segunda-feira, 27 de novembro de 2017

810 minuten: como foi a 13ª rodada da Eredivisie

Alireza ofereceu todo seu amor à torcida do AZ, que retribuiu com a alegria da comemoração: mais uma vitória (Tom Bode/VI Images)
AZ 2x0 Twente (sexta-feira, 24 de novembro)

Em terceiro lugar, o AZ não demorou muito para se impor dainte de um Twente que entrou em campo tomando todos os cuidados defensivos possíveis e imagináveis (até pela linha de cinco defensores). Já aos 11', Wout Weghorst poderia ter aberto o placar - finalizou em cima do goleiro Jorn Brondeel. Aos 34', Weghorst estava novamente em boas condições para o chute, mas a bola cruzada por Alireza Jahanbakhsh passou rápida demais. Até ali, o plano dos visitantes de Enschede para segurarem o empate dava certo - o único momento em que um zagueiro passou sufoco até então foi no segundo tempo, aos 57', quando um gandula pegou uma das chuteiras de Peet Bijen (perdida numa dividida) e jogou para a torcida, que demorou alguns minutos para devolver.

Se houvesse ficado só naquilo, os Tukkers estariam mais tranquilos. Só que logo depois, o AZ chegou à vantagem no placar. Aos 65', Fredrik Midtsjo entrou na área e foi derrubado por Michael Liendl - pênalti, que Alireza Jahanbakhsh bateu sem problemas para o 1 a 0. Mais cinco minutos, e Alireza participou da jogada do segundo gol: foi do iraniano o passe em profundidade, que deixou Joris van Overeem livre para garantir a vitória dos Alkmaarders, mantendo a crise pesada no Twente (sob o técnico Gertjan Verbeek, são três derrotas em três jogos - e queda para a penúltima posição).

Ninguém esperava. Mas a pressão final e os três gols de Ogbeche (de frente) renderam valioso empate ao Willem II (Jeroen Putmans/VI Images)
VVV-Venlo 3x3 Willem II (sábado, 25 de novembro)

Do jeito que a partida começou em Venlo, tudo fazia crer numa fácil vitória dos mandantes aurinegros. Já aos três minutos, um recuo errado para o goleiro dos visitantes, Matthijs Branderhorst, quase foi aproveitado por Torino Hunte. E aos 7', veio o 1 a 0 do VVV: uma falta cobrada rapidamente deu a bola para Vito van Crooij chutar forte e estufar as redes. Willem II? Só apareceria aos 37', quando Fran Sol cabeceou para Lars Unnerstall defender com atenção. Terminou o primeiro tempo, começou o segundo, e veio o 2 a 0 dos Venlonaren: aos 49', em nova jogada ensaiada, cobrou-se escanteio, a bola foi escorada, e Damian van Bruggen marcou seu segundo gol em duas rodadas. Parecia ser encaminhada a vitória, para acalmar um time que vira dois afastamentos (Mink Peeters e Tarik Tissoudali) por razões disciplinares.

Aí, o Willem II respondeu na mesma moeda - isto é, na bola parada - para marcar seu primeiro gol, aos 62': cobrança de escanteio, Ismaïl Azzaoui desviou, a bola foi tirada em cima da linha, e Bartholomew Ogbeche empurrou para as redes. O susto pareceu controlado aos 72', quando Clint Leemans converteu pênalti para o 3 a 1 do VVV-Venlo. Mas o final de partida foi inesperadamente palpitante. Primeiro, porque Ogbeche já diminuiu no minuto seguinte, de cabeça, deixado livre pelo marcador Jerold Promes. Tal gol impulsionou os visitantes de Tilburg rumo ao ataque. E finalmente, nos acréscimos (90' + 2), o veterano atacante nigeriano completou de cabeça para seu terceiro gol, no 3 a 3 que rendeu valioso ponto aos Tricolores. E possibilitou a Ogbeche, recém-recuperado de lesão, uma piadinha: "Eu nem me lembro se marquei três gols alguma vez numa partida...".

Enfim, alívio: Jorgensen (pulando) marcou um dos gols, e o Feyenoord voltou a vencer (VI Images)
Groningen 0x2 Feyenoord (sábado, 25 de novembro)

Num estádio Noordlease com várias cadeiras vazias (retrato da má fase do Groningen), as duas equipes mostraram que as jogadas pelas pontas seriam as grandes opções de ataque. Aliás, a primeira grande chance de jogo veio assim. Após um cruzamento de Sofyan Amrabat que parou na interceptação de Samir Memisevic, quase o Groningen abriu o placar no contra-ataque da sequência, aos 6'. A bola foi invertida para Tom van Weert, que dominou e finalizou colocado. Brad Jones rebateu, e Ritsu Doan perdeu grande chance na sobra: cabeceou torto, para fora, com o gol vazio. Aos 13', uma desatenção da arbitragem custou pênalti ao Feyenoord. Nicolai Jorgensen (de volta, plenamente recuperado de lesão muscular) teve a camisa puxada na área em escanteio - mas o juiz Danny Makkelie nem ligou.

E o azar continuou aos 18': Ridgeciano Haps torceu o braço ao cair de mau jeito, após perseguir Doan, tendo de dar lugar a Miquel Nelom na lateral esquerda. Só que aos poucos, o time visitante foi se sobressaindo. Um escanteio rendeu uma gigante chance do Stadionclub, aos 29': Nelom cobrou, Renato Tapia desviou de cabeça, e Doan tirou em cima da linha. Mais uma oportunidade valiosa para os visitantes veio aos 32': Tonny Vilhena tabelou com Jorgensen, que dominou, entrou na área e cruzou da esquerda para o camisa 10 Feyenoorder concluir por cima, quase na pequena área. E no último dos 45 minutos iniciais, duas chances em contragolpes rápidos. Primeiro, Jorgensen cruzou da esquerda, mas o voleio de Sam Larsson saiu mal feito; depois, Vilhena correu com a bola até a área, mas seu chute foi defendido por Padt.

Quando o segundo tempo começou, parecia que os Groningers iriam trazer mais riscos: aos 48', um cruzamento de Tom van Weert foi espalmado perigosamente por Jones, para fora. Mas um minuto depois, na rápida saída para o jogo, o Feyenoord conseguiu o seu gol. Após receber a bola de Amrabat, Jorgensen serviu a Berghuis. Na área, o ponta-direita passou por três jogadores, chutou em diagonal, Padt ainda fez a defesa parcial, mas Vilhena estava a postos para conferir o 1 a 0 dos Rotterdammers. Restou aos mandantes do norte holandês correrem atrás. E aos 54', quase obtiveram a chance num passe errado: após correr com a bola até a área, Juninho Bacuna foi desarmado na hora exata por Nelom. Depois, aos 58', um cruzamento despretensioso de Oussaman Idrissi quase foi parar no gol, passando perto da trave. 

Na sequência, o Feyenoord respondeu num chute de El Ahmadi, rebatido por Padt. A jogada seguiu, e veio o gol do desafogo definitivo, aos 59': Jorgensen pegou a sobra, trouxe para o meio da área, deu a Berghuis, e este passou com classe, de calcanhar, para que o dinamarquês tocasse na saída, à direita de Padt, para o 2 a 0. Depois, as duas equipes trocaram chances. O Feyenoord tentou com chutes de Jorgensen, aos 62' (rente à trave esquerda de Padt), e Berghuis, aos 72' (o goleiro tirou com os pés). Com mais atacantes em campo, o Groningen pressionou, e até mandou bola no travessão, nos acréscimos, com Ruben Yttegaard Jenssen. Mas o 2 a 0 ficou inalterado, na primeira vitória do Feyenoord na liga holandesa desde 1º de outubro, após cinco jogos. Alívio, afinal.

O NAC Breda abrira o placar e se animara. Ilusão: um minuto depois, Niemeijer já empatava. E o Heracles venceria (Pro Shots).
Heracles Almelo 2x1 NAC Breda (sábado, 25 de novembro)

O jogo na grama sintética do estádio Polman mostrou muitas alternâncias, desde o seu início. Já aos 8', o time da casa poderia ter aberto o placar: Kristoffer Peterson completou cruzamento, e o zagueiro Karel Mets tirou a bola em cima da linha. Aos 14', o NAC Breda que fora salvo por Mets abriu o placar contando com a sorte: um chute do lateral esquerdo Angeliño (dos únicos pontos positivos numa temporada difícil) desviou em Dries Wuytens e tomou o caminho das redes - o goleiro Bram Castro ainda tentou defender, sem sucesso. Só que a vantagem que daria esperanças aos visitantes de Breda virou pó no minuto seguinte: Reuven Niemeijer bateu forte, e mesmo com a bola resvalando nos dedos do arqueiro Mark Birighitti, ela balançou o filó adversário para o 1 a 1.

E já aos 23', o Heracles virou o jogo: completando escanteio, Paul Gladon mandou a esférica de voleio para o barbante defendido por Birighitti. Jogo resolvido? Nem de longe, como mostrou o segundo tempo. Aos 58', quase Peterson conseguiu seu gol: desviou a bola, brilhantemente defendida por Birighitti com a ponta dos dedos; e aos 61', o NAC Breda só não empatou porque Thierry Ambrose e Rai Vloet não definiram quem chutaria, na hora decisiva. Aos 71', Wuytens cabeceou para Birighitti agarrar; aos 77', Castro evitou o empate, em finalização de Ambrose. No fim, os Heraclieden mantiveram a vantagem, na 100ª vtória conseguida sobre grama sintética em Almelo. E o NAC Breda se frustrou ao tentar superar a goleada sofrida na rodada passada: segue em último.


Se o Heerenveen jogou melhor no primeiro tempo, sem fazer os gols, o Zwolle foi mais eficiente para virar (ANP/Pro Shots)
Heerenveen 1x2 Zwolle (sábado, 25 de novembro)

Vindo da goleada sobre o Twente, fora de casa, o Heerenveen já começou impondo maior qualidade ofensiva sobre o Zwolle. Com apenas sete minutos, Reza Ghoochannejhad só não chutou livre para o gol porque não dominou bem. E aos 13', Michel Vlap colocou os mandantes da Frísia na frente, em grande estilo: completou de voleio um lançamento alto de Stijn Schaars para as redes. As chances se seguiam. Aos 36', Martin Odegaard forçou o goleiro Diederik Boer a salvar os Zwollenaren, com bela defesa; aos 40', Odegaard serviu a Vlap, que só não fez seu segundo gol por outra primorosa intervenção do veterano goleiro. Ofensivo, o Heerenveen merecia até vantagem maior. Não a fez. Azar o dele.

Porque, aos 43', a eficiência dos visitantes se fez sentir. Substituto do lesionado Philippe Sandler, o zagueiro argentino Nicolás Freire fez 1 a 1, completando de peixinho falta cobrada por Youness Mokhtar. Pior ainda: aos 49', mal havia recomeçado o jogo, e os "Dedos Azuis" já viravam o placar. Kingsley Ehizibue arriscou chute da direita, o goleiro Warner Hahn rebateu, e Mustafa Saymak estava a postos para pespegar o 2 a 1 nos mandantes frísios. E o Fean foi com tudo para o empate. Quase o conseguiu aos 77', quando Henk Veerman (atacante saído do banco) chegou um triz atrasado. Assim, o Fean acabou amargando sua quarta derrota seguida em casa - igualando recorde negativo de 1989/90. E o Zwolle segue fazendo campanha espetacular, mantendo-se perto do topo.

Kluivert (à frente) chamou a responsabilidade: três gols e destaque na vitória que aliviou o Ajax (Gerrit van Keulen/VI Images)
Ajax 5x1 Roda JC (domingo, 26 de novembro)

A lesão de Daley Sinkgraven (e a indecisão crônica de Marcel Keizer à procura do time titular) forçaram o Ajax a mudar sua defesa. Na lateral direita, foi titular pela primeira vez Deyovaisio Zeefuik - Joël Veltman dividiu a zaga com Matthijs de Ligt, e Nick Viergever ocupou a esquerda. Fosse como fosse, o estilo do time da casa não mudou na (ainda) Amsterdam Arena: manutenção da posse de bola para vencer a defesa do Roda JC, lanterna, e jogo lento. Só aos 14' apareceu uma chance digna do nome - e foi dos visitantes de Kerkrade: após cruzamento rebatido pela zaga, Mohamed El Makrini arriscou chutar, e a bola passou à direita do goleiro André Onana. Aos poucos, os buracos apareceram. Novamente jogando no lugar de Amin Younes, Justin Kluivert inverteu o jogo com David Neres, que mandou a bola de voleio, aos 20'. Ela passou por cima do gol. Pouco depois, aos 21', o brasileiro "retribuiu", com um passe em profundidade. Mas antes de Kluivert chegar, Adil Auassar alcançou a bola, impedindo o chute.

Só que, justamente quando os Ajacieden mais pareciam melhorar, veio o gol dos visitantes, aos 32'. Mikhail Rosheuvel mandou a bola para a área, de falta. A defesa tentou tirar, mas Dani Schahin subiu para manter a redonda no ataque. E o zagueiro Chris Kum, de cabeça, na pequena área, completou para as redes de Onana. Pensou-se em impedimento - não havia. Sim, o Roda estava na frente. E os Koempels até tiveram a chance do segundo gol aos 34': Gyliano van Velzen tabelou com Schahin, entrou na área pela direita e chutou cruzado. Onana agarrou. As vaias já ameaçavam tomar conta de uma Amsterdam Arena apenas parcialmente lotada, quando coube a Justin Kluivert evitar que os problemas se aprofundassem, fazendo 1 a 1 no lance final do primeiro tempo. O camisa 45 recebeu a bola, tabelou com Hakim Ziyech, veio pela esquerda, superou na corrida e arrematou na diagonal, colocado, no canto esquerdo do goleiro Hidde Jurjus.

Quando Christian Kum fez 1 a 0, foi indisfarçável o temor da terceira derrota em casa para o Ajax. Mas acabou no segundo tempo (Pro Shots)
Mesmo salvo pelo gongo, o Ajax precisava mudar para evitar um novo tropeço em casa. E Marcel Keizer mudou o esquema tático: o meia Frenkie de Jong entrou no lugar de Zeefuik, e a defesa ficou com três zagueiros, num 3-4-3. Deu certo, o time melhorou visivelmente, e De Jong justificou sua entrada ao participar de uma boa jogada do Ajax, aos 53': lançou Kluivert, que cruzou a bola da direita para David Neres. Todavia, a finalização do brasileiro foi prensada na última hora. Substituto do lesionado Huntelaar, Kasper Dolberg apareceu aos 56', num voleio bem defendido por Jurjus. E se o dinamarquês não aparecera muito até então, foi fundamental para aliviar o Ajax. Aos 59', coube a ele completar o cruzamento da esquerda feito por David Neres. A bola desviou em Kum, tirando as chances de defesa de Jurjus, e se consumou o 2 a 1 dos mandantes.

Apenas mais um minuto se passou, e foi a vez do destaque da partida se consolidar. Kluivert partiu da esquerda, mas ao invés da jogada individual, arriscou chutar de fora. Arriscou e petiscou: a bola foi indefensável ao canto esquerdo de Jurjus, num belo terceiro gol, dando mais tranquilidade aos Godenzonen. Mais seguro, o time da casa se impôs na Amsterdam Arena. Aos 67', por exemplo, David Neres quase marcou, completando passe de Ziyech para boa defesa de Jurjus. O camisa 1 do Roda JC ainda foi decisivo aos 72', defendendo o arremate de Ziyech. Mas não houve o que fazer aos 76', quando Donny van de Beek chutou da meia-lua a bola vinda dos pés de De Jong para o 4 a 1. E tinha mais: aos 85', Kluivert fez o que dele se espera: veio da esquerda, cortou para o meio, chutou, gol. Seu terceiro no jogo (feito que o pai Patrick nunca conseguiu pelo Ajax). O quinto de uma goleada inesperada, pelo que se viu no primeiro tempo - mas justa, pela melhora no segundo.

Entre o domínio tranquilo do primeiro tempo e o sufoco do segundo, o PSV se salvou: vitória e vantagem (Tom Bode/VI Images)
Excelsior 1x2 PSV (domingo, 26 de novembro)

Bastou começar o jogo para que o PSV dominasse as ações, mesmo contra um Excelsior que vem razoável na temporada. Trocando passes perto da área, prensando os Kralingers na área de defesa, o dono da liderança da Eredivisie teve a primeira chance aos 11': Gastón Pereiro dominou pela esquerda, saiu da marcação de Jurgen Mattheij, e arrematou colocado, à direita do gol de Ögmundur Kristinsson. Depois, no minuto seguinte, Jürgen Locadia bateu de fora da área, mas Kristinsson agarrou, mesmo com desvio no meio do caminho. O gol que já estava se avizinhando não demorou muito mais. Veio aos 13', até com dose de sorte. Após troca de passes, Locadia cruzou da esquerda. E antes que Luuk de Jong finalizasse, Mattheij se antecipou, desviando acidentalmente para a meta do próprio time, no 1 a 0. O segundo gol quase veio aos 15': Pereiro serviu a bola a De Jong, e o camisa 9 ouviu o pedido de Locadia. Deu a bola a ele, que ajeitou e chutou para excelente defesa de Kristinsson, espalmando para escanteio. Na cobrança do córner, mais perigo: Daniel Schwaab cabeceou na trave. E aos 18', quase Luuk consegue um gol sem querer: em lançamento pelo alto, o zagueiro Wout Faes tentou tirar da área. Chutou-a em cima do atacante, ela encobriu Kristinsson e saiu perto da trave direita.

O Excelsior, por sua vez, só tentou qualquer coisa parecida com gol aos 24', num cabeceio de Mattheij que passou perto da meta de Jeroen Zoet. Nada que o PSV não recolocasse no lugar aos 30'. Primeiro, Kristinsson espalmou para córner um chute de Hirving Lozano; e na cobrança do pontapé de canto, Schwaab subiu e cabeceou, mandando a bola no travessão - ela ainda quicou na pequena área, mas Nicolas Isimat-Mirin perdeu a chance. Até que, aos 41', a disputa particular pela artilharia da Eredivisie foi "retomada" com mais um gol dos visitantes. Um lançamento em profundidade pegou Santiago Arias livre na direita. O colombiano cruzou com precisão, e Hirving Lozano completou de chapa, com um leve desvio em Mattheij, mandando a bola no canto direito de Kristinsson. 2 a 0 para os Boeren - e 10º gol de "Chucky" no campeonato, um acima do colega de time Locadia.

O Excelsior fora presa fácil no primeiro tempo. Mas fez o gol, animou-se e quase empatou (ANP/Pro Shots)
E parecia que a mesma toada seguiria por todo o jogo. Já no primeiro minuto da etapa complementar, Luuk de Jong chegou a marcar - mas o gol foi anulado, pelo juiz Jochem Kamphuis julgar que o atacante tocara com o braço. Só que os mandantes, enfim, conseguiram o gol, aos 53', começando a mudar o rumo das coisas. Coube a Zakaria El Azzouzi (que quase diminuíra no final do primeiro tempo) fazer a jogada: o atacante dominou junto à lateral, e achou espaço para passar. A bola alcançou Ryan Koolwijk, na esquerda, e o capitão do Excelsior pôde dominá-la e concluir no canto esquerdo de Zoet, diminuindo a vantagem dos Eindhovenaren.

E aos 56', quase veio um surpreendente empate. Após troca de passes perto da área, Schwaab perdeu a bola para El Azzouzi, que entrou livre. Só não empatou porque Zoet saiu bem e fechou o gol, desviando para escanteio. Os visitantes só reapareceram aos 64', em perigosa falta de Locadia, mandando a esférica rente à trave esquerda de Kristinsson. O camisa 19 seguiu tentando o seu gol aos 68', num chute na rede pelo lado de fora. De Jong voltou à carga, de cabeça, aos 71'. Já ao final do jogo, Marco van Ginkel acertou a trave aos 87', de falta. Ainda assim, o time de Roterdã mostrou valor técnico, com uma grande possibilidade de Messaoud para o empate, aos 73' (o Excelsior reclamou pênalti não marcado), e o desvio acidental de Isimat-Mirin que quase rendeu empate e gol contra nos acréscimos. Mas o PSV se segurou, conseguindo a vitória que confirma o segundo melhor desempenho do clube num turno, em sua história na Eredivisie: 12 vitórias e uma derrota, só pior que as 17 vitórias em todo turno de 1987/88. Não é um time perfeito (longe disso), mas tem a regularidade que Feyenoord e Ajax não têm.

Labyad (à direita) foi destaque supremo na vitória do Utrecht: um gol rápido, o outro em bela falta (Pro Shots)
Sparta Rotterdam 1x3 Utrecht (domingo, 26 de novembro)

Vir de quatro jogos sem derrota era muito importante para o Sparta Rotterdam, que tenta escapar dos perigos da zona de repescagem/rebaixamento. Mas bastaram 37 segundos para que o time da casa soubesse que seria difícil continuar a boa sequência: após roubar a bola no meio-campo, o Utrecht acelerou a jogada, e Gyrano Kerk recuou a bola para que Zakaria Labyad entrasse chutando com força, fazendo 1 a 0, no gol mais rápido da temporada até agora. Depois, aos 17', Kerk quase fez o segundo (de cabeça, completou para fora o cruzamento de Yassin Ayoub). Só depois os Spartanen buscaram algo, em dois chutes do atacante Nick Proschwitz, substituto do lesionado Stijn Spierings.

Só no segundo tempo Proschwitz teve êxito: aos 55', empatou, completando passe de Robert Mühren. O equilíbrio aumentou: Ryan Sanusi quase virou o jogo para o Sparta, chutando rente ao gol, enquanto o goleiro Roy Kortsmit evitou o gol do Utrecht, em forte chute de Sander van de Streek. Mas aos 70', Kortsmit nada pôde fazer - por causa da excepcional cobrança de falta de Labyad, marcando seu segundo gol no jogo. E cinco minutos depois, Kerk frustrou de vez o Sparta: após desvio de Van de Streek para um tiro de meta, foi mais rápido do que a zaga, dominou a bola e fez o 3 a 1 que deixou o Utrecht na quinta posição.

Estava difícil para o Vitesse superar o ADO Den Haag. Mas a persistência foi premiada com o gol de Miazga (Pro Shots/vitesse.nl)
Vitesse 2x0 ADO Den Haag (domingo, 26 de novembro)

O Vitesse já estava havia sete jogos sem vencer em casa - fosse por Campeonato Holandês, fosse por Liga Europa. E parecia que a má sequência continuaria. No primeiro tempo, o Vites sequer trouxe perigo contra um Den Haag bem postado defensivamente. E no começo do segundo, a grande chance que teve foi frustrada. Aos 50', Navarone Foor foi derrubado na área por Erik Bakker, o juiz Ed Janssen marcou o pênalti... mas Tim Matavz o cobrou nas mãos do goleiro Robert Zwinkels.

Os aurinegros continuaram buscando o gol em Arnhem. Tiveram outra possibilidade, quando Mason Mount cobrou falta na trave. Os visitantes de Haia tiveram os problemas ampliados aos 71': em apenas dois minutos, Tyronne Ebuehi levou dois cartões amarelos, sendo expulso. A pressão aumentou, e aos 87', o zagueiro Matt Miazga deu o que o Vitesse merecia: o gol, num cabeceio após escanteio de Mount. E nos acréscimos (90' + 4), Bryan Linssen completou o alívio dos Arnhemmers.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Um jogo para simbolizar o impasse

O Zwolle tentou, se esforçou, até foi melhor... mas quem terminou ganhando foi mesmo o PSV (Pim Ras Fotografie)
Desnecessário detalhar novamente aqui a apatia assustadora por que passa o futebol holandês, na atualidade. Também é desnecessário lembrar a situação da seleção. E finalmente, a derrota do Feyenoord na Liga dos Campeões (atuação até honrosa, mas superada pelo 1 a 0 do Manchester City) e o empate do Vitesse na Liga Europa (outro desempenho até melhor do que o esperado, no 1 a 1 com a Lazio) decretaram: não haverá clubes holandeses nas fases eliminatórias dos torneios continentais europeus. Todos eliminados, nas fases preliminares ou na fase de grupos. Não acontecia desde a temporada 1998/99. 

Já não é mais o caso de lutar por vaga direta na fase de grupos da Liga dos Campeões, a partir de 2018/19 (esta já foi perdida): é lutar para que o campeão da Copa da Holanda mantenha seu lugar direto nos grupos da Liga Europa. Claro, o desânimo é notório entre imprensa e torcida. É como se a esperança apenas existisse porque tem de existir. E uma partida na 12ª rodada do Campeonato Holandês simbolizou essa incômoda tendência de a realidade sempre se impor para o futebol do país: a derrota do Zwolle para o PSV, que manteve o time de Eindhoven seguro na liderança – 33 pontos, oito à frente dos empatados Ajax e AZ (os Ajacieden ficam na segunda posição pelo saldo de gols).

Aparentemente, Zwolle e PSV jogavam só uma partida. Mas seu significado se ampliava pela campanha que fazem os Zwollenaren: a situação já descrita nesta coluna só melhora, com a equipe alviazul tendo desempenhos primorosos, não só ocupando as primeiras posições da tabela, mas também desafiando os três grandes do país. Já havia sido assim contra o Feyenoord: em pleno De Kuip, os “Dedos Azuis” tiveram empate por 0 a 0, e até jogaram melhor diante da lentidão do atual campeão da Eredivisie. Com tais resultados – e recebendo os visitantes de Eindhoven sabendo que uma vitória os levaria à segunda posição -, já virara lugar comum falar que os jogadores treinados por John van’t Schip protagonizavam um “conto de fadas”. Falava-se até na possibilidade de igualar a façanha do Leicester City – e por que não dizer, de Twente e AZ.

Sabendo disso, o PSV foi ao estádio Mac³Park para tentar conter os ataques mais frequentes do Zwolle – e, controlando-os, tentar ser eficiente nos contragolpes, para conseguir a vitória. Assim, o 4-3-3 dos Boeren não seria nada ofensivo. Exatamente o inverso do time da casa – que tentaria ser bem mais acelerado, além de manter a troca de passes. Jogadores para isso, o Zwolle tinha: nas duas pontas do ataque, com Younes Namli e Youness Mokhtar. Na armação, ajudava bastante o trabalho do neozelandês Ryan Thomas. E pelas laterais, ainda ofereceriam ajuda ofensiva Kingsley Ehizibue, na direita, e Bram van Polen, na esquerda.

Por esse ponto de vista, deu muito certo. O PSV até teve a chance de gol mais perigosa no primeiro tempo – aos 18 minutos, Luuk de Jong chutou após escanteio escorado, e Thomas tirou em cima da linha. De resto, o Zwolle despontou no final dos primeiros 45 minutos, fazendo o goleiro trabalhar, criando chances, agradando. Algo provado até pelas estatísticas – o Zwolle tinha mais posse de bola, mais chutes a gol, e menos faltas do que os Eindhovenaren.

No segundo tempo, continuou assim. Chances sucessivas criadas: por Namli, por Erik Israelsson (o atacante), por Mokhtar. Um estilo de jogo acelerado, que atacava, mas também neutralizava um lento PSV. Que só tentou algo no final, em cabeceio de Marco van Ginkel. Ryan Thomas e Van Polen quase conseguiram, nos minutos finais. Parecia ficar no placar um 0 a 0 altamente honroso para o Zwolle. Aí, faltando alguns segundos para o final dos três minutos de acréscimo, o gol que surpreendeu quem assistia ao jogo: Jürgen Locadia cruzou da esquerda, Luuk de Jong cabeceou, o goleiro Diederik Boer defendeu, e o zagueiro Nicolas Isimat-Mirin estava a postos para completar no rebote, fazendo o 1 a 0 do PSV praticamente no último lance do jogo.

Sim, o time de Eindhoven foi eficiente. Sim, aproveita as chances. Sim, merece a larga vantagem que já o deixa tranquilo na liderança do campeonato. Todavia, o estilo de jogo lento é algo que não tem agradado no futebol holandês – exatamente o oposto do que se viu no Zwolle, cujos jogadores têm sido cada vez mais paparicados pela imprensa holandesa. A dupla de Younes – o Namli e o Mokhtar – foram muito ouvidos nesta semana, e a análise do jornalista Marco Timmer, da revista Voetbal International, foi simples e definitiva: “O Zwolle foi melhor do que o PSV, em todos os aspectos”.

Um nível tático mais acelerado e moderno, mas que ainda não vence. Enquanto isso, o trio de grandes atua com lentidão e falta de imaginação (e nível técnico) assustadoras. Os torneios continentais, mais cruéis e realistas, já despacharam esse baixo nível técnico. Segue o impasse entre o antigo e o novo. E se, ainda assim, o PSV já desponta como destacado líder do Campeonato Holandês, é sinal de que a temporada será desagradavelmente longa, desanimada, arrastada. 

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 24 de novembro de 2017)

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

810 minuten: como foi a 12ª rodada da Eredivisie

Vlap (esquerda) comemora seu gol com Odegaard: logo o norueguês também faria o seu na goleada (Ronald Bonestroo/VI Images)
Twente 0x4 Heerenveen (sábado, 18 de novembro)

Mesmo tomando o quarto gol nos acréscimos, a atuação esforçada do Twente contra o PSV animara a torcida. Esperava-se melhora na estreia do técnico Gertjan Verbeek em casa, abrindo a rodada. Mas bastou o jogo começar para a esperança da torcida dos Tukkers diminuir no Grolsch Veste. Não só pela falta de chances (única tentativa foi aos 10', sem que Tom Boere conseguisse finalizar), mas também porque o Heerenveen abriu o placar, aos 24': Nemanja Mihajlovic cobrou escanteio, e o zagueiro Daniel Hoegh completou para as redes - pensou-se que o gol fora cometido contra, pelo meio-campista Fredrik Jensen, mas a jogada foi creditada mesmo a Hoegh.

Aos 36', o segundo gol já poderia ter vindo, com Reza Ghoochannejhad. Mas ele não demoraria muito: aos 43, Martin Odegaard lançou Denzel Dumfries, o lateral direito cruzou, a bola desviou no zagueiro Cristian Cuevas e ficou à feição para o chute de Michel Vlap ratificar o 2 a 0. Se Odegaard fizera parte do começo da jogada no segundo gol, coube a ele marcar o terceiro, aos 61', aproveitando rebote do goleiro Jorn Brondeel para marcar seu primeiro gol na Eredivisie, após 26 jogos. E só para jogar mais sal na ferida do time de Enschede, Henk Veerman deu números finais à goleada, aos 87', tocando livre por baixo das pernas de Brondeel. Oito gols sofridos em dois jogos, antepenúltima posição na tabela... Verbeek até tem tempo para remodelar o Twente, mas terá trabalho.

O Feyenoord achava que voltaria a vencer. Mas o VVV-Venlo, aplicado na defesa, surpreendeu e empatou neste exato voleio de Van Bruggen (Tom Bode/VI Images)
Feyenoord 1x1 VVV-Venlo (sábado, 18 de novembro)

Ataque contra defesa. Esta seria a tônica do jogo em De Kuip: com uma defesa formada por cinco jogadores, o VVV-Venlo tentaria conter o Feyenoord como desse. Restava ao time da casa trocar passes para achar algum espaço, contando principalmente com as jogadas pelas pontas. Quase deu certo aos 10'. Steven Berghuis veio pela direita, aproveitou a bola erradamente recuada por Leroy Labylle e tocou para o meio. Ali chegou Karim El Ahmadi, que arrematou para fora, perto do ângulo esquerdo de Unnerstall. Além das trocas de passes, o Stadionclub também começou a apostar nos chutes de fora. O primeiro veio aos 16', de Berghuis, para fora. Depois, os dois métodos (passes e chutes) seguiram aos 19': Sam Larsson completou a triangulação de Ridgeciano Haps e Nicolai Jorgensen, batendo colocado, à esquerda de Unnerstall.

Aos 28', quase o gol anfitrião: El Ahmadi escorou passe em profundidade de Larsson, e a bola ficou limpa para Jorgensen concluir com suavidade. Até demais: Unnerstall conseguiu rebater, evitando que o Stadionclub abrisse o placar. O lance mais bonito, porém, veio aos 34'. Em arrancada, Larsson passou por três e chegou ao fundo, mas seu cruzamento foi interceptado por Damian van Bruggen. Ainda houve uma oportunidade aos 42': Larsson cobrou córner, e a bola passou pela área. Perto da meia-lua, Vilhena ainda aproveitou para um chute de bate-pronto, que mandou a pelota rente à trave direita. Todavia, por mais que tivesse posse de bola (72%), de nada adiantava o Feyenoord criar poucas chances contra a equipe defensivíssima dos Venlonaren - apenas um chute, contra nenhum dos aurinegros.

O Feyenoord tentou, tentou... até conseguir o gol no começo do segundo tempo, com Jorgensen (esquerda) (ANP/Pro Shots)
De todo modo, os Feyenoorders foram mais perigosos logo que o jogo recomeçou. Aos 47', de fora da área, Van Beek arriscou o chute que Unnerstall teve de espalmar para escanteio - na cobrança, St. Juste escorou por cima do gol. Depois, aos 51', foi a vez de Berghuis: após troca de passes entre Nieuwkoop e Jorgensen, o lateral o deixou com a bola, e ele bateu para outra defesa de Unnerstall. Enfim, aos 54', o espaço para o gol apareceu. Berghuis passou, e Jens Toornstra deixou Jorgensen livre na área com um simples desvio, que venceu a linha de impedimento dos visitantes de Venlo. Na direita da grande área, só restou ao dinamarquês bater, de primeira, no canto esquerdo de Unnerstall, para fazer 1 a 0.

Com o VVV mais aberto para buscar o ataque, o Feyenoord se animou de vez. Aos 56', Larsson chutou, para outra vez Unnerstall rebater. Mais um minuto, e outro arremate foi mais perigoso: Vilhena mandou na trave esquerda. Depois, aos 61', Vilhena apareceu pela direita, mandou para a área, e Berghuis só não fez 2 a 0 ao escorar porque a bola bateu em cima de... Jorgensen. Finalmente, aos 70', Larsson cruzou da esquerda, e Vilhena apareceu livre na área, entrando e completando para outra importante defesa de Unnerstall: o goleiro alemão saiu bem do gol e rebateu. Parecia que a vitória estava a caminho. Mas de repente, numa bola parada aparentemente inofensiva, veio o empate do VVV. Aos 86', Clint Leemans cobrou escanteio da esquerda, e de voleio, Damian van Bruggen fez o gol mais bonito da rodada: de fora da área, no canto esquerdo de Brad Jones (que poderia ter feito melhor, aliás). Assim se consolidava mais um tropeço do Stadionclub em casa - na temporada, o terceiro empate seguido. Está difícil.

Van de Beek aproveitou a volta ao time titular e a festa de gols: fez três nos 8 a 0 do Ajax (Maurice van Steen/VI Images)
NAC Breda 0x8 Ajax (sábado, 18 de novembro)

Não adiantava: mesmo vindo de uma derrota, já com a temporada adiantada rumo à metade, Marcel Keizer mudou de novo sua escalação preferida no Ajax. Mesmo elogiado nos últimos jogos, Maximilian Wöber cedeu seu lugar na zaga para Daley Sinkgraven - que voltou à lateral esquerda, recuperado de lesão, com Nick Viergever indo para o miolo. No meio-campo, Donny van de Beek também retomou a titularidade, no lugar de Siem de Jong. E no ataque, a única alteração causada forçosamente: Justin Kluivert ocupou a esquerda, no lugar do lesionado Amin Younes. Fosse como fosse, os problemas acabaram rapidamente. Aos 6', a primeira chance, num chute de Kasper Dolberg, o titular da vez no ataque. E aos 13', o primeiro gol: Lasse Schöne cobrou escanteio, e Matthijs de Ligt completou de cabeça, desviando no contrapé do goleiro Mark Birighitti.

Antes do Ajax fazer 1 a 0, ainda, Thierry Ambrose até assustara: o atacante francês do NAC Breda aproveitara falha do goleiro André Onana para chutar, mas o arqueiro camaronês dos visitantes de Amsterdã se recompôs para defender. Daí por diante, a facilidade dos Ajacieden foi aterradora. Aos 18', o 2 a 0, numa jogada de duas novidades: Kluivert cruzou da esquerda, e Van de Beek se antecipou a Birighitti para marcar. Van de Beek voltou a marcar, fazendo 3 a 0 aos 26', com uma dose de sorte: seu chute desviou no zagueiro Karel Mets, tirando qualquer chance de defesa do guarda-metas do NAC. Apenas dois minutos depois, David Neres começou e terminou a jogada do quarto gol: passou a Schöne, recebeu de volta já na área, fez o um-dois com Dolberg, e concluiu para as redes. E aos 33', De Ligt desviou cobrança de falta de Hakim Ziyech para o 5 a 0 - seu segundo gol no jogo.

David Neres ainda teve tempo de dançar, antes de ser abraçado na comemoração do quarto gol - e eram só 28 minutos (ajax.nl)
Era conveniente esperar por um placar que chegasse a dois dígitos no segundo tempo - até porque desde 1966 o Ajax não marcava cinco gols nos primeiros 45 minutos de uma partida. Pois bem, não aconteceu. Na verdade, o NAC Breda até teve uma esperança para fazer um gol de honra: aos 50', Rai Vloet perdeu ótima chance, arrematando em cima de Onana. Passaram-se mais alguns minutos, todavia, e os Godenzonen é que ampliaram a goleada já considerável. Recém-entrado no jogo, Frenkie de Jong foi derrubado na área, o juiz Danny Makkelie apitou o pênalti, e Schöne converteu para o 6 a 0, aos 66'.

Outro que havia entrado fora Klaas-Jan Huntelaar. E o atacante conferiu a única chance que teve, facilmente, marcando o sétimo gol aos 73': Ziyech cruzou da esquerda, e o camisa 9 subiu absolutamente sozinho na área para cabecear a esférica no filó defendido por Birighitti. E bastaram apenas dois minutos para o tento que fechou a goleada: de fora da área, Van de Beek fez 8 a 0, coroando a ótima semana que teve (não bastassem os três gols pelo clube, ainda estreou pela seleção holandesa). E também coroando, oras, um recorde do Ajax: a maior vitória fora de casa do clube em sua história no Campeonato Holandês - e a maior derrota do NAC Breda em seu estádio. Mas nem assim Marcel Keizer se convenceu: "Ainda vi pontos a melhorar", conforme alertou à FOX Sports holandesa. Ainda se houvesse diminuído a vantagem do PSV na liderança...

Duarte marcou dois gols, e o Sparta Rotterdam achou que estava tranquilo. Mas o Willem II correu atrás e empatou (Pro Shots)
Willem II 2x2 Sparta Rotterdam (sábado, 18 de novembro)

No jogo entre dois clubes que procuravam se afastar da zona de repescagem/rebaixamento, quase que Fran Sol se consagra: já de volta ao time titular do Willem II, após a remoção de um tumor nos testículos, o atacante espanhol quase marcou aos 23', de cabeça, mandando a bola rente ao gol. Azar dos Tricolores: na sequência da jogada, segundos depois, Deroy Duarte fez 1 a 0 para o Sparta,  em chute forte após passe de Robert Mühren. Mais quatro minutos, e Duarte se tornou o mais jovem jogador da história dos Kasteelheren a marcar dois gols num jogo, em jogada semelhante: passe de Mühren, finalização forte, 2 a 0. A partida poderia estar resolvida a favor dos visitantes de Roterdã.

Mas isso mudou dentro de alguns segundos, no segundo tempo: Ismaïl Azzaoui fez a jogada na esquerda, e cruzou para trás, com Thom Haye vindo na corrida. O meio-campista bateu forte, fez o primeiro do Willem II e reanimou a equipe da casa no estádio em Tilburg. Com a saída do goleiro titular do Sparta - com dores na virilha, Roy Kortsmit deu lugar ao reserva Leonard Nienhuis -, a pressão foi ampliada. E não demorou para o empate vir: aos 57', Mo El Hankouri cruzou da esquerda para o nigeriano Bartholomew Ogbeche marcar seu primeiro gol em um ano e vinte dias, após se recuperar de lesão. Aos 67', Ogbeche quase virou o jogo, sendo impedido por ótima defesa de Nienhuis. E o outro arqueiro, Matthijs Branderhorst, fez intervenção ainda melhor aos 76', defendendo no reflexo voleio de Craig Goodwin. Mesmo com essas tentativas, ficou o empate.

Só quando El Khayati fez seu gol cheio de classe o ADO Den Haag pôde se tranquilizar rumo à vitória (Laurens Lindhout/adodenhaag.nl)
ADO Den Haag 4x1 Heracles Almelo (domingo, 19 de novembro)

Foi assim na rodada passada, quando o Feyenoord saiu na frente em Haia. E o mau hábito de levar o 1 a 0 foi repetido pelo ADO Den Haag: aos 10', Reuven Niemeijer fez 1 a 0 para o Heracles, completando o cruzamento de Kristoffer Peterson (que, por sua vez, recebera a bola após excelente jogada de Brandley Kuwas). Niemeijer, aliás, já poderia ter marcado aos 3', quando concluiu nas mãos do goleiro Robert Zwinkels. Mas o Den Haag novamente correu atrás da virada. E começou a concretizá-la aos 28': após córner, Melvyn Lorenzen tentou dois chutes, rebatidos pela zaga, até que enfim conseguiu balançar as redes - o primeiro nativo de Uganda a fazer isso no Campeonato Holandês.

A virada poderia ter vindo antes para o clube auriverde: tanto antes do intervalo (aos 40', em chute errado de Wilfried Kanon) quanto depois (aos 51', Erik Falkenburg arrematou fraco demais). Coube a um holandês de ascendência marroquina consumar a merecida vantagem dos Hagenaren: aos 75', Nasser El Khayati fez belo gol, apenas rolando a bola para o canto sem que o goleiro Bram Castro esboçasse reação. Aos 80', Bjorn Johnsen conferiu o 3 a 1, completando passe de Lex Immers, e Elson Hooi transformou a vitória em goleada três minutos depois, após driblar Castro. Destaque nos 4 a 1, El Khayati já se colocou como possível seguidor da história ocorrida com Hakim Ziyech e Sofyan Amrabat: "Se um dos dois técnicos (Holanda ou Marrocos) me convocar, aceitarei. Mas só um".

Após dois gols contra no mesmo jogo, o Groningen se agigantou para a boa virada sobre o Vitesse (Ronald Bonestroo/VI Images)
Groningen 4x2 Vitesse (domingo, 19 de novembro)

O Vitesse ficou estranhamente em vantagem, no primeiro tempo. Não que não merecesse - na verdade, nenhum dos dois times fizera muito no estádio Noordlease -, mas a jogada é que foi engraçada: Aos 32', Milot Rashica cruzou, e Thomas Bruns tentou complementar de primeira. A bola do voleio iria para fora... mas desviou em Kasper Larsen, tirando as chances de defesa de Sergio Padt. Só que a sorte bafejaria o Groningen, já no segundo tempo. E com um gol contra ainda mais, bem, curioso. Aos 59', o lateral Fankaty Dabo tentou recuar a bola para o goleiro Jeroen Houwen (substituto do lesionado Remko Pasveer). Recuou alto e... a esférica encobriu Houwen, entrando para o 1 a 1. O clichê cabe: um golaço, contra.

Inicialmente, nem houve tanto mal assim para o Vites. Já aos 62', Larsen agarrou Tim Matavz em disputa aérea pela bola, o juiz Jeroen Manschot apontou a marca do pênalti, e Matavz converteu para o 2 a 1. Também não demorou para vir o empate dos mandantes do norte holandês: Oussama Idrissi completou boa jogada coletiva para o 2 a 2. Aí, os Groningers fizeram valer o maior volume ofensivo nos últimos minutos. Em grande estilo: aos 78', Leandro Bacuna cruzou, e Mimoun Mahi ajeitou no peito antes de um espetacular voleio para a virada. E aos 82', Mahi deu o passe para Tom van Weert completar a primeira vitória do Groningen após seis jogos.

Dessers abriu rápido o placar, e o Utrecht impôs ao Excelsior a primeira derrota fora de casa (Pro Shots)
Utrecht 3x1 Excelsior (domingo, 19 de novembro)

Cinco jogos fora de casa na temporada, cinco vitórias. Era esta sequência respeitável que o Excelsior defenderia no estádio De Galgenwaard, contra o Utrecht. E quase começou bem: de cabeça, o zagueiro Jürgen Mattheij quase colocou os visitantes de Roterdã na frente. Porém, Mattheij errou ainda mais atrás, aos 8'. E esse erro desembocou diretamente no gol dos Utregs: acossado, Mattheij perdeu a bola para Gyrano Kerk. E antes da chegada do goleiro Ögmundur Kristinsson, Kerk deixou Cyriel Dessers livre para colocar a bola nas redes. No resto do primeiro tempo, poucas chances mais aconteceram: um chute de Urby Emanuelson para os mandantes aqui, uma tentativa de Mike van Duinen ali, mas nada que mexesse no placar.

Ele só se mexeu na etapa complementar, aos 56'. E de que maneira: Yassin Ayoub tabelou com Rico Strieder, dominou a bola perto da área, e bateu colocado, no ângulo, sem chances para Kristinsson, em belo gol. Aos 64', o Utrecht praticamente confirmou que o Excelsior enfim cairia fora de casa: de cabeça, Willem Janssen fez o terceiro, completando escanteio. Na defesa, o goleiro David Jensen deu um susto, soltando a bola, mas Zakaria El Azzouzi não aproveitou. Não daquela vez: aos 88', num chute em diagonal, coube a ele marcar o gol de honra dos Kralingers.


O PSV correu riscos na maior parte do jogo. Mas sobrou uma bola, no minuto final dos acréscimos, e Isimat-Mirin garantiu a vitória (Henry Dijkman/VI Images)
Zwolle 0x1 PSV (domingo, 19 de novembro)

Desde que o jogo começou no estádio Mac³Park, ficou clara a estratégia do PSV: aguentar os ataques do Zwolle, para vencer os anfitriões no contragolpe. Foi o que se viu nos primeiros lances. Aos 6', os Zwollenaren atacaram: Younes Namli inverteu o jogo com outro Youness, o Mokhtar, que dominou a bola na área e chutou - o desvio em Daniel Schwaab facilitou a defesa de Jeroen Zoet. Os Boeren aproveitaram o espaço aos 11': após longo lançamento, Luuk de Jong ajeitou para Jürgen Locadia. O atacante superou Kingsley Ehizibue e entrou livre na área, mas o arqueiro Diederik Boer salvou o Zwolle: saiu do gol e impediu a finalização. E aos 18', a maior chance de gol: Gastón Pereiro mandou a bola para a área, em escanteio. E após desvios de Marco van Ginkel e Derrick Luckassen, Luuk de Jong completou. A bola passou por Boer, mas não por Ryan Thomas, que tirou em cima da linha. Boer apareceu de novo aos 20', rebatendo o chute de Jorrit Hendrix.

Porém, aos poucos, o ânimo dos Eindhovenaren no ataque diminuiu. E os anfitriões começaram a dominar. Aos 29', Mokhtar arriscou da entrada da área. A bola bateu em Schwaab, e muita gente pediu pênalti no estádio, mas o juiz Bjorn Kuipers não ligou. O Zwolle também se defendia melhor, e a prova veio aos 30': Luuk de Jong e Van Ginkel tentaram chutes à beira da área, ambos rebatidos pela defesa dos "Dedos Azuis". Da terceira vez, Pereiro mandou para longe. E o jogo se equilibrou. Aos 32', um chute de Mustafa Saymak, para fora. No minuto seguinte, uma finalização de Hirving Lozano, livre, foi evitada na hora H por Dirk Marcellis. De resto, os donos da casa despontaram. Aos 38', Bram van Polen recebeu de Saymak, cruzou, e Erik Israelsson cabeceou (fraco) para Zoet agarrar. E aos 41', Namli finalizou em chute colocado, pego pelo camisa 1 dos visitantes de Eindhoven - que perderam o lesionado Hendrix ainda antes do intervalo (Pablo Rosario entrou no lugar). Além do mais, o Zwolle tinha mais posse de bola, e tivera mais chutes a gol.

Antes de marcar o gol, Isimat-Mirin teve dificuldades de segurar Israelsson - e o PSV, de conter o Zwolle (Henry Dijkman/VI Images)
No começo do segundo tempo, a busca do Zwolle pela vitória foi ampliada. Aos 49', após Schwaab agarrar Marcellis na entrada da área, o juiz marcou falta, que Sandler cobrou para Zoet espalmar. No escanteio que se seguiu, Saymak cobrou, Marcellis escorou de cabeça, e Sandler completou por cima. Depois, aos 51', Luckassen chegou na hora exata para evitar que Namli, livre, marcasse o gol. E segundos depois, junto à linha de fundo, Saymak driblou Luuk de Jong e completou - a bola passou em frente ao gol de Zoet, e saiu. A pressão dos Zwollenaren seguiu aos 54': Israelsson dominou passe de Namli, livre na área (Luckassen dava condição), mas chutou em cima de Zoet, e Mokhtar também desperdiçou o rebote, arrematando por cima do gol. Após essas ousadias iniciais, o ritmo do Zwolle caiu um pouco. Mas a equipe alviazul seguiu melhor. Aos 68', Namli cruzou da direita, e Mokhtar perdeu grande chance, quase sem marcação na área: seu voleio saiu torto, mandando a bola para fora.

O PSV só apareceu de novo aos 73', e sem muito perigo: Van Ginkel cruzou da direita, e Luuk de Jong cabeceou - não houve problemas para Boer defender. E o fim do jogo ficou mais equilibrado. Os Zwollenaren buscaram num chute de Rick Dekker (aos 75', muito longe do gol) e aos 85': Ryan Thomas correu com a bola, e arriscou de média distância, para Zoet encaixar a bola na defesa. Aos 90', a última chance dos anfitriões, com Van Polen driblando Luckassen na direita, e chutando para outra defesa do goleiro dos visitantes. Segundos depois, Boer teve de trabalhar, rebatendo chute de Rosario já nos acréscimos. Parecia que o jogo ficaria no 0 a 0. Mas súbita e inesperadamente, quase no último lance do jogo, aos 90' + 3, veio o gol da vitória do PSV. Da esquerda, Locadia cruzou, Luuk de Jong cabeceou, Boer rebateu, e Nicolas Isimat-Mirin estava a postos para aproveitar a chance final do jogo, mantendo os Eindhovenaren seguros na ponta. Vitória injusta: o Zwolle teve mais posse de bola, chutou mais a gol, trouxe mais perigo, vendeu caríssimo a derrota, teve o esforço reconhecido pelos aplausos da torcida. Mas de vitórias imerecidas também se faz um favorito ao título - como é o PSV para o campeonato, com 33 pontos em 12 jogos, oito à frente do Ajax.

Seuntjens estava alerta para aproveitar o rebote e dar a vitória ao AZ (az.nl)
Roda JC 0x1 AZ (domingo, 19 de novembro)

Duas rodadas depois de surpreender o Feyenoord e empatar em casa, o Roda JC parecia capaz de novamente tirar ponto de um dos primeiros colocados do campeonato. Certo, o AZ teve a maior chance no primeiro tempo: aos 25', após o zagueiro Christian Kum errar passe, Guus Til mandou a bola na trave. Só que os Koempels mandantes não deixaram por menos: aos 41', Mario Engels preparou a jogada finalizada por Simon Gustafson e bem defendida por Marco Bizot.

No segundo tempo, Engels teve outra boa chance: mandou a bola pouco acima da meta, em cobrança de falta aos 49'. Pouco depois, Bizot evitou o gol de Dani Schahin. Os visitantes de Alkmaar reapareceram com Alireza Jahanbakhsh, aos 76', mas o iraniano arrematou muito por cima do gol. Contudo, quando o 0 a 0 parecia inescapável, Mats Seuntjens aproveitou rebote aos 84' para marcar o gol que manteve o AZ na terceira posição - e o Roda, na última.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

O caminho da tranquilidade

O AZ sabe se reorganizar. Por isso, repete ano após ano a doce rotina: ser saudado pela torcida (Ed van de Pol/az.nl)
Enfim, terminou o melancólico ano da seleção holandesa. E, na teoria, até poderia ter sido pior: afinal, foram seis vitórias nos últimos sete jogos de Dick Advocaat comandando a Laranja – terminando com mais dois amistosos superados: o 1 a 0 na Escócia (atuação irritante e extremamente lenta) e o 3 a 0 na Romênia (melhor, deixando alguma perspectiva para o recomeço de trabalho – jogaram bem Nathan Aké, Steven Berghuis, Memphis Depay e até Ryan Babel). De quebra, Advocaat deixa a seleção como o técnico com quem mais vezes ela venceu em sua história – 36.

Mas isso é teoria. A prática é a dura realidade da Holanda fora da Copa, e da torcida pensando com quem simpatizará na Rússia (em pesquisa do jornal Algemeen Dagblad, está em esmagadora vantagem o Marrocos, com 63% - até esperado, “enclave do Campeonato Holandês” que será na Copa, com gente como Karim El Ahmadi, Sofyan Amrabat, Hakim Ziyech...). O pior é que a Eredivisie também não parece indicar muitas emoções: afinal, o PSV já abriu oito pontos de vantagem na liderança. E seus outros dois colegas no trio de ferro, Ajax e Feyenoord, parecem patinar na própria incompetência. 

Sendo assim, vale mais a pena focar em histórias de clubes médios/pequenos que estão com campanhas respeitáveis na liga holandesa. Uma delas já foi descrita, a do Zwolle, que segue na terceira posição (agora, com a mesma pontuação do vice-líder Ajax – 22 pontos). Mas talvez a outra história mereça ainda mais crédito. De um time que também está na mesma toada de Ajax e Zwolle, com 22 pontos, na quarta posição. Um time que sofre turbulências em seu trabalho, mas que tem conseguido manter a tranquilidade – e que obtém suas recompensas por isso. Um time que está sempre à espreita, para surpreender: é o AZ.

Tinha tudo para ser diferente. Afinal de contas, o AZ foi um daqueles clubes que vivia com um mecenas – no caso, o banco DSB, de Dirk Scheringa, presidente entre 1993 e 2009 -, sendo muito feliz com ele: graças ao dinheiro do DSB, a equipe de Alkmaar conseguiu um desempenho excepcional na década passada. Com Co Adriaanse como técnico, alcançou a semifinal da Copa Uefa em 2004/05; e com Louis van Gaal e alguns outros destaques – Sergio Romero, Stijn Schaars, Demy de Zeeuw, Moussa Dembélé, Mounir El Hamdaoui -, alcançou o histórico título holandês de 2008/09. Mas tudo isso ameaçou se esvanecer quando o DSB faliu, forçando a saída de Scheringa e a óbvia queda de investimento.

De fato, o AZ fez uma temporada mais discreta, em 2010/11. Mas se reergueu já a partir de 2011/12, alcançando as quartas de final da Liga Europa. Na temporada seguinte, veio o título da Copa da Holanda. De lá para cá, sempre se manteve tranquilo na metade de cima da tabela. Não raro, disputando os play-offs que rendem vagas na Liga Europa. E até atormentando os três grandes – caso de 2014/15, quando se baseou num ótimo fim de temporada para destronar o Feyenoord da terceira posição e conseguir lugar direto no segundo torneio continental europeu de clubes.

Até alcançar a situação atual, de sempre disputar a posição de “melhor do resto”. Graças a um ambiente no qual a diretoria dá muita organização ao futebol – a ponto de ter contratado até Billy Beane, da antológica história com o Oakland Athletics no beisebol, para apurar as contratações, como consultor especial do clube. A partir disso, o técnico recebe respaldo para desenvolver seu trabalho – algo provado pelos três anos em que John van den Brom já está em Alkmaar. 

Claro, nada disso se dá sem crises. Foi o caso em 2014, quando a ambiciosa contratação de Marco van Basten para treinar a equipe fracassou após apenas quatro rodadas do Campeonato Holandês: Van Basten se cansou da pressão, e pediu para ser “rebaixado” a auxiliar-técnico de Alex Pastoor, que era seu braço-direito e seria “promovido” – foi a recusa de Pastoor, prontamente demitido, que abriu o caminho para John van den Brom, só auxiliado por Van Basten em sua primeira temporada. Também houve crises em 2015, quando o ex-jogador Earnie Stewart (sim, o atacante norte-americano que disputou as Copas de 1994, 1998 e 2002) deixou o cargo de diretor técnico para Max Huiberts. 

E não raro, achou-se que Van den Brom já estava com o trabalho defasado, e que já dera o que tinha de dar. Foi assim na temporada passada, única em que o clube nada conquistou: perdeu os play-offs da Liga Europa para o Utrecht, sofreu a vexatória eliminação na LE para o Lyon, terminou as 34 rodadas da Eredivisie apenas em sexto lugar. Pensou-se em demissão, mas o que veio foi uma reformulação da comissão técnica, com a troca de auxiliares: Dennis Haar foi treinar a equipe B do PSV, com o ex-jogador Arne Slot o sucedendo – e ajudando Van den Brom a renovar a equipe.

Weghorst: mais uma aposta certeira nas contratações (Ed van de Pol/az.nl)
Tal renovação também passou pelos acertos do AZ na formação do grupo, somando precisão nas contratações ao crescimento das categorias de base. O primeiro caso é exemplificado por dois atacantes. Já despontando no Heracles, Wout Weghorst chegou para ser o homem de referência com quem é habitual a equipe de Alkmaar contar (mentalidade tática que já se via com El Hamdaoui, passando por Josmer “Jozy” Altidore e Vincent Janssen). Pois bem: Weghorst está bem na disputa pelo posto de goleador, com seis gols. Processo semelhante ocorreu com Alireza Jahanbakhsh. O atacante iraniano foi um dos únicos destaques do NEC rebaixado em 2014/15. Foi prontamente contratado, e desde então se desenvolveu para chegar ao estágio atual da carreira: não só impera na ponta direita do ataque, como está praticamente certo como titular e protagonista do Irã na Copa, se nada anormal ocorrer.

Mas o que salta aos olhos na atual campanha dos “queijeiros” (apelido do AZ, pelo tradicional “Kaasmarkt”, o “mercado de queijo”, uma das principais atrações turísticas de Alkmaar) é o crescimento e o protagonismo das promessas próprias. Os veteranos Ron Vlaar e Rens van Eijden estão lesionados na zaga? Pois bem, o grego Pantelis Hatzidiakos (20 anos) e Owen Wijndal (19 anos) estão ocupando o miolo da defesa sem problemas. No meio-campo, se Marko Vejinovic rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho e está fora da temporada, é hora do despontar de Guus Til, 19 anos, que já tomou conta da armação das jogadas com Joris van Overeem (outra cria de Alkmaar) – sem contar o volante Teun Koopmeiners. No ataque, a história foi parecida: logo na primeira rodada, Calvin Stengs (18 anos) também rompeu seu ligamento. E sua vaga está sendo disputada por dois da base, Dabney dos Santos e Levi Garcia – vantagem do primeiro. De quebra, Guus Til já é titular da seleção holandesa sub-21.

Enfim, o AZ repete o bom desempenho doméstico das temporadas passadas, deixando a receita para clubes médios e pequenos da Holanda. Uma diretoria bem organizada que sabe resolver suas crises; um técnico com respaldo para trabalhar, ainda que tenha desconfianças e exigências; e um time acostumado a atuar no mesmo estilo, e não sofre com mudanças bruscas. Provavelmente não ganhará o campeonato. Mas também trará algum orgulho à sua torcida.

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 17 de novembro de 2017)

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Quem sabe?

Babel marcou, Memphis Depay (à direita) também, mas o abraçado Berghuis foi o destaque numa vitória que devolveu algum ânimo à Holanda (ANP)
A lentidão vista na seleção da Holanda que disputou o amistoso contra a Escócia, quinta-feira passada, foi aterradora. Quase um símbolo de todas as falhas - táticas e técnicas - que deixaram a Laranja fora da Copa de 2018. Outra dessas, no jogo desta terça, contra a Romênia, que fecharia o 2017 da equipe, seria um teste de paciência (ou de amor, no caso do simpatizante). Eis que, quando menos se esperava, saiu alguma coisa. Nada excelente: a atuação da Oranje foi apenas para o gasto. Mas foi o suficiente para uma vitória categórica por 3 a 0. Mais importante: uma vitória que revelou algumas perspectivas deixadas para o sucessor de Dick Advocaat.

No começo do jogo, até que os romenos tentaram algo na Arena Nationala de Bucareste. Num erro da defesa, como sói acontecer: aos 10', Daley Blind perdeu a bola no meio-campo para Eric Bicfavi, que arriscou de longe tentando surpreender Jasper Cillessen (previdente, o goleiro voltou rápido e agarrou a bola). Mas aos poucos, a Holanda se impôs. Graças a dois dos melhores jogadores na partida: Memphis Depay e Nathan Aké, ativos pela esquerda. Aos 13', Memphis cobrou falta perto da área, o goleiro Costel Pantilimon rebateu, e Aké mandou para fora na sobra.

Mais quatro minutos, e outra boa jogada surgiu da dupla Aké-Depay: o primeiro lançou o segundo, que cruzou rasteiro para o bom complemento de Davy Pröpper, de primeira, freado por defesa ainda melhor de Pantilimon. Aos 20', o goleiro da Romênia brilhou mais: espalmou para fora chute à queima-roupa de Ryan Babel (atuação levemente promissora), que roubara a bola de Vlad Chiriches. Só aos 23', a Romênia voltou ao ataque com perigo: Constantin Budescu recebeu livre na esquerda e cruzou para difícil defesa de Cillessen, que precisou disputar a bola com George Tucudean. Todavia, a Oranje seguia tranquila em campo. Poderia ter feito o gol aos 38', quando um lançamento longo de Pröpper deixou Memphis Depay em boas condições de chute (Pantilimon saiu bem do gol para pegar). Ou aos 41': após troca de passes, Aké chegou à linha de fundo, mandou a bola para o meio da área, e Babel tentou cabeceio fraco, que Chiriches tirou. Ou principalmente aos 45': Berghuis cruzou, e Babel cabeceou para as redes, mas estava impedido.

Saudado pelos auxiliares Fred Grim e Ruud Gullit, também demissionários, Advocaat pelo menos se despediu com motivos para alegria (Pro Shots)
Sem problemas: a jogada foi para valer logo no começo do segundo tempo, aos 47'. E revelou a melhor atuação na partida: com os espaços deixados na lateral esquerda da Romênia, Steven Berghuis (titular) deitou e rolou. Foi o jogador do Feyenoord que recebeu de Veltman aos 47', andou livre e cruzou da direita para Memphis Depay completar livre para as redes, na segunda trave. Depay ainda tentou retomar o protagonismo aos 54', dominando a bola na entrada da área, mas sua finalização saiu à direita de Pantilimon. Coube a Berghuis tranquilizar de vez a situação para a Holanda: de novo, fez a jogada de um gol. Aos 56', apareceu pela direita, cruzou, e Babel entrou pelo meio da pequena área para marcar seu primeiro gol pela Laranja em dez anos.

Com algumas alterações - e os óbvios espaços que Veltman e Berghuis deixavam na direita -, a Romênia enfim arriscou algo. Aos 68', Cillessen voltou a aparecer: defendeu chute colocado de Gheorghe "Gicu" Grozav, que recebeu na entrada da área após troca de passes. Outro reserva romeno que entrara na equipe de Cosmin Contra chegou perto do gol aos 79': Deniz Alibec recebeu pela esquerda, trouxe a bola para o meio, e arriscou. Passou perto.

Só que a Holanda também havia feito algumas mudanças. E de uma delas saiu o terceiro gol, aos 81’. De novo, com Berghuis participando: o jogador do Feyenoord mandou a bola para a área em falta, e Luuk de Jong cabeceou no canto de Pantilimon para resolver a vitória. Certo, Luuk perdeu gol quase certo aos 88' (estava livre, após lateral cobrado por Aké, mas tocou por cima do gol). Certo, o final do jogo teve o relaxo típico de um fim de ano, com várias entradas: Wesley Sneijder, Marco van Ginkel, Tonny Vilhena, até o estreante Donny van de Beek. E repita-se: a atuação holandesa não foi de encher os olhos.

Parar com a seleção? Por enquanto, Sneijder nem pensa nisso (ANP/Pro Shots)
Mas, pelo menos, serviu para fechar 2017 com alguma honra: ora, uma sequência de cinco vitórias seguidas. Ora, uma vitória que isolou Dick Advocaat como o técnico sob quem a Oranje mais venceu (37 vitórias, superando o inglês Bob Glendenning). Ora, uma vitória que permitiu a Advocaat confirmar sua demissão em paz: "Agora, a nova geração precisa tomar conta", conforme justificou à emissora SBS6. Pois bem: que a "nova" geração - Aké, De Ligt, Berghuis, Memphis, todos destaques no amistoso - jogue melhor e faça merecer confiança. Terá, pelo menos por enquanto, a ajuda do veterano Wesley Sneijder, 133 jogos e contando: "Estou feliz por estar aqui. Se o novo técnico continuar me convocando, continuarei aceitando". E que o novo técnico seja escolhido com o cuidado que não houve na federação entre 2014 e 2018.

Quem sabe, assim, a Holanda tenha mais motivos para sorrir, daqui a alguns anos.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Sono... mas vitória

A celebração do gol de Memphis Depay foi o único motivo de animação da Holanda, num amistoso vagaroso (Pro Shots)
Não era muito difícil imaginar que Escócia x Holanda seria um amistoso desanimado - afinal, tratam-se de duas seleções ainda amargando o fato de que não estarão na Copa de 2018. O problema foi assistir ao jogo no estádio Pittodrie, em Aberdeen, e confirmar a expectativa negativa: a partida mostrou uma lentidão irritante por parte da Laranja, e uma seleção escocesa apenas esforçada. Pelo menos, a Oranje continuou uma sequência ironicamente positiva: fez 1 a 0, e conseguiu a quarta vitória consecutiva, mesmo que vá assistir à Copa pela tevê.

Nos primeiros minutos após o juiz francês Ruddy Buquet apitar, até houve o temor de que a Holanda fosse repetir vexames anteriores. Impondo mais velocidade, e tendo mais espaço diante da habitual desorganização das linhas defensivas holandesas, a seleção comandada pelo interino Malky Mackay criou mais chances. Por exemplo, aos 8', quando Matt Philips chegou bem à área, mas chutou em cima de Karim Rekik - na sobra, John McGinn ainda arriscou de novo, mas Nathan Aké fez um corte providencial.

Aos 11', o perigo corrido pela defesa laranja foi ainda maior: após lançamento longo, Philips dominou a bola, e superou a marcação de Virgil van Dijk na área. Para completar, Jasper Cillessen ficara indeciso na saída de gol - mas conseguiu se recompor a tempo de fazer a defesa, em cima da linha. Mesmo errando nos toques finais, os escoceses insistiam. Fosse na cobrança de escanteios, fosse com chutes de fora - como aos 36', quando Kieran Tierney (talvez o melhor escocês em campo) arriscou de fora da área, e Cillessen precisou espalmar para o lado.

Na hora de recuar, a Escócia se fechava num 4-4-2 bem compactado. E a Holanda caía na armadilha da qual não consegue se desvencilhar: ficar sem espaço para trocar passes (o que só aconteceu aos 9', entre Ryan Babel e Quincy Promes - Babel foi desarmado logo que chegou à área). Quando os passes saíam, a zaga estava alerta para evitar - como aos 18', quando Memphis Depay mandou bola alta, mas Tierney impediu a chegada de Promes para a conclusão. Sem contar os erros próprios da Oranje - como aos 28', quando Daley Blind recebeu a bola numa cobrança ensaiada de escanteio e chutou para muito longe.

Van Dijk teve algumas dificuldades com os escoceses, mas conseguiu passar incólume pelo jogo (ANP)
Com a empolgação incipiente da Escócia, aos poucos, o espaço foi aparecendo. Aos 35', enfim, um chute a gol. Promes passou a Memphis Depay, que dominou e finalizou da entrada da área, fraco, para a defesa de Craig Gordon. Pouco depois, aos 40', com o time anfitrião trocando passes no ataque, houve um erro. Era a chance para o contra-ataque, e a Holanda não a perdeu. Depay retomou a posse, serviu a Wijnaldum, este passou a Babel (impedido). Na área, o camisa 9 cruzou para Memphis Depay - também em posição irregular - entrar escorando para as redes, marcando seu quarto gol nos últimos sete jogos que fez pela seleção. 

A rigor, o jogo poderia ter terminado aí. Porque no segundo tempo, a Holanda não fez quase nada, só arriscando nos avanços de Nathan Aké (cuja presença no time deverá ser cada vez mais comum). De resto, a Escócia apenas tentou. Com insistentes chutes de fora da área - como o de McGinn, aos 51', que mandou a bola à direita do gol, ou o do estreante Callum McGregor, aos 68', agarrado em dois tempos por Cillessen. E com erros como o do próprio arqueiro holandês - aos 55', se atrapalhou num recuo de Van Dijk, quase permitindo a chegada de Philips. 

A não ser num arremate de Kevin Strootman (capitão, com Sneijder no banco), interceptado por Tierney aos 62', a Holanda foi se fechando na área. Tomou algum sufoco aos 73' - logo após entrar em campo, Ryan Fraser dominou pela direita, superou a marcação de Van Dijk e arriscou o chute que saiu fraco, à esquerda de Cillessen. Mesmo mais esforçada, a Escócia não tinha talento para jogadas mais elaboradas. E só se aproximou de novo do gol aos 87', quando outro estreante escocês, Jason Cummings, chutou forçando boa defesa de Cillessen.

Enfim, a vitória valeu pelo recorde pessoal de Dick Advocaat (sob seu comando, foi a 36ª vitória somando as três passagens pela Oranje - igualando o recorde do inglês Bob Glendenning). E, vá lá, pelo esforço demonstrado pelo trio de ataque formado por Promes, Babel e Memphis. Mas o próprio Depay, autor do gol da vitória, reconheceu à FOX Sports holandesa: "Precisamos melhorar". E Kevin Strootman reconheceu, à emissora SBS6: "Sabemos que estamos com pouca confiança". Pelo menos, ninguém se empolgou exageradamente com uma atuação lenta demais. A ponto de dar sono.


Fechada para balanço

Para a imprensa holandesa, Advocaat desconversou. Mas confirmou à escocesa: deixará seleção após amistosos (ANP)
Ficar fora da Copa de 2018 ainda é um impacto duro demais para que a federação holandesa consiga pensar em qualquer forma de recomeçar os trabalhos para a seleção. Sendo assim, é possível dizer que a Laranja disputará os últimos amistosos de 2017, contra a Escócia (nesta quinta, no estádio Pittodrie de Aberdeen, às 17h45 de Brasília) e Romênia (na próxima terça, às 17h de Brasília, na Arena Nationala de Bucareste), apenas para cumprir tabela. Não é a intenção fazer deles marcos do começo de uma reação para os próximos anos.

Até porque o técnico que comandará a Oranje nas duas partidas já é um demissionário. A bem da verdade, já se suspeitava que Dick Advocaat só cumpriria sua obrigação contra Escócia e Romênia, para depois se despedir da equipe. Porém, já depois do jogo derradeiro das Eliminatórias da Copa, contra a Suécia, Advocaat colocou a possibilidade de seguir comandando a seleção em 2018. À revista Voetbal International, ele ponderou: “Depende da federação. Não quero forçar a diretoria a nada”. Ainda à revista, o treinador também colocava dúvidas sobre as alternativas: “Por quê trazer um técnico estrangeiro? E quem está à disposição? Aliás, também vale para os técnicos holandeses. Os principais ou estão empregados, como Ronald Koeman ou Peter Bosz, ou não querem [treinar a seleção], como Louis van Gaal e Frank de Boer, ou estão no primeiro trabalho da carreira”. Neste último caso, o comandante da seleção não falou nada – nem precisava: são imediatas as lembranças de Phillip Cocu, Giovanni van Bronckhorst e Erik ten Hag.

Ainda assim, mesmo com tais dúvidas, a possibilidade de Advocaat seguir como técnico já era muito remota. E a movimentação desde o dia 10 de outubro, quando houve o jogo contra a Suécia, só tornou a saída do veterano mais provável. Primeiro, com a demissão de Ronald Koeman, no Everton, com o ex-zagueiro já deixando Goodison Park como candidato automático à sucessão na Laranja. Depois, com a antecipação do auxiliar Ruud Gullit: só continuaria na comissão técnica se Advocaat seguisse como técnico, sem cogitar eventual promoção a treinador (possibilidade até aventada pelo atual treinador).

Advocaat seguia enigmático com a imprensa holandesa. No anúncio da convocação definitiva, anunciou: “Já sei o que farei, após o jogo contra a Romênia. A decisão está só comigo, não falei nada à KNVB. Ainda me reunirei”. Só que todo o mistério foi por água abaixo na chegada a Aberdeen: abordado por jornalistas escoceses ainda no saguão do aeroporto, o técnico abriu o jogo. “Estes são meus dois últimos jogos, e depois deles deixarei a seleção”. No treino de reconhecimento do estádio Pittodrie, quando foi a vez de falar com os periodistas compatriotas, Advocaat ainda alegou que não queria dizer o que disse... mas a decisão já estava clara para todos.

Sem novidades na convocação, Holanda terá novamente Sneijder. Até quando? (Laurens Lindhout/Getty Images)
Assim como também estava claro que não haveria grandes novidades nas convocações, segundo Advocaat antecipara na citada entrevista à Voetbal International: “Por que chamar um grupo totalmente diferente? (...) Tem lógica substituir alguns por gente mais jovem, só porque uma nova seleção precisa ser formada?”. E não houve mudanças mesmo: entre os 25 convocados iniciais, estavam os nomes constantes nas chamadas mais recentes. Se havia alguma perspectiva de renovação, era no retorno do veterano Michel Vorm, como um dos três goleiros, e na possibilidade de Jürgen Locadia, um dos goleadores do Campeonato Holandês, enfim estrear como titular na Oranje.

Ambas as novidades caíram por terra ainda no final de semana passado. Com dores no joelho, Vorm foi cortado – Sergio Padt, do Groningen, foi prontamente chamado para acompanhar Jasper Cillessen e Jeroen Zoet. Mais impressionante foi o azar de Locadia, desligado por problema muscular: pela terceira vez, o atacante foi impedido de estrear pela seleção graças às circunstâncias. Em novembro de 2015, Locadia estava no grupo chamado por Danny Blind para o amistoso contra a Alemanha – cancelado por ameaça de atentado terrorista em Hannover. Em março de 2016, lembrado para os duelos amistosos contra França e Inglaterra, o atacante foi excluído da delegação por lesão no tornozelo. Segue sua espera pela oportunidade com a camisa laranja.

Não que a oportunidade fosse imperdível. Afinal, bastaram lesões leves para abaterem mais três dos convocados de princípio. Lesionados no joelho, Vincent Janssen e Wesley Hoedt foram cortados – no caso de Janssen, Luuk de Jong foi chamado para repor a lacuna. Bas Dost também foi dispensado, mesmo que a contusão sofrida por ele contra o Braga, na rodada passada do Campeonato Português, fosse leve. E por um triz não se decidiu desligar Wesley Sneijder, que chegou do Nice sentindo dores.

Sem Robben, as responsabilidades de Memphis Depay ficarão maiores (Getty Images)
Chegando aos poucos na habitual concentração do hotel Huis ter Duin, na cidade de Noordwijk, o assunto era mais a troca de técnico do que a crise holandesa – a ponto de Georginio Wijnaldum ter até feito piada: “Eu até convidei Jürgen Klopp para a seleção, mas ele não quis...”. E aqui e ali, há ecos e perguntas lembrando a saudade de Arjen Robben que a Oranje já sente. Steven Berghuis reconheceu: “Ninguém substituirá Robben”. E Memphis Depay, sobre cujos ombros recairão mais responsabilidades, pede clemência: “Não se pode comparar a minha situação à de Robben. Eu só tenho 23 anos, as pessoas se esquecem disso. Robben já alcançou muito na carreira dele”.

Se houvesse alguma polêmica em potencial, ela estaria nas reclamações de Zoet por estar na reserva – à citada Voetbal International, o goleiro lamentou estar na reserva de Cillessen (justo, já que dos três originalmente chamados, Zoet é o único com pleno ritmo de jogo, com as atuações no PSV): “Não entendo [a reserva]. Mas não posso mudar isso. É uma escolha dos técnicos, e devo lidar com isso. É verdade [que outros fatores interferem], e isso é muito chato para mim. Uma hora falam que é por causa do ritmo, e noutra dizem que isso não interfere. É confuso”. Mas Advocaat minimizou as reclamações, com uma leve alfinetada: “Entendo a chateação dele, mas por que reclamar a uma revista? Ele não falou nada comigo a respeito”. E ficou nisso.

Ou seja: a Holanda apenas treina, para jogar dois amistosos que terão apenas a função de fechar a terceira passagem de Dick Advocaat pela seleção holandesa - quem sabe dando a ele o consolo de ser o técnico com o qual a seleção mais venceu, caso haja duas vitórias, que o fariam superar as 36 do inglês Bob Glendenning. Ainda convocado (e sem intenção de abandonar a seleção – pelo menos, por enquanto), Sneijder confirmou que a fase é de fechar para balanço: “Não é um novo começo, apenas o fim de um período”. Fica para depois a resolução sobre qual será o comandante do novo começo da Laranja – mas por via das dúvidas, Ronald Koeman já aguarda um telefonema em seu pequeno período sabático.

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 9 de novembro de 2017)