Mostrando postagens com marcador Finlândia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Finlândia. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Há uma (pequena) chance

 Se não foi perfeita, pelo menos a seleção feminina da Holanda (Países Baixos) se despediu da torcida com vitória rumo à Eurocopa (Pieter van der Woude/Marcel ter Bals/DeFodi Images/Getty Images)

Diante do clima de pessimismo que as últimas rodadas da Liga das Nações deixaram, foi bom que a seleção feminina da Holanda (Países Baixos) recuperasse um pouco da animação antes da Eurocopa de mulheres que vem aí, ao vencer o amistoso de despedida da torcida, contra a Finlândia, nesta quinta. É certo que ainda há trabalho a fazer nos dias restantes até o 5 de julho da estreia contra Gales, mas alguns lances do amistoso deixaram claro que há uma chance de que as Leoas Laranjas possam ostentar valor e passarem de fase no "Grupo da Morte" que ainda terá França e Inglaterra.

E esses lances tiveram, principalmente, a presença de duas experientes. A primeira delas, Vivianne Miedema. Se o objetivo manifesto do técnico Andries Jonker ao escalá-la era mostrar que o trabalho de recuperação de problemas musculares deu certo, ele foi alcançado. E isso foi mostrado a partir de bela jogada individual que a camisa 9 das Leoas Laranjas fez logo aos três minutos, driblando duas finlandesas na direita, chutando cruzado e vendo a zagueira Natalia Kuikka bloqueando a bola na pequena área. Não bastasse Miedema, Daniëlle van de Donk (escalada como principal criadora de jogadas no meio campo) também apareceu bem. Quase finalizou o cruzamento da atacante, aos 8'. E aos 11', enfim, ambas participaram do primeiro gol: Van de Donk pressionou a outra zagueira finlandesa, Eva Nyström, que errou na saída de bola - e a camisa 11 ficou com ela, passando para Miedema fazer seu 98º gol pela equipe feminina neerlandesa.

Atacando principalmente pelas pontas, com as jogadoras de ataque, a equipe da casa até jogou bem no primeiro tempo em Leeuwarden (no recém-aberto estádio Kooi). Tinha a posse de bola, e atacava. Às vezes acertava, sem valer, como aos 24', no gol impedido de Miedema - participou em posição ilegal da jogada em lançamento de Jackie Groenen. Às vezes, tentava com toque de bola: aos 26', Van de Donk deixou a bola com Wieke Kaptein, que ganhou a dividida, e arrematou cruzado para a defesa da goleira finlandesa, Anna Koivunen - que também impediu gol de Kerstin Casparij, aos 37'. O que não se imaginava é que o 2 a 0 viria de uma forma tão... pitoresca. Tentando finalizar após passe de Miedema, Van de Donk se desequilibrou com a bola, caiu (e até foi atingida na cabeça, pelo joelho de uma finlandesa, acidentalmente). Na incerteza se o lance seguiria, nem Koivunen agarrou a bola na pequena área, nem Nyström deu o chutão. A bola estava solta. Na frente de Miedema. E ela aproveitou: um toque, 2 a 0, seu 99º gol pelas Leoas Laranjas - "Prometi para minha mãe que não faria o centésimo gol aqui; ela não estava no estádio, e nem meu irmão", a goleadora brincou à ESPN holandesa.

Miedema e Van de Donk: os destaques de um razoável primeiro tempo das Leoas Laranjas (Anne Waterlander/Marcel ter Bals/DeFodi Images/Getty Images)

Contudo, aos 38', um primeiro arremate de Linda Sällstrom, agarrado firmemente por Daphne van Domselaar, deixou claro: a Finlândia estava viva no jogo. Ficaria mais viva ainda no segundo tempo, com a diminuição do ritmo holandês. E algumas chances começaram a aparecer. Aos 54', novo chute de Linda Sällstrom, também pego por Van Domselaar; aos 60', a defesa deixou espaço, Sanni Franssi tentou driblar a goleira holandesa, mas ela impediu pegando a bola antes. A partir daí, com o começo das alterações nas formações, o ritmo diminuiu em geral - em que pese um gol anulado de Jill Roord (impedimento), aos 66'. Contudo, as preocupações da etapa final foram concretizadas com o gol finlandês, em jogada individual de Oona Siren, após mais um passe errado - no caso, de Roord.

O técnico Andries Jonker obviamente se irritou com o erro: "De novo, um erro de passe levou a um gol do adversário...". Mas pelo menos, viu uma vitória no fim da preparação para a Euro. E as boas atuações deixaram claro: sim, a Holanda tem uma chance de ir bem no torneio. Pequena, mas tem.

Amistosos

Holanda 2x1 Finlândia
Data: 26 de junho de 2025
Local: Kooi Stadion (Leeuwarden)
Árbitra: Elisabet Calvo Valentín (Espanha)
Gols: Vivianne Miedema, aos 11' e aos 30', e Oona Siren, aos 90' + 3

HOLANDA
Daphne van Domselaar; Kerstin Casparij (Lynn Wilms, aos 89'), Veerle Buurman (Caitlin Dijkstra, aos 89'), Dominique Janssen e Esmee Brugts (Sherida Spitse, aos 62'); Wieke Kaptein (Renate Jansen, aos 89'), Daniëlle van de Donk (Damaris Egurrola Wienke, aos 89') e Jackie Groenen; Victoria Pelova, Vivianne Miedema (Chasity Grant, aos 62') e Jill Roord. Técnico: Andries Jonker

FINLÂNDIA
Anna Koivunen; Nea Lehtola, Natalia Kuikka, Eva Nyström e Emmi Siren; Oona Siren, Eveliina Summanen, Ria Öling (Koivisto, aos 76') e Katariina Kosola; Linda Sällström (Lilli Halttunen, aos 67') e Sanni Franssi (Aino Kröger, aos 85'). Técnico: Marko Saloranta


sábado, 7 de junho de 2025

Tranquilo

Gakpo e Memphis comemoram o primeiro gol de uma vitória tranquila para a Holanda (Países Baixos) nas eliminatórias da Copa de 2026 (Maurice van Steen/ANP/Getty Images)

"Eu estava um pouco nervoso antes do jogo. Era o começo das eliminatórias." Foi o que o técnico Ronald Koeman confessou ao repórter Jeroen Stekelenburg, da emissora NOS, pouco depois da vitória por 2 a 0 sobre a Finlândia, primeiro jogo da seleção masculina da Holanda (Países Baixos) na qualificação da Copa de 2026. De certa forma, tinha lá seus motivos: a Laranja precisa vencer nestes jogos iniciais, para ocupar o terreno e tomar da Polônia (já com seis pontos) a liderança e a vaga direta no Mundial que todos imaginam para ela. Se esse era o medo, acabou logo: mesmo fora de casa, os neerlandeses dominaram, se impuseram rapidamente, deixaram claro que têm condições de manterem atenção nas partidas e cumprirem os prognósticos para as eliminatórias.

Bastaram os primeiros minutos de jogo para ficar claro o que seria o jogo: a Holanda com a posse de bola, a Finlândia esperando por uma chance para contra-atacar (apostando no talento de Oliver Antman, no meio-campo, e quem sabe numa finalização de Joel Pohjanpalo). Contudo, as perspectivas finlandesas foram por água abaixo com um erro: após passe de Jeremie Frimpong parcialmente afastado, o meio-campo Kaan Kairinen tentou recuar a bola para a defesa. Faltou ver que Memphis Depay estava à espreita, pronto para fazer o que fez: dominar o "presente", entrar na área e tocar no canto esquerdo do goleiro Lukas Hradecky - completando 100 jogos pela Finlândia - para fazer 1 a 0, o 48º gol de Memphis vestindo laranja.

Se estava difícil achar espaços com o toque de bola, pelo chão, os neerlandeses acharam espaço nos cruzamentos. No primeiro, aos 11', Cody Gakpo cruzou da esquerda, Frimpong cabeceou e Hradecky evitou o gol em cima da linha. No segundo, aos 15', Frimpong mandou a bola do outro lado, mas Dumfries mandou para fora. No terceiro, aos 20', Hradecky saiu do gol e pegou a bola após novo cruzamento de Gakpo. E no quarto, aos 20', enfim o 2 a 0: Gakpo cruzou, Dumfries entrou e finalizou de primeira.

Mesmo com Dumfries presente, Frimpong seguiu na ponta direita. E seguiu bem (Roy Lazet/Soccrates/Getty Images)

Vantagem segura no placar, a Holanda controlou mais o ritmo da partida em Helsinque. Deixou de pressionar tanto, até cedeu alguns espaços, mas a Finlândia só tentou aproveitá-los uma vez: aos 25', quando Oliver Antman veio pela esquerda com a bola, chutou, e o goleiro Mark Flekken pegou, após desvio em Dumfries. Mas eram só momentos esporádicos: a Laranja seguia mantendo o domínio, e tentou o terceiro gol em momentos como chutes de Memphis Depay (aos 27') e Gakpo (aos 33', com desvio), ambos para fora.

No segundo tempo, a Holanda já começou em ritmo de administração de resultado. Baixou a guarda um pouco demais - tanto que a Finlândia teve espaço para um contragolpe com Pohjanpalo, aos 50', após jogada individual (Nathan Aké afastou o cruzamento do atacante). Contudo, sempre que os finlandeses ousavam, a Laranja mostrava quem mandava. Foi assim aos 55', quando quase o terceiro gol saiu - Tijjani Reijnders tabelou com Memphis Depay, recebeu de volta, mas finalizou para fora. E no minuto seguinte, após erro finlandês na defesa, um passe de Virgil van Dijk deixou Memphis livre para chutar, mas Hradecky rebateu seu chute.

Com as alterações que vieram, os dois times ficaram algo descaracterizados. Mas a Finlândia não conseguia a finalização, por mais que rondasse o ataque mais vezes do que no primeiro tempo. E bastava a Holanda chegar para criar chances. Aos 68', arremate de Cody Gakpo, na rede pelo lado de fora; aos 73', Hradecky rebateu tentativa de Micky van de Ven; e aos 83', Gravenberch lançou em profundidade, Wout Weghorst ajeitou, e Frenkie de Jong bateu em diagonal, para fora. Só depois disso, aos 86', enfim a Finlândia tentou, num chute - fraco - de Antman (o melhor finlandês em campo). Que Flekken pegou, tendo a segurança que às vezes lhe faltou na reposição de bola com os pés.

Nada que perturbasse um jogo tranquilo para a Holanda, garantindo bom começo nas eliminatórias da Copa. A expectativa é que isso continue contra Malta, inferior (até bastante) à Finlândia, no segundo jogo, na próxima terça. Até porque a Laranja se mostrou capaz de facilitar as coisas e se impor.

Eliminatórias para a Copa de 2026 - Europa - Grupo G

Finlândia 0x2 Holanda
Data: 7 de junho de 2025
Local: Estádio Olímpico (Helsinque)
Juiz: Daniel Siebert (Alemanha)
Gols: Memphis Depay, aos 6', e Denzel Dumfries, aos 23'

FINLÂNDIA
Lukas Hradecky; Nikolai Alho (Ilmari Niskanen, aos 70'), Robert Ivanov (Onni Valakari, aos 76'), Arttu Hoskonen e Jere Uronen; Matti Peltola e Miro Tenho (Glen Kamara, aos 70'); Oliver Antman, Kaan Kairinen e Robin Lod (Fredrik Jensen, aos 55'); Joel Pohjanpalo (Benjamin Källman, aos 55'). Técnico: Jacob Friis

HOLANDA
Mark Flekken; Denzel Dumfries, Virgil van Dijk, Jan Paul van Hecke (Stefan de Vrij, aos 46') e Nathan Aké (Micky van de Ven, aos 62'); Ryan Gravenberch, Tijjani Reijnders (Justin Kluivert, aos 69') e Frenkie de Jong; Jeremie Frimpong, Memphis Depay (Wout Weghorst, aos 69') e Cody Gakpo (Xavi Simons, aos 84'). Técnico: Ronald Koeman


quarta-feira, 4 de junho de 2025

Futuro do passado

Malen, Frimpong, Noa Lang, Xavi Simons (da esquerda para a direita): a nova geração parece pedir passagem na Holanda, e é isso que muitos querem (KNVB Media/Divulgação)

A seleção masculina da Holanda (Países Baixos) terminou as datas FIFA de março deixando ótima impressão na torcida. Certo, perdeu as quartas de final da Liga das Nações para a Espanha. Ainda assim, jamais se rendeu: levou as duas partidas a empates, teve momentos de superioridade sobre os espanhóis, mostrou espírito ofensivo e promissor como poucas vezes se viu nesta segunda passagem de Ronald Koeman no comando da Laranja. E é assim que torcida e imprensa locais esperam ver a equipe neerlandesa no caminho das eliminatórias da Copa de 2026, que começa nestas datas FIFA, contra Finlândia (sábado, 7, às 15h45 de Brasília, em Helsinque) e Malta (terça, 10, também às 15h45 do horário brasileiro, em Groningen - que volta a receber uma partida da seleção masculina, após 42 anos). Porém, já há a desconfiança de que não será assim.

A convocação de Ronald Koeman já foi criticada antes mesmo da bola rolar, por algumas opções consideradas conservadoras demais. No gol, trouxe algum burburinho a chamada de Kjell Scherpen, que há algum tempo perdeu a aura de "revelação" que tinha anos atrás, quando titular da seleção holandesa sub-21 (e jogando aqui e ali pelo Ajax). Mas foi um burburinho menor, até porque Scherpen será o terceiro goleiro: com o titular usual Bart Verbruggen poupado, por lesão leve, terá chances Mark Flekken, como o coroamento de uma boa fase, com a confirmação da transferência para o Bayer Leverkusen e a inclusão entre os 10 melhores goleiros do mundo em lista da IFFHS (Federação Internacional de História e Estatística do Futebol) - lista que incluiu o brasileiro João Ricardo, do Fortaleza.

O alarido ficou maior nas opções de linha feitas por Koeman. Na lateral esquerda, nada de Ian Maatsen; no meio, nada de Kenneth Taylor ou mesmo o jovem Sem Steijn, jamais convocado, goleador do Campeonato Holandês (24 gols pelo Twente - desde Jari Litmanen pelo Ajax, em 1993/94, um meio-campista não fazia tantos gols pela Eredivisie), rumando agora para o Feyenoord. E no ataque, nada de chances a nomes como Mexx Meerdink (AZ), Joël Piroe ou Zian Flemming, destaques em dois clubes que acabam de subir à primeira divisão inglesa - Piroe no Leeds United, Flemming no Burnley. Por mais que mereçam - e até merecem, pois têm experiência que não pode ser descartada -, Memphis Depay ou Wout Weghorst não encantam mais a torcida.

Ainda assim, Koeman defende a continuidade já estabelecida em seu time, a partir da coletiva de imprensa da terça passada, se referindo especialmente ao caso de Steijn: "Não depende só de quantos gols se faz, mas também é importante que o pessoal saiba que temos um grupo fixo. Se eu convocasse novos nomes, como ficariam os convocados contra a Espanha [na Liga das Nações]? O desafio para Steijn é mostrar na próxima temporada o que mostrou nesta". A postura causa polêmicas. Ainda mais porque a seleção sub-21 da Holanda (Países Baixos) se prepara para a Euro da categoria, na Eslováquia, a partir do dia 11, com uma geração considerada muito promissora - tendo até nomes como os citados Maatsen e Taylor -, e vinda de 100% nas eliminatórias (10 jogos, 10 vitórias), sob o comando do técnico Michael Reiziger. Sim, a Laranja Jovem pode não ter jovens badalados como França ou Portugal, mas tem tudo para boa campanha nesta Eurocopa juvenil.

Mas as polêmicas ainda são controladas. Bem ou mal, Koeman deixou claro que quer o que todos quantos acompanhem a Laranja querem: a repetição do padrão visto nos jogos de março contra a Espanha ("Se conseguimos jogar assim contra uma das melhores seleções do mundo, isso dá muita confiança"). E sabe que isso é possível, tendo em vista que se a Holanda perdeu na Liga das Nações, ganhou ao cair num grupo dos mais acessíveis nas eliminatórias europeias da Copa - o G, com Polônia, Finlândia, Lituânia e Malta ("É obrigatório terminarmos o grupo [das eliminatórias] em primeiro lugar. Mas primeiro, não devemos subestimar ninguém. Agora, que jogamos bem contra a Espanha, parece fácil, mas precisamos mostrar o que mostramos nos últimos jogos").

Todos "amam" Tijjani Reijnders. O Manchester City, ainda mais: contratação próxima para o meio-campista, tão titular da Laranja quanto Frenkie de Jong (KNVB Media/Divulgação)

E a Holanda é capaz disso, de fato. Se antes a fartura de opções se via mais na defesa - e ela continua assim: Denzel Dumfries, Virgil van Dijk (estes dois, absolutos em suas posições), Nathan Aké (voltando de lesão), o veterano Stefan de Vrij, Micky van de Ven, Jan Paul van Hecke -, agora a Laranja também não reclama de meio-campo. Se antes o setor parecia depender demais de Frenkie de Jong (que sofria com lesões), agora ele não só se mostrou redivivo em boa temporada europeia do Barcelona, como tem mais nomes de boa qualidade a seu lado. Como Ryan Gravenberch, também recuperado no Liverpool - a ponto de ter sido eleito o melhor jovem da temporada na Inglaterra (mesmo já tendo sete anos desde sua aparição no Ajax, em 2018/19). Ou como o badalado Tijjani Reijnders, cada vez mais titular holandês, cada vez mais perto de uma transferência para o Manchester City ("Eles ainda estão conversando com o Milan, nem me importo muito, quem cuida disso é meu pai. Mas claro que jogar na Premier League seria um sonho de criança").

A impressão é de que só falta um atacante de alto nível, como os de tempos idos, para a Holanda subir de prateleira definitivamente entre as seleções europeias. E o pedido é de que Ronald Koeman passe cada vez mais a notar que pode ousar mais, para que a Laranja não tenha somente o futuro do passado entre seus jogadores

Os 23 convocados da Holanda (Países Baixos) para as datas FIFA

Goleiros: Mark Flekken (Bayer Leverkusen-ALE), Nick Olij (Sparta Rotterdam) e Kjell Scherpen (Sturm Graz-AUT)

Defensores: Denzel Dumfries (Internazionale-ITA), Jeremie Frimpong (Liverpool-ING), Lutsharel Geertruida (RB Leipzig-ALE), Virgil van Dijk (Liverpool-ING), Jan Paul van Hecke (Brighton-ING), Stefan de Vrij (Internazionale-ITA), Micky van de Ven (Tottenham Hotspur-ING), Nathan Aké (Manchester City-ING) e Jorrel Hato (Ajax)

Meio-campistas: Frenkie de Jong (Barcelona-ESP), Tijjani Reijnders (Milan-ITA), Xavi Simons (RB Leipzig-ALE), Ryan Gravenberch (Liverpool-ING), Mats Wieffer (Brighton-ING) e Justin Kluivert (Bournemouth-ING)

Atacantes: Memphis Depay (Corinthians), Cody Gakpo (Liverpool-ING), Wout Weghorst (Ajax), Noa Lang (PSV) e Donyell Malen (Aston Villa-ING)

terça-feira, 4 de junho de 2024

Tarefas quase cumpridas

Dar uma despedida digna a Lieke Martens, após doze anos de história marcante e vitoriosa. Tão importante quanto isso: aproximar-se da vaga direta na Eurocopa feminina, que virá no ano que vem. Para tudo isso, vencer as duas partidas contra a Finlândia, pelas rodadas das eliminatórias da Euro. Eram essas as tarefas que a seleção feminina da Holanda (Países Baixos) desejava cumprir, nestas datas FIFA. Quase conseguiu: até começou bem, ao vencer o primeiro jogo contra as finlandesas por 1 a 0. Contudo, o empate por 1 a 1 frustrou um pouco essas expectativas. Mais do que isso: ressaltou as falhas que persistem nas Leoas Laranjas, e que podem atrapalhá-las nas últimas rodadas da qualificação, já em julho, em meio às férias - algo muito criticado pelo técnico Andries Jonker, e por jogadoras como Jackie Groenen.

Na partida da sexta-feira passada, o ambiente em Roterdã, em Het Kasteel - o estádio do Sparta -, foi ótimo. Mais do que isso: a Holanda foi mais ofensiva, por obra e graça de Esmee Brugts. A ala esquerda foi constante opção de ataque, recebendo a bola para jogadas - e já experimentando chutes, como aos 2' e aos 9'. Damaris Egurrola Wienke, enfim, apareceu mais no meio-campo, ajudando na armação e iniciando a saída de bola. Daniëlle van de Donk, por sua vez, também se mostrou muito ativa na criação de jogadas, e até experimentou seus chutes, como aos 30', forçando a defesa da goleira Tinja-Riikka Korpela. Contudo, eram poucas opções demais para tentar vencer uma defesa finlandesa que se mostrava elogiavelmente fechada, com muitas jogadoras na área para impedir troca de passes e jogadas. E quando tinha espaço para contra-atacar, até finalizava, com Emmi Siren e Linda Sällström, ambas aos 25'. A primeira viu seu chute defendido por Daniëlle de Jong (boa estreia da goleira do Twente pela seleção); a segunda chutou para fora. Para piorar, um lance completamente involuntário levou a mais uma lesão entre as holandesas: numa falta cometida por Lynn Wilms, Damaris foi atingida no joelho por uma jogadora da Finlândia que tentou escapar do carrinho de Wilms - a meio-campista seria substituída no intervalo, e cortada da delegação no dia seguinte.

Contudo, o problema principal realmente estava na falta de criatividade da Holanda no ataque. Tanto para fazer jogadas, quanto para achar espaços dentro da defesa cerrada e esforçada da Finlândia. Só restavam os chutes. Num deles, Lieke Martens quase abrilhantou sua despedida, chutando no travessão aos 60'. Só mesmo um arremate rasteiro, veloz e forte de Lineth Beerensteyn, aos 64', após Dominique Janssen ajeitar escanteio cobrado por Sherida Spitse, para o 1 a 0 da vitória. Contudo, algumas entradas - Anni Hartikainen e Sanni Franssi, por exemplo -, a Finlândia foi até mais ofensiva, tendo chances de empate no fim (Oona Sevenius aos 88', Nea Lehtola aos 90' + 2). E outra holandesa se machucou: Esmee Brugts sentiu dores na perna, sendo ainda substituída. De todo modo, a vitória viera. Era importante. E serviu de base para uma alegre homenagem da torcida e das colegas a Lieke Martens, no seu último jogo em casa pela seleção.

Se a Holanda feminina sofreu com a falta de espaço para atacar, pelo menos a vitória ajudou a aumentar o brilho da despedida de Lieke Martens (Rico Brouwer/Soccrates/Getty Images)

Viagem feita à Finlândia, ficava para o segundo jogo, nesta terça, mostrar evolução. Principalmente ofensiva, setor que está sofrendo na Holanda (nos cinco jogos anteriores, só dois gols sofridos). Só que as dificuldades começaram antes mesmo do apito inicial na cidade de Tampere. Com dores desde a sexta, foi a vez de Esmee Brugts ficar de fora. Em que pesasse o primeiro jogo de Van Domselaar como goleira após sua cirurgia lombar, antes mesmo de voltar ao Aston Villa, o ataque já sofreria - restando a Chasity Grant tentar aproveitar sua chance, começando como titular pela primeira vez. Sofreu ainda mais ao ver que a Finlândia vinha mais ofensiva e pressionaria mais em casa - já começando aos 9', em boa chance perdida por Sällström, após Hartikainen (titular desta vez) ajeitar. Para piorar, até incrivelmente, as neerlandesas tiveram mais uma machucada: Victoria Pelova, substituída já aos 12'. Simplesmente a 11ª selecionável da Holanda com lesão recente - lista que já inclui Vivianne Miedema, Jill Roord, Kerstin Casparij, Caitlin Dijkstra...

Diante disso tudo, foi até incrível a sorte que as Leoas Laranjas tiveram para abrir o placar: aos 17', a goleira Korpela tentou sair jogando com um chute... que mandou a bola direto contra Beerensteyn, que esperou a bola cair para finalizar, antes mesmo que Korpela chegasse para tentar corrigir o próprio erro. E por muito tempo, foi só. Porque a Finlândia passou a repetir o cenário que a Holanda mais detesta: apostar nos contra-ataques, nos quais Sällstrom, e também Jutta Rantala, começaram a ganhar a bola de Sherida Spitse na corrida, para trazerem perigo. Das primeiras vezes, erraram o chute; nas segundas, Van Domselaar já teve de defendê-las. O primeiro tempo terminava já causando a pergunta: até quando a Holanda manteria a vantagem?

E a pergunta continuou rodando no segundo tempo: se Sällström chamara a atenção no primeiro tempo, Rantala apareceu mais no segundo tempo. A pressão na saída de bola impedia que as jogadoras holandesas saíssem com calma - de chances de gol das visitantes, somente uma tentativa de Beerensteyn (única opção ofensiva), aos 60'. E finalmente, o empate veio, já na reta final: um erro de Spitse, tocando a bola acidentalmente para Olga Ahtinen, que passou para Rantala enfim acertar a mira para o 1 a 1. Que quase virou 2 a 1 aos 88', em outro erro holandês: Marisa Olislagers permitiu a passagem de Rantala livre pela direita, esta cruzou, e Ahtinen, na pequena área, concluiu por cima.

Se o fim do jogo da sexta passada foi alegre, o desta terça foi sem graça. Lieke Martens saiu lamuriosa, assumindo a tristeza por não poder ajudar a adiantar o serviço para a classificação à Euro, em sua última partida pela seleção feminina da Holanda (Países Baixos). E mesmo que a tarefa esteja quase cumprida, mesmo que dois empates entre Itália e Noruega tenham até "colaborado" para as neerlandesas se aproximarem da vaga, todo cuidado continuará sendo pouco, pelo visto, tantos são os problemas.´

Eliminatórias da Euro feminina 2025 - Grupo A

Holanda 1x0 Finlândia
Data: 31 de maio de 2024
Local: Het Kasteel (Roterdã)
Árbitra: Frida Klarlund (Dinamarca)
Gol: Lineth Beerensteyn, aos 65'

HOLANDA
Daniëlle de Jong; Lynn Wilms, Sherida Spitse e Dominique Janssen; Victoria Pelova, Daniëlle van de Donk, Jackie Groenen, Damaris Egurrola Wienke (Chasity Grant, aos 46') e Esmee Brugts (Marisa Olislagers, aos 84'); Lieke Martens (Katja Snoeijs, aos 90' + 3) e Lineth Beerensteyn (Fenna Kalma, aos 90' + 3). Técnico: Andries Jonker

FINLÂNDIA
Tinja-Riikka Korpela; Emmi Siren (Nea Lehtola, aos 83'), Joanna Tynillä, Natalia Kuikka, Emma Koivisto e Olga Ahtinen; Oona Siren (Oona Sevenius, aos 70'), Ria Öling e Eveliina Summanen (Sanni Franssi, aos 46'); Jutta Rantala (Dana Leskinen, aos 83') e Linda Sällström (Anni Hartikainen, aos 76'). Técnico: Marko Saloranta


Finlândia 1x1 Holanda
Data: 4 de junho de 2024
Local: Tammelan (Tampere)
Árbitra: Sandra Bastos (Portugal)
Gols: Lineth Beerensteyn, aos 17', e Jutta Rantala, aos 77'

FINLÂNDIA
Tinja-Riikka Korpela; Emma Koivisto, Natalia Kuikka, Eva Nyström e Joanna Tynillä; Olga Ahtinen; Oona Siren (Olga Ahtinen, aos 68'), Eveliina Summanen e Anni Hartikainen (Oona Sevenius, aos 61'); Ria Öling; Jutta Rantala e Linda Sällström (Sanni Franssi, aos 67'). Técnico: Marko Saloranta

HOLANDA
Daphne van Domselaar; Lynn Wilms, Sherida Spitse e Dominique Janssen; Chasity Grant, Jackie Groenen (Fenna Kalma, aos 90' + 5), Daniëlle van de Donk (Katja Snoeijs, aos 72'), Victoria Pelova (Wieke Kaptein, aos 12') e Renate Jansen (Marisa Olislagers, aos 71'); Lieke Martens e Lineth Beerensteyn . Técnico: Andries Jonker

quinta-feira, 30 de maio de 2024

A reformulação se aprofunda

A Holanda precisa vencer a Finlândia nas eliminatórias da Euro feminina. Pela importância em si - e principalmente, para dar um bom fim à fabulosa história de Lieke Martens nela (KNVB Media/Divulgação)

Até a convocação da seleção feminina da Holanda (Países Baixos) para os dois jogos destas datas FIFA, ambos contra a Finlândia, ambos pelas eliminatórias da Euro 2025 - nesta sexta, 31, às 15h45 de Brasília, em Roterdã (Het Kasteel), e na próxima terça, 4 de junho, às 13h de Brasília, na cidade finlandesa de Tampere -, a única importância que eles tinham era abrirem chance para as Leoas Laranjas pontuarem e se aproximarem de uma vaga direta no torneio continental de seleções. Até era uma importância considerável. Mas o que aconteceu quase simultaneamente à convocação, em divulgação dupla dos perfis oficiais da equipe de mulheres dos Países Baixos e da própria jogadora a ser falada, acabou ganhando importância tão grande quanto a dos jogos em si. Ou até maior.

O que aconteceu, afinal de contas? Esta sucinta mensagem de Lieke Martens: "Queridos torcedores da Laranja: queria informar a vocês que os próximos dois jogos da seleção feminina serão meus últimos jogando por ela. Por aqui já deixo, com dor no coração, meu adeus. Tentarei aproveitar ao máximo, mas acima de tudo, como sempre, darei tudo para nosso time conseguir de novo um bom resultado. Espero muito ver vocês na próxima semana! Com muito amor, Lieke". Pois é: após treze anos, 158 partidas e 62 gols vestindo laranja, Martens anunciava o fim de sua trajetória na seleção. Claro, a comoção foi gigante: como melhor jogadora do mundo em 2017, como destaque no título da Euro do mesmo ano que serviu de "Big Bang" do futebol feminino holandês, Martens sempre será um nome histórico, um ícone da modalidade, um símbolo dela no Reino dos Países Baixos.

Ainda assim, mesmo com todo o impacto que o anúncio causou, também era inegável que era uma decisão previsível, tendo em vista o que Martens passou nos últimos anos - desde a Copa de 2019, quando o dedão de um pé, machucado, a impedia até de andar com tranquilidade. De lá para cá, muitas lesões, um mau momento (o pênalti perdido nas quartas de final do torneio olímpico de Tóquio, em 2021, valendo por 2020), uma participação quase anônima na Euro passada - encerrada abruptamente por seu corte... dentro de campo, tudo isso foi demais para a atacante. Fora de campo, ela também teve impactos, como reconheceu ao diário De Telegraaf: "Senti muita falta de minha família e meus amigos nos últimos anos. Quero passar mais momentos e tempos com eles, é hora de fazer escolhas (...) No meio do ano passado, eu me casei, e uma das minhas melhores amigas também. Ela esteve no meu casamento, mas não pude estar no dela, quatro semanas depois, por causa da Copa. Foi um momento emocionalmente duro. Fiquei muito feliz por estar na Copa, aproveitei bem. Mas foi uma sensação dúbia. Estou feliz e me sinto bem, mas a Euro fica longe demais para eu aguentar. Parece o momento certo".

Se não foi surpresa para Martens abandonar a seleção, que dirá para o técnico Andries Jonker. Aliás, falando à emissora NOS, Jonker até revelou que a saída definitiva da atacante poderia ter sido bem anterior: "Lá por outubro, novembro de 2022, tivemos muitas dificuldades para manter Lieke na seleção. Foi depois da Euro passada, ela já achava que seleção tinha sido o bastante. Meu auxiliar, Arvid Smit, teve muitas dificuldades [para convencê-la a continuar]. E ela jogou uma boa Copa, foi bem também na Liga das Nações". Porém, as decepções do começo deste 2024 foram o estopim da decisão (do) final: "Do ponto de vista dela, ela queria dar o adeus em Paris, nos Jogos Olímpicos. Esse sonho acabou. Então, não me surpreendi quando ela me disse 'professor, a Euro está longe demais para mim'. (...) Era algo que já vinha acontecendo: primeiro foi Van Veenendaal, depois Van Es, agora ela".

Então, no duro, a saída de Lieke Martens só aprofunda uma reformulação que já vinha acontecendo dentro da seleção feminina da Holanda - desde a passagem de Mark Parsons, aliás. Inclusive, um nome que poderia ter espaço ampliado, Romée Leuchter, perderá sua chance por causa de outro problema que segue vitimando a Holanda: lesões. Além de Leuchter, também foram cortadas por estarem machucadas a zagueira Caitlin Dijkstra e a goleira Lize Kop. O que aumentou as chances de uma... volta: com a recuperação adiantada da cirurgia lombar por que passou, Daphne van Domselaar já foi convocada e treinou normalmente com as outras três goleiras. A goleira titular normal das Leoas Laranjas falou com a alegria esperada: "Estou nos meus últimos passos da recuperação, e veremos dia a dia". Até comentou sobre o interesse - cada vez mais aberto - do Arsenal em contratá-la: "É algo que eu espero, após um ano de experiência. Escolhi o Aston Villa também por isso: para ter tempo de jogo. Estou feliz que esteja dando certo e que venham elogios".

Van Domselaar já voltou a ser convocada, após seus problemas lombares. Jogará? Ainda não se sabe (ANP)

Ainda assim, a escalação de Van Domselaar ainda parece incerta para ela ("Eu me sinto bem, mas não vamos tomar decisões precipitadas"). Para Andries Jonker, também: "Tenho algumas preocupações. Qual goleira joga, qual não joga. Qual zagueira joga, qual não joga". Tudo para duas partidas em que o técnico preconizou: vencer é altamente importante ("Estaremos com um pé na Euro, se ganharmos as duas", enfatizou na apresentação às jogadoras), e não será tão fácil ("Temos de estar atentos. A derrota deles [Finlândia] por 4 a 0 para a Noruega foi exagerada, e a vitória sobre a Itália diz o bastante sobre as qualidades delas", alertou à NOS). E além de tudo isso, Sherida Spitse, uma veterana que continuará - pelo menos até a Euro 2025 -, lembrou: "Outras têm de assumir a responsabilidade". Porque Lieke Martens já terá assumiu a sua parte com brilho, na seleção feminina da Holanda. E será reconhecido por isso, na homenagem mais do que merecida que terá após o jogo desta sexta, com todos os presentes a lhe aplaudir em Het Kasteel.

As 23 convocadas da Holanda (Países Baixos) para as datas FIFA

Goleiras: Daphne van Domselaar (Aston Villa-ING), Jacintha Weimar (Feyenoord), Barbara Lorsheyd (ADO Den Haag) e Daniëlle de Jong (Twente)

Laterais: Lynn Wilms (Wolfsburg-ALE) e Marisa Olislagers (Twente)

Zagueiras: Sherida Spitse (Ajax), Dominique Janssen (Wolfsburg-ALE) e Ilse van der Zanden (Utrecht) 

Meio-campistas: Daniëlle van de Donk (Lyon-FRA), Jackie Groenen (Paris Saint Germain-FRA), Victoria Pelova (Arsenal-ING), Damaris Egurrola Wienke (Lyon-FRA), Jill Baijings (Bayern de Munique-ALE) e Wieke Kaptein (Twente) 

Atacantes: Lineth Beerensteyn (Juventus-ITA), Lieke Martens (Paris Saint Germain-FRA), Esmee Brugts (Barcelona-ESP), Renate Jansen (Twente), Katja Snoeijs (Everton-ING), Fenna Kalma (Wolfsburg-ALE) e Chasity Grant (Ajax)

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Não precisava

Celebrado após marcar seu primeiro gol pela seleção, Strootman vai se firmando no grupo de Van Marwijk (Getty Images)
Tem-se discutido muito o conceito de jogos entre seleções. A utilidade deles, a falta de empolgação que se vê, o ritmo modorrento. Pode-se dizer, de certo modo, que a campanha da Holanda nas eliminatórias para a Euro 2012 preenche à perfeição. Independentemente do grupo em que caísse, a Oranje já vinha anabolizada psicologicamente pela campanha na Copa. Depois que o sorteio lhe reservou os rivais, a crença da qualificação ficou ainda mais forte, quase como se fosse destino.

E é o que os jogos têm revelado: antes mesmo do massacre contra San Marino, o domínio do time de Bert van Marwijk no Grupo E já era flagrante. E o 2 a 0 contra a Finlândia foi mais uma prova do que já se vê há um bom tempo: um time que nem precisa se esforçar para ser amplamente superior. Mais do que isso: um time que mostra uma capacidade insuspeita. A de conseguir recuperar a postura tática e emocional em campo, mesmo após passar por problemas em campo.

Essa postura foi delineada desde os primeiros momentos do jogo em Helsinque. Com a mesma escalação do jogo da última sexta, a Oranje começou pressionando firmemente a saída de bola finlandesa. Não deu para abrir o placar antes dos 15 minutos, então, veio o natural: a volta ao paciente toque de bola, ao "tikkie-takkie voetbal" - sim, daí derivou o "tiki-taka" que dá nome ao estilo do Barcelona.

Assim passou-se boa parte do primeiro tempo, sem que o time anfitrião conseguisse ameaçar muito. Só que foi um passe longo que acelerou a resolução da história. Sem exercitar comumente essa qualidade na seleção, Sneijder fez um lançamento milimétrico para Strootman, que completou de primeira. Belo gol, o primeiro pela seleção, o que de certo modo ajuda o meia do PSV a se solidificar como a grande alternativa a Van Bommel ou De Jong, na dupla de marcação. Se é que Strootman ainda é alternativa.

Somente depois é que o time de Mixu Paatelainen começou a fazer algo no ataque. Guiado pelos esforços de Forssell (menos), Pukki (o melhor finlandês, provavelmente), Eremenko e Hetemaj, o time começou a criar jogadas e até a arriscar chutes a gol. Só que nenhum deles dava problemas a Stekelenburg. Essa tendência prosseguiu no segundo tempo.

Mas quem criou problemas foi a própria Holanda. Apalermada pela própria superioridade, a equipe começou a jogar displicentemente. Bastou para uma jogada perigosa surgir de um erro, e quase resultar no primeiro gol sofrido pela Oranje em jogos fora de casa nas eliminatórias: após Pieters errar um recuo de bola, aos 13 minutos, Hämäläinen dominou-a livre, entrou na área e tocou por cima de Stekelenburg. Só não marcou porque o lateral esquerdo holandês se redimiu, tirando em cima da linha.

Só então a Oranje exibiu a qualidade de conseguir se recompor. E a expulsão de Hetemaj, pelo segundo cartão amarelo após falta em Van Bommel, aos 25, só tranquilizou mais as coisas. O que não significou nova onda de letargia: Van Marwijk acertou ao tirar Van Persie e Huntelaar, apáticos, para colocar Luuk de Jong e Elia.

O atacante do Twente pouco fazia, mostrando algum nervosismo. Mas Elia deu novo dinamismo aos ataques laranjas, mostrando-se como boa opção. E foi por uma jogada individual sua que, aos 46 minutos, Luuk de Jong fez o gol decisivo, seu primeiro pela Oranje.

Enfim, a Holanda nem estava desesperada pela vitória. Mesmo que a Suécia tenha vencido San Marino, basta um ponto contra a Moldávia para a Oranje garantir o voo dos 23 atletas rumo a Polônia e Ucrânia em 2012. Só que, se não precisava de muito esforço, também não precisava incorrer na displicência. Menos mal que mostrou também capacidade de reação.