domingo, 31 de janeiro de 2016

810 minuten: como foi a 21ª rodada da Eredivisie

Luuk de Jong e Pröpper comemoram a tarefa cumprida: o PSV é o novo líder no Holandês (ANP/Pro Shots)

Willem II 0x0 Heracles Almelo (sexta-feira, 29.01)

Para tentar se livrar da proximidade perigosíssima da zona de repescagem/rebaixamento, o Willem II foi às compras de última hora na janela de transferências. E conseguiu um bom reforço para o ataque: o nigeriano Bartholomew Ogbeche, adquirido junto ao Cambuur, que já vem com nove gols marcados na atual temporada. Mal chegou, Ogbeche já estreou como titular contra o Heracles. No entanto, nem apareceu muito: apenas uma chance real, no primeiro tempo, escorando cruzamento de Guus Hupperts, bola facilmente defendida pelo goleiro Bram Castro. Ainda na etapa inicial, um voleio de Lucas Andersen foi a outra jogada de perigo dos Tricolores em Tilburg.

No segundo tempo, então, os visitantes fizeram valer o time mais entrosado e a melhor campanha no Campeonato Holandês. E conseguiram a melhor chance do jogo: aos 35 minutos, Iliass Bel Hassani fez ótima jogada individual, passou por vários defensores do Willem II e arriscou chute de fora da área. A bola foi no travessão defendido por Kostas Lamprou. E o jogo ficou mesmo no segundo empate seguido sem gols para os Heraclieden - que, pelo menos, retomaram momentaneamente a quarta posição. Já o Willem II segue na metade de baixo da tabela, esperando que o talento já visto no meio-campo e no ataque (entre outros, com Andersen e Erik Falkenburg) ganhe a referência que falta com Ogbeche.

Vitesse 0x0 Excelsior (sábado, 30.01)

Se vencer o Cambuur na primeira rodada do returno fazia crer que o Vitesse subiria de vez para a disputa contra o Heracles Almelo pelo posto de "melhor do resto" na Eredivisie, as partidas posteriores diminuíram este ímpeto. Primeiro, a derrota para o Ajax; no meio da semana, o empate com o Zwolle; e nesta 21ª rodada, os Arnhemmers tiveram desempenho ofensivo fraco novamente, contra um rival muito menos capacitado. Basta dizer que, no primeiro tempo, quem mais arriscou chutar a gol entre os jogadores do Vites foi... um zagueiro (Maikel van der Werff). E ainda assim, a única oportunidade realmente perigosa do time da casa foi um chute de Renato Ibarra; aos 30 minutos, após tabelar com Marvelous Nakamba, o atacante equatoriano mandou a bola perto do gol defendido por Filip Kurto.

No segundo tempo, Ibarra voltou a aparecer: logo aos cinco minutos, arrematou no travessão. Porém, a ineficiência e morosidade ofensivas do Vitesse voltaram a se fazer notar, a ponto da torcida iniciar uma vaia e gritos de "voetballen, voetballen" (o "vamos jogar bola" dos holandeses). E o Excelsior - que, neste returno, não ficou na frente do placar em seus jogos por nem um segundo que fosse - se animou mais a atacar, principalmente com Brandley Kuwas, que já se destacara contra o PSV. Ainda assim, o único momento de real chance dos Kralingers veio aos 35 minutos, quando Henrico Drost aproveitou escanteio e bateu para defesa de Eloy Room, em cima da linha. E o 0 a 0 final foi ruim para ambos os times: o Vitesse perdeu a chance de superar Heracles e NEC, enquanto o Excelsior continua sem vencer no returno, e já está na zona de repescagem/rebaixamento.

Zwolle 1x3 Groningen (sábado, 30.01)

Ainda que o returno esteja apenas começando, o clima melancólico já estava em alta no Groningen. Tanto pelos três jogos sem vitória - dois empates, uma derrota -, quanto pelo anúncio de que o técnico Erwin van de Looi deixará o time após esta temporada. Contudo, o jogo contra o Zwolle começou promissor para os Groningers: aos 24 minutos, em bola cruzada da área, o goleiro Mickey van der Hart falhou ao tentar agarrar, e a bola sobrou para Alexander Sorloth fazer 1 a 0 para os visitantes. Mas a alegria (do time) do norte durou pouco, porque Sorloth lesionou-se no lance do gol - fraturou um osso da mão -, e teve de dar lugar a Danny Hoesen.

Ficaria pior ainda: no segundo tempo, aos 11 minutos, o volante Wout Brama cruzou, e Thomas Lam cabeceou para as redes, empatando para o Zwolle. Aí foi a vez de Hoesen evitar novo destino cruel para os visitantes nortistas: aos 17 minutos, ele ajeitou bola cruzada do lateral direito Hans Hateboer com o calcanhar, deixando limpa para Michael de Leeuw chutar e recolocar o Groningen na frente. Finalmente, aos 32 minutos, Hoesen aproveitou cruzamento de Oussama Idrissi e desviou para fazer 3 a 1, confirmando a primeira vitória do Groningen no returno. Pelo menos, um pouco de ânimo em Euroborg.

PSV 4x2 De Graafschap (sábado, 30.01)

Ao vencer o ADO Den Haag e ficar apenas a três pontos do Cambuur, penúltimo colocado, o De Graafschap viajou a Eindhoven cheio de ânimo. Só que seu adversário era o atual campeão holandês. No papel, um time francamente superior. E nos primeiros 45 minutos, o PSV demonstrou essa superioridade de modo tão inquestionável que só mesmo as boas defesas do goleiro Hidde Jurjus (destaque dos Superboeren, sem dúvida) impediram o encaminhamento de uma goleada. Isso, sem contar que Jürgen Locadia perdeu um pênalti, aos 37 minutos - sétimo penal perdido pelo time de Eindhoven na temporada!

Ainda assim, os Boeren fizeram 3 a 0 sem muito esforço. Aos 17 minutos, em rápido contra-ataque dos anfitriões, Davy Pröpper lançou Luciano Narsingh; da direita, este cruzou a Luuk de Jong, que apareceu livre, tocou e conseguiu aproveitar o rebote de Jurjus para marcar seu 16º gol na temporada. Aos 31, Pröpper recebeu de Locadia nas proximidades da área e bateu colocado, no canto esquerdo do goleiro, para fazer 2 a 0. O supracitado pênalti perdido aconteceu, mas aos 44, Narsingh fez 3 a 0. Como na rodada passada, em bonito lance individual: pela esquerda, uma ginga de corpo do atacante enganou dois defensores, e ele pôde chutar cruzado, no ângulo canhoto de Jurjus, para ampliar. Se continuasse aproveitando bem as chances em contragolpes e impusesse seu poderio ofensivo contra o último colocado do Holandês, a goleada certamente viria para o PSV na etapa final. Só que os Eindhovenaren claramente relaxaram - por sinal, como haviam feito no jogo contra o De Graafschap, no primeiro turno, quando também fizeram 3 a 0 no primeiro tempo.

E o espírito de luta dos visitantes lhes rendeu recompensas promissoras no final do jogo. Aos 23 minutos, o zagueiro Ted van de Pavert avançou ao ataque, recebeu passe de Andrew Driver pela esquerda e bateu forte para diminuir. Aos 35, o lateral direito Bart Straalman chutou de fora da área, e um desvio em Jorrit Hendrix mandou a bola no ângulo, ainda que Jeroen Zoet tentasse a defesa: o time de Doetinchem deixara o placar em 3 a 2. Para o PSV, a coisa ainda piorou: ao tentar dominar uma bola, Andrés Guardado lesionou o músculo da coxa, e teve de ser substituído (fala-se em dúvida até para as oitavas de final da Liga dos Campeões). Mas quando crescia o temor de repetir o filme do jogo do turno - o De Graafschap transformara o 3 a 0 em 3 a 3, antes de levar o 6 a 3 final -, Gastón Pereiro tranquilizou o PSV: em rápido contra-ataque aos 39 minutos, a bola foi cruzada ao uruguaio, que driblou Jurjus e fez 4 a 2. Porém, mesmo passando a noite de sábado como líder da Eredivisie, o PSV sabe: venceu passando um certo sufoco. Desnecessário, a essas alturas do campeonato. E ainda pode perder Guardado...

NEC 0x3 AZ (sábado, 30.01)

De um lado, o campeão da segunda divisão, invicto no returno - três vitórias, um empate - somando-se ao turno, cinco jogos de invencibilidade -, podendo chegar à terceira posição em caso de vitória. De outro, um AZ renascido: três vitórias nas três mais recentes partidas, começando a vislumbrar os play-offs por vaga na Liga Europa como uma meta ainda alcançável nesta temporada. Com os dois times ascendentes, poderia haver um jogo bem animado no estádio De Goffert, em Nijmegen. Poderia... mas Markus Henriksen não deixou: logo aos 33 segundos de jogo, um lançamento de Dabney dos Santos deixou o armador sueco livre para colocar o AZ na frente. E aos 15 minutos da etapa inicial, Alireza Jahanbaksh (justo ele, um dos destaques da campanha do título na segunda divisão!) ampliou a vantagem dos Alkmaarders.

Desde então, a vitória dos visitantes ficou encaminhada. Mérito de um time que conseguiu se acertar com as contratações (o veterano Ron Vlaar trouxe mais confiança ao miolo de zaga, mesmo com a saída de Jeffrey Gouweleeuw para o Augsburg-ALE), e que viu gente já promissora decolar de vez (Vincent Janssen é o principal caso, já buscando Luuk de Jong na artilharia do campeonato). Com um NEC também elogiável do meio para frente, mas ainda buscando entrosamento na defesa - o zagueiro Rens van Eijden, capitão do time, foi-se para o Dinamo Moscou -, os Alkmaarders não só conseguiram manter a vantagem, mas ampliaram-na: aos 30 minutos, o trinitário Levi Garcia, 18 anos (mais jovem nativo de Trinidad & Tobago a estrear na Europa, mais até do que Dwight Yorke), marcou seu primeiro gol no time adulto, em sua segunda partida nele. E o AZ manteve-se como um dos únicos times do Campeonato Holandês a só vencer no returno. Ao NEC, ficou para a próxima rodada a tentativa de superar o Heracles e o Feyenoord.

Ngombo novamente alegrou a torcida do Roda JC. Ao Ajax, restou a decepção (fotos: Proshots/Montagem: ad.nl)
Roda JC 2x2 Ajax (domingo, 31.01)


Enfim, a pressão chegou para o Ajax. Após o tropeço contra o Heracles Almelo - mais as duas vitórias do PSV -, o time da estação Strandsvliet teria de começar a vencer, se quisesse manter a liderança da Eredivisie. Afinal, a vantagem é de apenas um ponto. Contra o Roda JC, a coisa começou difícil para os visitantes. Não que os mandantes oferecessem perigo: nos primeiros minutos da etapa inicial, Jasper Cillessen mal apareceu no jogo. Mas o 4-4-1-1 com que os Koempels foram a campo fechava os espaços para o toque de bola do Ajax. Só aos 13 minutos veio uma chance considerável, num chute de Riechedly Bazoer bem defendido pelo arqueiro Benjamin van Leer. Se não dava na troca de passes, deu nas jogadas de bola parada: aos 24 minutos, Mitchell Dijks cobrou escanteio da esquerda, e Arkadiusz Milik apareceu na primeira trave para se antecipar, cabecear e fazer 1 a 0 para os Godenzonen.

E o Ajax conseguiu aproveitar o abatimento do Roda JC após o gol para ampliar a vantagem rapidamente: já aos 27 minutos, Bazoer aproveitou passe errado do lateral Martin Milec, dominou e lançou Anwar El Ghazi. E o atacante bateu cruzado, no canto direito de Van Leer, para marcar o segundo gol Ajacied. Jogo definido? Não, porque o Roda se animou. Aos 35 minutos, jogada rápida pela direita, Kristoffer Peterson superou a marcação e cruzou forte para Rydell Poepon (chegou bem ao time) entrar veloz e escorar, marcando o primeiro dos anfitriões. O gol acelerou o final dos primeiros 45 minutos: Daley Sinkgraven chegou a evitar um gol em cima da linha, em chute de Ugur Inceman.

No segundo tempo, o Roda JC voltou menos ativo no ataque. Prato cheio para o Ajax tentar colocar em prática o que tenta fazer sempre nesta temporada: controlar a vitória, com o miolo de zaga dando os botes certos e contendo os avanços. As entradas de Viktor Fischer e do recuperado Davy Klaassen tentaram dar mais qualidade na troca de passes no meio-campo. Mas atacar, nada: o Ajax não deu um chute a gol sequer na etapa complementar. Aí, a equipe aurinegra se animou: aos 26 minutos, Maecky Ngombo, autor do gol da vitória contra o Utrecht, foi novamente colocado em campo. Os ataques do Roda JC cresceram de intensidade e perigo: aos 39 minutos, Poepon quase marcou pela segunda vez no jogo, mas chutou na rede pelo lado de fora. Só que a inclinação ofensiva dos donos da casa foi premiada da maneira mais gostosa de se imaginar: aos 47 minutos, nos acréscimos, em escanteio, Ngombo subiu sozinho e cabeceou para empatar o jogo, salvando o Roda pela segunda vez na semana. Azar do Ajax, que confiou demais na sua defesa - boa, mas irregular - e entregou a ponta do campeonato ao PSV.

Com o gol de Jansen, o ADO Den Haag começou a calar novamente o Feyenoord (Laurens Lindhout Photography/VI Images)
Feyenoord 0x2 ADO Den Haag (domingo, 31.01)

Já que o sonho do título está praticamente acabado, restava ao Feyenoord tentar acabar com a sequência de partidas sem vitória. E as circunstâncias forçaram algumas mudanças no time titular: lesionado, Michiel Kramer ficou de fora, e Dirk Kuyt foi para o meio da área no trio de ataque, enquanto Bilal Basaçikoglu ganhou sua chance na direita. Na defesa dos Rotterdammers, o brasileiro Eric Botteghin, recuperado de lesão, tomou o lugar de Sven van Beek. Até aí, tudo bem. Só faltou combinar com o ADO Den Haag: jogando no 4-1-4-1, a equipe de Haia ficou muito compactada na defesa, impedindo duas das principais opções ofensivas do Stadionclub (os avanços de Eljero Elia pela esquerda, e os passes em profundidade de Simon Gustafson). E também aproveitou os espaços nas pontas para fazer suas jogadas de ataque.

Com isso, o Den Haag quase abriu o placar com rapidez, nos primeiros cinco minutos de jogo. Começou até contando com a sorte: numa bola lançada para a área, aos três minutos, Kuyt tentou recuar de cabeça a Kenneth Vermeer, e quase pegou o goleiro Feyenoorder no contrapé. Aos cinco, Ruben Schaken veio veloz pela direita, cruzou alto, e Aaron Meijers apareceu pela esquerda da área, batendo de voleio e mandando a bola na rede pelo lado de fora, rente ao gol. O Feyenoord só aparecia momentaneamente no ataque, mas de modo infrutífero. Se bem que a única chance real de gol até entrou nas redes, aos 28 minutos, mas foi anulada incorretamente (Gustafson teve o tento anulado por impedimento após passe de Kuyt, mas estava em posição legal). Sorte dos visitantes auriverdes, que aproveitaram outra chance da ponta para conseguir a vantagem merecida, aos 41 minutos: o lateral Gianni Zuiverloon trocou passes com Schaken, cruzou da direita, e Mike Havenaar escorou de cabeça na segunda trave para Kevin Jansen, que só teve o trabalho de completar para o gol vazio e fazer 1 a 0. Kuyt quase empatou no minuto seguinte, de cabeça, mas a bola saiu por pouco.

No segundo tempo, mais relaxado, o ADO Den Haag pôde até se dar ao luxo de mudar o esquema para o 4-3-3, dando mais opções em caso de acelerar os contragolpes. O Feyenoord tentou o que já vinha tentando: cruzamentos para a área, além de tentativas de jogada iniciadas com Tonny Trindade de Vilhena (o único ponto positivo do Stadionclub nas últimas rodadas). Mas o ânimo já baleado dos mandantes sofreu golpe pior aos 13 minutos, em um lance de azar: Danny Bakker veio da direita e tocou para o meio. Elia, ajudando na marcação, tentou desarmar, mas tocou acidentalmente para Zuiverloon, e o lateral ficou livre para entrar na área e tocar na saída de Vermeer, ampliando a vantagem dos Hagenaren. De resto, mesmo com a entrada de Anass Achahbar, autor do golaço contra o Heerenveen, o Feyenoord só teve capacidade para chutar sem sucesso de fora da área, várias vezes - o único perigo veio numa sequência de cabeceios, muito bem defendidos por Martin Hansen. Quinta rodada seguida de derrotas, marca inédita na história do clube. Único time da Eredivisie a só perder no returno. Gols contrários sucessivos de gente que já passou pela base do clube (cinco, dos últimos sete). O que mais pode acontecer para o Feyenoord, novamente em queda livre após o returno?

Cambuur 0x1 Heerenveen (domingo, 31.01)

O clássico da província da Frísia trazia duas obrigações. Para o Cambuur, óbvio, vencer, e tentar abrir novamente seis pontos de vantagem para o lanterna De Graafschap, minorando um pouco o peso da penúltima colocação; para o Heerenveen, cabia obter a segunda vitória seguida após o bom triunfo contra o Feyenoord, mantendo assim os play-offs pela Liga Europa na zona de mira. Essas tensões tornaram o primeiro tempo em Leeuwarden bem truncado, sem grandes chances. A única delas foi para o Cambuur, aos 22 minutos: após chegar nesta semana ao clube, cedido pelo PSV até o final da temporada, o volante Rai Vloet quase lustrou sua estreia nos Leeuwarders, ao entrar na área chutando, mas a bola foi por cima do gol.


Mais cauteloso nos primeiros 45 minutos, o Heerenveen teve mais sorte. Logo na primeira tentativa no segundo tempo, veio o gol do time da Frísia: aos dois minutos, Arber Zeneli fez bonito gol, vindo pela direita, cortando o zagueiro e batendo colocado no canto esquerdo do arqueiro Leonard Nienhuis. Pouco depois, aos 13, Erwin Mulder ainda apareceu bem para o Fean: fez defesa extraordinária em cabeçada à queima-roupa de Marvin Peersman, a ponto da bola ainda ter batido na trave. E os visitantes saíram do clássico provinciano com o triunfo desejado (primeiro em Leeuwarden, em 15 anos), mantendo a zona dos play-offs como objetivo alcançável. 

Utrecht 1x3 Twente (domingo, 31.01)


Duas equipes em situações diferentes na tabela. O Utrecht precisava da vitória para se recuperar do revés contra o Roda JC, voltando a disputar a posição de "melhor do resto" contra Heracles, NEC e Vitesse; ao Twente, a vitória significava sair da zona de repescagem/rebaixamento, deixando o Excelsior nela. Pois pelo menos nesta rodada, os Tukkers pareceram estar nos bons tempos dentro de campo, quando não havia perigo de queda, nem problemas financeiros na diretoria. Foram superiores desde o começo contra os Utregs, vitimados pela ausência de Ramon Leeuwin na defesa. A vitória foi praticamente definida no primeiro tempo. Logo aos três minutos, Hakim Ziyech cobrou escanteio, e Bruno Uvini subiu de cabeça para fazer 1 a 0 (primeiro gol do brasileiro na temporada). Aos nove, Ziyech apareceu de novo: o camisa 10 lançou Zakaria El Azzouzi, que dominou e bateu para ampliar, marcando pela primeira vez no clube em que ficará até o fim da temporada, emprestado pelo Ajax.

Depois de dois gols surgidos das frequentes colaborações de Ziyech (na temporada, onze gols e sete assistências), o Twente relaxou um pouco. Mas justamente quando o Utrecht parecia se recuperar e tentar uma reação, os Enschedese garantiram o terceiro gol, ainda na etapa inicial: aos 35, lançado em profundidade, o chileno Felipe Gutiérrez bateu forte e fez 3 a 0. Na etapa final, o Utrecht ainda teve a entrada de dois atacantes: o estreante Giovanni Troupée e Ruud Boymans. E foi justamente este, frequentemente útil à equipe, que tentou ajudar, diminuindo a vantagem aos 35 minutos. Mas já era tarde para o Utrecht evitar a segunda derrota seguida. Pela primeira vez desde a 13ª rodada, o Twente está fora da zona de repescagem/rebaixamento. Enfim, algo a comemorar. Se Hakim Ziyech terminar o dia final da janela de transferências ainda em Enschede, tanto melhor.

sábado, 30 de janeiro de 2016

O "Mister PSV" Romário mostrou suas facetas em Eindhoven

As alegrias que Romário deu à torcida do PSV compensavam plenamente os questionamentos (Arquivo ANP)
Julho de 2011. Um grupo é guiado por uma visita ao Philips Stadion, estádio do PSV. Na sala de troféus, está tudo lá: a réplica da taça da Copa/Liga dos Campeões 1987/88, a taça da Copa Uefa 1977/78, e as 21 (na época) salvas de prata pela conquista dos campeonatos holandeses. A certa altura, entre perguntas dos visitantes e explicações do guia, este fica sabendo da presença de um brasileiro. Na saída da sala, uma foto de Romário. O guia aponta para ela, olha para o compatriota do ex-jogador presente ali e comenta: “Ele só não gostava de treinar... mas com o que jogava, nem precisava”.

Nem se sabe mais se o formato da visita é o mesmo. Afinal de contas, o PSV reformou internamente seu estádio e inaugurou um museu propriamente dito, em 2013, ano de seu centenário. Não importa: Romário sempre terá destaque gigantesco na história do clube. Pelos cinco anos passados ali em Eindhoven (foi o clube europeu em que ficou por mais tempo), pelos gols marcados (dependendo das listas de gols e dos critérios delas, sua média passa de 1 gol por jogo – pelo critério de Romário, auxiliado pelo PSV, foram 165 gols em 163 jogos, média de 1,01; outras fontes falam em 165 gols em 167 jogos), e até pela personalidade sempre marcante, o atacante que completa 50 anos nesta sexta é tido e havido como o grande atleta da história dos Boeren. Talvez só o ex-atacante Willy van der Kuijlen, cria da base do PSV, que passou 17 anos no clube e conquistou a supracitada Copa Uefa, se aproxime do filho de Edevair e Manoela (“Lita”), em termos de importância e admiração da torcida.

O curioso é pensar que, de parte a parte, a história brilhante do brasileiro esteve muito perto de não sair da imaginação. Primeiro, porque o próprio atacante mal ouvira falar em PSV. Na biografia escrita pelo jornalista Marcos Vinícius Rezende de Morais, lançada em 2009, o próprio comentou: “Minha transferência para o exterior poderia ter sido para um clube da segunda divisão da Itália, que fez a primeira proposta. (...) Fui ao Eurico [Miranda, na época diretor de futebol do Vasco] pedir que ele me vendesse, mas ele não quis, alegando que eu não era jogador para atuar na segunda divisão. Disse-me que ficasse tranquilo que surgiria outro clube. Fiquei possesso”.

Segundo, porque Romário também passava longe de ser a primeira opção da direção do clube. No documentário “Samba in Eindhoven”, lançado em 2013 pela emissora VPRO para celebrar os 100 anos do PSV e lembrar Romário, Adrie van Kraay (presidente do PSV em 1988) e Kees Ploegsma (diretor geral do clube na mesma época) justificaram: era necessário ter um atacante para fortalecer o time, que só avançara na Copa dos Campeões 1987/88 na base dos empates fora de casa – 0 a 0 em Eindhoven, 1 a 1 fora -, e só ganhara a final nos pênaltis. Pois bem: a escolha primordial era pelo atacante belga Marc Degryse.

Ploegsma foi à Bélgica negociar com o Club Brugge, que pediu uma quantia gigante por Degryse. Negócio fracassado, Ploegsma voltou a Eindhoven. Segundo comentou no documentário, “não havia nenhum evento especial ocorrendo no futebol então, só o torneio olímpico”. Era outubro de 1988. Por mera curiosidade, o diretor perguntou a seu filho homônimo quem estava se destacando nos Jogos de Seul. E Kees Ploegsma Jr. respondeu: “Romário! Esse cara está fazendo um gol atrás do outro nos Jogos Olímpicos”.

Kees pai viu os jogos do time olímpico brasileiro que terminaria com a prata. E o que viu de Romário – goleador máximo do torneio olímpico, com 7 gols – foi o suficiente para chegar a Adrie van Kraay, pedir a contratação o mais rápido possível e obter a resposta: “Muito bem, você vai para o Rio de Janeiro”. E Ploegsma sênior viajou ao Rio para negociar com o Vasco, junto de Guus Hiddink, treinador dos Eindhovenaren na época. Lá chegando, ambos falaram com um funcionário da filial brasileira da Philips, em São Paulo. Segundo a revista “Placar” noticiou à época, ele ligou para o Vasco e comunicou: “Dois holandeses estão aqui. Eles querem levar Romário”.

Romário comentou em sua biografia que soube da oferta, novamente, por Eurico Miranda: “Pouco depois apareceu o PSV, ele me chamou e disse: ‘Agora você pode ir. Está indo para um grande time’. O PSV tinha sido campeão da Europa”. E as negociações com o procurador de Romário, André Cardoso, definiram: por 6 milhões de dólares, mais algumas exigências – passagens aéreas, eletrodomésticos da Philips, cursos de inglês e holandês, intérprete -, Romário se tornava o segundo jogador brasileiro a ir para o futebol holandês (ao contrário do que a coluna informou em 2013: Romário não foi o primeiro, já que Reinaldo fizera algumas partidas pelo Telstar, no início de 1988).

Não demorou muito para Romário mostrar aos holandeses como as coisas seriam. Estreou pelo novo clube em 30 de outubro de 1988, no 3 a 0 contra o Twente, pela 11ª rodada do Campeonato Holandês. Duas rodadas depois, em 6 de novembro, marcou o primeiro de seus 165 gols pelo PSV: o único do 1 a 0 sobre o Roda JC. Na final do Mundial Interclubes de 1988, em 11 de dezembro, contra o Nacional-URU, Romário fez o gol de empate no tempo normal (o jogo terminou 2 a 2 ao fim dos 120 minutos). A atuação estupenda do goleiro Jorge Seré na disputa de chutes da marca do pênalti deu o terceiro título mundial ao Bolso, mas o carioca da favela do Jacarezinho já estava provando: estava ali para ser protagonista, superando todos os destaques que haviam estado no título europeu.

A prova veio ao final da temporada 1988/89: o PSV comemorava a Copa da Holanda e o primeiro tetracampeonato holandês de sua história, e Romário já brilhava como o máximo goleador da Eredivisie, com 19 gols – dois a mais do que Wim Kieft, colega de equipe, artilheiro da temporada anterior da Liga. No meio de 1989, ainda veio o destaque na campanha do título da Seleção Brasileira na Copa América. E a temporada 1989/90 consolidou o brilhantismo do brasileiro: mais uma vez, liderou a lista de goleadores do Holandês ao final das 34 rodadas, com 23 gols. Ainda foi artilheiro da Copa dos Campeões (6 gols, junto de Jean-Pierre Papin, do Olympique de Marselha). Sem contar mais uma conquista na Copa da Holanda. 

E algumas partidas só ampliavam a fama junto à torcida do PSV. Um bom exemplo foram as oitavas de final da Copa dos Campeões 1989/90: em 18 de outubro de 1989, o Steaua Bucaresti superara os Eindhovenaren na Romênia, por 1 a 0, com gol de Marius Lacatus. Em 1º de novembro, o time romeno abriu o placar no jogo de volta, em Eindhoven, de novo com Lacatus. O PSV precisava vencer por três gols de diferença, se quisesse a vaga nas quartas. Resultado: 5 a 1 para o time de Guus Hiddink. Três gols de Romário. Tal atuação é tida como a maior dos cinco anos que o atacante passou no clube. Outra partida que deixou a cotação de Romário na ionosfera para a torcida do PSV foi o 2 a 0 sobre o Ajax, na sexta rodada do primeiro turno da Eredivisie: o irmão de Ronaldo e Zoraide marcou os dois gols do triunfo. 

Só que aquela temporada teve um fim abrupto para Romário, que começou a mostrar as rachaduras que sempre existiram em sua relação com o PSV. Ele veio em 4 de março de 1990: já tendo marcado dois gols na goleada que terminaria 9 a 2 sobre o então FC Den Haag (o mesmo que hoje é ADO Den Haag), o atacante fraturou a tíbia, ao tentar um chute e ser atingido pelo zagueiro Marco Gentile (não confundir com o jogador italiano da Copa de 1982, que é Claudio. Aqui, o lance da fratura). A presença praticamente certa na Copa do Mundo daquele ano tornava-se possibilidade remota. Pior: engessado pelos médicos do PSV, o jogador tirou o gesso da tíbia por conta própria, para jogar uma partida promocional em Roma. Jogou, mas o local ficou inchado, o que piorou sua relação com os médicos. 

Aí, em abril de 1990, Romário decidiu chamar um médico de fora para ajudar na recuperação, já que o tempo corria. Tentou Clóvis Munhoz, com quem trabalhara no Vasco, mas este recusou. Aí, seguindo conselho do amigo Maurício dos Santos, Romário teve o primeiro contato com Nilton Petrone, que prometeu recuperá-lo em 40 dias. Na biografia de Romário, Nilton comentou: “Os médicos holandeses foram contra o tratamento. Acreditavam que aquele trabalho não teria efeito e era coisa de louco. Romário, apesar de falar holandês, chamou o tradutor e disse: 'Manda esses caras aí tomarem no cu, manda eles se foderem e fala que esse cara vai ficar aqui comigo que eu vou garantir'”.

Petrone garantiu, ganhou o apelido que o segue desde então (num dia de tratamento em piscina, Romário o viu de sunga, mandou um “parece um filé de borboleta” e Petrone estava rebatizado como “Filé”), Romário se recuperou e foi para a Copa de 1990. Mas sua relação com os médicos do PSV estava esgarçada. Não só com eles, aliás: antes do início da temporada 1990/91, Guus Hiddink deixou o PSV. E o inglês Bobby Robson chegou a De Herdgang, mas não saberia lidar com o histórico apreço de Romário pela noite – e o apego pelo Brasil, como comentou Maurício dos Santos na biografia: “Tanto no PSV quanto no Barcelona, nas folgas, ele viajava 24 horas para passar 12 no Rio”.

O gosto pelas festas (outro amigo, Wilson Mussauer, comentou na biografia: “Quando conseguia uma folga, no PSV, no final de semana, lá estávamos nós, nas noitadas!”) foi irritando alguns colegas de clube. Outros mantinham a boa relação, como o atacante Twan Scheepers – talvez o grande amigo que Romário fez no futebol holandês, a ponto de viajar com ele para o Rio algumas vezes – e o lateral direito Berry van Aerle (que dizia aos que reclamava: “Se ele não vem treinar a semana inteira, mas ganha o jogo para nós, recebo o bicho do mesmo jeito”). E Scheepers esclareceu, no documentário “Samba in Eindhoven”: “Ele não fumava, nem bebia. A única coisa que tomava era um copo de refrigerante”.

Assim, a temporada 1990/91 foi de mais uma dobradinha no Campeonato Holandês: título e artilharia - 25 gols, junto a Dennis Bergkamp, que estava no Ajax. Mas ficava mais difícil calar os pedidos de mais aplicação fora de campo. O que foi irritando Romário, como se viu mais na temporada seguinte, 1991/92: contra o Besiktas, na primeira fase da Copa dos Campeões, Bobby Robson o substituiu, colocando o amigo Scheepers em seu lugar. E o brasileiro não só aplaudiu ironicamente a substituição, mas também fez um gesto obsceno ao sair de campo.

No fim de 1991/92, mais um título de Eredivisie, além da conquista de uma Supercopa da Holanda. Mas as coisas iam piorando. Bobby Robson deixou o PSV, e em seu lugar foi contratado Hans Westerhof. Que também não teve a melhor das relações com o “Peixe”. E durante a temporada 1992/93, Romário decidiu deixar Eindhoven. Ainda fez mais um lance de pura genialidade: contra o Milan, na fase de grupos da Liga dos Campeões, virou-se contra três zagueiros e marcou outro gol que simboliza o seu brilhantismo em Eindhoven. Antes da temporada 1993/94, o apogeu de sua carreira, Romário foi para o Barcelona, embora Guus Hiddink tenha querido trazê-lo para o Valencia.

23 anos após sair do PSV, está claro que a lembrança de Romário em Eindhoven é indelével. Até hoje, vez por outra, ele vai à cidade reencontrar os amigos. E se resta dúvida de como Romário marcou época em Eindhoven, basta saber que surgiu nas categorias de base do PSV, em 2008, um atacante nascido em 1989, na cidade holandesa de Haarlem, cujo nome era... Romario Sabajo (hoje, este Romario está sem clube). Ou então, ouvir a canção “Ja, daar is Romario”, samba estilizado lançado em compacto simples, até hoje hit da torcida do PSV para lembrar o maior jogador de sua história.

“Ja daar is Romario (sim, lá está Romário)
Ster uit Rio de Janeiro (a estrela que veio do Rio de Janeiro)
Hij kan draaien, hij kan kappen (ele pode gingar, ele pode driblar)
Het is bijna niet te snappen (quase nem dá pra pegá-lo)
Ja, die jongen steelt de show (sim, aquele cara rouba a cena)”


(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 29 de janeiro de 2016)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

810 minuten: como foi a 20ª rodada da Eredivisie

Luuk de Jong segue comemorando, e dando razões para o PSV comemorar (ANP/Pro Shots)

Willem II 1x1 Groningen (terça-feira, 26.01)

Há três jogos sem vitória, o Groningen precisava dar uma satisfação à sua torcida. Não só mostrando um estilo de jogo mais ofensivo (sem descuidar da defesa tão atingida na goleada sofrida para o Utrecht), mas também conseguindo o triunfo diante do Willem II, que faz campanha ruim na temporada. Pois bem: o técnico Erwin van de Looi adiantou os laterais e os meias, deixando o time no 3-4-3. Mas o time da casa valeu-se da habilidade existente em alguns de seus jogadores de meio-campo e ataque para criar mais chances no primeiro tempo em Tilburg. A maior delas, com Erik Falkenburg: no meio da etapa inicial, o goleador dos Tilburgers na temporada cabeceou após cruzamento de Nick van der Velden, exigindo grande defesa do goleiro Sergio Padt. Depois, Guus Hupperts (recém-emprestado aos Tricolores, pelo AZ) perdeu outra boa chance, chutando fraco para Padt agarrar. Finalmente, aos 44, veio o gol buscado pelo Willem II: escanteio, e o zagueiro Dries Wuytens desviou para o gol.

Na etapa final, embora o Groningen tenha até aparecido uma vez - Bryan Linssen encobriu o goleiro Kostas Lamprou, mas a bola saiu por cima -, o Willem II seguiu exigindo muito trabalho de Padt. Chances boas vieram de Van der Velden e de Robbie Haemhouts; e um chute forte de Funso Ojo superou o goleiro Groninger, mas mandou a bola no travessão. A conta de tantas chances perdidas pelos donos da casa veio da pior forma possível: nos acréscimos, aos 49 minutos, Hedwiges Maduro desviou córner para o gol e empatou o jogo. Resultado que não foi bem recebido por nenhum dos dois lados. O Willem II segue olhando com preocupação para a zona de repescagem/rebaixamento; e o nível de jogo do Groningen novamente decepcionou, adiantando o anúncio no dia seguinte: o treinador Van de Looi sai quando a temporada terminar.

O Ajax de Sinkgraven criou poucas chances contra o defensivo Heracles (ANP/Pro Shots)


Ajax 0x0 Heracles (terça-feira, 26.01)

Desde que a janela de transferências do inverno europeu se abriu, Frank de Boer indicava/pedia implicitamente: um atacante de finalização é a principal carência do Ajax na disputa do título do Campeonato Holandês. A julgar pelo que se viu na terça, na Amsterdam Arena, De Boer está correto: a ineficácia na criação de jogadas ofensivas foi um tormento não só para os jogadores Ajacieden, mas também para a própria torcida. Primeiramente, o ataque já fora privado anteriormente de uma opção importante: lesionado contra o Vitesse, o lateral direito Kenny Tete descobriu rompimento dos ligamentos do tornozelo, foi operado e ficará fora dos campos até abril. Ou seja, praticamente perderá o resto da temporada. Sem velocidade nem jogadores confiáveis na frente, o Ajax demorou muito para trazer perigo ao gol dos Heraclieden. 

No primeiro tempo, só fez isso a partir dos 20 minutos, quando Daley Sinkgraven exigiu defesa de Bram Castro. O maior perigo veio na meia-hora de jogo: Riechedly Bazoer chutou e mandou a bola na rede... pelo lado de fora. Na etapa final, a partida seguiu no mesmo diapasão: um Heracles bem defensivo, contentando-se em segurar o time anfitrião. E o Ajax tentando alguma coisa, com Anwar El Ghazi e novamente Bazoer, mas se abatendo aos poucos e contentando-se em trocar passes infrutíferos na defesa, mantendo a posse de bola. Nos dez minutos finais, Viktor Fischer até teve uma boa chance, mas o empate sem gols foi inevitável. Um castigo merecido para um Ajax que teve seu 12º jogo sem sofrer gols na Eredivisie - mas que, enfim, também ficou sem marcar, após as dificuldades dos últimos jogos, desde o turno. E que deu espaço para o PSV chegar definitivamente na disputa do título.

Cena repetida: Janssen e Dabney dos Santos celebrando um gol do ascendente AZ (Jeroen Putmans/VI Images)
AZ 3x1 Cambuur (quarta-feira, 27.01)

Mesmo com a boa vitória sobre o Feyenoord, no domingo passado, o AZ ainda parecia abatido. A saída surpreendente de Mounir El Hamdaoui abatera tanto colegas de elenco quanto diretoria: afinal, era um jogador útil e experiente, que saíra graças à cláusula de liberação ingenuamente aceita. Porém, do jeito que os Alkmaarders atuaram contra o Cambuur, parecia que não havia lamentação nenhuma - e se havia, ela fora completamente dissipada. A terceira vitória seguida da equipe treinada por John van den Brom foi consolidada com um início arrasador. Aos três minutos da etapa inicial, Dabney dos Santos passou como quis pelo lateral direito Tom Hiariej e tocou a Vincent Janssen, que ficou livre para fazer 1 a 0. Aos 15, Joris van Overeem marcou o segundo, em toque suave por cima do goleiro Leonard Nienhuis. E aos 20, a jogada do primeiro foi repetida no terceiro: Dabney passando facilmente por Hiariej, cruzamento para Janssen, gol (o 12º do atacante dos AZ'ers nesta Eredivisie).

Já na penúltima posição, e já sabendo que provavelmente perderia Bartholomew Ogbeche, o seu destaque supremo em campo, o Cambuur não teve a menor força para reverter o princípio perfeito do AZ. E o segundo tempo foi apenas pro forma: a vitória dos anfitriões estava garantida a tal ponto que Janssen já foi substituído aos 22 minutos, por Robert Mühren, para receber os aplausos da torcida por seus dois gols (cinco nas duas últimas rodadas!). Ainda assim, Martijn Barto, substituto de Ogbeche, achou ânimo para fazer belo gol, aos 27 minutos, num chute colocado, de esquerda, no ângulo de Sergio Rochet. Mas o AZ já comemorava o seu terceiro triunfo em sequência, que o leva à nona posição na tabela, trazendo a zona de play-offs por vaga na Liga Europa para a mira. Reação clara, após um primeiro turno decepcionante. El Hamdaoui, quem?

NEC 2x0 Twente (quarta-feira, 27.01)

Embora a ascensão do NEC seja clara e a situação aflitiva do Twente esteja mais do que conhecida, o jogo entre ambos no estádio De Goffert foi... estranho. Por muito tempo, as equipes trocaram chances esparsas, sem dominar de fato o jogo. Pelo lado dos visitantes, Hakim Ziyech e Jerson Cabral tentaram coisas no primeiro tempo, e o estreante Zakaria El Azzouzi (substituindo o gripado Jari Oosterwijk no ataque) teve a grande chance na etapa final: aos 15 minutos, em jogada individual, El Azzouzi partiu com a bola dominada desde o seu próprio campo, e chegou à área. Mas seu chute ficou demasiadamente sem ângulo, e Brad Jones evitou o gol do Twente.

Aí, na parte final do jogo, a maior força ofensiva do NEC decidiu o jogo. Aos 30 minutos, Navarone Foor deu belíssimo passe em profundidade, que deixou Anthony Limbombe na cara do gol. E o belga não desperdiçou a chance: 1 a 0 para o time de Nijmegen. E aos 43, quem mais se destaca nos Nijmegenaren novamente apareceu: em chute colocado, o venezuelano Christian Santos (que vai ficando no clube, enquanto não se confirmam os boatos de transferência) deu números finais à vitória que levou o NEC a se aproximar decisivamente do Heracles na disputa do quarto lugar. Após patinar no início da temporada, o campeão da segunda divisão em 2014/15 vai comprovando seu nível razoável.

De Graafschap 3x1 ADO Den Haag (quarta-feira, 27.01)

Com o Cambuur já perdendo para o AZ, o De Graafschap até poderia diminuir a desvantagem na última posição da Eredivisie. Porém, teria contra si um ADO Den Haag que conseguia manter firmeza dentro de campo, afastando os efeitos das turbulências internas. E o time de Haia começou o jogo em Doetinchem, no estádio De Vijverberg, como concluíra a vitória sobre o... Cambuur, na rodada passada: logo aos nove minutos do primeiro tempo, Édouard Duplan cobrou escanteio e Mike Havenaar cabeceou para o gol, fazendo 1 a 0 para os visitantes. Pior: para o De Graafschap, o árbitro Martin van de Kerkhof deixou de marcar três pênaltis ainda na etapa inicial.

A etapa final ia se arrastando, e nada. Parecia que o esforço habitual dos Superboeren, apoiados pela torcida, iria dar em nada, novamente. Aí, quem podia oferecer algum tipo de qualidade, ofereceu, na mais apropriada das horas. Aos 24 minutos, o lateral direito Bart Straalman cruzou para a área e Vincent Vermeij cabeceou para empatar o jogo. A animação cresceu, e Karim Tarfi garantiu a virada aos 33, com chute forte. E nos acréscimos, Cas Peters ainda fechou o placar de uma vitória surpreendente, mas merecida do De Graafschap. Que ainda está na lanterna do Holandês (única posição com rebaixamento direto para a segunda divisão), mas três pontos atrás do Cambuur. A raça elogiável dos Superboeren está mais próxima de ser premiada.

Vitesse 1x1 Zwolle (quarta-feira, 27.01)

Três pontos separavam Vitesse de Zwolle antes da rodada. O que indicava um ótimo jogo no Gelredome, em Arnhem. E foi exatamente o que aconteceu: chances de parte a parte. Na etapa inicial, é certo que o Vitesse trouxe mais perigo (Renato Ibarra e Valeri Qazaishvili exigiram boas defesas do goleiro Mickey van der Hart). Mas os visitantes, com um esquema mais cauteloso, foram avançando aos poucos. Numa das chegadas ao ataque, Lars Veldwijk foi empurrado pelo zagueiro Maikel van der Werff, e a torcida dos Zwollenaren reclamou pênalti, não marcado pelo árbitro Ed Janssen. Pouco depois, Veldwijk saía na cara do gol de Eloy Room, mas impedimento duvidoso foi marcado.

No segundo tempo, seguiram as trocas de ataques. Se Dirk Marcellis avançou da zaga e bateu forte para boa defesa de Room, o lateral esquerdo Kosuke Ota também exigiu intervenção de Van der Hart em chute de longe. Até que aos 19 minutos, a torcida dos Arnhemmers comemorou graças a um jogador do Zwolle: cruzamento para a área, e Bram van Polen desviou acidentalmente para as próprias redes, abrindo o placar para o time anfitrião. Vitória garantida? Marcellis não deixou: aos 22 minutos, em novo avanço ao ataque, o zagueiro arrematou forte e empatou para o Zwolle. Empate que permaneceu no placar, mantendo as duas equipes firmes na zona dos play-offs pela Liga Europa.

Excelsior 1x3 PSV (quarta-feira, 27.01)

Quando a fase é promissora, o time dá até a impressão de que controla o jogo. De que o adversário pode pressionar e pressionar, mas, de fato, o mais forte pode definir a parada quando quiser. Foi exatamente o que aconteceu no estádio Woudestein, em Roterdã. O PSV abriu o placar no início do jogo: já aos oito minutos do primeiro tempo, Andrés Guardado dominou rebote de um escanteio que ele mesmo cobrara, e novamente jogou a bola na área. Na cabeça de Luuk de Jong, que desviou seguro para marcar o seu 15º gol no Campeonato Holandês: 1 a 0. Com a vantagem que desejavam, os Boeren colocaram em prática o estilo com que já estão acostumados. Voltaram para a defesa, e deixaram o Excelsior controlar a posse de bola no resto da etapa inicial. Assim, Adil Auassar e Jeff Stans passaram a criar boas jogadas, e o ataque até teve boas chances de empatar - principalmente com Brandley Kuwas.

E no segundo tempo, após ter passado algum apuro com os Kralingers, o PSV se impôs novamente. Aos quatro minutos, aproveitando sobra de bola aérea, Jorrit Hendrix (boa atuação de um volante cada vez mais firme) bateu de fora da área e ampliou a vantagem do time de Eindhoven. Golpe preciso, duro demais para que o Excelsior assimilasse. O ataque anfitrião diminuiu a velocidade, e os visitantes aceleraram um pouco mais o jogo pelas laterais. Diante disso, o belo gol de Luciano Narsingh - driblou o lateral Daan Bovenberg, e bateu colocado no ângulo, aos 14 minutos, definiu de vez o jogo. O Excelsior até conseguiu um gol merecido nos acréscimos (Kuwas cruzou rasteiro e Jeffrey Bruma "desviou" acidentalmente para as redes), mas em nenhum momento a vitória escapou da alça de mira do PSV. Impondo aos Rotterdammers o nono jogo sem triunfos na temporada, os Eindhovenaren encurtaram a desvantagem para o líder Ajax. Estão apenas um ponto atrás. E quem duvida que podem alcançar os Amsterdammers?

Roda JC 1x0 Utrecht (quinta-feira, 28.01)

Na rodada passada, o Roda JC até vencera, fazendo 1 a 0 no Excelsior e encerrando um jejum de 14 partidas sem triunfos na Eredivisie. Ainda assim, pelo nível dos Kralingers (tão baixo quanto o do time de Kerkrade), ficava a dúvida se os Koempels realmente haviam evoluído, após as sete contratações feitas nesta janela de transferências. Uma boa indicação viria no jogo contra o Utrecht, um dos times que mais evoluía na competição: vindos de uma sequência invicta de seis jogos - cinco vitórias, um empate, e apenas três gols sofridos nas últimas cinco partidas -, os Utregs haviam entrado seriamente na zona dos play-offs por vaga na Liga Europa. E durante boa parte do jogo no Parkstad Limburg Stadion, os visitantes tiveram a única chance perigosa da etapa inicial: aos 10 minutos, um chute forte de Yassin Ayoub bateu na trave. 

No segundo tempo, o Roda JC começou atrás do gol. Mas perdeu uma ótima chance graças ao nervosismo de Nathan Rutjes, que recebeu livre de Tom van Hyfte, mas não dominou bem e foi desarmado. Pouco depois, aos 15 minutos, Hicham Faik bateu forte para o gol, mas a bola foi para fora. Com o Utrecht tendo a auspiciosa marca de onze gols nos últimos quinze minutos de jogo durante este campeonato, o nervosismo foi crescendo. Aí, o belga Maecky Ngombo, um dos reforços recém-chegados (no caso dele, vindo do Standard Liège), acalmou o Roda JC: a nove minutos do fim do tempo regulamentar, Ngombo recebeu lançamento de Faik na área, dominou bem e tocou na saída do goleiro Robbin Ruiter para fazer 1 a 0. A segunda vitória consecutiva levou o Roda à 13ª posição, aliviando ligeiramente o perigo de rebaixamento. Bem ligeiramente.


Nova derrota do Feyenoord. E só restou a Kuyt lamentar (Laurens Lindhout Photography/VI Images)


Feyenoord 1x2 Heerenveen (quinta-feira, 28.01)

Estava na cara que aconteceria. Pressionado pelas três derrotas consecutivas, que praticamente liquidaram o sonho de acabar com o jejum de títulos holandeses, o Feyenoord precisava reagir o mais rápido possível, diante de sua torcida. E até foi mais ativo contra o Heerenveen, criando mais oportunidades ao longo do primeiro tempo e exigindo boas defesas do goleiro Erwin Mulder (um ex-Feyenoorder). Ainda assim, não só o Stadionclub foi ineficiente, como também começou a sofrer do mal de jogar em casa, em má fase, diante de uma torcida fervilhante: a pressão começou a atrapalhar. Pior: principal finalizador do time, Michiel Kramer deixou o campo aos 32 minutos, por uma lesão no tornozelo, dando lugar a Anass Achahbar. O time de Roterdã foi piorando, piorando... e levou o duro castigo ainda na etapa inicial, aos 40 minutos: bom lançamento de Sam Larsson, e Henk Veerman ficou livre para tocar na saída de Kenneth Vermeer e fazer 1 a 0 para os visitantes.

Precisando da vitória para manter alguma segurança no meio da tabela, o Heerenveen procurou garantir-se já no começo do segundo tempo: Morten Thorsby chutou a bola na trave, e Luciano Slagveer perdeu chance incrível em contra-ataque ao concluir em cima de Vermeer. O Feyenoord tinha o direito de esperar por algo. E esse "algo" veio em forma de uma bicicleta estupenda de Achahbar, aos 25 minutos, concluindo talvez o mais bonito gol do Campeonato Holandês 2015/16 até agora (veja no vídeo abaixo). Aí, com a animação da torcida, o time anfitrião foi à frente. Deixou os espaços nas pontas, como a defesa errônea e cronicamente costuma fazer. Bastou: aos 40 minutos, Joey van den Berg arrematou e fez 2 a 1, definindo a vitória do Heerenveen e sacramentando a quarta derrota seguida do Feyenoord na Eredivisie (só acontecera com o clube duas vezes, em 1958 e 1988). E Giovanni van Bronckhorst foi definitivo após o jogo, à FOX Sports holandesa: "A autoconfiança acabou completamente". Pensar em título? Coisa do passado. Agora é pensar em conter a aproximação de Heracles e NEC, isso sim.


domingo, 24 de janeiro de 2016

810 minuten: como foi a 19ª rodada da Eredivisie

Junto de Dabney dos Santos, Janssen comemora: atacante do AZ foi algoz do Feyenoord (ANP/Pro Shots)

Groningen 0x0 NEC (sexta-feira, 22.01)

Após a dura goleada sofrida em casa para o Utrecht, na rodada passada, os Groningers trataram de cuidar melhor da defesa. Some-se a isso um NEC que não foi ofensivo como costuma ser, e o resultado foi o que se viu no Euroborg: uma partida bem truncada, com poucas emoções. No primeiro tempo, o goleiro Sergio Padt até teve lá algum trabalho: defendeu um belo voleio de Navarone Foor. Mas nos 45 minutos finais, o marasmo só foi interrompido nos acréscimos, em chance clara de gol que Anthony Limbombe perdeu. Para o NEC, o empate sem gols deixou boas coisas, pelo menos: a boa estreia do zagueiro dinamarquês (de ascendência sérvia) Dario Dumic, a manutenção da boa campanha, a oitava partida sem sofrer gols no Campeonato Holandês. Para o Groningen, mesmo sem sofrer nova derrota, as vaias da torcida ao final dos dois tempos deixaram clara a necessidade de mudar algo.

Heracles Almelo 2x1 De Graafschap (sábado, 23.01)

No meio do caminho do De Graafschap tinha uma trave. Ou um travessão. Foi o poste que impediu Karim Tarfi de abrir o placar para os Superboeren, contra o Heracles, aos 18 minutos do primeiro tempo. E foi o travessão que impediu Bryan Smeets de concretizar outra chance, aos 35. E aí, mesmo jogando com menos volume ofensivo, os Heraclieden foram mais precisos: aos 37 minutos, em chute colocado e cruzado após cortar para a esquerda, Brahim Mas acho que o "Programa Livre" manteve o fôlego fez 1 a 0.

No segundo tempo, os visitantes mandaram outra bola na trave de Bram Castro, em cabeceio de Ted van de Pavert. E mesmo que insistissem mais no ataque, novamente foi o Heracles que saiu comemorando: aos 30 minutos, Thomas Bruns cobrou falta perfeitamente e fez 2 a 0, encaminhando a vitória dos Almelöers. Andrew Driver ainda diminuiu aos 41, e a pressão do De Graafschap continuou, mas não impediu a primeira vitória do Heracles no returno - mas ainda tendo o que mostrar, já que a torcida presente ao estádio Polman vaiou os alvinegros. Já os derrotados seguem na lanterna do Holandês, com reles oito pontos, após mais uma derrota que teve um quê de injustiça. E nunca se esquecerão desse acontecimento em suas retinas tão fatigadas: que neste sábado, no meio do caminho tinha uma trave (ou um travessão), tinha uma trave (ou um travessão) no meio do caminho.

Ajax 1x0 Vitesse (sábado, 23.01)

Enfrentando o quarto colocado da Eredivisie, o Ajax sabia que não poderia bobear, se quisesse manter a liderança e a distância para o PSV. E começou a cumprir sua tarefa da melhor maneira possível: já aos 26 segundos de jogo, o líder do campeonato estava vencendo. Mitchell Dijks insistiu na jogada pela esquerda, ganhou a dividida com Kevin Diks e cruzou para a área; Anwar El Ghazi (novamente titular) atrapalhou ainda mais a já hesitante saída de gol de Eloy Room, e o goleiro do Vitesse apenas rebateu a bola com um tapa para o meio da área. Exatamente onde chegava Riechedly Bazoer, que bateu decidido para fazer 1 a 0, marcando o gol mais rápido do Ajax na história da Amsterdam Arena. Placar aberto com rapidez, era de se esperar que os Ajacieden aproveitassem mais o início hesitante da defesa do Vitesse para pressionar e tentar rapidamente o segundo gol.

Não foi o que aconteceu. Pior: uma lesão acidental no tornozelo tirou Kenny Tete precocemente do jogo, desacelerando definitivamente as tentativas ofensivas dos Amsterdammers. Na maioria das vezes, os contra-ataques eram puxados em velocidade, por El Ghazi (que chutou bem, aos 25 minutos, para boa defesa de Room) ou até por Amin Younes. Mas pela falta de gente que oferecesse opções de passe, rapidamente os zagueiros dos Arnhemmers desarmavam-nos. E aos poucos, o Vitesse foi tomando conta da posse de bola. O que não quer dizer que a tradicional troca de posições entre seus atacantes tenha lhes trazido o gol, ou mesmo sido perigosa: Valeri Qazaishvili tentava algumas jogadas, mas era isolado pela proximidade entre a defesa e o meio-campo dos Godenzonen. Isaiah Brown vinha ajudar, do meio-campo, mas era improdutivo. Milot Rashica até prometia mais com seus dribles, mas um problema no joelho causou sua saída de campo no intervalo. De quebra, com as boas atuações de Jaïro Riedewald e Mike van der Hoorn (substituto de Tete), o Ajax sempre acertava os botes na zaga, impedindo que os ataques dos Arnhemmers chegassem perto de Jasper Cillessen.

Assim, a maioria dos 90 minutos viu um Ajax excessivamente acanhado, só tentando contragolpes infrutíferos aqui e ali; e um Vitesse que teve a posse de bola presenteada pelo adversário (62%, contra o Ajax!), mas que pouco soube o que fazer com ela, sem dar trabalho nenhum a Cillessen. E a vitória valeu apenas por manter o Ajax na primeira posição do Holandês. Mas a repetição do erro no 1 a 0 contra o ADO Den Haag (recuar cedo demais) fez valer o alerta dado por Joël Veltman após o jogo, à FOX Sports holandesa: "[Vencer] é um bom sinal, mas ainda temos muito o que melhorar".

Excelsior 0x1 Roda JC (sábado, 23.01)

Jogo entre o 14º e o 15º colocados da liga. O time mandante não ganhava havia seis partidas; o outro, havia 14 (ou seja, desde agosto!). No Excelsior, o técnico Alfons "Fons" Groenendijk colocou no banco seu melhor jogador, o meio-campo Jeff Stans; no Roda JC, Darije Kalezic escalou seis novos jogadores, vindos na atual janela de transferências. Era de se esperar uma partida de baixa qualidade técnica no estádio Woudestein. Foi exatamente o que aconteceu: se não houve cenas tecnicamente lamentáveis, o que se viu foi mais vontade do que bola. Para o Roda JC, apenas o atacante Tom van Hyfte tentou algo, chutando aos 35 minutos do primeiro tempo para boa defesa do goleiro Tom Muyters; o Excelsior só avançou no final do jogo, aos 33 da etapa complementar, quando o atacante Daryl van Mieghem chegou livre à área e tocou na saída do arqueiro Benjamin van Leer. A bola passou a centímetros da trave. E quando já se pensava no empate sem gols, aos 38 minutos, Hicham Faik cobrou falta, e a bola foi direto às redes de Muyters, garantindo a primeira vitória dos visitantes desde 30 de agosto de 2015 (1 a 0 sobre o AZ, na 4ª rodada). Pelo menos, valeu a troca de posições entre ambos na tabela, fazendo os Koempels respirarem um pouco na disputa contra o rebaixamento. Muito pouco, aliás.

Heerenveen 3x1 Willem II (sábado, 23.01)

Com duas duras goleadas sofridas nas últimas duas partidas, o Heerenveen precisava da vitória contra o Willem II, para não perigar entrar de novo numa crise como a vivida no início da temporada. Pior: sem o suspenso Joey van den Berg e o lesionado Jeremiah "Jerry" St. Juste, a marcação do time da Frísia já entrava mais fraca no gramado do Abe Lenstra. Foi o que se viu nos primeiros 45 minutos: o Willem II dominou as ações, e poderia até ter conseguido mais gols além do obtido aos 23 minutos, quando Nick van der Velden foi empurrado na área por Stefano Marzo, após dividida entre ambos (com Van der Velden, no mínimo, facilitando o empurrão). O próprio atacante bateu e converteu a cobrança para os Tricolores.

No segundo tempo, as entradas de Morten Thorsby e Kenny Otigba visavam acelerar as investidas do Heerenveen (Thorsby) cuidando mais da marcação (Otigba). Bem pensado e bem feito: os mandantes foram à frente, pela necessidade de reação contra a derrota parcial. Era tudo ou nada. Foi tudo. Aos 25 minutos, num forte chute de fora da área, o recém-contratado Arber Zeneli marcou seu primeiro gol com a camisa do novo local de trabalho, empatando o jogo. Aos 30, Sam Larsson cobrou escanteio e Kenny Otigba desviou para virar o jogo. Finalmente, aos 33, Larsson cobrou falta para marcar o terceiro gol da rodada vindo de um tiro livre, definindo a vitória que parecia inalcançável, tendo em vista o que a equipe não mostrara no primeiro tempo. Tudo bem quando acaba bem, já que o Fean mantém sua posição no meio da tabela. Ao Willem II, a queda para a 14ª colocação inspira cuidados, embora não haja razões para preocupação.

AZ 4x2 Feyenoord (domingo, 24.01)

Precisando da vitória, para manter as já remotas esperanças de alcançar Ajax e PSV, o Feyenoord visitou um AZ que começou a partida ainda sob certo impacto: ninguém esperava a saída de Mounir El Hamdaoui, que mal voltou ao clube onde despontou e já aceitou, após três meses, uma oferta do Umm Salal, do Catar. Além do mais, pela irregularidade mostrada na temporada atual, os Alkmaarders não mereciam muita confiança. Todas essas incertezas e necessidades de superação resultaram num jogo agradável e animado no AFAS Stadion, debaixo de muita chuva. Animado até pelas falhas das defesas: jogando altas demais, eram facilmente envolvidas em jogadas pelas pontas. Principalmente no primeiro tempo.

O Feyenoord abriu o placar aos 12 minutos: Tonny Trindade de Vilhena entrou na área pela esquerda e chutou, o goleiro Sergio Rochet (de volta) rebateu fraco, e Ridgeciano Haps tentou afastar, só que seu desvio bateu em Michiel Kramer e foi para as redes, dando o gol de "presente" ao atacante. A sorte dos mandantes é que o Feyenoord conseguiu ser mais inseguro em sua marcação pelas laterais - falha crônica do Stadionclub na temporada, aliás. E isso foi punido em três minutos, ainda na etapa inicial. Aos 23, em cruzamento, Haps mandou para a área; a defesa dos Feyenoorders não cuidou da sobra, Markus Henriksen tirou Terence Kongolo da jogada com uma finta, ficou livre e tocou na saída do arqueiro Kenneth Vermeer. Aí começou a aparecer o grande destaque da vitória do AZ: Vincent Janssen, que até passou pelo Feyenoord nas categorias de base. Aos 26, Janssen fez o seu primeiro gol na partida, completando cruzamento de Alireza Jahanbakhsh e virando o jogo. No resto da etapa inicial, ainda houve boas chances aqui e ali para ambas as partes.

Mas no segundo tempo, o AZ voltou novamente ofensivo. E novamente aproveitando os excessivos espaços dados pelos Rotterdammers, desta vez no miolo de zaga. Aos oito minutos, Janssen fez bonito gol, entrando pela direita na área, fintando Sven van Beek e chutando colocado no ângulo oposto de Vermeer para fazer 3 a 1. No minuto seguinte, o quarto gol já poderia ter saído, mas Joris van Overeem chutou na trave. Sem problemas: aos 11, tentando afastar a bola após passe em profundidade, Van Beek falhou e chutou em cima de Dabney dos Santos. Este dominou e passou a Janssen, que completou para o gol vazio, confirmando seu terceiro gol na partida. Com o triunfo praticamente assegurado, o AZ relaxou, e o Feyenoord até teve espaço para diminuir - em belíssimo chute de Vilhena, de fora da área, aos 27 minutos. Mas já não era suficiente para impedir a segunda vitória seguida dos ascendentes Alkmaarders, que novamente tiveram em Janssen um atacante confiável, além de parecerem mais firmes taticamente, num 4-4-2. E o Feyenoord, derrotado pela terceira vez seguida e agora onze pontos atrás do líder Ajax, vai perdendo as esperanças que já não tinha após perder para o PSV.

PSV 4x2 Twente (domingo, 24.01)

Do jeito que o Twente começou a partida no Philips Stadion, era de se esperar até uma surpresa do outrora perigoso time de Enschede. Mostrando rapidez no ataque e pressionando a saída de bola dos donos da casa, os Tukkers mostravam a mesma volúpia vista na goleada da rodada passada, contra o Heracles. E surpreendentemente, Hakim Ziyech não era uma andorinha solitária a não fazer verão: a velocidade do ataque pelas pontas era notável, com o destro Chinedu Ede e o canhoto Jerson Cabral. Na marcação pelo meio, Kamohelo Mokotjo segurava as pontas. E o prêmio pela superioridade inicial veio cedo para os Enschedese: aos sete minutos, Chinedu Ede avançou pela direita, cruzou a bola, e Jari Oosterwijk antecipou-se à marcação, desviando de cabeça para as redes. O 1 a 0 deixou um certo temor na torcida dos Eindhovenaren: fraquejaria o atual campeão holandês, contra um Twente que mostrava-se bastante aguerrido contra os tempos de dificuldade que vive em campo e fora dele? Justo no domingo em que Memphis Depay voltava a Eindhoven para "despedir-se" da torcida e ser homenageado após tomar o caminho do Manchester United? Enfim: o PSV tropeçaria?

Coube à dupla de mexicanos dos Boeren tranquilizar os adeptos. O aviso foi dado numa falta cobrada por Andrés Guardado, que Héctor Moreno cabeceou, forçando o goleiro Nick Marsman a fazer defesa relativamente difícil. O Twente não entendeu. Foi punido: aos 20 minutos, Guardado cobrou da esquerda e Moreno subiu para cabecear e empatar o jogo. Aos 23, com leves alterações, o mesmo filme: bola parada cobrada por Guardado (desta vez, num escanteio), Moreno subindo de cabeça, gol - o terceiro do zagueiro mexicano nos últimos dois jogos! Virando o jogo, o PSV enfim encontrou a calma, se assentou em campo e impôs a natural superioridade que tem em relação ao Twente. E a torcida acalmou-se ainda mais aos 37 minutos: em mais uma mostra de como foi o melhor em campo, Guardado fez lançamento milimétrico a Luciano Narsingh, que só precisou superar a linha defensiva dos adversários e tocar na saída de Marsman para fazer seu gol. Com 3 a 1 no placar, as homenagens a Memphis Depay no intervalo puderam ser feitas sem travo nenhum.

Nos 45 minutos finais, porém, o Twente mostrou que não perderia o ânimo para tentar uma surpresa. E Ede teve novo destaque: martelou e martelou pela ponta direita, até conseguir diminuir o placar para 3 a 2, aos 23 minutos, recebendo passe em profundidade de Mokotjo, driblando o goleiro Jeroen Zoet e colocando para as redes. Voltava a tensão no Philips Stadion. Enquanto isso, aos 32 minutos, Phillip Cocu colocou dois recuperados em campo: Jetro Willems (após lesão no joelho que o afastava desde outubro) e Florian Jozefzoon (este, então, só jogara uma partida oficial após romper o ligamento cruzado anterior de seu joelho, há um ano). E foi justamente Jozefzoon que trouxe o respiro definitivo: aos 33, Davy Pröpper deu outro passe prolongado que pegou a defesa do Twente desprevenida, o atacante dominou e tocou na saída de Marsman para fechar o placar, 54 minutos após substituir Luciano Narsingh. Mais um motivo de alegria na vitória que mantém o vice-líder PSV atento e forte na disputa do título, três pontos atrás do Ajax - e oito à frente do Feyenoord.

Utrecht 1x0 Zwolle (domingo, 24.01)

Com duas equipes que começaram 2016 goleando seus adversários na rodada passada, muitos ataques poderiam ser vistos durante os 90 minutos de jogo no estádio Galgenwaard. Não foi bem assim. Ou melhor: até houve ataques de parte a parte, mas os goleiros estiveram muito bem ao longo da partida. No primeiro tempo, destacou-se Mickey van der Hart, guarda-metas do Zwolle: salvou o gol num toque de calcanhar de Sébastien Haller (observado por emissários de vários clubes no estádio, o francês esteve apagado em campo) e numa meia-bicicleta de Yassin Ayoub.

Na etapa complementar, Lars Veldwijk e Stef Nijland tentaram levar os Zwollenaren ao terceiro triunfo nas últimas três temporadas fora de casa contra os Utregs, mas o arqueiro Robbin Ruiter estava alerta e fez boas defesas.E quando se pensava que o 0 a 0 persistiria, foi a vez de Ruud Boymans novamente entrar em ação. Voltando aos poucos após séria contusão no tornozelo, o atacante cobrou falta aos 42 minutos da etapa final para garantir a vitória que mantém a boa fase dos donos da casa. Após o jogo, falando à FOX Sports holandesa na zona mista, Boymans avisou: "Naturalmente, sinto que serei o titular no ataque caso Haller saia". Como a possibilidade do francês sair do Utrecht é grande, Boymans já provou sua utilidade ao técnico Erik ten Hag, definindo uma vitória importante.

ADO Den Haag 2x1 Cambuur (domingo, 24.01)

Fora de campo, o ADO Den Haag segue com sua situação cada vez mais periclitante. A parceria com a empresa chinesa United Vansen está por um fio. O dinheiro prometido pelo mecenas Hui Wang ainda não caiu na conta, mesmo após sucessivas promessas; a diretoria informou aos jogadores que o salário de janeiro provavelmente atrasará; cresce cada vez mais o risco de o Den Haag ir parar na temida categoria 1 da pirâmide financeira da KNVB, onde estão as agremiações em sérias dificuldades financeiras. O clube deseja romper o compromisso, mas Hui Wang tenta acalmar as coisas: promete novamente que o dinheiro cairá, mas alerta que não colocará nenhum tostão que esteja fora de seu controle.

Por tudo isso, vencer o Cambuur em casa era importantíssimo para evitar que a crise se derramasse para dentro de campo - coisa que os jogadores do time de Haia conseguiam evitar, pelo menos por enquanto. E o triunfo foi conseguido, a duras penas. No primeiro tempo, os visitantes de Leeuwarden foram melhores em campo, e abriram o placar já aos 14 minutos: Bartholomew Ogbeche tabelou com Sander van de Streek, que invadiu a área e tocou suavemente na saída do goleiro Martin Hansen, colocando na frente o penúltimo colocado da Eredivisie.

O nervosismo do Den Haag em campo era visível (e isso foi criticado pelo técnico Henk Fräser após o jogo, à FOX Sports holandesa: "O medo é sempre um mau conselheiro"). Para a etapa final da partida, então, o próprio treinador mudou as coisas: após o intervalo, mudou o meio-campo, tirando o volante Kevin Jansen e colocando Ludcinio Marengo, Com a aparição do grande destaque dos Hagenaren, o jogo virou em três minutos. Aos oito, Mike Havenaar apareceu após escanteio e cabeceou forte para fazer 1 a 1; e aos 11, o mesmo Havenaar aproveitou rebote em chute de Édouard Duplan, marcou novamente e definiu o placar da vitória do ADO Den Haag. Que continua apostando nas boas atuações de seus protagonistas, como o atacante nipônico, para evitar que a confusão fora das quatro linhas tenha consequências mais sérias.

sábado, 23 de janeiro de 2016

Vitesse, o bastião da ofensividade

Qazaishvili é apontado por todos como o grande destaque do Vitesse (Maurice van Steen/VI Images)
Quando o georgiano Merab Jordania comprou o Vitesse e tornou-se presidente do clube, em 2010, a intenção era clara: tornar o clube de Arnhem capaz de vencer o Campeonato Holandês já em 2015, trazê-lo às competições europeias com certa frequência etc. Não obteve muita confiança. O que era bem justo, porque Jordania não era daquelas pessoas cujo histórico inspira confiança (até preso fora, duas vezes, em 2003 e 2005); e porque de ascensões e quedas velozes de clubes guiados por mecenas o futebol está cheio, como Twente e ADO Den Haag estão provando.

Em meio a muitas brigas internas, Jordania vendeu suas ações do Vitesse àquele de quem era testa-de-ferro (o russo Alexander Chigrinsky), e largou o clube em 2013. Poderia ser o ponto de início da queda célere rumo ao abismo. Não está sendo. Porque o ambiente interno dos Arnhemmers foi pacificado com essa mudança. Sorte do time, que se manteve na metade de cima da tabela e confirma outra boa campanha no Campeonato Holandês: na rodada passada, superou o Heracles Almelo e chegou à quarta posição, com 31 pontos, ocupando a posição de “melhor do resto” na liga.

E é possível dizer que os aurinegros mostram, atualmente, o melhor futebol da Holanda, se o critério usado for a ofensividade. Bem escreveu o site catenaccio.nl (aqui, a tradução em inglês, do blog Benefoot), no ano passado: se o futebol holandês, totalmente desorientado em termos táticos na atualidade, ainda aposta nos cânones do Futebol Total  - marcação por pressão, variação de posições, encurtamento de espaços ao adversário -, o time que mais os apresenta em campo é o de Arnhem.

Não chega a ser novidade ver boas campanhas do Vitesse. No ano passado, o time foi aos play-offs por vaga na Liga Europa, e ganhou a vaga (caiu para o Southampton na terceira fase preliminar, mas aí é outra história); em 2013/14, chegou até a sonhar com o título, mas contentou-se com um sexto lugar razoável e nova participação nos play-offs. Todavia, agora o Vites mostra diferenças em relação a essas temporadas. Se há duas temporadas, era clara a dependência excessiva de Wilfried Bony no ataque, agora a equipe sabe criar mais jogadas ofensivas, e mostra mais velocidade em campo.

Isso possibilita à equipe de Arnhem fazer jogos muito renhidos contra os times grandes. Mesmo tendo perdido para o Ajax em casa (3 a 1, na 10ª rodada), a equipe ficou por muito tempo na frente do placar, e pressionou bem mais o líder da Eredivisie. Contra o PSV, na 15ª rodada, a mesma coisa: criou chances, deu trabalho ao goleiro Jeroen Zoet... mas tomou o gol da vitória dos Boeren no último minuto do jogo. 

Entretanto, contra os adversários de nível igual ou pior, o estilo trouxe bons resultados. Basta ver o que ocorreu nas partidas contra times que disputam vaga nos play-offs pela Liga Europa. Duas goleadas seguidas, contra Groningen (5 a 0, 8ª rodada) e Zwolle (5 a 1, 9ª rodada); contra o NEC, vitória simples, por 1 a 0; e contra o Heracles Almelo, empate por um gol.

A velocidade ofensiva, na verdade, só se justifica pela solidez defensiva do Vitesse. Já há algumas temporadas, Eloy Room é considerado um dos melhores goleiros da Eredivisie: elástico e seguro, deixou no banco o experiente Piet Velthuizen. E ainda foi convocado por Patrick Kluivert para defender a seleção de Curaçao, quando o ex-atacante tornou-se treinador dos curaçalinos. Na zaga, a linha de quatro defensores atua de modo tão entrosado que nem mesmo as mudanças ocorridas nos jogadores a perturbam. Se Jan-Arie van der Heijden tomou o caminho do Feyenoord, Arnold Kruiswijk tomou o posto de jogador básico no setor; se Guram Kashia caiu de produção, Maikel van der Werff veio do Zwolle e tomou o lugar do georgiano, antigo capitão do time. E sem grandes alterações no modo de jogar, a defesa se fez notar, também: tomou 17 gols no campeonato, número só maior do que os 11 gols sofridos pelo líder Ajax.

Mas é na montagem de meio-campo e ataque que se justifica a ascensão do Vitesse. O que começa como 4-3-3 transforma-se num interessante 4-2-1-3. Os volantes Sheran Yeini e Marvelous Nakamba fazem trabalho de marcação dedicado o suficiente para liberar Valeri Qazaishvili. E “Vako” tornou-se um dos destaques da Eredivisie: não só cria muitas das jogadas ofensivas, mas também chega ao ataque para finalizar. O que só ajuda outros dois destaques do ataque, bons na conclusão: o albanês Milot Rashica e o inglês Dominic Solanke. Justamente os três principais goleadores do Vitesse na Eredivisie: Rashica e Qazaishvili têm sete gols, Solanke marcou cinco.

Solanke, aliás, é símbolo de um dos principais pontos que auxilia o Vitesse: a manutenção das ligações “oficiosas” com o Chelsea. Merab Jordania pode ter saído, mas Alexander Chigrinsky também é amigo de Roman Abramovich. Sendo assim, continuam frequentes os empréstimos de jovens para ganharem ritmo na Holanda antes de voltarem a Stamford Bridge. Atualmente, Solanke é o grande destaque, mas também são frequentes no time o volante Lewis Baker e o atacante Isaiah “Izzy” Brown. Sem ter aproveitado muito as poucas chances que teve, o brasileiro Nathan acabou sendo eclipsado pelo trio de ingleses no elenco principal.

Contudo, a pausa de inverno trouxera uma incógnita indesejável: Peter Bosz, técnico da equipe desde 2013, aceitou proposta do Maccabi Tel Aviv e foi treinar o vice-líder do campeonato israelense. Primeiramente interino, o auxiliar Rob Maas logo foi efetivado, mas ficava a dúvida sobre o impacto da mudança. A julgar pela primeira rodada do returno, ele inexistiu. A vitória categórica sobre o Cambuur, penúltimo colocado (2 a 0), fez o Vitesse superar o Heracles atingido em cheio não só pela saída de Oussama Tannane, mas também pela goleada no clássico contra o Twente (4 a 0). 

Agora, jogando contra o líder Ajax neste sábado, os Arnhemmers podem comprovar se têm estofo para desafiar o Trio de Ferro neste returno e seguirem sendo “os melhores do resto” no Campeonato Holandês. Capacidade para isso, mostram ter.

(Coluna originalmente publicada na Trivela.com, em 22 de janeiro de 2016)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

810 minuten: como foi a 18ª rodada da Eredivisie

Feyenoord lamenta sua ansiedade. E PSV comemora a vitória de sua eficiência no clássico (ANP/Pro Shots)

Twente 4x0 Heracles Almelo (15.01, sexta-feira)

No clássico regional (Enschede e Almelo são cidades vizinhas na região do Twenthe - com "h" mesmo -, na província de Overijssel), abrindo o Campeonato Holandês em 2016, muito se esperava por duas respostas. Após um primeiro turno terrível, o Twente conseguiria começar bem, depois de uma intertemporada razoável? E o Heracles, manteria sua força sem Oussama Tannane, o grande destaque do time até aqui? Eis que o Grolsch Veste testemunhou respostas positivas para a primeira questão. Tudo graças a... ora bolas, Hakim Ziyech. O meio-campo marroquino começou 2016 como terminara 2015: sendo o uitblinker (destaque) do Twente, o sujeito que controla todas as ações ofensivas, o protagonista inquestionável.

E nem se acreditava muito que isso seguiria. Afinal, Ziyech se colocou em situação difícil, no início do mês: em entrevista ao diário De Volkskrant, o camisa 10 dos Tukkers pisou fundo nas palavras, criticando colegas de equipe e a própria situação interna do clube. Foi punido, perdeu a braçadeira de capitão para o chileno Felipe Gutiérrez, e muito se pensou que era o ponto final dele no Twente. Aliás, não bastasse a incontinência verbal, a chance de Ziyech deixar o clube já era (e é) enorme: a aflitiva situação financeira dos Enschedese os faz implorar por uma boa oferta pelo armador/ponta de lança. 

A resposta do jogador a isso tudo veio rápida. Aos 16 minutos do primeiro tempo, Ziyech cobrou falta, o goleiro Bram Castro rebateu, e o alemão/nigeriano Chinedu Ede fez 1 a 0; aos 30, ele mesmo fez belíssima jogada individual, batendo de pé trocado para ampliar, num dos gols mais bonitos da rodada. No segundo tempo, Ede fez mais um, e o lateral direito Hidde ter Avest completou a goleada. Aos 35 minutos, Ziyech deixou o campo para a entrada do atacante Thomas Agyepong. Saiu aplaudidíssimo, no que se suspeita ter sido sua última partida pelo Twente. Se foi, o magrebino comprovou mais uma vez que é o principal responsável pela torcida ainda acreditar numa salvação para o time, dentro de campo. Ao Heracles, resta se recuperar do duro golpe nas próximas rodadas, e aprontar variações que supram a perda de Tannane, enquanto o Vitesse (e outros) se aproximam na tabela.

Cambuur 0x2 Vitesse (16.01, sábado)

A goleada sofrida pelo Heracles abria caminho para que o Vitesse ocupasse o quarto lugar - e o posto de "melhor do resto" na Eredivisie. Restava cumprir a tarefa e tentar vencer um Cambuur motivado, que terminara o primeiro turno com duas vitórias. Sem contar a perda do técnico Peter Bosz, que jogou o time aurinegro numa incógnita indesejada. Mas no campo do Cambuur Stadion, numa Leeuwarden sob neve, não foi difícil para o Vites conter esse ânimo. Aproveitando a defesa insegura dos Leeuwarders, os visitantes criaram mais chances, valendo-se da qualidade habitual: troca rápida de passes e os avanços de Valeri "Vako" Qazaishvili e Isaiah "Izzy"Brown para ajudar Milot Rashica e Dominic Solanke no ataque. No primeiro tempo, não houve gols. Mas já aos cinco minutos da etapa final, numa jogada individual, Qazaishvili entrou pela área, driblou o goleiro Leonard Nienhuis e bateu. A bola foi tirada em cima da linha, mas aí Rashica aproveitou o rebote e abriu o placar. 

Ali definiu-se o jogo. Porque o Vites pôde se dar ao luxo de "aceitar" a forte pressão do Cambuur. Pelas pontas, os anfitriões pressionaram, com Jack Byrne e Furdjel Narsingh, que substituíra Mikhail Rosheuvel no intervalo. Inclusive, até houve uma jogada polêmica, em que o Cambuur pediu pênalti após desvio da bola no zagueiro Arnold Kruiswijk, supostamente na mão). Mas o time de Arnhem se controlou bem, e aproveitou rápido contragolpe para fazer 2 a 0, no minuto final do jogo, em bonita jogada de Qazaishvili. Enfim, nada mudou no Vitesse, que superou o Heracles e vai consolidando boa campanha. Um prêmio à ofensividade que apresenta.

Zwolle 5x2 Heerenveen (16.01, sábado)

Arrumar a defesa era justamente o principal mérito apontado ao técnico Foppe de Haan na ligeira reação que o Heerenveen viveu no final do primeiro turno. No entanto, a goleada sofrida para o ADO Den Haag na última rodada de 2015 (0 a 4) indicava que a reação tinha "teto". E a correção da intertemporada não saiu a contento. Por dois fatores. O primeiro, e mais importante: a solidez do Zwolle. A marcação firme dos volantes e dos zagueiros permite até a subida dos laterais ao ataque. Foi o que aconteceu nos dois primeiros gols, ainda na etapa inicial. Aos 12 minutos, Dirk Marcellis, que jogava pela direita, abriu o placar; aos 20, Bram van Polen, pela esquerda, ampliou num chute forte. Com a desvantagem, De Haan teve de fazer duas alterações já no primeiro tempo: aos 38 minutos, tirou Morten Thorsby e Branco van den Boomen, meio-campistas mais ofensivos, e colocou um zagueiro (Joost van Aken) e um volante bem mais marcador (Jeremiah "Jerry" St. Juste).

O início do segundo tempo deu até esperanças de reação aos frísios: Mitchell te Vrede diminuiu logo no primeiro minuto, em jogada individual, e St. Juste quase empatou no minuto seguinte. Só que, aos 4, veio o segundo fator para a dura derrota do Heerenveen: derrubando o meia-direita Kingsley Ehizibue, o zagueiro Joey van den Berg recebeu o cartão vermelho do árbitro Martin van den Kerkhof (Van den Berg brigou com o árbitro e deixou o campo irritado, dizendo que sua perna nem tocara em Ehizibue). Aí, com mais jogadores e um adversário de defesa desarrumada, os Zwollenaren encaminharam a goleada. Aos dez minutos, após mão na bola do lateral Lucas Bijker, Van Polen converteu pênalti e fez 3 a 1. E aos 32, um chute de Wout Brama entrou após falha do goleiro Erwin Mulder. St. Juste ainda diminuiu aos 34, mas Stef Nijland recebeu passe do brasileiro Gustavo Hebling e definiu a goleada que levou os Dedos Azuis à sexta posição do campeonato, mantendo-os vivos na disputa por vaga no play-off da Liga Europa. Ao Heerenveen, restará afinar mais seus treinos defensivos. Duas goleadas em sequência, com um espaço para treinos no meio, não é algo lá muito otimista..

Roda JC 0x1 AZ (16.01, sábado)

Foi o típico jogo em que o visitante consegue o que quer logo, e depois obtém a vitória por fechar a defesa. Já aos cinco minutos do primeiro tempo, o AZ abriu o placar: cruzamento de Joris van Overeem, e o goleador Vincent Janssen cabeceou para as redes. Desde então, o espaço foi dado ao Roda. E mesmo jogando em casa, os Koempels não conseguiram grande coisa nos 45 minutos iniciais. Na etapa complementar, o caminho se abriu para eles: após cometer falta perto da área, o volante Derrick Luckassen foi expulso, e os Alkmaarders ficaram com dez em campo. Foi a senha para o abafa dos mandantes. Que não fizeram gol de jeito nenhum: Rydell Poepon (recém-contratado) chutou para fora, Tom van Hyfte cabeceou por cima, o reserva Daniel de Silva entrou e chutou em cima do goleiro Sergio Rochet... e o AZ conseguiu manter a vantagem minúscula. Saiu de campo na 10ª posição, enquanto o Roda JC amargou o 14º jogo sem vencer no campeonato - oitavo só em casa. Só não está na zona de repescagem/rebaixamento porque o Twente tem saldo de gols pior. Mas o futuro não dá razões para otimismo.


De Graafschap 2x0 Excelsior (16.01, sábado)

Com duas equipes nas últimas cinco posições do Holandês, dava para se esperar um jogo tenso, mas animado. Foi exatamente o que ocorreu no estádio De Vijverberg. Cada um dos times teve uma grande chance antes da decisão. Ambas, ainda no primeiro tempo: aos 32 minutos, Luigi Bruins (de volta aos titulares, após um mês lesionado) passou a Tom van Weert, e o atacante, livre na área, bateu para fora, perdendo chance clara para o Excelsior. Aos 40, num cruzamento, Cas Peters dominou fraco, com o peito, e não conseguiu arrematar.

Pelo menos, Peters compensou da melhor maneira possível para os Superboeren. Aos 26 minutos do segundo tempo, o meio-campo Lion Kaak cobrou falta, o goleiro Tom Muyters rebateu, e o atacante estava pronto para aproveitar a sobra e fazer 1 a 0. Bastou: no minuto seguinte, o técnico Alfons "Fons" Groenendijk colocou Nigel Hasselbaink em campo, para acelerar o ataque do Excelsior. A pressão dos Kralingers foi clara, mas abriu espaços na defesa. Num deles, Vincent Vermeij fez jogada individual, nos acréscimos (46 minutos), e definiu o 2 a 0. Embora ainda na última posição, com apenas oito pontos, o De Graafschap teve mais um prêmio ao seu espírito de luta, e alegrou novamente a compreensiva torcida.

ADO Den Haag 0x1 Ajax (17.01, domingo)

A missão da intertemporada passada em Belek, na Turquia, era fazer com que o Ajax ganhasse um pouco mais de alma em campo. Enfim, que não vencesse seus jogos de modo tão apático, até imerecido. Foi exatamente o que aconteceu em Haia. Diante de um Den Haag que sempre é muito árduo, os Amsterdammers dominaram completamente o primeiro tempo. Principalmente pela boa atuação dos meio-campistas: Riechedly Bazoer (alvo de coros racistas da torcida de Haia - o locutor do estádio até pediu que parassem, mas não houve jeito) controlou as ações, e Donny van de Beek (promovido definitivamente ao elenco principal) segurou discretamente a barra em campo. Aos poucos, a equipe visitante controlou o jogo com base nos contragolpes, até que Amin Younes aproveitou a chance: aos 20 minutos do primeiro tempo, o alemão de ascendência libanesa dominou a bola na área, fintou Vito Wormgoor e tocou por baixo das pernas do arqueiro Martin Hansen, fazendo 1 a 0.

No segundo tempo, os Ajacieden pioraram. Não pela apatia, mas pelo excesso de zelo: o time jogou recuado demais. Os Hagenaren aproveitaram e foram à frente, principalmente com o trio de atacantes. Ruben Schaken, inclusive, deixou marcas do ataque em Jasper Cillessen: aos dez minutos, em disputa de bola com o atacante, ao sair do gol, o guarda-metas foi atingido em cheio no rosto. Não só cortou o lábio, mas também teve os olhos atingidos superficialmente. Já na parte final do jogo, Mike Havenaar teve boa chance, mas Cillessen fez boa defesa. Nos acréscimos, Anwar El Ghazi ainda teve boa chance, mas cabeceou na trave (a bola ainda quicou em cima da linha, sem passá-la). E o Ajax, se não encheu os olhos, pelo menos cumpriu a sua obrigação e garantiu a vitória e a manutenção da liderança com mais empolgação. Ao ADO Den Haag, resta esperar o que sairá da investigação da federação holandesa após os coros contra Bazoer. Se é que sairá algo.

Feyenoord 0x2 PSV (17.01, domingo)

Pode-se dizer que a qualidade que mais possibilitou que o PSV se classificasse às oitavas de final da Liga dos Campeões foi a consciência das próprias capacidades, o que permitiu ao time superar a pressão fora de casa (e até dentro, às vezes). Pois bem: foi justamente essa calma que permitiu aos Boeren conseguirem a fundamental vitória sobre o Feyenoord, em pleno De Kuip - desde a temporada 2009/10, o time de Eindhoven não superava o Stadionclub em seus domínios pela Eredivisie. Foi um triunfo tão categórico que até fez parecer que os jogadores já entraram em campo sabendo como o conseguiriam. Pareciam saber, por exemplo, que o primeiro tempo seria para aguentar a pressão dos Feyenoorders em campo.

Essa pressão era indicada já na escalação: para proteger mais as laterais, Giovanni van Bronckhorst deslocou Terence Kongolo para a zaga, colocando Miquel Nelom na lateral esquerda. E no meio, o técnico dos Rotterdammers ainda colocou Marko Vejinovic e Simon Gustafson juntos, aumentando a ofensividade. Então, durante os 45 minutos iniciais, o maior volume de ataque foi dos anfitriões. Pela esquerda, Santiago Arias sofria tanto com os avanços de Eljero Elia que levou o cartão amarelo aos 16 minutos. Por sinal, no minuto seguinte à primeira grande chance de gol do Feyenoord: cruzamento para a área, e a bola a atravessou até sobrar limpa para Nelom, que mandou forte de voleio, exigindo defesa difícil de Jeroen Zoet. Aos 30 minutos, em nova jogada de Tonny Trindade de Vilhena (o melhor do Feyenoord em campo, sempre puxando a criação enquanto pôde), outro grande momento: cruzamento do meio-campista para a área, e Michiel Kramer chutou, também de voleio, por cima do gol. Ao PSV, nada além de um chute de Jürgen Locadia, aos 27, aproveitando saída errada do goleiro Kenneth Vermeer. Mas a defesa dos Eindhovenaren se comportava perfeitamente: compacta, resistindo à pressão. Enquanto o Feyenoord tinha a vontade, o PSV tinha a eficiência a seu favor.

Terminar a etapa inicial sem gols já era uma boa para os visitantes. Mas após conter o ímpeto dos anfitriões, era hora de calar De Kuip e a sempre entusiasmada torcida. Não demorou muito para isso começar: aos quatro minutos do segundo tempo, Davy Pröpper driblou Rick Karsdorp pela esquerda e cruzou a bola para a área. Jeffrey Bruma desviou de cabeça, e Héctor Moreno ganhou um ótimo presente no dia de seu 28º aniversário: testou para as redes, na segunda trave, fazendo 1 a 0. Duríssimo golpe para o Feyenoord, mais ainda para a torcida. Aí, voltou o estilo defensivo: colocando Lex Immers e Anass Achahbar em campo, o Feyenoord investiu num 4-2-4, com muitos cruzamentos. Aos dez minutos, Dirk Kuyt chutou na rede pelo lado de fora; aos 25, Kramer cabeceou por cima do gol, sozinho na área; e aos 37 minutos, Kramer até colocou a bola no gol, mas estava impedido e o tento foi anulado. O PSV? Na dele, como sempre, contendo o adversário e tentando os contra-ataques - estratégia clara desde a entrada de Luciano Narsingh no jogo, aos 15 minutos. E foi justamente Narsingh que deu o golpe final: aproveitando bola afastada de Jeffrey Bruma, o ponta dominou, puxou rápido contragolpe após lançamento de Andrés Guardado, foi à área e chutou para fazer 2 a 0, aos 39 minutos. Era a primeira derrota do Feyenoord em casa. Mas era uma derrota dura para o terceiro colocado, deixando-o oito pontos atrás do líder Ajax e dando a sensação de que ainda não será desta vez que o jejum de títulos nacionais acabará. Para o PSV, foi simplesmente escrever em letras garrafais: três pontos atrás do Ajax, na vice-liderança, os Boeren estão firmes em busca do bicampeonato. Tudo graças à exemplar consciência tática, já vista na temporada e repetida em Roterdã neste domingo que passou.

Groningen 1x4 Utrecht (17.01, domingo)

Já estavam claros os traços do crescimento do Utrecht nesta temporada - basta lembrar da vitória sobre o Ajax, há duas rodadas. Todavia, os Utregs ainda tinham algo a provar fora de casa, segundo as palavras do técnico Erik ten Hag. Pois bem: provaram brilhantemente, ao golear um dos únicos invictos em casa no Campeonato Holandês. E a vitória começou cedo: aos 16 minutos, após cruzamento para a área, e o zagueiro Bart Ramselaar cabeceou. O goleiro Sergio Padt ainda agarrou, mas a bola já passara completamente a linha, e o placar estava aberto para os visitantes. Ainda houve esperança para os Groningers, é verdade: aos 27, o estreante norueguês Alexander Sorloth (atacante) dominou bem e chutou para empatar o jogo.

Só que o mau dia do meio-campo do time nortista teve dura punição no início do segundo tempo, com uma onda ofensiva dos alvirrubros. Aos dois minutos, outro zagueiro, Timo Letschert, cobrou falta e recolocou o Utrecht na frente; aos 13, Christian Kum desviou na segunda trave um cruzamento de Yassin Ayoub e fez 3 a 1; e aos 16, Andreas Ludwig recebeu passe em profundidade de Sébastien Haller (surpreendentemente, coadjuvante no jogo) e completou a goleada que levou o Utrecht à sétima posição, firmando cada vez mais uma ascensão merecida dentro desta Eredivisie.

NEC 1x0 Willem II (17.01, domingo)

Na boa campanha que o NEC faz, o venezuelano Christian Santos é o destaque claro. E provou isso, sendo o protagonista do único momento de emoção visto no jogo em Nijmegen: o pênalti que converteu, já aos 20 minutos do primeiro tempo, marcando o único gol dos 90 minutos - penalidade marcada a partir de um desvio do meio-campista Stijn Wuytens com as mãos. E no resto do jogo, o Willem II não teve competência para vencer o goleiro Brad Jones, estreante nos Nijmegenaren. Mas a vitória trouxe uma sensação dupla aos mandantes: se levou o time a superar o Heracles Almelo no saldo de gols e chegar à quinta posição, consolidando a boa campanha que se esperava após vencer a segunda divisão de modo avassalador, também aumentou o interesse sobre Santos. Que já alertou, à FOX Sports holandesa, depois do jogo: por uma cláusula em seu contrato, pode deixar o clube por 3 milhões de euro. Interessados, existem. E Santos está fazendo por merecer esse interesse, com seus 12 gols no torneio.