segunda-feira, 30 de abril de 2018

810 minuten: como foi a 33ª rodada da Eredivisie

Pereiro (em primeiro plano, à esquerda) mereceu os cumprimentos: com dois gols, evitou o tropeço do PSV (Kay int Veen)
ADO Den Haag 3x3 PSV (domingo, 29 de abril)

A princípio, só o ADO Den Haag tinha algo a disputar no jogo, já que busca vaga na repescagem pela Liga Europa. Mas foi o campeão PSV que começou mais ofensivo. Logo aos dois minutos, um cruzamento de Hirving Lozano quase virou gol contra: Wilfried Kanon desviou na pequena área, e a bola ricocheteou no goleiro Indy Groothuizen e no lateral Thijmen Goppel, até Groothuizen subir para pegar. Depois, aos 8', Lozano bateu colocado, e o goleiro pegou. Finalmente, aos 11', a pressão inicial dos Boeren deu resultado: Gastón Pereiro cruzou da esquerda, e Lozano superou Groothuizen na pequena área para cabecear, fazer 1 a 0 - e sofrer o efeito colateral da queda dentro do gol, com fortes dores na clavícula (que motivaram sua substituição por Donyell Malen, aos 19'). O ADO Den Haag só reagiu aos 14', num chute de Nasser El Khayati que passou à direita do gol de Eloy Room (novamente ganhando chance). Mais um minuto, e Sheraldo Becker arrematou na área, por cima.

Mas novamente, a ousadia foi premiada com rapidez: aos 16', Danny Bakker lançou do meio-campo, Erik Falkenburg ajeitou de cabeça e Bjorn Johnsen chutou de bate-pronto para empatar o jogo - 16º gol do norueguês no campeonato, entrando de vez na disputa pelo posto de goleador. Se um já era bom, dois gols seriam melhores ainda para os mandantes de Haia. Pois a virada veio ainda no primeiro tempo: aos 27', Johnsen se virou na área e foi agarrado por Nicolas Isimat-Mirin. Pol van Boekel marcou o pênalti, e El Khayati cobrou - Room até desviou no canto esquerdo, mas foi insuficiente para evitar que a bola entrasse e decretasse o 2 a 1. Só aí o ritmo dos ataques diminuiu um pouco - não sem antes Pereiro assustar os anfitriões, chutando para fora aos 36', e Gudmundsson perder grande chance no minuto posterior - saiu livre da linha de impedimento, em posição válida, mas tocou em cima do goleiro.

Bjorn Johnsen é mais um disputando a artilharia na reta final: dois gols para o Den Haag (Pro Shots)
Bastaram apenas 27 segundos da etapa complementar para o Den Haag quase alcançar o terceiro gol: Becker cruzou da direita, e Falkenburg cabeceou para fora, no contrapé de Room. Mas o PSV voltou a ter mais velocidade com a posse de bola, voltou a ser mais ofensivo... e voltou a marcar, aos 58', num escanteio. Típica cobrança ensaiada: Malen bateu da esquerda, Daniel Schwaab desviou postado na primeira trave, e Pereiro completou na pequena área para empatar. O uruguaio dos Eindhovenaren quase marcou pela segunda vez no jogo aos 62', quando a bola vinda de seu chute colocado passou rente à trave direita de Groothuizen. Depois, aos 68', o goleiro do ADO Den Haag evitou com as pernas que Bergwijn marcasse.

Mas justamente quando o vencedor da liga mais pressionava, o Den Haag fez 3 a 2. Num lance de muita sorte: aos 73', Melvyn Lorenzen cruzou, a bola bateu em Isimat-Mirin e Jorrit Hendrix, e ficou à feição para o chute de Johnsen. Room ainda conseguiu salvar, mas no rebote o norueguês fez o terceiro. Parecia a garantia da vaga na repescagem pela Liga Europa, com as derrotas de Heerenveen e Zwolle. Mas não foi, por causa de Pereiro: o uruguaio fez 3 a 3 aos 86', em chute forte e cruzado no canto direito, aproveitando rebote da defesa para decretar a igualdade final de um jogo muito animado. Segue a disputa do ADO Den Haag - e a animação do PSV.


Houve algum susto no começo. Mas o Ajax passou por cima deles e do AZ: vitória e vice-campeonato (Louis van de Vuurst/Ajax.nl)
Ajax 3x0 AZ (domingo, 29 de abril)

Antes mesmo que o jogo começasse, a torcida do Ajax deixou claro seu desagrado com a temporada: o diretor geral Edwin van der Sar foi vaiado massivamente enquanto fazia um discurso de despedida, no jogo derradeiro dos Ajacieden na (agora) Johan Cruyff Arena. Para piorar, o começo do AZ assustou: já no primeiro minuto, os visitantes de Alkmaar trouxeram perigo num rápido contra-ataque. Todavia, aos poucos, foi aparecendo o grande destaque do primeiro tempo: Hakim Ziyech. Foi o marroquino que chutou colocado, aos 9', após passe de David Neres, mandando a bola à direita do goleiro Marco Bizot. Mais dois minutos, e numa jogada individual, Ziyech fez quase igual: trouxe a bola da direita para o meio, e bateu de fora, à esquerda de Bizot, rente à trave. Depois, aos 17', Noussair Mazraoui cruzou, e o camisa 10 cabeceou por cima.

O crescimento de Ziyech levou o Ajax a melhorar progressivamente em campo. Mas, no primeiro tempo, o grande momento de destaque foi o aplauso de torcedores do Ajax a Abdelhak Nouri, no 34º minuto, correspondendo ao número da camisa daquele que poderia ter se destacado na temporada, não fosse o destino. Até que veio a jogada do gol Ajacied, aos 38'. Jogada que surgiu de um modo inesperado. Não que Matthijs de Ligt seja inábil para criar - muito ao contrário. Porém, ao invés de só avançar pelo meio com a bola, o zagueiro ainda cruzou da direita, após um drible em Owen Wijndal, e Donny van de Beek cabeceou sozinho no meio, sem chances para Bizot evitar o 1 a 0. Superado em campo, o AZ só reapareceu aos 41 minutos: Ferdy Druijf (substituto do lesionado Wout Weghorst) tabelou com Alireza Jahanbakhsh, recebeu do iraniano, mas concluiu para fora.

Após De Ligt fazer a jogada, Van de Beek só cabeceou: estava aberto o caminho do triunfo (Pro Shots)
No segundo tempo, o Ajax ampliou sua vantagem contando com uma jogada rápida e precisa, de três dos seus únicos destaques na temporada, aos 49'. Primeiro, a inversão de jogo precisa, por Ziyech; depois, Klaas-Jan Huntelaar ajeitando a bola no ataque, com a calma que a experiência traz; e finalmente, Justin Kluivert entrando na área e chutando forte, no ângulo esquerdo de Bizot, para o 2 a 0. Kluivert quase fez seu segundo gol no jogo já aos 53': David Neres cruzou, Lasse Schöne arrematou torto, e o atacante da camisa 45 ainda tentou completar. Só que a bola desviou em Ron Vlaar, e passou caprichosamente rente à trave de Bizot, tocando nela antes de sair. Dois minutos depois, Huntelaar escorou cruzamento de Van de Beek sobre a meta. No mesmo lance, Kluivert foi derrubado na entrada da área, o juiz Serdar Gözübüyük marcou a falta, mas Schöne a cobrou por cima. Houve até gol anulado de David Neres, aos 62'. O AZ só tentou algo aos 67', quando Guus Til finalizou da meia-lua, de bate-pronto. Mas André Onana defendeu sem problemas.

Mais perigo trouxe Iliass Bel Hassani, aos 70': poucos minutos após substituir Druijf, o meio-campista chutou de fora, e Onana precisou espalmar por cima. De quebra, no minuto seguinte, Seuntjens viu Onana adiantado e tentou o gol de fora da área, mas a bola foi até a parte de cima do gol. Após a leve pressão dos Alkmaarders, os mandantes ressurgiram aos 82', quando Kluivert bateu forte, e Bizot rebateu apressado. Finalmente, para tranquilizar, David Neres ainda conseguiu seu 14º gol na Eredivisie - aos 87', em chute colocado da meia-lua, no ângulo direito de Bizot. Garantiu a vitória, o vice-campeonato, a vaga consequente na segunda fase preliminar da próxima Liga dos Campeões e um fim de temporada mais tranquilo para o Ajax. Não foi o ideal, mas foi o possível - e ainda rendeu clima para que Ziyech fosse premiado o Jogador do Ano no clube, assim como De Ligt recebeu o troféu de "Talento do Ano", em votação dos torcedores.

Berghuis garantiu tarde tranquila para o Feyenoord: dois gols na virada sobre o Sparta (feyenoord.nl)
Feyenoord 3x1 Sparta Rotterdam (domingo, 29 de abril)

O clássico de Roterdã começou com mais tentativas do que perigo por parte dos dois ataques. Nos primeiros minutos, o único lance digno de nota foi o gol erradamente anulado que Nicolai Jorgensen fez, aos 9' (o dinamarquês teve impedimento apontado, mas estava em posição legal). Aos poucos, em contra-ataques, o Sparta foi chegando, já que precisava demais da vitória. E a primeira chance real de gol no jogo, de verdade, veio somente aos 25'. Mühren escapou da marcação de Eric Botteghin, veio livre pela esquerda com a bola, chegou à área, mas seu chute foi bem rebatido pelo goleiro Justin Bijlow (titular pela segunda vez na temporada). Depois, aos 30', Thomas Verhaar entrou na área e tocou para o meio, mas Jan-Arie van der Heijden afastou - no escanteio da sequência, Bijlow tirou a bola com um soco, na pequena área.

Mas aos 34', não houve como o Feyenoord escapar. E o Sparta fez o gol em mais um contra-ataque, muito bem finalizado: Verhaar deixou com Fred Friday, e o nigeriano chutou com precisão absoluta, colocando a bola no ângulo esquerdo para o 1 a 0. O time da casa só chegou com perigo em dois chutes de Robin van Persie (terá sido o último jogo do atacante em De Kuip?) - aos 32', para fora, e aos 35', num toque à queima-roupa que o arqueiro Jannik Huth pegou em dois tempos.elo menos, antes do intervalo, ainda houve tempo para o empate do Stadionclub: aos 45' + 1, Van Persie cruzou da esquerda, quase sem ângulo, e Berghuis entrou livre do lado oposto para cabecear na pequena área e fazer 1 a 1.

Van Persie pensa nos rumos que dará à sua carreira. Enquanto isso, segue útil ao Feyenoord: mais um passe para gol (ANP/Pro Shots)
O empate mudou o rumo das coisas. O Feyenoord voltou do intervalo bem mais rápido, trazendo mais perigo contra um Sparta que ficou restrito à defesa. Já aos 50', El Ahmadi cruzou da direita, mas Sander Fischer conseguiu afastar para escanteio. No minuto seguinte, outro gol anulado dos Feyenoorders: Jean-Paul Boëtius aproveitou rebote de Huth e acertou o gol, mas o juiz Dennis Higler parara a jogada simultaneamente, por falta de Van Persie em Fischer. Aos 63', Boëtius cobrou falta - Huth pegou.

Mas aos 64', o gol valeu. E veio na sorte: El Ahmadi cruzou lentamente para a área, e Boëtius foi para a dividida com Frederik Holst na pequena área. O zagueiro do Sparta desviou por último, e a bola foi lentamente para o canto esquerdo de Huth: virada do placar, com gol contra. Verhaar ainda fez o Sparta reaparecer no ataque: aos 68', arrematou para Bijlow defender encaixando. Mas o Feyenoord é que marcaria mais um gol, só para comprovar sua ampla superioridade no segundo tempo: aos 83', numa rápida triangulação, Van Persie tocou na entrada da área, El Ahmadi escorou para o meio na saída do goleiro, e Berghuis tocou para o gol vazio fazendo 3 a 1 (seu segundo na partida). Se serviu de consolo para o Sparta, penúltimo colocado, a goleada que rebaixou o Twente garantiu: os "Donos do Kasteel" terão uma segunda chance de se manterem na Eredivisie, via repescagem.


O Twente entrou para o tudo ou nada. Foi nada: goleado pelo Vitesse, último colocado, rebaixado (ANP/Pro Shots)
Vitesse 5x0 Twente (domingo, 29 de abril)

O Twente era o único que não poderia acreditar no mais provável: sua queda nesta penúltima rodada. Precisava de uma vitória, e de tropeços dos adversários diretos Roda JC e Sparta Rotterdam. Para tanto, começou tentando ser ofensivo, diante de um cauteloso Vitesse. Contudo, na primeira vez em que chegaram ao ataque, os mandantes de Arnhem fizeram 1 a 0, aos 40': Thulani Serero chutou, e a bola passou entre o goleiro Joël Drommel e a trave, indo para as redes. Tentando ainda a salvação, o técnico interino Marino Pusic colocou força total de vez no ataque, com a entrada de Mounir El Hamdaoui.

A cena mais repetida do domingo em Arnhem: jogadores do Vitesse comemorando, os do Twente, desalentados (Ronald Bonestroo/VI Images)
Tudo foi praticamente por água abaixo após os 53', com o segundo gol do Vitesse: Alexander Büttner cruzou, e Tim Matavz cabeceou para ampliar a vantagem dos Arnhemmers. Mais um pouco, e aos 67', Mason Mount chutou forte para o terceiro gol. Tom Boere veio para ser o quarto atacante do Twente (no lugar de Cristián Cuevas, aos 69'), mas o que chegou mesmo foi o 4 a 0 dos mandantes, aos 71': Matavz tocou por cima, Mitchell van Bergen escorou, e Bryan Linssen finalizou. As esperanças praticamente inexistiam para os visitantes - e se acabaram de vez aos 88', quando Matavz marcou pela segunda vez.

A vitória assegurou o Vites na repescagem por um lugar na Liga Europa. Mas foi inevitável: deu-se mais atenção às palavras do capitão Stefan Thesker ("Não sinto nada, estou completamente vazio"), aos elogios de Oussama Assaidi ("Marino Pusic fez o melhor dele, foi valente ao tomar controle numa situação dessas. Com três técnicos numa só temporada, nós, jogadores, precisamos nos olhar no espelho"), aos lamentos do próprio técnico ("Não tenho palavras, muita coisa deu errado"). O Twente, campeão holandês há oito anos, de temporada elogiável no ano passado, está rebaixado à segunda divisão, como último colocado do Campeonato Holandês.

O Roda JC cumpriu sua tarefa: goleou o VVV-Venlo, e praticamente garantiu a segunda chance de se salvar, via repescagem (rodajckerkrade.nl)
VVV-Venlo 1x4 Roda JC (domingo, 29 de abril)

Mesmo que o rebaixamento direto fosse pena praticamente destinada ao Twente, o Roda JC não poderia nem pensar em desperdiçar pontos. E os visitantes de Kerkrade começaram direito o trabalho: aos 23 minutos, Jannes Vansteenkiste fez 1 a 0, num belo chute colocado em diagonal. Entretanto, quem começara melhor fora o VVV-Venlo - e os mandantes empataram aos 33', com Torino Hunte completando um cruzamento, colocado na segunda trave.

Pelo menos, os Koempels visitantes já começaram o segundo tempo com toda a imposição. Aos 48', Adil Auassar saiu da defesa, foi ao ataque e conseguiu o 2 a 1. Mais nove minutos, Donis Avdijaj fez uma jogada individual, cruzou rasteiro, e Dani Schahin completou para as redes, fazendo o terceiro gol do Roda JC. Ainda houve tempo para o quarto gol - aos 77', em belo chute de Engels. E ainda haverá tempo para o time de Kerkrade tentar se salvar (provavelmente, na repescagem: mesmo que empate em pontos com o NAC Breda na última rodada, este tem maior saldo de gols).

A euforia de Paolo Fernandes se justificava: ao abrir o placar, abria o caminho da vitória que praticamente salvou o NAC Breda (ANP/Pro Shots)
NAC Breda 3x0 Heerenveen (domingo, 29 de abril)

Uma vitória praticamente asseguraria ao Heerenveen o lugar na repescagem por Liga Europa. No entanto, do jeito que a partida começou, parecia que o NAC Breda era a equipe na parte de cima da tabela. Já aos cinco minutos, Manu García quase marcou, numa cobrança de escanteio desviada por Mitchell te Vrede. No minuto seguinte, não houve erro: Paolo Fernandes fez 1 a 0, num bonito chute de fora da área. Aos 12', Te Vrede fez melhor ainda: quase sem ângulo, iludiu o goleiro Martin Hansen para o 2 a 0 dos aurinegros de Breda.

Mais sete minutos, e Pablo Marí quase definiu, cabeceando por cima. A situação do Heerenveen era desastrosa: já com um cartão amarelo, o lateral esquerdo Lucas Woudenberg precisou deixar o jogo aos 23', antes que fosse expulso. Kik Pierie o substituiu, e até houve um lance perigoso para os visitantes da Frísia (o goleiro Nigel Bertrams defendeu bola perigosa vinda de Arber Zeneli). Mas já no segundo tempo, aos 47', Marí enfim conseguiu seu gol, desviando de cabeça a falta cobrada por Angeliño. Vitória categórica, para praticamente garantir a permanência direta do time de Breda na Eredivisie, pelo maior saldo de gols. Missão cumprida para o técnico Stijn Vreven, que sairá.

O Zwolle se esforçou, é certo. Mas o Willem II dominou a bola, e conseguiu a vitória que o mantém na elite (ANP/Pro Shots)
Zwolle 0x1 Willem II (domingo, 29 de abril)

O Zwolle jogava em casa. Uma vitória o ajudaria bastante, na disputa contra Heerenveen e ADO Den Haag pelos últimos lugares do mata-mata pelo lugar na Liga Europa. E os Zwollenaren buscaram o gol, no primeiro tempo: criaram boas chances, e foram bem mais ofensivos. Só que o goleiro Timon Wellenreuther manteve o Willem II vivo. Para piorar a situação dos "Dedos Azuis", Ryan Thomas precisou sair logo aos 31', com uma lesão muscular.

Foi a hora dos visitantes de Tilburg se sobressaírem. Ainda no primeiro tempo, Jordy Croux mandou a bola na trave. Já após o intervalo, Fran Sol perdeu grande chance de se igualar a Alireza Jahanbakhsh na liderança da tabela de goleadores. Até que, aos 68', Pedro Chirivella cruzou, e Ismail Azzaoui completou na segunda trave o 1 a 0 que garantiu matematicamente a salvação dos Tricolores. O Zwolle só agradece à sorte: com a derrota do Heerenveen e o empate tardio do ADO Den Haag, segue dependendo só de suas forças para ainda estar na repescagem.

O Utrecht começou pessimamente, com dois gols sofridos em cinco minutos. Mas comemorou: conseguiu o empate no fim (fcutrecht.nl)
Heracles Almelo 2x2 Utrecht (domingo, 29 de abril)

O Heracles era mais um clube a precisar vencer para ainda sonhar com os play-offs pela Liga Europa. Pelo menos no começo, os mandantes de Almelo cumpriam a tarefa em grande estilo. Bastou apenas um minuto de bola rolando para que Brandley Kuwas fizesse 1 a 0, em chute de fora. Mais quatro minutos, e Jaroslav Navrátil já marcava o segundo gol, em jogada individual. Bela ocasião para estrear o uniforme retrô dos 115 anos do clube.

Só no segundo tempo é que o Utrecht (já sossegado, com a quinta posição e a vaga na repescagem garantidas) foi dar sinal de vida. E quando o deu, foi para valer. Aos 68', Mateusz Klich cruzou, e Sander van de Streek diminuiu a vantagem dos Heraclieden, de cabeça. E no final, aos 85', o goleiro Bram Castro - em sua penúltima partida pelos mandantes - soltou a bola nos pés de Mark van der Maarel, que rendeu mais um ponto ao Utrecht. E frustrou os anfitriões.

O Groningen não descansou enquanto não fez gols no Excelsior. Conseguiu quatro (ANP/Pro Shots)
Groningen 4x0 Excelsior (domingo, 29 de abril)

Diante do que se viu na rodada, uma vitória teria aproximado demais o Excelsior da zona de classificação para a repescagem continental. Todavia, o time que mais buscou a vitória foi aquele que nada mais tinha a fazer no campeonato. Já garantido na "zona do limbo", o Groningen criou mais chances, e até demorou para fazer 1 a 0 - só o conseguiu aos 42', quando Tom van Weert completou jogada de Juninho Bacuna.

Mas no segundo tempo, o gol foi rápido: já no primeiro minuto, Ajdin Hrustic cruzou, e Samir Memisevic concluiu para o 2 a 0. Daí por diante, os gols premiaram dois jogadores que viviam situações especiais. De contrato renovado com os Groningers, o japonês Ritsu Doan se aproveitou da falha do goleiro Ögmundur Kristinsson para fazer 3 a 0, aos 71'. E dois minutos depois, Van Weert confirmou a goleada, completando cruzamento de Yoëll van Nieff, que fez seu último jogo em casa pelo Groningen - assim como o técnico Ernest Faber.

sábado, 28 de abril de 2018

A última chance

O AZ teve a chance de brilhar, na final da Copa da Holanda. Perdeu, e Weghorst lamentou bastante. Agora, pode se refazer contra o Ajax (Sander Chamid/VI Images)
O principal atrativo que o Campeonato Holandês ainda poderia ter já acabou: afinal de contas, a salva de prata já foi para a sala de troféus do PSV há quase duas semanas. No entanto, entre aquelas disputas periféricas que definem uma liga europeia, ainda há algo em que se prestar atenção na penúltima rodada, com todos os nove jogos neste domingo. Afinal de contas, a disputa pelo vice-campeonato (e junto dele, uma vaga na segunda fase preliminar da Liga dos Campeões) está aberta. E tanto o Ajax, atual segundo colocado (73 pontos), quanto o AZ, na terceira posição (68 pontos), entrarão no gramado sob pressão para fazerem o jogo direto. E neste momento, a pressão é até mais pesada sobre o time que menos sofreria com ela, em tese: o AZ. 

Jogando como visitante, com a terceira posição garantida na pior das hipóteses, tendo um estilo ofensivo, vista quase unanimemente como a mais agradável de ser assistida na Eredivisie, a equipe de Alkmaar teria tudo para conseguir surpreender o Ajax e encurtar sua desvantagem para dois pontos, esperando a sorte ajudar na última rodada. A atuação na 32ª rodada foi exemplar dessas qualidades dos Alkmaarders: contra o Vitesse, o 2 a 0 foi aberto com tanta facilidade que gerou até falta de concentração – aproveitada pelo adversário, que empatou ainda no primeiro tempo. Sem problemas: o AZ chegou ao 4 a 2, depois ainda diminuído para 4 a 3. E na partida, brilhou Alireza Jahanbakhsh: com três gols, o iraniano chegou a 18, alcançando a artilharia da Eredivisie.

Com a fase esplendorosa de Alireza, outro sinônimo momentâneo de gols em Wout Weghorst (foram 16 no campeonato), mais o promissor começo de carreira de Guus Til e Teun Koopmeiners no meio-campo, as seguras atuações de Marco Bizot no gol e a ajuda de alguns coadjuvantes - Jonas Svensson e Thomas Ouwejan nas laterais, Joris van Overeem no meio-campo, Oussama Idrissi no ataque -, razões para otimismo não faltavam do lado de Alkmaar. Até porque vinha, no domingo passado, a final da Copa da Holanda, contra o Feyenoord. Oportunidade inigualável para antecipar o generoso prêmio de consolação, apagar a memória da copa perdida para o Vitesse em 2016/17 e até consertar o pior defeito da equipe na temporada: a falta de coragem contra o trio de grandes holandeses (haviam sido cinco partidas e cinco derrotas na liga – e nos 14 jogos anteriores contra Ajax, PSV e Feyenoord, 13 derrotas).

Só que nada deu certo para o AZ na decisão, em De Kuip. Entrando com três zagueiros (o começo foi no 5-3-2), o time buscava proteger sua defesa potencializando os seus dois grandes destaques neste 2017/18, com Alireza e Weghorst no ataque. O começo até foi equilibrado, mas depois a equipe foi irreconhecível: viu o Feyenoord se assenhorar do jogo em casa, fazendo 3 a 0 quase sem resistência para ganhar a Copa da Holanda. Alireza e Weghorst foram totalmente anulados, o Stadionclub dominou as ações (graças às boas atuações de Karim El Ahmadi, Steven Berghuis e Robin van Persie), e poucas coisas simbolizaram mais o tamanho da decepção do AZ do que a imagem de Weghorst, desalentado, assistindo à festa do Feyenoord no pódio, para receber o troféu.

E o atacante reconheceu o quanto seu time ficou devendo, numa ocasião em que estava proibido de fazer isso: “Não fizemos o que sabemos fazer tão bem, mostramos pouquíssimo. Vale para todos: não fomos bons o bastante”. Crítica ainda mais precisa veio do técnico John van den Brom: “Perder nunca é legal, ainda mais numa final. Mas como treinador, me importa ainda mais a maneira como perdemos. Poderíamos ter ido muito melhor, e havíamos mostrado isso nos jogos das semanas anteriores. Espera-se ver isso numa decisão, mas muitos jogadores atuaram abaixo de suas médias”.  Pior: após lesão sofrida em treino nesta sexta, Weghorst está fora do jogo.

De todo modo, dias depois, o ânimo de Van den Brom já estava restabelecido, pelo que falou nesta quinta: “Acho que um jogador precisa aparecer de verdade em partidas como a de domingo passado. E não estamos fazendo muito isso. Agora, temos outro bom desafio pela frente: fora de casa, contra o Ajax. Se quisermos o vice-campeonato, temos de vencer”. Até porque, apesar dos penosos pesares, o AZ ainda não tem a situação tão problemática quanto a do Ajax.

A pressão sobre Ziyech se avoluma cada vez mais neste turbulento fim de temporada do Ajax (ANP/Pro Shots)
E os problemas se mostraram aos Ajacieden horas após a partida decisiva da Eredivisie, com jogo e título inquestionavelmente perdidos para o PSV. Bastou o ônibus que levava os jogadores chegar à (então) Amsterdam Arena para acontecer uma cena digna do que se vê vez por outra no Brasil: um grupo de torcedores impedir a passagem do transporte, exigindo que os jogadores descessem para uma conversa nada amistosa. Tanto que o ainda jovem Matthijs de Ligt assumiu: “Num certo momento, foi assustador”. Coube a um grupo de atletas – incluindo Justin Kluivert, Hakim Ziyech e o capitão Joël Veltman – descer para ouvir o que os torcedores tinham a dizer. Falou-se até num leve empurrão de um dos adeptos a Ziyech, mas a conversa foi mais tensa do que propriamente violenta. 

Já em sua casa, o diretor geral Edwin van der Sar tomou às pressas o caminho de Amsterdã para estar na conversa improvisada – até porque um dos pedidos dos torcedores era pela sua saída do cargo. Outra reclamação foi pelo comportamento de Ziyech em campo: se, tecnicamente, o marroquino é um dos melhores e mais capazes jogadores do Ajax nesta temporada, não faltam críticas a seus supostos pouco caso e arrogância quando é criticado (ao comemorar um gol de falta contra o NAC Breda, Ziyech nem comemorou: fez o sinal de “fala muito”, semelhante ao de Tite na semifinal do Campeonato Paulista de 2011).

Para piorar, ainda após o jogo contra o PSV, o goleiro André Onana não fez segredo algum à versão holandesa do site Goal.com: “Posso até ficar e tentar o título [holandês] no ano que vem, mas se surgir algo melhor para mim, quero sair. Estou pronto para o próximo passo na minha carreira”. Onana ainda foi além nas críticas, minorando a parcela de culpa do técnico Erik ten Hag: “Ele não é o único culpado. Há Van der Sar, há Overmars... quem está envolvido com este time tem um pouco de culpa por estarmos jogando tão mal”.

Entretanto, mesmo com apenas quatro meses, o trabalho de Ten Hag já recebe críticas pesadas, pela inconstância, pela indefinição nas escalações e pela falta de coragem ofensiva. O jornal De Telegraaf até revelou: não só as críticas são abertas da parte de alguns jogadores, como De Ligt, cobiçado por muitos graúdos Europa afora, ouviu deles o conselho de deixar o Ajax tão logo seja possível. 

Antes do jogo contra o VVV-Venlo, na semana passada, pela 32ª rodada, Van der Sar foi definitivo: “Eu continuarei como diretor geral, e Ten Hag continuará como treinador”. A crise parecia ganhar contornos incendiários no primeiro tempo, com o VVV abrindo o placar e o rompimento do ligamento cruzado anterior do joelho de Veltman (fora pelos próximos nove meses). Ziyech era alvo de controvérsias nas arquibancadas: parte da torcida o vaiou, parte da torcida criticou as vaias. Coube a David Neres minorar a pressão, virando o jogo para 2 a 1 e se destacando no segundo tempo, quando o Ajax rumou para o 4 a 1 que evitou momentos ainda piores. Ziyech, com ambiente cada vez mais controverso perante a torcida, deu de ombros para as discussões sobre seu nome: “Só ouvi aplausos. Não ouvi o resto, nem me importo com isso durante o jogo, nem quero saber sobre o assunto neste momento”.

Os dias entre a 32ª e a 33ª rodadas conseguiram baixar um pouco a fervura que o Ajax vive. Só que, na entrevista coletiva com as perspectivas contra o AZ, Ten Hag lembrou outro problema potencial: a renovação de contrato de Justin Kluivert, cujo compromisso expira no meio do ano. O próprio deseja sair, mais cedo ou mais tarde, mas fazê-lo agora é algo cada vez menos recomendado por outros. O técnico apenas espera: “Gostaríamos muito que ele não saísse. Até porque, teoricamente, ainda é da nossa equipe de juniores”.

Entre virtuais saídas (De Ligt, Ziyech, Kluivert) e virtuais chegadas (Hassane Bandé, já treinando com a equipe, e Lisandro Magallán), o Ajax procurará ganhar um respiro, com a vitória sobre o AZ, para garantir o vice-campeonato. É sua parte, neste jogo em que as duas equipes virão sabendo que jogam a última chance de alívio sobre o gramado da Johan Cruyff Arena – desde quarta-feira, o nome do estádio de Amsterdã.

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 27 de abril de 2018)

sábado, 21 de abril de 2018

Copa da Holanda: a consagração contra a consolação

Só esta taça da Copa da Holanda pode manter o sorriso nos rostos de El Ahmadi e Van Bronckhorst, do Feyenoord (os dois em primeiro plano). Ou nos de Van den Brom e Vlaar, do AZ (ANP)
A final da Copa da Holanda costuma ser cenário para motivações e concretizações as mais variadas. Já viu o Zwolle realizar um conto de fadas quase inacreditável, ao conquistar o título mais importante de sua história goleando o Ajax, em 2013/14; já viu momentos inesquecíveis para Groningen e Vitesse, que venceram o primeiro torneio de suas histórias - em 2014/15 e 2016/17, respectivamente; já viu o Feyenoord dar um sinal de que viria um ponto alto em sua história, ao levar a KNVB Beker para casa em 2015/16. E caberá ao Stadionclub tentar ganhá-la pela 13ª vez neste domingo - como sempre, em seu De Kuip. 

Mas ao enfrentar o AZ, o clima é diferente em relação ao que foi há dois anos. Se há um clube otimista, é o de Alkmaar, não o de Roterdã. E o AZ está otimista, antes de mais nada, porque ofensividade e qualidade técnica não lhe faltam para buscar o primeiro título de Copa da Holanda desde 2012/13. Já virou lugar comum dizer que a equipe de John van den Brom é a mais agradável de ser vista na Eredivisie - pelo menos, nesta temporada -, mas este lugar comum se justifica. Tem sido empolgante ver o surgimento de Guus Til e Teun Koopmeiners, cada vez melhores e mais promissores no meio-campo - com Fredrik Midtsjo acrescentando velocidade ao toque de bola de ambos. 

No ataque, é certo dizer que a dupla Alireza Jahanbakhsh e Wout Weghorst é a melhor da posição no futebol holandês, nesta temporada. Basta dizer que, graças a ambos, pela primeira vez o AZ tem dois jogadores com mais de 16 gols na liga desde 1983/84. O iraniano só melhora à medida que os jogos decisivos chegam: no campeonato, ele chegou ao topo da tabela de goleadores, alcançando 18 gols com os três marcados contra o Vitesse durante a semana. Além disso, sua velocidade na direita é a principal opção de jogadas dos Alkmaarders. E se ele precisar cruzar a bola, sem problemas: em geral, lá estará Weghorst, pronto para finalizar (16 gols) ou ajeitar a bola para os meio-campistas. 

De quebra, Weghorst mostra raça, disposição, até capacidade de se dar bem em ambientes adversos. Pelo menos, é isso que o atacante prometeu à revista Voetbal International, durante a semana: "Não significa nada para mim que o Feyenoord vá jogar a final em casa. Pessoalmente, eu me sinto até mais forte no caso de um estádio lotado. São esses jogos que se quer jogar". E o atacante ainda evocou o ponto fraco do AZ na temporada: os tropeços contra os clubes grandes. Na Eredivisie, houve uma derrota para o Ajax, adversário da penúltima rodada; contra o PSV, por duas vezes o clube saiu na frente, e por duas vezes cedeu a vitória; e contra o Feyenoord, duas derrotas, com direito a 4 a 0 em Alkmaar. Weghorst indicou: "O AZ merece uma recompensa saborosa. E cabe a nós, jogadores, buscarmos isso". Completando tal sentimento, vieram as palavras do técnico John van den Brom, na entrevista coletiva: "Queremos muito ganhar essa copa. Queremos provar como somos bons".

Se o time alvirrubro de Alkmaar busca a consagração, até para o ótimo retrospecto na Copa da Holanda (finalista no ano passado, semifinalista em 2015/16 e 2013/14, quadrifinalista em 2014/15...), o Feyenoord busca uma consolação. Por razões variadas - a falta que as transferências fizeram, lesões a perturbarem o time, a falta de qualidade técnica -, o Stadionclub decepcionou a torcida em 2017/18. Se era difícil pensar na repetição da apoteose do ano passado, com o título da Eredivisie após 18 anos, também não precisava haver um desempenho tão apático, exemplificado num longínquo quarto lugar na liga e no fato de ter perdido todos os clássicos para Ajax e PSV, algo inédito na história do clube.

Restou a Copa da Holanda, comum porto seguro para os Feyenoorders - é a 17ª vez que o clube chega à decisão do torneio, recorde junto ao PSV. E Giovanni van Bronckhorst sabe: ou o Feyenoord ganha, ou defender seu trabalho nesta temporada será ainda mais difícil do que já está sendo. Aliás, o técnico reconheceu isso na entrevista coletiva desta sexta: "A [campanha na] liga não foi o que nós esperávamos, teve altos e baixos. Porém, ainda podemos conquistar um título. Já encaramos essa pressão na final de 2016, e no título do ano passado. Mas meu time está acostumado".

De fato, as palavras de Karim El Ahmadi, capitão do Stadionclub, foram bastante otimistas em relação à partida: "Quando se ganha uma vez, sabe-se o sentimento que é. Você quer sempre mais, e é isso que o grupo tem sentido. Estamos em quarto lugar na liga, e se vencermos a copa ainda será uma temporada deficiente, mas nos fará muito bem. E há uma sensação extra ao ter a final em De Kuip". Para tanto, o Feyenoord se cuidou. Por exemplo: Robin van Persie foi poupado na goleada contra o Willem II, exatamente para fazer o papel pelo qual foi contratado - ser a referência, o homem capaz de decidir. Deste modo, começará a final jogando, no meio-campo, como "camisa 10".

Outro exemplo do cuidado do Feyenoord é Steven Berghuis: o menor sinal de lesão sentida no aquecimento contra o Willem II o levou a também ser poupado, enquanto Jens Toornstra atuou. Tudo para também estar em forma na decisão deste domingo - como outros atacantes, Jean-Paul Boëtius e Sam Larsson, ambos ainda voltando de lesão. 

Afinal, o Feyenoord precisa estar pronto para buscar a sua consolação, no título da Copa da Holanda. O mesmo título que o AZ quer, para confirmar a ótima temporada que faz. A ver qual das duas palavras será premiada neste domingo, em De Kuip. 


quinta-feira, 19 de abril de 2018

810 minuten: como foi a 32ª rodada da Eredivisie

Ainda está muito difícil, mas o Twente conseguiu evitar o rebaixamento com a vitória sobre o Zwolle (Pro Shots)
Twente 2x0 Zwolle (terça-feira, 17 de abril)

A tarefa do Twente era tão sucinta quanto complicada: ou conseguia vencer o Zwolle, no que seria o primeiro triunfo dos Tukkers pelo Campeonato Holandês em 2018, ou haveria risco até de rebaixamento já nesta rodada. Pelo menos no primeiro minuto, a torcida temeu o ataque do Zwolle no Grolsch Veste: Kingsley Ehizibue já fez o goleiro Joël Drommel trabalhar aos três minutos. Mas o Twente se valeu da ótima atuação de Oussama Assaidi para chegar ao ataque e, por fim, ao gol: aos 21', Assaidi cruzou, o zagueiro Sepp van den Berg rebateu mal, e Jeroen van der Lely fez 1 a 0. O gol levou os mandantes ainda mais adiante em Enschede.

Aos 29', quase veio o segundo gol, só impedido porque Philippe Sandler interceptou o passe de Thomas Lam que buscava Fredrik Jensen. Depois, aos 30' e aos 32', o goleiro Diederik Boer salvou o Zwolle. Mas aos 35', não houve defesa para a jogada individual de Michael Maria: o lateral esquerdo veio com a bola e chutou forte para o 2 a 0. No segundo tempo, os Zwollenaren seguiram incapazes de ameaçar a vitória que mantém o fio de esperança do Twente. Última que morre, essas coisas. Já o Zwolle, segundo pior time da Eredivisie neste ano, teme até ficar fora da repescagem por vaga na Liga Europa.

Marco Rojas finalizou duas vezes. E fez dois gols: vitória muito importante do Heerenveen (ANP/Pro Shots)
Heerenveen 2x0 ADO Den Haag (terça-feira, 17 de abril)

Poucos jogos na antepenúltima rodada eram mais decisivos do que este: afinal, envolvia dois clubes empatados, em busca do último lugar na repescagem por vaga na Liga Europa. Mas nem pareceu que era esse o cenário, durante o primeiro tempo. Afinal de contas, a primeira e única chance de gol nos 45 minutos iniciais ocorreu só aos 43': Yuki Kobayashi chutou para o time da casa, o goleiro Indy Groothuizen rebateu, e Reza Ghoochannejhad só não aproveitou porque teve impedimento marcado.

Só aos 53' veio o alívio para uma das equipes. No caso, a mandante: Kik Pierie deu a bola a Pelle van Amersfoort, e o meio-campista cruzou para Marco Rojas fazer 1 a 0. Buscando mais gols, o técnico Jürgen Streppel fez Arber Zeneli entrar em campo. E o kosovar mostrou valor, ao participar de duas jogadas. Na primeira, aos 71', cruzou para Rojas, mas o neozelandês de ascendência chilena chegou atrasado. Mas aos 75', não houve erros: Zeneli cruzou, Rojas completou, 2 a 0 que levou o Fean à sexta posição.

Alireza agradece: três gols e passe para o outro na vitória empolgante do AZ. A torcida também agradece o que fez - e o que pode fazer na final da Copa da Holanda (ANP/Pro Shots)
AZ 4x3 Vitesse (quarta-feira, 18 de abril)

Um nome fez a partida em Alkmaar parecer resolvida já aos doze minutos do primeiro tempo: Alireza Jahanbakhsh. Foi do iraniano o cruzamento para Wout Weghorst, de "peixinho", fazer 1 a 0 aos sete minutos; e Alireza mesmo fez o segundo gol aos 12', aproveitando a sobra de um carrinho dado por Matt Miazga para desarmar Weghorst. Só que o Vitesse decidiu mostrar serviço para o futuro técnico (o russo Leonid Slutsky assistiu ao jogo no estádio). E reanimou a partida, empatando-a ainda nos 45 minutos iniciais. Aos 22', Bryan Linssen completou cruzamento na segunda trave; e aos 40', Mason Mount cruzou, e Tim Matavz cabeceou para o 2 a 2.

Os dois times foram responsáveis pelo ritmo alucinante na etapa inicial, mas Alireza conseguia destaque ainda maior. Como Lozano e Fran Sol, o camisa 7 do AZ tinha 16 gols. Isolou-se como goleador da Eredivisie ao levar sozinho o placar a 4 a 2. Ainda nos acréscimos do primeiro tempo (45' + 1), ele marcou o terceiro dos Alkmaarders em grande estilo: completou passe de Weghorst encobrindo o goleiro Jeroen Houwen. E já depois do intervalo, aos 54', Alireza fez 4 a 2 com seu 18º gol no campeonato, completando passe de Oussama Idrissi. Mason Mount ainda trouxe um pouco de emoção ao jogo, diminuindo para 4 a 3 aos 70', num chute colocado. Mas o AZ saiu vencedor do jogo mais animado da rodada - e Alireza deu à torcida a esperança de ser o destaque potencial na final da Copa da Holanda contra o Feyenoord.

O Roda JC saudou com aplausos e o "corredor" o campeão PSV. Que conseguiu empatar com um golaço no fim (ANP/Pro Shots)
Roda JC 2x2 PSV (quarta-feira, 18 de abril)

Obviamente, o PSV já não tinha obrigação de jogar com o time titular. Eredivisie ganha, as rodadas derradeiras servirão para dar chance aos reservas - e foi o que se viu no time dos Boeren em Kerkrade. O que não quer dizer que o campeão holandês jogou sem seriedade. Tanto que criou mais chances. Começando aos 13': após desarme errado da defesa, o PSV ficou com a bola. Derrick Luckassen cruzou e Sam Lammers tentou desviar, mandando para fora.No minuto seguinte, outro erro da zaga do Roda JC: Christian Kum foi desarmado na meia-lua por Bart Ramselaar. Porém, o meio-campo dos Boeren chutou fraco, e o goleiro Hidde Jurjus pegou. Inclusive, aos 20', Lozano chegou até a marcar gol, completando passe de Steven Bergwijn após contra-ataque - mas o juiz Serdar Gözübüyük anulou, por falta do mexicano sobre o zagueiro Patrick Banggaard. E aos 22', o PSV perdeu outra excelente chance: após receber a bola de Mauro Júnior, Lammers a trouxe da esquerda para o ataque. Ficou cara a cara com o gol - mas, da entrada da área, finalizou sobre a meta.

Trabalhar de fato, o goleiro Eloy Room (substituindo Jeroen Zoet) só trabalhou aos 27': Tsiy William Ndenge chutou cruzado de fora, e o goleiro do PSV agarrou a bola com firmeza. Todavia, um erro no miolo de zaga do campeão holandês rendeu ao Roda JC o gol. Após cruzamento da direita, Jannes Vansteenkiste ganhou a bola de Bergwijn no alto, tocou a Van Velzen, e recebeu de volta, na esquerda da grande área, para bater forte e marcar o 1 a 0 dos Koempels no placar. Aí, o PSV mostrou a segurança de sempre. Graças à importância daquele que tem tudo para ser eleito o melhor da temporada na Holanda: Lozano. Aos 32', fora da área, o mexicano saiu da marcação de três jogadores, levando a bola até a direita da grande área, e bateu cruzado, sem chance para Jurjus defender. 1 a 1 - 16º gol de "Chucky" na Eredivisie.

O Roda JC sofreu perigo nos contra-ataques, mas foi mais eficiente e conseguia a vitória - até o golaço de Hendrix (Jeroen Putmans/VI Images)
Mikhail Rosheuvel teve a chance para colocar o Roda na frente, já no início do segundo tempo: aos 50', o meia-direita entrou na área e chutou com força, no travessão. A estocada do PSV, aos 54', também trouxe certo perigo: Lozano ficou com a bola na área e chutou cruzado - o arremate saiu pela linha de fundo, mas indicava falhas de marcação que o Roda teria de corrigir. E o jogo seguia assim: os mandantes buscavam o ataque, mas não criavam chances. E os visitantes tentavam os contragolpes, mas não tinham espaço. O impasse só se resolveu aos 65', quando os Koempels aurinegros fizeram 2 a 1: numa triangulação, a bola foi de Mario Engels para Simon Gustafson. E o camisa 10 sueco chutou, de fora da área, no canto direito de Room (que até falhou, de certo modo): era o gol para salvar os Koempels, no 2 a 1.

O PSV só tentou algo de novo aos 75', quando Albert Gudmundsson arrematou cruzado, para novamente um zagueiro interceptar na grande área. No minuto seguinte, quase Lozano fez gol olímpico: Jurjus saiu mal do gol, a bola o encobriu na pequena área, e Ognjen Gnjatic tirou em cima da linha, de cabeça. Era um aviso de que a vitória dos mandantes não estava garantida em Kerkrade. E os visitantes de Eindhoven concretizaram isso em grande estilo: aos 86', com o gol do 2 a 2. Um belíssimo e preciso chute de Jorrit Hendrix - de fora da área, no ângulo esquerdo de Jurjus - rendeu mais um ponto ao campeão holandês. E de certa forma, premiou Hendrix, dos mais regulares jogadores dos Eindhovenaren. De quebra, aos 90' + 1, quase veio a virada, num cabeceio de Brenet bem espalmado por Jurjus à queima-roupa. Sem problemas: continua a festa do PSV - e o sofrimento do Roda JC, agora apenas dois pontos acima do Twente, e empatado em pontos com o Sparta...

O Heracles Almelo pareceu vencido pelo Excelsior durante 90 minutos. Depois deles, nos acréscimos do segundo tempo, o empate (Harry Broeze/heracles.nl)
Excelsior 2x2 Heracles Almelo (quarta-feira, 18 de abril)

Parecia ser um dia absolutamente tranquilo para o Excelsior. Aos sete minutos do primeiro tempo, os Kralingers já haviam aberto o placar em Roterdã: Jurgen Mattheij mandou a bola para a área, Stanley Elbers desviou de cabeça, e Ali Messaoud completou para as redes. Bastou para que o Heracles Almelo tentasse avançar rumo ao empate. Quase conseguiu, duas vezes. A primeira, ainda no primeiro tempo, aos 17': Paul Gladon cabeceou, e Ögmundur Kristinsson defendeu. Depois, já no segundo tempo: aos 48', Gladon voltou a cabecear, e a defesa de Kristinsson foi ainda melhor.

Aos 51', aconteceu o lance que parecia definir o jogo. Primeiro, porque Mattheij cabeceou, Peter van Ooijen evitou o gol tirando a bola com a mão em cima da linha, e o juiz Siemen Mulder apitou o pênalti, expulsando Van Ooijen. Depois, porque Van Duinen converteu a cobrança, fazendo 2 a 0. Hicham Faik (aos 73') e Jeffry Fortes ainda mandaram a bola na trave, e, como se disse, parecia ser um dia absolutamente tranquilo para o Excelsior. Até os acréscimos. Aos 90' + 2, Jamiro Monteiro já diminuiu. E aos 90' + 4, num pênalti marcado, Jamiro empatou para o Heracles, tirando do Excelsior a chance de vaga nos play-offs pelo lugar na Liga Europa. Quem diria?


Êxtase do Sparta após o gol de Spierings: ainda é possível evitar o rebaixamento (ANP/Pro Shots)
Sparta Rotterdam 2x1 NAC Breda (quarta-feira, 18 de abril)

Muitas chances no primeiro tempo deixaram claro que a vitória seria perseguida com voracidade pelas duas equipes, ainda ameaçadas pela repescagem/pelo rebaixamento. De um lado, o NAC Breda começou tentando aos 9', quando Angeliño cruzou e Paolo Fernandes completou para fora, rente ao gol. O Sparta trouxe até mais perigo: aos 12', Paco van Moorsel passou da marcação de Pablo Marí e arrematou no travessão defendido pelo goleiro Nigel Bertrams. Porém, o ritmo diminuiu após um duro golpe para os mandantes de Roterdã: aos 31', ao chutar a bola, Soufyan Ahannach acertou também a perna de Fabian Sporkslede, que tentou evitar (limpamente) o arremate. Na hora, Ahannach caiu no chão, e teve de deixar a partida - com dupla fratura na perna.

Os "Kasteelheren" ainda se livraram da pressão dos visitantes de Breda, que tentaram o gol com Fernandes (aos 38'). E no segundo tempo, saíram do impacto da lesão de Ahannach da melhor maneira possível: com um gol. Aos 61', Fred Friday cruzou, e Deroy Duarte completou para o 1 a 0. Aí, o NAC Breda apostou na entrada de Sadiq Umar, vindo do banco aos 68'. Coube justamente ao nigeriano o empate, após cinco minutos em campo, ao tocar na saída do goleiro Jannik Huth. O empate parecia ser o resultado final, mas Stijn Spierings apostou num cruzamento perdido de Sherel Floranus, aos 85', e se deu bem: chute colocado, no canto direito de Bertrams, e 2 a 1 para o Sparta, empatado em pontos com o Roda JC, ainda esperançoso na repescagem - e tornando altamente provável o rebaixamento do Twente.

Dylan Vente aproveitou a chance no time misto do Feyenoord: dois gols na goleada contra Willem II (Tom Bode/VI Images)
Willem II 1x5 Feyenoord (quarta-feira, 18 de abril)

Com vistas à final da Copa da Holanda, no próximo domingo, o Feyenoord entrou em campo com seis mudanças em relação ao time considerado titular - uma delas, até forçada (no aquecimento, Steven Berghuis se lesionou, e Jens Toornstra teve de jogar). Resultado: pelo menos no começo, o Willem II pressionou. Aos 5', após cruzamento, a chance dos mandantes tricolores foi grande: Brad Jones saiu do gol para cortar parcialmente, mas a bola sobrou nos pés de Ben Rienstra, que chutou de novo. Só não foi gol porque a perna de Ridgeciano Haps evitou. Só aos poucos os visitantes de Roterdã cresceram. Aos 17', a bola veio de Jens Toornstra, na direita, passou por Dylan Vente, que fez um corta-luz involuntário, e alcançou Bilal Basaçikoglu. Todavia, antes do atacante finalizar, o goleiro Timon Wellenreuther impediu o chute do turco.

Então, a partida ficou mais equilibrada. Aos 20', Basaçikoglu, de novo: Tonny Vilhena cruzou, e o camisa 14 cabeceou levemente, mas a bola passou perto da trave direita de Wellenreuther. Depois, aos 25', Konstantinos Tsimikas cruzou da esquerda, e Fran Sol chegou atrasado, por pouco, para a finalização. Até que, num rápido ataque, o Feyenoord fez 1 a 0, aos 28'. Kevin Diks passou a Toornstra. E o meio-campista da camisa 28 cruzou para que Dylan Vente, se antecipando à marcação, desviasse a bola na primeira trave, para as redes de Wellenreuther, colocando o Stadionclub na frente. Afetado, o Willem II só retornou à ação ofensiva aos 38', quando Thom Haye chutou de média distância, e Brad Jones pegou.

O gol de Amrabat (festejado por Tapia) encaminhou o triunfo do Stadionclub em Tilburg (ANP/Pro Shots)
Logo no começo do segundo tempo, o Feyenoord tratou de encaminhar sua vitória.O que parecia ser uma jogada resolvida virou o segundo gol dos visitantes, aos 51': após desarmar Vilhena, Tsimikas mandou a bola para Chirivella. Contudo, o espanhol não esperava pela chegada de Sofyan Amrabat, que o desarmou e já chutou nas proximidades da área. A bola bateu nas duas traves, entrou, e era o 2 a 0. Se ainda faltava algo para definir o jogo em Tilburg, esse "algo" veio aos 57', com o 3 a 0, numa jogada que contou com vários passes. Uma triangulação pela direita envolveu Toornstra, Vente e terminou no cruzamento de Diks. A bola passou rasteira pela área, até terminar nos pés de Vilhena, que tocou suavemente para marcar o terceiro gol. Pouco depois, aos 58' já poderia até ter vindo o terceiro gol, num chute de Amrabat que Wellenreuther defendeu. Ou aos 68', quando outro cruzamento de Toornstra, parcialmente rebatido, ficou nos pés de Vilhena dentro da área - mas o camisa 10 Feyenoorder concluiu muito acima do gol.

E uma nesga de reação se abriu com o gol que o Willem II fez para diminuir, aos 75'. Após o segundo escanteio que os Tricolores tinham em dois minutos, Bartholomew Ogbeche (vindo do banco) entrou sozinho na pequena área e concluiu. Então, os Feyenoorders voltaram a chegar, em chutes de Basaçikoglu, Vilhena e Emil Hansson (jovem substituto de Toornstra). Até que Dylan Vente, aos 86', consumou a goleada, completando passe de Basaçikoglu na pequena área, em contra-ataque iniciado por Vilhena. Fran Sol até teve um gol anulado para o Willem II aos 87', mas o gol de Basaçikoglu, no último dos acréscimos (90' + 2, tocando na saída de Wellenreuther após tabelar com Vente), assegurou um placar dilatado para motivar o Feyenoord a rumar em busca do título da KNVB Beker em casa, no próximo domingo.

O Utrecht de Ayoub (à direita) começou melhor, saiu na frente, o Groningen de Zeefuik (à esquerda) empatou, e o resultado valeu para os dois (ANP/Pro Shots)
Utrecht 1x1 Groningen (quinta-feira, 19 de abril)

Se a goleada do Feyenoord inviabilizou alcançar o quarto lugar, o Utrecht pelo menos começou o jogo em casa com tudo: já aos oito minutos, fazia 1 a 0 com Willem Janssen - o capitão dos Utregs completou para as redes, de cabeça, o cruzamento de Yassin Ayoub. Depois, o domínio dos anfitriões foi ainda maior, e Gyrano Kerk perdeu duas chances para ampliar a vantagem: primeiro aos 18', ao perder o domínio, depois aos 21', ao completar para fora o passe de Zakaria Labyad.

O Groningen também pôde agradecer ao ver Labyad desperdiçar outra oportunidade, aos 51', após o recuo de Giovanni Troupée. Ainda mais porque, aos 73', após período calmo no jogo, achou (e aproveitou) a chance do empate: Tom van Weert foi derrubado na área por Mark van der Maarel, o juiz marcou o pênalti, e Van Weert fez 1 a 1. Resultado que, no fim das contas, valeu para todos: o Utrecht se garantiu na repescagem por uma vaga na Liga Europa, ao passo que o Groningen garantiu matematicamente a permanência na primeira divisão.

David Neres começou a resolver, com os dois gols da virada. Ziyech provou seu talento, com outro gol. E o Ajax evitou que a crise se ampliasse ao golear o VVV-Venlo (Pro Shots)
Ajax 4x1 VVV-Venlo (quinta-feira, 19 de abril)

No 3-4-3 (com a entrada de Noussair Mazraoui, no lugar do suspenso Nicolás Tagliafico), o Ajax tentou começar no ataque. E a pressão inicial dos Ajacieden já rendeu um pênalti. Que começou numa jogada perigosa: aos 7', Lasse Schöne tocou a Klaas-Jan Huntelaar, recebeu de volta e chutou. O goleiro Lars Unnerstall rebateu, e na sobra o meio-campo dinamarquês foi derrubado na área por Damian van Bruggen. Jochem Kamphuis apitou a penalidade. Mas o final dela foi infeliz: Schöne bateu no canto alto direito, e Unnerstall pulou certo, rebatendo a cobrança. Depois, os Amsterdammers apostaram em chutes de fora da área - como de Ziyech, aos 28', e do próprio Mazraoui, aos 34'. O VVV só tentou algo aos 26', num leve cabeceio de Jerold Promes, para fora. O primeiro tempo teria ainda um lance simbolizador do momento triste no clube de Amsterdã, aos 39'. Joël Veltman dominava a bola na direita, quando Ralf Seuntjens chegou para a dividida. Não só o meia-atacante do VVV acertou involuntariamente a cabeça de Veltman: este ainda torceu o joelho, já que sua perna estava fixa no gramado. O capitão Ajacied saiu chorando do jogo, de maca, no que provavelmente foi seu fim de temporada, dando lugar a Rasmus Kristensen.

O pior é que não foi este o ponto baixo. Este veio aos 43': num chute alto, a bola foi parar no campo de defesa do Ajax. Quicou, encobriu Justin Kluivert, sobrou para Seuntjens, e este bateu no canto esquerdo de Onana, que estava adiantado. 1 a 0 para o VVV-Venlo. Pelo menos, o empate foi rápido. Aos 45', Huntelaar lançou Van de Beek, o meio-campista cortou para a esquerda, chutou cruzado, e David Neres entrou na pequena área para escorar e fazer 1 a 1.. Era a hora de David Neres assumir a responsabilidade, e o brasileiro o fez do melhor jeito possível: também marcando o segundo gol, nos acréscimos, aos 45' + 3. Maximilian Wöber começou a jogada no meio-campo, com um passe. Kristensen ajeitou, a bola ainda desviou em Jerold Promes, e sobrou para o paulistano completar de primeira na área, virando o jogo.

O primeiro tempo do Ajax deu muitas razões para lamentação - a principal delas foi a séria lesão de Veltman (Pro Shots)
No início da etapa final, outra falha defensiva do Ajax permitiu que Vito van Crooij saísse livre rumo à área, no campo de defesa, aos 49'. Mas Onana pegou o chute do camisa 7 dos Venlonaren, frustrando uma enorme chance para o empate. O Ajax contrabalançou isso aos 51': Huntelaar recebeu a bola na área e chutou duas vezes. A primeira, nas mãos de Unnerstall, que rebateu; a segunda, para fora. Já Wöber teve azar, aos 53': completou cruzamento de Schöne, mandando de voleio no travessão. Daí, Kluivert já completou passe finalizando na área para o goleiro do VVV rebater, aos 55' - como rebateu na sequência a bola que veio de um chute de Ziyech. Até que o gol já previsível enfim veio, aos 59'. Ziyech lançou do círculo central, e a bola foi diretamente para David Neres, na área. O brasileiro tocou para o meio, Huntelaar dominou e completou para as redes, fazendo 3 a 1.

O ritmo mais acelerado do Ajax rendeu mais chances ao longo do segundo tempo. Aos 64', David Neres chutou na trave - e Unnerstall ainda precisou rebater arremate de Ziyech, no minuto seguinte. Depois, aos 76', num escanteio, Matthijs de Ligt completou de cabeça, para a defesa do goleiro em dois tempos. Até que, aos 79', Ziyech, personagem motivo de divisão na Amsterdam Arena (houve quem o vaiasse, houve quem criticasse as vaias) deu razão para aplausos dos apoiadores. Veio pelo meio, chutou no contrapé de Unnerstall, e a bola bateu nas duas traves antes de consumar o 4 a 1. Goleada que minorou um pouco a turbulência do ambiente no Ajax. Pelo menos, de algo valeu.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

A análise do campeão: derrapagem controlada

O PSV merece a festa: das dúvidas após o vexame na Liga Europa, ao título holandês conquistado de modo apoteótico (ANP)

3 de agosto de 2017. Em Osijek, na Croácia, o PSV cai para o Osijek, por 1 a 0, no jogo de volta da terceira fase preliminar da Liga Europa. Como já perdera na ida (1 a 0, em pleno Philips Stadion, em 27 de julho), o time holandês está fora de qualquer competição europeia - não acontecia desde a temporada 1973/74. Criticado por sua lentidão, que já o deixou no banco durante a derrota, o atacante Luuk de Jong vira o bode expiatório da eliminação, perde a braçadeira de capitão e fica prestes a deixar o clube de Eindhoven. Mas nem isso acontece: as negociações avançadas entre PSV e Bordeaux se interrompem no último dia da janela de transferências. E Luuk de Jong vira um "reserva de luxo". 

Corta para 15 de abril de 2018: os Boeren vivem um dia de sonho. Conquistam o 24º Campeonato Holandês de sua história, de uma maneira que nem o mais otimista torcedor esperava: com uma vitória inquestionável sobre o arquirrival Ajax, por 3 a 0, num Philips Stadion repleto de torcedores. Luuk de Jong não só é titular, como marca o segundo gol que encaminha a vitória decisiva do título. É o marco de uma reação aparentemente inesperada. Mas só aparentemente. Porque o ambiente interno do PSV mostra um clube sólido, cuja direção já tem um trabalho bem desenvolvido - o que resulta em confiança clara no que Phillip Cocu e os jogadores fazem dentro de campo. Meio caminho andado para controlar a derrapagem do começo, e armar a reação rumo ao final feliz de uma temporada que começou triste.

Essa reação começou porque a dupla que encabeça o comando dos Eindhovenaren não se desesperou. O diretor geral Toon Gerbrands e o diretor esportivo Marcel Brands já estavam com o trabalho encaminhado, e algumas contratações feitas. Uma delas, merecedora de grande aposta: o mexicano Hirving Lozano, trazido do Pachuca em disputa com clubes até mais bem aquinhoados financeiramente. Mesmo as saídas em relação à temporada anterior já tinham reposições prontas. A torcida pedia por Jorrit Hendrix, enfim livre de lesões no joelho? Pois bem, que se liberasse Andrés Guardado, mesmo com a importância do mexicano no bicampeonato de 2014/15 e 2015/16. Jetro Willems já queria sair faz tempo? Muito bem: foi para o Eintracht Frankfurt, com Joshua Brenet enfim tendo uma lateral para chamar de sua. E o novo empréstimo de Marco van Ginkel junto ao Chelsea - pela terceira vez! - acabou sendo providencial para repor a saída de Davy Pröpper, ocorrida já após a queda na Liga Europa. Sem contar os velhos conhecidos: Jeroen Zoet, Santiago Arias, Nicolas Isimat-Mirin, Gastón Pereiro, Steven Bergwijn...

Com Luuk de Jong sob pesada desconfiança, Jürgen Locadia recebeu a chance que tanto desejava: atuando pela ponta nas temporadas anteriores, o atacante jogaria no meio da área, sua posição de origem. De quebra, a importância cada vez maior que a dupla Brands-Gerbrands dá à formação de jogadores teria no time principal um escoadouro para as revelações: Pablo Rosario na defesa, Sam Lammers e Albert Gudmundsson no ataque - sem contar os contratados, como Bart Ramselaar e Mauro Júnior. Porém, o começo na Eredivisie deu a impressão temerosa de que seria difícil: contra o AZ, na primeira rodada, mesmo em casa, o PSV saiu atrás. Pelo menos, Hirving Lozano sinalizou que mereceria confiança: empatou o jogo, e tranquilizou a equipe para ir rumo ao 3 a 2, de virada. 

Estava dada a partida para um ótimo começo de temporada, que minorou a grande ameaça de crise - e, de certa forma, ajudou a encaminhar o título que viria. Já nas primeiras rodadas se viam as qualidades que a equipe ainda tinha. De novo, Van Ginkel justificava a confiança nele, com grande regularidade no meio. No ataque, a dupla Locadia-Lozano ganhou rapidamente o entrosamento para começar a balançar as redes adversárias. Outro novato a se firmar no time titular, Bergwijn justificava a chance recebida, com rapidez. 

Resultado: um primeiro turno quase perfeito, com 14 vitórias em 17 jogos. Nem mesmo os tropeços - como a derrota de 2 a 0 para o Heerenveen, na 4ª rodada, com expulsão de Lozano - perturbavam um PSV sólido taticamente, apostando no que de melhor faz: aguentar a pressão adversária e aproveitar as chances de contra-ataque, com eficiência invejável. De quebra, a equipe mostrava uma qualidade para deliciar a torcida: buscava a vitória até consegui-la, às vezes, no lance final do jogo, mesmo que tivesse sido inferior em relação ao adversário. Foi o que se viu contra o Zwolle, na 12ª rodada, fora de casa: Zoet trabalhou bastante, o PSV temeu a derrota, viu o adversário mostrar mais ofensividade... mas num rebote de escanteio, aos 90' + 3, Nicolas Isimat-Mirin fez 1 a 0, para garantir três pontos.

Problemas? Claro que havia. De vez em quando, o estilo pragmático com que Phillip Cocu armava a equipe trazia pressão desnecessária. Foi o que se viu na quinta rodada: mesmo com a vitória no clássico contra o Feyenoord - 1 a 0 em casa -, Zoet foi o melhor em campo, tantas foram as defesas feitas no segundo tempo para impedir o empate do Stadionclub (com um a menos). No final do turno, a pressão quase voltou a virar crise: no clássico contra o Ajax, em Amsterdã, pela 15ª rodada, Cocu apostou na entrada de Derrick Luckassen, deixando o PSV com três zagueiros, no 5-3-2. David Neres e Lasse Schöne frustraram os planos, o Ajax fez 3 a 0 e se reanimou na disputa do título, e muito se criticou a postura até medrosa dos Eindhovenaren. O resultado da rodada seguinte em nada ajudou: fora de casa, o PSV fizera 3 a 1 no Groningen, já no primeiro tempo. Passou o segundo se defendendo, tomou o segundo gol de pênalti, e o castigo veio nos acréscimos: empate em 3 a 3. De certa forma, deixava claro que, se pressionada em demasia, o miolo de zaga (Daniel Schwaab e Isimat-Mirin) mostrava fragilidades.

A juventude de Bergwijn, a reação de Luuk de Jong, a regularidade de Van Ginkel: o PSV manteve o ambiente calmo para possibilitar tudo isso (ANP/Pro Shots)
A intertemporada na Florida Cup mostrou fatores inversos: se os empates contra Corinthians e Fluminense deixavam claro como o nível do PSV não era nada impressionante, mais jogadores da base se mostravam capazes de serem usados por Cocu - Sam Lammers, Mauro Júnior e Cody Gakpo agradaram bastante no torneio amistoso. De quebra, vinha a chance para Luuk de Jong provar sua reação: em meio a uma lesão muscular que o tirara dos jogos no fim de 2017, Locadia foi vendido ao Brighton. E o camisa 9 volta a ser o titular no meio da área, precisando mostrar serviço e a mesma eficiência na frente do gol que tivera no bicampeonato - até foi artilheiro da Eredivisie, em 2015/16.

Luuk de Jong mostrou serviço: só nesta metade de 2018, marcou oito gols - a mesma quantidade que marcara em todo o ano passado. De quebra, o PSV seguiu com solidez invejável no meio e no ataque. A alguns, tanta solidez que parecia um time chato. Ficou clássico o "schijtbakkenvoetbal" ("futebol de m....", em português) com que o técnico Gertjan Verbeek criticou o líder, após o 2 a 0 sobre o Twente, feito com base numa bola parada - Lozano, após escanteio - e num contra-ataque - Arias, nos acréscimos. Mas como falar em "chatice" num líder cuja média de gols é superior à do Feyenoord campeão em 2016/17?

Certo, houve solavancos. O maior deles, a inesperada derrota para o Willem II, na 26ª rodada: sem o suspenso Hendrix, a zaga ficou fragilizada, e o time de Tilburg aproveitou para uma histórica goleada por 5 a 0. Mas o PSV não perdeu seu foco: o título. Enfim confirmado, neste final de semana, para coroar a calma de Marcel Brands e Toon Gerbrands à frente do clube. A maturidade de Phillip Cocu como técnico: conquistando o terceiro título holandês - igualando a marca de Kees Rijvers, histórico treinador dos Boeren -, Cocu já é quase tão marcante como treinador em Eindhoven quanto foi como jogador. A reação simbolizada em Luuk de Jong, de reserva a novamente goleador, e Gastón Pereiro - criticado pela falta de brio, o uruguaio respondeu do melhor jeito: com atuação decisiva contra o Feyenoord, na 25ª rodada, e com o gol que abriu o caminho da vitória do título contra o Ajax.

Virão os óbvios interesses de centros maiores por alguns jogadores - Lozano puxa a fila, e dificilmente ficará em Eindhoven, dependendo do que faça na Copa do Mundo, titular do México que será. Virão interesses até no trabalho dos diretores - Marcel Brands já anda em negociações para fazer parte da direção do Everton. Mas o PSV parece estar preparado, sem se desesperar nem tomar decisões precipitadas como ocorre nos outros dois grandes clubes da Holanda. E seu terceiro título nesta década (nono no século XXI - nenhum outro clube ganhou tanto o Campeonato Holandês) deixa claro: se é difícil imaginar uma agremiação holandesa ocupando papel de destaque no futebol europeu, a curto prazo - talvez a médio, e até a longo prazo -, caso isso volte a ocorrer, o clube mais preparado e organizado para tomar a frente nesse destaque está em Eindhoven, não em Amsterdã ou Roterdã.

sábado, 14 de abril de 2018

810 minuten: como foi a 31ª rodada da Eredivisie

Alireza sinaliza: três gols para o AZ, terceiro colocado - e querendo título para coroar ótimo ano (ANP/Pro Shots)
Heracles Almelo 0x3 AZ (sexta-feira, 13 de abril)

O Heracles começou o jogo tentando dificultar as coisas para o terceiro colocado do Campeonato Holandês. Mesmo que os visitantes de Alkmaar tivessem mais posse de bola, os mandantes chegavam à área com perigo. E eles tiveram sua grande chance aos 11'. Por sinal, num pênalti cuja falta foi bem semelhante à que o AZ cometera na rodada passada, contra o PSV: na área, numa cobrança de falta, Til agarrou Wout Droste, e o juiz Jochem Kamphuis não pestanejou em apontar a marca da cal. Mas o final da história foi diferente, para alegria dos visitantes de Alkmaar: Kuwas bateu, e o goleiro Marco Bizot pulou para o canto esquerdo, rebatendo a cobrança. Mesmo com o pênalti perdido, a pressão seguiu: aos 12', Brandley Kuwas chegou à área e finalizou - a bola bateu na mão de Stijn Wuytens, e houve quem pedisse outro pênalti.

Até que, finalmente, a maior posse de bola rendeu uma troca de passes bem feita - e o primeiro gol do AZ, aos 25'. Pela direita, Alireza mandou a bola em profundidade a Jonas Svensson. O lateral chegou à linha de fundo e tocou rasteiro. Vindo livre na grande área, Til dominou e arrematou na saída de Castro para balançar as redes no 1 a 0. E a esperteza logo rendeu o segundo gol, aos 30'. No meio-campo, pressionado por Til, Jamiro Monteiro precisou recuar a bola para a defesa. O zagueiro Dries Wuytens dominou para sair jogando, mas Weghorst foi vivaz: desarmou Wuytens e saiu com campo livre à frente, pela direita. Foi só cruzar, para o também livre Idrissi concluir, fazer 2 a 0 e encaminhar a vitória dos visitantes.

Bizot foi quem primeiro agiu: evitou que o Heracles se empolgasse, ao defender o pênalti de Kuwas no começo (Ronald Bonestroo/VI Images)
A partir de então, o time de Alkmaar teve várias oportunidades para ampliar. Aos 33', quando Idrissi deixou com Weghorst, que ajeitou para Fredrik Midtsjo chutar forte - e forçar Castro a rebater. Ou aos 36', quando o Wuytens do AZ (irmão do Wuytens do Heracles, por sinal) cabeceou e o goleiro Heraclied defendeu. Ou até aos 41', quando Weghorst escorou para fora a bola vinda de escanteio. O Heracles até começou reagindo no segundo tempo, com o chute de Peter van Ooijen que mandou a bola perto do gol, aos 48'. Mas os Alkmaarders logo retomaram o controle do rumo da partida. E confirmariam a vitória já encaminhada, com o mais bonito gol do jogo: aos 59', Weghorst deu a bola a Svensson, e o lateral direito a passou para Alireza. Coube ao iraniano se livrar da marcação com um giro, bater imediatamente no ângulo direito de Castro, da entrada da área, e entrar de vez na disputa para ser o goleador do campeonato - foi seu 15º gol, mesmo número de Hirving Lozano e um abaixo do líder no quesito, Fran Sol (Willem II).

Seguiram então oportunidades para que a vitória se transformasse em goleada. Aos 67', num chute de Alireza, por cima do gol. Ou duas finalizações - de Weghorst e de Svensson -, ambas impedidas por Castro em sequência, aos 69'. Ou nova tentativa do camisa 7 iraniano, à esquerda de Castro, aos 74'. Ou um cabeceio de Ron Vlaar, afastado em cima da linha por Sebastian Jakubiak aos 85'. Ou finalmente, a finalização de Weghorst por cima do gol, aos 88', após cruzamento de Vlaar. Nenhuma chance aproveitada. Sem problemas: a vitória do AZ foi tranquila, e só aumenta a confiança dos Alkmaarders rumo à final da Copa da Holanda, na próxima semana.

O Twente começou muito bem, mas um erro defensivo abriu o caminho para o ADO Den Haag virar o jogo sobre o lanterna (ANP/Pro Shots)
ADO Den Haag 2x1 Twente (sábado, 14 de abril)

Quando o jogo em Haia começou, pareceu que o Twente cumpriria muito bem a primeira de suas quatro dramáticas tarefas para tentar escapar da última posição - e do rebaixamento. Luciano Slagveer ajudou na maior mobilidade do ataque dos Tukkers, bem como o ótimo início de Adam Maher e Fredrik Jensen em campo. Caberia justamente a estes a jogada do primeiro gol, aos 13 minutos: Oussama Assaidi deu a bola a Maher, ele cruzou, e Jensen completou para as redes. Parecia tudo certo para os visitantes de Enschede.

Mas nos acréscimos do primeiro tempo, um erro mudou totalmente o rumo do jogo. No círculo central, Assaidi perdeu a bola para Lex Immers. E este tocou para Bjorn Johnsen, que arriscou de fora da área e empatou o jogo. Foi o suficiente para que, no segundo tempo, o time anfitrião ficasse mais seguro, diante de um Twente afetado. Até que, aos 75', Johnsen definiu a virada, com classe: um toque por cobertura, em cima do goleiro Joël Drommel. No abafa, os visitantes quase empataram com Jos Hooiveld. Porém, o Den Haag ficou com a vitória - e o Twente, com o rebaixamento cada vez mais provável.

O Heerenveen aguentou a pressão do VVV-Venlo, com pênalti perdido e tudo o mais. No final do jogo, foi recompensado: vitória (ANP/Pro Shots)
VVV-Venlo 0x2 Heerenveen (sábado, 14 de abril)

Fora de casa, o Heerenveen quase começou bem: Marco Rojas começou jogando e chegou a fazer gol, mas o juiz Dennis Higler o anulou, por falta de Reza Ghoochannejhad no começo da jogada. Mais eficiente foi o VVV, que teve um pênalti a seu favor aos 27 minutos, quando Pelle van Amersfoort derrubou Lennart Thy. Todavia, ao final dos onze metros estava a decepção: Clint Leemans cobrou, e Martin Hansen defendeu o chute - segundo penal perdido por Leemans em uma semana (já desperdiçara contra o Sparta Rotterdam).

Na etapa complementar, Moreno Rutten ainda fez os Venlonaren terem esperanças de vencer, ao mandar a bola no travessão. Mas a eficiência, então, passou para o lado dos visitantes da Frísia. Aos 69', Nemanja Mihajlovic cruzou, Daniel Hoegh desviou, e Reza para o gol completou: 1 a 0. Mais dez minutos, e Van Amersfoort confirmou o triunfo do Heerenveen num arremate de fora da área, deixando o time alviazul bem posicionado na busca por vaga na repescagem rumo à Liga Europa. No VVV-Venlo, a derrota pouco impactou: não há chance de repescagem, nem risco de queda.

O cartão vermelho de Kramer simbolizou o péssimo dia do Sparta - e o caminho tranquilo do Vitesse rumo à goleada (ANP/Pro Shots)
Vitesse 7x0 Sparta Rotterdam (sábado, 14 de abril)

Há quatro rodadas sem vitórias, com um técnico interino - Edward Sturing, substituindo Henk Fräser, demitido antecipadamente -, o Vitesse devia satisfações à sua torcida neste sábado. E começou a dá-las logo aos dois minutos de jogo, em grande estilo: aproveitando chute de Bryan Linssen que desviara na defesa, Thulani Serero arriscou um voleio e fez belíssimo gol no 1 a 0. Aos 18', o segundo gol foi tão bonito quanto o primeiro já fora: Roy Beerens veio da direita para o meio, driblando quatro jogadores, e finalizou com chute colocado no ângulo do goleiro Jannik Huth. Por sinal, o arqueiro do Sparta poderia ter ido melhor no 3 a 0, aos 29': após cruzamento, rebateu nos pés de Tim Matavz.

Se havia qualquer dúvida de que o Vitesse superaria o Sparta de modo humilhante, ela acabou no último minuto do primeiro tempo. Outra vez, num ato destemperado de Michiel Kramer: após disputa aérea de bola com Alexander Büttner, golpeou o lateral esquerdo no rosto, e levou diretamente o cartão vermelho do juiz Kevin Blom. Dick Advocaat tentou consertar a defesa (colocando Michel Breuer) e o ataque (com Fred Friday) no segundo tempo. Mas o Vites partiu para conseguir a maior goleada de sua história na Eredivisie. Aos 59', Linssen fez 4 a 0. Aos 72', Tim Matavz completou cruzamento de Mason Mount para o quinto gol. Mais cinco minutos, e Thomas Bruns, recém-entrado em campo, marcou o sexto. Finalmente, aos 82', em outro bonito voleio, Linssen fez seu segundo gol na partida, fechando um 7 a 0 até histórico, para tranquilizar a torcida em Arnhem. O Sparta só se alivia pela derrota do Twente...

O Excelsior (à direita) conseguiu tirar um ponto do Zwolle fora de casa - e se garantiu na Eredivisie em 2018/19 (ANP/Pro Shots)
Zwolle 1x1 Excelsior (sábado, 14 de abril)

Um bom resultado seria fundamental para os objetivos de ambos na temporada. E o Zwolle começou buscando mais esse bom resultado, a partir da primeira chance, aos 16', quando o arremate de Younes Namli saiu rente à trave. No minuto seguinte, o chute iria em gol - e que chute: Youness Mokhtar bateu colocado, de fora da área, mandando a esférica no ângulo do goleiro Ögmundur Kristinsson para fazer 1 a 0 com seu oitavo gol na Eredivisie. Mesmo sofrendo o gol, o islandês Kristinsson até salvou o Excelsior no primeiro tempo, em duas defesas numa mesma sequência (aos 38', espalmando primeiro a falta de Mustafa Saymak, e depois o cabeceio de Piotr Parzyszek).

Sorte dos Kralingers visitantes. Porque Kristinsson continuou os salvando, em nova defesa após tentativa de Parzyszek aos 52'. E principalmente, porque o juiz Christiaan Bax apitou pênalti de Kingsley Ehizibue em Levi Garcia, aos 57'. Mesmo com o arqueiro Diederik Boer tentando iludi-lo, Mike van Duinen foi preciso: bola num canto, goleiro no outro, 1 a 1. E se o empate ficou no placar pelo resto do jogo, o Excelsior pôde comemorar, mesmo sem a vitória: está matematicamente garantido na primeira divisão. Ao Zwolle, esperam-se três rodadas de dificuldades para manter o lugar na zona da repescagem pela Liga Europa - afinal, Vitesse, ADO Den Haag e Heerenveen seguem de muito perto.

O Willem II se agigantou, com o destaque de Ben Rienstra (21). Vencer o NAC Breda pode ajudar muito a garantir a permanência na Eredivisie (ANP/Pro Shots)
NAC Breda 1x2 Willem II (domingo, 15 de abril)

Se os dois times jogavam a possibilidade de encaminharem a salvação na Eredivisie, só o Willem II começou atento. Já aos quatro minutos de jogo, os visitantes de Tilburg fizeram 1 a 0: após bola alta, o goleiro Nigel Bertrams errou na saída, e Ben Rienstra completou para as redes. Porém, o NAC Breda buscou o empate ainda na etapa inicial: aos 29', Angeliño cobrou falta, e Arno Verschueren desviou para fazer 1 a 1. Mas dois reveses acabaram se impondo no caminho dos mandantes aurinegros em Breda. O primeiro, aos 39', foi a saída de Thierry Ambrose, lesionado, dando lugar a Rai Vloet. O segundo veio no minuto seguinte: cobrança de escanteio, Fran Sol ajeitou de cabeça, e Rienstra marcou de novo, recolocando o Willem II na frente do placar.

Bastou para que, na etapa complementar, o NAC buscasse o empate, como pudesse. Pablo Marí chutou por cima do gol aos 50', o goleiro Timon Wellenreuther impediu o chute desviado de Angeliño aos 65', Verschueren cabeceou rente à trave aos 72'. O Willem II, por sua vez, teve espaço para contragolpes - um deles, nos acréscimos, quase definiu a vitória, mas Eyong Enoh perdeu o gol. Ainda assim, os visitantes tricolores de Tilburg conseguiram os três pontos, no primeiro triunfo em Breda desde 2007, e estão quase salvos. O NAC Breda ainda sofre: está em 15º (primeira posição fora da zona de repescagem/rebaixamento), mas só quatro pontos acima do Roda JC.

O Groningen já garantiu a manutenção na primeira divisão, com a vitória. O Roda ainda se preocupará muito (Gerrit van Keulen/VI Images)
Groningen 2x1 Roda JC (domingo, 15 de abril)

Quando Ajdin Hrustic cobrou falta e forçou o goleiro Hidde Jurjus a espalmar a bola para fora, logo aos cinco minutos, ficou claro que o Groningen iria ser o time dominante no seu estádio - e que o Roda JC sofreria para manter a promissora sequência de três vitórias seguidas. Aos 15 minutos, isso se confirmou: Hrustic inverteu o jogo com Deyovaisio Zeefuik, e este tocou para o japonês Ritsu Doan fazer 1 a 0 para os Groningers, de fora da área. O Roda JC só arriscou qualquer coisa aos 33', num arremate de Tsiy William Ndenge, bem defendido por Sergio Padt. O único senão que poderia empanar o brilho dos mandantes do Norte holandês fora a lesão que tirou Mimoun Mahi de campo, aos 42'.

Mas foi justamente o substituto de Mahi que ampliou a vantagem dos mandantes alviverdes, já no segundo tempo: aos 49', após rebote de escanteio, Jesper Drost arriscou para o 2 a 0. O Roda JC parecia vencido, mas ganhou esperanças aos 70': também num pontapé de canto, Christian Kum mandou de voleio para as redes, marcando o gol de honra dos Koempels. Insuficiente para evitar a vitória que garantiu definitivamente o Groningen na primeira divisão em 2018/19 - e que ainda mantém o Roda na zona de repescagem/rebaixamento, quatro pontos acima do NAC Breda. Será um longo fim de campeonato para o time aurinegro de Kerkrade. Pelo menos, Twente, Sparta e NAC Breda também perderam...


Como sempre, Van Persie: classe na finalização, abrindo caminho para a vitória do Feyenoord (Pro Shots)
Feyenoord 3x1 Utrecht (domingo, 15 de abril)

No jogo que poderia encaminhar o dono da quarta posição na Eredivisie, o Utrecht começou pressionando. Jogando no campo de ataque, os Utregs tiveram a primeira possibilidade de gol, aos quatro minutos: um chute de Mateusz Klich mandou a bola rente à trave direita de Brad Jones. O Feyenoord, então, começou a buscar jogadas pelas pontas. Praticamente na primeira vez em que buscou o gol com elas, o conseguiu, aos sete minutos: Kevin Diks cobrou lateral mandando a bola diretamente para Jens Toornstra. Na linha de fundo, o meio-campista cruzou para o meio da área. E lá estava Nicolai Jorgensen para completar de voleio. Saiu meio desajeitado, mas mandou a bola nas redes, no contrapé do arqueiro David Jensen, para fazer 1 a 0. Mais eficiente nos raros avanços, o Stadionclub teve nova chance aos 24': Ridgeciano Haps cruzou da esquerda, Jorgensen desviou, mas Van Persie fracassou ao tentar completar: caiu após o choque com Willem Janssen.

O Utrecht, ao ter a bola nos pés, falhou aos 28': após bola alta de Mark van der Maarel, que encobriu Sven van Beek, Cyriel Dessers a dominou na área e ficou frente a frente com Brad Jones, na área. Mas o atacante belga preferiu tocar para o lado - Yassin Ayoub chegou atrasado, e a bola passou. Pelo menos, na chance seguinte para o gol, Dessers foi mais atento - e teve mais sorte. Aos 31', Klich passou a Sean Klaiber, que cruzou rasteiro. Dessers estava em completo impedimento, mas o bandeirinha deixou passar. E o atacante desviou para o gol vazio, empatando o jogo. A partir daí, o jogo ficou equilibrado. Então, só alguém tecnicamente capaz poderia ser decisivo.

O gol de Dessers (impedido) até alimentou as esperanças do Utrecht, mas o visitante só perturbou o Feyenoord no primeiro tempo (fcutrecht.nl)
Adivinhem quem o foi, no Feyenoord? Ele mesmo: Robin van Persie. Coube a ele, titular de novo, fazer 2 a 1 aos 43', com a classe que sempre teve: dominando a bola lançada por Van Beek e chutando cruzado para o gol, quase sem deixá-la cair. Não foram à toa os elogios de Giovanni van Bronckhorst após o jogo: "Ele sabe quando precisa dominar. Foi um gol de pura técnica e qualidade". No segundo tempo, os visitantes de Utrecht ainda tentaram trazer algum perigo, aos 50': Zakaria Labyad veio pela esquerda, chegou à linha de fundo, e cruzou, mas Haps tirou na pequena área. A sobra ficou para Klich arrematar da entrada da área, e aí Brad Jones defendeu.

Mas o Feyenoord controlava bem o jogo, sem correr lá muito perigo. Teve sua primeira oportunidade na etapa final aos 59', quando Toornstra cobrou falta perto da área, e David Jensen espalmou. E o Stadionclub encaminhou definitavamente a vitória aos 69', com o terceiro gol. Van Persie ajeitou na área, Jorgensen cruzou, e Sam Larsson subiu para cabecear e fazer o 3 a 1 que praticamente assegurou a quarta posição na temporada, oito pontos à frente do Utrecht superado. Se a vaga na Liga Europa não vier pelo título na Copa da Holanda, a ser decidida contra o AZ na semana que vem, pelo menos o time a conquistará via Eredivisie - salvando um pouco a temporada.

Na comemoração do gol de Luuk de Jong, o sonho realizado: time e torcida do PSV integrados na mesma festa. A festa do título holandês ganho em cima do Ajax (Pim Ras)
PSV 3x0 Ajax (domingo, 15 de abril)

O clássico que poderia decidir o campeonato começou equilibrado, com PSV e Ajax criando chances de gol. Logo aos nove minutos, Matthijs de Ligt tentou sair jogando, mas seu passe foi interceptado por Hirving Lozano, e o mexicano já deu a bola a Luuk de Jong, na entrada da área. Todavia, o arremate do camisa 9 foi prensado por Maximilian Wöber, e a bola saiu fraca, fácil para André Onana pegar. Aos 12', Hakim Ziyech dominou a bola nas redondezas da grande área, e chutou rasteiro. Jeroen Zoet precisou ir ao canto esquerdo para defender. Um minuto depois, Lozano superou a marcação de Nicolás Tagliafico, veio pela direita, cruzou, e Luuk de Jong escorou para defesa salvadora (mas involuntária) de Onana, que fechou o ângulo com o calcanhar. Depois, aos 17', Ziyech lançou de fora, David Neres ajeitou de cabeça, e Donny van de Beek tentou o voleio - mas pegou mal, e Zoet agarrou a bola. Mesmo num cenário ainda equilibrado, os Boeren começavam a aparecer mais. Aos 19', Lozano pegou a bola deixada por Santiago Arias, e bateu colocado. Onana foi ao canto esquerdo para defender.

Até que, numa jogada encaixada, aos 23', enfim o PSV começou a realizar seu sonho de garantir o título no clássico. Wöber falhou na saída de bola, e Steven Bergwijn ajeitou para Marco van Ginkel. O camisa 10 deixou a Lozano, que entrou na área e chutou cruzado. De Ligt ainda salvou na pequena área, mas a sobra foi aproveitada por Gastón Pereiro, que fez 1 a 0 - dos 30 gols que já fez na Eredivisie, era o sexto contra Ajax ou Feyenoord. Era um primeiro golpe. Mas o Ajax seguiu perigoso em busca do empate. Aos 32', este quase aconteceu: outro lançamento preciso de Ziyech encontrou Joël Veltman na direita da grande área. O lateral tocou, e Huntelaar chegou na pequena área. Só não empatou pela excelente defesa de Zoet: o camisa 1 saiu bem, fechou o ângulo e rebateu, até se chocando com o atacante Ajacied.

A partir da ótima defesa de Zoet na tentativa de Huntelaar, o PSV cresceu para entrar na rota da vitória e do título holandês (Pim Ras)
A partir de então, Luuk de Jong começou a tentar algumas finalizações. Quase marcou de cabeça aos 36' (a bola foi fraca, e Onana pegou) e aos 37' (no cabeceio, a bola desviou em De Ligt e em Schöne, e não faltaram pedidos de pênalti). Era um momento de pressão. E o PSV aproveitou de novo a chance, aos 38'. Pereiro deixou a bola com Brenet, o lateral veio veloz pela esquerda e cruzou. Luuk de Jong na área, de novo de cabeça, enfim conseguiu o final feliz: 2 a 0 e título encaminhado. Erik ten Hag tentou tornar o Ajax mais ofensivo logo que o intervalo terminou: tirou Wöber, colocando Siem de Jong e deixando o time no 3-4-3. Coube justamente ao meio-campista que acabara de entrar a primeira tentativa Ajacied, aos 47', mas Zoet defendeu. Depois, aos 52', Ziyech fez boa jogada individual pela direita, mas seu cruzamento foi interceptado por Schwaab, na pequena área.

Mas qualquer perspectiva de reação que o Ajax ainda tivesse se acabou aos 54', com o 3 a 0 do PSV. Pereiro deixou a bola a Arias, que cruzou da direita. De Ligt ainda rebateu, mas Bergwijn dominou, se livrou de Siem de Jong e bateu no canto direito de Onana, para o 3 a 0 que sacramentou o título. Total e irremediavelmente superado em campo, o Ajax só teve mais duas chances, ambas com David Neres. Aos 66', o brasileiro recebeu a bola de Schöne, driblou Schwaab e arrematou colocado, à direita de Schöne. E o camisa 7 quase diminuiu de novo aos 73', ao tabelar com Kasper Dolberg (substituto de Huntelaar) e chegar à pequena área com a bola, mas Zoet saiu do gol e agarrou.

Contudo, a última impressão dos visitantes de Amsterdã seria negativa: pela primeira vez em sua história no Campeonato Holandês, o Ajax teve duas expulsões num jogo. Aos 79', Tagliafico acertou o tornozelo de Lozano e recebeu o vermelho do juiz Danny Makkelie. Mais quatro minutos, e Siem de Jong fez ainda mais feio: pontapé por trás em Arias, e mais um vermelho direto. Àquela altura, a torcida do PSV nem ligava. Já se envolvia em algo muito melhor. Algo que logo envolveria também os jogadores, logo quando veio o apito final de Makkelie, exatamente aos 90', sem acréscimos: a festa do título. Festa justa para um merecido campeão holandês, que conquistou o título como sonhava: em seu estádio, superando categoricamente um dos principais rivais. Incontestável.

Legenda é necessário? (ANP/Pro Shots)