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sexta-feira, 30 de junho de 2023

A Holanda na Copa feminina - as 23 convocadas: Beerensteyn

 
Beerensteyn foi coadjuvante por muito tempo, mereceu respeito por sua dedicação... e terá o prêmio na Copa: preencherá a lacuna entre as titulares, com a falta de Miedema (KNVB Media)

Ficha técnica
Nome: Lineth Enid Fabienne Beerensteyn
Posição: Atacante
Data e local de nascimento: 11 de outubro de 1996, em Haia (Holanda)
Clubes na carreira: ADO Den Haag (2012 a 2016), Twente (2016 a 2017), Bayern de Munique-ALE (2017 a 2022) e Juventus-ITA (desde 2022)
Desempenho na seleção: 90 jogos e 24 gols, desde 2016
Torneios pela seleção: Euro 2017 (3 jogos, nenhum gol), Copa de 2019 (7 jogos, 1 gol), torneio olímpico de 2020+1 (4 jogos, 3 gols) e Euro 2022 (4 jogos, nenhum gol)

(Versão revista e ampliada do texto de apresentação para o guia deste blog na Copa de 2019)

Na derrota da seleção feminina da Holanda (Países Baixos) para a Alemanha, por 1 a 0, num amistoso em abril passado, a atacante Lineth Beerensteyn perdeu muitos gols. Após um deles, foi flagrada pelas câmeras em rápida conversa com o técnico Andries Jonker. Muito se especulou que fosse até um consolo público de Jonker a Beerensteyn, pelas críticas que já começavam a ela. Havia esse lado, de fato. Entretanto, o técnico alegou que as palavras não eram consolo, mas reconhecimento e até reforço de uma escolha muito importante. Afinal, Beerensteyn ocupará a lacuna deixada no ataque pela ausência de Vivianne Miedema na Copa. Será titular da Holanda num grande torneio. De certa forma, é um reconhecimento a uma trajetória de muito esforço. E à versatilidade da atacante, que pode jogar tanto pelas pontas, onde tem velocidade, quanto no meio da área, como finalizadora das jogadas.

Como nativa de Haia, era previsível que Beerensteyn já começasse nas categorias de base do ADO Den Haag, o grande clube da cidade. Deu certo: fisicamente forte, a atacante se estabeleceu rapidamente nos times inferiores dos Hagenaren. Não demorou para também chamar a atenção dos técnicos das seleções inferiores: em 2011, Lineth já aparecia em algumas convocações do time sub-15 da Holanda, pela qual fez dois jogos, sem gols marcados.

Com trajetória regular na base, a atacante enfim chegou ao time principal do ADO Den Haag. Na temporada 2012/13, sua primeira no grupo - e primeira na BeNeLeague, a união dos campeonatos belga e holandês de mulheres -, ela fez poucos gols (4), mas já esteve em 25 partidas, já fazendo parte de um título (a Copa da Holanda). Nas seleções de base, o avanço seria maior. Em 2012, a avante apareceu pela seleção sub-16, em quatro jogos, para no mesmo ano ser "promovida" à Holanda feminina sub-17, pela qual fez oito jogos, entre 2012 e 2013.

Mas o sinal de que uma revelação nascia com Beerensteyn apareceu a partir de 2014. Nem tanto na temporada 2013/14 da BeNeLeague: foram só sete gols, em 18 jogos pelo ADO Den Haag. Só que depois da BeNeLeague, veio a Euro feminina sub-19. Àquela altura, ela já estava no grupo da Holanda que foi convocado para o torneio continental da categoria. E mesmo no banco de reservas durante toda a Euro Sub-19, a atacante fez parte do título europeu. Voltou para o Den Haag, e como titular, fez sua melhor temporada até então: foram 17 gols, em 24 jogos pela última edição da BeNeLeague (da qual foi escolhida a melhor jogadora). Àquela altura, Beerensteyn já não era só uma atacante de força física: mostrava talento ao jogar pelas pontas, além de crescer na qualidade das finalizações.

Beerensteyn já mostrava talento no ADO Den Haag (adodenhaag.nl/Divulgação)

A partir da temporada 2015/16, o Campeonato Holandês voltou a ser disputado isoladamente. Mas Beerensteyn continuou evoluindo, com média de gols ainda melhor: 11, em 18 jogos. O desempenho rendeu uma transferência para o Twente, campeão feminino nos Países Baixos. Mais do que isso: com inconstância nas opções de ataque da seleção feminina da Holanda (Manon Melis deixando as Leoas em definitivo, Ellen Jansen e Renate Jansen sem saírem a contento), Lineth começou a ser olhada com atenção. E estreou pela Laranja num amistoso em 20 de outubro de 2016, contra a Escócia. Mais: já fez gol, o segundo na goleada por 7 a 0.

No Twente, foram poucos gols na temporada 2016/17: 9, em 21 jogos. Todavia, Beerensteyn seguiu com desempenho elogiável pela seleção feminina: nos dois primeiros amistosos da Oranje em 2017, em janeiro, fez dois gols. Com isso, já foi convocada para a Euro feminina que a Holanda disputaria em casa. Saiu do banco em quatro partidas do torneio continental. E fez parte da histórica campanha concluída com o primeiro título principal da Holanda no futebol feminino.

Sem Miedema, a Holanda precisou de Beerensteyn na repescagem das Eliminatórias da Copa de 2019. E ela foi útil: três gols (Peter Lous/Soccrates/Getty Images)

Beerensteyn foi mais uma a lucrar com a vitória das Leoas na Euro: foi contratada pelo Bayern de Munique, para suceder justamente aquela de quem era reserva na seleção, Vivianne Miedema. Foi discreta no time alemão: 10 jogos e dois gols. Mas era vestir laranja, que a atacante provava talento. Provou principalmente num momento fundamental: em outubro de 2018, nas semifinais da repescagem pela última vaga da Europa na Copa do Mundo de 2019. Naquelas partidas contra a Dinamarca, Miedema estava machucada. Beerensteyn recebeu a responsabilidade de ser a titular. Plenamente justificada: abriu o placar no 2 a 0 do jogo de ida, e marcou os dois gols nos 2 a 0 da volta, colaborando para a Holanda afinal chegar à Copa, decidindo a vaga contra a Suíça.

Por tudo isso, mesmo discreta no Bayern em 2018/19 (foram apenas três gols em 19 jogos do Campeonato Alemão, naquela temporada), Beerensteyn teve vaga certa entre as convocadas para a Copa de 2019. Mesmo começando no banco de reservas, ganhou importância gradativamente crescente durante os jogos. Na estreia contra a Nova Zelândia, entrou só aos 87' - mas desviou a bola que Jill Roord completou para o gol da vitória por 1 a 0. Contra o Canadá, ainda na fase de grupos, foi melhor ainda para ela: a camisa 21 holandesa naquele torneio entrou aos 70', substituindo Lieke Martens - e três minutos depois, foi de Beerensteyn o gol de mais um triunfo holandês (2 a 1). Com os problemas físicos que Martens enfrentou ao longo de toda a Copa, a sua reserva ganhou mais tempo de jogo, mesmo vinda do banco de reservas. A má fase de Shanice van de Sanden abriu outra oportunidade. E a atacante aproveitou: foi escalada como titular na semifinal contra a Suécia (só deu lugar a Van de Sanden aos 71'), e jogou todos os 90 minutos da decisão contra os Estados Unidos. Em suma: Beerensteyn não virou titular da Holanda na Copa de 2019, mas sua importância dentro do grupo de convocadas ficou mais visível com a campanha do vice-campeonato mundial.

Beerensteyn começou a deixar de ser coadjuvante na seleção feminina da Holanda, justamente numa Copa do Mundo: fez um gol, e terminou como titular (Jean Catuffe/Getty Images)

No Bayern de Munique, Beerensteyn começou a ter desempenho muito constante ao longo da temporada 2019/20: foram sete gols em 22 jogos. E, aí sim, conseguiu fazer valer isso na seleção: de um ano para outro, tomou a titularidade nela, ainda no começo das eliminatórias da Euro. Nem mesmo a pausa forçada pelo início da pandemia de COVID-19 fez com que sua produção baqueasse. Aliás, seu primeiro título pelo Bayern de Munique veio justamente em 2020/21 - o título do Campeonato Alemão, no qual colaborou com três gols em 19 partidas. De quebra, foi titular (com três gols marcados) na campanha da Liga dos Campeões feminina daquela temporada, em que o Bayern foi semifinalista. E em que pese ter voltado a andar mais pelo banco de reservas na seleção da Holanda, a atacante teve mais um torneio importante para disputar por ela, indo ao torneio dos Jogos Olímpicos. E no Japão, mesmo tendo somente um jogo como titular, mostrou sua utilidade: foram três gols - um nos 10 a 3 sobre Zâmbia, os outros dois nos 8 a 2 sobre a China, ambos na fase de grupos.

Beerensteyn se estabilizou no Bayern de Munique: foram seis temporadas pelo time alemão, quase sempre como titular (Roland Krivec/DeFodi Images/Getty Images)

A partir de 2021/22, porém, Beerensteyn passou a viver momentos alternados. Na seleção, mesmo tendo mais concorrência sob o comando do técnico Mark Parsons - não só com Victoria Pelova e Jill Roord, mas com as novatas que surgiam, nas figuras de Esmee Brugts e Romée Leuchter -, a atacante teve a titularidade com mais frequência. Foi muito bem na edição de 2022 no Torneio da França, marcando dois gols no quadrangular amistoso (um deles, no 1 a 1 contra o Brasil, em belo voleio). Contudo, na Euro feminina, a concorrência a superou: mesmo titular definitiva, após o corte de Lieke Martens, a atacante passou em branco no torneio. E em clubes, viveu um momento fraco: nos três torneios que jogou pelo Bayern de Munique na temporada, marcou apenas cinco gols, seu índice mais baixo em seis anos pelo clube alemão. Coincidência ou não, a passagem por ali acabou em 2022: Beerensteyn aceitou a proposta da Juventus, e se transferiu para a Itália.

Contudo, nada em campo foi tão forte para Beerensteyn no ano passado quanto um drama pessoal, vivido em outubro: a morte da mãe. O fato a tirou de um amistoso contra a Noruega, tirou-a de jogos da Juventus, mas logo a atacante voltou a jogar. Figurando numa posição diferente da habitual: se era mais uma ponta, passou a ter chances frequentes como atacante de área, até pelas janelas de folga que Vivianne Miedema recebia de vez em quando. Foi assim que seguiu na seleção, agora sob o treinamento de Andries Jonker. E foi assim que pôde fazer uma homenagem valiosa e singela, no último amistoso feminino da Holanda em 2022: em 15 de novembro, Beerensteyn marcou o segundo gol nos 2 a 0 sobre a Dinamarca - e comemorou apontando os dedos aos céus, numa óbvia menção descrita ao site NU Sport: "Foi uma noite especial, mas um pouco dolorosa, também. [O gol] foi para minha mãe, quis mostrar que foi para ela".

Logo na primeira temporada pela Juventus, Beerensteyn teve o que comemorar: nunca fez tantos gols na carreira, e celebrou o título da Copa da Holanda (Juventus/Divulgação)

De lá até agora, Beerensteyn fortaleceu sua posição em campo. Com a lesão de Miedema abrindo uma lacuna no meio do ataque, ela se fez valer com 11 gols pela Juventus em 21 jogos do Campeonato Italiano, desempenho melhor do que as temporadas no Bayern de Munique (e no clube italiano, só abaixo dos 15 gols da italiana Cristiana Girelli), e ainda celebrou o título da Copa da Itália de mulheres. Bastou para ter a confiança de Andries Jonker. E começar a justificá-la nas datas FIFA de fevereiro: na vitória por 4 a 0 sobre a Áustria, ela fez dois gols, ganhando confiança para apregoar à ESPN holandesa: "Depende do treinador decidir qual jogadora ele quer naquela posição. E depende de mim provar que posso. Ele [Jonker] está testando muito vários esquemas, e acho que provei que posso jogar em mais posições no ataque". Provou de novo em abril: mesmo com os vários gols perdidos contra a Alemanha, motivando as imagens que abriram este texto (e algumas críticas ácidas, como a manchete "Beerensteyn não é Miedema", do site da revista Voetbal International), Beerensteyn reagiu fazendo um dos gols da Holanda, nos 4 a 1 sobre a Polônia.

Enfim, Beerensteyn estará em Austrália/Nova Zelândia tendo superado as concorrências. Emplacou mais um grande torneio pela seleção. E agora, nada de ser coadjuvante.

(Rico Brouwer/Soccrates/Getty Images)

sexta-feira, 31 de maio de 2019

As 23 Leoas: Beerensteyn

Entre 12 de maio e 4 de junho, o Espreme a Laranja traz um texto descrevendo a carreira de todas as 23 convocadas para a seleção da Holanda que disputará a Copa do Mundo feminina. 


Beerensteyn é até mais nova do que algumas companheiras de seleção feminina. Mas na hora da disputa por posições, provou-se mais efetiva do que elas, se tornando a principal opção ofensiva da Holanda no banco (onsoranje.nl)
Há atacantes mais experientes, em idade e em trajetória, entre as 23 convocadas da seleção da Holanda para a Copa do Mundo feminina. Entretanto, quando se pergunta a reserva imediata para as três titulares da frente da equipe titular das Leoas, é uma cidadã relativamente novata a resposta imediata. Tudo porque Lineth Beerensteyn mostrou força física e oportunismo, quando teve a chance de jogar. Por isso, a atacante recebeu bem mais chances do que Ellen Jansen e Renate Jansen. E está bem melhor cotada para sair do banco, se necessário.


Como nativa de Haia, era previsível que Beerensteyn já começasse nas categorias de base do ADO Den Haag, o grande clube da cidade. Deu certo: fisicamente forte, a atacante se estabeleceu rapidamente nos times inferiores dos Hagenaren. Não demorou para também chamar a atenção dos técnicos das seleções inferiores: em 2011, Lineth já aparecia em algumas convocações do time sub-15 da Holanda, pela qual fez dois jogos, sem gols marcados.

Com trajetória regular na base, a atacante enfim chegou ao time principal do ADO Den Haag. Na temporada 2012/13, sua primeira no grupo - e primeira na BeNeLeague -, ela fez poucos gols (4), mas já esteve em 25 partidas, já fazendo parte de um título (a Copa da Holanda). Nas seleções de base, o avanço seria maior. Em 2012, a avante apareceu pela seleção sub-16, em quatro jogos, para no mesmo ano ser "promovida" à Holanda feminina sub-17, pela qual fez oito jogos, entre 2012 e 2013.

Mas o sinal de que uma revelação nascia com Beerensteyn apareceu a partir de 2014. Nem tanto na temporada 2013/14 da BeNeLeague: foram só sete gols, em 18 jogos pelo ADO Den Haag. Só que depois da BeNeLeague, veio a Euro feminina sub-19. Àquela altura, ela já estava no grupo da Holanda que foi convocado para o torneio continental da categoria. E mesmo no banco de reservas durante toda a Euro Sub-19, a atacante fez parte do título europeu. Voltou para o Den Haag, e como titular, fez sua melhor temporada até então: foram 17 gols, em 24 jogos pela última edição da BeNeLeague.

A partir da temporada 2015/16, voltou o Campeonato Holandês isolado. Mas Beerensteyn continuou evoluindo, com média de gols ainda melhor: 11, em 18 jogos. O desempenho rendeu uma transferência para o Twente, campeão feminino na Holanda. Mais do que isso: com inconstância nas opções de ataque da seleção da Holanda (Manon Melis deixando as Leoas em definitivo, Ellen Jansen e Renate Jansen sem saírem a contento), Lineth começou a ser olhada com atenção. E estreou pela Laranja num amistoso em 20 de outubro de 2016, contra a Escócia. Mais: já fez gol, o segundo na goleada por 7 a 0.

No Twente, foram poucos gols na temporada 2016/17: 9, em 21 jogos. Todavia, Beerensteyn seguiu com desempenho elogiável pela seleção feminina: nos dois primeiros amistosos da Oranje em 2017, em janeiro, fez dois gols. Com isso, já foi convocada para a Euro feminina que a Holanda disputaria em casa. Saiu do banco em quatro partidas do torneio continental. E fez parte da histórica campanha concluída com o primeiro título principal da Holanda no futebol feminino.

Sem Miedema, a Holanda precisou de Beerensteyn na repescagem das Eliminatórias da Copa. E ela foi útil: três gols (Peter Lous/Soccrates/Getty Images)
Beerensteyn foi mais uma a lucrar com a vitória das Leoas na Euro: foi contratada pelo Bayern de Munique, para suceder justamente aquela de quem era (e é) reserva na seleção, Vivianne Miedema. Foi discreta no time alemão: 10 jogos e dois gols. Mas era vestir laranja, que a atacante provava talento. Provou principalmente num momento fundamental: em outubro de 2018, nas semifinais da repescagem pela última vaga da Europa na Copa do Mundo. Naquelas partidas contra a Dinamarca, Miedema estava machucada. Beerensteyn recebeu a responsabilidade de ser a titular. Plenamente justificada: abriu o placar no 2 a 0 do jogo de ida, e marcou os dois gols nos 2 a 0 da volta, colaborando para a Holanda afinal chegar à Copa.

Por tudo isso, mesmo discreta no Bayern (na temporada atual, foram apenas três gols em 19 jogos), Beerensteyn superou as colegas na disputa por posição na seleção. Continua sendo reserva: o trio Van de Sanden-Miedema-Martens ainda é absoluto na Holanda. Mas já provou: sabe fazer gol pela Oranje. Pode ser de muita utilidade na Copa.

Ficha técnica
Nome: Lineth Beerensteyn
Posição: Atacante
Data e local de nascimento: 11 de outubro de 1996, em Haia (Holanda)
Clubes na carreira: ADO Den Haag (2012 a 2016), Twente (2016 a 2017) e Bayern de Munique-ALE (desde 2017)
Desempenho na seleção: 39 jogos e 9 gols, desde 2016