segunda-feira, 23 de maio de 2022

O Feyenoord campeão da Copa da UEFA 2001/02: um conto de fadas

O Feyenoord que foi em busca do sonho realizado, ganhando a Copa da UEFA 2001/02 com final em De Kuip. Em pé: Kalou, Rzasa, Van Hooijdonk, Tomasson, Van Persie e Zoetebier. Agachados: Gyan, Ono, Bosvelt, Paauwe e Van Wonderen (Martin Rose/Bongarts/Getty Images)

Ganhar um título é sempre bom. Ganhar um título em casa é ainda melhor. E quando, no caso europeu, a coincidência permite que uma conquista continental seja ganha com o jogo único da final no próprio estádio, a alegria da torcida fica próxima do êxtase. O Feyenoord é um dos poucos clubes europeus a poder ostentar esse luxo. Afinal de contas, no último título de torneio europeu ganho por um clube da Holanda (Países Baixos), há 20 anos, o Stadionclub venceu a final da Copa da UEFA 2001/02 exatamente em De Kuip, superando o Borussia Dortmund. Um verdadeiro conto de fadas - que nem a tristeza de uma morte dias antes da final perturbou.

O time: a chegada que turbinou a base entrosada

Quando a temporada 2001/02 começou, o Feyenoord vivia uma fase de relativo sucesso. O crédito com a fanática torcida ainda estava em alta, pelo título holandês na temporada 1998/99. Vindo para o lugar de Leo Beenhakker em 2000, o técnico Bert van Marwijk já tinha um ano de trabalho, e uma base entrosada no time que era escalado. Os zagueiros Kees van Wonderen e Patrick Paauwe, os laterais Tomasz Rzasa (polonês) e Christian Gyan (ganês), os volantes Shinji Ono (japonês) e Paul Bosvelt, o meio-campo Bonaventure Kalou (marfinense), o atacante Jon Dahl Tomasson (dinamarquês): todos esses citados já estavam no Feyenoord havia pelo menos dois anos. Bastava para boas campanhas: terceiro lugar na Eredivisie conquistada pelo PSV em 2000/01, o Stadionclub tinha garantido um lugar na fase de grupos da Liga dos Campeões.

O Feyenoord já tinha uma base entrosada dos anos recentes, mas a vinda de Van Hooijdonk foi o diferencial necessário para o sucesso em 2001/02 (Adam Davy/Empics/Getty Images)

Mas uma contratação antes de 2001/02 fez a diferença entre um time bom e um time capaz de ser campeão. E não foi a do goleiro Edwin Zoetebier, voltando ao Feyenoord após um ano passado no Vitesse, para ocupar lacuna importante (afinal, Jerzy Dudek rumara para o Liverpool). A vinda decisiva para aquele time seria negociada junto ao Benfica. Lá, o atacante Pierre van Hooijdonk declarara o desejo de voltar à Holanda (Países Baixos), sentindo-se desprestigiado pela nova diretoria. A diretoria do Stadionclub soube, negociou, e na reta final da janela de transferências daquela temporada, Van Hooijdonk acertava a chegada a De Kuip.

Ela teria muito sucesso. Mas ninguém sabia disso ainda.

O começo: uma Champions esquecível e algumas mudanças

Ninguém sabia disso, a princípio, porque a participação do Feyenoord na Liga dos Campeões 2001/02 foi esquecível. Também, pudera: no grupo H estava o Bayern de Munique, campeão europeu na temporada anterior, e um Sparta Praga que se revelaria digno - com nomes que surgiam fulgurantes, como um goleiro chamado Petr Cech, 19 anos de idade na época. O Feyenoord tentaria disputar o posto de surpresa com o Spartak Moscou - e já começaria tropeçando contra o time russo, com um 2 a 2 na estreia. Na segunda rodada, ficaram ainda mais claras as dificuldades para passar da fase de grupos: na Tchéquia, o Sparta Praga fez 4 a 0 no Feyenoord. 

Mas a terceira rodada indicou que dias melhores poderiam vir: em De Kuip, tanto Van Hooijdonk quanto Jon Dahl Tomasson marcaram gols, e o Feyenoord conseguiu empatar com o Bayern (2 a 2). Derrotas seguidas eliminaram o clube neerlandês da Champions de cara - 2 a 0 para o Sparta Praga na 4ª rodada, 3 a 1 para o Bayern na 5ª rodada -, mas a última rodada abria caminho para a "vaga de consolação" nas oitavas de final (na época, eram as oitavas) da Copa da UEFA. Num jogo direto, em De Kuip, Feyenoord e Spartak Moscou decidiram os dois últimos lugares do grupo. O vencedor ocuparia a terceira colocação e "cairia" para a Copa da UEFA. Ainda no primeiro tempo, o placar foi decidido: Van Hooijdonk fez 1 a 0 aos 5', o russo Vladimir Beschastnykh empatou para o Spartak aos 14', mas o sueco Johan Elmander fez, logo aos 18', o 2 a 1 que seria o placar final - e que possibilitaria ao Feyenoord continuar com a temporada europeia.

O Feyenoord esteve na Liga dos Campeões apenas de passagem, sem ser páreo para Bayern de Munique e Sparta Praga - mas venceu jogo direto contra o Spartak Moscou, assegurando a ida à Copa da UEFA (Tom Shaw/Allsport)

Para tanto, quando chegou a terceira fase da Copa da UEFA, ainda no fim de 2001 (mais precisamente, em novembro), Bert van Marwijk consolidou uma base no time que escalava, descartando mais nomes. Paulatinamente, perderiam espaço gente como o lateral direito australiano Brett Emerton e o zagueiro veterano Ulrich van Gobbel - este, desgastado pelo gol contra cometido para o Bayern de Munique. Nomes como os atacantes Euzebiusz "Ebi" Smolarek (polonês) e Leonardo (brasileiro, carioca, vindo de torneios de favela diretamente para Roterdã) seriam mais fixos na reserva, entrando esporadicamente. Alguns jovens seriam testados: uns não aprovariam, como o zagueiro Civard Sprockel (19 anos), já outros agarrariam a chance para decolar, como um tal Robin van Persie que voltará a ser falado. E assim (re)começou o caminho do Feyenoord, rumo a De Kuip.

O começo: conseguindo o possível

Na terceira fase da Copa da UEFA, coube ao Feyenoord enfrentar o Freiburg-ALE. E as dificuldades já começaram por ali. No jogo de ida (22 de novembro de 2001, em Roterdã), Shinji Ono só fez o gol da vitória por 1 a 0 a oito minutos do fim; na volta (6 de novembro de 2001, em Friburgo), o time alemão contou com o seu destaque - o atacante georgiano Levan Kobiashvili -, chegou a abrir 2 a 0 e ficar perto da vaga, mas Van Hooijdonk fez o gol fora de casa que já daria a vaga, mesmo com derrota. E coube ao brasileiro Leonardo, que substituiu Smolarek, fazer o gol do 2 a 2 que levou o Feyenoord às oitavas de final da competição europeia.

2001 terminou, 2002 chegou, com ele as oitavas de final da Copa da UEFA, e o adversário do Feyenoord seria ainda mais exigente: o Rangers. No time escocês, treinado então por Ally McCoist, sobrava experiência: Bert Konterman e Arthur Numan na defesa, o argentino Claudio Caniggia e o norueguês Tore Andre Flo no ataque - todos eles com Copas do Mundo no currículo (sem contar mais um holandês, Ronald de Boer, que só estaria no jogo de volta). Na primeira partida, em Glasgow, Bert van Marwijk escalou um novato de 18 anos na zaga, Glenn Loovens, para fazer a dupla da defesa com Kees van Wonderen. No decorrer do jogo, o técnico Feyenoorder ainda deu a primeira partida da carreira de Robin van Persie, 18-para-19 anos, numa competição europeia (Van Persie substituiu Bonaventure Kalou, aos 58'). Quase deu certo: Shinji Ono fez 1 a 0, e o Rangers só empatou no fim, com Barry Ferguson. Ainda assim, o 1 a 1 era bem útil ao time de Roterdã.

Passar pelo Rangers nas quartas de final foi o primeiro sinal de que aquele Feyenoord estava destinado a coisas grandes - e que Shinji Ono (correndo no meio) era figura importante no time (Lawrence Griffiths/Getty Images)

Que mostrou no jogo de volta: tinha tanta experiência, tanta capacidade, quanto o respeitável Rangers. Ou até mais. Porque, se o time azul escocês saiu na frente em De Kuip - Barry Ferguson fez 1 a 0, aos 26' -, ali Pierre van Hooijdonk começou a sinalizar que seria o melhor jogador daquela Copa da UEFA. O atacante virou o jogo com dois gols, ainda no primeiro tempo, fazendo a torcida iniciar um coro que seria marca daquela campanha no fervilhante estádio: "Put your hands up for Pi-Air" ("Erga suas mãos por Pi-Air", em português - um trocadilho do nome Pierre com a excelente capacidade do holandês no jogo aéreo). Logo no primeiro minuto da etapa final, Bonaventure Kalou fez 3 a 1. E aí, a capacidade do Feyenoord aguentar dramas foi posta à prova. Porque o zagueiro Patrick Paauwe foi expulso aos 53', ao cometer pênalti que Ferguson converteria, diminuindo para 3 a 2. 

O Feyenoord aguentou. Superou o Rangers. Fez o que se esperava diante de adversários acessíveis: se classificou, indo às quartas de final da Copa da UEFA. Que representariam o primeiro capítulo realmente inesquecível daquela história.

Quartas de final: o sonho fica mais perto eliminando um rival direto

O começo deste texto dizia que conquistar um torneio europeu com a final em casa era um dos sonhos mais deliciosos que um clube do Velho Continente poderia sonhar. Mas a trajetória do Feyenoord na Copa da UEFA 2001/02 tem um tempero adicional. Ele foi colocado nas quartas de final daquela campanha. Qual seria o adversário do Stadionclub? O PSV. Pois é: quis o sorteio que um clássico holandês definisse um semifinalista. Campeão holandês de então, também vindo da Liga dos Campeões daquela temporada, o time de Eindhoven tinha experiência apenas no lateral esquerdo Jan Heintze, campeão europeu com os Boeren em 1987/88. Mas havia muita gente que seria relativamente conhecida no time que o belga Eric Gerets treinava: André Ooijer na zaga, Wilfred Bouma e Mark van Bommel como volantes, Jan Vennegoor of Hesselink e Mateja Kezman como atacantes... todos, abaixo dos 25 anos.

A experiência do Feyenoord contra a juventude do PSV renderiam duas partidas inesquecíveis - ainda mais na Holanda - naquelas quartas de final. Na ida (14 de março de 2002, em Eindhoven), surpresa no Philips Stadion. O time dominante no primeiro tempo foi o Feyenoord: a pressão acuou a defesa do PSV, Van Persie acertou uma bola na trave... e no minuto final da etapa inicial, Van Hooijdonk aproveitou rebote do goleiro Ronald Waterreus para fazer seu quarto gol naquela Copa da UEFA. Logo que o segundo tempo começou, porém, Mateja Kezman deu o troco na mesma moeda: em dois minutos, empatou. E o 1 a 1 fazia esperar por outro jogo empolgante na volta.

 Foi exatamente o que se viu no dia 21 de março de 2002, em Roterdã. De Kuip foi o cenário de um daqueles clássicos tensos. O placar sem gols, por boa parte do tempo, só aumentava ainda mais o nervosismo dos torcedores, fossem eles Eindhovenaren ou Rotterdammers. Até que, aos 76', Van Bommel fez o seu melhor: chute de fora da área, preciso, no ângulo esquerdo de Zoetebier, fazendo 1 a 0 para o PSV. Parecia o fim para o Feyenoord, que só teria 14 minutos, mais os acréscimos, para tentar o empate ou até uma virada. Aí, talvez, o primeiro sinal real de como Van Hooijdonk estava "iluminado" - e como o Stadionclub talvez tivesse a chamada "sorte de campeão". Exatamente no último minuto, crizamento de Brett Emerton, da direita. "Pi-Air" cabeceou, e a bola fez um arco, até parar no canto esquerdo de Waterreus. 1 a 1: o Feyenoord estava salvo, de modo "milagroso", como expôs o narrador. E após a prorrogação, o classificado daquele encontro holandês seria definido nos pênaltis.

Cobranças bem feitas, de parte a parte. Mas o georgiano Giorgi Gakhokidze errou a dele, a terceira na série do PSV: Zoetebier pegou. Os experientes jogadores do Feyenoord foram perfeitos na série, que Van Hooijdonk finalizou. 5 a 4 nas cobranças, Stadionclub semifinalista da Copa da UEFA, De Kuip explodia em alegria.


Semifinal: o Feyenoord estava pronto. Azar da Inter

Superar o rival nacional PSV rumo às semifinais foi o impulso necessário e decisivo para o grupo do Feyenoord saber que poderia, sim, sonhar com a decisão daquela Copa da UEFA em De Kuip. A experiência estava ali: em Van Wonderen (33 anos) na zaga, em Bosvelt (32 anos) no meio-campo, em Van Hooijdonk (32-para-33 anos) no ataque. A juventude, também: Van Persie, 18 anos, já era titular do Stadionclub, e Johan Elmander, 20 anos, continuava entrando aqui e ali mesmo na reserva. Aos 22, Shinji Ono era incansável no meio-campo. E impressionava: falando sobre os 20 anos daquele título à revista Voetbal International, o técnico Bert van Marwijk opinou que Ono "poderia ter sido um craque, se não tivesse de voltar sempre ao Japão". Essa mescla bem feita de experiência e juventude, mais a fase esplendorosa de Van Hooijdonk (bem ajudado por Tomasson), já serviriam para o Feyenoord ser levado muito a sério nas semifinais. 

E o adversário era bem mais conhecido, em nomes e em técnica. Também perseguindo um título italiano que não ganhava havia 13 anos - e que perderia na última rodada -, a Internazionale vinha com Francesco Toldo no gol; Javier Zanetti, Iván Córdoba e Marco Materazzi na defesa; Clarence Seedorf, Emre Belozoglu e Sérgio Conceição no meio; no ataque, Mohamed Kallon, Nicola Ventola, Christian Vieri... e Ronaldo, na fase final da recuperação da gravíssima lesão no joelho que tivera em 2000, ainda entrando no decorrer dos jogos. 

Van Marwijk notou, na semifinal contra a Internazionale: o time experiente que tinha em mãos estava preparado para o título (Christof Koepsel/Bongarts/Getty Images)

Pois o Feyenoord não ligou para nada disso. Nos vestiários de San Siro, para a partida de ida (4 de abril de 2002), Van Hooijdonk lembrou o resto do time: só havia aquelas duas partidas da semifinal separando a equipe da sonhada final em De Kuip. Era a hora de se mostrar merecedor de respeito. E o Feyenoord mostrou. Passou sufoco no primeiro tempo, é verdade: Ventola chegou a ter um gol anulado por impedimento, enquanto Van Hooijdonk perdeu chance incrível na pequena área. Todavia, no segundo tempo, a sorte ajudou: Van Hooijdonk (como ele aparece nesta campanha...) cruzou, Iván Córdoba tentou desviar para fora... e cometeu gol contra. O 1 a 0 seria seguro até o fim. E os torcedores do Feyenoord que lotaram a parte visitante do Giuseppe Meazza saíram de Milão cada vez mais otimistas.

O otimismo seria confirmado no jogo de volta, em De Kuip, dali a uma semana. A Inter foi a Roterdã com o que tinha de melhor: fora no jogo de ida, Toldo e Zanetti seriam titulares - como Ronaldo, que só entrara aos 75' no primeiro jogo. Mas diante de "Het Legioen", a torcida cada vez mais ensandecida (houve mosaico e papel picado antes do jogo), o Feyenoord impôs sua pressão e sua eficiência logo no primeiro tempo. Para não perder o costume, Van Hooijdonk fez 1 a 0, de cabeça, aos 17' - seu sexto gol naquela Copa da UEFA. Mais um contra-ataque, puxado por Christian Gyan, aos 34': Toldo rebateu o chute do ganês, mas Tomasson estava a postos para fazer 2 a 0. E por muito tempo o Feyenoord segurou a vantagem em De Kuip. Tomou um susto no fim: Cristiano Zanetti diminuiu aos 84', e num pênalti aos 90', Kallon aumentou o medo, fazendo 2 a 2. Mas era só.

O Feyenoord conseguira. Realizaria o sonho de jogar a final da Copa da UEFA em De Kuip (a não ser por Brett Emerton: o australiano levara um cartão amarelo e estaria suspenso). A celebração da torcida rendia cenas cada vez mais alegres e emocionantes. Mas elas ganhariam um tom de tristeza, antes da decisão contra o Borussia Dortmund.


No título, um final feliz cheio de dor

O motivo do trauma ia além do futebol. Político polêmico na Holanda - ao mesmo tempo em que criticava fortemente a influência muçulmana no país, era homossexual assumido e militante -, Wilhelmus "Pim" Fortuyn fora um dos candidatos mais votados nas eleições municipais neerlandesas de 2002, iniciando uma trajetória potente em termos nacionais. Trajetória que teve um fim abrupto: em 6 de maio de 2002, dois dias antes da final da Copa da UEFA, Fortuyn foi assassinado em Roterdã, por um militante de extrema-esquerda. Desacostumada a crimes políticos, a Holanda parou e se abalou profundamente. Na entrevista coletiva pré-final, Bert van Marwijk chegou a comentar a possibilidade de adiar aquela decisão, tal era o clima nos Países Baixos. Mas a UEFA negou - e nem os próprios jogadores do Feyenoord queriam isso, a bem da verdade. A final sonhada seria mesmo em 8 de maio.

A Holanda (e mais precisamente, Roterdã) se comoveu com a morte de Pim Fortuyn, um polêmico nome da política. E isso respingou na final da Copa da UEFA (Martin Rose/Bongarts/Getty Images)

E o adversário do Feyenoord estava até mais motivado. Afinal de contas, o Borussia Dortmund vinha de um título alemão ganho havia alguns dias. Queria o título da Copa da UEFA para abrilhantar o fim da carreira do zagueiro Jürgen Kohler, que pararia de jogar ali. O Dortmund tinha um time respeitável. Experiente na defesa - além de Kohler, havia Jens Lehmann no gol e Christian Wörns no miolo de zaga. Nas laterais, dois brasileiros rejuvenesciam o time aurinegro: Evanilson na direita, Dedê na esquerda. No meio, o também experiente Stefan Reuter era ajudado por dois novatos: o tcheco Tomas Rosicky e o brasileiro Ewerthon, vindo do Corinthians. E na frente, a dupla de ataque do Dortmund não só era tão boa quanto a do Feyenoord, mas talvez fosse uma das melhores da Europa: o tcheco Jan Koller e sua força física incrível (2,02m, 100 quilos), e Amoroso vivendo uma grande fase na carreira (o brasiliense despontado no Guarani, já com uma artilharia de Campeonato Italiano na trajetória, fora o principal goleador da Bundesliga daquela temporada).

Contudo, o Feyenoord estava preparado para dar uma alegria à torcida abalada com o falecimento de "Pim" Fortuyn - sem deixar de lotar De Kuip para a final e se empolgar (a clássica foto de um menino torcedor do Feyenoord fazendo gesto obsceno é da decisão). E tinha se preparado para isso. Abriria o placar aproveitando duas falhas decisivas do Borussia Dortmund. No primeiro gol, a marcação por pressão fez Jürgen Kohler errar: Tomasson roubou a bola do zagueiro alemão, foi derrubado na área, o pênalti foi marcado pelo juiz português Vitor Melo Pereira, Kohler foi expulso no ato final de sua carreira. E Pierre van Hooijdonk cobrou com perfeição: 1 a 0 aos 33', sétimo gol de "Pi-Air" na Copa da UEFA. 

Em meio à comoção nacional pela morte de Pim Fortuyn, a torcida do Feyenoord ainda lotou De Kuip naquela final - e esta foto ganhou o mundo desde então (Jasper Juinen/ANP/AFP/Getty Images)

O oitavo viria logo depois. Por outro lance de esperteza de Van Hooijdonk: na preparação para o jogo, vendo vídeos do Borussia Dortmund, o atacante notara que Lehmann costumava deixar descoberto um canto, nas cobranças de falta, enquanto preparava a barreira. Pois aos 40', numa falta, o goleador daquele torneio decidiu antecipar sua cobrança. Ainda desatento, Lehmann pulou, sem alcançar a bola. Feyenoord 2 a 0, graças ao grande símbolo daquela campanha. Celebrado na narração do locutor holandês: "Dit is Pierre van Hooijdonk-toernooi" ("Este é o torneio de Pierre van Hooijdonk"). Não havia dúvida disso. Na Coolsingel, na Stadhuisplein, em todas as praças de Roterdã o atacante era comemorado.

O Borussia Dortmund estava ferido, mas não estava morto. E lembrou disso logo que o segundo tempo começou: num erro da defesa do Feyenoord, Patrick Paauwe derrubou Amoroso na área. Pênalti - e aos 47', o brasileiro diminuiu para 2 a 1. Susto que acabou logo: aos 50', Ono roubou uma bola no meio-campo, lançou, e Tomasson, no último jogo que faria pelo Feyenoord (iria para o Milan na temporada seguinte), apareceu livre para chutar e fazer 3 a 1. O Dortmund ainda buscaria o segundo gol, também rapidamente: aos 58', Jan Koller aproveitou sobra de cruzamento para um belíssimo chute, no ângulo direito de Zoetebier. Mas seria só. O Feyenoord se segurou. E conquistaria o segundo título de Copa da UEFA em sua história, no troféu erguido pelo capitão Paul Bosvelt.


Mas o último título continental de um clube holandês até agora ficaria sem a tradicional festa em Coolsingel, a avenida que leva à prefeitura de Roterdã. Ela seria ocupada, dois dias depois, pelo cortejo fúnebre, nos funerais de "Pim" Fortuyn. Uma dor que ainda impactava a Holanda - principalmente Roterdã. 

Porém, ela tinha um motivo de sorriso, entre as lágrimas. O sorriso causado pelo Feyenoord, que vivera um tremendo conto de fadas. 

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Eredivisie feminina - análise: o bis com reconhecimento

O Twente manteve a doce rotina no Campeonato Holandês feminino: tricampeão, com a capitã Renate Jansen mostrando importância de novo. Mas o reconhecimento foi além, com mais convocadas para a seleção (FC Twente Vrouwen/Twitter)


De nada adiantou um time do Ajax com revelações mais estabelecidas, com as experientes Stefanie van der Gragt e Sherida Spitse a lhes guiarem. De nada adiantou o PSV achar que, dessa vez, iria, com uma base mantida em relação ao ano passado. De nada adiantou o Feyenoord surgir como uma boa surpresa, com um time até firme e digno. O Twente continuou muito regular em relação aos seus concorrentes, continuou com jogadoras de mais destaque... e continua dominando o Campeonato Holandês feminino, como tricampeão (2018/19, 2020/21 e, agora, 2021/22) que se tornou. No entanto, a campanha do título ganho nesta sexta-feira - com triunfo sobre o concorrente direto Ajax, 3 a 2 na última rodada, de virada - tem um gosto que as anteriores não tinham: um reconhecimento concreto. Ele vem na forma de convocações para a seleção feminina da Holanda. 

Como raramente ocorria nos tempos de Sarina Wiegman, já há mais espaço para jogadoras que atuem na Vrouwen Eredivisie - é, aliás, um fator de certo orgulho para o treinador atual das Leoas Laranjas, Mark Parsons. E o Twente fez por merecer isso. E o exemplo a ser mais citado nem seria Fenna Kalma, melhor jogadora do campeonato, incríveis 33 gols em 24 jogos, mas que só foi chamada por Parsons uma vez, sendo mais relacionada para a seleção sub-23. Em termos da vinculação do time de Enschede com a seleção, o símbolo mais claro é Renate Jansen. A capitã dos Tukkers segue confiabilíssima, titular absoluta da equipe, atacante tão garantida quanto a parceira Kalma (17 gols em 24 jogos). E a experiência dos 31 anos, que a tornam capacitada para ajudar o time em termos táticos (Jansen foi quem mais passes para gol deu em toda a temporada: 12 gols), também a faz presença certa na seleção: Renate segue como uma das convocadas por Mark Parsons no ataque, e deverá estar na Euro feminina que vem aí.

"Fé na Kalma": a atacante (à direita) viveu uma grande temporada - e nem teve muitas chances na seleção principal, ainda (FC Twente Vrouwen/Twitte)


Assim como várias outras jogadoras do campeão. A goleira Daphne van Domselaar, a lateral direita Kerstin Casparij, a zagueira Caitlyn Dijkstra, a volante Marisa Olislagers, a meio-campista Kayleigh van Dooren: todas foram preponderantes na campanha do título, todas tiveram presença em convocações recentes da seleção, todas têm chances de estarem na Euro. Sem contar jogadoras mais experientes, como Kika van Es, que deixará o Twente com dois títulos holandeses. Foi esta a base que o técnico Robert de Pauw teve, para fazer uma campanha invejavelmente consistente. 

Enquanto o PSV escorregava para uma campanha decepcionante, enquanto o Ajax tropeçava quando não podia (com direito até a sofrer goleada para o Feyenoord, no primeiro "Klassieker" da história do futebol feminino - 4 a 1), o Twente empilhava vitórias sobre os frágeis Heerenveen, VV Alkmaar e Excelsior. Sobre ADO Den Haag e Zwolle, que se uniram ao Feyenoord como "melhores do resto". E até sobre os outros dois grandes. A última vez em que o time de Enschede saiu de campo sem ao menos um ponto no Campeonato Holandês das mulheres foi num longínquo 26 de setembro de 2021 (PSV 2 a 1, na quarta rodada). De lá até a 24ª partida, a final, três derrotas e 17 vitórias. Campanha tão dominante que o título foi "oficiosamente" comemorado já na penúltima rodada - 3 a 0 sobre o Feyenoord: afinal, à vantagem de três pontos para o Ajax ainda se acrescentava uma inalcançável superioridade no saldo de gols (+68 a +49).

Mas a atenção dada a jogadoras holandesas que atuassem no campeonato nacional para convocações à seleção não ficou restrita ao Twente. O Ajax também teve muitos nomes despontando para Mark Parsons chamar. Talvez a segunda melhor jogadora da temporada, segunda goleadora da Vrouwen Eredivisie, destaque no título da Copa da  Holanda, a atacante Romée Leuchter foi grata revelação do vice-campeão. Nomes já conhecidos das Ajacieden também começaram a vestir laranja: a ala Lisa Doorn e a atacante Chasity Grant tiveram suas chances, para nem falar de Victoria Pelova, vivendo bom momento na carreira. O PSV, num distante 3º lugar, com várias veteranas jogando (uma delas, Desirée van Lunteren, encerrando a carreira) e outras para chegar (Kika van Es, Inessa Kaagman) teve nomes neerlandeses a serem elogiados, na lateral esquerda Janou Levels e na atacante Esmee Brugts. E até o Feyenoord, na primeira temporada da história de seu time feminino, revelou uma defesa firme, com a goleira Jacintha Weimar e a lateral Samantha van Diemen.

Só que todos esses clubes, embora se destacando aqui e ali, foram coadjuvantes. A temporada foi do Twente, de novo. E agora, o prêmio ao tricampeão holandês vai além da salva de prata que Renate Jansen novamente ergueu.

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Play-offs pela Conference League: a salvação de várias lavouras

Em geral, os play-offs pós-temporada do Campeonato Holandês trazem aos clubes que os disputam (no caso, do 5º ao 8º colocados da Eredivisie) um ar de esperança. Afinal, é uma perspectiva de participação num torneio europeu, ainda que seja o mais modesto de todos, dando vaga na segunda fase preliminar da Conference League. De mais a mais, o Feyenoord chegou à Conference atual exatamente por meio desta repescagem, e agora, vive a típica ansiedade antes de uma final, como a que disputará contra a Roma, daqui a uma semana, para decidirem o primeiro campeão da história da competição. Ou seja: vale a pena.

No caso dos quatro que seguirão sua temporada a partir desta quinta, com os jogos de ida na primeira fase da repescagem, vale a pena mesmo. Porque todos eles, coincidentemente, tiveram algum momento de decepção ao longo das 34 rodadas regulares da liga. E terão na possibilidade de alcançar a Conference uma grande chance de melhorarem a impressão que deixaram nas respectivas torcidas. Seja por desempenho aquém do esperado, por incertezas ou pela oportunidade aberta de consolidar uma reação, o fato é que estes play-offs terão um destacado ar de "salvação da lavoura" para AZ, Vitesse, Utrecht e Heerenveen.

AZ x Heerenveen
Jogo de ida: 19 de maio, às 13h45 de Brasília, em Heerenveen
Jogo de volta: 22 de maio, às 9h30 de Brasília, em Alkmaar

O AZ está um pouco desacostumado a se arriscar em play-offs. Terá de contar com Pavlidis e Karlsson (foto) para não se decepcionar mais (Pro Shots)

AZ (5º colocado na temporada regular)

Um time que não perdeu do campeão Ajax na temporada (venceu por 2 a 1 no turno, em plena Johan Cruyff Arena, e empatou por 2 a 2 no returno). Um time que até sonhou em ocupar a terceira colocação, ao vencer o Feyenoord - 2 a 1, na 24ª rodada. Um time que está tão acostumado a ir diretamente às competições europeias, nos últimos anos, que estranha ao ter de disputar a repescagem pela Conference League. Mas é isso que aconteceu com o AZ. Em grande parte, por causa de uma reta final ruim no campeonato: o time de Alkmaar só venceu uma vez nas últimas cinco rodadas, sendo vítima da ascensão irresistível do Twente. Por isso, mesmo que a posição seja relativamente cômoda (sempre terá a vantagem de definir em casa), o AZ entra com cautela. 

Até porque, diante de temporadas em que desafiou os três grandes e até sonhou com o título, ter de disputar a vaga na Conference League via repescagem é uma relativa decepção. E há preocupação com certos problemas que a equipe tem: os torcedores Alkmaarders desconfiam, por exemplo, da inconstância do goleiro Peter Vindahl, que pode ir muito bem numa partida e muito mal na seguinte. E após a péssima surpresa na última rodada da liga - derrota em casa para o RKC Waalwijk (3 a 1) -, o técnico Pascal Jansen estranhou: "Meu time foi irreconhecível". Pelo menos, sobram nomes capazes de devolverem a confiança rapidamente. Para citar só dois, Vangelis Pavlidis e Jesper Karlsson, destaques no ataque. Mas há o entrosamento absoluto do meio-campo, um Owen Wijndal que voltou a ser confiável na lateral esquerda... enfim, o AZ tem plenas condições de ainda consertar o que saiu errado.

Van Hooijdonk chegou ao Heerenveen em janeiro. Demorou um pouco a engrenar. Mas quando engrenou, simbolizou a reação do time rumo aos play-offs (ANP)

Heerenveen (8º colocado na temporada regular)

Dos quatro clubes que disputarão a vaga na Conference League, o Heerenveen é o mais motivado. Também, pudera. Por muito tempo, o Fean rondou a metade de baixo da tabela - não nas últimas posições, mas sem brilhar. Perdeu os dois Veerman que tanto se destacavam nas temporadas recentes pelo clube - Joey Veerman para o PSV, Henk Veerman para o Utrecht. Para tentar aprumar as coisas, houve até demissão de técnico: Johnny Jansen deixou o clube em janeiro. O dinamarquês Ole Tobiasen foi contratado às pressas, para conduzir as coisas até o fim da temporada (era quando o Heerenveen pretendia fazer a troca de técnicos, originalmente). O trabalho de Tobiasen começou pessimamente: nenhuma vitória nos primeiros seis jogos - quatro derrotas e dois empates. Em certo momento do Campeonato Holandês, a equipe da Frísia temeu levemente o rebaixamento. Aí as mudanças se aprofundaram. 

Se jogar com quatro zagueiros não resolvia as coisas, Tobiasen resolveu colocar mais um defensor para aumentar o número de marcadores na área - e a defesa teve mais segurança. No meio-campo, Thom Haye começou a assumir destaque na criação de jogadas, com bons lançamentos e cruzamentos. E no ataque, se negavam fogo nas primeiras partidas após chegarem ao clube, Sydney van Hooijdonk e Amin Sarr começaram a se entrosar - principalmente Van Hooijdonk, emprestado pelo Bologna para tentar ser destaque em seis meses. Pois começou a ser, decidindo até jogos diretos contra concorrentes pelo lugar na repescagem (caso dos 3 a 1 no Groningen, pela 29ª rodada). Os times acima na tabela tropeçavam: Groningen, NEC, Go Ahead Eagles... e o Heerenveen alcançou a 8ª posição, a duas rodadas do fim. Mesmo goleado pelo Ajax na penúltima rodada - 5 a 0, o jogo do título -, o time se recompôs com mais uma vitória contra adversário direto (3 a 1 no Go Ahead Eagles), na última rodada, para apagar os temores do miolo da temporada. Agora, o Heerenveen tem chances de voltar a um torneio europeu. Seria a concretização de uma notável recuperação. E a definição de um bom clima para a chegada de Kees van Wonderen, o técnico a partir da próxima temporada.

Vitesse x Utrecht
Jogo de ida: 19 de maio, às 16h de Brasília, em Utrecht
Jogo de volta: 22 de maio, às 13h de Brasília, em Arnhem

Openda já merece respeito pela temporada que fez. Merecerá ainda mais, se continuar liderando tecnicamente o Vitesse (Pro Shots)

Vitesse (6º colocado na temporada regular)

O time de Arnhem poderia estar num fim de temporada bem mais movimentado. Afinal de contas, não só esteve na Conference League desta temporada, sua primeira aparição em torneios continentais, como até sonhou em ir às quartas de final - levava a decisão das oitavas contra a Roma para a prorrogação, até tomar o empate romanista a dois minutos do fim (a equipe italiana foi às quartas, com a vitória por 1 a 0 na ida). Bastou essa eliminação acontecer para a equipe aurinegra perder o fôlego na reta final do Campeonato Holandês. A desvantagem para o Feyenoord, terceiro colocado, já era grande demais para ser descontada. Twente e AZ também abriram vantagem no returno - o Vites teve apenas o 10º desempenho nas 17 rodadas finais. A partir da 28ª rodada, a equipe ficou estabilizada na 6ª colocação, sem perdê-la nem correr mais risco de ficar fora da repescagem. Se houve fato, foi negativo: a perda de dois titulares - o goleiro Jeroen Houwen e o ala esquerdo Maximilian Wittek, ambos machucados.

O que não quer dizer que o Vitesse chegue para as partidas finais desgastado. Talvez só haja preocupações no gol, posição em que o alemão Markus Schubert tem inconstâncias. De resto, a zaga é segura: Danilho Doekhi mostra firmeza na marcação (tanta firmeza que se despedirá do Vites nestes play-offs, com transferência garantida para o Union Berlin alemão), e Riechedly Bazoer segue mostrando segurança na saída de bola. No meio-campo, o eslovaco Matus Bero mostra qualidade na criação de jogadas, e Million Manhoef ocupa bem a lacuna aberta pela lesão de Wittek. Mas é no ataque o lugar do maior destaque do Vitesse nesta temporada, de longe: com velocidade e boa finalização, o belga Loïs Openda brilhou pelo clube em várias partidas - como em duas vitórias por 2 a 1, sobre Go Ahead Eagles (30ª rodada) e Fortuna Sittard (33ª rodada), sem contar o empate com o Ajax na rodada derradeira. É em Openda que o Vitesse mais aposta, para manter a regularidade e voltar à Conference League. Afinal, o time gostou da experiência...

Chegar à Conference League pode animar um pouco mais a temporada apenas razoável do Utrecht - e ser um fecho digno para a carreira de Willem Janssen (Pro Shots)

Utrecht (7º colocado na temporada regular)

É possível escrever que o Utrecht mescla duas características de outros dois concorrentes ao lugar na Conference League. Como o Heerenveen, os Utregs viveram um momento ruim na temporada - não muito ruim (o time nunca ficou abaixo da 7ª posição na tabela), mas a frustração de expectativas levou à demissão do técnico René Hake, após a 27ª rodada. Enquanto não se definia o treinador para a próxima temporada, Rick Kruys foi escolhido como interino para tentar conduzir o trabalho sem turbulências. Tendo Dick Advocaat como um "conselheiro de luxo", Kruys quase fracassou. O fracasso ficou pela demora para vencer: nas sete rodadas em que treinou a equipe, só uma vitória. O "quase" ficou por conta dos tropeços de quem vinha atrás na tabela: o Groningen decaiu, as equipes que vinham abaixo tinham pontuação muito menor, e o Utrecht manteve a sétima colocação sem ameaças durante as rodadas derradeiras, mesmo com o excesso de empates (quatro nas últimas sete rodadas).

Enquanto não chega a hora de Henk Fräser assumir a equipe, após a saída antecipada do Sparta Rotterdam, Rick Kruys seguirá para os play-offs com uma base, pelo menos, bem entrosada. É verdade que algumas perdas prejudicam os Utregs. No gol, Fabian de Keijzer está fora da temporada, com uma lesão muscular. Pior ainda é o caso de Bart Ramselaar: um raro destaque técnico da equipe, sonhando com uma transferência ao fim da temporada, o meio-campo viu os planos se esboroarem com um rompimento de ligamento cruzado anterior no joelho. Mas há quem compense isso. Na defesa, o zagueiro e capitão Willem Janssen viverá os últimos jogos de sua carreira tentando impulsionar o time, como o líder animado que se fez respeitar para a torcida. Mais à frente, há Quinten Timber, volante que aparece promissor. Bem como Adam Maher e Simon Gustafson, bons criadores de jogadas. E o ataque tem velocidade (Mimoun Mahi, Othman Boussaid, Moussa Sylla), habilidade (Sander van de Streek) e boa finalização (Anastasios Douvikas). Caberá ao time deixar a falta de resultados para trás.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Fichário: os jogos e as fichas da 34ª rodada da Eredivisie

Vitesse 2x2 Ajax (domingo, 15 de maio de 2022)

Local: GelreDome (Arnhem)
Árbitro: Bas Nijhuis
Gols: Brian Brobbey, aos 15', Loïs Openda, aos 52' e aos 56', e Edson Álvarez, aos 87'
Jogo resumido: O Ajax começou melhor, mas ao sair na frente, diminuiu seu ritmo de jogo. Bastou o Vitesse buscar mais o ataque no início do segundo tempo, com velocidade, para obter a virada. Só um cabeceio de Álvarez, no final, impediu que o Vites "carimbasse a faixa" do campeão holandês

VITESSE
Markus Schubert; Danilho Doekhi, Riechedly Bazoer e Enzo Cornelisse; Eli Dasa, Toni Domgjoni (Adrian Grbic, aos 53'), Sondre Tronstad, Patrick Vroegh (Thomas Buitink, aos 53') e Million Manhoef (Romaric Yapi, aos 89'); Loïs Openda e Matus Bero (Daan Huisman, aos 89'). Técnico: Thomas Letsch

AJAX
Jay Gorter; Devyne Rensch (Mohammed Kudus, aos 64'), Youri Regeer (Liam van Gelderen, aos 77'), Daley Blind e Nicolás Tagliafico (Anass Salah-Eddine, aos 64'); Kenneth Taylor, Steven Berghuis, Dusan Tadic e Edson Álvarez; Brian Brobbey (Mohamed Daramy, aos 77') e Sébastien Haller (Davy Klaassen, aos 57'). Técnico: Erik ten Hag


Zwolle 1x2 PSV (domingo, 15 de maio de 2022)

Local: Mac³Park Stadion (Zwolle)
Árbitro: Edwin van de Graaf
Gols: Bruma, aos 11', Gervane Kastaneer, aos 16', e Richard Ledezma, aos 73'
Jogo resumido: O primeiro tempo teve dois gols anulados, e algum esforço do já rebaixado Zwolle. Esforço que continuou no segundo tempo, fazendo o goleiro Mvogo trabalhar bastante. Porém, o vice-campeão PSV demonstrou eficiência em momentos capitais, para terminar a temporada vencendo

ZWOLLE
Kostas Lamprou; Bram van Polen, Yuta Nakayama e Mees de Wit (Maikel van der Werff, aos 68'); Djavan Anderson, Thomas van den Belt (Ryan Koolwijk, aos 56'), Pelle Clement (Max de Waal, aos 56'), Menno Beelen (Eliano Reijnders, aos 68') e Kenneth Paal; Gervane Kastaneer (Slobodan Tedic, aos 60') e Daishawn Redan. Técnico: Dick Schreuder

PSV
Yvon Mvogo; Mauro Júnior, Jordan Teze, Erick Gutiérrez e Philipp Max (Dennis Vos, aos 46'); Ibrahim Sangaré (Jason Seelt, aos 75') e Joey Veerman (Richard Ledezma, aos 59'); Mario Götze, Noni Madueke (Johan Bakayoko, aos 59') e Bruma (Maxi Romero, aos 59'); Cody Gakpo. Técnico: Roger Schmidt


Feyenoord 1x2 Twente (domingo, 15 de maio de 2022)

Local: De Kuip (Roterdã)
Árbitro: Jeroen Manschot
Gols: Dimitris Limnios, aos 27', Gijs Smal, aos 37', e Cyriel Dessers, aos 68'
Jogo resumido: No que poderia ser jogo direto valendo a terceira posição e virou um "amistoso de luxo", o Feyenoord sofreu com uma má atuação defensiva, aproveitada pelo Twente, e viu algumas lesões em jogadores importantes. Há trabalho a fazer no Stadionclub até a final da Conference League

FEYENOORD
Ofir Marciano; Marcus  Pedersen, Lutsharel Geertruida, Marcos Senesi (Cole Bassett, aos 85') e Ramon Hendriks (Jens Toornstra, aos 46'); Fredrik Aursnes, Orkun Kökcü (Jorrit Hendrix, aos 55') e Guus Til (Bryan Linssen, aos 67'); Alireza Jahanbakhsh (Patrik Walemark, aos 56'), Cyriel Dessers e Luis Sinisterra. Técnico: Arne Slot

TWENTE
Lars Unnerstall; Joshua Brenet, Mees Hilgers (Robin Pröpper, aos 70'), Julio Pleguezuelo e Gijs Smal; Ramiz Zerrouki (Jesse Bosch, aos 80'), Michel Vlap (Kik Pierie, aos 80') e Michal Sadílek; Vaclav Cerny (Denilho Cleonise, aos 70'), Ricky van Wolfswinkel (Manfred Ugalde, aos 80') e Dimitris Limnios. Técnico: Ron Jans


AZ 1x3 RKC Waalwijk (domingo, 15 de maio de 2022)

Local: AFAS Stadion (Alkmaar)
Árbitro: Sander van der Eijk
Gols: Finn Stokkers, aos 18', Dani de Wit, aos 45' + 2, Juriën Gaari, aos 64', e Roy Kuijpers, aos 79'
Jogo resumido: A partida podia ser em Alkmaar, mas foi o RKC que mandou nela: não só buscou mais o gol, como saiu do jogo frustrando um AZ lento, para afirmar de vez a permanência na primeira divisão - com direito a alcançar o 10º lugar na tabela

AZ
Peter Vindahl; Aslak Witry (Sam Beukema, aos 61'), Pantelis Hatzidiakos (Tijjani Reijnders, aos 61'), Bruno Martins Indi e Owen Wijndal; Fredrik Midtsjø, Dani de Wit e Jordy Clasie; Hakon Evjen (Zakaria Aboukhlal, aos 80'), Vangelis Pavlidis (Marco van Brederode, aos 80') e Jesper Karlsson. Técnico: Pascal Jansen

RKC WAALWIJK
Etiënne Vaessen; Saïd Bakari, Shawn Adewoye, Lars Nieuwpoort e Thierry Lutonda (Luuk Wouters, aos 75'); Melle Meulensteen (Juriën Gaari, aos 46'), Vurnon Anita (Sebbe Augustijns, aos 83'), Yassin Oukili e Richard van der Venne (Roy Kuijpers, aos 60'); Lennerd Daneels (Iliass Bel Hassani, aos 60') e Finn Stokkers. Técnico: Joseph Oosting


Willem II 3x0 Utrecht (domingo, 15 de maio de 2022)

Local: Willem II Stadion (Tilburg)
Árbitro: Martin van den Kerkhof
Gols: Jizz Hornkamp, aos 8', Dries Saddiki, aos 53', e Joris van Overeem (contra), aos 73'
Jogo resumido: Diante de um Utrecht novamente decepcionante, o Willem II fez sua parte com correção para tentar evitar o rebaixamento. De nada adiantou: com os concorrentes diretos também vencendo, nem o triunfo evitou a queda dos Tricolores à segunda divisão

WILLEM II
Timon Wellenreuther; Leeroy Owusu, Freek Heerkens, Wessel Dammers (Ulrik Jenssen, aos 81') e Derrick Köhn; Dries Saddiki (Wesley Spieringhs, aos 86'), Daniel Crowley (Nasser El Khayati, aos 81') e Pol Llonch; Max Svensson (Kilian Ludewig, aos 73'), Jizz Hornkamp (Elton Kabangu, aos 86') e Mats Köhlert. Técnico: Kevin Hofland

UTRECHT
Eric Oelschlägel; Djevencio van der Kust, Mike van der Hoorn, Willem Janssen (Henk Veerman, aos 68') e Django Warmerdam (Arthur Zagre. aos 46'); Joris van Overeem, Adam Maher (Mimoun Mahi, aos 59') e Simon Gustafson (Mark van der Maarel, aos 76'); Anastasios Douvikas, Sander van de Streek e Pontus Almqvist (Othman Boussaid, aos 60'). Técnico: Rick Kruys (interino)


Heerenveen 3x1 Go Ahead Eagles (domingo, 15 de maio de 2022)

Local: Abe Lenstra (Heerenveen)
Árbitro: Serdar Gözübüyük
Gols: Sydney van Hooijdonk, aos 30' e aos 61', Anthony Musaba, aos 87', e Jacob Mulenga, aos 90'
Jogo resumido: O Heerenveen reanimou definitivamente sua temporada: superior ao Go Ahead Eagles desde o começo, viu os competidores fracassarem, e conseguiu a última vaga na repescagem para a Conference League.

HEERENVEEN
Erwin Mulder; Milan van Ewijk, Sven van Beek, Ibrahim Dresevic, Lucas Woudenberg (Syb van Ottele, aos 70') e Rami Kaib; Anas Tahiri (Arjen van der Heide, aos 89'), Thom Haye (Rami Al-Hajj, aos 79') e Tibor Halilovic (Nicolas Madsen, aos 79'); Sydney van Hooijdonk (Anthony Musaba, aos 79') e Amin Sarr. Técnico: Ole Tobiasen

GO AHEAD EAGLES
Andries Noppert; Boyd Lucassen (Ogechika Heil, aos 71'), Joris Kramer, Jay Idzes e Bas Kuipers; Mats Deijl, Philippe Rommens (Evert Linthorst, aos 46'), Ragnar Oratmangoen e Luuk Brouwers; Iñigo Córdoba (Martijn Berden, aos 46') e Isac Lidberg (Jacob Mulenga, aos 71'). Técnico: Kees van Wonderen


NEC 0x1 Fortuna Sittard (domingo, 15 de maio de 2022)

Local: De Goffert (Nijmegen)
Árbitro: Dennis Higler
Gol: Zian Flemming, aos 13'
Jogo resumido: O Fortuna Sittard abriu o placar, rapidamente. Depois, se esforçou atrás para evitar que o NEC trouxesse muito perigo ao ataque. Conseguiu. E conseguiu mais: a permanência direta na primeira divisão

NEC
Mattijs Branderhorst; Bart van Rooij, Ivan Márquez (Rens van Eijden, aos 87'), Rodrigo Guth e Souffian El Karouani; Schøne, Mikkel Duelund (Javier Vet, aos 60') e Jordy Bruijn (Ilias Bronkhorst aos 59'); Elayis Tavsan, Jonathan Okita (Edgar Barreto, aos 87') e Ali Akman (Ibrahim Cissoko, aos 59'). Técnico: Rogier Meijer

FORTUNA SITTARD
Yanick van Osch; Mickaël Tirpan (George Cox, aos 81'), Martin Angha, Dimitrios Siovas e Ivo Pinto; Tesfaldet Tekie (Nigel Lonwijk, aos 74'), Deroy Duarte e Zian Flemming; Samy Baghdadi (Lisandro Semedo, aos 46'), Paul Gladon (Charlison  Benschop, aos 74') e Mats Seuntjens. Técnico: Sjors Ultee


Groningen 2x3 Cambuur (domingo, 15 de maio de 2022)

Local: Euroborg (Groningen)
Árbitro: Rob Dieperink
Gols: Roberts Uldrikis, aos 12', Mees Hoedemakers, aos 50', Jorgen Strand Larsen, aos 58', Issa Kallon, aos 61', e Romano Postema, aos 90' + 2
Jogo resumido: O Cambuur deu fim a uma digna temporada, da melhor maneira possível: vencendo e alcançando um elogiável nono lugar na temporada, impondo ao Groningen a sétima derrota seguida, frustrando as perspectivas dos donos da casa para chegarem aos play-offs pela Conference League

GRONINGEN
Peter Leeuwenburgh; Damil Dankerlui, Mike te Wierik, Neraysho Kasanwirjo (Marin Sverko, aos 88') e Bjorn Meijer; Tomas Suslov (Daleho Irandust, aos 68'), Laros Duarte e Emmanuel Matuta (Paulos Abraham, aos 45' + 1); Cyril Ngonge (Michael de Leeuw, aos 68'), Jorgen Strand Larsen e Romano Postema. Técnico: Danny Buijs

CAMBUUR
Sonny Stevens; Doke Schmidt, Erik Schouten (Calvin Mac-Intosch, aos 88'), Marco Tol e Sekou Sylla (David Sambissa, aos 80'); Michael Breij (Jamie Jacobs, aos 80'), Mees Hoedemakers e Robin Maulun; Issa Kallon, Roberts Uldrikis (Tom Boere, aos 88') e Mitchel Paulissen. Técnico: Dennis Haar (interino)


Heracles Almelo 1x3 Sparta Rotterdam (domingo, 15 de maio de 2022)

Local: Polman/Erve Asito (Almelo)
Árbitro: Danny Makkelie
Gols: Arno Verschueren, aos 45' + 1, Lennart Thy, aos 69',  Mario Engels, aos 79', e Sinan Bakis, aos 83'
Jogo resumido: O Sparta Rotterdam completou sua sequência de "decisões" contra o rebaixamento de modo exemplar: como já fizera contra o Zwolle, foi resoluto em busca da vitória que o fez ficar na primeira divisão - e trouxe um medo inesperado ao Heracles, condenado à repescagem de acesso

HERACLES ALMELO
Koen Bucker; Noah Fadiga, Marco Rente (Justin Hoogma, aos 77'), Mats Knoester e Giacomo Quagliata; Lucas Schoofs, Luca de la Torre e Anas Ouahim (Adrián Szöke, aos 89'); Nikolai Laursen (Bilal Basaçikoglu, aos 46'), Sinan Bakis e Emil Hansson. Técnico: Frank Wormuth

SPARTA ROTTERDAM
Maduka Okoye; Dirk Abels, Bart Vriends, Adil Auassar e Aaron Meijers; Arno Verschueren (Michael Heylen, aos 79') e Joeri de Kamps; Sven Mijnans (Tom Beugelsdijk, aos 61'), Younes Namli (Mario Engels, aos 79') e Vito van Crooij (Jeremy van Mullem, aos 30'); Lennart Thy (Mica Pinto, aos 79'). Técnico: Maurice Steijn


domingo, 15 de maio de 2022

A análise do campeão: final (quase) feliz

O Ajax conseguiu chegar a mais um título no Campeonato Holandês. Mas este mostrou os desgastes de um ciclo que chega ao fim (Pro Shots/Getty Images)


Quarta-feira, 11 de maio de 2022. Johan Cruyff Arena, em Amsterdã. Após a goleada por 5 a 0 sobre o Heerenveen, a delegação do Ajax festeja o 36º título holandês da história do clube. Obviamente, o clima de festa predominava. Mas certas declarações de personagens importantes dos Ajacieden indicavam, mais do que alegria, um sofrimento até inesperado para uma equipe que começara a temporada 2021/22 do Campeonato Holandês como franca favorita a ser o que foi: campeã - ou melhor, tricampeã (2018/19, 2020/21 e 2021/22 - sem contar 2019/20, a temporada sem vencedor). O treinador Erik ten Hag comentava à ESPN dos Países Baixos: "Sim, essa conquista foi mais difícil do que as outras duas". O diretor geral Edwin van der Sar desabafava: "Falando esportivamente, cumprimos o objetivo. Mas foi muito difícil, principalmente nestes últimos três meses". Por quê tanto alívio? Talvez porque o Ajax tenha mostrado fragilidades antes invisíveis. Que deixaram claro: a salva de prata conquistada indica, como as outras não indicavam antes, que um ciclo se acabou.

A impressão que o início da temporada passava era contrária. Certo, havia uma incômoda goleada sofrida na Supercopa da Holanda (PSV 4 a 0 em plena Johan Cruyff Arena, em 7 de agosto de 2021). Ainda assim, o poderio do Ajax estava claro em várias coisas. Na manutenção dos destaques, como Antony e Dusan Tadic. Na expectativa que Sébastien Haller poderia causar, na primeira temporada completa que passaria em Amsterdã. Na prova de poder que foi a humilhação imposta ao arquirrival Feyenoord: contratar dele o principal destaque em campo, Steven Berghuis. No modo bem azeitado como o clube funcionava internamente, com o diretor de futebol Marc Overmars trabalhando em parceria com Ten Hag, enquanto Van der Sar liderava os rumos do clube.

Essa expectativa positiva se confirmou na primeira metade da temporada. No Campeonato Holandês, as goleadas se avolumavam. Basta dizer que a rodada inicial trouxe um 5 a 0 indubitável sobre o NEC (14 de agosto). Viriam mais: 5 a 0 no Vitesse (3ª rodada, 29 de agosto), 9 a 0 no Cambuur (5ª rodada, 18 de setembro), 5 a 0 no Fortuna Sittard (6ª rodada, três dias depois da vitória extravagante sobre o Cambuur). Os destaques cumpriam plenamente a expectativa: Haller fazia gols e mais gols, Antony encantava a torcida com dribles úteis, Tadic era a liderança técnica inquestionável, Berghuis se entrosava à perfeição como principal criador de jogadas ao deixar Davy Klaassen, lesionado, no banco. 

E o destaque do Ajax ia além. Se ainda eram jovens se afirmando no título de 2021/22, tanto Jurriën Timber quanto Ryan Gravenberch comprovavam o grande talento que tinham em suas respectivas posições - Timber como um zagueiro ofensivo, Gravenberch como um meio-campista de muita inteligência. Mesmo com a lesão de Maarten Stekelenburg no gol, o também veterano Remko Pasveer assumia o lugar às pressas - e tinha sucesso. Tudo isso era visto, mais do que na Eredivisie, na Liga dos Campeões. 

Brilhando na fase de grupos, seis vitórias em seis jogos, triunfos respeitabilíssimos (como estrear impondo 5 a 1 no Sporting em Lisboa, ou fazer 3 a 1 no Borussia Dortmund em pleno Signal Iduna Park - em que pesem erros inegáveis da arbitragem naquele jogo -, sem contar os 4 a 0 no Dortmund): os Amsterdammers davam a promissora impressão de que era possível sonhar em virar moda no futebol mundial de novo, como o time fora em 2018/19. Aliás, a atuação na fase de grupos fora até melhor desta vez. Em suma: mesmo perdendo a primeira no fim de 2021 (o AZ fez 2 a 1 em plena Johan Cruyff Arena, na 16ª rodada), mesmo mostrando aqui e ali a insistente dificuldade em encarar times fechados (algo notável no Go Ahead Eagles segurando o 0 a 0, pela 12ª rodada), o Ajax era absolutamente dominante. Na Holanda e, quem sabe, na Europa. Se já fora assim em 2021, a confirmação em 2022 poderia ser impressionante.

Mas essa confirmação não veio.

Erik ten Hag (à esquerda) deixa o Ajax com mais um título, para se arriscar decisivamente no Manchester United. E o diretor geral Van der Sar terá de coordenar muitas mudanças (Jasper Ruhe/Pro Shots)

A dificuldade no clássico contra o PSV (2 a 1 em Eindhoven, 20ª rodada - com um gol polêmico de Noussair Mazraoui para definir a vitória) indicou que o Ajax começava a ficar mais manjado do que se supunha. Isso começou a ficar preocupantemente claro para os Ajacieden no 1 a 0 contra o Willem II (23ª rodada do Holandês): diante de um clube que sofria com a ameaça de rebaixamento - e que terminou caindo para a segunda divisão -, o Ajax teve seríssimas dificuldades. Tanto para segurar contra-ataques, quanto para fazer gols em defesas fechadas. A consequência final não poderia ser mais dolorosa. Nas oitavas de final da Liga dos Campeões, contra o Benfica - contra o qual foi considerado favorito -, o Ajax começou bem em Lisboa. Mas o excesso de avanço da defesa (Timber e Daley Blind que o digam) cedeu espaço para os ataques benfiquistas, que conseguiram o empate em 2 a 2. Entre um jogo e outra, uma surpresa péssima: perder para o Go Ahead Eagles, algo que não acontecia ao Ajax na Eredivisie havia 43 anos (2 a 1, na 24ª rodada). Mais duas vitórias que pareciam fáceis e se tornaram dramáticas (3 a 2 no RKC Waalwijk, na 25ª rodada, e no Cambuur, na 26ª rodada). E na volta das oitavas da Champions, em Amsterdã, a repetição de uma velha história: um Ajax cada vez mais desesperado e precipitado ao fracassar nos ataques, enquanto o adversário se continha, até aproveitar a chance, ganhar e se classificar. Foi o que o Benfica fez, indo às quartas de final com uma atuação defensivamente perfeita e uma vitória - 1 a 0.

A essas alturas, mais furos apareciam no casco do barco. O maior deles, o anúncio feito na noite de 13 de fevereiro: a saída imediata do diretor de futebol. Mas se Marc Overmars fazia trabalho tão bom, por quê sair? A causa chocou ainda mais: Overmars teve comprovadas condutas de assédio sexual contra funcionárias e ex-funcionárias do clube - e assumiu isso. De certa forma, retratava um pouco o que era o Ajax: um clube dominante, que de tanto domínio, se perdeu ao se imaginar iniciando uma hegemonia. A queda traumática de Overmars ("Não voltei a falar com ele desde então, lamentou o diretor geral Van der Sar) sinalizou que a intenção estava a perigo - até porque abria a porta para a saída de Ten Hag, tantas vezes ensaiada. Outra polêmica foi a volta de André Onana ao gol do Ajax. Terminada a suspensão por doping, em novembro do ano passado, o goleiro camaronês se manteve com a intenção de sair do clube. Soou como ingratidão para a torcida - que nunca perdoou Onana. A falha no gol de Darwin Núñez que definiu o 1 a 0 e a classificação do Benfica na Liga dos Campeões só arruinou mais a relação. E revelações como o acordo encaminhado com a Internazionale, saindo de graça ao fim do contrato, só tornaram Onana persona non grata para muitas pessoas.

Como o Ajax poderia se recuperar de impactos tão duros? Meramente com eficiência. Foi o feito no Campeonato Holandês: se o PSV ensaiava se aproximar na tabela, o negócio era ganhar, mesmo jogando mal. Foi a tônica Ajacied nas últimas rodadas: ganhar como fosse. E uma sequência de vitórias com más atuações colocou o Ajax às portas de mais um título: a virada suada no Klassieker contra o Feyenoord (3 a 2, na 27ª rodada), outras viradas de placar (3 a 1 no Groningen, na 28ª rodada, e 2 a 1 no Sparta Rotterdam, na 29ª rodada). Triunfos que amorteceram mais um duro impacto: a perda da Copa da Holanda, para o PSV. Porque colocavam o Ajax na rota do título holandês. Título afinal ganho, com duas vitórias que evocaram o domínio da primeira metade da temporada (3 a 0 no Zwolle, na 31ª rodada, e 5 a 0 no Heerenveen, na 33ª rodada) - com um empate salvador no meio (2 a 2 com o AZ).

E veio mais um título holandês para o Ajax. Mais um final feliz. Mas sem tanta felicidade quanto em temporadas anteriores, porque indica: um ciclo se acabou. Erik ten Hag sairá, tendo a chance para catapultar decisivamente sua carreira (ou ter um fracasso pouco recomendável) no Manchester United. Outros nomes símbolos destes anos vitoriosos também devem deixar Amsterdã com boas lembranças: Noussair Mazraoui, Ryan Gravenberch, talvez Antony, talvez Sébastien Haller. Todas mudanças necessárias. Porque se sabe, na Johan Cruyff Arena, que algo precisa mudar para que o Ajax continue campeão como está.

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Fichário: os jogos e os vídeos da 33ª rodada da Eredivisie

Ajax 5x0 Heerenveen (quarta-feira, 11 de maio de 2022)

Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Árbitro: Allard Lindhout
Gols: Nicolás Tagliafico, aos 20', Steven Berghuis, aos 33', Sébastien Haller, aos 38', Brian Brobbey, aos 84', e Edson Álvarez, aos 90'
Jogo resumido: Na partida que lhe rendeu o 36º título nacional de sua história, o Ajax jogou como a sua torcida mais gosta. Atacou incessantemente, dominou o Heerenveen, foi insistente em busca da (merecida) goleada para garantir mais uma "Eredivisieschaal"

AJAX
Maarten Stekelenburg; Noussair Mazraoui (Devyne Rensch, aos 57'), Jurriën Timber, Daley Blind e Nicolás Tagliafico; Edson Álvarez, Steven Berghuis, Davy Klaassen (Mohammed Kudus, aos 68') e Kenneth Taylor (Youri Regeer, aos 82'); Dusan Tadic (Mohamed Daramy, aos 82') e Sébastien Haller (Brian Brobbey, aos 57'). Técnico: Erik ten Hag

HEERENVEEN
Erwin Mulder; Milan van Ewijk, Sven van Beek, Ibrahim Dresevic, Lucas Woudenberg e Rami Kaib; Anas Tahiri (Rami Al-Hajj, aos 81'), Thom Haye (Nicolas Madsen, aos 74') e Tibor Halilovic (Siem de Jong, aos 74'); Sydney van Hooijdonk (Anthony Musaba, aos 46') e Amin Sarr (Arjen van der Heide, aos 74'). Técnico: Ole Tobiasen


PSV 3x2 NEC (quarta-feira, 11 de maio de 2022)

Local: Philips Stadion (Eindhoven)
Árbitro: Bas Nijhuis
Gols: Ritsu Doan, aos 26', Erick Gutiérrez, aos 35', Eran Zahavi, aos 61', Mikkel Duelund, aos 66', e Jonathan Okita, aos 72'
Jogo resumido: O PSV fez a sua parte para ainda tentar manter as chances de título: encaminhou a vitória ainda no primeiro tempo, encurralando o NEC. Na etapa final, o time de Eindhoven reduziu o ritmo, tomou um susto dos visitantes de Nijmegen, mas conseguiu um triunfo digno em casa

PSV
Yvon Mvogo; Mauro Júnior, Jordan Teze, Erick Gutiérrez e Philipp Max; Ibrahim Sangaré; Ritsu Doan (Richard Ledezma, aos 88'), Mario Götze, Noni Madueke (Bruma, aos 46') e Cody Gakpo (Johan Bakayoko, aos 90' + 4); Eran Zahavi (Maxi Romero, aos 70'). Técnico: Roger Schmidt

NEC
Mattijs Branderhorst; Bart van Rooij, Iván Márquez, Rodrigo Guth e Souffian El Karouani; Lasse Schøne, Jordy Bruijn (Mikkel Duelund, aos 55') e Dirk Proper (Javier Vet, aos 55'); Elayis Tavsan (Ilias Bronkhorst, aos 67'), Jonathan Okita e Ali Akman (Ibrahim Cissoko, aos 55'). Técnico: Rogier Meijer


Go Ahead Eagles 0x1 Feyenoord (quarta-feira, 11 de maio de 2022)

Local: De Adelaarshorst (Deventer)
Árbitro: Danny Makkelie
Gol: Bryan Linssen, aos 71' 
Jogo resumido: As duas equipes fizeram um jogo de ritmo baixíssimo e poucas emoções em Deventer. Coube ao Feyenoord, poupando alguns titulares, aproveitar uma chance para o triunfo que assegurou a terceira posição no campeonato

GO AHEAD EAGLES
Andries Noppert; Boyd Lucassen, Gerrit Nauber (Justin Bakker, aos 59'), Jay Idzes e Bas Kuipers (Aventis Aventisian, aos 88'); Mats Deijl (Ogechika Heil, aos 78'), Philippe Rommens (Jacob Mulenga, aos 88'), Ragnar Oratmangoen e Luuk Brouwers; Iñigo Córdoba e Isac Lidberg (Marc Cardona, aos 78'). Técnico: Kees van Wonderen.

FEYENOORD
Ofir Marciano; Marcus Pedersen, Gernot Trauner (Philippe Sandler, aos 46') (Marcos Senesi, aos 84'), Lutsharel Geertruida (Denzel Hall, aos 46') e Ramon Hendriks; Fredrik Aursnes (Cole Bassett, aos 46'), Jorrit Hendrix e Jens Toornstra (Karim Dermane, aos 83'); Patrik Walemark, Bryan Linssen e Alireza Jahanbakhsh. Técnico: Arne Slot


Twente 3x0 Groningen (quarta-feira, 11 de maio de 2022)

Local: De Grolsch Veste (Enschede)
Árbitro: Martin van den Kerkhof
Gols: Vaclav Cerny, aos 30', e Dimitris Limnios, aos 69' e aos 82'
Jogo resumido: O Twente homenageou Jody Lukoki (jogador do clube no começo da temporada, falecido nesta semana) do melhor jeito possível: com uma atuação exemplar em campo, conseguindo vitória inquestionável e garantindo vaga direta num torneio europeu - Conference -, após 10 anos

TWENTE
Lars Unnerstall; Joshua Brenet, Robin Pröpper, Mees Hilgers (Max Bruns, aos 84') e Gijs Smal; Ramiz Zerrouki, Michel Vlap (Jesse Bosch, aos 73') e Michal Sadílek (Julio Pleguezuelo, aos 79'); Vaclav Cerny (Virgil Misidjan, aos 73'), Ricky van Wolfswinkel e Dimitris Limnios (Denilho Cleonise, aos 84').

GRONINGEN
Peter Leeuwenburgh; Mike te Wierik, Neraysho Kasanwirjo, Marin Sverko e Bjorn Meijer; Laros Duarte (Damil Dankerlui, aos 83') e Daleho Irandust (Tomas Suslov, aos 64'); Cyril Ngonge (Alex Mortensen, aos 83'), Romano Postema (Emmanuel Matuta, aos 83') e Mohamed El Hankouri; Michael de Leeuw (Paulos Abraham, aos 65'). Técnico: Danny Buijs


Utrecht 2x2 AZ (quarta-feira, 11 de maio de 2022)

Local: De Galgenwaard (Utrecht)
Árbitro: Jochem Kamphuis
Gols: Vangelis Pavlidis, aos 12' e aos 16', Sander van de Streek, aos 37', e Anastasios Douvikas, aos 90' + 5
Jogo resumido: O AZ começou com tudo, e buscando uma vantagem que parecia segura. Pois o Utrecht superou as turbulências do jogo - como a interrupção causada por torcedores - para buscar o empate e forçar os Alkmaarders a jogar os play-offs pela Conference League

UTRECHT
Eric Oelschlägel; Hidde ter Avest, Mike van der Hoorn, Willem Janssen (Ruben Kluivert, aos 90' + 4) e Djevencio van der Kust; Quinten Timber (Henk Veerman, aos 75') e Joris van Overeem (Pontus Almqvist, aos 58'); Adam Maher (Mimoun Mahi, aos 75'), Sander van de Streek e Simon Gustafson; Anastasios Douvikas. Técnico: Rick Kruys (interino)

AZ
Peter Vindahl; Yukinari Sugawara, Pantelis Hatzidiakos, Bruno Martins Indi e Owen Wijndal; Fredrik Midtsjo, Dani de Wit e Tijjani Reijnders (Aslak Witry, aos 66'); Hakon Evjen (Zakaria Aboukhlal, aos 80'), Vangelis Pavlidis e Jesper Karlsson (Sam Beukema, aos 80'). Técnico: Pascal Jansen


Fortuna Sittard 1x2 Vitesse (quarta-feira, 11 de maio de 2022)

Local: Fortuna Sittard Stadion (Sittard)
Árbitro: Pol van Boekel
Gols: Paul Gladon, aos 43', Million Manhoef, aos 45' + 1, e Loïs Openda, aos 63'
Jogo resumido: O Fortuna Sittard se esforçou, mas o Vitesse se recompôs e contou com os destaques de sempre para virar o jogo, no caminho já garantido rumo à repescagem pela Conference League. Os Fortunezen seguirão aflitos contra o rebaixamento por mais uma rodada

FORTUNA SITTARD
Yanick van Osch; Martin Angha (Charlison Benschop, aos 69'), Mickaël Tirpan, Andreas Samaris (Nigel Lonwijk, aos 30'), Dimitris Siovas e George Cox; Tesfaldet Tekie, Ben Rienstra (Samy Baghdadi, aos 79') e Jordan Botaka (Tijjani Noslin, aos 69'); Lisandro Semedo e Paul Gladon. Técnico: Sjors Ultee

VITESSE
Markus Schubert; Danilho Doekhi, Riechedly Bazoer e Tomas Hajek (Enzo Cornelisse, aos 46'); Eli Dasa, Matus Bero, Toni Domgjoni (Patrick Vroegh, aos 84'), Sondre Tronstad e Million Manhoef; Loïs Openda (Romaric Yapi, aos 88') e Adrian Grbic (Thomas Buitink, aos 76'). Técnico: Thomas Letsch


RKC Waalwijk 2x0 Heracles Almelo (quarta-feira, 11 de maio de 2022)

Local: Mandemakers Stadion (Waalwijk)
Árbitro: Marc Nagtegaal
Gols: Michiel Kramer, aos 20', e Richard van der Venne, aos 62'
Jogo resumido: O RKC Waalwijk foi bem mais intenso, e conseguiu uma vitória surpreendente, de certa forma: não só está praticamente livre do rebaixamento (só goleadas incríveis tirariam sua vantagem no saldo de gols), como fez o Heracles Almelo correr risco inesperado de repescagem

RKC WAALWIJK
Etiënne Vaessen; Juriën Gaari, Ahmed Touba, Melle Meulensteen e Alexander Büttner (Luuk Wouters, aos 87'); Yassin Oukili (Hans Mulder, aos 90' + 1), Vurnon Anita e Richard van der Venne (Ayman Azhil, aos 87'); Saïd Bakari, Michiel Kramer (Roy Kuijpers, aos 81') e Finn Stokkers. Técnico: Joseph Oosting

HERACLES ALMELO
Koen Bucker; Noah Fadiga, Marco Rente, Justin Hoogma (Sem Scheperman, aos 77'), Mats Knoester e Giacomo Quagliata; Lucas Schoofs, Emil Hansson (Bilal Basaçikoglu, aos 76') e Luca de la Torre; Nikolai Laursen (Samuel Armenteros, aos 77') e Sinan Bakis. Técnico: Frank Wormuth


Cambuur 1x1 Willem II (quarta-feira, 11 de maio de 2022)

Local: Cambuurstadion (Leeuwarden)
Árbitro: Erwin Blank
Gols: Sekou Sylla, aos 43', e Derrick Köhn, aos 55'
Jogo resumido: O empate só resolveu a situação do Cambuur, que se garantiu na primeira divisão por mais uma temporada. Já o Willem II, embora tenha chances de salvação, segue no penúltimo lugar que o rebaixaria - e sofrerá imensamente na última rodada

CAMBUUR
Sonny Stevens; Doke Schmidt, Erik Schouten, Marco Tol e Sekou Sylla; Jasper ter Heide (Jamie Jacobs, aos 61'), Michael Breij (Nick Doodeman, aos 82') e Robin Maulun; Issa Kallon (Patrick Joosten, aos 72'), Roberts Uldrikis (Tom Boere, aos 72') e Mitchel Paulissen. Técnico: Dennis Haar (interino)

WILLEM II
Timon Wellenreuther; Leeroy Owusu, Freek Heerkens, Wessel Dammers e Derrick Köhn; Dries Saddiki, Pol Llonch e Daniel Crowley (Elton Kabangu, aos 75'); Max Svensson (Nasser El Khayati, aos 85'), Jizz Hornkamp e Mats Köhlert. Técnico: Kevin Hofland



Sparta Rotterdam 2x0 Zwolle (quarta-feira, 11 de maio de 2022)

Local: Het Kasteel (Roterdã)
Árbitro: Dennis Higler
Gols: Adil Auassar, aos 3', e Vito van Crooij, aos 24'
Jogo resumido: No tenso jogo direto entre dois ameaçados pelo rebaixamento, o Sparta Rotterdam foi bem mais preciso. Teve até sorte. E se saiu ainda esperançoso de poder se livrar da queda. Coisa que o Zwolle já não pode mais fazer: após dez anos, voltará à segunda divisão

SPARTA ROTTERDAM
Maduka Okoye; Dirk Abels, Bart Vriends, Adil Auassar (Tom Beugelsdijk, aos 48') e Aaron Meijers; Joeri de Kamps e Arno Verschueren; Sven Mijnans (Mario Engels, aos 82'), Younes Namli (Jeremy van Mullem, aos 58') e Vito van Crooij (Mica Pinto, aos 83'); Lennart Thy. Técnico: Maurice Steijn

ZWOLLE
Kostas Lamprou; Bram van Polen, Yuta Nakayama e Mees de Wit; Djavan Anderson (Luka Adzic, aos 65'), Thomas van den Belt, Pelle Clement e Kenneth Paal; Daishawn Redan, Gervane Kastaneer e Chardi Landu (Slobodan Tedic, aos 46'). Técnico: Dick Schreuder

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Fichários: os jogos e os vídeos da 32ª rodada da Eredivisie

Cambuur 1x1 RKC Waalwijk (sexta-feira, 6 de maio de 2022)

Local: Cambuurstadion (Leeuwarden)
Árbitro: Joey Kooij
Gols: Doke Schmidt (contra), aos 72', e Milan Smit, aos 90' + 5
Jogo resumido: Num jogo entre duas equipes que desejavam afastar de vez a leve ameaça de rebaixamento, o RKC Waalwijk celebrou mais o empate - mas o Cambuur também deve permanecer na Eredivisie

CAMBUUR
Sonny Stevens; Doke Schmidt, Erik Schouten (Milan Smit, aos 83'), Calvin Mac-Intosch (Marco Tol, aos 42') e Sekou Sylla; Robin Maulun, Mees Hoedemakers (Jasper ter Heide, aos 83') e Jamie Jacobs (Michael Breij, aos 46'); Issa Kallon, Roberts Uldrikis e Patrick Joosten (Nick Doodeman, aos 75'). Técnico: Dennis Haar (interino)

RKC WAALWIJK
Etienne Vaessen; Saïd Bakari (Juriën Gaari, aos 83'), Shawn Adewoye (Lars Nieuwpoort, aos 86'), Melle Meulensteen, Ahmed Touba e Alexander Büttner (Hans Mulder, aos 86'); Yassin Oukili (Luuk Wouters, aos 86'), Vurnon Anita e Richard van der Venne; Finn Stokkers e Michiel Kramer. Técnico: Joseph Oosting


Twente 1x2 Fortuna Sittard (sábado, 7 de maio de 2022)

Local: De Grolsch Veste (Enschede)
Árbitro: Jochem Kamphuis
Gols: Zian Flemming, aos 25' e aos 43', Ricky van Wolfswinkel, aos 37'
Jogo resumido: Num jogo tenso, Flemming foi o nome preponderante para garantir vitória importantíssima ao Fortuna Sittard, ainda ameaçado pelo rebaixamento. Na defesa, o goleiro Yanick van Osch fez boas defesas

TWENTE
Lars Unnerstall; Joshua Brenet, Robin Pröpper, Julio Pleguezuelo e Gijs Smal; Ramiz Zerrouki, Michel Vlap e Jesse Bosch (Manfred Ugalde, aos 68'); Vaclav Cerny (Virgil Misidjan, aos 76'), Ricky van Wolfswinkel e Dimitris Limnios. Técnico: Ron Jans

FORTUNA SITTARD
Yanick van Osch; Martin Angha, Andreas Samaris, Ivo Pinto e George Cox (Arijanet Ferati, aos 75'); Tesfaldet Tekie, Deroy Duarte e Zian Flemming; Tijjani Noslin (Lisandro Semedo, aos 46'), Paul Gladon (Charlison Benschop, aos 75') e Mats Seuntjens. Técnico: Sjors Ultee


Zwolle 1x1 Utrecht (sábado, 7 de maio de 2022)

Local: Mac³Park Stadion (Zwolle)
Árbitro: Pol van Boekel
Gols: Hidde ter Avest, aos 29', Daishawn Redan, aos 74'
Jogo resumido: O Utrecht foi melhor na etapa inicial e saiu na frente. Depois, o Zwolle se esforçou e buscou incessantemente o ataque, até a virada. Contudo, as vitórias dos adversários diretos na zona de repescagem/rebaixamento dificultaram demais a salvação dos Zwollenaren, agora em último lugar

ZWOLLE
Kostas Lamprou; Djavan Anderson, Bram van Polen, Yuta Nakayama, Mees de Wit e Kenneth Paal; Thomas van den Belt, Pelle Clement e Chardi Landu (Slobodan Tedic, aos 66'); Daishawn Redan e Gervane Kastaneer. Técnico: Dick Schreuder

UTRECHT
Fabian de Keijzer (Eric Oelschlägel, aos 45' + 6); Hidde ter Avest, Mike van der Hoorn, Willem Janssen e Djevencio van der Kust; Quinten Timber (Othman Boussaïd, aos 76') e Adam Maher; Moussa Sylla (Pontus Almqvist, aos 84'), Sander van de Streek e Simon Gustafson; Anastasios Douvikas (Henk Veerman, aos 84'). Técnico: Rick Kruys (interino)


Willem II 2x0 Heracles Almelo (sábado, 7 de maio de 2022)

Local: Willem II Stadion (Tilburg)
Árbitro: Allard Lindhout
Gols: Wessel Dammers, aos 15', e Jizz Hornkamp, aos 17'
Jogo resumido: Um começo intenso e ofensivo valeu para o Willem II obter uma vitória que o tira da lanterna, minorando a aflição que seguirá nas duas rodadas finais do campeonato

WILLEM II
Timon Wellenreuther; Leeroy Owusu, Wessel Dammers, Freek Heerkens e Derrick Köhn; Pol Llonch, Dries Saddiki e Daniel Crowley (Nasser El Khayati, aos 80'); Max Svensson (Kilian Ludewig, aos 80'), Jizz Hornkamp (Elton Kabangu, aos 72') e Mats Köhlert (Jelte Pal, aos 90' + 2). Técnico: Kevin Hofland

HERACLES ALMELO
Koen Bucker; Noah Fadiga, Justin Hoogma, Marco Rente (Sven Sonnenberg, aos 46') e Giacomo Quagliata; Luca de la Torre, Lucas Schoofs e Elias Sierra (Samuel Armenteros, aos 46'); Nikolai Laursen (Kasper Lunding, aos 72'), Sinan Bakis e Emil Hansson. Técnico: Frank Wormuth


Groningen 1x2 Sparta Rotterdam (sábado, 7 de maio de 2022)

Local: Euroborg (Groningen)
Árbitro: Jeroen Manschot
Gols: Arno Verschueren, aos 20', Lennart Thy, aos 57', e Bjorn Meijer, aos 77'
Jogo resumido: Esforço maior em busca da vitória no 1º tempo, a falha do goleiro Leeuwenburgh no segundo gol (e no segundo tempo). E o Sparta Rotterdam foi mais um que teve vantagem na busca da permanência na primeira divisão, com outra vitória inesperada

GRONINGEN
Peter Leeuwenburgh; Mike te Wierik, Neraysho Kasanwirjo, Bart van Hintum (Daniël van Kaam, aos 46') e Bjorn Meijer; Laros Duarte e Tomas Suslov (Cyril Ngonge, aos 46'); Paulos Abraham (Romano Postema, aos 46'), Daleho Irandust (Michael de Leeuw, aos 66') e Mohamed El Hankouri (Marin Sverko, aos 87'); Jorgen Strand Larsen. Técnico: Danny Buijs

SPARTA ROTTERDAM
Maduka Okoye; Dirk Abels (Jeremy van Mullem, aos 90' + 2), Bart Vriends, Adil Auassar e Aaron Meijers (Riza Durmisi, aos 84'); Joeri de Kamps, Arno Verschueren, Younes Namli (Tom Beugelsdijk, aos 69') e Vito van Crooij; Lennart Thy e Sven Mijnans (Michael Heylen, aos 90' + 2). Técnico: Maurice Steijn


NEC 1x0 Go Ahead Eagles (domingo, 8 de maio de 2022)

Local: De Goffert (Nijmegen)
Árbitro: Ingmar Oostrom
Gol: Ibrahim Cissoko, aos 90' + 2
Jogo resumido: Com mais chances no primeiro tempo, mais retração no segundo, as duas equipes fizeram uma partida equilibrada. Vindo do banco, Ibrahim Cissoko decidiu nos acréscimos a vitória que deixa o NEC à frente na disputa da última vaga na repescagem para a Conference League

NEC
Mattijs Branderhorst; Bart van Rooij, Iván Márquez, Rodrigo Guth e Souffian El Karouani; Lasse Schøne, Jordy Bruijn (Mikkel Duelund, aos 81') e Dirk Proper (Javier Vet, aos 66'); Elayis Tavsan (Ibrahim Cissoko, aos 81'), Jonathan Okita e Ali Akman. Técnico: Rogier Meijer

GO AHEAD EAGLES
Andries Noppert; Boyd Lucassen, Gerrit Nauber, Bas Kuipers e Jay Idzes (Justin Bakker, aos 83'); Philippe Rommens, Ragnar Oratmangoen (Martijn Berden, aos 83') e Luuk Brouwers; Mats Deijl (Marc Cardona, aos 69'), Isac Lidberg (Ogechika Heil, aos 69') e Iñigo Córdoba (Jacob Mulenga, aos 89'). Técnico: Kees van Wonderen


AZ 2x2 Ajax (domingo, 8 de maio de 2022)

Local: AFAS Stadion (Alkmaar)
Árbitro: Dennis Higler
Gols: Brian Brobbey, aos 42', Vangelis Pavlidis, aos 62', Hakon Evjen, aos 75', e Edson Álvarez, aos 86'
Jogo resumido: Mesmo saindo na frente do placar, o Ajax fracassava ao tentar dominar o jogo contra o AZ. O time da casa comprovou os problemas do líder no segundo tempo, com a virada. Os Ajacieden ainda conseguiram um ponto, mas o suspense com relação ao título seguirá 

AZ
Peter Vindahl; Yukinari Sugawara, Pantelis Hatzidiakos, Bruno Martins Indi e Owen Wijndal; Fredrik Midtsjø, Dani de Wit e Jordy Clasie; Hakon Evjen (Tijjani Reijnders, aos 88'), Vangelis Pavlidis (Zakaria Aboukhlal, aos 90' + 4)e Jesper Karlsson. Técnico: Pascal Jansen

AJAX
Maarten Stekelenburg; Devyne Rensch (Noussair Mazraoui, aos 66'), Jurriën Timber, Daley Blind (Mohammed Kudus, aos 82') e Nicolás Tagliafico; Edson Álvarez, Davy Klaassen, Kenneth Taylor (Steven Berghuis, aos 66') e Dusan Tadic; Brian Brobbey (Mohamed Daramy, aos 70') e Sébastien Haller. Técnico: Erik ten Hag


Vitesse 1x2 Heerenveen (domingo, 8 de maio de 2022)

Local: GelreDome (Arnhem)
Árbitro: Richard Martens
Gols: Matus Bero, aos 45' + 1, e Amin Sarr, aos 76' e aos 83'
Jogo resumido: Mesmo com o Heerenveen mais ofensivo - e até mandando uma bola na trave -, o Vitesse se valeu de um pênalti para sair na frente. Por muito tempo, os visitantes foram inócuos. Até Amin Sarr aparecer, e ser o nome da virada que mantém perspectivas de play-offs para os frísios

VITESSE
Markus Schubert; Danilho Doekhi, Enzo Cornelisse e Jacob Rasmussen (Daan Huisman, aos 45'); Eli Dasa, Million Manhoef, Matus Bero, Sondre Tronstad e Tomas Hajek; Loïs Openda e Thomas Buitink (Patrick Vroegh, aos 65'). Técnico: Thomas Letsch

HEERENVEEN
Erwin Mulder; Milan van Ewijk (Anthony Musaba, aos 72'), Ibrahim Dresevic, Sven van Beek, Lucas Woudenberg e Rami Kaib (Nicolas Madsen, aos 72'); Anas Tahiri (Siem de Jong, aos 84'), Thom Haye e Tibor Halilovic (Rami Al-Hajj, aos 45'); Sydney van Hooijdonk e Amin Sarr (Arjen van der Heide, aos 84'). Técnico: Ole Tobiasen


Feyenoord 2x2 PSV (domingo, 8 de maio de 2022)

Local: De Kuip (Roterdã)
Árbitro: Serdar Gözübüyük
Gols: Cody Gakpo, aos 16' e aos 29', Cyriel Dessers, aos 86' e aos 90' + 6
Jogo resumido: O PSV dominou o primeiro tempo, com velocidade e ofensividade, diante de um Feyenoord cansado. Mas houve mudanças no intervalo, e o Stadionclub mostrou o habitual nesta temporada: esforço incessante, até o empate que extasiou a torcida em De Kuip

FEYENOORD
Ofir Marciano; Lutsharel Geertruida, Gernot Trauner (Marcus Pedersen, aos 76'), Marcos Senesi (Philippe Sandler, aos 76') e Tyrell Malacia; Fredrik Aursnes, Orkun Kökcü (Jens Toornstra, aos 46') e Guus Til (Bryan Linssen, aos 46'); Reiss Nelson (Patrik Walemark, aos 46'), Cyriel Dessers e Luis Sinisterra. Técnico: Arne Slot

PSV
Yvon Mvogo; Mauro Júnior, Jordan Teze, Erick Gutiérrez e Philipp Max; Ibrahim Sangaré e Joey Veerman; Ritsu Doan (Noni Madueke, aos 87'), Mario Götze e Cody Gakpo (Marco van Ginkel, aos 87'); Eran Zahavi (Bruma, aos 78'). Técnico: Roger Schmidt