quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Falta pouco, mas falta

O Ajax passou algum sufoco. Mas na hora exata, a dupla Ziyech-Promes aparecia: vitória resolvida e classificação próxima (AFP)
O Ajax tinha tudo para vencer o seu quinto jogo na fase de grupos da Liga dos Campeões. Mas convinha ter cuidado. Primeiro, porque o miolo de zaga estava sacrificado, com as suspensões de Joël Veltman e Daley Blind. Depois, porque embora já eliminado, o time francês tinha lá jogadores que poderiam dar algum trabalho, como deram. Mas esta equipe Ajacied já mostrou: na hora necessária, tem eficiência, aproveita as chances. Por isso, saiu com mais uma vitória fora de casa na Champions League, chegando à liderança do grupo H da competição e ampliando bastante suas chances de voltar às oitavas de final.

Aliás, a eficiência foi mostrada já no primeiro ataque, com quase dois minutos de bola rolando - 1min34s, para ser mais preciso. Uma troca de passes terminou nos pés de Hakim Ziyech, que chutou com a precisão habitual para fazer 1 a 0 e já tranquilizar um pouco mais os visitantes de Amsterdã no Pierre Mauroy. Um pouco. Logo, o Lille começou a ter espaços para contra-atacar. E mesmo nos ataques "normais", a equipe francesa já tinha um ponto fraco a mirar no Ajax: Noussair Mazraoui, sem muito ritmo, já levando cartão amarelo no primeiro tempo.

Com os jogadores Ajacieden seguindo nas idas ao ataque, a defesa começava a sofrer pressão. E dá para dizer que o Lille só não empatou pelo incrível gol que Jonathan Bamba perdeu, aos 30'. De quebra, se tanto Ziyech, Quincy Promes e Donny van de Beek iam bem, Dusan Tadic ainda não brilhava, enquanto Zakaria Labyad cometia algumas falhas. Corrigir os erros era necessário, se o Ajax quisesse ter mais tranquilidade. Uma dessas correções veio por infelicidade: ainda nos acréscimos do primeiro tempo, Labyad lesionou o joelho, e precisou dar lugar a Noa Lang.

A queda de Labyad, após lesão no joelho: um dos sintomas da perigosa piora do Ajax, que quase rendeu o empate ao Lille (BSR Agency)
A correção seguinte foi no intervalo: antes que Mazraoui corresse mais riscos de expulsão (poderia ter levado o vermelho aos 35', após falta em Boubakary Soumaré), Erik ten Hag colocou Edson Álvarez no miolo de zaga para o segundo tempo. Daí, um último susto aos 50', quando Jonathan Ikoné perdeu outra oportunidade valiosa para o Lille, após falha de Schuurs e cruzamento de Victor Osimhen. Porque, mesmo que Ajax e Lille trocassem chances, o time holandês parecia tecnicamente mais capacitado para fazer o segundo gol.

E fez, aos 59', com a jogada já relativamente comum e exitosa das últimas rodadas do Campeonato Holandês: Ziyech cruzou, Promes passou por trás da defesa para finalizar, chegou livre, tocou, gol (nos cinco últimos gols do camisa 11, cinco passes do marroquino). Aí, o Ajax ficou tranquilo. Só precisou de Onana uma vez, aos 71' - e o goleiro camaronês correspondeu, em duas grandes defesas seguidas, no chute de Bamba e no rebote de Yusuf Yazici (talvez o melhor do Lille no jogo). Mas, enfim, Tadic ajudava Van de Beek, Promes e Ziyech. Noa Lang surpreendia positivamente: puxava contragolpes, segurava a bola, criava jogadas. Poderia até ter vindo o terceiro gol, aos 79', mas foi anulado: o VAR apontou mão de Ziyech na bola.

Tudo bem. A tarefa do Ajax estava cumprida, configurando uma quinta rodada que o deixou muito perto da vaga nas oitavas de final: líder do grupo, tendo a vitória ou o empate a seu favor contra o Valencia. Mas como bem se aprendeu na temporada passada da Liga dos Campeões, estar perto não significa estar classificado. Falta pouco, mas ainda falta algo: o Ajax terá duro desafio no jogo direto contra o Valencia. Precisará ser mais atento na defesa, mais firme nas divididas... mas para sua sorte, parece estar mais preparado para aproveitar as chances de modo eficiente - sem deixar de jogar bem.

Liga dos Campeões - fase de grupos

Lille 0x2 Ajax

Local: Pierre Mauroy (Lille)
Data: 27 de novembro de 2019
Árbitro: Felix Brych (Alemanha)
Gol: Hakim Ziyech, aos 2', e Quincy Promes, aos 59'.

Lille
Mike Maignan; Zeki Çelik, Tiago Djaló, Gabriel e Reinildo Mandava; Benjamin André (Renato Sanches), Boubakary Soumaré e Yusuf Yazici (Loïc Rémy); Jonathan Ikoné, Jonathan Bamba (Luiz Araújo) e Victor Osimhen. Técnico: Christophe Galtier

Ajax
André Onana; Sergiño Dest, Noussair Mazraoui (Edson Álvarez), Perr Schuurs e Nicolás Tagliafico; Quincy Promes, Donny van de Beek e Lisandro Martínez; Zakaria Labyad (Noa Lang), Dusan Tadic e Hakim Ziyech (Siem de Jong. Técnico: Erik ten Hag

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Um jogo, um parágrafo, um vídeo: a 14ª rodada da Eredivisie

Utrecht 0x3 AZ (sábado, 23 de novembro)

Até que o Utrecht trouxe perigo no começo: aos 4', Sander van de Streek chutou em cima da defesa, e no minuto seguinte, Sean Klaiber forçou o goleiro Marco Bizot a fazer boa defesa. Mas aí, o AZ mostrou eficiência notável para buscar a vitória. Começou aos 24': Teun Koopmeiners cobrou falta, a bola desviou em Gyrano Kerk, na barreira, e tirou as chances de defesa de Maarten Paes. Mais sete minutos, e enfim Oussama Idrissi aproveitou uma das várias chances que vinha tendo para fazer 2 a 0, após um drible e um chute forte, sem ângulo. Dois golpes precisos nos Utregs: as chances dos mandantes diminuíram - só veio um cabeceio de Sander van de Streek, aos 45', defendido por Bizot. Os visitantes de Alkmaar seguiam na deles, só esperando uma chance para ampliar a vantagem. E ela veio no começo do segundo tempo, aos 50', com a dupla que simboliza a ótima campanha: Stengs cruzou, Myron Boadu completou para o 3 a 0 (nono gol de Boadu no campeonato). Podia até ser goleada - Owen Wijndal acertou a trave aos 58' -, mas o 3 a 0 foi suficiente para o AZ manter seu sonho na temporada, vice-líder da Eredivisie.



Ajax 4x1 Heracles Almelo (sábado, 23 de novembro)

O Ajax começou tentando impor sua superioridade previsível contra o visitante de Almelo: já aos 4', Zakaria Labyad cruzou, o zagueiro Mats Knoester afastou parcialmente, mas Dusan Tadic bateu para boa defesa do goleiro Janis Blaswich. Só que o Heracles se mostrou destemido o suficiente para tentar: aos 13', um chute de Sebastian Jakubiak, fora da área, passou perto, à esquerda do gol de André Onana - Jakubiak teria nova chance aos 17', completando cruzamento para Onana pegar em dois tempos. Aí, os Ajacieden partiram para decidir. Aos 22', Blaswich rebateu duas chances em sequência, de Quincy Promes e Hakim Ziyech. Justamente os nomes envolvidos no primeiro gol, aos 26': Ziyech cruzou, Promes completou na pequena área. No segundo tempo, o Ajax voltou criando muitas chances de gol - principalmente com Promes, aos 52'. E se tranquilizou em quatro minutos. Aos 56', Labyad completou lançamento de Ziyech para o 2 a 0, e aos 60', a jogada do primeiro gol se repetiu: Ziyech cruzou, Promes entrou desviando na área, rede. No fim, dois nomes vindos do banco ainda estiveram na jogada do quarto gol, aos 87': Promes passou a Klaas-Jan Huntelaar, que ajeitou para Sergiño Dest bater no canto direito de Blaswich. Dessers até diminuiu aos 90', aproveitando falha de Dest. Mas era tarde para impedir mais uma goleada do líder do Campeonato Holandês.



Zwolle 3x1 Fortuna Sittard (sábado, 23 de novembro)

O jogo entre dois clubes perigosamente perto das últimas posições já começou nervoso: protestando contra a má fase do Zwolle, a torcida atirou sinalizadores perto da meta defendida pelo novo goleiro titular dos "Dedos Azuis", Michael Zetterer (Xavier Mous foi para o banco). O juiz Joey Kooij teve de interromper o jogo por quinze minutos. Mas na volta da partida, o time da casa conseguiu abrir o placar já aos 4': Reza Ghoochannejhad ajeitou a bola para Mustafa Saymak fazer 1 a 0. A saída de Saymak, lesionado, até prejudicou, mas o Zwolle ficou com um homem a mais ainda no primeiro tempo: Amadou Ciss agrediu Sai van Wermeskerken e foi expulso aos 42'. Porém, na etapa final, Reza Ghoochannejhad anulou a vantagem dos mandantes: com falta violenta em Jorrit Smeets, o iraniano também levou o vermelho. Mas novamente, num cenário de dificuldade, o Zwolle é que marcou: aos 65', Iliass Bel Hassani recebeu lançamento de Pelle Clement e tocou para o 2 a 0. No fim, aos 89', Vitalie Damascan ainda diminuiu para o Fortuna Sittard, mas Lennart Thy, nos acréscimos, confirmou o placar de uma vitória que alivia mais as coisas para o time alviazul.



ADO Den Haag 3x3 Willem II (sábado, 23 de novembro)

Em má fase, penúltimo colocado, o Den Haag receberia um Willem II que sonhava até com a terceira colocação (caso vencesse e o PSV tropeçasse). E de certa forma, pareceu por muito tempo que os visitantes de Tilburg conseguiriam o triunfo, até com facilidade. Já aos 12', o lateral direito Freek Heerkens abriu o placar, aproveitando rebote de chute de Ché Nunnely. A situação do time mandante era difícil a ponto da primeira alteração ter vindo já aos 35', com Thom Haye substituindo Danny Bakker. Aparentemente, não adiantou: aos 39', Vangelis Pavlidis fez 2 a 0, num chute forte.  No segundo tempo, Tomas Necid animou o time de Haia, diminuindo para 2 a 1 aos 49', mas Pavlidis deixou claro por que é o principal nome ofensivo do Willem II, completando passe de Marios Vrousai para fazer 3 a 1, aos 55'. Aí, os visitantes tiveram chances de golear, mas as perderam (com Mike Trésor Ndayishimiye, aos 62', e Pavlidis, aos 64', ambos frustrados pelo goleiro Luuk Koopmans). O Den Haag se reanimou. Foi à frente. E teve o prêmio. Aos 83', de cabeça, Necid diminuiu: 3 a 2. E aos 88', num belíssimo chute, John Goossens fez o golaço de um empate com gosto de vitória.



Groningen 1x1 Feyenoord (domingo, 24 de novembro)

Foi um primeiro tempo de poucas emoções em Groningen. Mas se algum time começou a atacar, foi o Feyenoord - a partir dos 8', num chute cruzado e rasteiro de Steven Berghuis, fora, rente à trave. Contudo, a primeira chance de real perigo da partida foi do Groningen: aos 18', Mohamed El Hankouri deu a Ajdin Hrustic, este ajeitou e bateu colocado, mandando a bola na trave - e ela ainda bateu em Kenneth Vermeer, antes deste pegar. Mas o Feyenoord chegava mais - como aos 30', quando Sam Larsson passou, Berghuis chutou e o goleiro Sergio Padt espalmou. Aos 32', veio a vantagem merecida do Stadionclub: num contra-ataque rápido, Larsson deixou Luis Sinisterra livre para tocar na saída de Padt e fazer o 1 a 0. Só restava aos Groningers fazer o que fizeram no segundo tempo: atacar. Já aos 54', um cruzamento perigoso de El Hankouri foi afastado por Leroy Fer. O Feyenoord reagiu (aos 55', Padt espalmou chute de Berghuis), o jogo esquentou, e teve o auge aos 60': Jens Toornstra derrubou Mike te Wierik na área, o juiz marcou pênalti, e Samir Memisevic converteu para o 1 a 1. No resto da etapa final, os dois times tiveram boas chances. A melhor delas, no lance final: aos 90' + 3, Sinisterra passou a Luciano Narsingh, este cruzou para o meio da área, e Berghuis cabeceou para defesa salvadora de Padt, mantendo o empate no placar, após um primeiro tempo truncado e um segundo tempo agradável.



PSV 2x1 Heerenveen (domingo, 24 de novembro)

As voltas de Steven Bergwijn e Donyell Malen eram esperadas pela torcida do PSV, para, quem sabe, acabar com os quatro jogos sem vitória na Eredivisie. E elas ajudaram muito. Aos 6', Malen chutou, e o goleiro Warner Hahn pegou. Aos 9', Bergwijn deixou a bola a Ritsu Doan, mas a finalização foi fraca. Só que Hahn conseguiu mandar para escanteio. Na cobrança, Nick Viergever cabeceou forte, na trave esquerda. Depois, aos 15', lançamento de Mohamed Ihattaren, e Malen finalizou, mas Hahn antecipou a saída do gol e mandou para escanteio. Aí, Bergwijn chamou a responsabilidade. Aos 17', fez 1 a 0 PSV, num belo e forte chute de fora da área. E aos 36', de novo em jogada individual, o camisa 10 dos Boeren ampliou, em outro bonito arremate, colocado. Até ali, o Heerenveen só assustara num chute de Chidera Ejuke, aos 28'. Mas no segundo tempo, tudo começou a mudar. O PSV cansou, Bergwijn deixou o jogo, e os visitantes da Frísia começaram a atacar. Já diminuíram aos 55': Ejuke passou, Jens Odgaard chutou, e era o 2 a 1, mesmo após desvio do goleiro Lars Unnerstall. Chances para o empate não faltaram, e Unnerstall salvou o PSV nas mais perigosas: aos 79', num chute colocado de Mitchell van Bergen, e aos 89', em cabeceio de Sven Botman. E os Eindhovenaren se aliviaram: após quatro partidas, enfim vitória de novo. Mas passaram susto no segundo tempo.



RKC Waalwijk 1x1 Emmen (domingo, 24 de novembro)

Sem vencer fora de casa nesta Eredivisie, o Emmen tinha a grande chance de conseguir isso contra o lanterna do campeonato. E o RKC até começou tentando assustar (com Darren Maatsen, aos 9', e Sylla Sow, aos 12'). Só que foram os visitantes de Emmen que fizeram 1 a 0, já na primeira chance, aos 15 minutos: Michael de Leeuw arriscou o chute, a bola desviou em Hans Mulder e foi diretamente para as redes. O time da casa sentiu o golpe. Teve um gol anulado (Maatsen marcou aos 40', mas estava impedido), mas demorou a criar chances de novo. Só aos 66' a equipe auriazul voltou a trazer perigo, num chute de Daan Rienstra espalmado pelo goleiro Dennis Telgenkamp. E todo o esforço parecia em vão aos 76', quando Mulder levou o segundo cartão amarelo e foi expulso. Mas o RKC seguiu buscando: um chute de Dylan Vente aos 80', vários escanteios no abafa final... e por fim o gol de empate, aos 90' + 6, com Sow completando para as redes após bate-rebate. Um ponto a mais.



Sparta Rotterdam 2x0 Vitesse (domingo, 24 de novembro)

O japonês Keisuke Honda foi confirmado como reforço do Vitesse durante as datas FIFA - e já foi como titular para o jogo em Roterdã. O impacto inicial foi um Vites mais ofensivo, tanto que Thomas Buitink chegou a mandar a bola na trave aos 10'. Só que o Sparta demorou pouco para marcar, quando foi para o ataque. Aos 27', na primeira chance, Mohamed Rayhi chutou perto. E aos 30', Bryan Smeets cobrou escanteio, que o zagueiro Jurgen Mattheij cabeceou para o 1 a 0 do time de Roterdã. Na etapa final, os visitantes de Arnhem voltaram a buscar o empate com perigo, mas pararam na ótima atuação do goleiro Ariel Harush: ele espalmou cabeceio de Tim Matavz, aos 52', e evitou Honda de marcar na estreia, aos 55'. Os Spartanen se aguentavam, e na oportunidade seguinte para o contra-ataque, definiram o jogo e a quarta derrota seguida do Vitesse na Eredivisie: Smeets recebeu a bola num lançamento em profundidade, e completou para o 2 a 0.



VVV-Venlo 2x1 Twente (domingo, 24 de novembro)

Vindo de sete derrotas seguidas, com novo técnico no banco - Jay Driessen, no lugar do demitido Robert Maaskant -, o VVV-Venlo esperava a recuperação contra o Twente. Ela demorou um pouco, já que os Tukkers começaram melhores: aos 18', Keito Nakamura acertou a trave, enquanto Haris Vuckic e Javier Espinosa perderam chances com o gol aberto, aos 30'. Pouco depois, em dois minutos, o VVV ficou perto do alívio. Aos 34', Peter van Ooijen recebeu a bola de Johnatan Opoku e fez 1 a 0; e aos 36', Tobias Pachonik cruzou, para Elia Soriano cabecear e ampliar a vantagem. Que já foi diminuída aos 41', quando Vuckic fez jogada individual, driblou o zagueiro Steffen Schäfer e marcou o primeiro do Twente. Mas a reação ficou nisso: o VVV-Venlo teve mais chances de ampliar (como com Opoku, aos 70'), e pôde comemorar sua primeira vitória no Campeonato Holandês, após dois meses e meio.


terça-feira, 19 de novembro de 2019

Testar e comemorar

Wijnaldum sinalizou: ele dominou as atenções, na goleada do "jogo da festa" para a Holanda encerrar 2019 (Pim Ras)

A rigor, a seleção masculina da Holanda já não precisava fazer mais nada de especial nesta última rodada das Eliminatórias da Euro 2020: afinal, a vaga no torneio continental já estava garantida desde sábado passado. Eram necessárias apenas duas coisas: vencer a Estônia, para tentar ser cabeça-de-chave na Euro, e dar à torcida que lotaria a Johan Cruyff Arena uma atuação mais ofensiva, mais animada do que a vista contra a Irlanda do Norte. Para isso, Ronald Koeman usou o "amistoso de luxo" para testar, como poucas vezes fizera nos últimos tempos. E os torcedores laranjas puderam comemorar a goleada por 5 a 0, para fechar o ano em alta.

Se a vontade era ter uma seleção ofensiva, o técnico Ronald Koeman já deixou claro que isso aconteceria pela escalação, com algumas ousadias: Quincy Promes experimentado como ala, o ofensivo Patrick van Aanholt recebendo chance na lateral esquerda, Luuk de Jong tendo oportunidade no meio do ataque, e por fim, Calvin Stengs recebendo uma chance merecidíssima na ponta direita. Entretanto, se a Laranja começou com tudo, o destaque absoluto foi um titular costumeiro: Georginio Wijnaldum. O meio-campista foi falado fora de campo na segunda, pela reação justa e corretamente indignada contra o incidente envolvendo ofensas racistas ao jogador Ahmad Mendes Moreira, do Excelsior, na segunda divisão do país.

Que a sensível comemoração de Wijnaldum e Frenkie de Jong no primeiro gol da Laranja não seja só simbólica (BSR Agency)
Dentro de campo, Wijnaldum ganhou a braçadeira de capitão contra a Estônia, com a dispensa antecipada de Virgil van Dijk. E já aos seis minutos, fez 1 a 0, cabeceando para o gol após cruzamento de Promes - e justificando sua postura pré-jogo, ao comemorar o gol lado a lado com Frenkie de Jong, apontando os braços de ambos, como se mostrasse que negros e brancos são iguais naquele time, e precisam ser iguais na vida. Pelo menos em campo, a Holanda seguiu igual após o primeiro gol: ofensiva, prensando a Estônia, principalmente pelas pontas. Demorou pouco e chegou o segundo gol, aos 19', em jogada parecida à do primeiro: Memphis Depay cruzou, Aké cabeceou, rede.

A rigor, a parada estava decidida. Por mais que tenha pressionado no restante do primeiro tempo - como num perigoso chute de Erik Sorga, defendido por Jasper Cillessen aos 39' -, a Estônia jamais mostrou capacidade para buscar o empate contra a Laranja. Com tamanha tranquilidade, Koeman decidiu ampliar as experiências no segundo tempo. Já começou no intervalo, colocando o outro novato do AZ, Myron Boadu. Continuou depois, dando chance a Wout Weghorst no meio do ataque, depois de muito tempo.

Se Wijnaldum é o presente, Stengs (o mais alto da foto) e Boadu mostraram plena capacidade de serem o futuro da seleção da Holanda (Pro Shots)
Mas quem continuou brilhando foi Wijnaldum. Tendo um ótimo coadjuvante (e uma ótima novidade) em Stengs. O atacante do AZ confessou que começara perdido no jogo, mas foi encontrando o melhor jeito de atuar. E provou isso nas jogadas do segundo e do terceiro gols. Aos 66', Stengs foi esperto para aproveitar desatenção do zagueiro Karel Mets, roubar a bola e deixar Wijnaldum livre para chutar e fazer 2 a 0. E aos 79', o jovem do AZ foi ainda mais preciso, no belo passe que deu liberdade ao camisa 8 da Laranja para que ele chegasse à entrada da área, arrematasse e ampliasse a vantagem.

A torcida já podia comemorar. Assim como Boadu, que ganharia motivos para isso ao marcar logo no seu primeiro jogo vestindo a Oranje, completando para o 5 a 0 após outro passe classudo, de Kevin Strootman. A Estônia? Só assustou no minuto final, num chute de Konstantin Vassiljev firmemente defendido por Cillessen. De resto, tudo como o esperado: uma goleada para que a Laranja pudesse coroar o seu retorno aos grandes palcos. Agora, a festa acabou. É hora de preparação, como Koeman já antecipou à emissora de tevê NOS: "Será uma luta para ser convocado..."

Eliminatórias da Euro 2020
Holanda 5x0 Estônia
Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Data: 19 de novembro de 2019
Árbitro: Davide Massa (Itália)
Gols: Georginio Wijnaldum, aos 6', 66' e 79', Nathan Aké, aos 19', e Myron Boadu, aos 87'

Holanda
Jasper Cillessen; Quincy Promes, Matthijs de Ligt, Nathan Aké e Patrick van Aanholt; Davy Pröpper, Georginio Wijnaldum e Frenkie de Jong (Kevin Strootman); Calvin Stengs, Luuk de Jong (Wout Weghorst) e Memphis Depay (Myron Boadu). Técnico: Ronald Koeman

Estônia
Sergei Lepmets; Taijo Teniste (Nikita Baranov), Joonas Tamm, Karel Mets e Ken Kallaste; Mihkel Ainsalu e Ilja Antonov; Sergei Zenjov (Frank Liivak), Konstantin Vassiljev e Henrik Ojamaa (Mattias Kaït); Erik Sorga. Técnico: Karel Voolaid

sábado, 16 de novembro de 2019

A Holanda voltou. Sem brilho, mas voltou

Holanda preferiu fazer apenas o suficiente para se manter ilesa contra a Irlanda do Norte - e garantir, afinal, um lugar na Euro 2020 (AFP)
Sem Memphis Depay, principal atacante, ainda em recuperação de lesão na coxa, sequer relacionado para a partida. Sem Georginio Wijnaldum, que ficou no banco de reservas, gripado e poupado. Contra uma seleção da Irlanda do Norte que viria para matar ou morrer, jogando suas últimas chances de ir à Euro 2020. O jogo da penúltima rodada das Eliminatórias do torneio europeu, em Belfast, prometia muitas dificuldades para a Laranja. Por tudo isso e pela atuação apagada, a equipe dos Países Baixos teve um dia sem graça em campo. Ou melhor, com uma única graça: com o empate em 0 a 0, afinal conseguiu a vaga na Euro, acabando com a ausência em grandes competições.

Antes da partida, já no gramado do Windsor Park, o treinador Ronald Koeman já alertava: "Teremos dificuldades com o começo de jogo deles [Irlanda do Norte]. Iniciarão com a marcação alta, muito agressivos. Precisamos segurar nessa fase [início do jogo]". Foi exatamente o que se viu: de novo os norte-irlandeses evitavam a troca de passes dos jogadores laranjas, de novo estes tinham de recuar sucessivamente ao campo de defesa. Em um momento, aos 4', quase deu errado: Matthijs de Ligt devolveu a bola ao goleiro Jasper Cillessen, que se atrapalhou na hora de tocar. Quase foi a sorte de Josh Magennis: o atacante pressionou Cillessen na pequena área e quase ficou com a posse de bola, mas ela escapou de seu domínio, e ele não conseguiu chutar. Depois, Magennis ainda tentou um cabeceio, aos 5'.

Só após esses sustos iniciais a Holanda conseguiu ter espaço para chegar ao ataque. Principalmente pela esquerda: Quincy Promes conseguia segurar mais a bola, e Ryan Babel ousava mais cruzar e chutar (como fez aos 16' e aos 29'). De quebra, Steven Berghuis - surpreendentemente escolhido como substituto de Memphis Depay - vinha para ajudar no meio do ataque. Quase deu certo, logo aos nove minutos: Promes cruzou, e Berghuis completou, meio desajeitado, no travessão. Para completar, quando tinha a bola nos pés, Donny van de Beek avançava bem. Algo raro, numa Holanda que se baseava na ligação direta defesa-ataque para tentar superar a força física da Irlanda do Norte.

Steven Davis poderia ter coroado a pressão inicial da Irlanda do Norte com um gol - mas perdeu a chance definitiva (Action Images/Reuters)

Não dava muito certo. E poderia ter ficado pior aos 32', quando George Saville cruzou da esquerda e a bola bateu na mão de Joël Veltman (escolhido como opção mais defensiva na lateral direita, no lugar de Denzel Dumfries). O juiz Szymon Marciniak marcou o pênalti - contestado -, e a Irlanda do Norte tinha a chance para turbinar o ambiente já fervilhante no Windsor Park. Mas Steven Davis perdeu essa chance: sua cobrança foi terrível, mandando a bola muito acima do gol de Cillessen. A Laranja se aliviava mais. E os norte-irlandeses sentiam o impacto visivelmente.

Mas convinha aos visitantes manter certos cuidados. Ronald Koeman já começou com isso na etapa inicial: aos 35', substituiu Marten de Roon (já com cartão amarelo - estará suspenso contra a Estônia, na próxima terça) e colocou Davy Pröpper no meio-campo. Dentro de campo, os jogadores é que se cuidaram mais no segundo tempo: a Holanda manteve a posse de bola, manteve o ritmo do jogo mais lento e adequado ao que realmente queria, com Frenkie de Jong como nome a mais fazer isso. De quebra, periodicamente vinham algumas chances - como aos 56', quando Babel completou jogada de cabeça, para defesa do goleiro Bailey Peacock-Farrell.

A Irlanda do Norte até buscava o gol, com algumas alterações mais ofensivas, como Niall McGinn. Todavia, já faltavam pernas e talento aos donos da casa em Belfast. E a Holanda seguia com a posse de bola - mas como não precisava do gol (um empate já bastava para ter a vaga), nem se esforçava muito para acelerar a troca de passes. A única mudança que insinuava mais ofensividade da Oranje era a entrada de Luuk de Jong, indicando que a aposta nas bolas altas seguiria. Aos poucos, foi recuando: bastava controlar o adversário. Para ajudar nisso, Nathan Aké entrou para ser um defensor a mais, nos últimos minutos.

E afinal, deu certo. De modo um pouco decepcionante - afinal, dava para esperar um time capaz de vencer para coroar uma boa campanha nas Eliminatórias da Euro. Mas talvez, o brilho que faltou hoje tenha vindo em rodadas anteriores. E por isso, a seleção masculina estava confortável o suficiente para apenas obter o resultado de que precisava. E comemorar a sua volta aos torneios importantes. Foi sem brilho, mas... tudo bem, a Holanda voltou.

Eliminatórias da Euro 2020
Irlanda do Norte 0x0 Holanda
Local: Windsor Park (Belfast)
Data: 16 de novembro de 2019
Árbitro: Szymon Marciniak (Polônia)

Irlanda do Norte
Bailey Peacock-Farrell; Corry Evans (Jordan Thompson), Craig Cathcart, Jonny Evans e Jamal Lewis (Niall McGinn); Paddy McNair, Steven Davis e George Saville (Michael Smith); Stuart Dallas, Josh Magennis e Gavin Whyte. Técnico: Michael O'Neill

Holanda
Jasper Cillessen; Joël Veltman, Matthijs de Ligt, Virgil van Dijk e Daley Blind; Marten de Roon (Davy Pröpper), Donny van de Beek e Frenkie de Jong; Steven Berghuis (Luuk de Jong), Ryan Babel  (Nathan Aké) e Quincy Promes. Técnico: Ronald Koeman

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Algo pode dar errado?

Koeman teve poucos problemas a responder: a Holanda parece pronta, muito perto da vaga na Euro 2020 (Pro Shots)

São as últimas datas FIFA deste 2019 para as seleções masculinas de futebol. São as últimas duas rodadas das eliminatórias da Euro 2020. E a Holanda (ou Países Baixos, como o governo do país passou a preferir) está em uma situação muito cômoda. Neste sábado, em Belfast, terá jogo duro contra a Irlanda do Norte, mas as possibilidades estão com a Laranja: um empate ou uma vitória dão a vaga para a participação no primeiro torneio grande desde a Copa de 2014. Mesmo se houver derrota para os norte-irlandeses, um triunfo contra a Estônia (na terça-feira, dia 19, em Amsterdã) traz grandes chances de vaga, até porque a Irlanda do Norte enfrentará a Alemanha fora de casa. E mesmo se tudo der errado e os holandeses ficarem de fora das duas primeiras posições do grupo C, ainda haverá a repescagem por uma vaga na Euro a que têm direito, como finalistas da Liga das Nações. A sensação é de que nada pode dar errado.

E isso foi expressado em tudo que circunda os treinamentos da Oranje, no centro da federação, em Zeist. Para se ter uma ideia, a tradicional entrevista coletiva do técnico Ronald Koeman só ocorreu na terça-feira, ao invés da segunda, quando os convocados habitualmente se reúnem. E nela, Koeman teve de falar mais de assuntos externos do que de suas expectativas para os jogos contra norte-irlandeses e estonianos. A começar pela polêmica cláusula de seu contrato com a federação holandesa: se o Barcelona (e só o Barcelona) chegar com oferta que Koeman julgue agradável, ele larga a Laranja logo após a Euro 2020, para realizar o sonho pessoal de treinar a equipe catalã. Assunto visivelmente desconfortável para o treinador: "Não saio antes da Euro, mas acho impressionante ter de falar do Barcelona, treinando a seleção dos Países Baixos".

O técnico ainda comentou sobre a preferência do badalado Sergiño Dest por defender a seleção dos Estados Unidos: "Não fiquei triste. Mas minha informação é de que, quando ele jogava no time B do Ajax, muitos desconfiavam dele. A evolução surpreendeu. Se alguém tem de receber críticas, seria Erwin van de Looi [técnico da seleção sub-21 da Holanda], mas acho injustiça com ele". Sobre um ganho para a seleção da Holanda - Mohamed Ihattaren, revelação do PSV, que seguirá defendendo a Holanda na idade adulta, mas ficou de fora da convocação: "Ele não estava garantido, e sabia disso". Sobre o goleiro Jeroen Zoet, barrado no PSV de modo polêmico: "O que aconteceu foi uma dor para ele. E ele me falou isso. Convocá-lo foi como dar um apoio a ele. Sempre foi meu goleiro reserva, mas depois vemos".

Brilhando no AZ, Boadu (à esquerda) e Stengs são as novidades da convocação (Eric Verhoeven/Soccrates)

A única ponderação estrita de Koeman sobre a sua convocação foi elogiosa. E justamente elogiosa: grandes símbolos da boa temporada que o AZ faz, vice-líder do Campeonato Holandês e perto da classificação na Liga Europa, Myron Boadu e Calvin Stengs ganharam a primeira convocação para a seleção adulta. E entraram pela porta da frente, com as saudações do treinador: "As coisas transcorreram rápido com os garotos. Por outro lado, eles já conhecem muita gente, das seleções de base. Chegaram com um sorriso no rosto, e espero que continuam assim". Boadu, em especial, mereceu destaque:  Boadu já disputará posição. Eu disse antes que ainda era cedo para ele, mas aí Malen e Memphis se machucaram, e depois Bergwijn. Aí, você precisa olhar além. Nesta altura da temporada, os jogadores sentem algumas dores".

Por sinal, são essas dores que podem dificultar mais o trabalho de Koeman na escalação. Grande nome do ataque da seleção, Memphis Depay já chegou do Lyon com lesão na coxa, sofrida contra o Benfica, na Liga dos Campeões - e passou a semana treinando à parte. No decorrer dos trabalhos em Zeist, Georginio Wijnaldum (grande nome na vitória contra Belarus) sentiu os efeitos de uma gripe, e teve de ficar apenas nos trabalhos internos de academia. Koeman já indicava isso ainda em território holandês, e confirmou na entrevista coletiva desta sexta, em Belfast: só decidirá a escalação de ambos na manhã do dia do jogo: "'Gini' só fez meio treino, Memphis só partes. Trata-se de uma decisão sobre a forma física do jogador. Não é simples".

Em caso de Memphis Depay ficar ausente, as possibilidades se abrem: jogar Boadu aos leões? Dar chance a Wout Weghorst, enfim convocado após as boas atuações no Wolfsburg? Experimentar Luuk de Jong, decisivo na virada difícil sobre os norte-irlandeses em Roterdã? Ou colocar Ryan Babel no meio da área? Enfim, é a única dúvida que perturba a seleção da Holanda. Além da desconfiança que cresceu um pouco, após atuações apenas razoáveis contra Irlanda do Norte e Belarus. De resto, a vaga na Euro está perto. Perto demais para falhas atrapalharem. Seria a coroação da recuperação que o futebol dos Países Baixos vive, há mais ou menos um ano. Algo pode dar errado?

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Um jogo, um parágrafo, um vídeo: a 13ª rodada da Eredivisie

Vitesse 1x2 Groningen (sexta-feira, 8 de novembro)

Dois clubes abriram a rodada em trajetórias opostas: o Vitesse trazia duas derrotas seguidas, e o Groningen ganhara 10 pontos nos últimos quatro jogos. E os Groningers chegaram para buscar mais três pontos em Arnhem, com um destaque: Joel Asoro. O atacante sueco fez 1 a 0 aos 13', aproveitando rebote do goleiro Remko Pasveer num chute de Kaj Sierhuis (havia uma segunda bola em campo, mas distante da jogada). E aos 31', Asoro fez 2 a 0, aproveitando bola desviada por Sierhuis após rebote. Ainda assim, o Vites estava no jogo. Antes mesmo de levar o segundo gol, Bryan Linssen já forçara o goleiro Sergio Padt a fazer ótima defesa. Após o intervalo, Tim Matavz veio a campo. E no começo do segundo tempo, aos 49', Linssen ajeitou a bola após tiro de meta de Pasveer, para chutar forte e diminuir a vantagem do Groningen. Mas o time visitante se segurou diante das tentativas esparsas dos mandantes, impondo a eles a terceira derrota seguida na liga.



Heerenveen 2x1 Sparta Rotterdam (sábado, 9 de novembro)

O Heerenveen começou tentando. Basta dizer que, já aos 6', havia um gol anulado de Rodney Kongolo. Aos 8', Mitchell van Bergen ainda perdeu boa chance para o time da casa. Só que o Sparta foi crescendo. E foi mais eficiente: aos 26', Abdou Harroui cruzou, e Lars Veldwijk justificou sua escalação inicial, cabeceando para o 1 a 0 dos visitantes. O Heerenveen seguiu tentando na etapa inicial: aos 34', Ricardo van Rhijn chutou e acertou a trave. E também na etapa complementar, em chutes de Joey Veerman (salvo em cima da linha, aos 54') e Chidera Ejuke (rente à trave, aos 72'). Coube justamente ao nigeriano Ejuke ser o herói da virada. Aos 73', ele empatou, após driblar Dirk Abels e chutar. E aos 79', Ejuke virou o jogo, tocando a bola por baixo das pernas do goleiro Ariel Harush. Demorou, mas a vitória do Fean veio.


Fortuna Sittard 1x0 ADO Den Haag (sábado, 9 de novembro)

Era jogo quente - sim, já se podia falar em "jogo dos desesperados", por colocar frente a frente o antepenúltimo e o penúltimo colocado da Eredivisie. O time da casa buscou o gol aqui (chute de Felix Passlack, aos 15') e ali (batida de Mark Diemers, aos 26'), mas só faria 1 a 0 mesmo aos 40': uma bola alta de Tesfaldet Tekie foi ajeitada por Martin Angha, de cabeça, e Amadou Ciss a dominou, livre, para finalizar e marcar o gol do Fortuna. O Den Haag precisava da reação. E veio a aguardada emoção no segundo tempo. De um lado, aos 48', o goleiro Alexei Koselev evitou o empate dos visitantes de Haia - Lex Immers cabeceou em cima dele, e Tom Beugelsdijk chutou o rebote na trave. Do outro, no minuto seguinte, o arqueiro Luuk Koopmans salvou o Den Haag, evitando o gol de Passlack. Aos 74', Immers fez gol, mas foi anulado - Tomas Necid estava impedido. A tensão na busca dos gols transbordou nas faltas ríspidas do fim de jogo, principalmente num pisão de Beugelsdijk em Ciss, aos 85'. Até os técnicos levaram cartões amarelos. Mas no fim, só o Fortuna sorriu, ficando menos desesperado na tabela.


Heracles Almelo 6x1 VVV-Venlo (sábado, 9 de novembro)

O VVV-Venlo tinha problemas - afinal, já vinha de seis derrotas seguidas no campeonato, além de ter sido eliminado por um clube amador na Copa da Holanda. O Heracles também precisava reagir: afinal, fora vítima da primeira vitória do lanterna RKC, na rodada passada. E o clube de Almelo mostrou mais capacidade para resolver seus problemas: aos 23', Cyriel Dessers passou por Roel Janssen, lançando para Alexander Merkel fazer 1 a 0. Aos 41', Silvester van der Water ampliou a vantagem dos Heraclieden, num forte chute, após tabela com Navajo Bakboord. Se ainda havia alguma esperança para os visitantes de Venlo, ela acabou na etapa final, com o show de Dessers. Aos 56', o atacante belga desviou escanteio para o terceiro gol do Heracles; aos 60', ajeitou de cabeça para Mauro Júnior fazer 4 a 0; e aos 64', Dessers entrou como quis na defesa do VVV para marcar o quinto. Os Venlonaren tiveram algumas chances, e até marcaram um belo gol de honra - aos 74', Peter van Ooijen cobrou falta precisa. Mas Dessers concluiu sua noite de brilho com o terceiro gol no jogo, aos 82'. O Heracles reagiu, e o VVV afunda: sétima derrota seguida na Eredivisie, penúltimo lugar.



Ajax 4x0 Utrecht (domingo, 10 de novembro)

De novo, o Ajax impôs ao seu adversário uma tormenta de chances na Johan Cruyff Arena. Já aos 4, veio um cabeceio de Daley Blind, bem defendida por Maarten Paes - na sequência, Paes pegou novamente a bola, em jogada individual de Dusan Tadic. Aos 6', um chute de Lisandro Martínez mandou a bola na trave. Aos 10', após um contra-ataque com Martínez e Zakaria Labyad, este passou a Quincy Promes, que chutou para grande defesa de Paes. O primeiro gol até demorou, mas afinal veio, aos 14': Tadic cruzou, para Donny van de Beek arrematar com um bonito voleio. E aí, a goleada se tornou previsível. Já aos 24', Tadic fez 2 a 0, completando cruzamento de Promes. Aos 40', o segundo de Van de Beek foi o 3 a 0 do Ajax, num chute da entrada da área. Jogo resolvido? Que nada, porque os Ajacieden seguiram pressionando os Utregs no segundo tempo. Num voleio de Hakim Ziyech para fora, aos 46'; num novo arremate de Ziyech, defendido por Paes aos 52'; e na triangulação Labyad-Tadic-Martínez, tirada por Paes com os pés aos 65'. Rendeu escanteio que, cobrado, foi cabeceado por Martínez para o 4 a 0 final. O Utrecht? Só tentou raramente - como numa falta de Patrick Joosten, para fora, aos 44', ou num voleio de Gyrano Kerk, aos 78', para fora. Segue a liderança do Ajax, seis pontos à frente do AZ... e as goleadas também.



Willem II 2x1 PSV (domingo, 10 de novembro)

Na crise do PSV, o primeiro vitimado foi Jeroen Zoet: antes mesmo do jogo começar, anunciou-se que o goleiro titular perdera sua posição para Lars Unnerstall. Sem os lesionados Steven Bergwijn e Donyell Malen, os Boeren até começaram pressionando. Mas quando o Willem II avançou, foi para marcar: aos 7', Miquel Nelom lançou, Mats Köhlert cruzou, e Ché Nunnely completou para o 1 a 0 no contra-ataque. Começava aí uma interessante troca: os Tricolores mandantes pressionavam (Nunnely perdeu dois bons contragolpes, aos 22' e aos 42'), o PSV respondia avançando (aos 38', Cody Gakpo chutou forte no travessão). Mas no segundo tempo, Nunnely aproveitou para se confirmar como o nome da vitória em Tilburg: fez 2 a 0, aos 64', novamente recebendo de Köhlert, mas batendo cruzado. No desespero, Kostas Mitroglou e Gastón Pereiro vieram para o jogo. E melhoraram o PSV. Aos 78', Pereiro arriscou quase sem ângulo, e o goleiro Timon Wellenreuther mandou para fora. Finalmente, aos 85', Pereiro diminuiu para 2 a 1, num forte chute no ângulo. Mas já era tarde: era uma grande vitória do Willem II, era o quarto jogo seguido (e terceira derrota) do time de Eindhoven nas últimas quatro rodadas. Os Eindhovenaren terão muito o que resolver na pausa das datas FIFA.


Twente 2x1 Zwolle (domingo, 10 de novembro)

O Zwolle buscava se recuperar da derrota para o Ajax, até para manter distância ainda segura das últimas posições. Viu que isso seria difícil, diante da força ofensiva do Twente. Que em nove minutos, ainda no primeiro tempo, praticamente resolveu o jogo. Aos 16', Joël Latibeaudiere veio pela direita, passou a Haris Vuckic, e o atacante fez 1 a 0 para os Tukkers. Aos 25', Latibeaudiere ainda foi "ajudado" no seu gol, para o 2 a 0: o cabeceio do lateral saiu fraco, mas o goleiro Xavier Mous e o lateral direito Sai van Wermeskerken ficaram no "deixa que eu deixo", e a bola balançou a rede dos Zwollenaren. Com problemas defensivos, os visitantes só se fortaleceram com a entrada de Dennis Johnsen. E no segundo tempo, enfim cresceram, tendo o gol aos 61': Gustavo Hamer cobrou escanteio, e Reza Ghoochannejhad diminuiu para 2 a 1. Mas a reação do Zwolle parou por aí.


Feyenoord 3x2 RKC Waalwijk (domingo, 10 de novembro)

Era um jogo entre dois times reanimados pelas vitórias na rodada passada. E o RKC, mesmo na lanterna, mostrou eficiência invejável no começo em De Kuip, aproveitando os espaços na esquerda. Aos 14', Darren Maatsen apareceu na área para completar cruzamento, a bola desviou em Jan-Arie van der Heijden, e era o 1 a 0 para os visitantes de Waalwijk. Aos 19', Sylla Sow chegou à área, tirou Lutsharel Geertruida da marcação e chutou cruzado, por baixo do goleiro Kenneth Vermeer: 2 a 0 RKC. Parecia um golpe daqueles de que o Feyenoord não se recuperaria. Mas aí, Nicolai Jorgensen começou a ir ao resgate - aos 25', livre após passe de Luis Sinisterra, concluiu por baixo do goleiro para diminuir. Sinisterra saiu lesionado, Sam Larsson entrou... e empatou, aos 40', em cobrança de falta que desviou em Hannes Delcroix. De quebra, Larsson quase virou, ainda no primeiro tempo. A pressão do Feyenoord seguiu na etapa final. Com Orkun Kökcü (aos 46' e aos 50'), com Steven Berghuis (chute aos 57', bola na trave aos 59')... e quando a pressão diminuía, aos 85', veio a virada para desafogar: Jens Toornstra cobrou escanteio, e Marcos Senesi fez seu primeiro gol pelo Stadionclub, dando a segunda vitória seguida sob o comando de Dick Advocaat. A vida continua.



AZ 3x0 Emmen (domingo, 10 de novembro)

As derrotas de Vitesse e PSV já haviam preparado o terreno para que o time de Alkmaar abrisse vantagem na segunda posição do campeonato. Mas até que os AZ'ers demoraram para embalar na partida. Sempre tiveram o domínio do Emmen - e tiveram uma chance, em cabeceio de Dani de Wit aos 21' -, mas só se impuseram de vez a partir dos 35', quando o goleiro Dennis Telgenkamp derrubou Jonas Svensson na área. Pênalti cometido, pênalti convertido por Teun Koopmeiners, 1 a 0 AZ. Aí, foi a vez dos símbolos da ótima temporada do clube aparecerem. Convocado para a seleção dos Países Baixos, Myron Boadu teve uma boa chance de marcar (aos 42'), e na segunda, balançou as redes, aos 45', escorando cruzamento de Svensson. O outro convocado do AZ para a Laranja definiu a vitória, aos 58': Calvin Stengs finalizou à queima-roupa, para fazer os Alkmaarders ficarem cinco pontos à frente do PSV, na segunda posição.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

É sempre assim

O Ajax se impunha com brilhantismo contra o Chelsea. Mas vieram duas expulsões em segundos. E novamente o time fraquejou (BSR Agency)

A derrota para o Chelsea, na terceira rodada da Liga dos Campeões, jogou água na fervura das expectativas que o Ajax já começava a viver. Mas nesta terça passada, o ex-jogador (hoje comentarista) Andy van der Meyde precavia: o time de Amsterdã voltara a evoluir, era melhor do que os Blues, poderia vencer em Stamford Bridge. Bem, quase pôde mesmo. Só que um lance desastroso da defesa recolocou o time da casa, que enlouqueceu de vez o que já era um jogo atraente. Mais uma vez, o Ajax jogou uma vitória fora - porque, talvez, não saiba jogar de outra maneira.

A rigor, já no começo se podia esperar que tudo pudesse acontecer, pelo que se viu. Primeiro, pela estocada certeira do Ajax, com a falta cobrada por Quincy Promes logo aos dois minutos, desviada acidental e levemente por Tammy Abraham e ida para balançar as redes, no 1 a 0 dos visitantes. Depois, pela pronta resposta do Chelsea, com o pênalti indiscutível de Joël Veltman (outra vez, o ponto fraco do Ajax) em Christian Pulisic, convertido por Jorginho com a habitual calma e precisão.

E assim seguiu o jogo, com ataques de parte a parte: era Mason Mount perturbando André Onana, era Dusan Tadic arriscando chute perigoso à meta defendida por Kepa. Aí, o Ajax saiu ganhando. Porque, outra vez, Hakim Ziyech fazia uma partida das mais admiráveis, mostrando porque é o destaque dos Amsterdammers há pelo menos dois anos. Outra vez, Quincy Promes se destacava pela velocidade, sempre perturbando a zaga do Chelsea. E numa jogada parecida com o gol anulado de há duas semanas na Johan Cruyff Arena, Promes fez - agora, para valer, desviando de cabeça para o 2 a 1.

Enquanto os Ajacieden puderam atacar, Promes (esquerda) e Ziyech brilharam demais (BSR Agency)
Mas todos os gols ficariam pequenos diante de mais uma prova da assombrosa capacidade de Ziyech na bola parada: sem ângulo, o marroquino fez Kepa se atrapalhar após cobrança - a bola bateu na trave, no rosto do goleiro basco, e era o terceiro gol. Um símbolo de como, pouco a pouco, o Ajax envolvia o Chelsea, crescia em Stamford Bridge, evocava mesmo as atuações primorosas da temporada passada. O gol de Donny van de Beek, logo no começo do segundo tempo, parecia ser o sinal de uma goleada relativamente tranquila, para fazer o Ajax reafirmar sua força.

Ora, mas se fosse assim, tranquilo e sem emoções, não seria o Ajax. O gol de César Azpilicueta, completando à beira da linha, já reanimou mais o Chelsea. E num lance, aos 69', o clima virou em Stamford Bridge. Por mais polêmico que possa ter sido, Gianluca Rocchi acertou: sim, o carrinho de Daley Blind em Tammy Abraham foi desastrado e mereceu o segundo cartão amarelo (logo, a expulsão do zagueiro). E sim, na sequência, Veltman pôs a mão na bola, na área. Foi pênalti, Veltman exagerou na reclamação sobre o vermelho dado a Blind... e também ele foi expulso. Ambos reclamaram sem motivo.

Jorginho acertou um pênalti, de novo, já aos 71'. Erik ten Hag tentou minorar o impacto das perdas defensivas, tirando Ziyech e David Neres para colocar Edson Álvarez e Perr Schuurs. Mas antes que pudessem fazer algo, Reece James deu o 4 a 4 que tornava o jogo palpitante. E a virada poderia até ter sido maior: Azpilicueta fez gol anulado (corretamente) aos 78', Callum Hudson-Odoi quase marcou após erro de Schuurs aos 90', Onana fez defesa milagrosa em chute de Batshuayi aos 90' + 1.

O que não quer dizer que o Ajax ficou na defesa: mesmo com nove homens, seguiu indo ao ataque e até criou chances - com Álvarez, por exemplo. E nem o empate foi um resultado... ruim. Sim, o Ajax perdeu o direito de tropeçar, num grupo embolado pela goleada do Valencia. Mas, com suspensões e tudo, o time de Amsterdã está com o destino nas mãos. Na próxima rodada, pegará um Lille já eliminado. E se ainda assim der errado, na última rodada terá o Valencia pela frente, em Amsterdã, com vantagem no confronto direto. A vaga nas oitavas é provável, ainda. Só não se ache que o Ajax se contentará com essas vantagens: correr riscos está no estilo futebolístico do clube. É sempre assim. E ai de quem tentar fazer diferente.

Liga dos Campeões - fase de grupos

Chelsea 4x4 Ajax

Local: Stamford Bridge (Londres)
Data: 5 de novembro de 2019
Árbitro: Gianluca Rocchi (Itália)
Gols: Tammy Abraham, contra, aos 2', Jorginho, aos 5', Quincy Promes, aos 20', e Kepa Arrizabalaga (contra), aos 35'; Donny van de Beek, aos 55', Jorginho, aos 71', e Reece James, aos 74'

Chelsea
Kepa Arrizabalaga; Fikayo Tomori, Kurt Zouma, César Azpilicueta e Marcos Alonso (Reece James); Mateo Kovacic, Jorginho (Michy Batshuayi) e Willian; Christian Pulisic, Tammy Abraham e Mason Mount (Callum Hudson-Odoi). Técnico: Frank Lampard

Ajax
André Onana; Noussair Mazraoui, Joël Veltman, Daley Blind e Nicolás Tagliafico; Donny van de Beek, Quincy Promes e Lisandro Martínez; Hakim Ziyech (Edson Álvarez), Dusan Tadic e David Neres (Perr Schuurs). Técnico: Erik ten Hag

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Um jogo, um parágrafo, um vídeo: a 12ª rodada da Eredivisie

Zwolle 2x4 Ajax (sexta-feira, 1º de novembro)

Já na primeira jogada, o Ajax mostrou quão fácil seria atacar o Zwolle no começo: aos 4', Hakim Ziyech fez cruzamento da esquerda, e a bola passou reto na pequena área. Dois minutos depois, o placar já se mexia: Noussair Mazraoui cruzou, o goleiro Xavier Mous rebateu, mas Quincy Promes completou para o 1 a 0 Ajacied. Promes repetiu a dose aos 11': Ziyech cruzou, e o camisa 11 cabeceou livre, marcando o segundo. Aos 20', outro lançamento de Ziyech, que David Neres completou: Mous ainda rebateu, mas Neres tentou de novo, e 3 a 0. Estava facílimo. Tão fácil que o Ajax relaxou. E o Zwolle começou a truncar o jogo - e a chegar ao ataque. Houve uma chance com Reza Ghoochannejhad, aos 25', e enfim o gol de Gustavo Hamer, aos 35', aproveitando falha de Edson Álvarez na saída de bola. No segundo tempo, os Zwollenaren cresceram, em ataques pela esquerda. E de tanto tentar, Mustafa Saymak diminuiu para 3 a 2, aos 63', completando de cabeça o cruzamento de Vito van Crooij (ainda teria gol anulado, aos 68'). Mas o sonho dos mandantes acabou aos 88': após tabela com Ziyech, David Neres fez 4 a 2 na pequena área. E a liderança segue...


RKC Waalwijk 2x0 Heracles Almelo (sábado, 2 de novembro)

Já havia algumas partidas que o RKC, mesmo lanterna da Eredivisie (só um ponto em 11 rodadas), vendia caro suas derrotas aos adversários. Até mesmo na Copa da Holanda, em que caíra no meio da semana, perdendo por 4 a 3 para o... Heracles Almelo. Que viu o time da cidade de Waalwijk ter chances (Stijn Spierings, aos 6', e Darren Maatsen, aos 9'), até fazer 1 a 0 aos 11', num belo chute de Sylla Sow, vindo para a direita e chutando forte. O Heracles até buscou o empate: com Lennart Czyborra, com Mauro Júnior, com Cyriel Dessers. Mas o RKC chegava mais perto. No segundo tempo, aos 48', Clint Leemans mandou a bola na trave. Teve outra vez o poste evitando o gol, aos 74', com Hans Mulder. E só nos acréscimos, Kevin Vermeulen fez Waalwijk explodir: era o 2 a 0 da primeira vitória do último colocado nesta temporada do Campeonato Holandês.


Sparta Rotterdam 2x2 PSV (sábado, 2 de novembro)

Três jogadores suspensos (Nick Viergever, Jorrit Hendrix e Ryan Thomas), dois machucados (Steven Bergwijn e Donyell Malen): o PSV seguiu com um time titular ligeiramente desfigurado. E começou pior contra o Sparta. Tão pior que o time de Roterdã abriu o placar em Het Kasteel: aos 28', o goleiro Jeroen Zoet ainda conseguiu rebater o chute de Bryan Smeets, mas nada teve a fazer contra a batida de Ragnar Ache para o 1 a 0. Mesmo perdendo outro jogador no intervalo - Erick Gutiérrez, lesionado -, o PSV até melhorou no começo do segundo tempo. E os Boeren tiveram o prêmio: aos 56', após passe de calcanhar feito por Ritsu Doan, a defesa dos Spartanen rebateu, mas Michal Sadílek pegou a sobra e fez 1 a 1. Mas o alívio durou pouco: aos 58', uma triangulação rendeu o 2 a 1 ao Sparta - de Halil Dervisoglu a Ache, deste a Mohamed Rayhi, e de Rayhi para as redes. E o jogo ficou aberto. De um lado, o Sparta tinha chances de matar o jogo, com Rayhi e Abdou Harroui. De outro, o PSV buscava o empate. E o conseguiu, aos 90' + 1, com Cody Gakpo. Insuficiente para evitar outro tropeço do time de Eindhoven, em terceiro lugar, já oito pontos atrás do líder Ajax. 


AZ 3x0 Twente (sábado, 2 de novembro)

Já seria difícil para um Twente em queda nas últimas rodadas parar o ascendente AZ. Ficou mais difícil ainda aos 18': um bom lançamento de Calvin Stengs deixou Myron Boadu com a bola, cara a cara com o goleiro Joël Drommel, que saiu da área e derrubou Boadu. Drommel expulso, a ofensiva do AZ só se agigantou no resto do 1º tempo. Mas o primeiro gol só veio nos acréscimos: Pantelis Hatzidiakos marcou aos 45' + 2, num chute forte de longe. No segundo tempo, já aos 48', Yukinari Sugawara acertou a trave. E aos 55', o goleiro substituto de Drommel falhou: Jorn Brondeel soltou a bola nos pés de Dani de Wit, que fez 2 a 0. Para completar, aos 78', Boadu marcou seu décimo gol na temporada - nunca alguém tão jovem chegou a tal marca pelo time de Alkmaar no Campeonato Holandês. E os Alkmaarders foram os únicos a conseguirem os três pontos, entre os que disputam a segunda posição. Ela é deles, com 26 pontos, seis atrás do Ajax. O AZ pode alcançá-lo? 


Emmen 2x1 Vitesse (domingo, 3 de novembro)

Só havia um jeito para os Emmenaren, esforçados na disputa para se afastarem das últimas posições, surpreenderem o Vitesse: se valerem do ambiente fervilhante que têm em casa para marcarem gols. Conseguiram. Aos 11', Glenn Bijl cruzou, e Michael de Leeuw completou de cabeça para abrir o placar, em falha de posicionamento do goleiro Remko Pasveer. E aos 22', com o Vitesse ainda meio atordoado, o Emmen chegou ao 2 a 0: De Leeuw chutou, Pasveer desviou e a bola foi à trave, mas Nikolai Laursen estava a postos para aproveitar o rebote. Só aí os visitantes de Arnhem se recompuseram. E diminuíram, também com rapidez: aos 33', Nouha Dicko marcou o gol do Vites, também num rebote. O time aurinegro podia até ter empatado antes do intervalo - Glenn Bijl tirou a bola em cima da linha, aos 45'. No segundo tempo, as duas equipes alternaram chances, mas o Emmen conseguiu a surpresa desejada - e ainda recepcionou Anco Jansen, voltando de lesão. Azar do Vitesse, que parou na 5ª posição.


VVV-Venlo 0x3 Feyenoord (domingo, 3 de novembro)

Era uma das partidas mais atraentes da rodada: afinal, como se daria o Feyenoord, havia três jogos sem vitória no campeonato, sob o comando de Dick Advocaat? Pois demorou pouco para o time de Roterdã impor sua superioridade em Venlo. Aos 18', Jens Toornstra cruzou baixo, e Nicolai Jorgensen escorou para marcar seu primeiro gol nesta temporada da Eredivisie. Depois, veio o destaque especial do novo capitão do Feyenoord sob Advocaat: Steven Berghuis, que ampliou para 2 a 0 aos 33', com um belíssimo chute. A rigor, o jogo estava decidido: no resto do jogo, nem o Feyenoord foi massivo no ataque (só teve algumas chances, como um chute de Orkun Kökcü aos 40'), nem o VVV tinha força para reagir - e os Venlonaren perderam ainda mais aos 68', quando o zagueiro Christian Kum levou o segundo cartão amarelo e foi expulso. No último minuto, o Feyenoord ainda pôde ampliar: após pênalti marcado (Steffen Schäfer colocara a mão na bola), Jorgensen converteu, para o 3 a 0. Uma vitória eficiente, sem sustos. Do jeito que Advocaat gosta.


Utrecht 6x0 Fortuna Sittard (domingo, 3 de novembro)

Faz parte do Campeonato Holandês: periodicamente, sempre há uma goleada que ocorre somente porque um dos times teve um dia abençoado - e o outro time fez tudo errado. O Utrecht viu que seria seu dia logo aos quatro minutos: Gyrano Kerk recebeu passe de Sean Klaiber e fez 1 a 0. Aos 14', Kerk preferiu o lançamento, e deixou Sander van de Streek livre para ampliar. Aos 32', Van de Streek foi derrubado na área por Amadou Ciss: pênalti, Simon Gustafson cobrando, 3 a 0. Virou três e acabou seis, no segundo tempo. Aos 60', Gustafson ficou com a bola de graça, passou a Van de Streek, e este fez seu segundo gol na partida. Assim como Gustafson, que balançou a rede outra vez de pênalti, aos 70' (Van de Streek fora derrubado por Ninaj). Finalmente, aos 80', Simon Makienok, voltando de lesão, completou a goleada, em seu segundo gol na semana. Mais uma goleada aleatória na Eredivisie.



Groningen 2x0 Willem II (domingo, 3 de novembro)

O começo da partida no estádio em Groningen foi animado, com os dois times buscando o gol - até porque o Willem II tinha sua melhor pontuação após 11 rodadas neste século, enquanto o Groningen vinha de duas vitórias seguidas em casa. Os visitantes de Tilburg deram a primeira estocada séria: aos 27', o zagueiro Ko Itakura falhou, e Vangelis Pavlidis ficou cara a cara com o goleiro Sergio Padt - chutou para fora. Já o Groningen só apareceu na área com o nome destinado a ser destaque: Kaj Sierhuis. Aos 40', Django Warmerdam passou para o atacante, que num movimento arriscado, fez 1 a 0 para os Groningers. Terminou o primeiro tempo, começou o segundo, e Sierhuis marcou: após um cruzamento, Joel Asoro ajeitou de cabeça, e o atacante fez mais um gol. Quando foi substituído por Charlison Benschop, aos 63', Sierhuis deixou o campo sob aplausos. Muito justificados: afinal, foi ele o nome da terceira vitória seguida do Groningen em casa.



ADO Den Haag 1x1 Heerenveen (domingo, 3 de novembro)

Tanto mandantes quanto visitantes tentaram atacar em Haia, mas logo o primeiro tempo caiu no marasmo. Ele quase foi interrompido aos 40', quando Jens Odgaard chegou a balançar as redes para o Heerenveen, mas o alarme foi falso - o gol foi anulado, por impedimento do atacante dinamarquês. A etapa complementar seguia com a mesma falta de emoções, até que uma falha dos visitantes foi decisiva: aos 60', Ricardo van Rhijn perdeu a bola para Crysencio Summerville, que foi derrubado por Sherel Floranus na área. Pênalti - e Michiel Kramer cobrou, a bola bateu na trave, mas era o 1 a 0 do Den Haag. Que buscou o segundo gol, enquanto o Heerenveen partiu para tentar o empate. Que foi conseguido no finalzinho: aos 88', de cabeça, o zagueiro Sven Botman empatou para os visitantes da Frísia. Como já marcara gol contra o AZ - que está jogando em Haia -, foi o segundo gol de Botman na cidade, nesta temporada. Algo que nenhum jogador do Den Haag conseguiu em 2019/20.