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sexta-feira, 18 de julho de 2025

A Holanda na Euro feminina 2025: a análise sobre quem jogou

O temor de queda na fase de grupos da Eurocopa já cercava a seleção feminina da Holanda (Países Baixos). E ele se concretizou, dando má impressão (Sebastien Bozon/AFP/Getty Images)

De certa forma, por mais que a seleção feminina da Holanda (Países Baixos) estivesse no "Grupo da Morte" da Eurocopa feminina, era bem mais plausível falar em eliminação precoce das Leoas Laranjas do que numa boa campanha. Como o próprio guia de apresentação deste Espreme a Laranja indicava, talvez houvesse veteranas demais e novidades de menos no grupo que iria para a fase de grupos do torneio continental de seleções europeias de mulheres. Além do mais, também era notável que Inglaterra e França, em situações-limite, talvez tivessem mais recursos técnicos a buscar, o que poderia fazer diferença em busca das vagas nas quartas de final.

Com a delegação na Suíça, então, mais coisas influíram na eliminação. Um depoimento do técnico Andries Jonker a um podcast da emissora NOS, indicando que pensou seriamente em antecipar a sua saída já anunciada, diante dos maus resultados em maio, pela Liga das Nações, trouxe de volta as dúvidas sobre a hora do anúncio da federação - na verdade, trouxeram até a certeza de que tal momento tinha sido inadequado, por tirar o foco do grupo na Euro (e tirar também um pouco da autoridade de Jonker sobre as jogadoras). Com bola rolando, até veio uma vitória esperada - 3 a 0 - contra o País de Gales. Mas a atuação contra a Inglaterra foi desastrosa, e a goleada por 4 a 0 já introduziu o clima de "fim de festa". Confirmado, afinal, no último jogo pelo grupo D, contra a França, quando nem o começo promissor das holandesas impediu que as Azuis tomassem a vitória por goleada (5 a 2), no segundo tempo, quando o forte ataque delas trabalhou bem.

A eliminação também indicou algumas coisas. Por mais que seu descontentamento com a federação fosse claro desde o anúncio de sua saída, Jonker não "se ajudou", com decisões que prejudicaram as atuações (como uma mudança tática que desconjuntou o meio-campo contra a Inglaterra - para piorar, Sarina Wiegman, compatriota de Jonker e técnica das Lionesses, ainda revelou que "esperava a mudança tática"). As jogadoras, por sua vez, mostraram as crônicas falhas defensivas, sem conseguir nenhum tipo de avanço ofensivo contra as adversárias mais fortes. De quebra, nenhuma das que jogaram revelou alguma liderança que pudesse acalmar a equipe holandesa em momentos traumáticos. Nem mesmo Sherida Spitse, que esteve em campo até mais do que se esperava. Bem descreveu o jornalista Chris Tempelman, enviado especial da revista Voetbal International ao torneio: "De qualquer jeito, as jogadoras das Leoas Laranjas parecem se superestimar. Na verdade, não são tão boas quanto acham que são". Verdade dura, mas verdade, tendo em vista que a única craque indiscutível do país na atualidade, Vivianne Miedema, ainda sofre com as consequências da grave lesão no joelho que teve.

Enfim, talvez a melhor mostra do tamanho da queda holandesa esteja em outras frases de Tempelman: "Vejam as seleções nas quartas de final desta Euro. Além de Inglaterra e França, Alemanha, Espanha, Itália e Noruega também são melhores do que a Holanda, no momento. A Suíça tem a vantagem do 'fator casa', mas honestamente, o entusiasmo e a boa forma das suíças também faltaram às Leoas Laranjas". E isso faz prever que a Holanda terá, no mínimo, um caminho mais complicado nas eliminatórias para a Copa de 2027. A não ser que melhore sob o novo técnico, Arjan Veurink, ainda auxiliando Sarina Wiegman na Inglaterra.

Análise geral feita, é hora da particular. Como foram as holandesas em campo na Eurocopa?

Van Domselaar cometeu falhas. Mas sai da Euro sem tantos problemas, e deverá seguir absoluta como titular da Holanda (ProShots/Getty Images)

GOLEIRAS

1 - Daphne van Domselaar (3 jogos, 270 minutos jogados, 9 gols sofridos): Recuperada de uma lesão no tornozelo que perturbou o fim de sua temporada no Arsenal - na Liga dos Campeões vencida pelas Gunners, a goleira só foi titular na partida de volta da semifinal e na final pela importância das partidas -, Van Domselaar até que não fez feio. Claro, impossível dizer que sua Euro foi boa, já que foram nove gols sofridos em apenas três partidas. Mas falhar, mesmo, pode se dizer que "Daph" só falhou no segundo gol inglês na goleada por 4 a 0 (o chute de Georgia Stanway era defensável, pois mandou a bola no canto em que ela estava), e no quarto gol francês da partida final (Van Domselaar pareceu mal posicionada, apenas seguindo a bola que bateu nas duas traves). De resto, não teve muito o que fazer, diante de uma defesa cronicamente frágil. A goleira não fez milagres, mas também não passou vergonha. Se sua importância para as Leoas Laranjas caiu, foi pouquíssimo. Van Domselaar deverá seguir titularíssima nos anos que virão, em situação normal.

16 - Lize Kop (não jogou)

23 - Daniëlle de Jong (não jogou)

Lynn Wilms mostrou um pouco mais de competência defensiva. E recuperou um pouco de espaço na seleção feminina neerlandesa, mesmo ainda reserva (Sebastian Christoph Gollnow/picture alliance/Getty Images)

LATERAIS

18 - Kerstin Casparij (3 jogos, 244 minutos jogados): A lateral (na direita, contra País de Gales e Inglaterra; na esquerda, contra a França) teve altos e baixos. Ambos simbolizados nas duas primeiras partidas. Contra as galesas, sem tanta exigência técnica, Casparij passou os 90 minutos sem problemas. Já contra as inglesas... pode-se dizer que a camisa 19 começou a mostrar o tamanho da fragilidade holandesa naquela goleada sofrida por 4 a 0, sendo facilmente superada tanto por Leah Greenwood (mais), quanto por Lauren Hemp (menos), ambas com amplo espaço para atacarem pela esquerda. Na partida derradeira, contra a França, as várias mudanças na escalação inicial influíram também na posição de Casparij, que passou os 90 minutos na lateral esquerda, daquela vez. E foi um pouco melhor, sem grandes falhas como as vistas contra a Inglaterra. Mas só "um pouco": vale lembrar que ela cometeu, já nos acréscimos, o pênalti convertido por Sakina Karchaoui para completar o 5 a 2 das "Bleues" francesas. De todo modo, Casparij deverá ser titular nos próximos tempos da seleção holandesa. Mas precisa ter sua posição melhor definida na lateral: será direita - onde dificilmente terá concorrentes, por atacar melhor - ou esquerda, onde Caitlin Dijkstra é melhor defensivamente?

2 - Lynn Wilms (2 jogos, 117 minutos jogados): Sempre útil como reserva, em termos defensivos, até que Wilms apareceu mais do que esperava. Com o jogo contra o País de Gales resolvido, na estreia, a defensora teve chances na lateral direita, substituindo Kerstin Casparij no meio do segundo tempo (mais precisamente, aos 19 minutos). Com a capacidade de desarmes - roubou a bola tantas vezes quanto Casparij na Euro, 6 -, Wilms recebeu a preferência de jogar na lateral direita os 90 minutos contra a França. Até se esforçou na defesa, só que por seu lado, em algumas desatenções, a França trouxe perigo, e por fim fez o gol que abriu o placar com Sandie Toletti. De todo modo, se entrou na Euro sem clube, Wilms se mostrou o suficiente. Antes mesmo da participação holandesa terminar, já teve anunciada sua transferência para o Aston Villa. Na liga inglesa, Wilms tem condições de manter ritmo de jogo em cenário competitivo. Logo, tem condições de seguir nas convocações da Holanda. Quem sabe, até, sendo mais titular do que reserva. Não que Wilms tenha se destacado, mas diante da fraqueza holandesa em geral, até que a aparição na Euro não foi tão ruim...

22 - Ilse van der Zanden (não jogou)

Sherida Spitse é cada vez mais questionada. Mas não foi de todo ruim nesta Euro. E mesmo com a idade avançada, já adianta que segue à disposição nas Leoas Laranjas (GSI/Icon Sport/Getty Images)

ZAGUEIRAS

20 - Dominique Janssen (3 jogos, 270 minutos jogados): Aos 30 anos de idade, certamente Janssen tem qualidade técnica e experiência para se converter numa das líderes holandesas nas eliminatórias da Copa de 2027. Todavia, nesta Eurocopa malograda para as holandesas, Janssen foi das jogadoras mais atingidas pelas críticas. Nem tanto contra o País de Gales - afinal de contas, em que pesassem algumas chances das "Dragoas" no fim do 1º tempo, as Leoas Laranjas mal sofreram defensivamente. Mas nos jogos contra as adversárias diretas pelas vagas nas quartas de final (quem duvidava?), Janssen sofreu. Primeiro, com as inglesas: quase sempre mal posicionada e lenta, a zagueira da camisa 20 foi presa fácil para Alessia Russo se converter na melhor jogadora daquela goleada por 4 a 0. Depois, com as francesas: se houve esperança laranja em conseguir o "Milagre de Basileia" ao sair para o intervalo vencendo por 2 a 1, no intervalo partiu de um erro de Janssen a jogada em que Marie-Antoinette Katoto empatou a partida, catapultando a França para a virada e a goleada. Tantos erros fizeram com que Janssen fosse das mais criticadas jogadoras neerlandesas, mais criticada até do que Sherida Spitse, habitual "bode expiatório" da defesa das Leoas Laranjas - isso, sendo a única das 23 convocadas que atuou em todos os minutos holandeses na Euro. Isso sinaliza que Janssen tem condições de seguir importante. Mas precisará melhorar. De fato, foi mal na Euro.

8 - Sherida Spitse (3 jogos, 148 minutos jogados): Após a derrota para a França, na zona mista, Spitse negou a expectativa sobre a Euro ser o capítulo final de sua longa história pela seleção feminina da Holanda (Países Baixos): "Posso não jogar mais, claro, mas renovei contrato com o Ajax, por dois anos. Enquanto eu tiver ânimo, vou continuar". A dúvida é se talvez a sequência de Spitse seja bem vinda por imprensa e torcida, porque a volante/zagueira é cada vez mais o "bode expiatório" das críticas sobre a decadência da seleção holandesa. Críticas que, pelo menos nesta Euro, nem precisavam de tanta intensidade. Porque, diante de uma atuação defensiva terrível contra a Inglaterra, Spitse saiu do banco no intervalo, substituindo Veerle Buurman, e de fato acalmou um pouco a equipe. Até mesmo levou a bola ao ataque, com alguns lançamentos. Entretanto, um dos pontos mais criticados de Spitse foi visto na jogada do terceiro gol inglês, quando Keira Walsh ganhou a jogada facilmente na corrida sobre Spitse, pela esquerda. Falhas como essa levam a capitã holandesa (sempre que está em campo, a braçadeira é dela) a ser cada vez mais questionada. Com certa justiça. Mas também com certo exagero. Fica a questão se a presença de Spitse será considerada rumo à Copa de 2027. Pode até ser, pois não foi desastrosa como se temia. Mas será cercada de polêmica: para muitos, Spitse deveria ficar de fora.

4 - Veerle Buurman (2 jogos, 126 minutos jogados): Na estreia contra o País de Gales, aconteceu o que se esperava: com apenas 19 anos, Buurman já recebeu a preferência como titular. E foi bem, naquele jogo: com longos lançamentos, acelerava os ataques holandeses - inclusive, um lançamento da zagueira começou a jogada do segundo gol naquela vitória por 3 a 0. Contra a Inglaterra, inclusive, mesmo em atuação desastrosa das defensoras holandesas como um todo, Buurman foi quem menos falhou. Contudo, ali terminou sua participação na Eurocopa: durante o primeiro tempo, teve um corte na boca, e mesmo que isso não impedisse sua continuação no jogo, Buurman acabou saindo para ceder lugar a Sherida Spitse, mais experiente, e não voltaria a entrar em campo. De todo modo, sua experiência valeu, e a jovem ficou pouco "chamuscada". É outra que certamente ficará para o ciclo que virá.

3 - Caitlin Dijkstra (3 jogos, 61 minutos jogados): mesmo numa Euro péssima para as marcadoras holandesas, Dijkstra acabou passando sem tanta pressão como outras colegas de zaga. Não que tenha ido bem: a partida em que mais jogou foi justamente os 4 a 0 contra a Inglaterra, quando veio a campo no intervalo, para substituir Esmee Brugts na lateral esquerda - e teve um dos gols das Lionesses saindo por seu setor. De todo modo, no restante da fase de grupos, a defensora jogou pouco: os nove minutos finais contra o País de Gales, e os seis minutos finais contra a França. Talvez, ganhando mais cancha na lateral esquerda, Dijkstra pode resolver o problema crônico que é a escalação de Esmee Brugts, mais ofensiva (até demais), naquela posição. É ver como será sua sequência no Wolfsburg.

Veloz, ofensiva, persistente: talvez Victoria Pelova tenha sido a única jogadora da Holanda (Países Baixos) a sair ganhando na malograda campanha na Euro (Aitor Alcalde/UEFA/Getty Images)

MEIO-CAMPISTAS

17 - Victoria Pelova (3 jogos, 269 minutos jogados, 2 gols, 1 passe para gol): Se houve uma holandesa, uma única holandesa, a ter coisas boas para se lembrar desta Euro, foi a meio-campista da camisa 17. E isso já se viu no jogo de estreia das Leoas Laranjas: nos 3 a 0 contra o País de Gales, Pelova se destacou não só pelo gol que fez, mas pela velocidade que deu, jogando mais adiantada, como ponta-esquerda. E se passou em branco nos 4 a 0 sofridos para a Inglaterra (até pela péssima atuação holandesa como um todo), Pelova foi a principal responsável pela fugaz esperança que os Países Baixos tiveram contra a França. No primeiro tempo, fez o (belo) gol de empate nas francesas, cruzou a bola que Selma Bacha completou acidentalmente para as redes no gol contra, chamou a responsabilidade, criou jogadas, avançou... enfim, Pelova mostrou que pode até ser uma líder nos próximos anos da seleção holandesa feminina. Mostrou que, se a recuperação do rompimento do ligamento cruzado anterior foi bem feita, certamente terá seu espaço no Arsenal. E pode entrar num círculo virtuoso em sua carreira.

14 - Jackie Groenen (3 jogos, 265 minutos jogados): para uma das três jogadoras com mais minutos jogados nesta Euro, Jackie Groenen apareceu pouco demais para a seleção. Em alguns momentos, isso pode ser encarado de maneira positiva: contra o País de Gales, na estreia vitoriosa das Leoas Laranjas, Groenen foi daquelas que apareceu pouco e ajudou muito, sempre a postos para desarmes limpos, iniciando as jogadas com a distribuição de bola. Nos jogos seguintes, porém, a pouca aparição indica pontos a melhorar: Groenen tentou ajudar na marcação - frouxíssima - do meio-campo holandês contra Inglaterra e França, até cartão amarelo tomou na derrota para as francesas, mas não teve sucesso. Ainda assim, só o fato de ser a jogadora com mais acerto de passes na Holanda (90%) indica que Groenen tem sua importância no time. Muita importância. Seguirá para o trabalho tentando a vaga na Copa de 2027, com plenas condições de ser titular absoluta - e uma das líderes da equipe.

18 - Wieke Kaptein (3 jogos, 202 minutos jogados): Entre os rescaldos da má campanha, Kaptein ficou do lado de quem ainda merece voto de confiança. Na parte boa, Kaptein mostrou vontade de jogar, participou da criação de ataque nos 3 a 0 sobre o País de Gales, recebeu confiança para ser escalada contra a Inglaterra. Na parte ruim, Kaptein já aumentou a voz, mesmo antes de completar os 20 anos de idade que fará, para reclamar ter começado no banco contra a França: "Eu não soube de nada. No treino, só vi os coletes sendo distribuídos, ninguém me falou nada. Acho que tinha jogado bem contra a Inglaterra". De todo modo, cada vez mais preponderante na parte ofensiva do meio-campo - até incrível para uma novata -, Kaptein tende a ganhar cada vez mais importância na seleção feminina da Holanda (Países Baixos), nos próximos anos. A "mascote" da Copa de 2023 aprendeu bem as lições em 2025...

10 - Daniëlle van de Donk (3 jogos, 172 minutos jogados, 1 passe para gol): Se Van de Donk entrou na Eurocopa dando a impressão de que seria seu último torneio vestindo laranja, "Daantje" sai do torneio continental deixando uma porta entreaberta. Brilhou a ponto de deixar saudades? Nem tanto. Mas a camisa 10 jogou bem nos 3 a 0 sobre o País de Gales, não só pelo cruzamento para o gol de Victoria Pelova, mas por ter acelerado as jogadas, com passes rápidos. Em clubes, ficou com a imagem rediviva ao ser anunciada como reforço do London City Lionesses, que chega ambicioso à primeira divisão inglesa. Ao ser colocada na reserva contra a Inglaterra (e causar polêmica colateral: o técnico Andries Jonker alegou que tomou a decisão por dores leves de Van de Donk, mas ela comentou que se sentia bem o suficiente para começar jogando), não só escapou do peso dos 4 a 0 tomados, como também teve sua falta sentida por torcida e imprensa, já que poderia ajudar as holandesas a manterem a posse de bola. Ela entrou aos 66' (21 minutos do 2º tempo), mas aí já não havia muito a fazer. Contra a França, de volta às titulares, Van de Donk nem apareceu tanto, mas já tinha apagado o tom de despedida que sua participação nesta Euro poderia ter, embora fosse uma despedida. Tanto que tudo isso apareceu na sua declaração mais repercutida após a eliminação, à emissora NOS: "Foi meu último torneio [pela seleção]. Mas se Arjan [Veurink, próximo técnico da Holanda] quiser, pode me ligar. Não foi minha última partida". É ver qual a aparição que Van de Donk terá nas eliminatórias da Copa de 2027. Se é que terá...

21 - Damaris Egurrola Wienke (2 jogos, 11 minutos jogados): "Tento ver o lado positivo de tudo. Também posso aprender muito com essa situação, mas às vezes fico mal, não consigo fazer isso. Quando estou aqui, tento fazer o meu melhor". Com este lamento sincero ao diário De Volkskrant, durante a Euro, Damaris revelou indiretamente o quanto é mal utilizada na seleção holandesa de mulheres. Parece incrível que uma meio-campista titular absoluta no OL Lyonnes (o ex-Lyon), um dos times mais prestigiosos do futebol feminino na Europa, só tenha jogado 11 minutos nesta Eurocopa. E não foi por estar machucada, não: Damaris passou a maior parte do tempo na reserva, entrou nos cinco minutos finais - mais acréscimos - contra a Inglaterra, nos seis minutos finais contra a França, e foi só. A revista Voetbal International até alfinetou: "Para ser reserva, algum motivo existe. Damaris Egurrola geralmente mostrou que não alcança o nível [para ser titular]". Mas como mostrar nível, sem muitas chances? Só resta à volante manter esperanças na nova fase das Leoas Laranjas, sob o comando de Arjan Veurink: "Claro que penso em minha situação. Não posso mentir. Vem aí alguém diferente, com talvez uma comissão completamente nova: um novo começo". Voto de confiança do treinador vindouro, Damaris merece.

Vivianne Miedema mostrou, em campo, que segue em plenas condições técnicas de liderar a Holanda (Países Baixos). Mas as dúvidas sobre as condições físicas seguem... (Marcio Machado/Eurasia Sport Images/Getty Images)

ATACANTES

6 - Jill Roord (3 jogos, 203 minutos jogados): Nesta Eurocopa, Roord sempre esteve a um passo do destaque, sem conseguir alcançá-lo jamais. Na estreia contra o País de Gales, a atacante foi das melhores das Leoas Laranjas em campo: jogando pela ponta esquerda, a camisa 6 ajudava na criação de jogadas de ataque, sem deixar de lado a finalização - tanto que acertou a bola na trave por duas vezes. Só faltou isso: o seu momento de destaque. Que não veio nem contra a Inglaterra, quando a equipe dos Países Baixos foi praticamente nula no ataque. Nem contra a França, quando nomes quando Victoria Pelova e Lineth Beerensteyn apareceram mais na frente. Ainda assim, não se pode dizer que Roord foi nula nesta Eurocopa feminina. Tem condições de ser nome de ponta na seleção, para os anos que virão. Aliás, dependendo da condição física de Vivianne Miedema, talvez seja até protagonista.

7 - Lineth Beerensteyn (3 jogos, 154 minutos jogados, 1 passe para gol): Na habitual postagem em perfil pessoal no Instagram após a eliminação, Beerensteyn confessou: "Os altos e baixos neste torneio me ensinaram muito sobre resiliência e paixão". A atacante sabia do que estava falando. Afinal de contas, por muito pouco uma lesão muscular sofrida no fim da temporada passada não causou seu corte da convocação (até por isso, Shanice van de Sanden seguiu com a delegação neerlandesa, mesmo sem estar na lista oficial). Mas Beerensteyn se concentrou na recuperação - tanto no treinamento no centro da federação holandesa, na cidade de Zeist, quanto na estadia da delegação na cidade suíça de Spiez. Foi premiada: entrou em campo aos 26 minutos do segundo tempo contra o País de Gales, e até teve lá suas chances de marcar gol. Contra a Inglaterra, passou em branco como todo o ataque holandês, vindo a campo para o segundo tempo. Mas no duelo derradeiro, contra a França, Beerensteyn se esforçou para ajudar enquanto as Leoas Laranjas tiveram chance de classificação - tanto que desviou na bola, no lance do gol contra da francesa Selma Bacha. Enfim, a camisa 7 também lamentou. Mas fez sua parte. Participar da Euro já foi algo, e Beerensteyn ainda terá algum tempo de seleção pela frente.

11 - Esmee Brugts (3 jogos, 138 minutos jogados, 1 gol): Brugts sempre foi tida como alguém cujo potencial ainda não foi aproveitado completamente na seleção feminina da Holanda. Em grande parte, por jogar como (falsa) lateral esquerda, sempre partindo para o ataque quando Jill Roord caía para o meio. Pelo menos, na estreia contra o País de Gales, deu certo: ela sempre foi opção de ataque, participou bem, e foi coroada com seu gol. Só que o começo promissor logo se esboroou. Com as falhas defensivas vistas contra a Inglaterra, Brugts foi um dos "bodes expiatórios", substituída por Caitlin Dijkstra no intervalo. Nas várias mudanças para a escalação que começaria contra a França, Brugts foi uma "vítima", começando no banco e só entrando na metade do segundo tempo (67' - 22 minutos), tão logo as Azuis haviam marcado o quarto gol, e pouco se podia fazer para evitar a eliminação holandesa. Enfim, Brugts seguiu sendo aproveitada de maneira aparentemente inadequada, em termos táticos. A ver o que se passará com ela sob o comando de Arjan Veurink.

9 - Vivianne Miedema (2 jogos, 137 minutos jogados, 1 gol): Nos últimos três meses, Miedema teve apenas uma coisa na cabeça: estar na Eurocopa, voltar a aparecer num grande torneio pela seleção feminina da Holanda (Países Baixos). Por causa disso, chegou a ponto de levar um fisioterapeuta a tiracolo para as curtas férias na Grécia, antes da apresentação para os primeiros trabalhos de preparação neerlandesa rumo à Euro. Deu certo: já no último amistoso de preparação, nos 2 a 1 sobre a Finlândia, dois gols da camisa 9, que dava a torcida e imprensa neerlandesas a certeza de que ela estava pronta para ser titular e capitã da equipe. E na estreia contra o País de Gales, quando teve enfim espaço para atacar, Miedema fez um gol que comprovava seu talento e fazia história: com um chute colocado, no canto esquerdo da goleira Olivia Clark, a atacante colocou a bola na rede pela 100ª vez em sua carreira, vestindo laranja. Foi justamente festejada. Pena que foi o último grande momento de Miedema na Euro. Contra a Inglaterra, ela até teve uma chance, no primeiro tempo. Mas não teve espaço nem bola nos pés, foi substituída no intervalo... e, começando como reserva, em decisão questionada, não saiu do banco contra a França. As razões de Andries Jonker: "Ela não entrou porque já tinha jogado duas partidas como titular. Na condição física dela, três são demais". A grande dúvida segue: Miedema terá condições físicas de liderar a seleção da Holanda nas eliminatórias para a Copa de 2027? Porque, condições técnicas, ela lembrou a todos que tem, enquanto esteve em campo. Ainda pode fazer diferença.

12 - Chasity Grant (3 jogos, 185 minutos jogados, 1 passe para gol): Grant acabou aparecendo mais do que se pensava nesta Eurocopa. Em primeiro lugar, porque aproveitou bem os 26 minutos que passou em campo na estreia contra o País de Gales: ao substituir Daniëlle van de Donk, Grant foi bem ativa pela direita do ataque. E em segundo lugar, porque a partir disso, já recebeu responsabilidade grande: começar jogando contra a Inglaterra, na segunda partida. Porém, a partir disso as coisas desandaram: como Vivianne Miedema, Grant até começou fazendo coisa que valesse no ataque, mas logo seu desempenho decaiu, como com toda a seleção holandesa naqueles 4 a 0 sofridos em Zurique. Ainda foi titular contra a França, mas pouco apareceu - só participou da jogada do gol de Victoria Pelova. E saiu da Eurocopa com a aparição sem o resultado promissor que pareceu ter. Mas há possibilidades para Grant nos próximos anos.

13 - Renate Jansen (1 jogo, 2 minutos jogados): antes mesmo da Eurocopa começar, Renate Jansen também indicava que começava a reta final de sua carreira, na seleção e no futebol feminino em geral. No tocante às Leoas Laranjas, sua participação final teve o mesmo tom das anteriores: apenas uma opção confiável no banco. Na verdade, com até mais discrição: a entrada de Renate contra a França, substituindo Victoria Pelova no último minuto, serviu mais como uma homenagem tardia, um reconhecimento pelos serviços prestados em 15 anos de trajetória nas Leoas Laranjas. E a própria atacante confirmou, em seu perfil no Instagram: "Olho com orgulho para seis torneios fantásticos, cheios de memórias lindas, com ótimas colegas de grupo". Agora, é partir para o que Jansen já disse ser a última temporada como jogadora, no PSV. Aqui, ela é destaque. Na seleção holandesa, foi uma coadjuvante útil.

15 - Katja Snoeijs (não jogou)

5 - Romée Leuchter (não jogou)

Andries Jonker se queixou (com certa justiça) do anúncio antecipado de sua saída da seleção feminina holandesa. Mas não "se ajudou" muito (ProShots/Getty Images)

Andries Jonker (técnico)

Já começando a Eurocopa feminina sabendo que era seu último torneio à frente da seleção feminina da Holanda (Países Baixos), Andries Jonker tinha todo o direito de estar chateado com o que foi considerado precipitação da federação no anúncio da decisão. Até porque seu trabalho - pouco menos de três anos - foi razoável. Entretanto, a reta final dele deu toda a impressão de que, de fato, Jonker tinha "batido no teto", tinha alcançado seu limite. Primeiro, com os preocupantes resultados na reta final da fase de grupos da Liga das Nações - preocupantes a ponto de fazer Jonker pensar até em antecipar sua saída (ele só decidiu ficar ao "provocar o brio" das convocadas, levando uma camiseta da seleção e fazendo com que todas se comprometessem a assiná-la, num pacto de união). Depois, com oscilações vistas até num amistoso de preparação, o 2 a 1 na Finlândia, que foi superior na etapa final. E finalmente, com decisões polêmicas na fase de grupos. Primeiro, contra a Inglaterra: ao tirar Daniëlle van de Donk e colocar Chasity Grant no onze que começou o jogo, Jonker acabou tirando força do meio-campo holandês - e as inglesas tiveram campo livre para aproveitar, acuar a Holanda na defesa e golear por 4 a 0. Depois, a própria escolha por deixar Van de Donk no banco foi questionada pela meio-campista. Finalmente, as alterações feitas no time que começou contra a França soaram a desespero, e até a precipitação (quando nada, porque Vivianne Miedema, a melhor atacante, começou no banco). Até deram certo por um tempo, já que os Países Baixos começaram intensas como nunca em campo na Euro. Mas a eliminação deixou claro: Andries Jonker podia até estar irritado com a federação, mas não se ajudou...

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Análise da temporada: pobreza por pobreza

Este Campeonato Holandês teve muita oscilação e pouco brilho técnico. Mas o PSV bicampeão não está (e não tem de estar) nem aí com isso... (Joris Verwijst/BSR Agency/Getty Images)

"De kampioen van de armoede". Em holandês, o "campeão da pobreza". Em geral, é assim que os holandeses se referem a um time que tenha conquistado o Campeonato Holandês numa temporada nivelada por baixo. Ou seja: foi um campeão, merece seu respeito, mas num torneio que não foi lá dos melhores. De certa forma, este é o clima para a temporada 2024/25. Porque o PSV foi bicampeão, como até se previa, mas com altos e baixos inesperados ao longo da temporada. Contudo, o vice-campeão Ajax simbolizaria até melhor o conceito de pobreza criticado por quem tenha acompanhado a Eredivisie. Para muitos, o técnico Francesco Farioli foi o melhor do time de Amsterdã, conseguindo tirar o máximo de um grupo com poucos - pouquíssimos, até - recursos técnicos. Mas mesmo assim, a derrocada Ajacied nas cinco últimas rodadas (de líder com nove pontos de vantagem, quando a 30ª rodada começou, a perder o campeonato) foi feia a ponto de fazer muitos minimizarem este feito.

De todo modo, mesmo oscilando, o PSV teve vários bons jogadores no campeonato: o brasileiro Mauro Júnior, Guus Til, Malik Tillman, Noa Lang, Luuk de Jong (em menor escala), Ivan Perisic (principalmente na reta final da temporada). No Ajax, foi até divertido de ver como Davy Klaassen parece ter no clube o seu habitat natural, e ver a reação de Kenneth Taylor, após queda na carreira nos últimos anos depois de um bom começo. No Feyenoord, Igor Paixão foi o mais notável, precisando fazer uma temporada que justificasse a transferência que um dia ele deseja para um torneio mais competitivo (e talvez realizará). E o que dizer do Go Ahead Eagles, indo além do que já fora em 2023/24, no grande momento de sua história, em outra boa campanha na liga, além do título marcante na Copa da Holanda?

Deve-se reconhecer: sim, a Eredivisie desta temporada teve poucos momentos de destaque. Não, os clubes holandeses não brilharam muito em competições europeias: até foram mais além do que em 2023/24, mas todos foram despachados nas oitavas de final. Ainda assim, houve algo a se elogiar. Pobreza por pobreza, sempre há algo bom. Que a riqueza seja maior em 2025/26.

Análise da temporada: Almere City

Kadile (sentado, ao lado do lateral direito Dankerlui) foi quem mais tentou. Mas um nome era pouquíssimo para impedir a queda previsível do Almere City (Pieter van der Woude/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 18º lugar, com 22 pontos (4 vitórias, 10 empates e 20 derrotas - rebaixado diretamente)
No turno havia sido: 17º lugar, com 9 pontos
Time-base: Bakker; Akujobi, Visus, Lawrence (Jacobs) e Zagaritis; Haye e Tahiri (Ritmeester van de Kamp/Nalic); Hansen, Robinet e Kadile; Brym
Técnico: Hedwiges Maduro (até a 16ª rodada), Anoush Dastgir (interino, na 17ª rodada) e Jeroen Rijsdijk (a partir da 18ª rodada)
Maior vitória: Almere City 3x0 Heerenveen (17ª rodada)
Maior derrota: Almere City 1x7 PSV (3ª rodada)
Principais jogadores: Junior Kadile (atacante)
Artilheiro: Junior Kadile (atacante), com 4 gols  
Quem deu mais passes para gol: Thom Haye (meio-campista), Kornelius Hansen (meio-campista/atacante), Thomas Robinet (meio-campista/atacante), Ruben Providence (meio-campista) e Charles-Andreas Brym (atacante), todos com 2 passes
Quem mais partidas jogou: Nordin Bakker (goleiro) e Vasilis Zagaritis (lateral esquerdo), ambos com 32 partidas
Copa nacional: eliminado pelo Quick Boys (terceira divisão), na primeira fase
Competições continentais: nenhuma

Se o RKC Waalwijk teve a primeira parte da "crônica de um rebaixamento anunciado", a do Almere City foi a segunda. Já se sabia, com as várias saídas que o clube teve, que seria difícil repetir a façanha da permanência em 2023/24. De fato, não chegou a ser difícil: foi impossível, mesmo. O clube até ficou fora da zona de repescagem/rebaixamento nas duas primeiras rodadas, mas ao tomar os 7 a 1 do PSV na terceira rodada, entrou nela para não sair mais. Nem mesmo as trocas de técnico mudaram muita coisa: Jeroen Rijsdijk, ex-Sparta Rotterdam, fez o possível, mas o Almere parecia incapaz de reagir.

2024 terminou, 2025 começou, e o Almere City seguiu apenas se alternando entre última e penúltima posição com o RKC Waalwijk. Teve bons momentos, é verdade (a vitória por 1 a 0 no Utrecht, na 22ª rodada, fora de casa), mas a fraqueza ofensiva do time assustava. Somente o ponta-esquerda Junior Kadile mostrava alguma mobilidade. Nem mesmo a chegada de um nome para tentar os gols - o canadense Charles-Andreas Brym, ex-Sparta Rotterdam - impediu o time de Almere de ter o pior ataque da temporada, com apenas 23 gols em 34 rodadas. A queda consolidada na penúltima rodada, com um empate com o Fortuna Sittard (1 a 1), até aliviou o sofrimento. Na volta à segunda divisão, a intenção é tentar rondar as primeiras posições, para que os dois anos na Eredivisie não tenham sido uma lembrança agradável que logo ficará pequena.

Análise da temporada: RKC Waalwijk

Mohamed Ihattaren deu esperanças na retomada de sua carreira, o RKC Waalwijk tentou mais no returno... mas o rebaixamento foi inescapável (Jeroen Putmans/ANP/Getty Images)

Colocação final: 17º lugar, com 25 pontos (6 vitórias, 21 derrotas e 7 empates - rebaixado diretamente)
No turno havia sido: 18º lugar, com 7 pontos
Time-base: Houwen (Spenkelink/Van Osch); Al Mazyani, Lelieveld, Van Gelderen e Familia-Castillo (Meijers); Van de Loo (Roemeratoe) e Oukili; Cleonise (Lokesa), Ihattaren e Margaret; Zawada (Kramer)
Técnico: Henk Fräser
Maior vitória: RKC Waalwijk 5x0 NAC Breda (22ª rodada)
Maior derrota: Groningen 6x1 RKC Waalwijk (31ª rodada)
Principal jogador: Mohamed Ihattaren (meio-campista)
Artilheiro: Oskar Zawada (atacante), com 9 gols  
Quem deu mais passes para gol: Richonell Margaret (atacante), com 6 passes
Quem mais partidas jogou: Richonell Margaret (atacante), com 32 partidas
Copa nacional: eliminado pelo Utrecht, nas oitavas de final
Competições continentais: nenhuma

Este texto sobre os Waalwijkers poderia bem ser intitulado "crônica de um rebaixamento anunciado - parte 1". Desde a primeira metade da temporada, o RKC já parecia condenado a ser um dos dois clubes rebaixados diretamente à Eerste Divisie, a segunda divisão neerlandesa. No primeiro turno, até mais: foram oito derrotas nas oito primeiras rodadas, o time já tinha a pior defesa do campeonato... e desde então, já parecia claro que o trabalho de dois anos do técnico Henk Fräser não tinha mais de onde tirar, não tinha mais caminhos a seguir. O que não quer dizer que Fräser tenha brigado com ninguém, ou mesmo que a torcida tenha sido irritadiça: o destino cruel parecia ser aceito desde o começo da Eredivisie. Até porque o clube jamais saiu das duas últimas posições da tabela. Se serve de consolo, o RKC Waalwijk tentou mais do que o outro rebaixado. Tinha mais opções no ataque: tanto o polonês Oskar Zawada quando o experiente Michiel Kramer faziam seus gols, Richonell Margaret tinha alguma velocidade na ponta... 

E houve a agradável surpresa de Mohamed Ihattaren, enfim voltando ao futebol profissional após muito tempo com problemas psicológicos (e até suspeitas policiais). Acompanhado por um psicólogo, Ihattaren mostrou foco em campo, teve habilidade no meio e no ataque, e mostrou lampejos da promessa que um dia foi no PSV, já há algum tempo. Tudo isso levou o RKC a ser um pouquinho melhor, e até a ter três vitórias seguidas, entre a 20ª e a 22ª rodadas. Mas só um pouquinho: a fragilidade defensiva impedia qualquer ascensão de longo prazo na tabela. Duas sequências de derrotas (quatro, entre a 23ª e a 27º; e três, entre a 29ª e a 31ª) começaram a confirmar o destino. E quando houve a goleada sofrida para o Groningen - 6 a 1, na 31ª rodada -, digna da pior defesa do campeonato (74 gols sofridos), ficou claro que o rebaixamento era questão de tempo. Mesmo vencendo na antepenúltima rodada (3 a 1 no Heerenveen), mesmo chegando à última rodada com chances de alcançar a "segunda chance" via repescagem de acesso/permanência, tais chances eram remotíssimas: o time auriazul teria de vencer o Go Ahead Eagles e descontar dez gols de desvantagem no saldo, para o Willem II. Vencer, o RKC venceu (5 a 3). Mas a desvantagem no saldo decretou o rebaixamento, após seis anos de Eredivisie. Caberá a Sander Duits, substituto de Henk Fräser como técnico, tentar fazer um time mais seguro na defesa para o bate-e-volta.

Análise da temporada: Willem II

O atacante Kyan Vaesen teve todos os motivos para lamentar: o Willem II, tão seguro no primeiro turno, despencou incrivelmente no returno. Decepcionou justamente na decisão da repescagem. E está rebaixado (Marcel van Dorst / EYE4images/Getty Images)

Colocação final: 16º lugar, com 26 pontos (6 vitórias, 8 empates e 20 derrotas) - rebaixado via repescagem
No turno havia sido: 9º lugar, com 22 pontos (na frente pelo maior número de gols)
Time-base: Didillon-Hödl; Doodeman (Schouten), St. Jago, Behounek, Tirpan e Sigurgeirsson (Nizet); Meerveld, Bosch e Lambert (Sandra); Vaesen (Kehrer) e Bokila
Técnico: Peter Maes (até a 30ª rodada) e Kristof Aelbrecht (a partir da 31ª rodada)
Maior vitória: Willem II 4x1 NEC (17ª rodada)
Maior derrota: Twente 6x2 Willem II (18ª rodada)
Principais jogadores: Jesse Bosch (meio-campista) e Jeremy Bokila (atacante)
Artilheiro: Jesse Bosch (meio-campista), com 4 gols 
Quem deu mais passes para gol: Nick Doodeman (ala direito) e Emilio Kehrer (meio-campo), ambos com 3 passes
Quem mais partidas jogou: Thomas Didillon-Hödl (goleiro), com 36 partidas - as 34 da temporada regular, mais duas da repescagem de acesso/permanência
Copa nacional: eliminado pelo Noordwijk (terceira divisão), na segunda fase
Competições continentais: nenhuma

Este é um texto que, a bem da verdade, ainda nem acabou. E nem deveria ter o jeito que terá. Porque, quando o primeiro turno terminou, o Willem II parecia não só seguro, mas capaz de até sonhar em disputar lugar na repescagem holandesa pela Conference League. Já começou com uma boa surpresa, arrancando empate com o Feyenoord na primeira rodada (1 a 1). Tinha uma defesa firme, com um bom goleiro deste campeonato (o francês Thomas Didillon-Hödl). Tinha um ataque capaz de ser acelerado e aproveitar os contra-ataques. E mostrava segurança suficiente. Mesmo ao cair - perdeu duas partidas seguidas na 14ª e 15ª rodadas da Eredivisie, além da eliminação na Copa da Holanda -, conseguia vencer e logo se manter seguro no meio de tabela. Seria bom se continuasse assim no returno... mas não continuou. No começo, foi uma goleada sofrida para o Twente, logo na 18ª rodada que abriu 2025: 6 a 2, a pior derrota dos Tricolores de Tilburg nesta temporada de Eredivisie. Depois, um empate (outro 1 a 1 com o Feyenoord). Mais duas derrotas - uma delas, para o rebaixado RKC Waalwijk -, um empate com o campeão PSV (1 a 1, 22ª rodada)... 

E aí, a pior sequência que um time teve neste Campeonato Holandês: oito derrotas seguidas, entre a 23ª e a 30ª rodadas. Por mais que tentasse, o técnico belga Peter Maes não conseguia melhorar a equipe. E nem os novos jogadores que entravam - Erik Schouten ficando fixo na defesa, Rob Nizet substituindo o islandês Rúnar Tór Sigurgeirsson na lateral esquerda, Emilio Kehrer jogando mais no ataque - exibiam desempenho satisfatório. Claro, sobrou para o técnico: Peter Maes foi demitido, após a 30ª rodada. E se serviu de consolo, sob o interino Kristof Aelbrecht, os Tilburgers conseguiram dois empates que, se não o tiraram da repescagem de acesso, pelo menos impediram que o RKC Waalwijk o tornasse um rebaixado direto. Ainda assim, como pior time do returno, ao contrário do que parecia no fim de 2024, o Willem II jogou sua permanência na Eredivisie, em quatro partidas na repescagem de acesso. Passou da segunda fase, superando o Dordrecht nos pênaltis. Mas a decisão contra o Telstar mostrou o pior lado: após fazer o mais difícil (arrancar empate fora de casa, 2 a 2), o time de Tilburg foi facilmente superado na volta, tomando 3 a 1 e sendo rebaixado em casa. Em meio à depressão, só surgiu a frase sincera do goleiro Didillon-Hödl: "Tivemos seis meses de merda". Difícil discordar.

Análise da temporada: NAC Breda

Esforço nunca faltou ao NAC Breda - e havia algum talento, em nomes como Leo Sauer. Mas a queda no returno foi brusca, e só os pontos com empates ajudaram o time a se salvar diretamente (Gabriel Calvino Alonso/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 15º lugar, com 33 pontos (8 vitó rias, 9 empates e 17 derrotas)
No turno havia sido: 10º lugar, com 22 pontos (atrás pelo menor número de gols)
Time-base: Bielica; Lucassen (Valerius/Busi), Greiml, Van den Bergh e Kemper; Balard e Oldrup Jensen; Leemans, Janosek (Paula/Kaied) e Sauer; Ómarsson (Van Hooijdonk)
Técnico: Carl Hoefkens
Maior vitória: NAC Breda 4x1 RKC Waalwijk (10ª rodada)
Maior derrota: RKC Waalwijk 5x0 NAC Breda (22ª rodada)
Principal jogador: Leo Sauer (meio-campista/atacante)
Artilheiros: Leo Sauer (meio-campista/atacante) e Elias Már Ómarsson (atacante), ambos com 7 gols 
Quem deu mais passes para gol: Jan van den Bergh (zagueiro), Clint Leemans (meio-campista) e Dominik Janosek (meio-campista), todos com 4 passes
Quem mais partidas jogou: Daniel Bielica (goleiro), Maximilien Balard (meio-campista) e Elias Már Ómarsson (atacante), todos com 31 partidas
Copa nacional: eliminado pelo Barendrecht (terceira divisão), na primeira fase 
Competições continentais: nenhuma

Já se notava desde que o campeonato começou: o NAC Breda poderia até cair, mas garra não lhe faltaria. Afinal de contas, mesmo entre as cinco derrotas nas sete primeiras rodadas, houvera um 2 a 1 sobre o Ajax, em casa (3ª rodada). E bem ou mal, fora encontrado um jeito de jogar, tentando proteger bastante a defesa - não raro, o time aurinegro tinha até cinco jogadores na zaga, apostando na rapidez dos contragolpes, tantos eram os pontas para tornar o ataque veloz (Adam Kaied, Raul Paula, Saná Fernandes) e passar a bola para que Elias Már Ómarsson tentasse fazer gols salvadores. Pelo menos no primeiro turno, até deu certo: com o 10º lugar ocupado, havia até esperança de surpreender mais, ou seja, chegar à repescagem por vaga na Conference League. Ainda mais com o retorno de um velho conhecido, na virada de ano: Sydney van Hooijdonk, chegando para ser mais uma opção de ataque. Mas a esperança acabou rapidamente. 

Também, pudera: a equipe de Breda foi simplesmente o segundo pior time do returno. Apenas uma vitória veio (2 a 1 no Twente, na 19ª rodada). De resto, oito derrotas e oito empates, com um time que seguia esforçado na defesa - até demais: o segundo time a mais levar cartões amarelos na temporada (60) - sem compensar no ataque (apenas 34 gols, o segundo pior ataque desta Eredivisie, mesmo com alguns jogadores razoáveis em Leo Sauer, Clint Leemans e os citados Ómarsson e Van Hooijdonk.). Ainda assim, nunca, em nenhum momento, o NAC Breda caiu para a zona de repescagem/rebaixamento. Ficou no limite, mas nunca escorregou para ela em nenhuma rodada. Talvez por nunca ter sofrido uma sequência de derrotas que o derrubassem de vez: perdeu, sim, mas empatou mais. Era ruim, mas de ponto em ponto, o time despencou menos do que o Willem II. E por isso, fica mais um ano na Eredivisie. Só que precisa ter mais qualidade técnica. Esforço não é tudo.

Análise da temporada: Heracles Almelo

Hornkamp (à esquerda) e Kulenovic fizeram o possível, mas o Heracles Almelo sofreu durante toda a temporada. O fim dela é um alívio para os Almelöers, e dá a chance da reformulação (Ed van de Pol/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 14º lugar, com 38 pontos (9 vitórias, 11 empates e 14 derrotas)
No turno havia sido: 15º lugar, com 14 pontos 
Time-base: De Keijzer; Benita, Mirani, Mesik e Rots; De Keersmaecker e Van Kaam (Bruns/Zamburek); Podgoreanu, Engels (Talvitie) e Hornkamp; Kulenovic
Técnico: Erwin van de Looi
Maiores vitórias: Heracles Almelo 4x2 Go Ahead Eagles (22ª rodada) e Heracles Almelo 4x2 Zwolle (24ª rodada)
Maior derrota: Twente 5x0 Heracles Almelo (10ª rodada)
Principais jogadores: Luka Kulenovic (atacante) e Jizz Hornkamp (atacante) 
Artilheiros: Luka Kulenovic (atacante), com 9 gols
Quem deu mais passes para gol: Mario Engels (meio-campista) e Suf Podgoreanu (meio-campista/atacante), ambos com 4 passes
Quem mais partidas jogou: Fabian de Keijzer (goleiro) e Damon Mirani (zagueiro), ambos com 32 partidas
Copa nacional: eliminado nas semifinais, pelo AZ
Competições continentais: nenhuma

Se houve um time que sofreu durante toda a temporada do Campeonato Holandês, foi o Heracles. Talvez pelo trauma restante do rebaixamento até inesperado em 2021/22, a paciência da torcida em Almelo ainda era pouquíssima. Algo que não melhorou muito com a primeira metade da temporada: a primeira vitória só veio na sexta rodada (2 a 1 no NEC), houve derrota por goleada no clássico contra o Twente (5 a 0, 10ª rodada), só três vitórias em todas as primeiras 17 rodadas, término de turno na 15ª rodada, somente uma acima da zona de repescagem/rebaixamento. Exagerada, a raiva da torcida não era: afinal, o temor de novo drama rondava. E não era a única razão.

Por mais que o desempenho dos atacantes Luka Kulenovic e Jizz Hornkamp fosse razoável; por mais que o israelense Suf Podgoreanu mostrasse até poder jogar em várias posições (de atacante de área, Podgoreanu até mesmo jogou como meio-campo); por mais que o capitão Brian de Keersmaecker exibisse alguma segurança, os Heraclieden não convenciam, mostrando a terceira pior defesa de todo o campeonato (63 gols sofridos). Nem a diretoria convencia: a falta de reforços foi a gota d'água para o técnico Erwin van de Looi se decidir pela saída, logo que a temporada acabasse. Pelo menos, o medo do rebaixamento se diluiu ao longo do returno - primeiro, pela incapacidade de Almere City e RKC Waalwijk, e depois, pelas bruscas quedas de NAC Breda e Willem II. Depois, a campanha na Copa da Holanda ajudou a restabelecer um pouco da paciência. No entanto, ficou a sensação de que os Heraclieden vão precisar de uma profunda reformulação - que já começou pelo novo técnico anunciado, Bas Sibum, vindo do Roda JC (segunda divisão). A próxima temporada já começará com alguma pressão...

Análise da temporada: Groningen

O medo do Groningen chegou a ser grande. Mas um salto notável ocorreu, a maior calma fez nomes como Valente despontarem, e a temporada terminou mais tranquila (Cor Lasker/ANP/Getty Images)

Colocação final: 13º lugar, com 39 pontos (10 vitórias, 9 empates e 15 derrotas - atrás pelo pior saldo de gols, -13)
No turno havia sido: 14º lugar, com 16 pontos 
Time-base: Vaessen; Bacuna (Rente), Blokzijl, Stam (Ekdal) e Prins (Peersman); De Jonge (Oosting) e Resink; Schreuders, Valente e Seuntjens (Postema/Willumsson); Van Bergen
Técnico: Dick Lukkien
Maior vitória: Groningen 6x1 RKC Waalwijk (31ª rodada)
Maior derrota: NEC 6x0 Groningen (11ª rodada)
Principal jogador: Luciano Valente (meio-campista/atacante)
Artilheiros: Jorg Schreuders (meio-campista), Stije Resink (meio-campista) e Thom van Bergen (atacante), ambos com 5 gols
Quem deu mais passes para gol: Luciano Valente (meio-campista), com 7 passes
Quem mais partidas jogou: Thom van Bergen (atacante), com 32 partidas
Copa nacional: eliminado pelo AZ, na segunda fase
Competições continentais: nenhuma

Depois de se aliviar com o rápido retorno à primeira divisão, o time do norte dos Países Baixos teve uma temporada em estado de alerta, por algum tempo. Principalmente no primeiro turno, quando o time sofria com a inconstância no ataque, e em especial, nas rodadas finais de 2024: ficando sem vencer em duas rodadas e vendo um jogo suspenso, os Groningers despencaram para a 14ª posição. Ainda havia alguma segurança sobre a zona de repescagem/rebaixamento, mas ela acabou assim que 2025 começou: com só uma vitória e duas derrotas nas quatro primeiras rodadas do returno, veio a queda para a 15ª posição. Só uma acima da zona de repescagem/rebaixamento. Mas o Groningen foi a comprovação mais visível de como o equilíbrio no meio de tabela foi gigante nesta temporada. Porque, na 22ª rodada, veio uma vitória (2 a 1 no NEC). Na 23ª, outra (3 a 1 no Willem II, fora de casa). 

E a ascensão na tabela foi impressionante: entre outros resultados e a proximidade da pontuação das equipes, o Groningen foi de 15º a 8º em uma rodada, sem escalas. E aproveitou bem esta ascensão: ali se alojou mais no meio de tabela, começando a ter perspectivas de repescagem na Conference, tendo um cenário mais calmo para os destaques aparecerem. E eles apareceram, principalmente no ataque. Que o diga Luciano Valente: o meio-campista deixou as hesitações de lado e cresceu de produção a ponto de virar um nome cotado para se transferir a um grande clube holandês (leiam-se PSV ou Feyenoord) em 2025/26. Claro, uma hora a arrancada acabou, com três derrotas seguidas. E se o sobe-desce ajudou a diminuir o alerta, frustrou a chance de repescagem: chegando ao 9º lugar na 31ª rodada, ao golear o RKC Waalwijk (6 a 1), o gás faltou na reta de chegada - duas derrotas, um empate, e o escorregão para o 13º posto. Pelo menos, o empate colocou o Groningen como coadjuvante da virada no destino do título: foi o empate que tirou o Ajax da liderança (2 a 2). E pelo menos, o alívio já estava garantido. Se o objetivo na volta à Eredivisie era ficar nela, como fosse, o Groningen ficou. 

Análise da temporada: Sparta Rotterdam

Com a ajuda de nomes como Zechiel, o Sparta conseguiu embalar num momento, afastar os medos do começo da temporada e ficar a salvo (ProShots)

Colocação final: 12º lugar, com 39 pontos (9 vitórias, 13 derrotas e 12 empates - na frente pelo maior saldo de gols, -4)
No turno havia sido: 16º colocado, com 12 pontos
Time-base: Olij; Bakari, Young (Meissen), Eerdhuijzen e Van Aanholt; Zechiel, Hlynsson (Kitolano) e Clement; Van Bergen (Nassoh), Lauritsen e Mito
Técnico: Jeroen Rijsdijk (até a 10ª rodada), Nourdin Boukhari (interino, na 11ª rodada) e Maurice Steijn (a partir da 12ª rodada)
Maior vitória: Sparta Rotterdam 4x0 Willem II (24ª rodada)
Maior derrota: Sparta Rotterdam 1x4 Utrecht (11ª rodada)
Principal jogador: Tobias Lauritsen (atacante) 
Artilheiro: Tobias Lauritsen (atacante), com 9 gols  
Quem deu mais passes para gol: Pelle Clement (meio-campista), com 4 gols
Quem mais partidas jogou: Nick Olij (goleiro), com 32 partidas
Copa nacional: eliminado na segunda fase, pelo Go Ahead Eagles
Competições continentais: nenhuma

O medo era grande. De um time que figurara nas duas mais recentes repescagens por vaga na Conference League, o Sparta Rotterdam caíra para a antepenúltima posição, que o forçaria a disputar a repescagem de acesso/permanência. Pior: o técnico Maurice Steijn, de tanto destaque em 2022/23, já estava de volta, mas os Spartanen demoravam a embalar novamente, pelo menos na reta final do primeiro turno. Para não voltar a sofrimentos anteriores, era bom reagir assim que 2025 começasse e a pausa de inverno acabasse. A ação começou na diretoria, que trouxe três reforços importantes no returno, todos por empréstimo: os meio-campistas Gjivai Zechiel e Kristian Hlynsson, e o atacante Mitchell van Bergen. Tudo isso já ajudou nas quatro rodadas iniciais do segundo turno, com dois empates e duas vitórias, fazendo a equipe de Roterdã ensaiar um respiro. Mas era pouco: a equipe ainda estava parada na 16ª posição. A necessidade de reação ficava cada vez mais urgente.

Para sorte do Sparta, o equilíbrio no meio da tabela era tão grande que possibilitava não só escapar rápido das últimas posições, como também partir rápido para a disputa por lugar na repescagem pela Conference League. Foi o que aconteceu com os Spartanen, a partir da maior vitória da temporada (4 a 0 no Willem II, na 24ª rodada): começava ali uma sequência de sete jogos sem derrota, com quatro vitórias, que içaram o time para a nona posição da tabela, que já o levaria de novo à repescagem. Uma reação notável. Justificada não só pela utilidade de quem chegou - Zechiel trouxe mais velocidade ao meio-campo; Hlynsson até ajudou o ataque, além de criar jogadas no meio; Van Bergen ocupou seu lugar na ponta direita -, mas também por quem já estava lá. Como Tobias Lauritsen, de gols importantes num time de ataque pouco eficaz (39 gols, o quinto pior ataque do campeonato). Ou o goleiro Nick Olij, seguro numa defesa que compensou (43 gols sofridos, a quinta melhor defesa). E resultados como o empate arrancado contra o Ajax (1 a 1, 30ª rodada) também animaram. É certo que a derrota final - 3 a 1 para o PSV, no jogo do título - impediu a repescagem. Mas pelo menos, o bom desempenho no returno (6ª melhor equipe) afastou os sustos da primeira metade da temporada.

Análise da temporada: Fortuna Sittard

O Fortuna Sittard do técnico Danny Buijs até fez o possível, mas caiu de produção no returno. E certos fatos acendem sinal de alerta para a próxima temporada (BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 11º colocado, com 41 pontos (11 vitórias, 8 empates e 15 derrotas - atrás pelo menor número de gols, 37)
No turno havia sido: 8º lugar, com 25 pontos (atrás pelo menor número de gols)
Time-base: Branderhorst; Ivo Pinto, Van Ottele, Rodrigo Guth e Dahlhaus (Dijks); Rosier e Fosso; Mitrovic (Da Cruz/Michut), Halilovic (Bullaude) e Peterson; Aïko (Sierhuis)
Técnico: Danny Buijs
Maior vitória: Utrecht 2x5 Fortuna Sittard (17ª rodada)
Maior derrota: Ajax 5x0 Fortuna Sittard (3ª rodada)
Principal jogador: Kristoffer Peterson (atacante)
Artilheiros: Kristoffer Peterson (atacante), com 7 gols
Quem deu mais passes para gol: Syb van Ottele (zagueiro) e Alen Halilovic (meio-campista), ambos com 3 passes 
Quem mais partidas jogou: Ivo Pinto (lateral direito), Syb van Ottele (zagueiro), Rodrigo Guth (zagueiro), Jasper Dahlhaus (ala esquerdo), Loreintz Rosier (meio-campista) e Ryan Fosso (meio-campista), todos com 29 partidas
Copa nacional: eliminado pelo Quick Boys (terceira divisão), nas oitavas de final
Competições continentais: nenhuma

Está certo que o Fortuna Sittard começara a temporada com duas vitórias. Só que sofrer quatro derrotas seguidas (entre a 3ª e a 6ª rodadas) começou a trazer alguma preocupação de que a temporada fosse para tentar evitar o rebaixamento - até porque o que (não) se viu nos 5 a 0 sofridos para o Ajax (3ª rodada) deu motivos para isso. Pelo menos, houve crescimento ao longo da primeira metade da temporada, com boas atuações de nomes como Alen Halilovic, e os Fortunezen terminaram o primeiro turno goleando o Utrecht fora de casa (5 a 2, 17ª rodada) e indicando que poderiam estar fortes ao longo do returno para tentarem alcançar a repescagem por vaga na Conference League. Só que não estiveram. 

No returno, o Fortuna só foi vencer na 24ª rodada (2 a 1 no RKC Waalwijk). Antes disso, foram quatro derrotas e um empate. Se o ataque parecia bem formado na primeira metade da temporada, na segunda isso se acabou: Kristoffer Peterson, Ezequiel Bullaude, Alessio da Cruz, Makan Aïko, Kaj Sierhuis (retornando de lesão complicada no joelho)... nenhum deles se firmou no ataque. Mais atrás, Halilovic machucou o tornozelo e ficou fora da reta final. Ainda assim, o Fortuna se segurava, estava firme na disputa para entrar na repescagem por vaga na Conference League... quando a realidade trouxe um choque: a UEFA recusara conceder a licença ao clube para participar de competições europeias na próxima temporada, se fosse o caso. Era uma consequência da crise financeira por que o Fortuna, nas internas, começa a passar. A punição nem influiu, porque o time ficou de fora da repescagem. Mas pode influir na permanência ou não do técnico Danny Buijs. Pode indicar uma temporada mais sofrida em 2025/26. Enfim, o sinal está aceso em Sittard.

Análise da temporada: Zwolle

Se o primeiro turno preocupou, o Zwolle contou com nomes como Mbayo para reagir no returno. A ameaça de rebaixamento sempre ficou sob controle (Peter Lous/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 10º lugar, com 41 pontos (10 vitórias, 13 derrotas e 11 empates - na frente pelo maior número de gols, 43)
No turno havia sido: 13º lugar, com 17 pontos (atrás pelo menor número de gols)
Time-base: Schendelaar; Reijnders, Graves, MacNulty e Floranus (Aertssen); El Azzouzi e Van den Berg; Mbayo, Monteiro (Namli/Ryan Thomas) e Krastev; Vente
Técnico: Johnny Jansen
Maior vitória: Fortuna Sittard 1x4 Zwolle (20ª rodada)
Maior derrota: PSV 6x0 Zwolle (10ª rodada)
Principal jogador: Dylan Mbayo (atacante)
Artilheiro: Dylan Vente (atacante), com 13 gols  
Quem deu mais passes para gol: Dylan Mbayo (atacante), com 7 passes
Quem mais partidas jogou: Anselmo García MacNulty (zagueiro/lateral esquerdo) e Dylan Mbayo (atacante), ambos com 32 partidas
Copa nacional: eliminado na primeira fase, pelo NEC
Competições continentais: nenhuma

Foi até engraçado de ver. O Zwolle temeu constantemente as últimas posições ao longo do primeiro turno, tomou algumas goleadas, até mesmo "frequentou" a 16ª posição - que forçaria a disputa de repescagem de acesso/permanência - por três rodadas. Mesmo assim, jamais o Zwolle chegou a sofrer de fato com a ameaça de rebaixamento. Tinha jogadores rendendo bem, como o atacante Dylan Vente. Bem ou mal, tinha um esquema de jogo bem definido pelo técnico Johnny Jansen, embora longe de brilhar. Por isso, os "Dedos Azuis" se seguravam na 13ª posição. Inspirando cuidados, é verdade. Mas a uma distância segura da zona de repescagem/rebaixamento, sem péssimas sequências que o fizessem escorregar e não subir mais. Melhor para os "Dedos Azuis". Porque o returno foi melhor, bem melhor.

Para começo de conversa, uma vitória sobre o PSV, então líder (e campeão) - 3 a 1, 19ª rodada. Logo depois, a maior vitória dos Zwollenaren na temporada, goleando o Fortuna Sittard fora de casa (4 a 1, 20ª rodada). Junto a Vente, nomes do ataque cresceram muito de produção, como Dylan Mbayo - outra boa temporada - e Filip Krastev. Mais atrás, quando foi necessário, nomes como o goleiro Jasper Schendelaar garantiram a segurança. E alguns resultados, como os 3 a 3 com o Utrecht (21ª rodada) e o 1 a 1 com o Twente (29ª rodada) também faziam o Zwolle seguir firme na "zona da confusão", podendo ir para cima ou para baixo. Foi para cima: com duas vitórias seguidas, ficou no meio da tabela. Se houvessem mais vitórias, quem sabe fosse possível estar na repescagem por vaga na Conference. Mas tudo bem: o Zwolle soube fazer sua parte para ter um fim de temporada tranquilo. Como a transição de técnicos também será: de Johnny Jansen para seu auxiliar, Henry van der Vegt.

Análise da temporada: Heerenveen

O Heerenveen sofreu do começo ao fim na temporada. Mas soube superar tudo e, pelo menos, terminar mais sossegado (Pieter van der Woude/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 9º colocado, com 43 pontos (12 vitórias, 7 empates e 15 derrotas - atrás pelo menor número de gols, 42)
No turno havia sido: 11º lugar, com 21 pontos
Time-base: Noppert (Van der Hart); Braude, Hopland, Kersten e Köhlert; Van Ee e Brouwers; Trenskow (Jahanbakhsh), Smans e Sebaoui; Nicolaescu (Rallis)
Técnico: Robin van Persie (até a 23ª rodada), Henk Brugge (interino, da 24ª a 26ª rodada) e Robin Veldman (a partir da 27ª rodada)
Maior vitória: Heerenveen 4x0 NAC Breda (4ª rodada)
Maior derrota: AZ 9x1 Heerenveen (5ª rodada)
Principal jogador: Levi Smans (meio-campista)
Artilheiro: Ion Nicolaescu (atacante), com 8 gols    
Quem deu mais passes para gol: Mats Köhlert (lateral esquerdo), com 5 passes
Quem mais partidas jogou: Oliver Braude (lateral direito) e Levi Smans (meio-campista), ambos com 34 partidas - 33 na temporada regular, mais uma na repescagem pela Conference League
Copa nacional: eliminado pelo Quick Boys (terceira divisão), nas oitavas de final
Competições continentais: nenhuma

O Heerenveen foi um clube que sofreu ao longo desta temporada. No primeiro turno, sofreu com a inconstância de seus resultados: tanto podia vencer o futuro campeão PSV (1 a 0, 16ª rodada), quanto podia perder para o futuro rebaixado Almere City (3 a 0, 17ª rodada). Sofreu antes, ainda, tomando 9 a 1 do AZ na 5ª rodada - a maior derrota do Fean como visitante em sua história no Campeonato Holandês. Sofria com fatores como a inconstância de titulares, no gol - Andries Noppert ou Mickey van der Hart? - ou no ataque - Ion Nicolaescu, indo e vindo do banco, ou Dimitris Rallis? Sofreu no começo de 2025, ao ser eliminado pelo amador Quick Boys na Conference League, mais uma sequência de duas derrotas e três empates no início do returno. Haveria mais razões para o sofrimento: se Robin van Persie aprendia, mesmo pelejando, na sua primeira temporada como técnico de uma equipe adulta, preferiu magoar torcida e diretoria do Heerenveen ao ouvir a proposta do Feyenoord para antecipar o "destino traçado" de sua carreira (comandar o Stadionclub), deixando um trabalho pela metade.

Pois foi justamente neste momento baixo, com o auxiliar Henk Brugge precisando ficar algumas rodadas, que o time se firmou. Ganhou do AZ (3 a 1, 24ª rodada), que o goleara no turno, e conseguiu ficar à espreita, no "bolo" da metade de baixo da tabela, tentando se aproximar da zona da repescagem por vaga na Conference League. Após um tempo treinando times de base no Club Brugge-BEL, Robin Veldman voltou ao clube em que já fora também comandante das equipes inferiores, agora para treinar o time adulto. Nomes como Levi Smans e o citado Nicolaescu cresciam. Duas vitórias sobre Almere City (2 a 1, 31ª rodada, antecipada) e NEC (1 a 0, 30ª rodada) levaram o time de vez para o meio da tabela. E uma "vingança" sobre o Feyenoord treinado por Van Persie (2 a 0, na 34ª e última rodada) possibilitou a entrada na repescagem pela vaga na Conference League. Nela, o time da Frísia sofreu de novo: não foi páreo para o AZ, que lhe goleou (4 a 1). E teve a prova de sua inconstância na temporada ao ser, simultaneamente, o quarto melhor time jogando em casa e... o pior visitante, pior até do que os dois rebaixados. Mas é bem "melhor" sofrer na nona posição do que mais abaixo...

Análise da temporada: NEC

O NEC se preocupou no turno. Seguiu preocupado no começo do returno. Mas nomes como Van Crooij (foto) ajudaram, o clube reagiu e terminou melhor a temporada (Rene Nijhuis/MB Media/Getty Images)

Colocação final: 8º lugar, com 43 pontos (12 vitórias, 7 empates e 15 derrotas)
No turno havia sido: 12º lugar, com 17 pontos (na frente pelo maior número de gols)
Time-base: Roefs; Pereira, Nuytinck (Sandler), Márquez e Verdonk; Hoedemakers e Proper (Sano); Hansen, Ouaissa e Van Crooij; Ogawa (Shiogai)
Técnico: Rogier Meijer
Maior vitória: NEC 6x0 Groningen (11ª rodada)
Maior derrota: Go Ahead Eagles 5x0 NEC (15ª rodada)
Principal jogador: Vito van Crooij (atacante)  
Artilheiro: Vito van Crooij (atacante), com 9 gols  
Quem deu mais passes para gol: Thomas Ouwejan (ponta-esquerda), com 5 passes
Quem mais partidas jogou: Calvin Verdonk (lateral esquerdo), Sami Ouaissa (meio-campista) e Basar Önal (meio-campista), todos com 34 partidas - 33 na temporada regular, mais uma pela repescagem pela Conference League
Copa nacional: eliminado na segunda fase, pelo Heracles Almelo
Competições continentais: nenhuma

Tinha tudo para ser uma temporada melancólica em Nijmegen. Nem tanto por excesso de empates, como foi em temporadas anteriores (2021/22, por exemplo). Mas, até pior, por fatores como goleadas sofridas no final do primeiro turno, como os 5 a 0 do Go Ahead Eagles (15ª rodada), indicando queda que precisava ser revertida na segunda metade da temporada. Impossível dizer que o clube de Nijmegen não correu atrás: trouxe nomes como o atacante Vito van Crooij e o (agora) ala esquerdo Thomas Ouwejan. E a segunda metade da temporada até começou com duas vitórias (1 a 0 no Zwolle, 18ª rodada; 4 a 1 no Fortuna Sittard, 19ª rodada). Só que uma sequência ruim - seis jogos sem vitória, entre a 20ª e a 25ª rodadas, três empates e três derrotas - fez com que o clube já antecipasse o anúncio da saída do técnico Rogier Meijer ao final da temporada, após cinco anos.

Para sorte do NEC, porém, o equilíbrio no meio da tabela era tamanho que permitia tanto a preocupação de não escorregar para as últimas posições como a perspectiva de ir à repescagem pela vaga na Conference League. Jogadores bons, o NEC tinha: o goleiro Robin Roefs, o ponta-direita Sontje Hansen, e os atacantes Kento Shiogai, Koki Ogawa e Bryan Linssen (de volta aos Países Baixos, após passar pelo Urawa Red Diamonds). A vitória sobre o Utrecht - 1 a 0, 26ª rodada - começou a apaziguar tudo. Nas três rodadas finais, o êxtase: três vitórias seguidas (incluído aí marcantes 3 a 0 no Ajax, a primeira vitória como visitante sobre o time de Amsterdã na história do NEC pela Eredivisie), e o clube superou a disputa e garantiu lugar pela segunda vez na repescagem pela Conference. Perdeu para o Twente, verdade. Mas vendeu caro a derrota por 3 a 2. Bem melhor que tenha sido assim a despedida de Rogier Meijer - e do veterano Lasse Schöne, o jogador estrangeiro com mais partidas na história do Campeonato Holandês, encerrando sua carreira. Pelo menos, o time chegará mais animado ao novo técnico, Dick Schreuder.