segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Um jogo, um parágrafo, um vídeo: a 20ª rodada da Eredivisie

Utrecht 4x0 ADO Den Haag (sexta-feira, 24 de janeiro)

Os dois times viviam momentos iguais, com resultados diferentes: o Utrecht contratou mas tropeçou na rodada passada, o ADO Den Haag também contratou e conseguiu vitória importante. Seria diferente na sexta, por destaque, obra e graça de um dos reforços dos Utregs na temporada: o atacante Kristoffer Peterson, que passara pelo clube entre 2014 e 2017. Coube ao sueco Peterson fazer 1 a 0 logo aos 14', finalizando para o gol após passe de Urby Emanuelson. Iniciou-se aí o domínio do time da casa, criando algumas chances no primeiro tempo. Na etapa complementar, enfim, vieram os gols. Começando com um chute de Sean Klaiber para o 2 a 0, aos 53' (no qual o goleiro Luuk Koopmans poderia ter ido melhor). Continuando com o 3 a 0 de Gyrano Kerk, aos 74', concluindo contra-ataque com a velocidade típica do atacante. E terminando aos 84', em outro bonito chute de Klaiber. Até mesmo o goleiro Jeroen Zoet, emprestado pelo PSV e contestado nos primeiros dias, teve seu momento de brilho, pegando um pênalti de John Goossens nos acréscimos. Mas a goleada já estava definida.



Heerenveen 1x2 AZ (sábado, 25 de janeiro)

O jogo no estádio Abe Lenstra começou com os erros em demasia desagradando a torcida: era um chute de Joey Veerman "impedido" por Jens Odgaard aos 21', era Oussama Idrissi errando por muito o arremate aos 34'. Mas na primeira chance real de gol que o jogo teve, a rede balançou: aos 35', Myron Boadu tentou o chute, a bola subiu, e o zagueiro Sven Botman tentou afastá-la da área com uma bicicleta - só conseguiu "espirrar o taco", deixando Dani de Wit livre para o 1 a 0 do AZ. Os visitantes de Alkmaar seguiram superiores no começo do segundo tempo (Boadu quase ampliou aos 51'), mas o Heerenveen teve o ataque fortalecido com a entrada de Runar Espejord, aos 63'. Seis minutos depois, o empate do time mandante: Hicham Faik lançou em profundidade, e Chidera Ejuke aproveitou a bola para fazer 1 a 1. Só que a festa durou pouco para o Fean. Aos 72', num escanteio, De Wit cabeceou, a bola sobrou para Boadu, e ele chutou forte para o 2 a 1 do alívio. Ejuke assustou demais aos 83': numa jogada semelhante ao do primeiro gol, o nigeriano do Heerenveen tocou na saída de Marco Bizot, e a bola saiu rente à trave. Mas o jogo acabou, e o AZ podia celebrar: após duas rodadas, voltava a vencer no Campeonato Holandês.



Heracles Almelo 2x3 Feyenoord (sábado, 25 de janeiro)

Diante de uma hesitante defesa do Feyenoord, o Heracles começou atacando. Aos 8', Silvester van der Water tentou, e o goleiro Justin Bijlow pegou, enquanto Mauro Júnior forçou o arqueiro Feyenoorder a trabalhar aos 11'. Se não deu por baixo, deu por cima: aos 19', em escanteio, o zagueiro Maximilian Rossman ficou sozinho na área, para cabecear e fazer o 1 a 0 dos Heraclieden. Só aí o Feyenoord deu sinal de vida no ataque: Rossmann evitou o arremate de Nicolai Jorgensen aos 28', e veio chance mais perigosa ainda aos 34' - Luis Sinisterra passou a Steven Berghuis, que mandou por cima do gol, da entrada da área. O Heracles até respondia (o estreante Jeremy Cijntje quase fez aos 30'), mas o empate estava próximo: Alexander Merkel tirou de cima da linha a bola cabeceada por Eric Botteghin aos 40', e Sinisterra errou livre na área, aos 42'. Começou o segundo tempo, e o Feyenoord se mostrou irresistível. Aos 48', Jens Toornstra enfim empatou, completando cruzamento de Berghuis. Mais cinco minutos, e foi Toornstra quem cruzou, para Sinisterra virar: 2 a 1. Aos 57', se o goleiro Janis Blaswich evitou o gol de Berghuis espalmando, o escanteio da sequência trouxe o terceiro gol do Stadionclub: Eric Botteghin, de cabeça. No fim, Rossmann ainda foi à frente e diminuiu para os mandantes aos 78', em outro escanteio, mas de voleio. Insuficiente para evitar mais uma vitória do Feyenoord, nove rodadas invicto, com sete vitórias. Segue a reação.



RKC Waalwijk 1x2 VVV-Venlo (sábado, 25 de janeiro)

No jogo entre o último e o antepenúltimo colocados da Eredivisie, o lanterna RKC começou buscando o gol: afinal, já perdera o jogo direto contra o ADO Den Haag, na rodada passada. Já aos 3', Sylla Sow chutou e forçou o goleiro Thorsten Kirschbaum a trabalhar. O que os Católicos queriam aconteceu aos 15': bate-rebate na área, e o (re)estreante Emil Hansson chutou forte para fazer 1 a 0, em sua volta por empréstimo ao clube de Waalwijk. Dominado, o VVV-Venlo só deu sinal de vida aos 41', quando Peter van Ooijen cabeceou bem, e o arqueiro Etiënne Vaessen foi buscar a defesa. Mas a partir daí - principalmente a partir da etapa final -, os Venlonaren é que ditaram o ritmo do jogo em busca do empate. Que poderia ter vindo aos 55', não tivesse Oussama Darfalou perdido grande chance. Aos 74', John Yeboah ainda mandou na trave. E aos 76', enfim veio o 1 a 1 merecido do VVV: Johnatan Opoku bateu, e a bola com desvio tirou as chances de Vaessen defender. Haveria mais: aos 82', Darfalou recebeu em profundidade e completou para a valiosa virada dos visitantes, afundando mais o RKC, que segue na lanterna, oito pontos atrás do adversário vitorioso.



Sparta Rotterdam 1x1 Fortuna Sittard (sábado, 25 de janeiro)

O Sparta buscou o gol tão logo a partida começou em Het Kasteel. Logo aos 4', Patrick Joosten mandou a bola na trave. Pouco depois, Mohamed Rayhi desviou escanteio rente ao gol. E aos 18', foi a vez de Joël Piroe (substituto do lesionado Ragnar Ache) cabecear por cima. Mas o time da casa não fez, e tomou: aos 20', Mark Diemers lançou Vitalie Damascan, e o atacante moldavo driblou o goleiro Ariel Harush para colocar o Fortuna Sittard na frente do placar - o VAR até reviu o lance por suposto impedimento, mas deixou passar. Na etapa complementar, os Spartanen continuaram jogando chances fora: Koselev defendeu cabeceio de Jurgen Mattheij aos 48', Abdou Harroui mandou a bola rente à trave aos 49', Bart Vriends desviou escanteio perto do gol aos 69'... e veio o empate: aos 72', Rayhi cobrou escanteio, e Mattheij enfim acertou o gol do Fortuna Sittard.


Vitesse 1x1 Emmen (domingo, 26 de janeiro)

Pegando um Emmen com somente um ponto fora de casa em todo o campeonato, o Vitesse teve um primeiro tempo que indicava vitória tranquila. Aos 10', Max Clark já poderia ter aberto o placar, num chute de longe. Riechedly Bazoer também, aos 14', mandando para fora após ficar cara a cara com o goleiro Dennis Telgenkamp. Aos 17', por fim, o gol do Vitesse veio de quem sempre se espera: Bryan Linssen, que dominou a bola lançada em profundidade por Navarone Foor e tocou na saída de Telgenkamp - seu 12º gol no campeonato, se igualando a Boadu (AZ) e Dessers (Heracles Almelo) no topo da tabela de goleadores. Aos 32', Matavz chegou até a fazer um segundo gol, anulado por impedimento. No Emmen, o desastre forçou até uma mudança precoce, com Jafar Arias vindo a campo já aos 36'. Os efeitos demoraram um pouco, mas vieram no segundo tempo. Já aos 50', Marko Kolar mandou a bola na rede pelo lado de fora. Aos 52', Lorenzo Burnet cabeceou perto do gol, e no minuto seguinte, Michael de Leeuw mandou a bola na trave. Enfim, aos 58', o empate: Kolar arriscou, o goleiro Remko Pasveer rebateu, e De Leeuw mandou para as redes - o VAR reviu, mas mandou seguir. De novo, o Emmen surpreendia positivamente.



Groningen 2x1 Ajax (domingo, 26 de janeiro)

A ousadia de Dusan Tadic, tentando o gol do meio-campo logo na saída para o jogo (o goleiro Sergio Padt pegou), dava a impressão de que o Ajax tentaria se impor contra o Groningen. Até tentou, mas fracassou: não só os Groningers estavam bem postados na defesa, como logo acharam espaços para atacar. Na primeira vez, aos 7', Sam Schreck cruzou, e Ramon-Pascal Lundqvist desviou de cabeça, para fora. Na segunda, a sorte deu o gol aos mandantes: Django Warmerdam lançou da esquerda, Kaj Sierhuis tentou finalizar, a bola rebateu nele e no goleiro Bruno Varela (substituindo André Onana), e entrou lentamente para o 1 a 0. A vantagem podia até ter sido ampliada aos 25': Joël Asoro trouxe a bola à área, passou a Sierhuis, mas Varela saiu do gol e afastou. O Ajax só achou chances de ataque aos 32' (cabeceio do titular Siem de Jong, para fora) e aos 37' (Tadic cruzou, mas Ryan Babel se atrapalhou com a bola na pequena área). E no segundo tempo, de novo, a sorte ajudou o Groningen:  aos 52', poucos minutos após Tadic tentar, um rápido contragolpe terminou num chute de Lundqvist, que desviou antes em Lisandro Martínez, tirando as chances de Varela defender: 2 a 0. Só aí o Ajax foi à frente, com as entradas de Carel Eiting e Lassina Traoré. Vieram os espaços, as chances de gol... até a rede balançar, aos 72', com Tadic ajeitando para Donny van de Beek chutar forte na área. Só que o Groningen se dedicou na defesa. Conseguiu conter o Ajax. E obteve a vitória que reaqueceu a liga.



Willem II 0x0 Zwolle (domingo, 26 de janeiro)

Embora eliminado na Copa da Holanda, no meio da semana, o Willem II tinha um desafio mais acessível contra o Zwolle. Só que a acessibilidade se revelou menor do que se esperava: os Zwollenaren também tiveram chances de gol, com Mustafa Saymak perdendo a bola livre aos 11', e Lennart Thy batendo na rede pelo lado de fora aos 14'. Pelo menos, os Tricolores também tiveram suas estocadas: aos 18', Mats Köhlert mandou a bola por cima do gol, enquanto Mike Trésor Ndayishimiye perdeu a grande chance do primeiro tempo aos 34'. Na etapa final, o Willem II cresceu buscando a vitória em Tilburg. Novamente, Ndayishimiye teve a chance do gol em seus pés, aos 63', mas seu chute saiu sem rumo. Aos 78', os Tricolores teriam mais espaço em casa: o zagueiro Thomas Lam agarrou Ché Nunnely e foi expulso, deixando o Zwolle com um homem a menos. Mas nem assim o Willem II conseguiu a vitória, amargando um tropeço que o tirou da terceira posição.


 
PSV 1x1 Twente (domingo, 26 de janeiro)

Sem o seu principal destaque em campo (balançado pela proposta do Tottenham, Steven Bergwijn se negou a jogar, entrando em colisão com a diretoria), com Ibrahim Afellay e Sam Lammers de volta após longas ausências, o PSV começou com Mohamed Ihattaren e Cody Gakpo indo mais ao ataque. Aos 10', por exemplo, aquele recebeu de Gakpo, e bateu cruzado, rente à trave esquerda do goleiro Joël Drommel. Mais fechado na defesa, o Twente só se arriscou aos 23', quando Jelle Bosch dominou após disputa de bola, e chutou da entrada da área, para fora. De resto, o PSV tentava um pouco (Afellay aos 27', Drommel agarrou; Bruma aos 43', em jogada individual, também evitada pelo arqueiro dos Tukkers visitantes), mas nada que realmente perturbasse. Continuou assim no início do segundo tempo. Aos 49', Gakpo perdeu chance gigante - livre em contra-ataque após lançamento de Ihattaren, chutou para fora, rente à trave esquerda. Finalmente, aos 61', num chute de fora, veio a chance do gol: Afellay bateu, Drommel deu o rebote, e Denzel Dumfries estava a postos na área para fazer 1 a 0. Em desvantagem, porém, o Twente foi à frente, com as entradas de Haris Vuckic e Rafik Zekhnini. O goleiro Lars Unnerstall começou a trabalhar mais. As possibilidades aumentaram aos 75', com a expulsão de Afellay. Finalmente, aos 87', Zekhnini fez o pivô, e Vuckic marcou o golaço do 1 a 1: chute forte, fora da área, no ângulo. Mais um capítulo na crise melancólica que o PSV vive.

sábado, 25 de janeiro de 2020

Rensenbrink: craque, mesmo sem o gol

Esta foto de Rensenbrink foi usada para homenagear Cruyff quando ele morreu. Agora, é usada apropriadamente, para celebrar o que Rensenbrink fez em campo (Heinz Wieseler/Picture Alliance/Getty Images)

No triste 24 de março de 2016 em que o futebol dos Países Baixos (e do mundo) perdeu Johan Cruyff, ficou marcada uma gafe do jornal inglês The Guardian: para estamparem a capa do caderno de esportes repercutindo o falecimento de Cruyff, havia uma foto de um holandês driblando um adversário na Copa de 1974, mas não era o camisa 14. Era outro jogador - de fato, cuja fisionomia lembrava levemente a de JC. Era o atacante Pieter Robert "Rob" Rensenbrink, um dos tantos destaques daquela geração que fez a seleção da Holanda (Países Baixos) mudar de patamar para sempre no futebol mundial. De todo modo, neste sábado, 25 de janeiro, é hora das homenagens serem feitas e das memórias prantearem Rensenbrink, falecido aos 72 anos, vítima da AMPE (Atrofia Muscular Progressiva Espinhal) com a qual já convivia há alguns anos.

Rensenbrink não teria espaço na ponta-esquerda dos grandes holandeses. Restou a Bélgica, onde fez história em Club Brugge e no Anderlecht da foto (Arquivo)
A chance veio na Bélgica

Nascido em Amsterdã, Rensenbrink foi um destaque, mas desde o começo mostrava natureza mais discreta do que a de vários dos seus colegas de geração neerlandeses. Basta dizer que, enquanto tantos dos congêneres surgiam para o futebol na base do Ajax, Rensenbrink começou a jogar profissionalmente no outro clube que Amsterdã (sua cidade natal) tinha na época, o DWS Amsterdam - hoje amador. Iniciado na equipe principal do DWS em 1965, o atacante alto e magro começou a saltar aos olhos na temporada 1967/68 do Campeonato Holandês: marcou 10 gols. Exatamente pelo bom desempenho, foi chamado pela primeira vez para a seleção holandesa, pelo técnico Georg Kessler: estreou pela Laranja em 30 de maio de 1968, num amistoso contra a Escócia, terminado sem gols.

Seguindo bem no DWS, obviamente Rensenbrink chamou a atenção dos clubes maiores do país. Porém, já não havia lugar para ele entre os titulares: o Ajax tinha Piet Keizer e o Feyenoord tinha Coen Moulijn, dois outros grandes nomes do futebol holandês - o Feyenoord até negociou, mas a conversa não foi adiante. A chance para Rensenbrink só se abriu mesmo na Bélgica: o técnico Frans de Munck se foi para o Club Brugge em 1969, e levou Rensenbrink a tiracolo, comprado pelo clube da cidade de Bruges por 450 mil florins - hoje, 204 mil euros.

Já bastou para vir o primeiro título da carreira - a Copa da Bélgica, na temporada 1969/70. E para os bons desempenhos virem em campo: no primeiro ano, foram 10 gols em 27 partidas no Campeonato Belga. Em 1970/71, números ainda melhores: 28 jogos, 14 gols de Rensenbrink. Começava a fazer fama sua habilidade na ponta-esquerda, sua precisão nos pênaltis (só perdeu duas cobranças em toda a carreira), sua rapidez e controle da bola. Qualidades que fizeram com que o técnico húngaro Lajos Baroti se impressionasse, após vê-lo jogando contra o Ujpest que treinava: Baroti apelidou Rensenbrink de "Slangemens", o Homem-Cobra. 

De fato, Rensenbrink era tão magro, tão rápido e tão insinuante com a bola nos pés que se movia como uma cobra, rápido e rasteiro em campo. E nada poderia provar mais sua habilidade do que ser contratado pelo arquirrival do Club Brugge na Bélgica: em 1971, o Amsterdammer chegou ao Anderlecht. Nos Mauves, novamente brilhou na primeira temporada: foi o destaque supremo da dupla coroa da equipe de Parc Astrid no futebol belga (títulos no campeonato e na copa nacionais), e ainda foi o goleador da liga, com 16 gols. Mais uma temporada, e se o Anderlecht decepcionou no Campeonato Belga - foi só sexto colocado -, garantiu o bicampeonato na copa. E em 1973/74, o Anderlecht levaria o título da liga, com 20 gols de Rensenbrink em 29 jogos.

Enquanto isso, na seleção...

O destaque supremo podia ir até para jogadores de Ajax e Feyenoord, e Rensenbrink pode até ter demorado a voltar à seleção da Holanda: ficou três anos sem ser convocado, após a mudança para a vizinha Bélgica. Porém, aos poucos, o sucesso pelo Club Brugge e pelo Anderlecht foi reconhecido. Em 1973, ele retornou à Laranja, em dois jogos. E justamente em 1974, ano da Copa do Mundo, com a troca de técnicos no começo do ano, Rinus Michels passou a valorizá-lo mais do que o tcheco Frantisek Fadrhonc, seu antecessor. Rensenbrink já voltou para os primeiros amistosos dos Países Baixos naquele 1974, contra a Áustria (empate por 1 a 1) e Argentina (na goleada por 4 a 1, em 26 de maio, ele marcou seu primeiro gol pela seleção). Já bastou para que ganhasse status de titular na equipe. 

Assim começou a Copa do Mundo. E justamente naquele cenário em que a Holanda jogou sete partidas e impressionou o mundo para sempre, Rensenbrink provou sua importância. No ataque, enquanto Cruyff era o gênio tático da equipe e Johnny Rep se responsabilizava pelos gols, Rensenbrink dava a habilidade na frente. Só marcou um gol na Copa, no 2 a 0 contra a Alemanha Oriental, na segunda fase. Mas brilhou muito, pelo menos, em dois jogos: no 4 a 1 sobre a Bulgária, na fase de grupos, e nos 4 a 0 sobre a Argentina, também na segunda fase. Só não foi mais importante pela lesão sofrida durante o jogo contra o Brasil, que o tirou de campo durante aquele jogo - na final contra a Alemanha, começou jogando, mas saiu no intervalo.

Rensenbrink (à direita) simbolizou o grande momento da história do Anderlecht (AFP)
O símbolo do Anderlecht campeoníssimo

De volta ao Anderlecht, Rensenbrink passou novamente longo tempo sem jogar pela seleção: só um jogo em 1975, por exemplo. Tudo bem: pelo Anderlecht, o brilho do "Homem-Cobra" era cada vez maior. Junto do compatriota Jan Mulder, ele simbolizava no ataque um período áureo do clube roxo-e-branco da Bélgica. Veio mais uma conquista da Copa da Bélgica, em 1974/75. E na temporada seguinte, o auge: 1975/76 traria não só outro bicampeonato na Beker van België, mas também seria a temporada do título do Anderlecht na Recopa Europeia. Novamente, Rensenbrink brilhou em jogo importante: nos 4 a 2 sobre o West Ham-ING, na final, marcou dois gols - um de pênalti, com a precisão de sempre - e ainda fez o lançamento para François van der Elst marcar o quarto gol daquela final.

Por falar em partidas importantes, elas causavam até uma crítica a Rensenbrink. Tanto na Bélgica quanto na Holanda, o que se dizia era que o atacante se destacava em momentos decisivos, mas negava fogo nos jogos "normais". Ou seja, era irregular. Mas ao contrário do que podia ocorrer, ele mesmo reconhecia: preferia mostrar sua classe nos jogos decisivos. E seu técnico no Anderlecht, Raymond Goethals, confirmava, com uma frase que foi tão descritiva de seu talento quanto o apelido de "Homem-Cobra": "Nos jogos de gala, Robbie sempre vem de smoking".

Teria mais chances de demonstrar isso, em uma sequência que consolidou aquele Anderlecht na história. Em 1976/77, veio a Supercopa da Europa - e nos 4 a 1 sobre o Bayern de Munique, Rensenbrink marcou dois gols no título dos Mauves. A segunda final seguida de Recopa Europeia, ainda naquela temporada, foi perdida - para o Hamburgo, da Alemanha. Mas na temporada 1977/78, outra vez o Anderlecht falou alto, e outra vez Rensenbrink brilhou na hora apropriada: mais um título (contra o Austria Wien), com dois gols do neerlandês na decisão. De quebra, outra Supercopa da Europa, ganha contra o Liverpool. 

Com tudo isso, foi previsível o resultado de uma eleição em 2007: num júri formado por gente do próprio futebol da Bélgica, Rensenbrink foi escolhido o melhor jogador estrangeiro a já ter atuado no país. Justo. Afinal de contas, foi ele o símbolo do momento em que o Anderlecht apareceu para o mundo.

Rensenbrink fez quatro gols na Copa de 1978, foi o grande nome na campanha da Holanda... mas ficou faltando o gol na final (VI Images)

Copa de 1978: ele foi o craque da Holanda

Àquela altura, na seleção, Rensenbrink ainda não ocupava todo o destaque, porque Cruyff ainda fazia parte dela. Com isso, teve atuação discreta na turbulenta participação da Laranja na Euro 1976 (ano em que mais atuou pela Oranje: seis partidas, incluindo as duas na Euro, então jogada em formato diferente). Em 1977, "Robbie" apareceria ainda menos fardando laranja: só duas partidas. Mas 1977 também foi o ano da despedida de Cruyff na Holanda. 

E Rensenbrink chamou o destaque para si em 1978. Começou como titular já nos amistosos pré-Copa, contra Israel e Áustria. E como titular foi ao Mundial na Argentina - agora jogando como atacante mais centralizado, até criando jogadas se necessário (além, claro, de também participar do jogo pela ponta-esquerda). Mesmo com uma primeira fase problemática da Holanda, ele brilhou: três gols, dois nos 3 a 0 da estreia holandesa contra o Irã, mais um, de pênalti, na derrota por 3 a 2 para a Escócia. E mesmo o mau resultado não tirava o marco que ele conseguira com aquela cobrança contra os escoceses: ao mandar o pênalti para as redes, Rensenbrink marcava o milésimo gol da história das Copas naquele 11 de junho de 1978.

Veio a segunda fase da Copa, a Holanda cresceu com algumas mudanças, e Rensenbrink teve o desempenho turbinado: já marcou gol nos 5 a 1 sobre a Áustria, se destacou na armação de jogadas, chegou à final contra a Argentina já considerado um dos melhores jogadores daquele torneio, acontecesse o que acontecesse. E quase aconteceu o lance que faria dele uma lenda. Último minuto do tempo normal, naquela tensa final no Monumental de Núñez. Holanda e Argentina já empatavam por 1 a 1. Um lançamento longo de Ruud Krol para a área, Rensenbrink foi dividir a bola com o zagueiro Jorge Olguín e o goleiro Ubaldo Fillol... e mandou o chute na trave. A bola do jogo estava perdida, e a Argentina seria campeã na prorrogação.


Bem escreveu o jornalista inglês David Winner, em seu Brilliant Orange: foi a diferença entre se tornar imortal e ser esquecido pela história. Mas o discreto Rensenbrink se mostrava tranquilo com aquela chance perdida. Aliás, disse a Winner: "Não foi uma chance real. Eu fui bem ao acertar a trave. A bola estava quase na linha do gol. Eu não tinha espaço para dominar a bola e entrar [na pequena área]. Tinha um marcador na minha frente, eu precisava chutar de primeira. O goleiro me deixou um espaço curto. Às vezes, penso que teria sido melhor se eu errasse por muito, porque aí não falariam tanto disso. Se fosse uma grande chance, eu sofreria até hoje. Mas realmente era impossível fazer o gol". 

Restou o consolo de ser o "Chuteira de Bronze" daquela Copa. E de reconhecer, mesmo humilde: "Joguei melhor em 1978 porque Cruyff não estava à frente, mas também porque eu estava quatro anos mais experiente".

Deixando a discrição só por um momento

Aquela bola na trave também marcou o início do inverno discreto de sua carreira. Em 1979, só duas partidas pela seleção, nas eliminatórias da Euro, encerrando nelas 11 anos de história com a Laranja, com 46 jogos e 14 gols. Em 1980, Rensenbrink deixou o Anderlecht para ser mais um holandês a ganhar dinheiro e reconhecimento no futebol dos Estados Unidos, passando um ano no Portland Timbers. Em 1981, retornou à Europa, indo jogar no Toulouse, motivado pelo defensor Gilbert van Binst, seu colega de Anderlecht, que estava no clube francês. Mas uma lesão no joelho, em 1982, fez com que Rensenbrink decidisse ser aquele o ponto final da carreira.

Após a carreira, Rensenbrink viveu tranquila e discretamente em Oostzaan, afastado do futebol (Pim Ras)

E ao contrário de vários dos colegas de geração, foi praticamente o ponto final do "Homem-Cobra" no futebol. Depois dali, ele voltou para viver o resto de seus dias na cidade de Oostzaan, com a família. No futebol, só "brincou" um pouco como treinador do OSV, clube amador em que começara a jogar. Com um bom dinheiro poupado, tinha a pesca como seu passatempo favorito, como falou a David Winner em 2000: "Gosto de pescar, só não faço isso todo dia. Tenho um jardim. Tenho uma casa. Tenho uma família. Eu vivo, eu me divirto. Prefiro viver quieto". Continuava assistindo a futebol, mas gozava dos comentaristas: "Eles falam [de futebol] como se fosse um assunto acadêmico, mas é um jogo simples, no fim. Com todas as teorias, no fim é só ter onze jogadores bons e um técnico que saiba colocá-los no lugar certo".

Mas às vezes, deixá-lo no canto dele era difícil. Como em 2004, quando Pelé o incluiu na sua polêmica lista (não nesse caso) de 125 melhores jogadores da história do futebol, feita para a FIFA. Como em 2015, quando revelou a atrofia muscular progressiva e incurável que o vitimaria - ao jornal Algemeen Dagblad, até fez humor negro ao brincar, em 2017: "Ainda estou vivo, mas... primeiro [Coen] Moulijn, depois [Piet] Keizer. Serei o próximo, né?". Foi. E neste 25 de janeiro de 2020, o futebol holandês chora a sua morte dando o reconhecimento amplo que Pieter Robert Rensenbrink teve discretamente em vida. E sem errar na foto.

Pieter Robert "Rob" Rensenbrink
Data de nascimento: 3 de julho de 1947, em Amsterdã
Clubes: DWS Amsterdam (1965 a 1969), Club Brugge-BEL (1969 a 1971), Anderlecht-BEL (1971 a 1980), Portland Timbers-EUA (1980 a 1981) e Toulouse-FRA (1981 a 1982)
Seleção: 46 jogos e 14 gols, entre 1968 e 1978

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Um jogo, um vídeo, um parágrafo: a 19ª rodada da Eredivisie

Zwolle 3x3 Utrecht (sexta-feira, 17 de janeiro)

No primeiro jogo do Campeonato Holandês em 2020, o Zwolle iniciou jogando com cinco na zaga, para tentar fazê-la mais forte. Mas foi um zagueiro que acabou falhando e abrindo caminho para o Utrecht: aos 24', Sam Kersten pulou para tentar cortar um escanteio, desviou a bola com o braço, o juiz viu o vídeo, e marcou o pênalti que Simon Gustafson converteu para o 1 a 0 do Utrecht. Vantagem que não durou muito: aos 27', Gustavo Hamer lançou, e Mike van Duinen foi rápido e esperto para superar Mark van der Maarel na corrida, empatando o jogo. E no começo do segundo tempo, o mais badalado jogador em campo fracassou: afinal, em seu primeiro jogo após ser emprestado pelo PSV, o goleiro Jeroen Zoet nada pôde fazer para evitar o chute forte de Kenneth Paal, aos 53', virando o jogo para os mandantes. Aí, o forte ataque do Utrecht ajudou. Adrián Dalmau já quase tinha marcado aos 48', Gyrano Kerk quase empatou aos 68'... e coube a Kerk o empate, aos 71', após bate-rebate na área dos Zwollenaren. No fim, quando Issah Abass virou de novo para o Utrecht - aos 86', após bom passe de Urby Emanuelson -, tudo pareceu acabado. Yuta Nakayama disse não: três minutos depois, o zagueiro japonês do Zwolle decretou o empate. Partida animada para começar 2020...



Fortuna Sittard 1x3 Vitesse (sábado, 18 de janeiro)

Tendo um novo técnico "semi-interino" (o bom e velho Edward Sturing, treinando pela quinta vez a equipe, que comandará até o fim da temporada), o Vitesse dominou o Fortuna Sittard desde o começo. O gol já poderia ter vindo aos 21', quando o goleiro Alexei Koselev defendeu finalizações de Bryan Linssen e Tim Matavz, em sequência. O Fortuna até trouxe algum perigo aos 23', com Felix Passlack chutando. Mas logo vieram os gols do Vites: aos 26', Oussama Tannane cobrou falta, e Koselev falhou no 1 a 0, enquanto Tim Matavz completou para o segundo gol aos 39', após belo toque de Riechedly Bazoer. Matavz reapareceu no segundo tempo para encaminhar a vitória: aos 64', o esloveno fez 3 a 0, tocando por baixo de Koselev após lançamento de Linssen em profundidade. Ao Fortuna Sittard, só restou o gol de honra de Amadou Ciss, de cabeça, aos 72'. Vitalie Damascan ainda teve chance aos 76', mas o Vitesse pôde comemorar a terceira vitória seguida na temporada.



Twente 0x0 Groningen (sábado, 18 de janeiro)

Com um reforço por empréstimo já jogando (o lateral direito Giovanni Troupée) e outro assistindo ao jogo da tribuna do Grolsch Veste (o atacante Noa Lang), o começo até foi equilibrado: aos 18', em cruzamento de Deyovaisio Zeefuik, Ramon-Pascal Lundqvist quase fez para o Groningen, mas desviou por cima do gol. No minuto seguinte, o Twente retrucou: o estreante Jelle Bosch lançou, e Aitor Cantalapiedra finalizou para a defesa de Sergio Padt. E ficou nisso, pois o resto da partida correu com pouquíssimas emoções. A única, talvez, foi aos 59': Kaj Sierhuis caiu após contato com Troupée na área, e o juiz Dennis Higler marcou o pênalti. Só que Hrustic perdeu a chance de dar a vantagem ao Groningen: bateu na trave. Assim, o marasmo seguiu em Enschede. Um daqueles jogos sobre os quais pode se dizer: o 0 a 0 ainda foi muito, pela qualidade (não) mostrada em campo.



Feyenoord 3x1 Heerenveen (sábado, 18 de janeiro)

Até que o Heerenveen começou tentando mais o gol (como com Mitchell van Bergen, aos 7', chutando na rede pelo lado de fora). Mas o Feyenoord fez 1 a 0 logo na sua primeira chegada à área - e que chegada: Steven Berghuis cruzou, e Luis Sinisterra ajeitou a bola para mandá-la às redes de meia-bicicleta. Chidera Ejuke ainda assustou para os visitantes da Frísia (aos 12' e aos 16'), mas logo o Stadionclub ficou tranquilo no placar, pelo alívio de Nicolai Jorgensen. Aos 17', o dinamarquês fez 2 a 0, num chute cruzado após Jens Toornstra cruzar; e aos 26', Jorgensen fez 3 a 0, completando de cabeça escanteio de Leroy Fer. Mas logo o Heerenveen conseguiu o gol que até merecia: aos 31', Toornstra falhou na saída de bola, Joey Veerman ficou com a esférica e tocou, sem ângulo, por baixo de Justin Bijlow - novo goleiro titular, com a saída de Kenneth Vermeer. E o restante do jogo ficou nisso: o Heerenveen tentava, o Feyenoord respondia com perigo. Foi assim no fim do 1º tempo: Chidera Ejuke buscou o gol aos 37' (Bijlow pegou), Toornstra mandou na trave no minuto seguinte. Na etapa complementar, aos 63', Tyrell Malacia cruzou, mas Jorgensen escorou, para fora, enquanto aos 65', Hicham Faik tentou por cobertura, mas Bijlow pulou a tempo e espalmou. O Feyenoord teve mais chances no fim (Kökcü tentou aos 76' e aos 89'), e ganhou de novo. Há oito rodadas sem perder, com seis vitórias e dois empates, o Stadionclub já sonha com o terceiro lugar. Está vivo para isso.



AZ 1x3 Willem II (sábado, 18 de janeiro)

Mesmo sem o goleiro titular (suspenso, Marco Bizot deu lugar a Rody de Boer), o AZ parecia preparado para superar o Willem II, num dos jogos mais equilibrados da rodada. Pelo menos, foi o que se viu na etapa inicial. Foi Jonas Svensson tendo chance aos 12' (o lateral direito recebeu cruzamento de Owen Wijndal, mas seu chute desviou na defesa do Willem II), foi uma sequência de bolas na trave aos 19' (Wijndal mandou de primeira no travessão, e Calvin Stengs bateu a sobra rasteiro, no pé do poste)... e veio o gol dos Alkmaarders em casa, aos 27', com Idrissi fazendo sua jogada habitual, vindo pela esquerda e chutando colocado. O jogo parecia dominado. Tão dominado que o Willem II reagiu. Ainda no primeiro tempo, aos 38', Freek Heerkens arriscou, forçando boa defesa de De Boer. E já na etapa final, com o relaxamento dos mandantes, os Tricolores buscaram a virada. Começaram a tê-la aos 65', com o empate: Vangelis Pavlidis chutou, De Boer rebateu, mas Mats Köhlert empatou. Quando acordou, o AZ perdeu o controle do jogo. E os visitantes de Tilburg brilharam, virando em grande estilo. Aos 78', Pavlidis fez 2 a 1, encobrindo De Boer sutilmente. E aos 85', com um fortíssimo chute, Mike Trésor Ndayishimiye marcou o terceiro, tão bonito quanto. Quem veio ao AFAS Stadion ver o AZ, viu o Willem II, surpresa agradável, de volta ao 3º lugar.



VVV-Venlo 1x1 PSV (domingo, 19 de janeiro)

Com o VVV-Venlo cuidando da defesa, o PSV já começou a partida buscando o gol. Logo aos 2', Steven Bergwijn roubou a bola e chegou à área, mas escorregou na hora de chutar. Depois, aos 6', Cody Gakpo fez jogada individual, chutou da entrada da área, o goleiro Thorsten Kirschbaum rebateu, e Bruma perdeu a chance. Os Venlonaren só se arriscaram a partir dos 15': o estreante Oussama Darfalou aproveitou erro de Ryan Thomas no recuo, driblou Timo Baumgartl, passou pelo goleiro Lars Unnerstall na entrada da área, e deixou a bola com Jerome Sinclair. Aí Baumgartl consertou: em cima da linha, evitou o gol de Sinclair. E a partida seguiu assim, o PSV dominando (aos 26', Gakpo cruzou e Bruma completou na pequena área, mas Kirschbaum fez grande defesa), o VVV-Venlo perturbando aos poucos (aos 39', em cabeceio de Nils Röseler para grande defesa de Unnerstall, e aos 41', num chute de Darfalou). No segundo tempo, o PSV até tentou mais (Bergwijn aos 46', Dumfries aos 58'). E o VVV até queria atacar, mas faltava talento. Só que a chance apareceu aos 68': Olivier Boscagli derrubou Simon Janssen, o pênalti foi marcado, e Johnatan Opoku bateu forte para o 1 a 0. Porém, quando a torcida já saudava o que seria uma tremenda vitória na luta contra a zona de repescagem/rebaixamento, aos 90' + 2, último dos acréscimos, a defesa se descuidou, Boscagli cruzou, e Dumfries cabeceou para o 1 a 1. Anticlímax no VVV, preocupação no PSV.



Ajax 2x1 Sparta Rotterdam (domingo, 19 de janeiro)

O primeiro minuto de jogo em Amsterdã já trouxe um tremendo susto para o Ajax: após contra-ataque, Ragnar Ache veio livre com a bola e chutou cruzado, rente à trave. Mas logo os Ajacieden se recompuseram, para fazerem o goleiro Ariel Harush trabalhar. E como o arqueiro israelense trabalhou: aos 4' (pegou chute de Donny van de Beek), aos 11' (grande defesa, espalmando à queima-roupa arremate de Dusan Tadic, após o estreante Ryan Babel ajeitar). Mas aos 15', não houve jeito: de novo, uma sobra de bola pôs Van de Beek na frente do gol, e ele fez 1 a 0. O domínio dos Godenzonen só não era maior porque André Onana assustava: deixou a bola escapar por duas vezes no primeiro tempo (sem consequências, para sua sorte). Já Harush trabalhou pelo resto do primeiro tempo, defendendo vários chutes. No segundo tempo, a lesão de Ziyech prejudicou o Ajax. Pelo menos, o 2 a 0 não demorou: aos 60', Tadic passou, Jurgen Ekkelenkamp ajeitou, Ryan Gravenberch chutou cruzado e fez. Jogo acabado? Nada disso. Porque Abdou Harroui chutou na trave, aos 73'. No minuto seguinte, Joël Piroe ajeitou longo lançamento e finalizou para diminuir: 2 a 1. E porque o Sparta assustou mais ainda aos 84' (voleio de Adil Auassar, que Lisandro Martínez tirou em cima da linha - a bola ainda bateu na trave) e aos 87' (Ache driblou Onana, chutou, e Joël Veltman tirou em cima da linha). Mas o Ajax pôde se aliviar no fim de jogo: três pontos, seis de vantagem para o AZ.



Emmen 1x0 Heracles Almelo (domingo, 19 de janeiro)

O Emmen recebeu o Heracles em sua "fortaleza", o estádio De Oude Meerdijk (dos 21 pontos que tem na temporada, ganhou 20 em casa). E não se defendeu contra o ataque dos Heraclieden, somente: também atacou. Poderia ter marcado aos 18', em cabeceio de Luciano Slagveer, e aos 25', em grande chance de Michael de Leeuw. Não fizera, e chegou a tomar aos 42', quando Mauro Júnior pôs a bola na rede. Mas o time da casa se aliviou: por revisão do VAR, o gol do Heracles foi anulado (Mauro Júnior dominara com a mão). E o azar dos visitantes de Almelo foi a sorte do Emmen: nos acréscimos do primeiro tempo, o lateral Lorenzo Burnet deixou Marko Kolar na cara do gol, e ele aproveitou, fazendo 1 a 0. Na etapa final, o goleador Cyriel Dessers quase marcou de meia-bicicleta, mas o goleiro Dennis Telgenkamp o impediu aos 57'. Mais, ainda: no minuto final, mais um gol do Heracles foi anulado, por impedimento de Dessers. Com sorte e esforço, o Emmen conseguiu mais uma vitória tipicamente sua: em casa, surpreendendo um time melhor colocado e mais técnico. 



ADO Den Haag 2x0 RKC Waalwijk (domingo, 19 de janeiro)

Num jogo nervoso (afinal, eram o último e o penúltimo colocados da Eredivisie frente à frente), o nervosismo só rendeu duas chances no começo. Pelo Den Haag, Tomas Necid cabeceou nas mãos do goleiro Etiënne Vaessen, aos 18'. Logo depois, aos 20', Sylla Sow teve todo o espaço para fazer o gol do RKC Waalwijk, mas finalizou em cima do arqueiro Luuk Koopmans. Quem tivesse mais eficiência, despontaria. E coube ao time da casa despontar: aos 32', John Goossens cobrou para a área em cobrança de falta, e o zagueiro Shaquille Pinas desviou de cabeça para fazer 1 a 0. Já na etapa complementar, precisando demais da vitória no jogo direto, o lanterna RKC quase chegou ao empate aos 53', em chute do estreante Tijjani Reijnders. A tensão seguiu até os 80', quando veio o lance decisivo: após Lex Immers ajeitar a bola, Crysencio Summerville veio com ela até ser derrubado por Hannes Delcroix, perto da área. Falta, cartão vermelho para Delcroix, e Aaron Meijers cobrou com precisão: 2 a 0. O ADO Den Haag respira: foi ao 16º lugar (o da repescagem), abrindo cinco pontos de vantagem para a lanterna. De fato, é como a faixa da torcida dos auriverdes estampou,  lembrando um filme para saudar o novo técnico Alan Pardew: quando se está em perigo, quem você chama? "Caça-fantasmas" - no caso, o "fantasma" do rebaixamento...

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Parada obrigatória: Ajax

A dupla Ziyech-Promes deu certo, e o Ajax segue firme buscando o bicampeonato holandês. Mas ele (e uma boa campanha na Liga Europa) não virão sem esforço (Getty Images)

Posição: 1º colocado, com 44 pontos
Técnico: Erik ten Hag
Time-base: Onana; Dest (Mazraoui), Veltman, Blind e Tagliafico; Álvarez (Marin) e Martínez; Ziyech, Van de Beek e Promes; Tadic
Maior vitória: Ajax 6x1 ADO Den Haag (18ª rodada)
Maior derrota: Ajax 0x2 Willem II (16ª rodada)
Copa da Holanda: classificado para as oitavas de final, nas quais enfrentará o Spakenburg (terceira divisão), em 22 de janeiro
Competição europeia: Liga dos Campeões (eliminado na fase de grupos) e Liga Europa (classificado para a segunda fase, na qual enfrentará o Getafe-ESP)
Artilheiro: Quincy Promes (atacante), com 10 gols
Objetivo do início: Título
Avaliação: O Ajax cumpre seu objetivo, até aqui: segue como o grande favorito ao título na Eredivisie. Entretanto, vários percalços tornam o caminho mais turbulento do que se esperava para os Ajacieden
Fez os treinos da pausa de inverno em... Doha, no Catar, de 4 a 12 de janeiro
E amistosos? Venceu o Eupen-BEL, por 2 a 0, e o Club Brugge-BEL, por 3 a 1

De certa forma, dá para dizer que o primeiro jogo do Ajax neste Campeonato Holandês 2019/20 resume bem o que foi a primeira metade da temporada do atual campeão da Eredivisie: sua força dentro de campo o torna favorito destacado à conquista do bicampeonato, mas os sustos estão à espreita, e podem prejudicar os Godenzonen. Foi assim naquele 2 a 2 com o Vitesse, quando os Ajacieden sofreram com a equipe de Arnhem. Foi assim em tantas outras partidas, que renderam consequências indesejadas. Claro, pelo menos na liga holandesa, isso ocorreu menos vezes: o normal era o Ajax impor seu amplo favoritismo, em casa e fora. Mesmo em partidas nas quais não ia tão bem. Se há dúvidas, basta ver o 4 a 1 no Sparta Rotterdam, na quinta rodada. Ou o 4 a 1 no Heerenveen, na rodada seguinte. Mesmo sem jogar bem, a superioridade era tamanha que a goleada acabava acontecendo, diante dos clubes menores.

Entretanto, o rendimento do Ajax mostrava previsivelmente maior inconsistência do que na incrível temporada passada. Havia acertos: por exemplo, Lisandro Martínez - o argentino chegou para a zaga, mas mostrou tanta qualidade nos passes que já foi para o meio-campo, sem prejuízo da utilidade. Quincy Promes demorou algumas rodadas, mas logo destronou David Neres (inconstante, mesmo antes da lesão que o tirou dos campos no fim de 2019) para criar grande parceria de ataque com Hakim Ziyech - daí, os dez gols de Promes na Eredivisie, tornando-o goleador do Ajax. Por falar no marroquino, ele seguiu mostrando como já é grande demais para o futebol da Holanda: preciso nos passes para gol (foram 12), preciso nos chutes, habilidoso ao extremo... se houve um destaque dos Amsterdammers, foi Ziyech, acima de Donny van de Beek - ele teve ótimos momentos - e Dusan Tadic - menos inspirado do que na temporada anterior, mas ainda muito útil (foi quem mais passes para gol deu neste campeonato - 13). E André Onana é cada vez mais confiável no gol.

Só que havia erros e gente decepcionando, como Razvan Marin e Noussair Mazraoui. Desde a terceira fase preliminar, a campanha na Liga dos Campeões foi feita de altos (os triunfos contra Lille, na Johan Cruyff Arena, e Valencia, em pleno Mestalla) e baixos (a queda para o Chelsea em Amsterdã, e as crônicas fragilidades defensivas que transformaram um 4 a 1 em 4 a 4 no Stamford Bridge - sim, isso inclui as expulsões). Pior: temporada passa, temporada chega, e o "estilo de jogo" às vezes segue uma camisa-de-força para o Ajax, como se viu na decepcionante eliminação na Champions - um time ineficiente no ataque foi parado por um Valencia eficiente na frente e insuperável atrás. Pior ainda: com algumas lesões no fim do ano (Promes, David Neres), mais o desafortunado problema cardíaco que transformou a carreira de Daley Blind em incógnita, o Ajax começou a engripar na Eredivisie. E as derrotas para Willem II e AZ permitiram a chegada do clube de Alkmaar na disputa do título. Pelo menos, na última rodada de 2019, veio um massacre tipicamente Ajacied - 6 a 1 no ADO Den Haag -, enquanto o AZ era derrotado pelo Sparta Rotterdam. E o Ajax segue favorito ao título holandês. Segue podendo fazer bom papel na Liga Europa. Mas encontra mais dificuldades do que imaginava.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Parada obrigatória: AZ

Os gols de Boadu (à direita), a velocidade e a habilidade de Stengs (à esquerda), a firmeza da defesa, a solidez de um time: é o AZ, sonhando com o título holandês - que só virá com atenção máxima (Pro Shots)

Posição: 2º colocado, com 41 pontos
Técnico: Arne Slot
Time-base: Bizot; Svensson, Vlaar (Hatzidiakos), Wuytens e Wijndal; Midtsjo, Koopmeiners e De Wit (Clasie); Stengs, Boadu e Idrissi
Maior vitória: AZ 5x1 Sparta Rotterdam (6ª rodada)
Maior derrota: Sparta Rotterdam 3x0 AZ (18ª rodada)
Copa da Holanda: classificado para as oitavas de final, nas quais enfrentará o FC Oss (segunda divisão), em 22 de janeiro
Competição europeia: Liga Europa (classificado para a segunda fase, na qual enfrentará o LASK Linz-AUT)
Artilheiro: Myron Boadu (atacante), com 11 gols
Objetivo do início: vaga nos play-offs pela Liga Europa/vaga direta na Liga Europa
Avaliação: Com um ataque invejável e a melhor defesa da Eredivisie, o AZ conseguiu concretizar o que já ensaiava há algumas temporadas: entrou de vez na disputa do título. Entretanto, se quiser fazer história, não terá o direito de tropeçar 
Fez os treinos da pausa de inverno em... Oliva, balneário na Espanha, de 5 a 11 de janeiro
E amistosos? Goleou o Mechelen-BEL, por 5 a 1

O AZ já estava se preparando. Fora de campo, já há alguns anos, é um clube que sabe andar com as próprias pernas, cuidando das categorias de base, apostando num estilo de jogo, sendo inteligente para buscar reforços baratos. Nos gramados, fora terceiro colocado da Eredivisie em 2017/18, quarto colocado em 2018/19... e já começou com tudo este campeonato: nas primeiras dez rodadas, sete vitórias. Mais do que isso: a defesa já se credenciava como a mais forte do campeonato - solidez no miolo de zaga, velocidade (e ofensividade!) de Jonas Svensson e Owen Wijndal nas laterais e, acima de tudo, a segurança do goleiro Marco Bizot, o menos vazado da Eredivisie, só tendo levado oito gols. No meio-campo, Teun Koopmeiners ditava o ritmo com tremenda categoria, e Dani de Wit foi aposta certa de contratação, para ajudar na criação de jogadas. Afinal de contas, o ataque precisava da bola, para que o trio Calvin Stengs-Myron Boadu-Oussama Idrissi se confirmasse como o que é hoje: insinuante nos dribles, ofensivo, criando chances (e só aí há um defeito: a falta de pontaria), enfim, o melhor ataque deste Campeonato Holandês.

Nem a lesão no joelho que tirou o zagueiro Pantelis Hatzidiakos da temporada, nem mesmo a queda de parte da cobertura do AFAS Stadion que forçou o time a mandar jogos em Haia entre a 3ª e a 16ª rodadas, nada disso perturbava o AZ. Se havia tropeços aqui e ali (como a derrota para o Vitesse, no último minuto, na 5ª rodada), uma primeira demonstração de força veio no jogo atrasado da 4ª rodada: um inapelável 3 a 0 no Feyenoord, em pleno De Kuip, com Stengs brilhando. Ainda assim, seguia a dúvida: o AZ impressionava, mas... como seria quando tivesse de enfrentar PSV e Ajax? Pois bem: pelo menos contra os de Eindhoven, veio uma resposta com autoridade gigante, na 11ª rodada - mesmo tendo um homem a mais desde o 1º tempo, os Alkmaarders tiveram volúpia ofensiva, chegando ao ataque como queriam, fascinando com o 4 a 0 no Philips Stadion, mais uma vitória maiúscula como visitante - é o segundo melhor da liga fora de casa. Dentro da "casa momentânea" - o Cars Jeans Stadion, do ADO Den Haag -, vitórias com mais (3 a 0 no Twente, 3 a 0 no Emmen) ou menos sossego (1 a 0 no VVV-Venlo). Paralelamente, na Liga Europa, o time também impunha respeito, só tendo dificuldades nos jogos contra Partizan e Manchester United.

Mas as grandes provas da força do AZ nesta temporada vieram na reta final de 2019. Em 28 de novembro, o time de Alkmaar só precisava de um empate contra o Partizan para se classificar na Liga Europa - e ele veio, mas com muito esforço (2 a 2 nos acréscimos, após sofrer 2 a 0 em casa). E em 15 de dezembro, na 17ª rodada que fechava o 1º turno da Eredivisie, enfim o duelo contra o Ajax - com volta ao AFAS Stadion. E houve dificuldades, mas afinal veio a vitória sobre os Ajacieden, com o 1 a 0 que igualou a pontuação de ambos. Sim, Alkmaar pode sonhar com o terceiro título holandês da história de seu clube, após 11 anos. Todavia, a derrota na rodada seguinte - 3 a 0 para o Sparta Rotterdam - deixa claro: para fazer história, a atenção precisa ser máxima, o AZ não poderá tropeçar uma rodada sequer na segunda metade da temporada. Difícil? Pois era difícil outro clube sonhar em desafiar o Ajax na disputa do título, e o AZ consegue, até agora. É o preço a se pagar para conseguir grandes feitos.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Parada obrigatória: PSV

A cara feia de Malen, após sofrer lesão, descreve bem a decepção que é o PSV na atual temporada: mau planejamento da diretoria e más decisões em campo diminuíram quase a zero as expectativas de título (Pro Shots)

Posição: 3º colocado, com 34 pontos
Técnico: Mark van Bommel (até a 17ª rodada) e Ernest Faber
Time-base: Unnerstall (Zoet); Dumfries, Baumgartl (Schwaab), Viergever e Sadílek (Boscagli); Rosario, Ihattaren e Gakpo (Doan); Bergwijn, Malen e Bruma
Maiores vitórias: PSV 5x0 Vitesse (6ª rodada) e PSV 5x0 Fortuna Sittard (16ª rodada) 
Maior derrota: PSV 0x4 AZ (11ª rodada)
Copa da Holanda: classificado para as oitavas de final, nas quais enfrentará o NAC Breda, em 23 de janeiro
Competições europeias: Liga dos Campeões (eliminado pelo Basel-SUI, na terceira fase preliminar) e Liga Europa (eliminado na fase de grupos)
Artilheiro: Donyell Malen (atacante), com 11 gols
Objetivo do início: Título
Avaliação: O PSV se revelou despreparado para seguir após importantes perdas em campo, sem reposições de qualidade. A demissão de Van Bommel, embora até necessária, foi traumática. E os Boeren seguem sem muitas perspectivas de comemoração
Fez os treinos da pausa de inverno em... Doha, no Catar, de 4 a 12 de janeiro
E amistosos? Perdeu para o Club Brugge-BEL, por 2 a 1, e para o Eupen-BEL, também por 2 a 1

Mesmo com a perda do título da Eredivisie na reta final da temporada passada, o PSV deixara uma boa impressão: caso mantivesse seus destaques, teria tudo para ser o mais forte desafiante do arquirrival Ajax na disputa pela salva de prata dada ao campeão nos Países Baixos. Boa impressão que começou a diminuir com as perdas vindas na janela de transferências: Luuk de Jong se transferiu para o Sevilla, vários gols depois, Hirving Lozano foi para o Napoli (esta já era prevista, e até demorou), Angeliño foi recomprado pelo Manchester City. Três perdas que já bastaram para desestruturar taticamente o time de Eindhoven, que já começou a temporada sob pressão, após a queda na Liga dos Campeões, para o Basel suíço, e a derrota inquestionável para o Ajax, na Supercopa da Holanda (que ainda tirou de combate o lesionado Sam Lammers, aposta no ataque)

Os Boeren aparentaram se assentar com um bom começo de temporada: ficaram invictos durante as nove primeiras rodadas da Eredivisie (dois empates, sete vitórias), começaram com duas vitórias na fase de grupos da Liga Europa, viam o ataque se remontar bem com o trio Steven Bergwijn-Donyell Malen-Cody Gakpo - sem contar Ritsu Doan, reforço do Groningen que se entrosou bem. Aí, na 10ª rodada, a derrota para o Utrecht (3 a 0, fora de casa) começou a desnudar todos os problemas existentes: com dois jogadores expulsos, a defesa virou presa fácil. Para piorar, Bergwijn e Malen se lesionaram, e ficaram ausentes nas rodadas seguintes. Mais uma rodada (contra o AZ, em pleno Philips Stadion), mais uma expulsão (Ryan Thomas, ainda no 1º tempo!), e aí ficou impossível evitar a crise no PSV: os Alkmaarders impuseram um vexatório 4 a 0. Na defesa, Jeroen Zoet parecia mais inseguro no gol; Denzel Dumfries apoiava tanto que fraquejava na marcação; na parceria a Nick Viergever, nem Timo Baumgartl nem Daniel Schwaab davam confiança; e a lateral esquerda sofria sem um nome de ofício, com o improvisado Michal Sadílek sem nunca contentar. No meio-campo, apenas Mohamed Ihattaren agradava na criação de jogadas, enquanto Pablo Rosario ficava sobrecarregado na marcação. No banco, Mark van Bommel fracassava ao tentar achar soluções para tantos problemas.

E o PSV desmoronou: caiu inesperadamente na fase de grupos da Liga Europa, com a defesa sendo caminho aberto para Sporting-POR e LASK Linz-AUT se classificarem. Na Eredivisie, Van Bommel fez a escolha certa do jeito errado: barrou Zoet e fez de Lars Unnerstall o novo goleiro titular, mas suas palavras exageradas expuseram desnecessariamente o defenestrado Zoet. Mais críticas vieram, as vitórias contra Heerenveen e Fortuna Sittard não amenizaram a crise... e a derrota para o Feyenoord, na rodada final do turno (3 a 1, na 17ª rodada), foi o gatilho para a traumática decisão de sua demissão - além de causar a grave lesão que tirará o goleador Malen da temporada. Na Copa da Holanda, então, por muito pouco o time não precisou dos pênaltis para eliminar o amador GVVV. Caberá a Ernest Faber, técnico que ficará até o fim da temporada, tentar reconstruir uma equipe que já está sete pontos atrás do vice-líder AZ, que está sem opções ofensivas confiáveis, que tem uma defesa inconstante, em busca de um returno menos decepcionante. Nos treinos da pausa de inverno, mais derrotas nos amistosos. Por esse temor, definitivamente, a torcida dos Eindhovenaren não esperava.

domingo, 12 de janeiro de 2020

Parada obrigatória: Willem II

Foi com a rapidez de gente como Ndayishimiye (braço erguido) e um time firme que o Willem II se constituiu como a grande surpresa desta Eredivisie (Pro Shots)

Posição: 4º colocado, com 33 pontos
Técnico: Adrie Koster
Time-base: Wellenreuther; Heerkens, Holmén, Peters e Nelom (Nieuwkoop); Llonch, Ndayishimiye e Saddiki; Nunnely (Vrousai), Pavlidis e Köhlert
Maior vitória: Willem II 4x0 Sparta Rotterdam (15ª rodada)
Maior derrota: Heracles Almelo 4x1 Willem II (6ª rodada)
Copa da Holanda: classificado para as oitavas de final, nas quais enfrentará o Heerenveen em 22 de janeiro
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Vangelis Pavlidis (atacante), com 9 gols
Objetivo do início: meio da tabela
Avaliação: O ótimo trabalho de Adrie Koster teve continuidade, os reforços para o ataque deram certo, e o resultado é este: os Tricolores são a mais agradável surpresa da temporada na Holanda, até aqui
Fazendo os treinos da pausa de inverno em... Marbella, balneário na Espanha, de 4 a 11 de janeiro
E amistosos? Perdeu para o Hibernian-ESC, por 2 a 1

Mesmo que a campanha no Campeonato Holandês passado tenha se encerrado num simples 10º lugar, o Willem II ficou muito em alta com a torcida na temporada 2018/19, graças à campanha na Copa da Holanda, concluída com a vaga na final. Ser goleado pelo Ajax na decisão passou quase em branco: para a torcida, poder sonhar com um troféu e ter um time ofensivo já valera a pena. Se o desempenho pudesse ser repetido na atual temporada, nem era necessário que os Tricolores ganhassem nada para que ela se satisfizesse. Melhor: o técnico Adrie Koster continuaria tendo à disposição boa parte dos destaques em campo - Marios Vrousai, Vangelis Pavlidis, Dries Saddiki... era um sinal da consistência do trabalho da dupla de diretores fora de campo: o diretor geral Martin van Geel (experiente nome do futebol holandês nos bastidores), e o diretor técnico Joris Mathijsen (sim, o ex-zagueiro, titular da Laranja nas Copas de 2006 e 2010).

Somados a eles, vieram novos nomes: só no ataque, tanto Ché Nunnely quanto Mats Köhlert poderiam dar grande velocidade nas jogadas ofensivas pelos lados. Na defesa, o reforço do sueco Sebastian Holmén auxiliaria os experientes Freek Heerkens e Jordens Peters - além do goleiro Timon Wellenreuther voltar a demonstrar firmeza sob as traves. O começo de Eredivisie foi mediano: quatro vitórias e quatro derrotas. Mas Pavlidis despontava como um dos goleadores do campeonato, os reforços se entrosavam aos poucos... a torcida acreditou no trabalho: talvez fosse só questão de paciência, que o sonhado embalo viria, levando o clube de Tilburg a melhores posições na tabela. Dito e feito: a partir da nona rodada, a ascensão dos Tilburgers foi irresistível. Houve uma derrota, sim (para o Groningen, 2 a 0, na 12ª rodada). Mas enfim, o time criou casca para se tornar a grande surpresa da temporada na Eredivisie.

Um time firme fora de casa (o terceiro melhor visitante da liga, só atrás de Ajax e AZ). Velocidade ofensiva que deixava o adversário tonto - foi o que se viu contra o PSV, na 13ª rodada, quando os ataques rápidos levaram à vitória por 2 a 1, num grande dia de Nunnely. Mais importante: velocidade aliada à precisão no aproveitamento das chances - foi o que aconteceu na 16ª rodada, quando a equipe assombrou ao vencer o Ajax em plena Johan Cruyff Arena (2 a 0), eficiente nos contra-ataques, com Mike Trésor Ndayishimiye como grande destaque. Na rodada, inclusive, a equipe superaria o PSV e assumiria a terceira posição do campeonato. É certo que na 18ª rodada, a derradeira de 2019, houve um tropeço: empate sem gols com o Fortuna Sittard, permitindo que o PSV reassumisse o 3º lugar. Porém, os Tricolores seguem dando à torcida a otimista impressão de que têm força para ficarem na zona dos play-offs por vaga na Liga Europa. No mínimo. Sem contar que já estão nas oitavas de final da Copa da Holanda... 

sábado, 11 de janeiro de 2020

Parada obrigatória: Feyenoord

O Feyenoord tentou embalar com Jaap Stam, mas o time tropeçou e o ex-zagueiro fracassou. Chegou Dick Advocaat, o time ficou organizado... e vem subindo (Pro Shots)

Posição: 5ª colocado, com 31 pontos
Técnico: Jaap Stam (até a 11ª rodada) e Dick Advocaat
Time-base: Vermeer; Geertruida (Karsdorp), Eric Botteghin, Senesi (Edgar Ié) e Haps (Malacia); Toornstra, Kökcü e Fer; Larsson (Jorgensen), Berghuis e Sinisterra 
Maior vitória: Feyenoord 5x1 Twente (8ª rodada)
Maior derrota: Ajax 4x0 Feyenoord (11ª rodada)
Copa da Holanda: classificado para as oitavas de final, nas quais enfrentará o Fortuna Sittard, em 21 de janeiro
Competição europeia: Liga Europa (eliminado na fase de grupos)
Artilheiro: Steven Berghuis (atacante), com 11 gols
Objetivo do início: Vaga nas competições europeias
Avaliação: Sob Jaap Stam, o Feyenoord começou estranho e terminou desastroso. Chegou Dick Advocaat, o time se aprumou... e mostra capacidade e qualidade para ir buscar seu objetivo, com um pouco de atraso
Fazendo os treinos da pausa de inverno em... Marbella, balneário na Espanha, de 6 a 11 de janeiro
E amistosos? Ganhou do Hoffenheim-ALE por 3 a 2, e perdeu para o Borussia Dortmund-ALE, por 4 a 2

Desde que foi anunciada, a contratação de Jaap Stam para treinar o Feyenoord, sucedendo a marcante passagem de Giovanni van Bronckhorst, pareceu estranha, mas... aceitável. Por menos que Stam tivesse feito na carreira - viera mais pelo impulso que dera no Zwolle, salvando o clube do rebaixamento em 2018/19 -, dava para esperar que sua habitual vontade no banco tornasse mais fácil o caminho do Stadionclub, sem duas de suas referências: o mencionado "Gio", e Robin van Persie, de carreira encerrada. Até que o começo foi promissor, chegando à fase de grupos da Liga Europa sem problemas. Mas no Campeonato Holandês, as coisas preocuparam um pouco: quatro empates nas quatro primeiras rodadas. Tudo bem, começo de trabalho... mas logo deveriam vir as melhoras. Bem, alguns resultados até foram satisfatórios, como o triunfo sobre o Willem II, na quinta rodada, e a goleada sobre o Twente, na oitava. Para nem citar a comovente vitória sobre o Porto, na fase de grupos da Liga Europa.

Todavia, logo se viu que o Feyenoord tinha problemas em campo. Steven Berghuis andava sobrecarregado demais no ataque, sem que os companheiros melhorassem. Na defesa, indecisão no miolo de zaga: Eric Botteghin falhava, e não se sabia quem seria seu companheiro de zaga (Sven van Beek? Jan-Arie van der Heijden? Edgar Ié? Marcos Senesi?) - e fosse qual fosse, estava falhando. As laterais até tinham bons nomes, mas a propensão deles a lesões assustava. Começaram a vir os maus resultados: um 3 a 3 com o Emmen (7ª rodada) que quase foi derrota, com o empate vindo no último lance do jogo, um vexatório 3 a 0 sofrido para o AZ em pleno De Kuip (4ª rodada), levar o 4 a 2 que era a primeira vitória do Fortuna Sittard nesta temporada da Eredivisie (9ª rodada), as derrotas para Rangers-ESC e Young Boys-SUI na Liga Europa... e finalmente, o tiro de misericórdia no trabalho de Stam: um humilhante 4 a 0 sofrido para o arquirrival Ajax, que marcou todos os gols ainda no primeiro tempo, e poderia ter feito mais, tal era a fragilidade defensiva do Feyenoord. Ficou impossível segurar Stam, que foi demitido - e, tempos depois, reconheceu que por muito pouco não recusara o cargo antes.

Só restou à diretoria - e à torcida, diga-se de passagem - baixarem a cabeça e chamarem justamente o nome indesejado antes da temporada, pelo excesso de cautela: Dick Advocaat. E o "Pequeno General" fez o que já está acostumado a fazer há alguns anos: apagar incêndios com sucesso, organizando o time. Na defesa, Botteghin enfim ganhou algum entrosamento, já que teve o parceiro fixado em Senesi. Nas laterais, já que Rick Karsdorp e Ridgeciano Haps seguem lesionados, os jovens Lutsharel Geertruida e Tyrell Malacia cresceram de produção. O meio-campo enfim se estabilizou, com o trio Jens Toornstra-Orkun Kökcü-Leroy Fer. E no ataque, se Nicolai Jorgensen segue devendo, Sam Larsson e Luis Sinisterra cresceram, liberando Berghuis para brilhar mais. Resultado: desde a 12ª rodada, o Feyenoord está invicto no Campeonato Holandês - seis vitórias, dois empates. Conseguiu triunfos alentadores, como a emocionante virada sobre o RKC Waalwijk (3 a 2, na 13ª rodada) e o animado 2 a 1 no Utrecht (18ª rodada). E se faltava uma prova da reação, o 3 a 1 no clássico contra o PSV (17ª rodada) deixou claro: se foi impossível evitar a queda na Liga Europa, sim, o Feyenoord está vivo no Campeonato Holandês. Muito vivo. Talvez não para buscar o título. Mas certamente para cumprir o objetivo de ter vaga nas competições europeias. Merece respeito.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Parada obrigatória: Vitesse

Os gols de Linssen ajudaram o Vitesse a esconder a crise interna enquanto foi possível. Crise resolvida, quem sabe continuem ajudando (VI Images)

Posição: 6º colocado, com 30 pontos
Técnico: Leonid Slutsky (até a 15ª rodada), Joseph Oosting (interino, até a 18ª rodada - Edward Sturing assumiu em 1º de janeiro)
Time-base: Pasveer; Lelieveld (Dasa), Obispo, Doekhi e Clark; Bazoer, Bero, Foor e Grot (Dicko); Matavz e Linssen 
Maior vitória: VVV-Venlo 0x4 Vitesse (10ª rodada)
Maior derrota: PSV 5x0 Vitesse (6ª rodada)
Copa da Holanda: classificado para as oitavas de final, nas quais enfrentará o Heracles Almelo em 22 de janeiro
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Bryan Linssen (atacante), com 11 gols
Objetivo do início: vaga nos play-offs pela Liga Europa/vaga direta na Liga Europa
Avaliação: Só as turbulências internas atrapalharam o Vites na primeira metade da temporada. Em campo, o time teve lá seus lampejos, e pode embalar de novo, se estiver pacificado
Fará os treinos da pausa de inverno em... Alcantarilha, balneário em Portugal, de 3 a 12 de janeiro
E amistosos? Ganhou do Servette-SUI (2 a 0), e pegará o MSV Duisburg-ALE em 11 de janeiro

No primeiro jogo da temporada, o Vitesse deu a impressão de que falaria muito grosso no campeonato: já tendo o duro desafio contra o campeão Ajax, se impôs em casa, chegou a estar duas vezes na frente do placar, foi ofensivo (como já vinha sendo desde a temporada passada), talvez merecesse até melhor sorte do que o 2 a 2. 17 rodadas depois, é possível dizer que o Vites faz um bom papel na Eredivisie. Agrada mais do que o Utrecht, por exemplo. Todavia, não preencheu todo seu potencial por turbulências que só vieram à tona no final do primeiro turno. Curiosamente, tais turbulências foram amenizadas por um ótimo desempenho nas dez primeiras rodadas: uma derrota, dois empates, e de resto, só vitórias.

Além do mais, gente boa não faltava na equipe de Arnhem. No gol, Remko Pasveer não só fazia defesas, mas também "lançamentos" - quatro chutões seus viraram "passes" para gols na temporada. Armando Obispo e Danilho Doekhi se entrosaram bem no miolo de zaga. No meio, Riechedly Bazoer deu qualidade à saída de bola, enquanto Matus Bero e Jay-Roy Grot sabiam chegar ao ataque para ajudarem a dupla Tim Matavz-Bryan Linssen, responsável pelos gols - principalmente Linssen, ocupando bem os espaços e se mexendo na área (até jogar no meio jogava). Com todos esses, a equipe ficava fixa na quarta posição - chegou até a ocupar o 3º lugar, em duas rodadas.

Só que havia problemas. Bastou uma sequência ruim - quatro derrotas, entre a 11ª e a 15ª rodadas - para eles aparecerem a quem via de fora. Primeiro, uma indisciplina de Bazoer durante um treino o fez ser punido com a exclusão temporária do grupo principal, mas deixou claro que Leonid Slutsky não conseguia dominar as vaidades dos jogadores. Depois, a estranha e curtíssima passagem de Keisuke Honda por Arnhem - tão rápido quanto chegou, o japonês saiu. E finalmente, a demissão voluntária de Slutsky, após a 15ª rodada, assumindo que já não conseguia mais tirar nada dos jogadores e nem comandá-los direito. Bastou: Bazoer voltou ao grupo de jogadores e, nas últimas rodadas de 2019, sob o interino Joseph Oosting, um empate e duas vitórias. Pacificado, o Vitesse anda. E pode voltar a subir se continuar assim sob Edward Sturing, habituado ao clube (já foi interino por três vezes). Jogadores para fazer isso, tem.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Parada obrigatória: Utrecht

Até que o Utrecht de Gyrano Kerk está bem. Mas poderia exibir um melhor nível de jogo no campeonato (fcutrecht.nl)

Posição: 7º colocado, com 29 pontos
Técnico: John van den Brom
Time-base: Paes; Klaiber, Willem Janssen, Hoogma e Van der Maarel (Guwara); Van Overeem (Ramselaar), Gustafson, Maher e Van de Streek; Kerk e Bahebeck (Abass)
Maior vitória: Utrecht 6x0 Fortuna Sittard (12ª rodada)
Maior derrota: Ajax 4x0 Utrecht (13ª rodada)
Copa da Holanda: classificado para as oitavas de final, nas quais enfrentará o FC Eindhoven (segunda divisão), em 21 de janeiro
Competição europeia: Liga Europa (eliminado pelo Zrinjski Mostar-BOS, na segunda fase preliminar)
Artilheiro: Gyrano Kerk (atacante), com 5 gols
Objetivo do início: vaga nos play-offs pela Liga Europa/vaga direta na Liga Europa
Avaliação: Sim, o Utrecht está na região da tabela em que podia estar. Mas pelo que pode render, as atuações ainda decepcionam. Os concorrentes estão sedentos, e os Utregs podem e precisam melhorar
Fará os treinos da pausa de inverno em... La Manga, balneário na Espanha, de 4 a 11 de janeiro
E amistosos? Contra o Bayer Leverkusen-ALE, em 10 de janeiro

Um time agradável de ser visto, há pelo menos algumas temporadas. Classificado para a segunda fase preliminar da Liga Europa. Recebendo o novo técnico - John van den Brom, vindo de um excepcional trabalho que ajudou o AZ a chegar onde está atualmente. Antes da temporada começar, era possível dizer: o Utrecht era um dos clubes que mais expectativa atraía no Campeonato Holandês. Quem sabe, até, conseguisse subir a posições mais altas na tabela do que o 6º lugar em 2018/19. Todavia, antes mesmo da Eredivisie atual começar, a queda na segunda fase preliminar da Liga Europa já foi um tremendo balde de água fria. Na ida (1 a 1), em casa, o time perdeu chances e mais chances de gol; na volta (2 a 1 Zrinjski Mostar-BOS, na prorrogação), a defesa foi deficiente. E pelo menos um jogador pagou por aquilo: o goleiro dinamarquês David Jensen, que falhou no gol da classificação do time bósnio, perdeu a titularidade, foi encostado e deve sair do clube ainda neste mês.

Ainda assim, mesmo com um começo elogiável de campeonato (duas vitórias e um empate), algo parecia ligeiramente desacertado no Utrecht. Claro que havia destaques: mesmo jovem - 21 anos -, Maarten Paes assumiu e justificou a titularidade no gol. Na defesa, Willem Janssen trazia a liderança de sempre nos Utregs. No meio-campo, o "filho pródigo" Bart Ramselaar voltou da decepcionante passagem pelo PSV já retomando paulatinamente seu destaque, e Simon Gustafson era o destaque da vez na temporada, enquanto Gyrano Kerk seguia veloz no ataque, sendo o titular absoluto fosse qual fosse o parceiro (no caso de mais velocidade, Issah Abass; para dar mais presença na área, Jean-Christophe Bahebeck). Entretanto, a equipe parecia não fluir em campo como em temporadas passadas. Mais impressionante: jogava melhor fora de casa (quarto melhor visitante) do que dentro.

Houve até bons momentos na primeira metade da temporada: a sequência de três vitórias seguidas (entre a 10ª e a 12ª rodadas), o brilhante triunfo contra o PSV em casa (um categórico 3 a 0). E bem ou mal, o Utrecht nunca saiu da zona de repescagem por vaga na Liga Europa - chegou até a ser quarto colocado. Ainda assim, resultados como derrotas em casa para VVV-Venlo (1 a 2, 4ª rodada) e RKC Waalwijk (0 a 1, 15ª rodada) dão a incômoda impressão de que o time decepciona. Apenas cumpre seu papel, sem muito brilhantismo. O que pode ser perigoso, com adversários como Heerenveen e Groningen sedentos por um lugar nos play-offs. Eis algo que o Utrecht precisa corrigir, se quiser se manter como um dos principais times abaixo do topo na Holanda/nos Países Baixos.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Parada obrigatória: Heerenveen

Odgaard veio para fazer gols e ajudar o Heerenveen a ser mais confiável em 2019/20. Está conseguindo, até aqui (VI Images)

Posição: 8º colocado, com 28 pontos
Técnico: Johnny Jansen
Time-base: Hahn; Floranus (Van Rhijn), Botman, Dresevic e Woudenberg; Faik, Kongolo e Veerman (Bruijn); Van Bergen, Odgaard e Ejuke
Maior vitória: Heracles Almelo 0x4 Heerenveen (1ª rodada)
Maior derrota: Ajax 4x1 Heerenveen (6ª rodada)
Copa da Holanda: classificado para as oitavas de final, nas quais enfrentará o Willem II, em 22 de janeiro
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Jens Odgaard (atacante), com 6 gols
Objetivo do início: meio de tabela
Avaliação: Após tantas turbulências, o Heerenveen só precisava de um técnico para estabilizar uma equipe, e que esta equipe mostrasse solidez em campo. Até agora, as duas coisas foram conseguidas - e por isso, o time está firme na disputa de uma vaga nos play-offs pela Liga Europa
Fará os treinos da pausa de inverno em... Gerona, na Espanha, de 4 a 11 de janeiro
E amistosos? Contra a Unión Deportiva Llagostera, da terceira divisão espanhola, em 10 de janeiro

Atuações extremamente inconstantes no campeonato passado. Uma defesa que sempre causava calafrios na torcida. Os problemas no Conselho Deliberativo, já habituais nos últimos anos, começando a respingar dentro de campo. Tudo que o Heerenveen queria e precisava era uma temporada mais tranquila do que em 2018/19. Para tanto, a primeira escolha dentro de campo foi um tiro no escuro: está certo que o ex-atacante Johnny Jansen já estava acostumado com o clube, auxiliar técnico fixo que era, mas ele conseguiria comandar uma equipe sólida? Mais do que isso: os reforços que viessem conseguiriam tranquilizar a torcida?

Pois 18 rodadas depois, pelo menos por enquanto, a resposta para essas duas perguntas é um "sim" que os adeptos do Fean reconhecem, alegres. Sim, Jansen treina uma equipe mais sólida - e mais entrosada. A única alteração é nas laterais, com Sherel Floranus se alternando entre a esquerda e a direita, e na meia-direita, com a alternância entre Joey Veerman e Jordy Bruijn. De resto, vários jogadores atuaram em todas as partidas do turno (e na única do returno disputada em 2019). O time da Frísia também se mostra mais seguro na defesa, que é a quarta menos vazada da Eredivisie, só tomando mais gols do que Ajax, AZ e Groningen até aqui.

E muitos reforços que vieram para 2019/20 estão cumprindo o que deles se esperava. Prova disso é o ataque: Chidera Ejuke dá na esquerda a velocidade e a habilidade que Mitchell van Bergen já dá na direita, há algumas temporadas. E o dinamarquês Jens Odgaard é o homem-gol que o clube já se acostumou a ter, temporada após temporada. Por isso, o clube vem conseguindo resultados constantes - destaque para uma vitória sobre o vice-líder AZ, fora de casa. Por isso, está firme na disputa por um lugar na zona da repescagem que leva à Liga Europa, só um ponto abaixo. E ao contrário de anos anteriores, a torcida crê que é possível alcançar esses play-offs no returno. Porque o time a aliviou, como ela pedia.

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Parada obrigatória: Heracles Almelo

O Heracles Almelo começou mal? Dessers acalmou, com seus gols. E a equipe alvinegra evolui na Eredivisie (Pro Shots)
Posição: 9º colocado, com 26 pontos
Técnico: Frank Wormuth
Time-base: Blaswich; Breukers (Bakboord), Knoester, Pröpper (Van den Buijs) e Czyborra; Osman, Kiomortzoglou e Merkel; Van der Water (Dabney dos Santos), Dessers e Mauro Júnior
Maior vitória: Heracles Almelo 6x1 VVV-Venlo (13ª rodada)
Maior derrota: Heracles Almelo 0x4 Heerenveen (1ª rodada)
Copa da Holanda: classificado para as oitavas de final, nas quais enfrentará o Vitesse, em 22 de janeiro
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Cyriel Dessers (atacante), com 12 gols
Objetivo do início: vaga nos play-offs pela Liga Europa/meio de tabela
Avaliação: O começo assustou. Mas o Heracles reagiu, guiado por um dos melhores ataques do campeonato, e mostra condições de ir além na segunda metade da temporada
Fará os treinos da pausa de inverno em... Cádiz, na Espanha, de 4 a 10 de janeiro
E amistosos? Contra o Borussia Mönchengladbach-ALE, em 7 de janeiro, e contra adversário ainda não divulgado, em 9 de janeiro

A primeira rodada assustou a torcida do Heracles Almelo sobre as perspectivas da equipe no Campeonato Holandês: em casa, uma goleada inapelável sofrida para o Heerenveen (4 a 0). Ficaria pior: nas quatro primeiras rodadas da Eredivisie, nenhum triunfo dos Heraclieden, só dois gols marcados. E o mais desalentador: era visível que a equipe tinha algum talento, não era indefensável, estava (em tese) no lugar errado dentro da tabela. Só era necessário ter paciência pelos resultados - e claro, esperar que eles viessem rápido. Pois vieram. Melhor ainda: a partir da quinta rodada, começou uma sequência altamente positiva para o clube de Almelo. Entre a 5ª e a 11ª rodadas, só uma derrota - e só um empate.

De resto, só vitórias. Que impulsionaram o time para onde suas perspectivas eram mais previsíveis: na disputa por um lugar na repescagem da vaga na Liga Europa. De certa forma, refletia a maior firmeza na defesa: enquanto o goleiro Janis Blaswich quase sempre era garantia de firmeza, sendo destaque em bons resultados, a zaga enfim se estabilizou. Com isso, o ataque trazia a garantia de evolução para o Heracles Almelo. Claro, Cyriel Dessers era o destaque na frente: com a chance que sempre quis para ser titular (e nunca tivera no Utrecht), o atacante nigeriano nascido na Bélgica virou o homem-gol - marcou 12 vezes, sendo o goleador do campeonato. Mas nem só de Dessers vivia o time, embora ele fosse o destaque óbvio: o brasileiro Mauro Júnior mostrava a velocidade e a habilidade esperadas, Silvester van der Water mostrava precisão nos chutes colocados, até mesmo os meio-campistas ajudavam - nas figuras de Orestis Kiomortzoglou e Alexander Merkel, não raro sendo "homens-surpresa".

E de certa forma, os resultados no fim de 2019 indicam que o Heracles ainda pode melhorar. Na Eredivisie, uma sequência invicta de quatro rodadas - duas vitórias, dois empates. Na Copa da Holanda, a equipe segue rumo às oitavas de final. A distância da zona da repescagem por vaga na Liga Europa ainda é plenamente acessível: só três pontos separando o time dela. Com os gols de Dessers, a habilidade de Mauro Júnior e o crescimento constante, sobram razões para a torcida acreditar que, de novo, o Heracles Almelo pode buscar uma vaga em competição europeia, pela segunda temporada seguida.