza do “ideal Ajax”). Errou. Demitiu-o. E agora, tentará Erik ten Hag, treinador ainda jovem, mas com certo aprendizado – principalmente nos tempos em que esteve treinando a equipe B do Bayern de Munique, sendo parceiro próximo de Pep Guardiola.

O caminho está dado. A Holanda tem muitas dificuldades. 2017 foi um ano ainda mais depressivo do que 2016 já fora. Mas exemplos não faltam de que, apesar de tudo, ainda há razões para esperança. A ver o que ocorrerá.

(E embora o autor destas linhas não goste muito de otimismos bobos, também não gosta muito de expressar amargor, até porque de nada ajuda. Prefere apenas continuar fazendo o que faz, esperando e se preparando para o que vier, bom ou ruim. É essa prontidão que ele deseja aos leitores, aos quais agradece penhoradamente pelo prestígio e paciência. Que estejam prontos para – e durante – 2018)

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 29 de dezembro de 2017)

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Top 10: holandeses na Bundesliga

A passagem de Robben pela Alemanha ainda não acabou. Mas já está definitivamente marcada (EPA)
É inegável: embora dificilmente alguns holandeses confessem isso (afinal, a rivalidade entre os dois países sai das quatro linhas), a Holanda gostaria de ter tudo o que a Alemanha tem no futebol. Com relação à seleção, a Laranja é vista como aquela para a qual sempre falta algo, enquanto a "Mannschaft" tem respeito inquestionável mundo afora e uma estante abarrotada de troféus. Com relação aos clubes, embora a condução das diretorias seja parecida, o nível técnico do Campeonato Alemão é mais respeitado do que o do Holandês. O que não quer dizer que a presença holandesa na Bundesliga seja diminuta. Na verdade, ela até tem aumentado ao longo dos 54 anos em que a liga profissional alemã está constituída. E se eram poucos (e desconhecidos) os jogadores batavos no futebol germânico, cada vez mais estrelas holandesas veem opção no país vizinho. Hoje, há vários representantes: de Jetro Willems (Eintracht Frankfurt) a Riechedly Bazoer (Wolfsburg), passando por Jeffrey Bruma (colega de Bazoer nos Lobos) e Karim Rekik (Hertha Berlim).

O que faz com que já seja possível uma lista com os dez futebolistas holandeses que melhor atuaram na Alemanha. Lista mais surpreendente do que parece, já que não estão entre os dez figuras de carreira marcante - um bom exemplo é Ruud van Nistelrooy, de passagem apagada pelo Hamburgo. Sem contar aqueles que prometiam muito e renderam pouco (inevitável lembrar de Eljero Elia). Ou quem era discreto demais para se destacar, embora tenha tido regularidade (casos de Joris Mathijsen e Nigel de Jong, que pouco apareciam no Hamburgo, mas foram bem nos hanseáticos). Como sempre, foram selecionados dez jogadores que mereciam menção - como Heinz van Haaren, de passagem marcante pelo Schalke 04 entre 1968 e 1972, que o tornou o segundo jogador holandês com mais partidas pela Bundesliga. Mas só os dez da lista terão suas passagens descritas. Confira.

20º - Rob Reekers; 19º - Kees Bregman; 18º - Ruud van Nistelrooy; 17º - Nico-Jan Hoogma; 16º - Nigel de Jong; 15º - Paul Verhaegh; 14º -  Joris Mathijsen; 13º - Dick van Burik; 12º - Erik Meijer; 11º - Heinz van Haaren

Wouters fez papel decente no Bayern de Munique - mas já era tarde para ficar mais tempo na Alemanha (sport.de)
10º - Jan Wouters

Posição: meio-campista
Clube em que atuou: Bayern de Munique (1992 a 1994)
Títulos conquistados: 1 Campeonato Alemão (1993/94)
Prêmios individuais: nenhum

Como volante, Wouters era nome certo na seleção holandesa, entre 1982 e 1994. Sua força na marcação o tornou personagem fundamental para que a Laranja pudesse ser ofensiva, como provam sua titularidade absoluta na campanha vitoriosa da Euro 1988 e na Copa de 1990. Ela também tornou o jogador querido no Utrecht, onde surgiu em 1980, e no Ajax, em que criou fama (a ponto de ser eleito o Jogador Holandês do Ano em 1990). Com tanta raça e dedicação, o volante nascido em 1960 conseguiu boa oportunidade: foi contratado pelo Bayern de Munique, na metade da temporada 1991/92. Porém, já chegando aos 32 anos à Bavária, Wouters não brilhou tanto quanto outros colegas de time (para citar um exemplo, Lothar Matthäus, que também veio para o time de Munique em 1992).

O volante foi titular absoluto somente na temporada 1992/93, com 33 jogos e quatro gols. De resto, embora jogasse constantemente, teve temporadas entrecortadas: fez 17 dos 38 jogos do Bayern em 1991/92, quando chegou, e 18 das 34 partidas em 1993/94, sua última temporada nos Roten, que venceriam a Bundesliga. Aliás, Wouters sequer completou a temporada na Alemanha: já em janeiro de 1994, o atual auxiliar técnico de Giovanni van Bronckhorst no Feyenoord voltou à Holanda, indo para o PSV, onde encerrou a carreira em 1996. Deixando a impressão de que, se tivesse ido mais cedo para a Alemanha, poderia ter feito mais sucesso.

De Kock recebeu aposta do Schalke 04 na fase final da carreira. Deu muito certo (Bongarts/Getty Images) 
9º - Johan de Kock

Posição: zagueiro
Clube em que atuou: Schalke 04 (1996 a 2000)
Títulos conquistados: 1 Copa da UEFA (1996/97)
Prêmios individuais: nenhum

Periodicamente, sempre se veem casos de jogadores de qualidade técnica mediana, que não impressionam nem positiva nem negativamente, mas que alcançam os melhores momentos de suas carreiras justamente na fase final delas. Foi precisamente o que aconteceu com Johan de Kock. Nascido em 1964, o zagueiro fez a maior parte de sua carreira em times médios/pequenos da Holanda: começou no Groningen em 1984, foi para o Utrecht três anos depois, e se transferiu para o Roda JC em 1994. Parecia o fim, com De Kock já contando 30 anos? Pois foi o começo.

Já em 1993, ele começara uma passagem pela seleção holandesa, sob Dick Advocaat. Ficou ausente da Copa de 1994, mas seguiu regularmente convocado sob o comando de Guus Hiddink. Em 1996, o zagueiro conseguiu um lugar entre os 22 convocados para a Euro. De lá, foi diretamente para o Schalke 04, treinado por outro holandês, Huub Stevens. Nos Azuis Reais, De Kock viveu o grande momento da carreira: foi titular absoluto nas campanhas pela Bundesliga e, principalmente, no título da Copa da UEFA, na temporada 1996/97. Em Gelsenkirchen mesmo o zagueiro terminou a carreira, em 2000. Até hoje, De Kock é querido no Schalke. E também tem motivos para lembrar com carinho de sua passagem pela Alemanha.

O Hannover 96 tornou-se um time estável na Bundesliga, e Bruggink ajudou bastante nisso (DPA)
8º - Arnold Bruggink

Posição: meio-campo/atacante
Clube em que atuou: Hannover 96 (2006 a 2010)
Títulos conquistados: nenhum
Prêmios individuais: nenhum

Após idas e vindas, somente na década passada o Hannover 96 conseguiu alguma regularidade na divisão de elite alemã, após ser promovido em 2001/02. E é possível citar que Arnold Bruggink teve muita utilidade no processo que levou os Vermelhos a virarem um time relativamente estável na Bundesliga. Vindo do Heerenveen em 2006, o meio-campista era constantemente escalado como um ponta-de-lança: não só armando as jogadas, mas também chegando para finalizar. Assim, Bruggink virou figura certa e confiável para a torcida no Hannover 96. Nos quatro anos passados na HDI Arena, foram 111 jogos e 20 gols, além de ser reconhecido pela experiência na equipe.

Já às vésperas de completar 33 anos, o nativo de Almelo voltou à Holanda, para terminar sua carreira no Twente, mas saiu da Alemanha conhecido como um jogador regular (e querido no clube - Bruggink teve demonstrações muito emotivas no traumático suicídio de Robert Enke, com quem passou três anos jogando ali). Tal fama rendeu a ele credibilidade para também participar de mesas-redondas na tevê alemã, além do trabalho principal como comentarista na FOX Sports holandesa. Nada mal para quem tivera uma primeira experiência opaca no Mallorca, antes.

Violento, aplicado, irritante, vencedor: Van Bommel foi tudo isso no Bayern (Pierre-Philippe Marcou/AFP/Getty Images)
7º - Mark van Bommel

Posição: meio-campista
Clube em que atuou: Bayern de Munique (2006 a 2011)
Títulos conquistados: 2 Campeonatos Alemães (2007/08 e 2009/10), 2 Copas da Alemanha (2007/08 e 2009/10), 1 Copa da Liga Alemã (2007) e 1 Supercopa da Alemanha (2010)
Prêmios individuais: nenhum

Embora Mark van Bommel já tivesse algum reconhecimento, é possível dizer que a carreira do meio-campista se divide entre antes e depois de sua passagem pelo Bayern de Munique. Até chegar ao Rekordmeister, em 2006, Van Bommel era considerado um volante até técnico, que dava qualidade na saída de bola - além do esforço nos desarmes. Assim já fora titular na excelente fase do PSV em 2004/05 (campeão holandês, semifinalista na Liga dos Campeões), e no Barcelona campeão europeu na temporada seguinte. No Bayern, com o peso dos anos já se revelando, Van Bommel começou a virar um volante predominantemente marcador, cada vez menos ofensivo. O que teve seu lado bom: o nativo de Maasbracht mostrava dedicação invejável ao desarmar os adversários, e seu profissionalismo o tornou não só querido da torcida bávara, mas também capitão do time.

Mas Van Bommel, cada vez mais, mostrou também um lado ruim: às vezes, o que era aplicação na marcação virava violência. Sem contar a capacidade que tinha para irritar juízes e adversários, com as reclamações e os persistentes cartões. Uma mostra disso, curiosamente, veio ao comemorar um gol: uma "banana" mandada para as arquibancadas do Santiago Bernabéu, ao fazer um gol útil para o Bayern contra o Real Madrid, no jogo de ida das oitavas de final da Liga dos Campeões 2006/07 (teve até de pedir desculpas públicas depois). Enfim, embora "pentelho", Van Bommel viveu no Bayern os momentos mais gloriosos da carreira. Até porque foi pelo que fazia no clube que virou titular absoluto na Laranja vice-campeã mundial em 2010.

Na sua primeira passagem pelo Hamburgo, Van der Vaart chamou a responsabilidade. Na segunda, viveu a melancolia da decadência (Martin Rose/Bongarts/Getty Images)
6º - Rafael van der Vaart

Posição: meio-campista
Clube em que atuou: Hamburgo (2005 a 2008 e 2012 a 2015)
Títulos conquistados: 2 Copas Intertoto (2005 e 2007)
Prêmios individuais: nenhum

No começo da década passada - circa 2001 -, era possível cravar: Rafael van der Vaart era a maior esperança holandesa. Da geração que se tornaria vice-campeã mundial em 2010, foi o primeiro a ter oportunidades na Laranja. Mesmo com as aparições posteriores de Arjen Robben, Wesley Sneijder e Robin van Persie, o meio-campista seguia como a grande aposta. Tomou conta do seu setor, no Ajax. Atraía a atenção de muitos clubes grandes pela Europa. Mas foi o Hamburgo que o contratou, em junho de 2005. Tal transferência até decepcionou: em sua coluna no De Telegraaf, Johan Cruyff falou que "não sabia o que Van der Vaart estava fazendo em Hamburgo". Fosse como fosse, o fato é que "Raf" chegou fulgurante: em 2005/06, marcou gols em seus primeiros quatro jogos pelos Rothosen, foi o personagem principal na campanha que levou o time à terceira posição no Campeonato Alemão, teve grande importância ao levar o time à Liga dos Campeões.

Já capitão no time hanseático, Van der Vaart seguiu como grande destaque ali, embora sua participação na Copa de 2006 tenha sido discreta - e as atuações em 2006/07 tenham sido perturbadas por várias lesões. O interesse de clubes gigantes seguia, pelo bom nível técnico que o meia exibia. Até que, em 2008, por 13 milhões de euros, ele teve sua chance de ouro no Real Madrid. E a perdeu: no meio de um tempo caótico dos Merengues, VdV decepcionou nas oportunidades que teve. Desde então, em que pese uma boa fase no Tottenham, o meio-campista ficou longe do que um dia prometeu ser. Talvez em busca disso tenha voltado aonde foi tão feliz: a Hamburgo, onde chegou de novo em 2012. Mas o tempo havia passado, o HSV vivia as dificuldades que vive hoje... e Van der Vaart deixou o clube em 2015, sem ser notado. Grande diferença em relação a 2005.

Mesmo holandês, Youri Mulder virou uma bandeira do Schalke 04 (sportnieuws.nl)
5º - Youri Mulder

Posição: atacante
Clube em que atuou: Schalke 04 (1993 a 2002)
Títulos conquistados: 1 Copa da UEFA (1996/97) e 1 Copa da Alemanha (2000/01)
Prêmios individuais: nenhum

Se há um clube da Alemanha no qual holandeses têm um histórico receptivo, provavelmente é o Schalke 04. E se Heinz van Haaren ajudou nisso com os quatro anos passados lá nos anos 1960 e 1970, provavelmente Youri Mulder foi o maior responsável pelo fortalecimento do elo entre os Azuis Reais e os nativos do país da Casa de Orange. Chegando em 1993 a Gelsenkirchen, após passar três anos no Twente, o filho do ex-atacante Jan Mulder teve um ótimo começo de história no Schalke: tornou-se titular absoluto no ataque, o que o fez merecer constantes convocações para a seleção holandesa. Tudo isso foi coroado em 1995/96. Pelo clube, foram 33 jogos e 10 gols na Bundesliga. Pela Laranja, a inclusão no grupo de jogadores para a Euro 1996.

Se houvesse qualquer dúvida da importância de Mulder para o Schalke 04, ela se dissipou em 1996/97, temporada na qual o avante também foi fundamental na conquista da Copa da UEFA: mesmo sem ter atuado na final, fez três gols durante a campanha - um dos quais, na semifinal contra o Valencia-ESP. Dali por diante, porém, a frequência de Youri foi diminuindo: nos últimos quatro anos dele no Schalke, foram mais lesões do que gols (apenas sete). E em 2002, após nove anos de clube, Mulder encerrou a carreira. Mas fora de campo, a relação com o clube alemão segue até hoje. Por duas vezes ele treinou a equipe interinamente, ao lado do colega Mike Büskens, além de ter sido auxiliar técnico na temporada 2008/09. E as portas seguem abertas para Youri Mulder no Schalke 04. Até porque ele as abriu para os holandeses em Gelsenkirchen.

Huntelaar tinha no Schalke 04 a chance de recuperar algum respeito na carreira. Conseguiu (Pro Shots)
4º - Klaas-Jan Huntelaar

Posição: atacante
Clube em que atuou: Schalke 04 (2010 a 2017)
Títulos conquistados: 1 Copa da Alemanha (2010/11) e 1 Supercopa da Alemanha (2011)
Prêmios individuais: Goleador da Bundesliga (2011/12), com 29 gols

Quando chegou ao Schalke 04, em agosto de 2010, Klaas-Jan Huntelaar era um jogador, no mínimo, altamente questionado. O prodígio goleador que era nos tempos de Heerenveen e Ajax havia virado motivo de piada, com os seis meses decepcionantes passados no Real Madrid e o ano ainda mais discreto no Milan. Tais fracassos haviam popularizado, no Brasil, o apelido de "Ruintelaar". Para piorar, a atuação na Copa de 2010 também passou quase em branco: embora fosse um reserva constante, marcara apenas um gol. Era gigante o desafio do nativo de Drempt: provar, no Schalke, que tinha talento - embora talvez menor do que parecia quando ele surgiu. Não demorou muito para Huntelaar recuperar a autoestima e provar isso.

Na Bundesliga, enfim o atacante encontrou um campeonato de nível técnico mais acessível. E retribuiu a confiança do clube e o carinho da torcida com o que sabia fazer: gols. Assim já destacou-se na conquista da Copa da Alemanha, em 2010/11. E também assim viveu seu melhor momento na carreira, sendo o artilheiro da Bundesliga na temporada seguinte, com 29 gols - desempenho tão bom que fez muita gente criticar a escolha do técnico Bert van Marwijk por Robin van Persie no time holandês que fracassou na Euro 2012. E ao longo dos anos, se nunca conseguiu destronar Van Persie no ataque da seleção, Huntelaar foi sempre a grande aposta de gols no Schalke 04. O tempo passou, e em junho passado, após sete anos, ele preferiu voltar ao Ajax em que despontou. Mas desta vez, "Hunter" saiu com a ótima sensação de deixar saudades no Schalke 04. Já é algo.


Lippens jogou num período em que a Bundesliga passava em branco? Pois foi goleador do mesmo jeito (Imago)
3º - Willi Lippens

Posição: atacante
Clube em que atuou: Rot-Weiss Essen (1966 a 1976 e 1979 a 1981) e Borussia Dortmund (1976 a 1979)
Títulos conquistados: nenhum
Prêmios individuais: nenhum

"Quem é esse?", muita gente há de perguntar. Pois se trata do holandês que mais gols havia marcado no Campeonato Alemão. Aliás, um holandês que conhecia muito o país, por ter nascido nele - afinal, Lippens veio ao mundo na própria Alemanha (em Hau, cidade fronteiriça, no dia 10 de novembro de 1945), e se naturalizou holandês. Ainda assim, jogou na Alemanha em quase toda a carreira - principalmente no Rot-Weiss Essen. Lá começou a atuar, em 1966 - e lá participou da ascensão do clube, promovido pela primeira vez à Bundesliga em 1966/67.

Titular e popular entre os torcedores pelo espírito galhofeiro e pelo andar desengonçado (foi apelidado "Ente" - em alemão, "Pato"), Lippens mereceu até uma chance na seleção holandesa. E marcou gol, nos 6 a 0 sobre Luxemburgo, pelas eliminatórias da Euro 1972. Porém, foi a única partida do naturalizado, que enfrentou oposição de certos colegas (alguns até o chamavam de "meio nazista"). Restou continuar fazendo gols no Rot-Weiss Essen, além da passagem pelo Borussia Dortmund. Gols que tornaram Willi Lippens o segundo holandês a mais vezes colocar a esférica no filó adversário: foram 92 gols de um holandês pouco conhecido fora da Alemanha. Mas lá, foi ídolo.

O gol mais rápido da história da Liga dos Campeões foi uma prova da qualidade que Makaay deu ao ataque do Bayern (bayernforum.com)
2º - Roy Makaay

Posição: atacante
Clube em que atuou: Bayern de Munique (2003 a 2007)
Títulos conquistados: 2 Campeonatos Alemães (2004/05 e 2005/06), 2 Supercopas da Alemanhas (2004/05 e 2005/06) e 1 Copa da Liga Alemã (2004)
Prêmios individuais: nenhum

Roy Makaay apareceu menos do que merecia durante sua carreira. De todo modo, quando fala aos atacantes que treina nas categorias de base do Feyenoord, Rudolphus Antonius Makaay pode lembrar um fato que mostra como sabia colocar a esférica no filó adversário. Pouco acima, foi citado o jogo de ida das oitavas na Liga dos Campeões 2006/07, quando Van Bommel marcou um gol de honra no 3 a 2 contra o Real Madrid e se exaltou na comemoração. Pois na volta, Makaay foi o responsável pelo gol mais rápido da história da Champions League: na Allianz Arena, em dez segundos, aproveitou falha de Roberto Carlos e passe de Hasan Salihamidzic para fazer 1 a 0 e encaminhar a classificação do Bayern, com o 2 a 1.

Tal gol foi uma das várias mostras de como o Bayern acertou ao tirar Makaay de uma passagem já elogiável pelo Deportivo, pagando 18 milhões de euros em novembro de 2003. E o atacante foi titular durante toda a sua passagem pelos bávaros, recheando-a de momentos marcantes - como marcar o 3000º gol da história do Campeonato Alemão, em 21 de agosto de 2006. Ou quando fez seu 100º gol pelo clube, contra o Schalke 04, em 31 de março de 2007, pela 27ª rodada da Bundesliga 2006/07 - ficaria em 102 gols, nas 178 partidas pelos Roten. Com tal desempenho, Roy nem precisou ter sido goleador de qualquer torneio para marcar época na Alemanha. Se teve menos oportunidades do que merecia na seleção holandesa, tão grande (em quantidade e qualidade) era a concorrência, Makaay mereceu o apelido ganho na Alemanha: "Das Phantom", o fantasma que atormentava as defesas.

A final da Liga dos Campeões 2012/13 foi o ponto de virada para Robben virar o símbolo de um Bayern vencedor (Alex Livesey/Getty Images)
1º - Arjen Robben

Posição: atacante
Clube em que atuou: Bayern de Munique (desde 2009)
Títulos conquistados: 1 Mundial de Clubes (2013), 1 Liga dos Campeões da Europa (2012/13), 1 Supercopa da Europa (2013), 6 Campeonatos Alemães (2009/10, 2012/13, 2013/14, 2014/15, 2015/16 e 2016/17), 4 Copas da Alemanha (2009/10, 2012/13, 2013/14 e 2015/16) e 1 Supercopa da Alemanha (2012)
Prêmios individuais: Jogador do ano na Alemanha (2010)

Desde que despontou em clubes (no PSV) e na seleção holandesa (com as ótimas atuações que teve na Euro 2004, com apenas 20 anos), sabia-se: Arjen Robben era um craque... quando tinha espaço e tempo para tanto. Até 2009, não havia achado nem um, nem outro. Tanto no Chelsea quanto no Real Madrid, Robben ficou devendo - e um motivo considerável para a falta de sequências satisfatórias em Stamford Bridge e Santiago Bernabéu era a inacreditável frequência de lesões sofridas. Fosse como fosse, a técnica estava lá, naquela perna esquerda. E o Bayern de Munique decidiu apostar em Robben, contratando-o em 2009, nos últimos dias da janela de transferência, tirando-o de um Real Madrid que já se cansara dele. Já na primeira temporada, 2009/10, Robben deixou claras duas coisas.

A primeira: felizmente, o time bávaro acertara na mosca. O nativo de Bedum foi o protagonista nas conquistas da copa e campeonato alemães - e também na campanha do vice-campeonato na Liga dos Campeões (como esquecer aquele voleio de fora da área, em Old Trafford, marcando o gol que o time precisava para superar o Manchester United nos tentos fora de casa e avançar às semifinais?). Todavia, a segunda coisa clara era prejudicial: as lesões continuariam até sabe-se lá quando - um problema muscular tratado paliativamente permitiu que Robben disputasse - muito bem - a Copa de 2010, mas o tirou do Bayern pelo segundo semestre inteiro de 2010. Pior ainda: justamente no momento em que o Rekordmeister mais esperava brilhar (a final da Liga dos Campeões 2011/12, em plena Allianz Arena), Robben negou fogo. Perdeu um pênalti fundamental na prorrogação, sequer cobrou na disputa de chutes da marca penal, viu o Chelsea fazer a festa do título. Com outra decepção na Euro 2012, parecia a prova de que a decadência estava próxima. Pior: a prova de que era "amarelão".  Mas o mundo deu suas voltas, o Bayern ganhou mais algumas Bundesligas... e chegou outra final de Liga dos Campeões, em 2012/13. E ali, em Wembley, no dia 25 de maio de 2013, veio a grande virada da carreira de Robben.

Num "clássico alemão" equilibradíssimo contra o Borussia Dortmund, o camisa 10 dos Roten já perdera muitos gols. Certo, até participara da jogada em que Mario Mandzukic abrira o placar, mas era pouco para o protagonismo que sempre se esperou dele. Até os 44 minutos do segundo tempo, quando num leve toque à esquerda do goleiro Roman Weidenfeller, Robben começou a se livrar dos azares e das desconfianças. Marcava ali o gol do quinto título europeu do Bayern, mostrando que não era "amarelão". Ali começava o apogeu do homem da canhota, seguido de uma Copa do Mundo irretocável em 2014. Certo, a queda já começou, com uma lesão aqui e outra ali. Mas se na seleção holandesa Robben já não pôde mudar o destino, ninguém questiona como ele ainda é importante para o Bayern, mesmo às portas dos 34 anos que fará em 23 de janeiro. E se houver questionamentos, basta lembrar que ele, agora, é o holandês com mais gols pela Bundesliga (93). Mais do que isso: ninguém questiona que, quando for preciso lembrar desta década em que o Bayern de Munique voltou a ser time de ponta no futebol mundial, Robben será um dos grandes símbolos dessa fase.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

810 minuten: como foi a 18ª rodada da Eredivisie

O Zwolle tinha muitos desfalques para a rodada. E o ADO Den Haag foi impiedoso: goleada para terminar 2017 (Pro Shots)
ADO Den Haag 4x0 Zwolle (sexta-feira, 22 de dezembro)

Mesmo com uma campanha quase irrepreensível no primeiro turno, para os padrões do clube pequeno que é, o Zwolle começava o returno do Campeonato Holandês sem jogadores importantes, como o zagueiro Dirk Marcellis e o atacante Youness Mokhtar, ambos suspensos (e no aquecimento, ainda perdeu Mustafa Saymak, lesionado). O ADO Den Haag aproveitou as ausências, começou se impondo e criou três boas chances - aos 11' e aos 14, Sheraldo Becker perdeu dois chutes em sequência diante do goleiro Diederik Boer, e Erik Falkenburg arrematou de longe para outra intervenção do arqueiro, aos 22'. Bola espalmada, escanteio, Nasser El Khayati cobrou... e o próprio Falkenburg completou de cabeça para o 1 a 0 merecido dos mandantes.

Só depois de ficar em desvantagem o desfigurado Zwolle começou a tentar mais o gol, em chegadas de Wouter Marinus e Sander van Looy. Porém, era visível a superioridade do Den Haag. E ela foi comprovada com o segundo gol, aos 44', em jogada semelhante à do primeiro: bola parada cobrada por El Khayati (desta vez, uma falta), desvio de cabeça (agora de Bjorn Johnsen), barbante balançado. No segundo tempo, nem mesmo uma mudança nos Zwollenaren - Stef Nijland entrou para melhorar o meio-campo - surtiu efeito. Já aos 52', veio o terceiro gol auriverde em Haia: Johnsen passou, Becker cruzou, e Falkenburg para o gol finalizou. Finalmente, aos 62', Johnsen também teve o seu segundo gol, desviando cruzamento de Tyronne Ebuehi. O Zwolle continua melhor na tabela (já tem a quarta posição assegurada na pausa de inverno), mas o Den Haag é que terminou 2017 alegre.

Além de amargar a derrota num duelo equilibrado com o NAC Breda, o Utrecht pode perder seu técnico (Pieter Stam de Jonge/VI Images)
NAC Breda 3x1 Utrecht (sábado, 23 de dezembro)

Nem a pressão sobre o NAC Breda, para se distanciar da zona de repescagem/rebaixamento, era tão grande quanto a súbita pressão sobre o técnico do Utrecht - afinal, desde a sexta se sabe que é Erik ten Hag o principal candidato a treinar o Ajax, após a demissão de Marcel Keizer. Em campo, o que se viu foi muito equilíbrio. O time da casa atacou de um lado (aos 12', Thierry Ambrose desviou de cabeça para Rai Vloet chutar, a bola passou do goleiro David Jensen, mas Mark van der Maarel tirou em cima da linha); e os Utregs responderam num desvio de Zakaria Labyad, aos 22', que causou problemas ao goleiro Mark Birighitti. Coube a dois espanhóis emprestados pelo Manchester City abrirem o placar para o time da casa, aos 26': Angeliño cruzou, e Pablo Marí cabeceou para o 1 a 0. Mesmo uma substituição do Utrecht deu ainda mais alegria à torcida do NAC Breda: aos 40', o lesionado Yassin Ayoub deu lugar a Cyriel Dessers, destaque do time de Breda na campanha do acesso em 2016/17, aplaudido assim que entrou em campo (até deu volta olímpica após o jogo).

A alegria poderia ter ficado maior ainda no segundo tempo, aos 52', quando Mounir El Allouchi mandou a bola perto do gol num chute colocado (Jensen pulou para defender). Depois, o Utrecht chegou perto do empate em arremates de Sean Klaiber (aos 57') e Dessers (aos 70'), ambos bem defendidos por Birighitti. Justamente nesse momento, aos 72', coube a Ambrose tranquilizar o NAC Breda, fazendo 2 a 0 ao completar cruzamento desviado por Vloet. Dessers ainda animou os visitantes ao marcar o gol de honra, aos 75', mas Angeliño aproveitou uma cobrança de falta (que rendeu cartão vermelho a Rico Strieder), nos acréscimos, para bater com precisão e fazer o 3 a 1 que deu o respiro que a torcida do NAC precisava para passar a intertemporada: fora da zona de repescagem/rebaixamento. Ao Utrecht, além da derrota, aumenta o temor de perder o técnico, pelas palavras do próprio Erik ten Hag à FOX Sports: "Depende do Ajax. Se eles tomarem uma decisão, precisarão falar com o Utrecht. Mas eu estaria aberto à oportunidade".


O AZ saiu atrás no placar, ficou com um jogador a mais, e só então pressionou. Coube a Fred Friday ser o nome da virada sobre o Heerenveen (ANP/Pro Shots)
AZ 3x1 Heerenveen (sábado, 23 de dezembro)

Da maneira com que a partida começou em Alkmaar, o time da casa prometia superar o Heerenveen com facilidade: já aos quatro minutos, Ricardo van Rhijn mandou a bola na trave, em cobrança de falta. Depois, aos 14', Thomas Ouwejan cruzou, e Guus Til completou por cima da meta adversária. Então, o ritmo da partida se desacelerou, até que um erro defensivo dos visitantes rendeu outra possibilidade ao AZ: aos 37', aproveitando saída de bola errada, Joris van Overeem (novamente titular, substituindo Mats Seuntjens) lançou Ouwejan, mas o lateral esquerdo ficou sem ângulo para chutar, e bateu em cima do arqueiro Warner Hahn. Logo no começo do segundo tempo, o Heerenveen mostrou ter aprendido a lição. Logo aos 47', Morten Thorsby quase marcou. No minuto seguinte, Pelle van Amersfoort foi mais eficaz, e fez 1 a 0 para o Fean.

Na frente, o Fean cresceu no jogo, e quase fez 2 a 0 aos 52', quando Michel Vlap finalizou em cima do goleiro Marco Bizot. A partir de então, a partida ficou mais truncada, com faltas - e duas delas renderam dois cartões amarelos a Thorsby, enfim expulso pelo segundo deles aos 68'. Foi a senha que o AZ esperava para arriscar tudo em busca da vitória, indo para o ataque. Abriu espaços atrás, e levou susto aos 79', quando Lucas Woudenberg quase fez o segundo do Heerenveen. Mas enfim veio o empate aos 80', num golpe de sorte: Ouwejan cruzou, e o lateral Denzel Dumfries desviou acidentalmente para as próprias redes. E coube ao nigeriano Fred Friday manter o time de Alkmaar firme na disputa pela segunda posição: ele consumou a virada aos 84', completando cruzamento de Til, e fez 3 a 1 aos 88' - desta vez, com Jeremy Helmer passando. Outra vitória para impor respeito.

Após alguns jogos de baixa, Lozano reapareceu. Foi o bastante para definir mais uma vitória do PSV (Jeroen Putmans/VI Images)
PSV 2x1 Vitesse (sábado, 23 de dezembro)

O Vitesse foi encarar o líder do campeonato do mesmo modo que o ADO Den Haag fizera na rodada passada: confiando na defesa - os visitantes de Arnhem tiveram o time escalado com três zagueiros, mas num 5-3-2. Pelo menos, tiveram mais méritos: o PSV demorou para criar chances. Só aos 9' é que os Boeren chegaram: Bart Ramselaar segurou a bola pelo meio, até passá-la a Santiago Arias. O lateral colombiano cruzou da direita, e Luuk de Jong subiu para o cabeceio - fraco, mandando a bola sem problemas para o goleiro Remko Pasveer. Aos 13', outra boa chance: Marco van Ginkel roubou bem a bola, e após troca de passes, ela parou nos pés de Steven Bergwijn, cujo chute foi travado por Matt Miazga. E no minuto seguinte, Hendrix lançou a bola em profundidade para Van Ginkel chegar livre à área com ela. Porém, o meio-campista tocou em cima de Pasveer, que evitou o gol. E  a defesa do Vites seguia bem postada - algo mostrado aos 16', quando cruzamento de Lozano parou nos pés de Guram Kashia.

Quando a bola passava, havia ainda o goleiro. Como aos 18', quando Arias pegou a bola antes que ela saísse pela linha de fundo, e cruzou para Lozano completar - e Pasveer defender. Aos 27', Hendrix cruzou, Kashia rebateu parcialmente, e Lozano pegou a sobra num chute forte, que Pasveer espalmou. No escanteio subsequente, novamente o mexicano tentou - e novamente o arqueiro do Vitesse impediu o gol. Mas o Vitesse estava vivo no jogo. E deu a primeira estocada numa falha de Daniel Schwaab, aos 31': o zagueiro alemão errou passe em frente à área, deixando Milot Rashica livre com a bola. O atacante albanês só não fez o gol porque Zoet evitou com grande intervenção, tirando a bola com os pés. No minuto seguinte, bastou: numa inversão de jogo, o Vitesse surpreendeu, fazendo 1 a 0. Ainda do campo de defesa, Lassana Faye mandou a bola para a área, da direita. Ela alcançou Bryan Linssen, e o camisa 9 tocou na saída de Jeroen Zoet. Na pequena área, impedido, Matavz tocou para o gol vazio e abriu o placar - até houve reclamação sobre eventual impedimento do atacante esloveno, mas ele estava atrás da linha da bola.

A desvantagem inesperada desnorteou o PSV por alguns minutos, e o Vitesse até se animou mais - como aos 37', num chute de Thomas Bruns (substituto do lesionado Navarone Foor), para fora. Porém, os donos da casa se reanimaram aos 39': um cruzamento de Lozano mandou a bola na cabeça de Luuk de Jong, e seu cabeceio quase pegou no contrapé de Pasveer. A bola saiu por muito pouco. E aos 43', por fim, veio o gol para acalmar os Eindhovenaren. De falta, Lozano jogou a bola na área, e duas falhas (uma de marcação, outra de Pasveer na saída de bola) deixaram Daniel Schwaab livre para cabecear a esférica rumo ao gol vazio, fazendo 1 a 1 ainda antes do intervalo. No segundo tempo, o Vitesse até ousou algo no começo, num arremate fraco de Matavz, que Jeroen Zoet pegou aos 49'. Mas aos 53', enfim os Boeren recolocaram a ordem definitivamente na casa, com o gol da virada. Feito com beleza: Van Ginkel chegou perto da área e passou a Ramselaar. Coube ao meio-campista apenas ajeitar de calcanhar para o chute forte de Lozano, que estufou as redes de Pasveer no 2 a 1.

Quando Matavz abriu o placar, o Vitesse sonhou impor ao PSV a primeira derrota em Eindhoven no ano - justamente na partida derradeira (Pro Shots/vitesse.nl)
E o jogo estava encaminhado. Nem mesmo um cruzamento de Bryan Linssen, aos 60', inesperadamente perigoso - poderia ter ido diretamente ao gol, não fosse a defesa atenta de Zoet. O goleiro dos Boeren também evitou que a bola entrasse num arremate fraco de Matavz, aos 64'. Aos 77', Luuk de Jong perdeu oportunidade clara para definir a vitória: um erro de Miazga na saída de bola deixou o camisa 9 livre diante de Pasveer, mas ele perdeu o ângulo ao tentar driblar o goleiro, teve de recuar a Lozano, e o mexicano errou. E Bergwijn arrematou de novo para fora, aos 81'. O Vitesse ainda tentou fortalecer o ataque com a entrada de Luc Castaignos, para buscar o empate. Quase conseguiu aos 83': Matavz colocou a bola nas redes, mas estava impedido, e o gol foi anulado. Depois disso, nada mais impediu o PSV de alcançar uma marca notável: desde 1987 o time não vencia TODOS os seus jogos em Eindhoven num só ano solar (de 1º de janeiro a 31 de dezembro). A liderança já estava garantida para toda a pausa de inverno, mas tal façanha só amplia o bom sentimento com que o PSV vai disputar a Florida Cup, na intertemporada.

Excelsior e Twente brigaram com a bola na partida (Den Breejen/VI Images)
Excelsior 0x0 Twente (sábado, 23 de dezembro)

Antes do jogo, para celebrar o final de ano, a torcida do Excelsior planejava um show pirotécnico no estádio. Ficou no planejamento - por problemas técnicos, as pirotecnias foram deixadas de lado. O problema é que os 90 minutos em Roterdã fizeram com que os adeptos sentissem falta de qualquer outra animação, tal foi o marasmo visto em campo. No primeiro tempo, a única chance vista foi aos 25 minutos, quando Jordy de Wijs cruzou, a bola passou por Stanley Elbers e Mike van Duinen, e o lateral Cristián Cuevas quase fez gol contra - seu desvio com o peito só não entrou pela defesa do goleiro Joël Drommel, salvando o Twente. Aos 40', os visitantes tentaram algo num chute de Thomas Lam, bem defendido por Theo Zwarthoed. No segundo tempo, só Ryan Koolwijk tentou algo, nos acréscimos - mas nada que trouxesse ânimo. O 0 a 0 ainda foi muito pelo que se viu em campo.

O Groningen buscou muito o gol no primeiro tempo. E logo no começo do segundo, Veldwijk abriu o caminho para a goleada (Ronald Bonestroo/VI Images)
Groningen 4x0 Sparta Rotterdam (domingo, 24 de dezembro)

O Sparta Rotterdam foi o primeiro clube da Eredivisie a ter demitido seu treinador nesta semana (horas após o 7 a 0 sofrido para o Feyenoord, Alex Pastoor perdeu o emprego). Mas pelo que se viu no estádio Noordlease, de pouco adiantou. Sob o comando do interino Dolf Roks, os Spartanen continuaram sofrendo no primeiro tempo. Até tiveram boas chances em dois chutes de Loris Brogno, aos 15' e aos 27' (o primeiro foi defendido pelo goleiro Sergio Padt, o segundo saiu). Contudo, o Groningen mandou em sua casa. Quase fez o gol aos 19', numa cobrança de falta de Juninho Bacuna. E aos 31', quando Oussama Idrissi, de fora da área, mandou a bola na trave - a mesma coisa fez Mimoun Mahi, aos 41' (nenhum outro clube teve tantas bolas na trave quanto o Groningen: 16).

Finalmente, aos 50', Lars Veldwijk deu a merecida vantagem aos Groningers: após afastamento parcial do zagueiro Michel Breuer, Idrissi ajeitou de calcanhar para o atacante finalizar e fazer 1 a 0. Depois, Robert Mühren até deu ao Sparta uma esperança (seu chute foi bem defendido por Padt, aos 53'). E o Groningen teve de esperar até os 74' para o gol que encaminhou a vitória, quando Tom van Weert completou para as redes o cruzamento de Mahi. No final, o triunfo virou goleada, com um gol contra de Frederik Holst (aos 86') e com um complemento de Ritsu Doan (aos 90'). Numa temporada turbulenta, pelo menos o Groningen vai para a intertemporada relaxado - e o Sparta só agradece a existência do Roda JC. Não fosse o saldo de gols pior do time de Kerkrade, estaria em último lugar.


Por três vezes a torcida do VVV-Venlo pôde celebrar essa imagem: Thy chamando a responsabilidade e marcando gol, nos 3 a 1 sobre o Heracles Almelo (ANP/Pro Shots)
VVV-Venlo 3x1 Heracles Almelo (domingo, 24 de dezembro)

Num jogo entre duas equipes no meio de tabela, coube ao alemão Lennart Thy dar ao VVV-Venlo a tranquilidade para terminar 2017. O alemão fez 1 a 0 já aos 17 minutos, completando a jogada com um forte chute no canto esquerdo do goleiro Bram Castro. Aí, o Heracles assustou um pouco, com o empate aos 27': Roel Janssen agarrou Tim Breukers na área, o juiz Christiaan Bax apitou o pênalti, e Reuven Niemeijer fez o 1 a 1 para os Heraclieden. E foi o suficiente para a partida em Venlo ficar mais equilibrada - os visitantes de Almelo tiveram grande chance aos 35', em passe de Niemeijer que chegou à área sem ninguém alcançar.

O segundo tempo começou do mesmo jeito que o primeiro terminara: com as duas equipes tentando criar chances para o gol. Coube ao VVV, porém, ser mais eficiente. Graças a Thy, de novo: aos 54', o ponta-de-lança alemão fez 2 a 1, aproveitando passe em profundidade de Vito van Crooij para finalizar nas redes. Mesmo em vantagem, porém, a vitória dos Venlonaren só foi assegurada definitivamente aos 76': Clint Leemans arriscou um primeiro chute, a bola desviou na defesa e sobrou para... Lennart Thy, que bateu para se tornar o primeiro jogador do VVV desde 1994 a marcar três gols num jogo do Campeonato Holandês. E no meio da tabela, o clube de Venlo terminará 2017 na frente: 10º lugar, contra 11º do Heracles.

Kluivert até fez o gol de empate, mas David Neres foi o destaque real na vitória salvadora do Ajax (ANP)
Ajax 3x1 Willem II (domingo, 24 de dezembro)

Com meros 54 segundos de jogo na ainda Amsterdam Arena, o Ajax já tentou um gol para amenizar as desconfianças após a turbulenta semana da demissão do técnico Marcel Keizer: David Neres tabelou com Klaas-Jan Huntelaar (de novo titular), e finalizou da direita na grande área. Mas a bola foi afastada por um zagueiro, para fora. Donny van de Beek teve chance ainda melhor aos 7': recebeu a bola já na grande área, de Hakim Ziyech. Porém, a finalização foi a pior possível: após se livrar do zagueiro Freek Heerkens, Van de Beek bateu por cima do gol, tendo apenas o goleiro Mattijs Branderhorst à frente. O meio-campista da camisa 6 ainda pôde chutar de novo aos 13', ao receber passe de David Neres. Desta vez, Branderhorst agarrou a bola com firmeza. Só aos 20' o Willem II apareceu perigosamente. Após lançamento para a área, Fran Sol disputou a bola de cabeça com Joël Veltman, e ela caiu nos pés de Ismaïl Azzaoui, que finalizou a jogada - para fora.

Depois, foi Ziyech que tentou colocar os mandantes na frente. Aos 23', o marroquino cobrou escanteio sinuoso e fechado, e o goleiro Branderhorst precisou evitar o gol olímpico, defendendo a bola em dois tempos. O camisa 10 cruzou de novo aos 25', com bola rolando, e Huntelaar chegou para tentar completar - a bola foi mais rápida. Aos 28', foi perigoso sozinho: numa cobrança de falta, forçou Branderhorst a espalmar a bola para fora. E aos 32', Branderhorst espalmou outro chute de Ziyech, de fora da área. Porém, os Ajacieden tiveram um primeiro revés aos 38': com dores no joelho, Huntelaar teve de dar lugar a Kasper Dolberg. E no minuto final do primeiro tempo, o Willem II quase aproveitou um lapso. André Onana errou na saída de bola, deixando-a nos pés de Azzaoui, e o atacante passou por Frenkie de Jong, ficando livre na área para chutar. Porém, finalizou exatamente nas pernas do goleiro camaronês, que consertou seu erro e salvou o Ajax.

Fran Sol assustou o Ajax com o gol que abriu o placar na Amsterdam Arena (ANP/Pro Shots)
O Willem II já ameaçava, aproveitando os espaços para contragolpes - e a lentidão crônica do Ajax. E aos 52', num rápido contra-ataque, os visitantes de Tilburg surpreenderam. Após cruzamento de Konstantinos Tsimikas, a bola passou pela área e sobrou para Fran Sol, que chutou forte no canto esquerdo de Onana, fazendo 1 a 0. Pois é: os Tricolores eram mais eficientes e passavam à frente. Só em desvantagem os Godenzonen aceleraram o ritmo. E David Neres começou a se destacar. Aos 55', o brasileiro caiu na área após vir com a bola da direita - pediu pênalti,  mas o juiz Jeroen Manschot nada deu. De novo, Neres ficou com a bola na área aos 59', ao receber passe de Lasse Schöne - porém, Branderhorst se antecipou ao sair do gol e evitar o arremate. No rebote, Dolberg bateu, mas o goleiro do Willem II espalmou. Aos 63', da direita, Ziyech cruzou - e no lado oposto, Siem de Jong (recém-entrado no lugar de Mitchell Dijks) cabeceou em diagonal. Atento, Branderhorst se esticou para rebater e fazer grande defesa.

Segundos depois, coube a Justin Kluivert, enfim, fazer o que o Ajax precisava: gol. Aos 63', o camisa 45 se valeu de uma jogada comum para mandar a esférica no filó adversário. Veio da esquerda, trouxe a bola para o meio e arriscou chute forte e alto, da entrada da área. Branderhorst nem arriscou a defesa: a bola foi no ângulo esquerdo, indefensável, para o golaço do 1 a 1. A pressão se intensificou ainda mais, e até De Ligt teve uma chance para chamar de sua, aos 70' - veio da defesa, recebeu a bola na área, e bateu no lado externo da trave. De tanto pressionar, de tanto buscar o gol da virada, o Ajax enfim o conseguiu, aos 72'. David Neres fez mais uma de suas insinuantes jogadas pela esquerda: veio à linha de fundo, tirou o zagueiro Jop van der Linden da jogada com um corte seco, e cruzou. A bola passou por Branderhorst, e Dolberg teve o trabalho simples de escorar a bola na pequena área para o 2 a 1 salvador. E após tantos dribles, David Neres enfim fez o seu gol, aos 81'. Impedido, é verdade: o brasileiro estava um pouco à frente dos zagueiros quando recebeu a bola de Siem de Jong, que a mandou de calcanhar após um primeiro passe de Ziyech. Mesmo assim, Neres tocou na saída de Branderhorst para fazer 3 a 1, coroar sua ótima atuação - e enfim, tranquilizar o Ajax. Que, pelo menos, manteve a distância para o PSV em cinco pontos. E terá a intertemporada para amainar as turbulências e achar um novo técnico. Até porque o returno já voltará com clássico contra o Feyenoord, no dia 21...

Berghuis terminou bem 2017: os dois gols lhe tornaram goleador da Eredivisie. E o Feyenoord também sorriu com a goleada (Tom Bode/VI Images)
Feyenoord 5x1 Roda JC (domingo, 24 de dezembro)

Bastaram 54 segundos de primeiro tempo em De Kuip para que a torcida do Feyenoord tivesse a sensação de que a vitória era líquida e certa. Foi nesse tempo que Renato Tapia lançou a bola do campo de defesa, diretamente para Steven Berghuis, livre no ataque. Ele cruzou da direita, Sam Larsson desviou com passe de calcanhar, e Nicolai Jorgensen apenas completou na saída do goleiro Hidde Jurjus para já fazer 1 a 0. Tinha mais: aos três minutos, Berghuis novamente cruzou, e Tonny Vilhena entrou livre pelo meio da área, completando forte para Jurjus defender com dificuldades. O Roda JC sequer saíra do campo de defesa, e o Stadionclub já aproveitou para fazer o segundo gol com meros quatro minutos. Após erro na saída de bola, Larsson dominou-a no meio, tocou para Jorgensen. Da esquerda, o dinamarquês cruzou rasteiro, a bola atravessou a área, e sobrou para Jens Toornstra bater do jeito que todo atacante gosta: um chute forte, no ângulo, que acertou a microcâmera de tão preciso. Um 2 a 0 inapelável, que fez a torcida pedir por "dez".

Talvez mais pedidos poderiam ter vindo aos seis minutos, quando Jorgensen concluiu da direita para Jurjus agarrar. Só aos 9' o Roda tentou algo: Tsiy William Ndenge veio pela esquerda à linha de fundo, tocou para trás, mas Karim El Ahmadi interceptou tirando por cima do gol. Os Feyenoorders já responderam com uma chance de gol maior ainda: aos 11', Bart Nieuwkoop cruzou quase em cima da linha de fundo, e Vilhena perdeu o gol em ótimas condições: livre no meio, cabeceou para fora, rente à trave direita de Jurjus. E as chances se avolumaram no resto do primeiro tempo. Aos 17', do meio, Jorgensen deixou a esférica para Vilhena bater (Jurjus tirou com o pé esquerdo). Aos 25', como fizera no primeiro gol, Tapia avançou para o meio-campo e lançou a bola. Toornstra entrou livre na área, mas perdeu tempo no domínio da bola, e Jurjus pôde defender com tranquilidade. E aos 35', Toornstra cruzou já na área, e Berghuis cabeceou no lado oposto, para fora - chegou a pedir pênalti, mas o juiz Jochem Kamphuis fez que não ouviu.

Jorgensen encaminhou a vitória logo no começo do jogo, com duas bolas no filó adversário (ANP/Pro Shots)
A franca superioridade quase teve sequência já aos 49', com Vilhena fazendo gol. Mas não só ele foi anulado, por impedimento, como o Roda JC é que ganhou a esperança de surpreender. Já no minuto seguinte, os visitantes de Kerkrade diminuíram a vantagem numa triangulação. Dani Schahin passou a bola a Mario Engels, e o ponta-esquerda cruzou para a área. Lá estava Simon Gustafson, que mostrou novamente como tem sido importante para os Koempels: cabeceou no canto esquerdo e marcou. Dos cinco gols mais recentes do Roda no campeonato, quatro foram do meio-campista sueco - emprestado justamente pelo Feyenoord. Engels ainda teve uma chance para empatar aos 56' (chutou para Brad Jones defender), mas antes que o Roda ficasse mais ousado, o Feyenoord tratou de aumentar sua vantagem de novo. Segundos depois, Vilhena tabelou com Larsson, entrou na grande área e cruzou. A Jorgensen, ficou a simples tarefa de desviar para o 3 a 1, sozinho na área.

Jorgensen teve a chance de marcar o quarto gol aos 61' (o zagueiro Frédéric Ananou interceptou). O Roda ainda tentou algo em chutes de Gustafson (cobrança de falta aos 77') e Schahin (chute, aos 79'). Até que a vitória do Feyenoord virou goleada aos 89', quando Berghuis fez o seu primeiro gol, completando cruzamento de Jorgensen após Sofyan Amrabat fazer o corta-luz. E até houve tempo para o camisa 19 do time de Roterdã fazer 5 a 1, nos acréscimos, completando contra-ataque e fazendo com que 2017 terminasse tão em alta quanto foi a primeira metade do ano em De Kuip. E até dando esperanças expressas pelo próprio Berghuis, novo goleador do campeonato, à FOX Sports holandesa: "Vamos buscar o PSV". A ver se a intertemporada dá meios ao time para tal façanha.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Crônica de uma demissão anunciada

Marcel Keizer, Hennie Spijkerman, Dennis Bergkamp e Aron Winter (da direita para a esquerda): a direção os apoiou no Ajax, com a saída de Peter Bosz. Mudou de ideia com os resultados. Agora, só Winter segue (ANP)
Estava normal demais para ser verdade. Vencer o PSV, há duas rodadas, já realimentara as esperanças do Ajax no Campeonato Holandês. E tais esperanças foram consolidadas com um triunfo ainda mais importante: o 2 a 1 de virada, fora de casa, sobre o AZ, concorrente direto na disputa pela segunda posição da Eredivisie. Com esses resultados (mais o 3 a 1 sobre o Excelsior no meio), o time de Amsterdã se isolou como o grande adversário do PSV na busca do título. Ambiente acalmado, certo? Errado. Porque, no meio desta semana, uma inesperada eliminação na Copa da Holanda apressou algo que só se esperava para o final da temporada: a demissão do técnico Marcel Keizer.

O mais curioso é que, apesar do anúncio da demissão ter surpreendido meio mundo na Holanda durante esta quinta, ela foi até compreensível. Afinal de contas, esperava-se que os Ajacieden tivessem aprendido a lição, já que o adversário nas oitavas de final da Copa da Holanda era conhecido: o Twente, que oferecera dificuldades no encontro pela Eredivisie (com 2 a 0 atrás, os Tukkers buscaram o empate, levaram o 3 a 2, mas tiveram disposição para ainda chegarem aos 3 a 3 nos acréscimos, pela 14ª rodada). E o Ajax, aparentemente, se livraria do incômodo adversário sem grandes problemas na quarta passada, graças ao belo gol de Justin Kluivert que abriu o placar no Grolsch Veste, em Enschede.

Aí entrou o erro de Marcel Keizer no jogo: com a vantagem mantida em relativa segurança, o técnico decidiu fazer duas alterações. A primeira estagnou o time, taticamente: foi tirado Frenkie de Jong, o jogador que vinha acertando o Ajax com sua transição fluida entre defesa e meio-campo, para a entrada de outro De Jong, o Siem, fixando mais a equipe no 4-3-3. A segunda foi para que os visitantes de Amsterdã meramente conservassem a vitória: a saída de Justin Kluivert, dando espaço ao lateral direito colombiano Luis Orejuela, mandando Joël Veltman para a zaga, junto a Matthijs de Ligt. 

Mudança punida de modo cruel: nos acréscimos, o Twente empatou, com Oussama Assaidi. Na prorrogação, nem mesmo a expulsão de um jogador do time de Enschede (Thomas Lam, pelo segundo cartão amarelo) foi bem aproveitada pelo Ajax. O jogo foi para os pênaltis. Após um chute desperdiçado por cada time na série regulamentar de cinco cobranças, o zagueiro Peet Bijen acertou o segundo arremate do Twente nas alternadas, De Ligt mandou a bola por cima do gol na sua vez, e o Ajax estava fora da Copa da Holanda. O único grande eliminado, já que o PSV despachara o VVV-Venlo anteriormente naquela quarta, e o Feyenoord cumpriu seu objetivo contra o Heracles Almelo nesta quinta.

Nem foi necessário esperar o Ajax deixar o estádio: as críticas amainadas com a melhora no Campeonato Holandês voltaram com toda a força. Começando pela autocrítica dos jogadores, fosse de Veltman (“Erramos completamente como um time, um jogo desses tem de ser resolvido logo”) ou de Ziyech (“Eu cobrei o pênalti de uma maneira escandalosa, fomos eliminados por minha causa”). E seguindo pela tentativa de Marcel Keizer para explicar as mudanças: “Precisávamos melhorar alguma coisa na defesa, foi má sorte”.

O time do Ajax vinha evoluindo - mas a eliminação na Copa da Holanda parece ter trazido de volta a desconfiança (Soenar Chamid/VI Images)
Ainda assim, os trabalhos começaram normalmente para a partida contra o Willem II, no próximo domingo, pela 18ª rodada (primeira do returno), no último jogo antes da pausa de inverno na Eredivisie e da consequente intertemporada em Portugal. Até a chamada de Marcel Keizer (e de toda a comissão técnica) para a reunião com o diretor de futebol Marc Overmars e o diretor geral Edwin van der Sar. Ali, Keizer foi comunicado de sua demissão. Mas ela não foi a única, nem a mais importante. 

Também estavam demitidos o auxiliar Hennie Spijkerman e, principalmente, Dennis Bergkamp, o “diretor técnico não-oficial”, principal preocupado em fazer o Ajax jogar como seu ideário pede. A importância dessas demissões? Com elas, a dupla Overmars-Van der Sar mudava novamente de ideia, “consertando” tardiamente um erro que perturbou toda a preparação do Ajax para a temporada. Ao darem respaldo a Spijkerman e Bergkamp, mantiveram o “modo Ajax” de jogar e descontentaram Peter Bosz, que aceitou a proposta do Borussia Dortmund. 

Resultado: sob Marcel Keizer, promovido do Jong Ajax (o time B), a equipe esteve longe de ser regular. Teve média de gols pró maior do que com Bosz, verdade (3 gols por jogo, contra 2,3 com o antecessor), mas também aumentou a média de gols sofridos (0,9, contra 0,7 com Bosz). As eliminações nas fases preliminares de Liga dos Campeões e Liga Europa também prejudicaram muito. E no turno da Eredivisie desta temporada, o Ajax já perdera tantos jogos quanto em toda a temporada passada, sob Bosz: três derrotas, sendo duas em plena Amsterdam Arena. Estava difícil defender o trabalho, mesmo com o alívio das rodadas recentes. A eliminação na Copa da Holanda foi a gota d’água. E as demissões representavam a “mudança de ideia” da direção.

Mesmo com a surpresa dos jogadores e com a irritação de Bergkamp (segundo a imprensa holandesa, o ex-atacante ficou irado, se considerando traído pelo antigo aliado Overmars), este momento perto da pausa era o ideal para uma demissão, se era para ela acontecer. Porém, o erro cometido no início dos campeonatos dificilmente será corrigido pelo Ajax. Obviamente, a volta de Peter Bosz virou o murmúrio unânime por quem acompanha futebol na Holanda – chegou-se até a falar que o técnico estivera na Amsterdam Arena, mas o boato foi prontamente desmentido pelo próprio. Além do mais, seriam necessárias muitas conversas entre o técnico e a dupla que manda no Ajax para que as mágoas fossem acertadas. Outras opções parecem menos prováveis: Ronald Koeman espera coisa maior, Frank de Boer ainda tem a passagem recente demais, e parece faltar o “DNA Ajax” em Dick Advocaat (sim, foi cogitado).

Sendo assim, o mais provável é que aconteça o que se falava, no começo de madrugada holandesa entre a quinta e esta sexta: o Ajax aproveitará a intertemporada para ir com tudo e tentar Erik ten Hag, ainda no Utrecht (para auxiliar Ten Hag, seria buscado Alfred Schreuder, auxiliar de Julian Nagelsmann no Hoffenheim). Se não der certo, o jeito será aceitar a manutenção de dois interinos conhecidos dentro de campo: Michael Reiziger, “aquele”, técnico da equipe B que por enquanto acumulará os trabalhos da equipe principal – bem como seu auxiliar, Winston Bogarde, outro “aquele”. E esperar que o destino seja menos amargo no resto de uma temporada que parecia tão promissora para o Ajax – mas que se mostra desastrosa, pelos desacertos dentro e fora de campo.

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 22 de dezembro de 2011)

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

810 minuten: como foi a 17ª rodada da Eredivisie

O Zwolle estava com 2 a 0 de desvantagem. Mas Saymak (agachado) chamou a responsabilidade, o time foi atrás... e alcançou grande vitória (ANP/Pro Shots)
Willem II 2x3 Zwolle (sábado, 16 de dezembro)

Em dez minutos, aconteceram lances suficientes para mostrar como a última rodada do primeiro turno seria aberta com um jogo emocionante. Aos quatro minutos, Ben Rienstra quase colocou o Willem II na frente, cabeceando a bola para fora; aos oito, foi Mustafa Saymak que esteve perto de marcar para o Zwolle, mas chutou em cima do goleiro Mattijs Branderhorst; finalmente, aos 10', Fran Sol fez seu oitavo gol no campeonato, colocando os mandantes na frente em Tilburg. O equilíbrio seguiu com grandes chances aqui e ali, até que Rienstra aproveitou a chance para o 2 a 0, aos 36', colocando a bola na rede após chute forte de Ismaïl Azzaoui. Vitória encaminhada para os Tricolores? Não, porque aos 40', Konstantinos Tsimikas empurrou Younes Namli na área, Reinold Wiedemeijer marcou o pênalti, e Erik Bakker acertou a cobrança para devolver a esperança ao Zwolle: 2 a 1.

O equilíbrio seguiu no segundo tempo. Aos 54', Terell Ondaan quase empatou para os Zwollenaren, mas Branderhorst evitou que o atacante marcasse; quatro minutos depois, em cabeceio, quase Bartholomew Ogbeche fez seu nono gol nas últimas cinco partidas, mas mandou a bola para fora. Azar do Willem II: no minuto seguinte, Bakker lançou em profundidade, e Saymak chegou livre para tocar na saída do goleiro e fazer 2 a 2. O equilíbrio continuou, mas já se previa o empate. Até que, aos 85', os "Dedos Azuis" alcançaram o gol para confirmar uma notável vitória: em jogada individual, Namli chutou forte, e Branderhorst rebateu. Saymak só esperava para aproveitar e fazer 3 a 2. A primeira virada do Zwolle fora de casa após desvantagem por 2 a 0, em toda a história do clube na Eredivisie. Mais um feito, numa campanha brilhante para o tamanho da agremiação.

Van Amersfoort aproveitou a oportunidade: fez o gol que deu, enfim, uma vitória ao Heerenveen (Pro Shots)
Heerenveen 1x0 NAC Breda (sábado, 16 de dezembro)

Havia quatro rodadas sem vencer, o Heerenveen começou francamente ofensivo. Já aos nove minutos do primeiro tempo, em cobrança de escanteio, Morten Thorsby desviou a bola na trave. Aos 19', foi a vez do capitão Stijn Schaars mandar a esférica perto do gol de Mark Birighitti (de volta, no lugar do suspenso Nigel Bertrams), de falta. Só a partir dos 20 minutos o NAC Breda equilibrou as tentativas ofensivas, graças a Rai Vloet. Primeiro, o meio-campista chegou a fazer o gol aos 28', mas estava impedido. Depois, o zagueiro Daniel Hoegh salvou os mandantes no estádio Abe Lenstra.

No segundo tempo, porém, Mounir El Allouchi virou o centro das ações. Primeiro, no ataque - aos 52', o meio-campista arrematou perto do gol. Depois, um erro de El Allouchi foi decisivo: aos 55', ele perdeu a bola no meio, e Pelle van Amersfoort dominou para andar mais alguns metros antes de bater forte e balançar as redes no 1 a 0 do Heerenveen. O que não quer dizer que o equilíbrio acabou a partir do gol. Se Yuki Kobayashi quase fez belo gol de bicicleta para ampliar a vantagem do Fean, Pablo Marí quase empatou para o NAC, no final, impedido pela grande defesa de Warner Hahn, decisiva para que o time da Frísia voltasse a sair vencedor de uma partida.


Desta vez, não houve sustos para o PSV: 3 a 0 já no primeiro tempo contra o ADO Den Haag, e assim terminou (EPA)
PSV 3x0 ADO Den Haag (sábado, 16 de dezembro)


Depois da derrota para o Ajax e do inesperado empate contra o Groningen, tudo que o PSV queria era ter um jogo tranquilo contra o ADO Den Haag. Começou a buscar o gol cedo: aos quatro minutos, Santiago Arias cruzou da direita, mas Thomas Meissner foi previdente e tirou a bola da área antes que ela chegasse a Luuk de Jong. Um minuto depois, a jogada foi praticamente repetida. Mas com final feliz para o time da casa: Van Ginkel mandou a bola para Arias, o colombiano a alcançou quase na linha de fundo, cruzou, e Luuk de Jong se antecipou à marcação, mandando de voleio no canto direito do goleiro Robert Zwinkels para fazer 1 a 0. Mais um pouco, e aos oito minutos, Luuk de Jong protagonizou um daqueles lances de inacreditável sorte para ampliar a vantagem. O camisa 9 dominou a bola, livrou-se da marcação de Meissner, mas a esférica escapou dele, ficando à feição para o zagueiro Nick Kuipers dar um chutão daqueles. Estreante na Eredivisie (às pressas: substituindo Tom Beugelsdijk, lesionado no aquecimento), Kuipers deu o chutão. Só não contava que a bola ricocheteasse em De Jong, e fosse involuntária e diretamente para o canto direito de Zwinkels. Sem querer, o atacante conseguia seu segundo gol no jogo.

O domínio dos Boeren contra o Den Haag era indiscutível. Aos 10', o terceiro gol só não veio porque Zwinkels desviou com os pés o arremate de Hirving Lozano, por cima. Sem contar o chute de Jorrit Hendrix, para fora, na sequência. Aos 24': após cruzamento rebatido parcialmente pela defesa, Lozano tentou uma puxeta, e mandou a bola perigosamente para o gol. Coube a Zwinkels espalmar sobre o gol. O único sinal de vida dos visitantes de Haia em todo o primeiro tempo foi aos 28'. Primeiro, Sheraldo Becker cruzou da direita, e Bjorn Johnsen tentou tocar na saída de Zoet. Porém, Daniel Schwaab tirou a bola em cima da linha. Na sequência, após escanteio, Elson Hooi chutou cruzado de fora da área, mas Zoet espalmou.

De certa forma, a lesão que tirou o goleiro Zwinkels do jogo simbolizou o péssimo primeiro tempo do Den Haag (Jeoren Putmans/VI Images)
Porém, assim como na quarta passada, o PSV conseguiu seu terceiro gol num pênalti. Em lançamento de Hendrix, Steven Bergwijn dominou na área, à frente dos zagueiros, e foi empurrado por Kuipers, aos 35'. Pênalti marcado, e Van Ginkel repetiu o que fez contra o Groningen: cobrança perfeita, bola na esquerda, Zwinkels na direita, 3 a 0. Que ainda poderiam ter virado quatro aos 39': em posição legal após sair da linha de marcação, Lozano tentou finalizar, mas chegou lento e chutou fraco na área, em cima de Zwinkels - que se machucou no lance e precisou deixar o jogo (na sobra, Van Ginkel ainda tocou para fora).

No segundo tempo, os visitantes auriverdes ainda quiseram algo aos 47', num chute de Hooi, que Zoet defendeu. Só que as maiores oportunidades de gol seguiram sendo dos mandantes de Eindhoven. Aos 52', Lozano correu da direita para o meio com a bola, mas sua finalização mandou a bola acima da meta defendida por Tim Coremans, substituto de Zwinkels no gol do Den Haag. Aos 60', uma grande chance para o quarto gol: Van Ginkel deixou a bola para Lozano, mas o mexicano chutou e Coremans defendeu com os pés. O goleiro do Den Haag reapareceu bem no minuto seguinte, agarrando com firmeza a bola, após chute de Steven Bergwijn. Sheraldo Becker ainda teve a chance de diminuir para os visitantes de Haia aos 68', completando cruzamento, mas Zoet defendeu. Para piorar a situação do ADO Den Haag, Meissner foi expulso aos 80', pelo segundo cartão amarelo E o PSV evitou os sustos da quarta-feira passada: manteve-se atento para garantir a vantagem já construída no primeiro tempo, confirmando ser o melhor do 1º turno. Um respiro, após os tropeços.

Jensen finalizou com estilo a brilhante jogada do gol do Twente. Mas depois o Vitesse empatou, e as emoções rarearam (Pro Shots)
Twente 1x1 Vitesse (sábado, 16 de dezembro)

Depois da primeira vitória sob o técnico Gertjan Verbeek, o Twente chegou com esperanças renovadas para receber o Vitesse. E tais esperanças aumentaram com a bela jogada do primeiro gol dos Tukkers, aos 13 minutos. Começou com o passe preciso de Oussama Assaidi (titular, superando a febre que o deixou acamado na sexta), e foi completada com os movimentos de Fredrik Jensen: o meio-campista finlandês se livrou da marcação com um movimento, e tocou com precisão na saída do goleiro Remko Pasveer para fazer 1 a 0.

Porém, o que Assaidi e Jensen tiveram de rapidez na jogada do gol a favor, a defesa teve de ingenuidade no 1 a 1 do Vitesse, aos 28': em escanteio cobrado, o desvio de Navarone Foor enganou todos os zagueiros dos Tukkers, e o inglês Mason Mount ficou livre para completar a jogada de bola parada, nas redes do arqueiro Joël Drommel. E a rigor, a partida no Grolsch Veste de Enschede poderia ter acabado aí, porque nenhuma chance de gol digna de nota foi vista depois. Nem nos 17 minutos que restavam do primeiro tempo, muito menos nos 45 minutos (e acréscimos) do segundo.

Demorou, mas o VVV-Venlo afinal conseguiu a vitória, graças a Clint Leemans (Gerrit van Keulen/VI Images)
Roda JC 0x1 VVV-Venlo (sábado, 16 de dezembro)

Se o jogo em Kerkrade tivesse começado após os 30 minutos do primeiro tempo, poucos reclamariam. Antes disso, os dois goleiros tiveram pouco trabalho. Depois, Hidde Jurjus voltou a ser colocado à prova, arqueiro que é do lanterna da Eredivisie: viu Jerold Promes mandar a bola perto do gol, num cabeceio aos 31', e teve de pular no ângulo esquerdo para espalmar a esférica, quando Clint Leemans cobrou falta aos 38'.

Na etapa complementar, os mandantes tiveram uma das "bolas do jogo", aos 61': Simon Gustafson, avançado no meio-campo, deixou Mikhail Rosheuvel livre, mas o atacante finalizou no lado externo da rede. Aos 74', foi a vez do VVV ter generosa oportunidade de abrir o placar, quando a bola sobrou com Roel Janssen, mas o zagueiro chutou fracamente. Pelo menos, outra "bola do jogo" apareceu para os Venlonaren, e esta eles não perderam: aos 76', Leemans estava a postos para completar um cruzamento e decretar a vitória do time aurinegro de Venlo.

Na goleada categórica do Feyenoord, o jovem Dylan Vente justificou a aposta, com boa atuação. Até fez gol (/VI Images)
Sparta Rotterdam 0x7 Feyenoord (domingo, 17 de dezembro)

No primeiro minuto do clássico citadino, o Sparta arriscou: Robert Mühren cruzou da direita, mas Tyrell Malacia (novamente iniciando um jogo) interceptou mandando para escanteio. Leu bem? Pois você leu uma das únicas vezes em que o time da casa se arriscou no ataque, em Het Kasteel. De resto, a humilhação imposta pelo Feyenoord foi inquestionável. Já aos quatro minutos, o Stadionclub fez 1 a 0. Tudo graças à prontidão de Tonny Vilhena. O meio-campista roubou a bola, fez a triangulação com dois colegas de time e, de fora da área, arriscou chute forte que foi parar no filó defendido por Roy Kortsmit, no ângulo direito. Na frente, o Stadionclub passou a tomar conta do jogo e da posse de bola, sendo mais perigoso. E o segundo gol veio rapidamente. Graças ao estreante no time titular: Dylan Vente, substituto de Nicolai Jorgensen (teve de se ausentar por razões particulares). Da esquerda, Jean-Paul Boëtius cruzou, e o atacante de 18 anos apareceu livre na área, cabeceando para marcar seu primeiro gol pelo Campeonato Holandês. De certa forma, Dylan prolongou o histórico familiar no Feyenoord: seu tio-avô, Leen Vente (1911-1989), foi o autor do primeiro gol da história de De Kuip, em 1937.

Aos 14', Karim El Ahmadi até pôde se dar ao luxo de mandar a bola muito longe do gol, em arremate de fora. Sem problemas, porque a oportunidade seguinte já virou gol para a torcida Feyenoorder comemorar. Aos 15', do meio-campo, Boëtius lançou em profundidade, e Steven Berghuis superou a defesa do Sparta na corrida. Ao tocar na saída de Kortsmit, o goleiro da equipe anfitriã ainda evitou com os pés. Mas Jeremiah St. Juste estava a postos para completar o rebote para o gol vazio, fazendo 3 a 0. A superioridade do atual campeão holandês era massiva. Aos 20', Berghuis cobrou escanteio, que Kortsmit agarrou ao sair bem do gol. O ponta-direita quase marcou de novo em cobrança de falta, aos 27': mandou a bola no ângulo esquerdo, e o guarda-metas do Sparta foi lá para espalmar. Só que Vilhena é que teria razões para comemorar: aos 28', fez 4 a 0, chutando no canto esquerdo após passe de Boëtius, aproveitando reposição errada de Kortsmit. O Sparta? Só fez Brad Jones trabalhar aos 38', quando Craig Goodwin bateu cruzado e o goleiro australiano precisou rebater.

Cabeças baixas, expressões desalentadas: o Sparta teve um dia para se esquecer (Carla Vos/itwm.nl)
Começou o segundo tempo, e o Feyenoord deu sequência a seu dia mais do que tranquilo: já aos 48', Vilhena cobrou escanteio, e Renato Tapia subiu na área, cabeceando no canto direito de Kortsmit para fazer 5 a 0. O Sparta até teve oportunidades de gol aos 53', mas Jones frustrou ambas - tanto o primeiro arremate de Goodwin, quanto a outra finalização do australiano no rebote. De resto, o passeio seguia imperturbável. E ganhou a sexta volta aos 71': em contra-ataque, uma triangulação rendeu o sexto gol ao Feyenoord. Na direita, Boëtius passou a Vente, e o novato cruzou rasteiro. No meio da pequena área, Berghuis entrou e escorou para o 6 a 0.

Mais chances? Tinha, claro. Jens Toornstra teve a bola nos pés dentro da área para tentar o sétimo gol, aos 75', mas bateu fraco, e Kortsmit pegou. Aos 77', Berghuis entrou na área e tentou cruzado, com o pé esquerdo, mas o guarda-valas do Sparta ainda espalmou. De todo modo, não importava mais. Quando o sétimo gol enfim veio - Bilal Basaçikoglu, aos 88', aproveitando bola alta para encobrir Kortsmit antes de completar para o gol com a cabeça -, foi apenas uma nota de rodapé. A goleada do Feyenoord já estava encaminhada havia muito tempo. Histórico resultado, de certa forma: a pior derrota que o Sparta sofreu em casa pela Eredivisie, em sua longa história. Como em tantos lugares, sobrou para o técnico: Alex Pastoor foi demitido. Talvez injusto: era apenas dia do Feyenoord.

O Ajax soube aguentar a pressão do AZ e ser eficiente nas chances que teve para obter uma vitória de grande importância (ANP/Pro Shots)
AZ 1x2 Ajax (domingo, 17 de dezembro)

Dois times ofensivos (o da casa, até mais organizado), um em segundo lugar na tabela, o outro logo na posição abaixo: o jogo em Alkmaar era bem promissor. E o AZ começou atacando em jogadas pela direita. Como aos quatro minutos, quando o lateral Jonas Svensson deu a bola a Alireza Jahanbakhsh, e o iraniano cruzou rasteiro - coube a Matthijs de Ligt tirar para escanteio. Tal pressão quase deu certo por duas vezes, mas em ambas os finalizadores do AZ estavam impedidos. Depois, uma rápida troca de passes perto da área quase colocou o Ajax na frente. Aos 14', Hakim Ziyech deixou David Neres em frente ao gol com um toque. O brasileiro driblou o goleiro Marco Bizot, ficou sem ângulo para chutar na direita e recuou a bola para o meio da pequena área. Lá, Donny van de Beek completou em cima do zagueiro Pantelis Hatzidiakos. Rebatida parcialmente, a bola voltou a um Ajacied - Klaas-Jan Huntelaar, que chutou. Mas Hatzidiakos salvou o AZ, novamente tirando em cima da linha. O zagueiro grego evitou de novo o pior para os mandantes aos 18': David Neres cruzou da direita, Van de Beek cabeceou, e Hatzidiakos bloqueou a bola com seu corpo.

A postura mais ofensiva dos Alkmaarders teve seu prêmio, enfim, aos 26'. Após cobrança de escanteio, Alireza cabeceou, e o lateral direito Deyovaisio Zeefuik desviou com a mão. Danny Makkelie foi imperioso: pênalti. E Alireza foi impiedoso: cobrança perfeita, indefensável, no ângulo esquerdo de Onana, para o 1 a 0. Quase Zeefuik compensou na frente o erro cometido atrás, ao mandar a bola a centímetros do gol, no minuto seguinte, escorando a falta cobrada por Lasse Schöne. Poucos segundos depois, Van de Beek passou a bola a Huntelaar, e o atacante ficou livre na área - mas bateu em cima de Bizot. O AZ devolveu com grande chance para o segundo gol, aos 37'. De novo, com Alireza: o iraniano deixou a bola, Teun Koopmeiners cruzou e Weghorst entrou sem marcação na área. Porém, completou justamente onde não podia: nas pernas de Onana. Com o rebote, o atacante chutou de novo para o goleiro camaronês defender. Porém, em um único momento do primeiro tempo, o Ajax teve mais espaço no campo de ataque. Bastou para o empate, aos 43'. Porque, de média distância, David Neres pôde lançar em profundidade. E Huntelaar superou os zagueiros na corrida, tocando sobre Bizot para fazer o que muitas vezes já fez na carreira: gol.

Quando Alireza fez 1 a 0, o AZ era superior, criando mais chances. Mas cutucou o Ajax com vara curta... (Pro Shots)
Com a marcação falha na direita, Zeefuik foi tirado para o segundo tempo, proporcionando a estreia do colombiano Luis Orejuela no Ajax. E a etapa complementar tinha um começo lento, até os 51'. Aí, em troca de passes, Kluivert ficou com a bola na área. Cruzou, e Huntelaar tentou cabecear, mas foi seguro por Hatzidiakos. Outro pênalti marcado por Danny Makkelie, outra cobrança perfeita: Schöne bateu no meio do gol para o 2 a 1 da virada. Duro golpe para os Alkmaarders: só reagiram aos 60', num chute de Alireza que Onana encaixou para defender. Então, lentamente, as chances dos mandantes foram voltando. Como aos 72': Jeremy Helmer caminhou com a bola do meio para a direita, mas demorou para chutar. Teve de recuar a bola a Alireza, mas o iraniano a mandou em cima de De Ligt. O Ajax devolveu aos 73', quando Van de Beek bateu e Bizot encaixou a defesa.

Para os Ajacieden, Huntelaar foi quem perdeu a grande chance, aos 76'. Recebeu a bola de Schöne, desvencilhou-se da marcação e ficou livre na área, mas Bizot interceptou seu arremate e fechou bem o ângulo, desviando por cima. Kluivert também teve oportunidade para definir o jogo aos 83', quando chegou livre e concluiu cruzado, mas o arqueiro do AZ rebateu. Mas talvez nenhuma dessas possibilidades de gol tenha sido tão certa (e a perda, tão lamentada) quanto a que Fred Friday perdeu para o empate, aos 85': após cruzamento despretensioso de Alireza, a bola foi passando pela área de defesa do Ajax, ninguém pegou nela... e o nigeriano se viu sozinho na pequena área. Mas a esférica passou por ele também, e saiu. Toda a torcida da casa lamentou. Lamentaria ainda mais a expulsão de Jonas Svensson no minuto seguinte (segundo cartão amarelo, por impedir Kluivert de seguir rumo ao gol). No desespero, o goleiro Bizot completou escanteio para fora, nos acréscimos. Mas, enfim e acima de tudo, o AZ lamentou a derrota de virada para o Ajax - que, ao contrário, tem muito o que comemorar, ao vencer um concorrente direto. Após o jogo, Lasse Schöne alertou: "Agora, o PSV está sentindo nosso calor no cangote". Não é tão forte, mas está mesmo.

O triunfo do Utrecht estava encaminhado. Mas nos estertores do jogo, Gladon abiscoitou um ponto para o Heracles (Harry Broeze/heracles.nl)
Utrecht 1x1 Heracles Almelo (domingo, 17 de dezembro)

Pelo que se viu nos primeiros 45 minutos no estádio Galgenwaard, o Utrecht só teria motivos para alegria. Até mesmo uma ausência repentina se deu por razão honrosa: o goleiro reserva Nick Marsman só jogou porque o titular David Jensen se tornou pai da menina Felina, no sábado. De resto, o gol poderia ter vindo aos 8', quando Zakaria Labyad cobrou falta, Willem Janssen desviou de cabeça e o goleiro Bram Castro defendeu. Poderia ter vindo aos 23', quando Gyrano Kerk cruzou, e Labyad chegou atrasado demais para a bola. Enfim, veio aos 34': Labyad mandou a pelota para a área numa cobrança de falta, e Yassin Ayoub cabeceou à queima-roupa para colocar os Utregs na frente.

No começo da etapa final, o Heracles até criou algumas chances, em chutes de Kristoffer Peterson e Jamiro Monteiro. No entanto, o time da casa restabeleceu o domínio a partir dos 67', quando Castro defendeu chute perigoso de Sander van de Streek. Os Heraclieden até responderam aos 72', quase na mesma moeda (Brandley Kuwas arriscou de longe, Marsman pegou), mas já temiam que a derrota parcial seria definitiva. Para tentar evitá-la, o técnico John Stegeman arriscou aos 84', colocando Paul Gladon no lugar de Peterson. Tirou a sorte grande: nos acréscimos (90' + 2), Kuwas fez a jogada e deixou a bola para Gladon empatar e arrancar um ponto salvador para os visitantes de Almelo.


Abraços após o gol de Milan Massop: Excelsior voltou às vitórias (Den Breejen/VI Images)
Excelsior 2x0 Groningen (domingo, 17 de dezembro)

Se quase surpreendeu o Ajax na quinta passada - mas teve de amargar a quinta derrota seguida -, o Excelsior logo viu que o domingo prometia: já aos oito minutos da etapa inicial, Hicham Faik cobrou falta, e Milan Massop desviou de cabeça para fazer 1 a 0 no estádio Van Dongen & De Roo (que contava com a presença honrosa de Louis van Gaal). Sorte dos Kralingers mandantes, que puderam aguentar em vantagem a pressão dos visitantes do norte. A maior oportunidade deles para o empate veio aos 21': após passe de calcanhar de Amir Absalem, seguido de um bate-rebate, a bola sobrou para Lars Veldwijk chutar, mandando a bola na trave pela primeira vez (Veldwijk mandaria a segunda, ainda no primeiro tempo). Por outro lado, Kevin Vermeulen quase ampliou.

No segundo tempo, o ritmo da partida diminuiu. Ainda assim, Veldwijk novamente teve possibilidade para tentar o empate: Mimoun Mahi cruzou, e o atacante cabeceou a esférica para as mãos do goleiro Theo Zwarthoed. Mas enquanto os Groningers pressionavam mais, o Excelsior é que chegava mais perto do gol. Primeiro, Faik chutou para boa defesa do goleiro Sergio Padt. Depois, aos 83', Massop novamente participou da jogada de um gol. Agora, com o passe: foi do lateral que a bola chegou para Stanley Elbers completar e aliviar, enfim, o time de Roterdã, após cinco rodadas.