sábado, 30 de setembro de 2017

Acostumando-se à decadência

O futebol holandês está assim como o Feyenoord deixou o campo em Nápoles, na terça passada: desalentado e desanimado (feyenoord.nl)

É possível apontar que a crise do futebol holandês não começou neste ano. Nem no passado. Nem no retrasado. Na verdade, há pelo menos dez anos fica claro como os clubes do país estão perdendo terreno – basta citar que, na temporada 2007/08, o Ajax já havia cometido o mesmo vexame desta temporada, ao cair tanto na terceira fase preliminar da Liga dos Campeões (para o Slavia Praga) quanto na primeira fase da antiga Copa Uefa (para o Dinamo Zagreb). Entretanto, pelo que se está vendo atualmente, também é possível dizer: poucas vezes as esperanças no futebol holandês foram tão escassas como são agora.

Com dezesseis partidas jogadas até agora nas competições continentais, entre as fases preliminares e as fases de grupos, os representantes da Holanda venceram apenas... duas. E o responsável pelos triunfos foi um médio, o Utrecht (3 a 1 no Valletta, de Malta, na segunda fase preliminar da Liga Europa; e 1 a 0 no Zenit, pelos play-offs por vaga na fase de grupos). De resto, cinco empates e nove derrotas. Apenas 12,5 por cento de aproveitamento. E pelo que se viu nas segundas rodadas das chaves de Liga dos Campeões e Liga Europa, a tendência é continuar assim.

Em Nápoles, o Feyenoord já começou com sua defesa atrapalhada pelo destino. No final de semana passado, Eric Botteghin lesionou os ligamentos do joelho (ficará fora dos campos até o fim da temporada); e justamente no aquecimento para pegar o Napoli, em pleno gramado do San Paolo, Jan-Arie van der Heijden rompeu um músculo de sua panturrilha (desfalcará o Stadionclub por seis semanas). 

Com uma defesa reserva – Jerry St. Juste e Renato Tapia -, contra um Napoli sempre veloz e marcando a partir da saída de bola, não foi de se impressionar que o 1 a 0 de Lorenzo Insigne tenha vindo de uma falha na saída de bola. Aliás, sair atrás no placar com precocidade, outra vez, fez a torcida temer por uma goleada como a do Manchester City, na primeira rodada. Ela não aconteceu, porque o time se recompôs suficientemente. Mas o 3 a 1 foi até pouco para a superioridade napolitana. E é de se pensar se o Feyenoord será páreo até para um Shakhtar Donetsk que tem feito jogo duro, com a vitória sobre os Partenopei e a derrota magra para o Manchester City.

Nesta quinta, pela Liga Europa, a situação foi ainda mais melancólica. Até porque o Vitesse começou pressionando o Nice, nos primeiros minutos, principalmente com jogadas pelas pontas, nas quais Milot Rashica era quem mais aparecia. Até que, aos 16 minutos da etapa inicial, numa cobrança de escanteio, um desvio de Dante serviu para iludir toda a defesa do Vites, e Alassane Pléa ficou livre para o 1 a 0 do time francês. O jogo estava encaminhado: tal gol abateu a equipe de Arnhem, que pouco apareceu no ataque depois. E as falhas defensivas seguiram. Como no segundo gol, já nos acréscimos do primeiro tempo, quando Allan Saint-Maximin viu o caminho aberto pela péssima marcação de Alexander Büttner na lateral esquerda, avançando até o 2 a 0. O terceiro gol – de novo, Pléa – só serviu para piorar o desalento.

Pela lista de coeficientes da Uefa na temporada, a Holanda está no 34º lugar. Alguém que olhe o copo “meio cheio” dirá que é um índice melhor que o de Bélgica e Hungria. No entanto, consegue ser pior que o de Liechtenstein, Lituânia, Bielorrússia e Cazaquistão. Além do mais, na classificação unindo os índices das últimas cinco temporadas, a Holanda não só fica distante da Turquia (10ª colocada), mas também corre risco de perder sua posição para Áustria, Grécia, República Tcheca... 

Enfim, poucas vezes o futebol holandês teve um cenário interno tão desanimador. O pior é que, ao invés de sentir a forte necessidade de melhorar, o que parece haver no país é a crença de que o destino é mesmo a célere decadência, sem chance nenhuma de reação (ou a profunda descrença de que um dia as coisas podem mudar). Símbolo disso foram os resultados da sexta rodada do Campeonato Holandês, na qual ficou claro o equilíbrio por baixo que a Eredivisie encara. O Feyenoord liderava, mas protagonizou um vexame: sofreu a primeira derrota em casa de sua história para o NAC Breda – 2 a 0, em pleno De Kuip, de onde não saía com um revés desde janeiro de 2016.

Tal revés abriu caminho para PSV e AZ alcançarem a liderança da liga. Mas o time de Alkmaar também fracassou: perdeu por 2 a 0 para o Excelsior, também em casa. O PSV conseguiu uma goleada por 7 a 1, até impressionante: não pelo seu nível técnico, mas porque nada dava a imaginar que o Utrecht se renderia tão facilmente na reta final da partida. E se o Vitesse devia uma reação à sua torcida, após o vexame na Copa da Holanda, conseguiu fazê-lo com juros e correção monetária: ganhou do Ajax (2 a 0) em plena Amsterdam (até 25 de outubro) Arena, na primeira derrota que os Ajacieden sofreram em casa desde agosto do ano passado. A decepção foi tamanha que até cogitou-se demissão de Marcel Keizer pelos lados de Amsterdã – por enquanto, fica.

Enfim, clubes jogando com um estilo tático antiquado, dando espaços e mais espaços. Um campeonato cada vez pior de se ver. E nada leva a crer que a Holanda fará a necessária autoavaliação a curto prazo. Pelo visto, a decadência dos times do país vive seu capítulo mais dramático. Como se não bastasse a seleção, que deverá viver, dentro de duas semanas, seu ponto mais baixo em 30 anos.

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 29 de setembro de 2017)

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

810 minuten: como foi a 6ª rodada da Eredivisie

O Heerenveen passou algum tempo inferior. Mas o gol do celebrado Schaars abriu caminho para mais uma vitória (Jeroen Putmans/VI Images)

Willem II 1x2 Heerenveen (sábado, 23 de setembro)

Como melhor equipe, tecnicamente falando, o Heerenveen já começou pressionando em Tilburg. Na verdade, até balançou as redes, mesmo: aos 5', Reza Ghoochannejhad fez o gol, mas o juiz Ed Janssen anulou, alegando que o atacante iraniano empurrara o zagueiro Jop van der Linden. O Willem II fez a mesma coisa, mas valendo: aos 12', Freek Heerkens cruzou, e Elmo Lieftink desviou na segunda trave para o 1 a 0. Aos 14', quase Thom Haye fez o segundo dos Tricolores mandantes, mas chutou na rede pelo lado de fora.

Jogando sem muita animação, os visitantes da Frísia só haviam conseguido uma chance no primeiro tempo. Mas aos 44', numa cobrança de falta, tudo mudou: Stijn Schaars, sempre fundamental no Fean, mandou a bola com precisão nas redes para empatar. Reanimado no segundo tempo, o Heerenveen quase virou aos 52', quando Reza cabeceou a bola rente ao gol. O Willem II ainda tentou aos 58', quando Van der Linden também cobrou bem uma falta, exigindo a defesa de Martin Hansen. Só que os visitantes fizeram valer a reação no minuto seguinte: num chute de fora da área, Yuki Kobayashi garantiu a vitória e a sequência de uma campanha promissora. Como em 2016/17...

O Roda JC ainda tinha a perspectiva de sair com seu primeiro ponto na Eredivisie. Até este gol de Vermeij que deu a vitória ao Heracles Almelo (Harry Broeze/heracles.nl)

Heracles Almelo 2x1 Roda JC (sábado, 23 de setembro)

Após as reações da rodada passada, com vitórias de Willem II e Twente, o Roda JC era o único time da Eredivisie a não ter pontos ganhos após cinco jogos. Levou susto logo no começo: aos 5', Jamiro Monteiro mandou a bola no travessão. Mas o susto se transformou em esperança: logo na sequência, Ard van Peppen cruzou da esquerda, e Mitchel Paulissen apareceu livre para fazer 1 a 0. A vantagem repentina do Roda impactou o Heracles, que só começou a atacar no meio do primeiro tempo, com chances de Brahim Darri.

Pelo menos, o empate veio tão cedo no segundo tempo quanto o gol dos Koempels mandantes viera no primeiro: aos 50', após escanteio, Robin Pröpper cabeceou na trave, mas consertou bonito: um voleio no rebote balançou as redes no 1 a 1. E o jogo ficou animado: os Heraclieden buscando o ataque, o Roda apostando no contra-ataque. Quase decidiu sua primeira vitória aos 85', mas Dani Schahin perdeu chance incrível, após passe de Gyliano van Velzen. Custou caríssimo: no último lance do jogo, aos 90' + 3, Vincent Vermeij cabeceou e fez o gol da virada do Heracles. E o Roda JC segue na última posição, sem pontos ganhos.

Havia um ano e sete meses que o De Kuip não via esta cena: Feyenoord derrotado pela Eredivisie (Pro Shots)

Feyenoord 0x2 NAC Breda (sábado, 23 de setembro)

O Feyenoord foi para o jogo em De Kuip desfigurado. Por dois motivos: suspensão (Steven Berghuis, expulso contra o PSV) e lesões (essas vitimaram mais gente: Ridgeciano Haps, Jens Toornstra e Nicolai Jorgensen). Ainda assim, pelo que se viu, o jogo contra os visitantes de Breda seria "ataque contra defesa". O Feyenoord pressionou desde o começo. Aos 11', em cobrança de escanteio, Jan-Arie van der Heijden cabeceou, e a bola bateu levemente no travessão. Depois, aos 23', Jean-Paul Boëtius fez ótimo lançamento em profundidade, deixando Karim El Ahmadi na cara do gol, mas o goleiro Mark Birighitti salvou o NAC Breda, ao sair bem do gol e desviar para fora. Muito compactado, o time de Breda dava a impressão de estar por pouco.

Mas era só impressão, o jogo revelaria. A primeira chance dos visitantes já foi perigosa: aos 27', Manu García tirou El Ahmadi e Eric Botteghin da jogada com um só drible, puxou rápido contra-ataque, e colocou Thierry Ambrose em ótimas condições para fazer. O atacante francês concluiu, mas foi a vez de Brad Jones salvar o Feyenoord, com boa defesa. E aos 33', veio o primeiro sinal de que esta não seria uma partida tranquila como outras para o Stadionclub. Após cobrança de escanteio, El Ahmadi até afastou da área, mas Angeliño devolveu com uma bola alta. Após um primeiro desvio de cabeça, Ambrose escorou para Giovanni Korte, livre e em posição legal, fazer 1 a 0 surpreendente.

No segundo tempo, o NAC teve até chance de começar ampliando, aos 47': Manu García sofreu suposto pênalti, ao ser empurrado na área por Van der Heijden (o juiz Jochem Kamphuis mandou seguir). De resto, voltou a pressão irrespirável do atual campeão holandês em De Kuip. Aos 50', Boëtius arriscou chute colocado de fora da área, mas Birighitti defendeu. Cinco minutos depois, Tonny Vilhena deixou de calcanhar a El Ahmadi, que bateu em diagonal, para fora. No minuto seguinte, outra boa chance: Boëtius cruzou da direita, e Michiel Kramer cabeceou livre, para fora, perto do gol. Recém-entrado em campo no lugar de Bilal Basaçikoglu (má atuação), Sam Larsson teve sua oportunidade aos 59', mas chutou para fora. Mais um minuto, e a grande chance veio: Miquel Nelom chutou para Birighitti rebater, e na sequência, como no primeiro tempo, outro cabeceio no travessão, desta vez de Amrabat.

Korte (à esquerda) sai para comemorar o gol que abriu a zebra histórica do NAC Breda, com Ambrose (Maurice van Steen/VI Images)
Aos 74', enfim, a pressão do Feyenoord deu algum resultado prático: após escanteio, Amrabat foi empurrado por Mounir El Allouchi na área, e Jochem Kamphuis deu pênalti. Menos claro do que o sofrido por Manu García, mas foi marcado. De todo modo, Birighitti fez certa justiça: o goleiro australiano voou para o canto esquerdo e espalmou a cobrança de Kramer, salvando o NAC Breda - e colocando os visitantes aurinegros no caminho de uma vitória em casa. Teriam de aguentar os minutos de pressão do Stadionclub. 

Não só aguentaram, mas conseguiram o 2 a 0 aos 87'. Graças a uma falha incomum de Brad Jones: ao tentar sair jogando, o goleiro australiano pegou mal na bola, e Thomas Enevoldsen (com apenas um minuto em campo) apenas chutou para confirmar a impressionante vitória do time de Breda, a primeira contra o Feyenoord fora de casa em sua história na Eredivisie. Ao Feyenoord, ficou o amargor de cair em pleno De Kuip na Eredivisie, pela primeira vez desde 31 de janeiro de 2016 (então, foi 1 a 0 para o ADO Den Haag). Mais preocupante foi ter sido a segunda derrota consecutiva no campeonato. E na terça o time pega o Napoli, pela Liga dos Campeões... Compreensíveis, as palavras do capitão El Ahmadi: "Devemos nos envergonhar muito".

El Khayati, de novo, mereceu as saudações da torcida (ANP/Pro Shots)

ADO Den Haag 1x0 Sparta Rotterdam (sábado, 23 de setembro)

O Sparta tinha dívidas a pagar com sua torcida, como um dos únicos clubes da Eredivisie a ter caído já na primeira fase do Campeonato Holandês, no meio de semana. Começou bem, em sequência: aos 18', Thomas Verhaar (de novo titular) fez o goleiro Robert Zwinkels trabalhar, e Ragnar Ache quase chegou ao gol no minuto seguinte. O Den Haag contragolpeou, com tentativas de Erik Falkenburg, aos 23', e Bjorn Johnsen, aos 40'.

Tão logo o segundo tempo começou, os visitantes de Roterdã tiveram a sua chance de gol, mas Robert Mühren cabeceou para fora. Azar o deles, porque o grande destaque do time de Haia apareceu aos 50' e foi para fazer o gol da vitória: num belo drible, Nasser El Khayati tirou da jogada Sherel Floranus e o goleiro Roy Kortsmit para fazer 1 a 0. Depois, Kortsmit ainda foi impressionante aos 55' (fez quatro defesas em sequência). Melvyn Lorenzen chegou a fazer o segundo gol nos acréscimos, anulado por impedimento. Mas a vitória do Den Haag já não corria mais riscos.

A prontidão de Locadia foi fundamental na goleada brilhante do PSV: velocidade, quatro gols, passe para outro (Pro Shots)
Utrecht 1x7 PSV (domingo, 24 de setembro)

Derrotado o Feyenoord, o PSV tinha a grande chance para se isolar na liderança do campeonato. Mas teria desafio respeitável, a princípio: pegar o Utrecht, fora de casa. E os Utregs quiseram mostrar cedo que imporiam respeito. A primeira chance foi deles, aos 7'. Após escanteio, a bola foi disputada na área entre a defesa e o ataque, até sobrar para Mark van der Maarel. E o zagueiro do Utrecht chutou, mas um desvio salvador em Derrick Luckassen fez com que a esférica saísse por cima do gol. Aos 9', chance ainda mais perigosa: Urby Emanuelson fez lançamento pelo alto, que pegou Cyriel Dessers livre na esquerda. O atacante belga superou Daniel Schwaab na corrida e bateu forte, cruzado, no travessão de Jeroen Zoet. Depois, aos 13', Edson Braafheid cruzou para a área, mas Jean-Christophe Bahebeck (titular) cabeceou para fora.

Mas despretensiosamente, aos 16', num contra-ataque fortuito, quem fez 1 a 0 foi o PSV. Luckassen roubou a bola na entrada da área e fez lançamento em profundidade, pegando Hirving Lozano na cara do gol. O mexicano concluiu, David Jensen rebateu, mas a sobra ficou à feição para Jürgen Locadia correr rápido e completar para o gol vazio e o 1 a 0. A vantagem dos Boeren não durou muito, porém: aos 21', numa bola alta na área, Nicolas Isimat-Mirin agarrou Bahebeck. Pelo menos, foi o que julgou o juiz Serdar Gözübüyük, que apitou o pênalti. Zakaria Labyad bateu com precisão para o 1 a 1: no canto direito, sem chances para Zoet, por mais que este tenha acertado o canto.

A partir de então, o ritmo do jogo se acelerou, com chances de parte a parte. Aos 23', a estocada do Utrecht. Yassin Ayoub passou a bola inteligentemente a Sander van de Streek: desviou com um giro. E o meio-campista entrou livre na área. Todavia, chutou em cima de Zoet. Depois, aos 35', o PSV respondeu: Lozano correu com a bola rapidamente pela direita, após se livrar da marcação de Willem Janssen, e cruzou para Gastón Pereiro tentar um voleio. Mas este saiu fraco, para fora, sem perigo. Enfim, numa jogada que parecia segura para o Utrecht, aos 40', o PSV conseguiu voltar à frente. Após troca de passes, Jorrit Hendrix cruzou para a área, e a bola chegou a Van de Streek. Porém, ao tentar dominá-la, o meio-campista do Utrecht a perdeu. Sorte de Locadia: foi mais rápido, roubou-a do adversário e cruzou para Lozano, na segunda trave, finalizar de carrinho para o 2 a 1 dos Boeren.

Os quatro gols foram de Locadia, mas Bergwijn roubou a cena: encerrou a goleada com um primor de gol (Getty Images)
E a volta do intervalo foi fundamental para os destinos do jogo. Os Eindhovenaren retornaram velozes para o segundo tempo. Já aos 48', Pereiro tentou uma triangulação com Santiago Arias. Mas na hora de "completar o terceiro vértice do triângulo", recebendo a bola de volta na área, o uruguaio falhou no domínio. Sem problemas: no minuto seguinte, outra vez a rapidez decidiu a parada a favor dos visitantes. Lozano apareceu numa dividida, no círculo central, e desviou rapidamente a bola. Locadia foi mais veloz, e apareceu livre para dominar, chegar à área e chutar para o terceiro gol. Jensen ainda tentou desviar, a bola ainda bateu no travessão, mas resultou mesmo no 3 a 1.

O Utrecht tentou não se entregar sem resistência. Aos 57', Ayoub lançou em profundidade, e Dessers pegou livre na área. Só não diminuiu a vantagem do PSV pela aparição providencial de Arias, evitando o arremate. Outra boa chance dos mandantes veio aos 61': Labyad deixou com Van de Streek, que de calcanhar deixou a pelota pronta para Lukas Görtler concluir, quase à queima-roupa. Mas Zoet defendeu. Görtler apareceu de novo aos 63', mas bateu cruzado, para fora.

Entretanto, o quarto gol do PSV deu início à derrocada célere e inesperada do Utrecht. Locadia completou seu ótimo dia aos 68', com o terceiro gol. Outra jogada rápida, com espaço: Hendrix lançou, o atacante teve espaço, recebeu e correu até a área para chutar cruzado e fazer o gol do 4 a 1. E a parte final do jogo virou um recital dos Boeren. Aos 73', a última chance que não entrou: chute de Arias, que passou perto da meta de Jensen, por cima. Aos 80', outro contragolpe veloz rendeu o quinto gol. Lozano chegou perto da área, foi desarmado, mas a bola sobrou para Joshua Brenet (novamente titular). O lateral foi derrubado por Edson Braafheid, exatamente na linha delimitadora da grande área, e o juiz apitou corretamente o pênalti que Marco van Ginkel bateu no canto esquerdo.

A goleada já estava assegurada, mas "lá vieram eles de novo": aos 85', Lozano avançou, foi agarrado por Giovanni Troupée. Pênalti, expulsão de Troupée, e Locadia bateu para o 6 a 1. E do modo como foi concretizado, o 7 a 1 valeu demais: belíssimo gol de Steven Bergwijn, driblando três em jogada individual e ainda saindo do goleiro para acrescentar mais um à goleada inesperada que colocou o PSV na liderança da Eredivisie. Aos trancos e barrancos, o time de Eindhoven vai se reencontrando.

Ajax preocupante: perdeu em casa, e já é a segunda derrota nesta temporada (ANP/Pro Shots)
Ajax 1x2 Vitesse (domingo, 24 de setembro)

Na alternância entre seus dois principais atacantes, o técnico Marcel Keizer deu preferência a Klaas-Jan Huntelaar: o veterano novamente recebeu a preferência entre os titulares. E no começo, até houve a impressão de que seria um dia tranquilo na Amsterdam/Johan Cruyff Arena. Aos 9', quase a jogada do gol contra o ADO Den Haag se repetiu. Hakim Ziyech cobrou falta mandando a bola para a área, e Joël Veltman subiu cabeceando. Só a esférica não colaborou: saiu por cima do gol. Por sua vez, o Vitesse contra-atacou aos 14': um longo tiro de meta do goleiro Remko Pasveer mandou a bola à outra área, onde Tim Matavz escorou para Milot Rashica invadir dominando e chutar em diagonal, para André Onana rebater.

O Ajax tentava atacar, mas estava lento. Teve o castigo aos 21', com o Vitesse fazendo 1 a 0 em bola parada. Thomas Bruns alçou a bola na área em cobrança de falta, e Guram Kashia entrou de peixinho para cabecear no ângulo direito de Onana e colocar o Vites na frente. Para minorar o impacto do gol sofrido, Mitchell Dijks tentou algo já no minuto seguinte: driblou Fankaty Dabo pela esquerda e cruzou rasteiro. Amin Younes entrou concluindo, mas Arnold Kruiswijk estava atento e entrou na frente para desviar.

Se aparecia menos, o Vitesse era bem mais eficiente nas finalizações: aos 29', após escanteio que passou por cima da área, Matavz buscou a bola e a cruzou de novo. Onana saiu do gol e a tirou com um soco, a princípio, mas teve de defender novamente, rebatendo chute de Thulani Serero na sobra. Com a lentidão exasperante do Ajax em campo, o técnico Marcel Keizer decidiu mudar já aos 30', colocando Kasper Dolberg para aquecer. A ideia inicial talvez fosse colocar o jovem no lugar de Huntelaar, mas o destino mudou a alteração: disputa aérea com Matavz, Matthijs de Ligt cortou o supercílio e precisou sair (depois, revelou-se ainda "severa concussão").

Com isso, mudava o esquema Ajacied, para o 3-4-3. E o Ajax até ficou mais ofensivo no começo. Aos 37', Dolberg recebeu a bola na direita, e passou a Justin Kluivert, que bateu para a segura defesa de Pasveer. Aos 39', cabeceio de Huntelaar, e no minuto seguinte, numa tentativa de Donny van de Beek. No primeiro dos minutos de acréscimo, Huntelaar ainda mandou de cabeça para fora, após cruzamento de Dolberg. Mas no terceiro dos acréscimos, a eficiência do Vitesse se fez sentir. Ziyech perdeu a bola no meio-campo. Bruns retomou-a, e serviu para Rashica puxar o contragolpe contra dois zagueiros, tirar Dijks da jogada com um corte e bater no canto esquerdo de Onana para o merecido 2 a 0. Frenkie de Jong ainda tentou depois, com um chute para fora, mas o fato era que o nível técnico do Ajax em campo preocupava. Demais.

Rashica foi fundamental para os contra-ataques rápidos que renderam a vitória ao Vitesse (Paul Meima/vitesse.nl)
Logo no começo do segundo tempo, o Vitesse quase tornou o vexame maior. Aos 47', outro contra-ataque rápido, e Rashica lançou Matavz. O esloveno até entrou livre na área, mas Dijks conseguiu chegar a tempo para afastar a bola. No escanteio da sequência, o camisa 11 ficou com a bola na pequena área, mas ela subiu e Onana pôde afastá-la. Dois minutos depois, o Ajax deu sinal de vida. Ziyech controlou a bola na meia-lua e a serviu a Dolberg, que dominou e bateu cruzado para boa defesa de Pasveer, espalmando para o lado. No minuto seguinte, um chute de Ziyech que passou perto ampliou as expectativas. Aos 53', Dolberg chutou na área, Pasveer rebateu, e Lasse Schöne (vindo do banco, no lugar de Van de Beek) tentou de novo, para mais uma vez o goleiro do Vitesse impedir.

Ainda assim, o Ajax não trazia perigo real de reverter a derrota. Continuava tentando, apenas. Aos 65', em jogada rápida, quase fez: Kluivert dominou e cruzou para Huntelaar desviar, na trave. Depois, aos 77', Schöne escorou de cabeça para Younes, mas o alemão, na pequena área, desperdiçou o domínio, e a bola saiu. Nos dez minutos finais, foi momento de escanteios: após um deles, aos 81', Huntelaar fez o giro, mas arrematou para fora. E depois de uma série de tiros de canto, enfim o Ajax conseguiu o gol que até merecia, aos 83'. Ziyech cobrou, a defesa rebateu, e a bola voltou ao camisa 10 dos Amsterdammers, que cruzou de novo. A defesa do Vitesse parou, e Nick Viergever entrou no meio da pequena área para diminuir. O que nem de longe ameaçou a segunda grande surpresa da rodada: o 2 a 1 foi a primeira derrota Ajacied em casa pela Eredivisie desde 20 de agosto de 2016. E que deixou claro o que Marcel Keizer reconheceu, na entrevista coletiva: "O clima é de crise".

O jogo estava difícil, tenso... mas o gol de Idrissi aliviou o Groningen (Ronald Bonestroo/VI Images)

Groningen 1x0 Twente (domingo, 24 de setembro)

Não havia tranquilidade em nenhum dos lados: o Twente só conseguira sua primeira vitória na rodada passada, enquanto o Groningen tinha só cinco pontos na rodada e sofrera para superar o amador USV Hercules na Copa da Holanda, durante a semana. E a pressão rendeu um primeiro tempo bastante ofensivo. De um lado, aos 13', Juninho Bacuna lançou bem em profundidade, e a bola ficou para Lars Veldwijk bater - o goleiro Jorn Brondeel rebateu, e ainda evitou o gol na sobra, mandada por Mimoun Mahi. De outro, aos 19', Luciano Slagveer cruzou, e Tom Boere quase deixou os visitantes na frente.

No segundo tempo, o Groningen contou com a sorte para conseguir a vantagem: aos 51', Django Warmerdam cruzou da esquerda, e Ritsu Doan fez acidentalmente o pivô, deixando Oussama Idrissi em ótima condição para bater e fazer o 1 a 0. O que não abateu os Tukkers, que buscaram o empate e tiveram boa chance em chute de Adnane Tighadouini, bem defendido por Sergio Padt. Assim, o Groningen segurou-se no sufoco, mantendo sua vitória e respirando um pouco.


O VVV-Venlo passou apuros diante de um organizado Zwolle, mas Leemans salvou um ponto no bom jogo (Pro Shots)
VVV-Venlo 1x1 Zwolle (domingo, 24 de setembro)

Outro jogo interessante: afinal de contas, juntava dois pequenos que começam inesperadamente bem a Eredivisie. Num dia quente no estádio De Koel, o VVV-Venlo começou buscando o gol, mas as chances de Lennart Thy (completando escanteio aos 16') e Clint Leemans (chute de longe, para fora, no minuto seguinte) não assustaram muito. Mais eficiente foi o Zwolle: após arremate perigoso de Ryan Thomas aos 18', os visitantes já abriram o placar, aos 30'. Youness Mokhtar cobrou escanteio, e a bola parou nos pés de Kingsley Ehizibue, que balançou as redes.

Melhor organizado taticamente em campo, o Zwolle fazia por merecer a vitória: controlava as ações no segundo tempo, sem permitir muita pressão dos anfitriões. Então, uma bola parada resolveu o problema do time aurinegro: aos 69', Clint Leemans cobrou falta com maestria, no ângulo de Diederik Boer, fazendo 1 a 1. Estava dada a senha para que os de Venlo buscassem a virada. Ela quase veio em algumas ocasiões: numa falta que Damian van Bruggen não escorou por pouco, numa tentativa de Kelechi Nwakali, e principalmente aos 87', quando Boer fechou bem o ângulo, cara a cara com Vito van Crooij. Empate justo, num jogo que cumpriu o que prometeu: animado.


A torcida do AZ não queria acreditar, mas era verdade: o Excelsior se valeu de um começo impiedoso para a vitória (Gerrit van Keulen/VI Images)
AZ 0x2 Excelsior (domingo, 24 de setembro)

Com a derrota do Feyenoord, o AZ tinha uma chance valiosa. Era vencer o Excelsior e igualar o PSV na liderança da Eredivisie. Passaram-se apenas 26 segundos para que essa perspectiva diminuísse bastante: o lateral direito Jonas Svensson escorregou, Luigi Bruins dominou a bola, e só restou a Svensson agarrá-lo. Pênalti claro, apontado pelo juiz Kevin Blom e convertido por Bruins. O mau começo seguiu aos 5': Ron Vlaar errou na saída de bola, e Jinty Caenepeel ficou cara a cara com o goleiro Marco Bizot. Caenepeel perdeu o chute, o rebote ficou com Kevin Vermeulen, mas Svensson consertou o erro do pênalti, tirando em cima da linha o arremate de Vermeulen.

Mas não tinha acabado o terrível início dos anfitriões em Alkmaar. Aos 8', Vlaar errou de novo: superado por Vermeulen na corrida, o zagueiro teve de cometer mais um pênalti - e Bruins converteu mais uma cobrança para o 2 a 0. O impacto da vantagem precoce dos visitantes foi tamanho que os Alkmaarders somente arriscaram qualquer coisa... no segundo tempo: aos 53', Wout Weghorst mandou a bola no pé da trave. Depois, só aos 81' o goleiro Ögmundur Kristinsson levou susto, com novo chute no poste - desta vez, em cobrança de falta de Marko Vejinovic. Nos acréscimos, Vermeulen quase fez o terceiro. Só para deixar claro quem fora superior em Alkmaar, na surpresa final de uma rodada cheia de resultados inesperados.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Um começo irregular demais

Com a irregularidade dos grandes e dos pequenos, a disputa pelo título holandês pode ser tão dura quanto a dividida entre Toornstra e Zoet (feyenoord.nl)

Cinco rodadas ainda é pouco tempo para se definir um claro favorito ao título de qualquer campeonato. No entanto, também não é incomum notar que certos participantes já se insinuem nesse tempo como dispostos a quererem coisa mais séria dentro da competição. No Campeonato Holandês, isso é mais comum do que se pensa, a julgar pelas últimas temporadas – nelas, dois dos integrantes do Trio de Ferro já começavam a despontar para disputarem o título. Esta temporada 2017/18 traz uma tendência que, se confirmada, promete trazer mais emoções: os clubes grandes nunca estiveram tão vulneráveis ao avanço dos médios. Porém, estes também tropeçam perigosamente. E deixam no ar a pergunta: quem, afinal, vai pintar como campeão?

Na rodada passada (a quinta, por sinal), fizeram o primeiro clássico desta Eredivisie dois clubes que usariam uma eventual vitória para falar grosso. Visitante contra o PSV, o Feyenoord poderia fazer isso com mais propriedade: afinal, seria a quinta vitória em cinco jogos. Além do mais, o time de Eindhoven sofrera sua primeira derrota na quarta rodada: um péssimo começo contra o Heerenveen, fora de casa, causara o 2 a 0 em apenas sete minutos. Mas os Boeren, a princípio, deram a impressão de se refazer brilhantemente: abriram 1 a 0 para cima do Feyenoord em dois minutos, com Gastón Pereiro, e impuseram tamanha velocidade que a vitória por placar simples ficou parecendo enganosa. Com a expulsão de Steven Berghuis, uma goleada era previsível.

Mais surpresa: a goleada não só não veio no segundo tempo, como o Feyenoord apresentou até mais organização tática com um homem a menos. Com a entrada de Sofyan Amrabat para fortalecer a marcação no meio-campo, Jens Toornstra foi deslocado para o ataque, junto de Jean-Paul Boëtius. Com mais movimentação ofensiva na frente e mais proteção atrás, é possível dizer que o atual campeão holandês só não conseguiu o empate pela atuação imponente de Jeroen Zoet no gol dos Eindhovenaren. Com isso, o 1 a 0 ficou no placar. Mas o Feyenoord seguiu líder - o PSV igualou os 12 pontos, mas ficando em terceiro lugar, pelo saldo de gols menor. E a impressão era unânime: o Stadionclub havia sido inesperadamente firme em campo, mesmo em desvantagem numérica. Ou seja, o Feyenoord seguia favorito, mesmo com derrota. E o PSV não se afirmara em definitivo.

E o Ajax? Após o desastroso começo de temporada, os Ajacieden também tentam se ajeitar. Contra o ADO Den Haag, até conseguiam uma vitória fácil, por 1 a 0, diante de um inofensivo anfitrião. Aí veio o segundo tempo. E o domínio dos Amsterdammers era tamanho, tamanho... que relaxaram. Bastou para que o time de Haia se animasse, tentasse algumas vezes chegar ao gol, e enfim o conseguisse. Só aí, já na metade final do segundo tempo, o Ajax acelerou o ritmo de novo. Aí parou em outro goleiro: Robert Zwinkels, que salvou o ADO Den Haag com pelo menos quatro defesas respeitáveis. E o 1 a 1 deixou a equipe de Amsterdã dois pontos atrás de seus arquirrivais.

Um Feyenoord ainda favorito, mas que tropeçou (sem contar a fragilidade vista na Liga dos Campeões). Um PSV que vai se refazendo do vexame na Liga Europa, e que vence com sustos na Eredivisie – e até por isso, ainda mostra fragilidades. Um Ajax que também se reformula em campo, mostra até mais técnica, mas que tem desatenções inaceitáveis. Havia tempos que os três grandes holandeses não apresentavam tamanha vulnerabilidade, tendo em vista o que (não) conseguem fazer nas competições continentais. Então, a expectativa é clara e óbvia: nunca foi tão grande a chance de um clube médio, enfim, chegar para disputar seriamente o título holandês. Mas se há essa chance, é preciso dizer que os “médios” a estão desperdiçando.

Tome-se o exemplo do AZ, atualmente o time mais capacitado, na aparência, para desafiar PSV e Feyenoord – até por estar empatado em pontos com ambos (nos critérios, é o segundo colocado). Na rodada passada, o time de Alkmaar mostrou poder de reação a adversidades – ou melhor, Wout Weghorst mostrou isso, ao fazer os dois gols da vitória sobre o Sparta Rotterdam, após perder dois pênaltis. Weghorst é o finalizador de um time que conta com a mobilidade de Alireza Jahanbakhsh e Dabney dos Santos pelas pontas, além da capacidade de Joris van Overeem e Marko Vejinovic na armação. Porém, os Alkmaarders já tiveram uma chance contra um dos grandes: enfrentaram o PSV, na primeira rodada. Começaram até bem, na frente do placar. Mas permitiram a virada, e foram derrotados por 3 a 2, mesmo fazendo jogo duríssimo.

Abaixo desses times, há o Heerenveen, em quarto lugar, com 11 pontos. É outro time promissor: conta com bons atacantes (Arber Zeneli, Reza “Gucci” Ghoochannejhad e Martin Odegaard – este enfim começa a ter algo parecido com uma ascensão), tem a firmeza de Stijn Schaars no meio-campo, já venceu o PSV, é o único time invicto na Eredivisie (três vitórias e dois empates). Todavia, a equipe da Frísia ainda exibe algumas irregularidades na defesa, como visto nos empates das duas primeiras rodadas. Precisa resolver isso, se quiser se consolidar como “o melhor do resto”.

Este posto foi ocupado pelo Utrecht, na temporada passada. E a impressão é de que a equipe de Erik ten Hag tem plenas condições de mantê-lo: mostra estilo ofensivo, as contratações já se entrosaram (principalmente Cyriel Dessers, no ataque, e Urby Emanuelson, no meio-campo), joga melhor até quando é derrotado (caso da terceira rodada, quando só atuação incrível do goleiro Sergio Padt segurou o 2 a 1 do Groningen). Porém, na semana passada, quando poderiam igualar o Feyenoord, os Utregs tomaram um daqueles golpes duros: além de permitirem a primeira vitória do Twente na temporada, tomaram um 4 a 0 desnorteador em Enschede.

É possível citar o Vitesse, já abordado pela coluna, que também se revela ofensivo e conta com Tim Matavz, artilheiro do campeonato (cinco gols nos cinco primeiros jogos!). Mas a equipe aurinegra de Arnhem também já tropeçou, permitindo o empate do VVV-Venlo no final do jogo, na rodada anterior. De mais a mais, como confiar numa equipe que dá o vexame que deu na quarta passada, ao cair para o AVV Swift (quinta divisão) logo na primeira fase da Copa da Holanda? O olhar cresce, então, para o Zwolle: novamente fazendo boa campanha, os “Dedos Azuis” têm 10 pontos, mesma pontuação do Ajax. Mas quando enfrentaram os Amsterdammers... tomaram categóricos 3 a 0.

Enfim, os grandes tropeçam, em meio a reformulações. Ainda não conseguiram desgarrar como o esperado. Nunca foi tão possível a um clube médio sonhar repetir as façanhas de AZ (campeão em 2008/09) e Twente (campeão em 2009/10). Mas... qual deles conseguirá regularidade e coragem contra o trio? Enquanto essas perguntas não são respondidas, o começo da Eredivisie segue irregular. Já que não dá para esperar muita qualidade técnica, pelo menos isso rende algum equilíbrio – e alguma emoção.

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 23 de setembro de 2017)

terça-feira, 19 de setembro de 2017

810 minuten: como foi a 5ª rodada da Eredivisie

Weghorst perdeu um pênalti que voltou. Errou de novo. Vilão? Que nada: fez os dois gols da vitória do AZ (Tom Bode/VI Images)

Sparta Rotterdam 0x2 AZ (sexta-feira, 15 de setembro)

Com Alireza Jahanbakhsh de volta, o AZ começou a criar rapidamente jogadas ofensivas. A primeira veio logo aos 3': em jogada pela direita, Guus Til chegou à linha de fundo e recuou a Alireza. O iraniano chutou, e Nicholas Marfelt desviou providencialmente, evitando o gol do AZ ao tirar para fora. Uma mais perigosa veio aos 11'. Joris van Overeem passou a Mats Seuntjens. Este tabelou com Wout Weghorst, que lhe devolveu de calcanhar. Porém, da entrada da área, Seuntjens finalizou para fora. Mas a maior das chances veio aos 22 minutos. Após tabela com Van Overeem, Thomas Ouwejan invadiu a área e foi derrubado por Sherel Floranus. Siemen Mulder apitou o pênalti. Da primeira cobrança, Weghorst bateu, e o goleiro Roy Kortsmit espalmou para fora, no canto esquerdo. Mas a alegria de Kortsmit durou só alguns segundos: o juiz de linha mandou voltar a cobrança, julgando que o goleiro do Sparta se adiantara. Outro chute de Weghorst... e outra defesa de Kortsmit, no canto oposto.

Aos 27', enfim, o Sparta apareceu. George Dobson lançou em profundidade, e Ragnar Ache chegou livre à área. Seu toque na saída do goleiro Marco Bizot saiu rente à trave. Porém, aos 34', a resistência dos Spartanen enfim caiu. Num escanteio ensaiado, Alireza cobrou, e Weghorst, vindo de trás, bateu de chapa, no canto direito, sem chances para Kortsmit. Era o 1 a 0 do alívio para o time de Alkmaar - e para Weghorst, que começava a fazer esquecer o pênalti perdido. Com a desvantagem, os mandantes chegaram mais ao ataque, em busca do empate. Aos 41', houve um cabeceio de Bart Vriends, para a defesa de Marco Bizot - que teve de aparecer de novo no escanteio subsequente, quando quem cabeceou foi Robert Mühren.

Os Kasteelheren continuaram pressionando ligeiramente, no início do segundo tempo. Porém, num contra-ataque, o jogo foi definido, aos 61'. De novo, por mérito de Weghorst. Após troca de passes com Thomas Ouwejan, este cruzou a Alireza, que apenas ajeitou para o chute do camisa 9 do AZ. Novamente para o barbante, após passar por baixo de Kortsmit, representando o sexto gol de Weghorst em cinco partidas. Restou ao Sparta continuar buscando um gol, para tentar reanimar a partida. Ache até marcou aos 68', mas estava impedido e o gol foi anulado. O atacante ainda teve outra chance, aos 78', em cabeceio. Depois, um arremate de Ryan Sanusi, fora da área, aos 90'. Aos 90' + 2, defesa incrível de Bizot: à queima-roupa, em cabeceio de Sanusi. Mas nada disso perturbou a vitória do AZ. Com Weghorst indo da decepção ao destaque.

Marco Rojas acabara de entrar. E ajudou o Heerenveen a vencer o Excelsior, após mau começo (ANP/Pro Shots)

Excelsior 1x2 Heerenveen (sábado, 16 de setembro)

Quem com gol precoce feriu, com gol precoce foi ferido. Fora de casa, o Heerenveen começou fraco contra o Excelsior, sem lembrar a equipe que resolveu a vitória contra o PSV logo nos primeiros minutos do jogo na rodada passada. Tanto que os mandantes é que atacaram rapidamente: aos 2', Jinty Caenepeel passou a Zakaria El Azzouzi, que chutou na rede pelo lado de fora. E os Kralingers também abriram o placar com rapidez: aos 18', Ali Messaoud passou a Ryan Koolwijk, que bateu de longe para o 1 a 0, sem chances para o goleiro Martin Hansen.

Só aí os visitantes da Frísia encararam o jogo como podiam: impondo a superioridade. Cresceram de produção no primeiro tempo, mas ainda sem marcarem o gol de empate. Mas ele chegou rápido no segundo tempo: aos 50', após confusão na defesa do Excelsior com um escanteio, Arber Zeneli afinal aproveitou e concluiu para o 1 a 1. Aos 60', Zeneli quase virou o jogo (mandou a bola na trave). Finalmente, aos 70', a virada que restabeleceu o prognóstico esperado: apenas quatro minutos após entrar em campo, substituindo Morten Thorsby, o australiano de ascendência chilena Marco Rojas fez o 2 a 1. O Excelsior ainda tentou pressionar, mas não conseguiu evitar a vitória que fez com que o Heerenveen ficasse invicto em seus primeiros cinco jogos, pela primeira vez desde 1997/98.

Rai Vloet foi o "libertador" do NAC: enfim, vitória para o time de Breda na Eredivisie (Pro Shots)

NAC Breda 2x1 Groningen (sábado, 16 de setembro)

Diante do esforço que tem mostrado, o NAC Breda merecia uma vitória. E já havia algumas rodadas que o Groningen se valia das ótimas atuações do goleiro Sergio Padt para escapar da derrota. Finalmente, em Breda, tais destinos se encontraram. O time da casa começou melhor, com mais concentração, e até podia ter feito 1 a 0 num cabeceio de Menno Koch, que passou por cima do gol aos 26'. Aos 36', Thomas Agyepong quase fez: chutou na rede pelo lado de fora. O ganês voltou à carga aos 45', em chute rasteiro defendido por Padt. O Groningen? Só trouxe perigo em cobrança de falta de Tom van Weert, nos acréscimos, defendido por Mark Birighitti.

Enfim, no segundo tempo, coube ao meio-campista Rai Vloet fazer a torcida no estádio Rat Verlegh se alegrar. Aos 58', o lateral Angeliño lançou em profundidade para Vloet, livre, concluir forte e abrir o placar; mais dois minutos, e já estava 2 a 0, com Vloet escorando cruzamento de Agyepong. Aí os Groningers ameaçaram: Lars Veldwijk e Oussama Idrissi entraram em campo, fortalecendo o ataque, e por fim Mimoun Mahi diminuiu aos 70', em voleio. O NAC Breda segurava-se, mas quase teve a decepção final nos acréscimos, com Mahi balançando as redes. Porém, o gol foi anulado por impedimento. E enfim, o time aurinegro comemorou sua primeira vitória na Eredivisie. Justo.

De dois times sem pontos, o Willem II celebrou a primeira vitória. Graças a Velikonja (centro) (Pro Shots)

Roda JC 1x3 Willem II (sábado, 16 de setembro)

Se é possível falar em "jogo dos desesperados" na quinta rodada de um campeonato, era o caso em Kerkrade: afinal, tratavam-se de duas equipes sem ponto algum na tabela. Se era para buscar a primeira vitória, o Willem II teve vontade desde o começo: em apenas 45 segundos, Etien Velikonja forçou o goleiro Hidde Jurjus à primeira defesa. Aos 4', Velikonja conseguiu o que buscava: balançou as redes, escorando cobrança de falta de Ard van Peppen. Bem superior em campo, os visitantes de Tilburg fizeram 2 a 0 aos 23': Pedro Chirivella passou, a defesa do Roda JC bobeou, e Fran Sol o filó balançou. Aos 31', Velikonja se consolidou como destaque, fazendo 3 a 0, ao completar cruzamento de Fran Sol, depois de jogada de Thom Haye.

Se houve razão para esperança do Roda JC, ela só voltou nos acréscimos do primeiro tempo - aos 45' + 2, numa jogada de contra-ataque, Mikhail Rosheuvel fez o primeiro dos Koempels. E já no segundo tempo, aos 47', a esperança de empate poderia ter crescido: Tsiy William Ndenge cruzou, e Jordens Peters cometeu o que seria um gol contra para o Roda, mas o juiz Pol van Boekel julgou erradamente que a bola tinha saído no cruzamento de Ndenge, anulando o gol. A pressão até continuou: aos 75', Dani Schahin acertou o travessão. Mas, dos desesperados, quem sorriu mesmo foi o Willem II.

Mokhtar chamou a responsabilidade no começo e no fim, para a vitória do Zwolle (ANP Pro Shots)

Zwolle 2x1 Heracles Almelo (sábado, 16 de setembro)

O começo da temporada atual tem dado esperanças à torcida do Zwolle. E o começo da partida no sábado deu mais razões ainda para essas esperanças, porque aos 4' já estava 1 a 0 para os Zwollenaren: méritos de Youness Mokhtar, autor de belo gol, partindo do próprio campo para driblar Robin Pröpper e chutar colocado, no canto de Bram Castro. E ao longo do primeiro tempo, os Zwollenaren tiveram mais chances. Só não converteram. E o Heracles quase fez isso: um chute de Pröpper, que mandou a bola para as redes, só não foi validado porque o juiz Jeroen Manschot já apitara impedimento antes.

De todo modo, o aviso estava dado. No segundo tempo, o Zwolle caiu de produção, e a partida ficou sem muitas emoções. Mas quando elas vieram, foi dos visitantes de Almelo: aos 78', Jamiro Monteiro cobrou falta, a bola desviou na barreira, e Diederik Boer ficou sem chances de defesa. 1 a 1, e a decepção pelo tropeço parecia inevitável... não fosse por Mokhtar. Novamente, o camisa 7 decidiu em jogada individual: fez a sequência de dribles aos 85', passou por Castro e garantiu o gol do 2 a 1, que manteve o Zwolle com 100% de aproveitamento em seu estádio na temporada.

Quem diria: o pressionado Twente ganhou com estilo do Utrecht (Gerrit van Keulen/VI Images)

Twente 4x0 Utrecht (domingo, 17 de setembro)

Mesmo fora de casa, a vitória do Utrecht era mais do que esperada. Afinal, tratava-se de um time com três vitórias em quatro jogos (e que jogara melhor mesmo na derrota para o Groningen, na 3ª rodada), contra um Twente já preocupado, sem pontos ganhos. E os primeiros movimentos do jogo em Enschede até deram a crer que isso aconteceria: Zakaria Labyad perdeu boa chance, com apenas 36 segundos de bola rolando. Mais: aos 3', Gyrano Kerk chutou em cima do goleiro Jorn Brondeel. Parecia que os Utregs logo abririam o placar. O que aconteceu? Isso mesmo: quem fez 1 a 0 foi o Twente. Aos 9', Peet Bijen lançou de longe, e Tom Boere finalizou com estilo: um toque sutil, por cima do goleiro David Jensen.

A vantagem surpreendente dos Tukkers desnorteou o Utrecht (jogando com uma camiseta aurinegra como segundo uniforme, lembrando o Vitesse - mas em referência ao Velox, um dos integrantes da fusão que gerou o Utrecht). O segundo gol não demorou: aos 18', de cabeça, Thomas Lam ampliou, de cabeça. E aí, o domínio estava mudado. Aos 30', Oussama Assaidi ainda teve a chance, mas Jensen defendeu seu arremate. Sem problemas: cinco minutos depois, Boere passou para Luciano Slagveer colocar o 3 a 0 no placar. No segundo tempo, seguiu o ótimo dia. Boere perdeu o quarto gol aos 58', cabeceando livre em cima de Jensen; e Slagveer teve gol anulado aos 74', por impedimento suspeito. Compensando, no minuto seguinte, Assaidi completou a goleada em jogada individual. Se tantos clubes já haviam conseguido a primeira vitória na rodada, por que não o Twente?

O ADO Den Haag parecia não ameaçar o Ajax. Mas melhorou e surpreendeu no segundo tempo, com o empate (Angelo Blankespoor/adodenhaag.nl)
ADO Den Haag 1x1 Ajax (domingo, 17 de setembro)

No rodízio que tem pensado entre seus dois principais atacantes, o técnico Marcel Keizer decidiu escalar Klaas-Jan Huntelaar no 4-3-3 do Ajax. Todavia, o começo pareceu indicar que o Den Haag faria surpresas em casa. Aos 9', Elson Hooi roubou bem a bola dos pés de Matthijs de Ligt, no meio-campo. Chegou à área, e só não marcou porque Nick Viergever o desarmou no instante exato do chute. Mas na sequência, Tom Beugelsdijk fez a mesma coisa com Huntelaar, que ficou com a bola na pequena área.

E os minutos seguintes mostraram que o susto do time anfitrião fora alarme falso. O Ajax dominou facilmente. Aos 12', Frenkie de Jong deixou a bola com Hakim Ziyech, e o camisa 10 mandou a bola para Huntelaar, com um passe preciso. Em posição legal, o atacante entrou livre na área, mas chutou em cima do goleiro Robert Zwinkels. Aos 20', Huntelaar foi quem fez o passe, deixando Amin Younes em boas condições para o chute. Porém, Zwinkels saiu bem e fechou o ângulo, rebatendo o chute. Na sobra, Kluivert tentou, para nova defesa do guarda-metas do Den Haag. O ADO Den Haag só tentou algo aos 23' - Nasser El Khayati dominou pela direita, na entrada da área, mas chutou fraco, sem muito perigo. A bola até passou perto do gol de André Onana, mas saiu.

Num cenário de domínio simples do Ajax, o gol até estava demorando. Surgiu aos 28', de bola parada. Em cobrança de falta, Ziyech bateu com a precisão de sempre: bola na cabeça de Joël Veltman, que mandou no canto baixo esquerdo, sem que Zwinkels pudesse fazer nada. E o 2 a 0 poderia ter vindo já aos 32'. Frenkie De Jong carregou a bola até a área, e passou a Younes, que finalizou em cima da zaga. Na sobra, Huntelaar chutou em diagonal, para fora.

No início, tudo foi tranquilo para o Ajax, com o 1 a 0 de Veltman (Tom Bode/VI Images)

Com a entrada de Erik Falkenburg já para o segundo tempo, o ADO Den Haag começou mais ofensivo. Quase deu certo já aos 47'. Após cobrança de falta, a bola ficou no bate-rebate dentro da área, até Edouard Duplan mandar, de carrinho. A bola foi lenta, mas exigiu que Onana espalmasse, esticando no canto esquerdo, para evitar o empate. Todavia, o Ajax retomou seu domínio rapidamente: tanto num arremate de Ziyech que Zwinkels espalmou com dificuldade, por cima do gol, quanto aos 50', quando De Jong arriscou de fora, mandando a bola na trave. Mas os recados do time de Haia começaram a aumentar: aos 54', Bjorn Johnsen bateu cruzado, de fora da área, para Onana encaixar com segurança.

O jogo começou a ficar equilibrado. Aos 63', o perigo foi do Ajax: Ziyech fez belíssima jogada, com um drible por baixo das pernas de Falkenburg, mas seu lançamento em profundidade foi longo demais para Younes, e Zwinkels saiu do gol para pegar. Dois minutos depois, o Den Haag trouxe perigo real. Falkenburg dominou na entrada da área, driblou Mitchell Dijks e arrematou colocado, mandando a bola no travessão de Onana. Finalmente, aos 70', a surpresa dos auriverdes. Após cruzamento da esquerda, a bola foi parar na direita, onde Sheraldo Becker estava esperando. O camisa 7 alcançou, cruzou, Johnsen pegou na pequena área e bateu à queima-roupa, no ângulo, para o 1 a 1 inesperado.

Restou ao Ajax tentar atacar, após o baque. Mas o time da casa atacava (como numa saída errada de Onana quase aproveitada por Hooi, aos 73'), defendia-se para manter o ponto que ia ganhando - e também tinha seu baque: Ricardo Kishna, criado no Ajax e vindo para campo aos 56', saiu aos 77' com grave lesão no ligamento cruzado anterior. E o final do jogo foi de pressão dos Amsterdammers. Aos 80', em rápida triangulação após escanteio, Lasse Schöne (substituto de De Jong) triangulou com Van de Beek e Younes, recebeu de volta na direita da grande área e bateu forte, no travessão. A partir daí, começou a despontar o nome de Zwinkels como o destaque da partida. Aos 87', novo passe de Ziyech em profundidade, e Huntelaar ficou na área com a bola, saiu da marcação de Wilfried Kanon e bateu, mas Zwinkels fez grande defesa, com mão trocada.

O goleiro do ADO Den Haag brilhou intensamente aos 89', numa sequência de três intervenções à queima-roupa. Schöne recuou de calcanhar para Huntelaar bater. Zwinkels defendeu. A sobra ficou com Kluivert, que arrematou em cima da defesa. Na sobra, Younes tentou, e o arqueiro da camisa 22 apareceu novamente, ainda tendo agilidade para salvar enfim o Den Haag em grande defesa na tentativa final de Kasper Dolberg. Aos 90' + 3, o goleiro dos anfitriões salvou definitivamente nos acréscimos: Ziyech mandou a bola para a área em cobrança de falta, e De Ligt cabeceou para Zwinkels fazer excepcional defesa, espalmando para fora. E não houve mais jeito do Ajax evitar a surpresa indesejada de um empate.

Em segundo tempo agradável, o VVV-Venlo de Tissoudali (atrás) surpreendeu o Vitesse de Büttner (Pro Shots)

Vitesse 1x1 VVV-Venlo (domingo, 17 de setembro)

Talvez tenha sido a derrota para a Lazio, após jogo duro na estreia pela Liga Europa. Mas o fato é que o Vitesse começou meio desacelerado contra os Venlonaren, sem muita pressão. Esta só veio em duas chances: aos 13', em cabeceio de Tim Matavz bem defendido pelo goleiro Lars Unnerstall, e aos 21', com Unnerstall defendendo outra bola vinda de cabeça, então de Bryan Linssen. Somente no segundo tempo o jogo em Arnhem se animou. E foi com Matavz: o esloveno apareceu na área para marcar, com um chute colocado, seu quinto gol em cinco jogos pela Eredivisie - ninguém alcançava tal marca por um time novo desde Dries Mertens pelo PSV, em 2011/12.

Valeu até para causar alguma reação do VVV, então parado no jogo. Aos 52', o time campeão da segunda divisão teve sua primeira oportunidade, com Ralf Seuntjens arrematando para boa defesa de Remko Pasveer. Depois, o Vitesse voltou a ter superioridade, quase marcando aos 64', em bonito chute de Thomas Bruns bem defendido por Unnerstall, e numa tentativa de Linssen para marcar o gol do próprio campo, que passou por cima, perto do gol, aos 75'. Porém, o Venlo não estava morto, como provou o bom chute de Lennart Thy aos 82'. E sem aproveitar, o Vites foi pego de surpresa no final: aos 90', Guram Kashia cometeu pênalti em Clint Leemans. E o próprio converteu a cobrança para o 1 a 1 comemorado pelos visitantes - e muito lamentado pelos mandantes, de novo tropeçando.


PSV foi acelerado no primeiro tempo, como não fora em toda a temporada. Abriu o placar, e segurou-se na reta final para vencer Feyenoord com dificuldades (Pro Shots)

PSV 1x0 Feyenoord (domingo, 17 de setembro)

Para encarar o atual campeão e líder do campeonato, com 100% de aproveitamento, o PSV decidiu usar o que de mais experiente tinha (até para amenizar a ausência do suspenso Hirving Lozano). Joshua Brenet e Luuk de Jong foram reabilitados no time titular, que começou o jogo em meio a uma torcida animada no Philips Stadion. Logo aos 2', em rápido ataque, o PSV motivou ainda mais a torcida, com o 1 a 0. Em rápida jogada, Marco van Ginkel lançou Jürgen Locadia, que pegou a bola pela direita, foi à linha de fundo e cruzou para a brilhante finalização de Gastón Pereiro: de voleio, sem deixar a bola cair, o uruguaio abriu o placar para os Boeren.

Muito mais acelerado com os avanços de Santiago Arias e Brenet pelas laterais, o PSV desnorteava a defesa do Feyenoord. Aos 10', quase veio o segundo gol: com velocidade, Santiago Arias chegou pela direita, tabelou com Van Ginkel e cruzou para a área. A bola desviou em Ridgeciano Haps, ficou pela pequena área e só não foi aproveitada pelo afastamento providencial de Kevin Diks. Só então o Stadionclub se assentou e passou a atacar também. Teve a primeira chance aos 13': Diks trocou passes com Karim El Ahmadi, e deixou a bola com Steven Berghuis, que bateu para a boa defesa de Jeroen Zoet.

Porém, num jogo acelerado, logo uma jogada mal calculada rendeu perdas ao PSV. Aos 15', numa dividida rasteira, Berghuis chegou acidentalmente com o joelho no peito em cima de Luuk de Jong, que caiu machucado. De mau jeito, o atacante do PSV saiu sentindo fortes dores nas costelas, dando lugar a Sam Lammers - e perdendo boa possibilidade de recuperar espaço no time titular. Luuk foi internado, com dificuldades para respirar - e viu-se hematomas nas regiões cardíaca e pulmonar, mesmo que o atacante tenha ficado fora de perigo. A Berghuis, imprudente, restou um cartão amarelo dado pelo juiz Bjorn Kuipers.

A força ofensiva do PSV se fez sentir novamente aos 24', com dois lances em sequência. Primeiro, a bola sobrou para Van Ginkel nas proximidades da área, e o meio-campista bateu firme para Jones defender. Depois, em cobrança de falta de Pereiro, nova defesa do goleiro australiano dos visitantes. Na sequência, ainda, um arremate de Jorrit Hendrix mandou a bola por cima do gol, com desvio na defesa. Mas quando o Feyenoord voltou à carga, aos 28', foi para quase empatar: de falta, Jens Toornstra mandou a bola no ângulo esquerdo, no contrapé de Zoet, na junção do travessão com o poste esquerdo.

Mas os Eindhovenaren terminaram melhores o primeiro tempo, com mais ataques. Aos 32', passe em profundidade de Bergwijn alcançou Locadia, na esquerda, e o atacante bateu na rede pelo lado de fora. Aos 34', Em rápida tabela, Joshua Brenet recebeu na direita, cruzou, e Lammers escorou por cima, acossado por Eric Botteghin. Aos 40', Bergwijn acelerou o contra-ataque pela direita e mandou para a área. Eric Botteghin ainda tirou, mas Locadia aproveitou a sobra e bateu na trave. Aí, Brad Jones teve sorte: a bola voltou direto para o goleiro australiano. Como se não bastasse a pressão, o Feyenoord ainda ficou com um homem a menos, aos 43': ao segurar Hendrix, Berghuis levou o segundo amarelo e foi expulso.


Com esforço e organização tática, Feyenoord surpreendeu e tentou mais o empate, mas parou em Zoet (feyenoord.nl)

Com a saída de Michiel Kramer (inoperante no ataque como substituto de Nicolai Jorgensen), e a vinda de Sofyan Amrabat para fechar o meio-campo, esperava-se por um Feyenoord muito cauteloso para evitar derrota maior. Surpresa: não aconteceu. Bem organizado, com um ataque mais fluido, os visitantes é que tentaram mais vezes o gol. A partir dos 55', quando Toornstra recebeu de Eric Botteghin, seguiu com a bola e arriscou mesmo de fora da área, para a defesa de Zoet.

Depois, aos 58', a bola veio de cobrança de falta, e Botteghin cabeceou à queima-roupa, quase como fizera o gol da vitória em 2016/17. Mas a bola forte foi muito bem defendida por Zoet desta vez, e o goleiro ainda se recuperou para mais uma ótima defesa, mandando para fora o arremate de Diks na sobra. Zoet salvou o PSV de novo aos 64', quando- El Ahmadi chutou de fora da área. Aos 66', talvez a aparição decisiva do camisa 1 dos Boeren: em novo contra-ataque, Jean-Paul Boëtius recebeu na entrada da área, driblou Daniel Schwaab e bateu colocado da entrada da área, para novamente o goleiro do PSV fazer intervenção espetacular.

Aos 70', quem jogou fora a chance do empate foi Toornstra. Pela direita, Boëtius tabelou com Haps, chegou à linha de fundo e cruzou para o meio da área. Sozinho, com o gol vazio, Toornstra bateu por cima do gol, perdendo grande chance para o empate. Os erros de um anfitrião inesperadamente acuado não paravam: aos 80', Locadia perdeu a bola no meio para El Ahmadi. Este acelerou a jogada com Amrabat, que arriscou de fora da área, mandando rente à trave direita. Só na parte final o Feyenoord se resguardou mais diante das estocadas finais. Aos 86', em bom lançamento, Van Ginkel até poderia ter feito o segundo gol, mas Brad Jones saiu do gol por antecipação para cortar. E aos 90' + 1, Jorrit Hendrix chutou para fora. E o PSV até conseguiu os três pontos, igualando-se ao Feyenoord. Mas foi criticado pela desorganização tática. E por se acabrunhar em campo diante de um visitante bem organizado, que até merecia coisa melhor.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Tudo bem


No Campeonato Holandês, o Feyenoord controla sua situação: único 100%, joga com tranquilidade (feyenoord.nl)

Era óbvio que o Manchester City era favoritíssimo a vencer o Feyenoord, na estreia de ambos pela fase de grupos da Liga dos Campeões, na quarta passada. E foi exatamente o que aconteceu. Bem, talvez o Stadionclub pudesse ter evitado a goleada por 4 a 0. E a defesa também não precisava ser tão frágil taticamente (como se viu, por exemplo, na jogada do gol de Gabriel Jesus, com todos pedindo impedimento inexistente). Mas diante do nível técnico dos grandes clubes ingleses da atualidade, uma vitória surpreenderia demais. Até por isso, embora meio sem graça, a torcida não se importou muito com a goleada do City. Vale mais o começo promissor do atual campeão nacional nesta temporada do Campeonato Holandês: líder e único com 100 por cento de aproveitamento – quatro jogos, quatro vitórias.

E assim como a primeira mostra de que o clube de Roterdã deveria ser encarado seriamente como candidato ao título da temporada passada foi uma vitória sobre o PSV em pleno Philips Stadion (1 a 0, na 6ª rodada), esse começo tranquilo dos Feyenoorders terá o primeiro grande teste novamente em Eindhoven, neste domingo, pela quinta rodada da Eredivisie. O teste só ficará mais difícil pela provável ausência daquele que segue como um dos grandes destaques do time: Nicolai Jorgensen, com lesão muscular na parte posterior da coxa. Ainda assim, pelo que já mostrou na liga, o clube alvirrubro tem mostrado algo que faltou em momentos cruciais de 2016/17: tranquilidade.

Se não fosse assim, talvez o Feyenoord tivesse falhado na rodada passada, por exemplo. Contra o Heracles Almelo, fora de casa, a equipe de Giovanni van Bronckhorst já encaminhou a vitória no primeiro tempo, fazendo 3 a 0. Porém, o time de Almelo melhorou no segundo tempo. Reuven Niemeijer já havia marcado o primeiro gol dos mandantes, e diminuiu para 3 a 2 a dez minutos do fim. Relaxar assim seria causa para desespero, em outros tempos. Com este Feyenoord, não foi: nos acréscimos, até o goleiro Bram Castro foi tentar o gol de empate num escanteio. Perdeu a chance, os visitantes foram rápidos no contra-ataque, e fizeram o 4 a 2 com o gol vazio.

Aliás, vale citar que dois dos reforços do Feyenoord para a temporada são os dois grandes destaques nesse bom começo no cenário doméstico. Jean-Paul Boëtius preenche completamente a lacuna aberta por Eljero Elia na ponta esquerda do ataque: o camisa 7 já fez três gols pelo Holandês, e sua velocidade o torna constante opção para as jogadas, como provam as duas assistências que já deu. Outro que merece citação é Steven Berghuis. Pela direita, o atacante justifica plenamente por que o clube se esforçou tanto para contratá-lo em definitivo junto ao Watford: já são quatro gols em quatro jogos, e muita capacidade para ajudar Jorgensen nas finalizações. Sem contar Sam Larsson: vindo de ótimas atuações pelo Heerenveen, entrou no final do jogo contra o Heracles, e foi justamente o autor do gol supracitado nos acréscimos.

A dura goleada sofrida para o Manchester City impôs a dura realidade ao atual campeão holandês (feyenoord.nl)

Não bastassem Boëtius e Berghuis, os reforços vindos para as laterais também mostram utilidade, além de algum equilíbrio. Pela direita, Kevin Diks tenta ajudar mais a marcação; na esquerda, Ridgeciano Haps (outro desfalque para o Feyenoord no domingo) começa muito promissor, também oferecendo a constante possibilidade de tabelas com Boëtius ou com os meio-campistas restantes. De resto, ficam os nomes conhecidos, que também seguem bem na Eredivisie: Tonny Vilhena, Jens Toornstra, Karim El Ahmadi – fez primeiro tempo estupendo contra o Heracles -, Eric Botteghin etc. 

A mescla de acertos nas transferências e manutenção da base com que Giovanni van Bronckhorst trabalhou no título rende até mais possibilidade para lançar jovens no time titular, sem tanta pressão. É o caso do goleiro Justin Bijlow, titular da seleção holandesa sub-21, que jogou na estreia do Feyenoord pela Eredivisie, contra o Twente. É o caso do atacante Cheick Touré, apenas 16 anos (nascido em 7 de fevereiro de 2001), que veio do banco na fácil goleada por 5 a 0 sobre o Willem II, na terceira rodada. E deverá ser o caso de mais dois jogadores: o atacante Dylan Vente, 18 anos (já entrou contra o Manchester City), e o zagueiro Lutsharel Geertruida, 17 anos, recém-promovido ao grupo principal.

Vale ressaltar: toda essa tranquilidade é vista somente na Eredivisie. Após a derrota da quarta passada, as declarações mostravam humildade e uma opinião em comum: o quanto o Feyenoord - e o futebol holandês, de certa forma - precisa melhorar em todos os aspectos para sonhar desafiar clubes de grandes centros. Foi o que falaram o zagueiro Jan-Arie van der Heijden (“Aprendemos uma dura lição”) e o próprio Van Bronckhorst (“Precisamos nos acostumar ao nível de uma Liga dos Campeões, e falar isso ainda é pouco. Eles jogaram num ritmo rápido demais para nós”).

Todavia, mesmo que o Feyenoord seja derrotado no clássico pelo PSV – que também só vencera, até o 2 a 0 para o Heerenveen na rodada passada -, é possível notar que o fim do jejum de 18 anos já rendeu um ganho. Sentem-se em De Kuip, hoje em dia, os doces gostos da tranquilidade e da autoconfiança. Incomum falar isso após um 4 a 0, mas é verdade.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

810 minuten: como foi a 4ª rodada da Eredivisie

A ótima atuação de Berghuis no primeiro tempo evitou que o susto do Heracles impedisse a vitória do Feyenoord (Ronald Bonestroo/VI Images)

Heracles Almelo 2x4 Feyenoord (sábado, 9 de setembro)

Giovanni van Bronckhorst já sinalizara: talvez pouparia jogadores do Feyenoord, com vistas à estreia pela Liga dos Campeões, contra o Manchester City, na próxima quarta. Dito e feito: Eric Botteghin ficou no banco, ao passo que Ridgeciano Haps, lesionado, nem foi relacionado (talvez nem contra o City esteja apto). Tentando se fechar num 4-2-3-1, desfalcado do destaque Brandley Kuwas, o Heracles até assustou no começo da partida. A primeira chance real de gol foi dos anfitriões: aos 8', num chute de Joey Pelupessy, que passou rente à trave esquerda do gol de Brad Jones. Trocando passes na defesa até achar espaço, o Feyenoord começou a chegar aos 10': Steven Berghuis partiu da direita, trocou passes com Jens Toornstra e Jean-Paul Boëtius, mas na hora de finalizar, bateu muito alto. Depois, aos 12', Toornstra arriscou de fora da área, trazendo certo perigo. Perigo que aumentou no minuto seguinte: pela esquerda, Boëtius chegou com a bola à área e passou a Tonny Vilhena, que chutou cruzado, forçando Castro a rebater.

Mesmo segurando suas forças, o Stadionclub teve péssima surpresa aos 22': com lesão muscular, Nicolai Jorgensen foi trocado por Michiel Kramer, transformando-se em ausência certa para o primeiro jogo pela Champions. O impacto só não foi maior porque, segundos depois, o atual campeão holandês abriu o placar. Karim El Ahmadi aproveitou desatenção de Pelupessy, roubou-lhe a bola no meio-campo e puxou rápido contra-ataque. Segurou a bola na beira da área, passando-a para Berghuis dominar e bater colocado, no canto direito de Castro, fazendo 1 a 0 em grande estilo.

E o Feyenoord não demorou a dar os golpes definitivos. Aos 29', em jogada quase igual à do 1 a 0, o Feyenoord marcou o segundo. Agora, El Ahmadi roubou a bola de Peter van Ooijen, puxando mais um contragolpe. Passou a Kramer, que tentou cruzar duas vezes. Da primeira, a defesa tirou; da segunda, deu certo, e tudo aconteceu de novo: a bola sobrou, Berghuis veio sozinho, chutou, balançou as redes. Se havia ainda alguma dúvida da vitória, ela acabou definitivamente aos 33', quando Boëtius contou com a sorte para fazer o terceiro gol: dominou a sobra de um cruzamento fora da área, finalizou, e o desvio no zagueiro Robin Pröpper tirou as chances de Castro, que só viu impotente a bola entrar.

Sam Larsson (à direita) estreou pelo Feyenoord. E já marcou seu primeiro gol, para confirmar a vitória (ANP/Pro Shots)

Afetado com a desvantagem (e já com Jamiro Monteiro em campo, no lugar de Peter van Ooijen, para fechar o meio-campo), o Heracles voltou a atacar aos poucos, no segundo tempo. Já no primeiro minuto, Reuven Niemeijer estava livre na área, após cruzamento de Brahim Darri. Mas cabeceou fraco, fácil para Jones. Aos 56', Darri bateu cruzado, forçando Brad Jones a desviar levemente para fora. O Feyenoord, então, reagiu aos 59': Berghuis chutou à queima-roupa, quase sem ângulo, e Castro tirou com os pés para fora. Tempo depois, aos 72', o estreante Sam Larsson (substituto de Boëtius) quase marcou, aproveitando rebote de Castro depois de Kramer tentar o quarto gol.

No minuto seguinte, o que parecia uma vitória tranquila começou a correr sérios perigos. De tanto pressionar, o Heracles Almelo conseguiu um merecido gol, aos 73'. Darri aproveitou erro de St. Juste na saída de bola e lançou Gladon em profundidade. O atacante dividiu com Brad Jones, que saía do gol, e a bola ficou no alto, pronta para Niemeijer enfim acertar o alvo e marcar o primeiro gol dos Heraclieden. Um tropeço Feyenoorder começou a ficar palpável aos 81': pela esquerda, Kristoffer Peterson chegou à área e tentou driblar Kevin Diks, que o derrubou. Niemeijer cobrou no meio do gol para o 3 a 2. A torcida visitante só se tranquilizou nos acréscimos, aos 90' + 3: com até Bram Castro na área tentando o empate num escanteio, a bola sobrou para um contra-ataque veloz do Feyenoord. A partir do meio-campo, Sam Larsson partiu livre, chegou à área e tocou para o gol vazio, abrilhantando sua estreia com o 4 a 2 que mantém o Feyenoord 100% na Eredivisie. Uma vitória que correu riscos desnecessários...

El Khayati chamou a responsabilidade e mostrou alguma técnica. Bastou para o ADO Den Haag vencer (Angelo Blankespoor/adodenhaag.nl)

Willem II 1x2 ADO Den Haag (sábado, 9 de setembro)

Sobrou motivação e faltou habilidade na partida em Tilburg, envolvendo duas equipes que ainda buscavam a primeira vitória no Campeonato Holandês. Duas provas disso vieram no primeiro tempo. Aos 16', o erro foi de Etien Velikonja, atacante que estreava pelo Willem II, comprado no último dia da janela de transferências: o esloveno aproveitou recuo mal feito de Tyronne Ebuehi, chegou livre à área, driblou o goleiro Robert Zwinkels, mas demorou tanto para chutar (e perdeu tanto o ângulo) que Zwinkels ainda conseguiu tirar a bola, de carrinho. Aos 32', Fernando Lewis cometeu a infelicidade: o lateral direito tentou tirar a esférica da defesa, errou, e tentou consertar derrubando Elson Hooi na área. Pênalti, que Nasser El Khayati cobrou para colocar o ADO Den Haag na frente.

Antes ainda do intervalo, um terceiro nome dos Tricolores também quase incorreu em falta: o goleiro Timon Wellenreuther, que saiu errado aos 40' - pior ainda fez Elson Hooi, que chutou por cima com o gol vazio. No segundo tempo, as duas equipes tiveram alterações ofensivas em busca do gol. E uma delas participou do empate, aos 77': Ismaïl Azzaoui (substituto de Lewis) cruzou, e Fran Sol se antecipou à marcação de Wilfried Kanon para o 1 a 1. Mas El Khayati reapareceu, aos 84': em jogada individual, chegou à área e finalizou para o 2 a 1 da primeira vitória dos visitantes de Haia nesta temporada. E o Willem II se preocupa: quatro jogos, quatro derrotas.


Huntelaar finaliza com estilo para abrir o caminho de uma vitória promissora do Ajax (Pro Shots)

Ajax 3x0 Zwolle (sábado, 9 de setembro)

Com duas semanas para treinar, Marcel Keizer pôde colocar em prática algo que já apregoava: um Ajax ainda mais ofensivo em tese, no 4-2-4, com Kasper Dolberg e Klaas-Jan Huntelaar jogando juntos no ataque. A partida na Amsterdam/Johan Cruyff Arena seria o primeiro teste do esquema. Azar de Lasse Schöne, colocado no banco; sorte de David Neres, que recebeu outra chance como titular. Porém, o início assustou de imediato, com a chegada do Zwolle aos 2'. Mustafa Saymak veio pela esquerda, marcado por Joël Veltman, e arriscou chute colocado, nas mãos de André Onana.

Mas a esperada superioridade do Ajax apareceu também rápida, para gáudio de Marcel Keizer. Aos 4', Amin Younes apareceu pela primeira vez, após uma jogada individual típica dele. Finalmente, aos 6', David Neres começou a pagar a aposta do técnico: ajeitou com classe um lançamento de Donny van de Beek, já deixando Saymak para trás, chegou à área e cruzou rasteiro. A finalização de Huntelaar foi melhor ainda: de letra, na pequena área, para fazer 1 a 0 - o gol fez com que o camisa 9 tenha marcado contra todas as 23 equipes que enfrentou jogando pelo Campeonato Holandês.

Com velocidade e troca de posições, os Ajacieden tiveram chances a granel para o segundo gol, em poucos minutos. Aos 8', Hakim Ziyech colocou a bola por baixo das pernas de Van Polen, serviu-a a David Neres, e o brasileiro cruzou. Huntelaar apareceu de novo, desviando de cabeça para fora. Depois, aos 10', Dolberg recebeu de Ziyech com campo livre para progredir, e ainda de fora da área, chutou forte, por cima da meta. Mais um cabeceio de Matthijs de Ligt, para fora, aos 13'. Aos 14', Dolberg ajeitou de calcanhar, e Huntelaar entrou batendo em diagonal, para a defesa de Diederik Boer. No minuto seguinte, a blitz Ajacied continuou: Neres apareceu pela direita, mandou para a área, e Dolberg escorou para fora.

Só aí, com os Godenzonen diminuindo o ritmo, os Zwollenaren apareceram mais no ataque. Aos 23', a primeira oportunidade: Younes Namli arrematou de fora, forçando Onana a espalmar. O camisa 7 do Zwolle fez o mesmo aos 27', mas o final foi diferente: ao invés de espalmar, o goleiro camaronês agarrou firme. Aos 30', Kingsley Ehizibue cruzou, e Saymak só não empatou porque, na hora exata do chute, Veltman apareceu por baixo para o corte. Os mandantes só tentaram novamente aos 35', em finalização de Younes, para fora.

Colega de Ziyech no Ajax durante a temporada passada, Boer pôde brincar após o jogo. Afinal, pegou pênalti (Reprodução/FOX Sports)

Os "Dedos Azuis" voltaram até mais ativos no segundo tempo. Logo aos 46', Saymak cruzou da esquerda, e Piotr Parzyszek completou por cima. Depois, aos 61', quem chegou perto do empate foi Dirk Marcellis, cabeceando para fora. O Ajax só tentara algo aos 53', quando Ziyech arriscou de fora, forçando Boer a espalmar a bola, que saiu pela linha de fundo. Para reavivar a velocidade do ataque vista no primeiro tempo, Marcel Keizer mudou o time aos 63', com as entradas de Frenkie de Jong e Justin Kluivert, nos lugares respectivos de Dolberg e David Neres. E não demorou muito para que Kluivert mostrasse utilidade: chegou com a bola pela direita, e foi derrubado por Bram van Polen na área. Serdar Gözübüyük marcou o pênalti, e Ziyech foi cobrar, aos 66'. Boer provocou antes (fez até sinal de uma cavadinha, como se soubesse que o camisa 10 do Ajax poderia tentá-la) e comemorou depois: Ziyech bateu fraco, no canto direito, e o goleiro do Zwolle defendeu o penal.

Porém, nem houve tempo para drama: logo o Ajax definiu a parada a seu favor, com o 2 a 0 aos 71'. E com os mesmos protagonistas da jogada do pênalti: após lançamento de Younes, que acelerou contra-ataque, Huntelaar dominou, e passou a Kluivert na área. O camisa 45 cruzou, e Ziyech veio livre para escorar na segunda trave e marcar o segundo gol. Mesmo com mais tentativas esparsas aqui e ali (para o Zwolle, aos 77', Ehizibue mandou para a área, e Marcellis completou de primeira, para fora), o jogo estava ganho. E o 3 a 0, aos 88', foi só uma nota adicional. Ziyech lançou Frenkie de Jong com perfeição. Ao camisa 21, livre da linha de impedimento, só restava cruzar para o meio da área - e para Huntelaar, ficou a tarefa ainda mais fácil de completar para o gol vazio, marcando pela terceira vez nesta temporada e confirmando a vitória que indicou no 4-2-4 um caminho tático possível para o Ajax.

No fim do primeiro tempo, Castaignos começou a construir a categórica vitória do Vitesse (Den Breejen/VI Images)

Excelsior 0x3 Vitesse (sábado, 9 de setembro)

Até que as coisas estavam equilibradas em Roterdã, durante o primeiro tempo. O Excelsior começou melhor - destaque para uma tentativa de Zakaria El Azzouzi, que parou na rede pelo lado de fora -, mas aos poucos o Vitesse foi se impondo, durante os 45 minutos iniciais. E os visitantes de Arnhem conseguiram o 1 a 0 num dos melhores momentos possíveis para isso: o último lance antes do intervalo. Alexander Büttner cobrou escanteio, o goleiro Ögmundur Kristinsson (estreando no Excelsior, substituto de Alessandro Damen, com séria lesão no joelho) saiu mal do gol, e Luc Castaignos conferiu de cabeça para seu primeiro gol pelo Vites.

No segundo tempo, antes que os Kralingers decidissem reagir em casa, o Vites fez 2 a 0 com um pênalti, aos 53': Büttner foi derrubado por Jeffry Fortes, Bas Nijhuis apitou a penalidade máxima, e Tim Matavz bateu para marcar seu quarto gol em quatro rodadas (só dois jogadores tinham feito algo assim em suas primeiras partidas pelo Vitesse). O Excelsior só se reanimou no ataque graças à chance incrivelmente perdida por El Azzouzi, que chutou para fora com o gol vazio, aos 63'. Mas foram os visitantes que marcaram no jogo. E que gol foi o terceiro, aos 74': de fora da área, Bryan Linssen arriscou e se deu bem, mandando a bola no ângulo de Kristinsson e fazendo um dos mais belos gols da rodada. Além de confirmar a vitória que mantém o ótimo começo do Vitesse na Eredivisie.

Zoet voa para tentar agarrar o chute de Zeneli. Sem sucesso: o Heerenveen começava a vencer o PSV (ANP/Pro Shots)

Heerenveen 2x0 PSV (domingo, 10 de setembro)

Com suas boas atuações pela seleção holandesa sub-21, Bart Ramselaar ganhou a vaga de Gastón Pereiro no time titular do PSV. E a equipe de Eindhoven foi à província da Frísia tentar continuar ao lado do Feyenoord como único time 100% no campeonato. Bastaram apenas seis minutos para tudo isso cair por terra, com o Heerenveen abrindo 2 a 0 freneticamente. O primeiro gol veio aos 4'. De fora da área, Arber Zeneli estava sozinho, com a bola, e decidiu arriscar o chute. Felicidade do atacante kosovar: a bola alta saiu fora do alcance de Jeroen Zoet, e bateu no travessão antes de entrar, para o 1 a 0 repentino do Heerenveen, praticamente mudando o destino do jogo. Aos 6', Denzel Dumfries recebeu a bola em profundidade, apareceu pela direita, driblou Kenneth Paal, cruzou, e Reza "Gucci" Ghoochannejhad desviou na pequena área para o 2 a 0 que jogou mais sal na ferida dos Eindhovenaren.

Com tamanho impacto, os Boeren só trouxeram algum perigo a partir dos 10 minutos - no caso, quando Santiago Arias arriscou, e a bola passou rente à trave direita de Martin Hansen (estreante no gol, após ser contratado no último dia de janela). A pressão dos Eindhovenaren foi aumentando: aos 18', em rápida triangulação, Hirving Lozano deixou a bola com Steven Bergwijn. Na meia-lua, o ponta passou a Jürgen Locadia, que apareceu pela direita e arrematou em diagonal, para fora, perto do gol defendido por Hansen. No minuto seguinte, Lozano tentou outra finalização, também pela linha de fundo. Porém, comandado por um Stijn Schaars onipresente no meio-campo, o Heerenveen mostrava rapidez e habilidade nas chances. Aos 21', Zeneli passou como quis por Derrick Luckassen, chegou à grande área, e tocou para fora na saída de Zoet, em outra grande chance. E aos 26', Schaars recebeu de Yuki Kobayashi, batendo para fora.

O PSV reapareceria aos 35', quando Locadia superou a marcação de Kik Pierie, e mesmo sem muito ângulo, arriscou, forçando a defesa de Hansen. Mas qualquer esperança de reação dos visitantes se esboroou aos 37': segundos após reclamar de falta não dada pelo juiz Kevin Blom, Lozano selou seu destino na partida: irritado, foi com os dois pés para cima de Dumfries numa dividida, e levou diretamente o cartão vermelho. Decisão até polêmica (o próprio Schaars disse que o atacante mexicano não merecia a expulsão), mas o fato era que, com dez homens em campo, uma reação do PSV ficava cada vez mais difícil. Os mandantes da Frísia quase fizeram o terceiro gol aos 44': Dumfries fez a jogada pela direita e passou a Martin Odegaard. O camisa 10 norueguês se virou e arrematou colocado, e Zoet espalmou para escanteio.

"Gucci" Ghoochannejhad fez o segundo gol com um PSV ainda aturdido (Dean Mouhtaropoulos/Getty Images)

No segundo tempo, o domínio do Heerenveen continuou tranquilo. Aos 55', "Gucci" tabelou com Odegaard, e finalizou da entrada da área, por cima do gol. O atacante dinamarquês apareceu de novo aos 59', em cobrança de falta que mandou a esférica perto da meta. Na sequência, uma troca de passes terminou com Zeneli cruzando para interceptação salvadora de Nicolas Isimat-Mirin, na pequena área. O PSV até tentou algo aos 62'. Luuk de Jong, que acabara de substituir Ramselaar, quase surpreendeu: o camisa 9 cabeceou forte, para boa defesa de Hansen. Mas logo no contra-ataque que se seguiu, o Heerenveen só não fez o terceiro gol porque a bola passou rápida demais por Morten Thorsby, que estava na pequena área.

A chance que o Fean esperava para resolver de vez o jogo surgiu aos 74': escanteio cobrado, Isimat-Mirin agarrou Daniel Hoegh, e Kevin Blom marcou o pênalti. Porém, ninguém contava com o erro de Reza: o atacante iraniano cobrou e Zoet segurou a barra do PSV, indo para o canto direito e rebatendo o penal. Sem problemas: nada ameaçaria mais a surpreendente (mas justa) vitória do time da Frísia. Enquanto isso, os Eindhovenaren tinham uma péssima surpresa. E isso, na rodada anterior ao clássico contra o Feyenoord, no próximo domingo...

Sendo abraçado ao abrir o placar, Helmer justificou a aposta para substituir o lesionado Alireza (ANP/Pro Shots)

AZ 2x1 NAC Breda (domingo, 10 de setembro)

Jogando em casa, o AZ estava desfalcado justamente de um dos seus destaques na temporada: Alireza Jahanbakhsh, vitimado por problemas na virilha. Seu substituto foi o jovem (20 anos) Jeremy Helmer - que até criou boas chances, como aos 22', fazendo trabalhar no gol do NAC Breda o estreante australiano Mark Birighitti. Só que os visitantes aurinegros também deram o que fazer à defesa do time de Alkmaar - e terminaram melhores o primeiro tempo, culminando numa jogada em que Manu García chutou a bola na rede pelo lado de fora, aos 44'. As vaias da torcida da casa deixavam claro: o AZ precisaria melhorar nos 45 minutos finais.

Não só melhorou, como também abriu o placar com rapidez. Aos 55', Helmer brilhou: com um chute colocado, fez 1 a 0 e justificou sua escolha para substituir Alireza. Mais três minutos, e o jogo estava encaminhado: Joris van Overeem cruzou para Guus Til cabecear e marcar o segundo dos Alkmaarders. Houve tempo ainda para um susto do NAC, aos 84': Ron Vlaar agarrou Thierry Ambrose na área, e Ed Janssen deu o pênalti - Ambrose até desperdiçou a cobrança, mas Giovanni Korte estava a postos para aproveitar o rebote e fazer o gol de honra. Mas ficou mais uma derrota para um NAC que ainda sofre com certos azares: mesmo com apenas um ponto em quatro jogos, sempre se mostra lutador. E o AZ se mantém perto das primeiras posições.

Com dois minutos de jogo, Van de Streek já fazia 1 a 0, prometendo goleada do Utrecht. Ficou só no 2 a 0, mas tudo bem (ANP/Pro Shots)

Utrecht 2x0 Roda JC (domingo, 10 de setembro)

O Roda JC já tivera sorte há duas semanas, na terceira rodada: perdera por apenas 2 a 0 contra o PSV, quando poderia ter sido facilmente goleado. Sorte que se repetiu contra o Utrecht. Porque, com apenas dois minutos (precisamente falando, um minuto e 19 segundos), os Utregs já balançavam as redes: após rápida troca de passes, Zakaria Labyad deixou Sander van de Streek na cara do gol, e o volante tocou na saída do goleiro Hidde Jurjus para o 1 a 0. Mais alguns segundos, e Cyriel Dessers quase fez mais um, forçando boa defesa de Jurjus. Ainda no primeiro tempo, Labyad mandou a esférica no travessão. Era 1 a 0 - e estava pouco, diante de um Roda desalentado.

Imponente na troca de passes, o Utrecht só não finalizava com eficiência. Era melhor do que os Koempels visitantes, mas convinha marcar mais um gol. Este veio, enfim, aos 58': Dessers ajeitou perto da área, e Labyad bateu com precisão para o 2 a 0 que manteve a boa campanha dos Utregs, após a derrota para o Groningen. Dava para ter sido mais - Jean-Christophe Bahebeck e Willem Janssen ainda perderam chances -, todavia não houve do que reclamar. Já o Roda JC, ainda sem pontos ganhos, se vê mais uma vez com a disputa para sair das últimas posições como objetivo primordial da temporada.

Brogno de costas, Goodwin de frente: ambos apareceram no gol da vitória do Sparta (ANP/Pro Shots)

Sparta Rotterdam 1x0 Twente (domingo, 10 de setembro)

Depois da honrosa atuação na temporada passada, o Twente esperava continuar seguro na Eredivisie, com um bom começo. Já não vinha conseguindo isso, com três derrotas em três jogos. E nem mesmo os estreantes Thomas Lam (meio-campo) e Luciano Slagveer (ataque) melhoraram a situação dos Tukkers. Dominante em campo, o Sparta fez 1 a 0 aos 18 minutos: Loris Brogno cruzou para Craig Goodwin fazer um belo gol, de voleio. Antes mesmo do gol, Brogno já tentara algo, aos 6'.

No segundo tempo, quem mais apareceu pelos Spartanen foi Robert Mühren. O atacante emprestado pelo Zulte Waregem belga esteve perto do gol aos 73', ao ficar livre com a bola após lançamento de Stijn Spierings, mas chutou e a bola resvalou no travessão. Mühren novamente fracassou ao tentar o gol aos 80', mas os Kasteelheren conseguiram a primeira vitória na temporada. Já o Twente, além de seguir sem ponto algum, amargou uma péssima marca: somando-se às três derrotas nas últimas rodadas de 2016/17, o time de Enschede está perdendo há sete jogos, o que não ocorria desde 1966.

O Groningen teve chances e mais chances para ampliar a vantagem que tinha. Não ampliou. Nwakali puniu no fim, com o empate do VVV-Venlo (ANP/Pro Shots)

Groningen 1x1 VVV-Venlo (domingo, 10 de setembro)

Pode-se dizer que o Groningen provou do próprio veneno no fechamento da 4ª rodada. Há duas semanas, os Groningers seguraram o Utrecht com eficiência nos contra-ataques - e uma estupenda atuação de Sergio Padt, no gol. Neste domingo, também em casa, a equipe alviverde começou fazendo o gol: aos 15', o lateral Django Warmerdam cruzou, e após leve desvio, Mimoun Mahi concluiu para o 1 a 0. O VVV-Venlo só foi dar sinal de vida a partir de meia hora de bola rolando, com oportunidades criadas por Lennart Thy e Torino Hunte - nesta, aos 32', Hunte perdeu o gol cara a cara com Padt.

A chance definitiva para o Groningen confirmar seu triunfo surgiu no segundo tempo, logo aos 48': Lars Veldwijk foi puxado pelo zagueiro Jerold Promes, e o juiz Allard Lindhout apontou para a marca da cal. Pênalti que Mahi cobrou... e o goleiro Lars Unnerstall defendeu. Mahi reapareceu aos 62', batendo no travessão - e Jesper Drost mandou a sobra fora. E quem não fez, tomou: nos acréscimos, aos 90' + 1, Kelechi Nwakali empatou de cabeça. Uma igualdade valiosa para a boa campanha que fazem os Venlonaren - e decepcionante para o time do norte holandês, que foi melhor o tempo todo, mas saiu de campo vaiado. Com certa justiça.