terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Parada obrigatória: Zwolle

Lennart Thy se destacou no Zwolle desde o começo; o goleiro Zetterer (de preto) o abraça destacando isso. Ambos precisam continuar bem para a equipe se salvar (BSR Agency)
Posição: 15º colocado, com 16 pontos
Técnico: John Stegeman
Time-base: Zetterer (Mous); Van Wermeskerken, Lachman, Lam (Kersten) e Paal; Hamer, Dekker (Saymak) e Clement (Bel Hassani); Van Crooij (Ghoochannejhad), Thy e Johnsen
Maior vitória: Zwolle 6x2 RKC Waalwijk (6ª rodada)
Maior derrota: Zwolle 0x4 PSV (8ª rodada) e Heracles Almelo 4x0 Zwolle (11ª rodada)
Copa da Holanda: eliminado na segunda fase, pelo Fortuna Sittard
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Reza Ghoochannejhad (atacante), com 6 gols
Objetivo do início: escapar do rebaixamento/meio de tabela
Avaliação: a situação dos "Dedos Azuis" é muito difícil, mas algum nível técnico no ataque e vitórias contra rivais diretos ainda mantêm a equipe fora da zona de repescagem/rebaixamento. Com isso, segue a paciência. Pelo menos, por enquanto
Fará os treinos da pausa de inverno em... Mijas, balneário na Espanha, entre 5 e 11 de janeiro
E amistosos? Haverá durante a viagem a Mijas, mas nem adversário nem data foram revelados

Há pelo menos algumas temporadas, o Zwolle mostra queda. Ora sempre bordeja perigosamente a zona de repescagem/rebaixamento, ora fica no meio de tabela, mas nunca mais se aproximou do desempenho de anos como 2014, quando ganhou a Copa da Holanda - estando, pois, nas fases preliminares da Liga Europa. E pelo menos no começo do campeonato, o perigo de estacionar nas três últimas posições foi real para os Zwollenaren: três derrotas nos três primeiros jogos, o primeiro ponto só na quarta rodada (com um empate), e o triunfo só na quinta rodada. Pelo menos, quando a vitória veio, foi sobre outra equipe que tem como objetivo tentar escapar do rebaixamento: o Emmen (3 a 1).

E de certa forma, foi este o mérito do time azul e branco: contra os concorrentes diretos na tentativa de fugir da queda, o desempenho foi razoável. Contra o lanterna RKC Waalwijk, goleada de virada na rodada seguinte - perdia por 2 a 1 e virou para 6 a 2, com quatro gols do iraniano Reza Ghoochannejhad, estreando justamente naquela partida. Contra o ADO Den Haag, em penúltimo lugar, outro triunfo: 3 a 1. Fortuna Sittard, algumas posições acima? Também derrotado: 3 a 1. E justamente no último jogo do primeiro turno, contra o VVV-Venlo, mais três pontos utilíssimos: 2 a 1, fora de casa. Grande parte dessas vitórias vieram pela relativa qualidade do meio-campo e do ataque do Zwolle: nomes como Lennart Thy, Dennis Johnsen, Pelle Clement, Mustafa Saymak e Iliass Bel Hassani ajudaram a manter o time em posição de permanência na elite - e podem ajudar ainda mais.

Há problemas, obviamente. Se o Zwolle consegue os pontos que precisa contra a concorrência direta, raras vezes obtém aquelas vitórias surpreendentes, sendo presa fácil para os grandes - contra o PSV, por exemplo, levou 4 a 0 em casa e 4 a 1 em Eindhoven. Além do mais, houve problemas no gol: Xavier Mous decepcionou, perdendo a titularidade na reta final do turno para o alemão Michael "Zetti" Zetterer. E a eliminação na Copa da Holanda poderia ter sido evitada. Contudo, por enquanto, a torcida e a diretoria ainda toleram o que a equipe faz sob o comando de John Stegeman. Até porque, se o objetivo é ficar na Eredivisie, ele está sendo cumprido. A ver como fica o ambiente e a pressão se as coisas piorarem quando 2020 começar.


segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Parada obrigatória: VVV-Venlo

Linthorst (à frente) teve um pouco de destaque, mas o VVV-Venlo precisará de bem mais para fugir das últimas posições (Pro Shots)
Posição: 16º colocado, com 15 pontos
Técnico: Robert Maaskant (até a 13ª rodada) e Jay Driessen (interino, entre a 14ª e a 18ª rodada - Hans de Koning assume a partir de 1º de janeiro)
Time-base: Kirschbaum; Pachonik, Röseler, Kum e Janssen; Van Ooijen, Linthorst e Neudecker (Post); Sinclair (Yeboah), Soriano e Wright.
Maior vitória: VVV-Venlo 3x1 RKC Waalwijk (1ª rodada)
Maior derrota: Heracles Almelo 6x1 VVV-Venlo (13ª rodada)
Copa da Holanda: eliminado na primeira fase, pelo RKSV Groene Ster (quarta divisão)
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Peter van Ooijen (meio-campista/atacante), com 5 gols
Objetivo do início: escapar do rebaixamento/ficar no meio da tabela
Avaliação: O técnico anterior saiu, os destaques também, e o time de Venlo ficou à deriva no primeiro turno. Pelo menos, às vezes consegue algumas vitórias, que o fazem sonhar em subir para se segurar na primeira divisão.
Fará os treinos da pausa de inverno em... Venlo, mesmo
E amistosos? Contra o Kortrijk-BEL, em 10 de janeiro

De certa forma, o VVV-Venlo sofreu do mesmo mal que o ADO Den Haag, uma posição abaixo da dele: os destaques da temporada passada se foram, e a equipe estava despreparada para a vida após eles. Aliás, nem mesmo o técnico ficou: conhecido por ser o arquiteto de um esquema pouco técnico, defensivo, mas que fez dos Venlonaren ossos duros de roer (ainda mais no gramado sintético de De Koel, o estádio do clube), Maurice Steijn tomou o caminho do Al Wahda, dos Emirados Árabes - time que já o demitiu, aliás. Mais tragicômica ainda foi a perda de Peniel Mlapa: o atacante alemão de ascendência togolesa havia sido emprestado na temporada 2018/19, pelo Dynamo Dresden germânico. Mlapa foi o artilheiro do VVV na temporada, foi comprado em definitivo para 2019/20... mas o Al-Ittihad, outro clube emiratense, chegou com um lucrativo contrato de dois anos, sendo imediatamente revendido e frustrando o clube holandês.

Restou apostar em quem chegava - na maioria das vezes, vindo de graça após fim de contrato, como Elia Soriano, Haji Wright e Lee Cattermole (este, transferência alternativa, após tanto tempo de Sunderland no Campeonato Inglês). E os três atacantes - Soriano, Haji Wright e Jerome Sinclair, mais o "reserva-titular" Yeboah - nem fizeram tão feio. O problema foi a fragilidade defensiva: afinal, tratou-se da pior defesa do Campeonato Holandês na primeira metade, com 44 gols sofridos. Fora de casa, a equipe mostrou fragilidade: só uma vitória. Entre a 7ª e a 13ª rodadas, sete derrotas seguidas. Pior ainda: na Copa da Holanda, foi o único da divisão de elite a ser eliminado por um clube amador, nos pênaltis. E por fim, a goleada do Heracles Almelo (6 a 1, na 13ª rodada) foi o ponto final do técnico Robert Maaskant em Venlo.

Restou colocar o interino Jay Driessen para conduzir o resto de 2019 sem problemas, enquanto os raros destaques - os remanescentes Peter van Ooijen e Evert Linthorst, mais o citado Soriano - tentavam alguma coisa em campo. Deu certo na primeira rodada após a demissão de Maaskant: uma vitória por 2 a 1 sobre o Twente. De quebra, na 16ª rodada, num duelo relativamente direto, o time perturbou o Emmen, algumas posições acima, ao fazer 2 a 0. Todavia, de resto, foram três derrotas. A sorte é que a região inferior da tabela está com equilíbrio, e tanto ADO Den Haag quanto RKC Waalwijk ainda estão piores. Caberá à equipe aurinegra tentar se firmar em campo, sob o comando de Hans de Koning, para buscar a reação que ainda é possível, rumo à permanência na Eredivisie.

domingo, 29 de dezembro de 2019

Parada obrigatória: ADO Den Haag

O ADO Den Haag vive sérias dificuldades em campo e fora dele - e o desânimo dificulta ainda mais a recuperação (Laurens Lindhout/adodenhaag.nl)

Posição: 17º colocado, com 13 pontos
Técnico: Alfons "Fons" Groenendijk (até a 15ª rodada) e Dirk Heesen (interino, entre a 16ª e a 18ª rodadas - Alan Pardew assume a partir de 1º de janeiro)
Time-base: Koopmans; Van Ewijk, Beugelsdijk, Pinas e Meijers; Bakker, Immers e Goossens; Summerville, Necid e Hooi (Malone)
Maior vitória: RKC Waalwijk 0x3 ADO Den Haag (4ª rodada)
Maior derrota: Ajax 6x1 ADO Den Haag (18ª rodada)
Copa da Holanda: eliminado na primeira fase, pelo Fortuna Sittard
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Tomas Necid (atacante), com 6 gols
Objetivo do início: meio de tabela/vaga nos play-offs pela Liga Europa
Avaliação:  Como se temia, as perdas na janela de transferências foram decisivas para a piora do time auriverde de Haia. Em crise dentro e fora de campo, a equipe está em queda livre - e preocupante
Fará os treinos da pausa de inverno em... Alhaurín, balneário na Espanha, entre 4 e 10 de janeiro
E amistosos? Contra o Noordwijk, da terceira divisão holandesa, em 6 de janeiro, e contra o Hoffenheim-ALE, em 9 de janeiro

Diante da razoável temporada passada, se esperava que o ADO Den Haag conseguisse manter um nível técnico que lhe possibilitasse passar o Campeonato Holandês no meio da tabela, sem muitos problemas, como era habitual nas temporadas recentes. Entretanto, a esperança tinha um sério golpe: as saídas de Sheraldo Becker e Nasser El Khayati, os principais destaques técnicos da equipe de Haia nos últimos anos - principalmente El Khayati, que deixou o time privado de sua habilidade ao rumar para o Qatar SC. Foi como se as duas saídas dessem a partida para uma espiral de erros que jogou o Den Haag para as últimas posições do campeonato, no primeiro turno.

Em campo, o que se viu foi uma defesa que até é menos frágil do que os concorrentes diretos para escapar do rebaixamento - mas faz isso a partir de alguma violência no miolo de zaga, enquanto o gol sofreu com indefinições (o titular e veterano Robert Zwinkels se lesionou, dando lugar a Luuk Koopmans). Já no ataque, as ausências de Becker e El Khayati tiveram seus preços: o segundo pior ataque da Eredivisie, previsível, com poucas variações de jogo. Os raros destaques estiveram no jovem Crysencio Summerville, aproveitando bem as chances no empréstimo antes de voltar ao Feyenoord, e em Tomas Necid, um pouco mais confiável na finalização. Pior: um time sem a menor imposição em casa - foi o segundo pior mandante da primeira metade do campeonato.

Se dentro de campo a situação foi ruim, fora foi igual: de novo, a United Vansen, empresa chinesa que comanda o clube, ficou sob críticas da torcida. Nesse caso, sobrou para o diretor técnico Jeffrey van As, demitido. E em campo, após os maus resultados (incluindo a queda na Copa da Holanda), ficou claro que o técnico "Fons" Groenendijk já não conseguia mais achar jeitos de mudar a situação. Também perdeu o emprego. O ADO Den Haag terminou 2019 sem vencer há sete jogos, despencando para a penúltima posição - agora, também rebaixando seu ocupante. No jogo derradeiro do ano pela Eredivisie, foi presa facílima para o Ajax, que fez 6 a 1 e poderia ter feito mais. Restará ao técnico inglês Alan Pardew chegar para, em seis meses, ajudar a equipe verde e amarela a se recompor em campo, e reverter o péssimo clima com que o ano termina.

sábado, 28 de dezembro de 2019

Parada obrigatória: RKC Waalwijk

O RKC Waalwijk ainda encara sérias dificuldades, brigará para não cair... mas nomes como Spierings (à esquerda) fazem crer que o time não se renderá sem luta (BSR Agency)

Posição: 18º colocado, com 11 pontos
Técnico: Fred Grim
Time-base: Vaessen; Gaari, Mulder (Meulensteen), Delcroix e Bakari; Rienstra, Spierings e Leemans; Tahiri (Maatsen), Vente (Sow) e Bilate
Maior vitória: RKC Waalwijk 3x0 Twente (18ª rodada)
Maior derrota:  Zwolle 6x2 RKC Waalwijk (6ª rodada)
Copa da Holanda: eliminado na primeira fase, pelo Heracles Almelo
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Melle Meulensteen (zagueiro), Stijn Spierings (meio-campista), Clint Leemans (meio-campista) e Sylla Sow (atacante), todos com 3 gols
Objetivo do início: escapar do rebaixamento
Avaliação: pelo lado ruim, os Católicos estão na lanterna. Pelo lado bom, a situação já foi bem pior. O time terminou o primeiro turno crescendo de produção, e pode sonhar em escapar da zona de queda, já que a distância para os adversários encurtou
Fará os treinos da pausa de inverno em... Guia, cidade na região balneária do Algarve, em Portugal
E amistosos? Fará um, contra o Servette-SUI, durante os treinos em Guia

Diante do acesso conquistado de maneira tão emocionante contra o Go Ahead Eagles, na repescagem (o time tomou 4 a 3 aos 89', e ainda conseguiu virar o jogo para 5 a 4, nos acréscimos), o RKC Waalwijk já voltava à Eredivisie após cinco anos sem que a torcida pudesse exigir muito. Primeiramente, pelo tamanho da alegria com a subida à primeira divisão - tão grande que gerou até documentário, "Het Mirakel van Deventer" ("O milagre de Deventer" - quem quiser se arriscar a ver, mesmo sem entender holandês, está aqui). Segundo, porque os Católicos davam a impressão de ter uma equipe fragílima, desde sempre condenada à queda.

Principalmente por causa da defesa ruim, muito ruim. Às vezes, resultados que poderiam ser excelentes eram entregues pela fragilidade da zaga - foi assim na 6ª rodada, quando o RKC vencia o Zwolle fora de casa, por 2 a 1, mas permitiu a virada para 6 a 2. Os problemas eram tamanhos que faziam até os defensores brigarem entre si (o goleiro Etiënne Vaessen e o zagueiro Paul Quasten discutiram duro, na queda por 2 a 1 para o Vitesse, na 8ª rodada). Mas, lentamente, era possível notar algum talento em gente como Stijn Spierings, Anas Tahiri e Sylla Sow. O que rendia boas atuações, como no 3 a 3 contra o Twente - incluindo um golaço de Tahiri, um minuto de troca de passes do RKC. E também atuações valorosas contra os três grandes: chegou a abrir o placar contra o PSV antes de tomar a virada (3 a 1, na 5ª rodada), só levou o 2 a 1 do Ajax no fim (10ª rodada), chegou a estar com 2 a 0 na frente do Feyenoord antes de levar o 3 a 2 fora de casa (13ª rodada).

Mesmo com o esforço, não adiantava: com 11 rodadas, o time tinha a pior campanha de um lanterna na história do Campeonato Holandês, com somente um ponto ganho. Algo que começou a mudar na rodada seguinte: em casa, o time fez 2 a 0 no Heracles Almelo, enfim vencendo. Com os atacantes crescendo e as quedas de outros clubes (ADO Den Haag e VVV-Venlo), a esperança de deixar a lanterna foi crescendo. Vieram outras vitórias, contra Utrecht e Twente. E mesmo que o time siga na última posição, só está a quatro pontos de subir à posição que ainda dá a "segunda chance" na repescagem. A situação é difícil, mas o RKC sabe: pode reagir. Já teve a mostra disso quando subiu.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Em 2019, a Holanda reaprendeu a sonhar no futebol

Nada relativo ao futebol holandês ganhou muitas coisas em 2019, mas só ter novamente o direito de sonhar já serviu para o ano ser comemorado. E o Ajax simbolizou isso, na Liga dos Campeões (Stuart Franklin/Getty Images)
Ao contrário do que possa parecer, ganhar no futebol nunca foi item de primeira necessidade para os Países Baixos/Holanda, mesmo que tenham ficado no quase após três finais de Copas do Mundo masculinas e que vários clubes sejam campeoníssimos continentais. No cenário atual do futebol mundial, inclusive, já estavam relativamente habituados e tranquilos com o papel coadjuvante a que o país foi relegado: uma aparição boa em Copa aqui, uma boa geração ali, e tudo bem. Claro, haveria alguma nostalgia do que se viveu entre os anos 1970 e 1990, mas futebol não é tudo na vida. 2019 mudou isso: serviu para relembrar ao mundo o tamanho da tradição holandesa no futebol. Só por isso, já foi um ano positivamente marcante. Como havia muito tempo, muito mesmo, o país não vivia. E parecia que não seria assim. 

Tomemos como exemplo o Ajax, tão falado neste ano que se aproxima do fim. Certo, o clube de Amsterdã já fora elogiado por atuações destemidas na fase de grupos da Liga dos Campeões da temporada 2018/19 (como esquecer aquele 3 a 3 divertido com o Bayern de Munique, ainda nos grupos?). Todavia, a equipe teve atuações inconstantes nos amistosos da pausa de inverno na Florida Cup, contra São Paulo e Flamengo. Quando o Campeonato Holandês voltou para valer, os Ajacieden tiveram alguns resultados decepcionantes no começo do ano. A goleada sofrida para o Feyenoord - 6 a 2, na 19ª rodada da Eredivisie -, a derrota para o Heracles Almelo - 1 a 0, duas rodadas depois... parecia que seria impossível alcançar o PSV na disputa do título. Pior: parecia que o Ajax sequer poderia sonhar em superar o Real Madrid, nas oitavas de final da Liga dos Campeões.

Aí, chegou o dia 16 de fevereiro, com o jogo de ida das oitavas. E o Ajax... impressionou. Perdeu por 2 a 1 para o Real Madrid, em casa, mas foi valoroso, desafiou o Real, sonhou em ganhar o jogo. A torcida reconheceu o esforço na Johan Cruyff Arena, e ficou com a impressão esperançosa: quem sabe não era possível mostrar a mesma valentia em campo, com a bola nos pés, na volta, em 5 de março? Pois o Ajax fez mais: lavou a alma de quem acompanhava futebol na Holanda sem torcer por time algum, lavou mais ainda a alma de seus torcedores, fez o mundo se lembrar do velho e bom "Totaalvoetbal" com os 4 a 1 que pespegou em pleno Santiago Bernabéu, levando-o às quartas de final da Champions pela primeira vez desde 2002/03.

A partir dali, passou-se a prestar atenção no que ocorria em Amsterdã. Independentemente de "Futebol Total" ou não, o Ajax vivia aquele momento mágico que todo time sonha em viver: o "embalo", quando as peças se encaixam, os jogadores se entrosam e um time se fortalece demais. Sob Erik ten Hag, brilhavam Matthijs de Ligt, Daley Blind, Frenkie de Jong, Lasse Schöne, Donny van de Beek, David Neres, Hakim Ziyech, Dusan Tadic. Seria suficiente para superar outro gigante europeu, a Juventus, nas quartas de final? Pois foi. Na ida, em Amsterdã, desempenho até melhor do que contra o Real Madrid: 1 a 1, deixando novamente a otimista impressão de que era possível. E foi: em Turim, no dia 17 de abril, outra atuação para a história, com a comovente e brilhante virada por 2 a 1 que levou os Ajacieden às semifinais.

Aí, veio o Tottenham. A vitória na conta do chá, no jogo de ida em Londres, em 30 de abril, foi encarada com cuidado: afinal, nada impedia que os Spurs revertessem a vantagem em Amsterdã. Em 8 de maio, numa noite inesquecível, o 2 a 0 aberto no primeiro tempo fez parecer que o conto de fadas reabilitador do Ajax no mundo do futebol continuaria. Aí, Maurício Pochettino mudou o estilo do Tottenham, para buscar a difícil virada na força física. Lucas Moura fez os grandes 45 minutos de sua vida, concluindo com o dramático gol, no último segundo de acréscimos. E o Tottenham frustrou os Amsterdammers, conseguindo uma história tão heróica quanto a do Ajax. Vexame? Pipocada? Jamais se falou isso em Amsterdã: mesmo com o triste desfecho, "orgulho" segue descrevendo como a torcida ficou feliz ao ter o direito de voltar a sonhar. Até porque, na Eredivisie, o sonho virou realidade, com o time superando o PSV na reta final para ser campeão após cinco anos, e ainda levando a Copa da Holanda, de lambuja.

A seleção feminina da Holanda já vinha em crescimento notável antes da Copa, mas poderia dar o salto necessário para ser realmente respeitada como uma equipe capaz de façanhas? Sim, ela poderia... (Getty Images)
Assim como o Ajax simbolizou o retorno da esperança ao futebol holandês, a seleção feminina também já trazia previamente um otimismo em torno do que poderia fazer na Copa do Mundo. Afinal de contas, ainda estavam frescas na memória as cenas extasiantes da apoteótica conquista da Euro 2017. Entretanto, desempenhos ruins na amistosa Copa Algarve deixavam dúvidas sobre até onde poderia ir o embalo da geração de jogadoras que mudou a cara do futebol feminino nos Países Baixos. Nem mesmo atuações categóricas nos amistosos - 2 a 0 no México, 7 a 0 no Chile, 3 a 0 na Austrália - davam tranquilidade. 

Sim, a Holanda tinha um time pronto para fazer boa campanha. Mas essa boa campanha iria longe na França? Pelo menos no começo, tudo bem. Com a massa laranja invadindo a vizinha França, as atuações foram melhorando. Riscos de decepção foram controlados nas vitórias contra Nova Zelândia e Camarões, uma primeira mostra de real valor no triunfo sobre o Canadá, mas só o mata-mata da Copa feminina daria ao mundo a verdadeira ideia do que a Holanda podia fazer. A primeira prova já foi forte, com a emocionante vitória sobre o Japão, algoz nas oitavas de final em 2015. 

Mas a partir dali viriam os dois jogos que transformaram definitivamente a seleção feminina da Holanda em força mundial. Se alguns nomes decepcionavam, como Shanice van de Sanden (previsível no estilo de jogo) e Lieke Martens (além de lesionada, sem achar jeito de escapar da marcação), outros cresciam, como Vivianne Miedema, Jackie Groenen e Sari van Veenendaal, sob o comando sereno e firme de Sarina Wiegman. Com elas, as Leoas Laranjas rugiram alto, mais alto do que seleções badaladas como França ou Inglaterra. Superaram a Itália nas quartas, para garantirem vaga nas semifinais e no torneio olímpico que virá em Tóquio-2020. Superaram a Suécia nas semis, chegaram à final da Copa e deram a certeza: trata-se de uma geração de mulheres especiais, que mudou a feição do futebol feminino em seu país natal. Tentaram ganhar dos Estados Unidos na decisão, mas um erro começou a abrir o caminho do título norte-americano. Tudo bem: o respeito que ganharam é definitivo. E continua sendo fortalecido, com a campanha perfeita até aqui nas eliminatórias da Euro 2021.

A seleção masculina ainda tem coisas a corrigir, e sofreu duros golpes com as baixas de Memphis Depay e Blind. Mas... sim, a Holanda voltou, enfim (BSR Agency)
Na seleção masculina, também chegou a haver algumas dúvidas sobre sua capacidade, após a derrota por 3 a 2 para a Alemanha em casa, nas Eliminatórias da Euro 2020. Dúvidas sobre alguns dos escalados de Ronald Koeman. Dúvidas sobre o que a Laranja poderia fazer, nas fases finais da Liga das Nações. Pouco a pouco, as dúvidas foram sendo respondidas. Na Liga das Nações, mesmo sob o cansaço do fim de temporada, a Holanda conseguiu chegar à final. 

Outra derrota, para a experiente seleção de Portugal. Mas a sensação era positiva, o caminho continuava aberto. E uma vitória categórica sobre a Alemanha - 4 a 2 em setembro, nas Eliminatórias da Euro, em Dusseldorf, primeiro triunfo da Oranje sobre os alemães fora de casa desde 2002 - deixou claro: a Holanda voltaria ao centro do palco. Certo, há problemas a serem corrigidos. Seguem algumas contestações sobre os nomes titulares de Koeman na equipe. As partidas derradeiras que deram a vaga na Euro 2020 mostraram alguns problemas, bem como uma Laranja pragmática demais, em dificuldades contra adversários bem fechados na defesa. Mas... sim, é possível dizer que a Holanda voltou, como muito se esperava.

Ter sonhado não significa, nem de longe, que 2019 terminou com um tom alegre para o futebol nos Países Baixos. Afinal, nenhuma das quimeras descritas aqui - o Ajax, a seleção feminina, a seleção masculina - teve o fim desejado, com vários carrascos: Lucas Moura, Megan Rapinoe, Gonçalo Guedes... Já na temporada 2019/20, o Ajax decepcionou na Liga dos Campeões: com a faca e o queijo na mão para avançar às oitavas de final, novamente foi preso por um adversário bem armado defensivamente, vendo o Valencia surpreender em Amsterdã. Na seleção masculina, uma semana praticamente tirou da Euro Memphis Depay, o grande destaque da seleção sob Ronald Koeman, com o ligamento cruzado anterior do joelho rompido. Além de Memphis, Daley Blind, com problema cardíaco que inspira cuidados, ganhou uma outra prioridade a curto prazo, acima do futebol: sua vida.

Mas se alguns sonhos podem acabar, outros começam. Como o sonho do AZ em voltar a ser campeão holandês, com um elogiável time, Calvin Stengs e Myron Boadu à frente. Como o sonho de Virgil van Dijk, verdadeiro símbolo particular de como o futebol deu motivos para os Países Baixos sorrirem e se divertirem no ano. 

De todo modo, o futebol holandês segue sabendo a arte de sorrir cada vez que o mundo lhe diz não. Em 2019, a Holanda reaprendeu a sonhar no futebol - e só isso já vale demais. No ano que vem é brincar de viver, brincar de jogar. E esperar, quem sabe, pelo final feliz.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Um jogo, um parágrafo, um vídeo: a 18ª rodada da Eredivisie

RKC Waalwijk 3x0 Twente (sexta-feira, 20 de dezembro)

Precisando reagir (vinha de duas derrotas, mais a queda na segunda fase da Copa da Holanda), o Twente começou pressionando: aos 3', Haris Vuckic arriscou, e só o volante Daan Rienstra desviou para escanteio. Só que o RKC já começou a mostrar força em seu estádio fazendo 1 a 0, aos 12': Clint Leemans cruzou, e Anass Tahiri ajeitou antes de finalizar para as redes. Bastou para o time auriazul criar chances e mais chances - sendo a mais perigosa um cabeceio de Mario Bilate, aos 26'. Finalmente, tão logo o segundo tempo começou, veio um segundo gol que já estava demorando: aos 47', Stijn Spierings recebeu de Bilate, e chutou - com desvio, o goleiro Joël Drommel ficou sem chances de defesa. O Twente só deu sinal de vida aos 54', num chute de Rafik Zekhnini, mas o RKC Waalwijk confirmou sua vitória aos 60', com o segundo gol de Spierings. Um triunfo para reanimar o lanterna da Eredivisie - e para preocupar os Tukkers: já são três derrotas seguidas.



Heerenveen 1x1 Heracles Almelo (sábado, 21 de dezembro)

Se o primeiro tempo terminou sem gols, foi por demérito do Heerenveen. Chances, o time da Frísia teve, mas não colocou nenhuma bola nas redes. Ibrahim Dresevic mandou um chute sinuoso aos 25', Chidera Ejuke arriscou outro chute aos 29', e nas duas vezes o goleiro Janis Blaswich evitou o gol. Blaswich brilhou ainda mais aos 43': Cyriel Dessers pôs a mão na bola, e o juiz Jochem Kamphuis apitou o pênalti, mas o goleiro alemão do Heracles defendeu a cobrança de Hicham Faik. Se o Heerenveen não fazia, tomou logo no começo do segundo tempo: aos 54', Dresevic perdeu a bola para Dessers, e o belga se isolou como goleador da Eredivisie, fazendo 1 a 0 para os visitantes. Pelo menos, o empate foi rápido: aos 56', Joey Veerman completou para o 1 a 1. Vieram outras poucas chances, mas ficou a igualdade no placar.



Sparta Rotterdam 3x0 AZ (sábado, 21 de dezembro)

O AZ dera um passo à frente em seu sonho de título, ao ganhar o confronto direto com o Ajax na rodada passada. Mas neste sábado, bastaram cinco minutos de jogo em Het Kasteel para que o time de Alkmaar soubesse que seria difícil obter a vitória: Ragnar Ache ficou cara a cara com Marco Bizot após passe em profundidade, o goleiro do AZ o agarrou fora da área, e já levou o cartão vermelho mais precoce da história dos Alkmaarders na Eredivisie. O goleiro reserva Rody de Boer substituiu Dani de Wit, foi a campo, e levou o primeiro gol do Sparta aos 18', num belo chute de Adil Auassar. Aos 29', Bryan Smeets aproveitou sobra de bola espirrada por Jordy Clasie, driblou De Boer e fez 2 a 0. Só então os visitantes de Alkmaar tentaram algo, com Teun Koopmeiners (aos 29') e Owen Wijndal (aos 53'). Todavia, já no segundo tempo, veio o terceiro gol: aos 53', Clasie cometeu pênalti em Smeets, e Halil Dervisoglu converteu a cobrança: 3 a 0. Decepção para o AZ - poderia até ter sido pior: Auassar mandou bola na trave -, vitória comemorada pelo Sparta para celebrar a memória do poeta Jules Deelder (1944-2019), falecido nesta semana, torcedor fanático do clube.



PSV 4x1 Zwolle (sábado, 21 de dezembro)

Após semana tão traumática (derrota para Feyenoord, demissão de Mark van Bommel...), o PSV até começou pressionando o Zwolle. Mas uma tremenda falha de Daniel Schwaab abriu o caminho para o Zwolle fazer 1 a 0, aos 12': o zagueiro alemão tocou a bola para o meio... onde Mustafa Saymak estava, livre para dominar, chegar mais perto da área e bater no canto esquerdo. Pelo menos, para os Boeren, o empate foi rápido: já aos 18', Jorrit Hendrix pegou a bola, tabelou com Steven Bergwijn, entrou na área e chutou forte e cruzado para empatar. O time da casa aumentou a pressão, e veio a virada, aos 26', em grande estilo: Mohamed Ihattaren fez um golaço, em chute colocado, na entrada da área, no ângulo do goleiro Michael Zetterer. Ainda assim, o Zwolle buscou voltar a empatar - Lars Unnerstall salvou o PSV aos 25', em chute de Saymak, e aos 35', quando Pelle Clement foi quem arrematou. Mas no segundo tempo, o time de Eindhoven resolveu de vez sua vitória logo no começo: aos 51', seis minutos após vir a campo, Bruma resolveu bate-rebate na área fazendo 3 a 1. Os Zwollenaren estavam batidos. E ficariam mais ainda com outro golaço: aos 72', Cody Gakpo driblou três, entrou na área e completou no contrapé de Zetterer para o quarto gol. Vitória e volta ao 3º lugar: um pouco mais de calma aos Boeren para terminar 2019.



Willem II 0x0 Fortuna Sittard (sábado, 21 de dezembro)

Jogando em casa, na última rodada para encerrar um ótimo 2019 - com final de Copa da Holanda e vitórias sobre PSV e Ajax -, o Willem II... decepcionou. Só uma grande chance em todos os 90 minutos: aos 61', Mike Trésor Ndayishimiye arriscou o chute, mas o goleiro Alexei Koselev evitou o gol com os pés. Pelo menos para os Tricolores, o Fortuna Sittard também negou fogo em Tilburg: só foi mais ousado no segundo tempo - principalmente no final: aos 83', Vitalie Damascan quase marcou o gol, de cabeça. De todo modo, nenhum dos dois times fez por merecer o gol, e o 0 a 0 trouxe pouquíssima emoção aos presentes no Willem II Stadion. Azar maior dos donos da casa, que viram o PSV voltar à terceira posição da Eredivisie, um ponto à frente.



Ajax 6x1 ADO Den Haag (domingo, 22 de dezembro)

A não ser pela lamentação do problema cardíaco de Daley Blind, havia um clima agradável de "festa de fim de ano" na Johan Cruyff Arena. O Ajax colaborou com isso, com três titulares pela primeira vez: Ryan Gravenberch, Jurgen Ekkelenkamp e Lassina Traoré. E as chances vieram aos borbotões - só Traoré tentou duas vezes (aos 5' e aos 11'). Contudo, o primeiro gol veio de um velho conhecido, em grande estilo: aos 15', Hakim Ziyech mandou chute colocado, no canto direito do goleiro Luuk Koopmans. Uma leve ameaça do Den Haag - André Onana pegou o chute de Crysencio Summerville aos 23' -, e seguiu a celebração Ajacied. Mais intensa a partir do segundo gol, aos 24': Ziyech cruzou, e Donny van de Beek finalizou de primeira na área. A vitória virou goleada ainda na primeira etapa, com os estreantes marcando: Ekkelenkamp completou cruzamento de Ziyech aos 37', e dois minutos depois, Gravenberch driblou dois e chutou, da entrada da área, no canto direito. Diante de um visitante aturdido, o baile dos Amsterdammers seguiu no segundo tempo. Aos 49', Traoré cruzou para Tadic chutar forte e marcar o quinto. Só faltava o gol de Traoré - e este veio, com o burquinês fazendo 6 a 0 de cabeça. Vieram mais chances (Noa Lang aos 68', Razvan Marin aos 81', o estreante Sontje Hansen aos 83'). Mas o gol seguinte foi o de honra do ADO Den Haag: pênalti convertido por John Goossens nos acréscimos. Nota de rodapé na goleada do Ajax, líder isolado de novo.



Utrecht 1x2 Feyenoord (domingo, 22 de dezembro)

O jogo direto ficou ainda mais importante com os outros resultados: quem ganhasse, ficaria mais perto de Willem II e PSV. O Utrecht começou mais em cima, com chances de Issah Abass (aos 3') e Gyrano Kerk (aos 13'). Mas o Feyenoord se valeu de um golaço para abrir o placar: aos 15', Orkun Kökcü arriscou chute, a 15m de distância, encobriu o goleiro Maarten Paes e acertou o ângulo. A reação dos Utregs foi rápida: já no minuto seguinte, Abass tocou, na saída do goleiro Kenneth Vermeer, e a zaga afastou. No escanteio subsequente, aos 17', veio o 1 a 1: Justin Hoogma subiu sozinho na área, para cabecear e empatar. E o primeiro tempo seguiu agradável e equilibrado. Chance de um lado (Luis Sinisterra tabelou com Nicolai Jorgensen e bateu de primeira, mas Paes espalmou, aos 33') e de outro (Adam Maher fez Vermeer trabalhar aos 37', e Kerk bateu perto da trave aos 44'). Um gol só viria se alguém fizesse a diferença. E Jens Toornstra fez, no começo da etapa final: aos 50', Toornstra pôs o Feyenoord na frente com outro golaço - um chute de bate-pronto, no ângulo esquerdo. Só restou ao Utrecht tentar: Sean Klaiber mandou a bola na trave aos 61', e Vermeer quase falhou aos 64' (deixou o chute de Simon Gustafson escapar, mas conseguiu se recompor para tirar a bola antes que ela entrasse). Porém, o Feyenoord também ameaçou: Sinisterra mandou na trave, aos 70'. E a expulsão de Hoogma tirou a força do Utrecht. Sorte do Stadionclub, reagindo na Eredivisie.



Groningen 2x0 Emmen (domingo, 22 de dezembro)

De chute em chute, as equipes tentaram abrir o placar, mas sem trazer muito perigo, falhando na hora de finalizar. Os únicos momentos de mais emoção no primeiro tempo vieram aos 10' (Ajdin Hrustic cobrou falta, e mandou a bola no travessão) e aos 42' (jogada de laterais: Deyovaisio Zeefuik ajeitou, Django Warmerdam bateu rente à trave). Coube a um protagonista resolver as coisas para os donos da casa: Kaj Sierhuis. Logo no começo da etapa complementar, aos 47', Sierhuis fez 1 a 0, aproveitando cruzamento desviado de Joel Asoro para se antecipar à defesa do Emmen e marcar. E aos 72', de cabeça, o atacante completou outra bola cruzada: 2 a 0, para deixar os Groningers próximos do meio da tabela no Campeonato Holandês.



Vitesse 3x0 VVV-Venlo (domingo, 22 de dezembro)

A partida em Arnhem começara sem grandes emoções, e já tinham se passado mais de vinte minutos. Aí, Riechedly Bazoer protagonizou os dois momentos que a animaram de vez - pelo menos, para o Vites. O meio-campista abriu o placar aos 27', num chute forte, de fora da área. E partiu de Bazoer a jogada do segundo gol, aos 30': ele devolveu a bola a Danilho Doekhi, o zagueiro cruzou, e Bryan Linssen completou de cabeça. No segundo tempo, o VVV partiu para tentar a reação. E até estava conseguindo: aos 66', Jerome Sinclair recebeu livre, em condições de chute, mas o goleiro Remko Pasveer salvou o time da casa. E para eliminar qualquer chance que os visitantes de Venlo tivessem, novamente Bazoer apareceu: aos 71', ele cruzou, e Linssen marcou mais um - o VAR chegou a ameaçar anular, pelo autor do gol ter supostamente se escorado num zagueiro para marcar, mas o gol foi validado, e o Vitesse conseguiu uma segunda vitória seguida para encerrar 2019.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Um jogo, um parágrafo, um vídeo: a 17ª rodada da Eredivisie

Heerenveen 1x2 Willem II (sexta-feira, 13 de dezembro)

Demorou pouco para o Willem II mostrar fora de casa que sua vitória surpreendente e merecida sobre o Ajax, na rodada passada, não fora por acidente. Por falha do zagueiro Sven Botman, aos 9', veio o primeiro gol dos visitantes de Tilburg: Botman tentou afastar a bola com um chutão, furou, escorregou, e Vangelis Pavlidis ficou livre para marcar seu nono gol no Campeonato. Ainda assim, o Heerenveen buscou rápido o empate. Poderia ter vindo aos 20', quando Jens Odgaard cabeceou na trave; mas veio aos 22', em outro escanteio - Botman desviou, e Rodney Kongolo completou para as redes. Todavia, aos 43', outra falha defensiva do Fean deu a vantagem aos Tricolores: Sherel Floranus perdeu a bola para Mike Trésor Ndayishimiye, que chegou à área e finalizou para o 2 a 1. Na etapa final, o time da casa até buscou o empate (aos 61', com Chidera Ejuke), mas o Willem II também deu suas estocadas - aos 86', Pavlidis mandou na trave. O sonho e a boa campanha continuam em Tilburg.



ADO Den Haag 1x1 Groningen (sábado, 14 de dezembro)

As aflições do Den Haag eram visíveis antes do jogo (o auxiliar técnico Edwin de Graaf brigou com Donny Gorter durante a semana) e durante (várias faixas no estádio pediam a saída do diretor técnico Jeffrey van As). E do jeito como a partida começou, parecia que o drama do time auriverde continuaria: aos 21', Aaron Meijers falhou, e a bola ficou para Gabriel Gudmundsson colocar o Groningen na frente, com um chute rasteiro. Os visitantes tiveram até chances de ampliar, mas o Den Haag conseguiu o empate antes do intervalo: aos 43', John Goossens cruzou, e Tomas Necid fez o 1 a 1, de cabeça. De quebra, ainda nos acréscimos do 1º tempo, após dividida aérea, Deyovaisio Zeefuik acertou Meijers, o juiz Joey Kooij ouviu o VAR, reviu o lance e expulsou Zeefuik. Porém, no segundo tempo, os Groningers ficaram mais perto da vantagem - aos 62', Kaj Sierhuis acertou a trave, num cabeceio. O Den Haag teve o azar de um gol anulado de Erik Falkenburg, aos 65'. E embora tenha se esforçado, continua em má situação na tabela, na penúltima posição.



Fortuna Sittard 3x2 RKC Waalwijk (sábado, 14 de dezembro)

Entre os dois "jogos dos desesperados" que a rodada trazia, este talvez fosse o de maior desespero. Nem tanto para o Fortuna, mas sim para o lanterna RKC Waalwijk. E os Católicos partiram para tentar a vitória já no começo: aos 8', de cabeça, o zagueiro Hans Mulder colocou os visitantes na frente. Mas se a defesa do Fortuna era fraca, o ataque tinha mais força. E coube ao destaque Mark Diemers empatar logo aos 13', num belíssimo chute, que ainda bateu na trave antes de entrar. Aí, a fragilidade defensiva de ambas as equipes reapareceu. Aos 31', o volante Tesfaldet Tekie falhou na área, Clint Leemans roubou a bola e recolocou o RKC na frente. E ainda na etapa inicial, aos 43', Felix Passlack cabeceou para o goleiro Etiënne Vaessen rebater, só que o zagueiro Hannes Delcroix demorou ao tentar afastar o perigo da área do RKC. Sorte de Amadou Ciss: ele chutou, Vaessen rebateu, e Vitalie Damascan fez 2 a 2 na sobra. Na etapa final, coube ao mesmo Damascan virar o jogo para o Fortuna, aos 58', de cabeça. Os visitantes tentaram buscar o empate, mas nos acréscimos, a expulsão de Darren Maatsen tirou-lhes parte da força. E o Fortuna Sittard conseguiu a vitória, enquanto o RKC fica na última posição, já cinco pontos atrás do penúltimo lugar.



VVV-Venlo 1x2 Zwolle (sábado. 14 de dezembro)

Era outro jogo entre duas equipes ameaçadíssimas pelas últimas posições - aliás, jogo direto: o 16º contra o 15º. E o Zwolle já começou dando uma estocada definitiva, para mostrar que vinha firme: aos 11', após lançamento, Lennart Thy ajeitou a bola para Kenneth Paal fazer 1 a 0, num chute forte, no ângulo. A chance seguinte dos "Dedos Azuis" demorou um pouco, mas quando veio, foi para ser aproveitada: aos 25', o zagueiro Thomas Lam lançou em profundidade, e Pelle Clement apareceu livre para fazer 2 a 0. Só aí o VVV começou a reagir, mas o Zwolle mandava no jogo - e quase ampliou, nos acréscimos, com Vito van Crooij acertando a trave. O domínio dos Zwollenaren seguiu no segundo tempo, mesmo com o goleiro Michael Zetterer trabalhando mais atrás. Só que os mandantes de Venlo tiveram novas esperanças aos 77': dois minutos após entrar pela primeira vez num jogo da Eredivisie, o jovem (17 anos) Aaron Bastiaans diminuiu para 2 a 1, completando cruzamento. Foi dada a partida para o "abafa" final em busca do empate. Mas o Zwolle se segurou, obtendo três pontos valiosos e deixando a zona de repescagem justamente para o VVV-Venlo.



Twente 0x3 Vitesse (sábado, 14 de dezembro)

Com a bola no alto, o Twente já pressionou o Vitesse no começo. Aos 5', Aitor Cantalapiedra falhou ao dominar na área, e o goleiro Remko Pasveer pegou. Na sequência, Aitor foi melhor: dominou lançamento de Javier Espinosa, chutou cruzado, e Pasveer espalmou. Depois, aos 13', Keito Nakamura chutou de longe, para fora. Contudo, se os Tukkers traziam perigo, o Vitesse começou a ficar mais com a bola. Trouxe algum perigo aos 27': Julian Lelieveld cruzou, Nouha Dicko cabeceou, mas errou o alvo. Depois, Keisuke Honda tentou aos 36', num chute de fora, pego pelo goleiro Joël Drommel. O Twente ainda tivera boas chances aos 32' (Nakamura recebeu livre o passe de Aitor, mas Pasveer evitou o gol duas vezes) e aos 40' (num cruzamento de Haris Vuckic, Aitor completou de primeira, para fora). Mas as saídas dos lesionados Nakamura, no ataque, e Xandro Schenk, na zaga, prejudicaram os mandantes. E o Vites cresceu na etapa final. Aos 50', Navarone Foor cobrou escanteio na trave. E aos 51', um "chutão" de Pasveer virou "lançamento" para Bryan Linssen fazer 1 a 0, tocando cruzado. Mais dez minutos, e num contragolpe veloz após falha de Oriol Busquets, Dicko fez 2 a 0. Busquets tentou corrigir o erro aos 64' (grande defesa de Pasveer), mas em outro rápido contra-ataque, Matavz cruzou para Linssen fazer 3 a 0, aos 72', garantindo que o Vitesse voltaria a vencer no Campeonato Holandês, após seis rodadas.



Emmen 2x0 Sparta Rotterdam (domingo, 15 de dezembro)

Em seu estádio, o Emmen primeiro teve de se aguentar contra o Sparta Rotterdam, que teve boas chances - logo no primeiro minuto, Mohamed Rayhi forçou o goleiro Dennis Telgenkamp a se esticar para espalmar seu chute, enquanto Halil Dervisoglu foi quem trouxe perigo, aos 15'. Porém, veio o primeiro pênalti: Marko Kolar foi derrubado por Jürgen Mattheij na área, e Sergio Peña bateu aos 18' para o 1 a 0 dos Emmenaren. Mais alguns minutos, e aos 28', outro pênalti, com o lateral esquerdo Lassana Faye colocando a mão na bola. O VAR pediu a revisão do lance, mas confirmou o penal - e daquela vez, foi Michael de Leeuw que acertou a rede: 2 a 0. Bastou para que os visitantes de Roterdã se acabrunhassem em campo. Na etapa final, o Emmen cresceu, vendo bolas na trave de Michael Chacón (aos 69') e de De Leeuw (aos 84'). E pôde comemorar a vitória que mostra a importância de sua casa: já são seis jogos sem derrota no Oude Meerdijk.



Feyenoord 3x1 PSV (domingo, 15 de dezembro)

O PSV precisava da reação no clássico, até mais do que o Feyenoord. E tentou, no começo, tendo a grande chance aos 15': Ritsu Doan cruzou rasteiro, e Bergwijn ficou livre, mas chutou por cima do gol. O Feyenoord avançava pouco. Só que na primeira chance que teve, aos 19', fez 1 a 0: Luis Sinisterra arrumou jogada que parecia perdida, cruzou, e Steven Berghuis fez manobra arriscada para cabecear às redes. Foi a senha para o Stadionclub se animar em De Kuip. Aos 32', Berghuis pegou na direita, driblou Olivier Boscagli, bateu cruzado, e Lars Unnerstall espalmou para escanteio. Na cobrança, Unnerstall ainda precisou socar a bola para fora. E finalmente, aos 34', o rápido Sinisterra levou o Feyenoord perto do gol: driblou Denzel Dumfries como quis, e só foi parado ao ser puxado. Pênalti marcado, que Berghuis cobrou aos 34' para o segundo gol. Para o segundo tempo, o PSV voltou animado: já aos 48', Malen chutou cruzado, e Vermeer espalmou para escanteio. Todavia, a lesão aparentemente séria que tirou Malen do jogo minou também o ânimo do PSV. E o Feyenoord teve a chance definitiva, aos 64': um chute de Berghuis foi desviado pela mão de Nick Viergever, o juiz marcou pênalti (polêmico), e Berghuis converteu para o 3 a 0. Nem mesmo grandes defesas de Vermeer, nem mesmo o belíssimo gol de Gastón Pereiro (aos 84', o uruguaio driblou Tyrell Malacia e encobriu Vermeer) apagaram o brilho que Berghuis mostrou, na ótima vitória do Feyenoord.



AZ 1x0 Ajax (domingo, 15 de dezembro)

No jogo mais esperado da rodada, coube a Joël Veltman dar a primeira estocada: aos 3', chutou na rede pelo lado de fora. Mas o AZ forçou a marcação por pressão, e começou a trazer perigo aos 6', num cabeceio de Calvin Stengs, que André Onana pegou. Na sequência, Hakim Ziyech passou de calcanhar a Donny van de Beek, mas o chute foi bloqueado por Stijn Wuytens. E o AZ teve a grande chance aos 7': Razvan Marin escorregou, Stengs lançou, e Myron Boadu partiu livre com a bola rumo à área, mas tocou por cima do gol  E a pressão do time da casa aumentou, com chutes de Jonas Svensson (15') e Boadu (38'). Acuado, o Ajax só apareceu com algum perigo aos 36' (Ziyech arriscou de longe, à direita de Marco Bizot) e aos 43', numa triangulação: Edson Álvarez tocou, Klaas-Jan Huntelaar ajeitou, e Van de Beek chutou para fora. Na etapa final, mais cansado, o AZ começou a dar espaço para o Ajax. E aos 57', os Ajacieden quase abriram o placar: Ziyech cruzou, Bizot rebateu, e Wuytens afastou na pequena área. Bizot reapareceu aos 60' (rebateu chute de Ziyech) e aos 77' (evitou gol de Perr Schuurs). Mas, aos poucos, o AZ recuperou fôlego para avançar. Buscou o gol aos 75': num escanteio, a bola passou por Dani de Wit, na pequena área. Aos 85', quando Stengs encobriu Onana, mas Veltman impediu o gol. E no último minuto, Boadu virou o herói: completou escanteio e fez 1 a 0. Era o gol do AZ, da vitória, da pontuação igual à do Ajax . Voltou a emoção à Eredivisie.



Heracles Almelo 1x3 Utrecht (domingo, 15 de dezembro)

O jogo começou com o Utrecht pressionando, tendo como símbolo da pressão o chute de Jean-Christophe Bahebeck na trave, aos 17'. Aí, claro, o Heracles respondeu: Mauro Júnior tentou aos 18', Cyriel Dessers foi impedido em cima da linha aos 35'... e num jogo cheio de chances, coube aos Heraclieden abrirem o placar: aos 40', Mauro Júnior deixou a bola para Orestis Kiomortzoglou chutar forte e rasteiro para o 1 a 0 dos mandantes em Almelo. Só no segundo tempo viria o nome que se destacaria nos Utregs: Bart Ramselaar. Já aos 52', o meio-campista empatou, num chute colocado. Os visitantes aguentaram ainda uma bola na trave de Mauro Júnior, aos 57'. E tiveram a compensação aos 70': Gyrano Kerk se virou para cima da marcação, chutou e virou o jogo. Já nos acréscimos, o gol que confirmou a vitória: aos 90' + 3, buscando o empate, o Heracles teve até o goleiro Janis Blaswich na área. Só que a defesa afastou, o campo estava aberto, e Ramselaar completou para o gol vazio: 3 a 1, triunfo que levou o Utrecht à quinta posição.


quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Liga Europa: o menor foi o melhor

O AZ era o holandês menos falado na Liga Europa. Pois fez por merecer a classificação justa à segunda fase (Ed van de Pol/AZ.nl)
Há não muito tempo, a Liga Europa era o maior torneio que os clubes da Holanda podiam almejar, na realidade atual do futebol - e ainda assim, bem de longe. Aí, em 2018/19, veio o Ajax, fez o que fez... e turbinou as esperanças europeias dos Países Baixos no ludopédio. E é possível dizer que isso influiu no desempenho dos três clubes que estiveram na fase de grupos da Liga Europa desta temporada: todos eles, em algum momento, sonharam com a ida à segunda fase. 

Todavia, por incrível que possa parecer (mas de modo esperado, em vista do desempenho), o AZ foi o clube a realizar o desejo. Mesmo menos conhecido, o time de Alkmaar mostrou mais capacidade técnica e resistência do que PSV e Feyenoord. E irá ao mata-mata, a partir de fevereiro de 2020. A partir de agora, só fica a dúvida se o sonho neerlandês continuará nos torneios continentais, ou se a inevitável queda começará. Afinal, os Alkmaarders foram duramente derrotados no jogo derradeiro do grupo, e terão um adversário dificílimo no sorteio da segunda-feira, venha da Liga Europa (Sevilla, Basel, Arsenal ou Basaksehir) ou da Liga dos Campeões (Red Bull Salzburg, Internazionale ou Benfica). E é inegável que o Ajax preferia continuar na Liga dos Campeões a ter amargado a decepção que amargou, tendo o "prêmio de consolação" da Liga Europa. 

Mas agora, já foi. É hora de avaliar como foram os três participantes holandeses na segunda competição continental de clubes - o Utrecht caiu para o Zrinjski Mostar-BOS, ainda na segunda fase preliminar:

AZ

Primeiro o talento; depois, se necessário, a garra. Pode-se descrever assim a trajetória do AZ nesta Liga Europa. Afinal de contas, desde que o caminho começou, na segunda fase preliminar, ficou claro que o time de Alkmaar tinha talento - principalmente no trio de ataque, com Calvin Stengs, Myron Boadu e Oussama Idrissi cada vez mais entrosados. Assim, o BK Häcken sueco e o Mariupol ucraniano foram superados com relativa facilidade. Mas na hora dos play-offs por um lugar na fase de grupos, a dureza contra o Royal Antwerp, da Bélgica, foi grande. Para começo de conversa, a partir dali, os Alkmaarders tiveram de mandar o jogo em Haia, após a queda de parte da cobertura do AFAS Stadion. Além do mais, o ataque fazia muitos gols, mas também perdia outros tantos. Depois, com o 1 a 1 na ida, tiveram de decidir em Antuérpia. E perdiam a vaga, com o 1 a 0 do Antwerp, mesmo com um homem a mais. Aí entrou a garra: no minuto final, de tanto martelar, Stengs empatou. E na prorrogação, o time deslanchou rumo aos 4 a 1 que os pôs nos grupos da Liga Europa.

O sorteio parecia difícil: com o Manchester United como favorito destacado do grupo L, restaria aproveitar as chances e ganhar cada ponto necessário contra Astana-CAZ e Partizan-SER. Aí, o AZ se valeu de uma equipe embalada nesta fase inicial da temporada. Já não era só o trio de ataque: era o meio-campo firme, com Teun Koopmeiners como destaque, e uma zaga segura, com o goleiro Marco Bizot brilhando. Contra o Astana, nem houve tantos problemas: foram duas goleadas contra o time do Cazaquistão - 6 a 0 em Haia, na terceira rodada, 5 a 0 no Cazaquistão, na quarta. Ao receber o Manchester United em Haia, com os Diabos Vermelhos em crise, um 0 a 0 que poderia ter sido vitória, na segunda rodada. Mas foi contra o Partizan que o AZ mostrou por quê mereceu tanto a classificação. Estreando fora de casa, em Belgrado, ia melhor e fizera 1 a 0 com Stengs. Aí, Jonas Svensson foi expulso, e Natcho virou para o time sérvio, diante de um adversário obviamente fechado na defesa. Mas bastou um contra-ataque, para Boadu garantir um ponto valioso: 2 a 2. 

Na quinta rodada, em Haia, a vaga na segunda fase foi até mais emocionante. Com a defesa fragilizada no decorrer da partida (Pantelis Hatzidiakos sofreu séria lesão no joelho, que o tirou do resto da temporada), o Partizan fez 2 a 0 no primeiro tempo, e pareceu passar à frente na disputa da vaga. Para piorar, já na reta final da partida, Boadu foi expulso. Parecia que o AZ teria de buscar a classificação na última rodada, em Old Trafford, contra o United. Aí, de repente, Ferdy Druijf foi o herói: aos 87' e aos 90' + 3, fez os dois gols que levaram a um eletrizante 2 a 2. Eletrizante e justo: mesmo sendo o menor holandês nos grupos, o AZ foi o melhor do país na Liga Europa.

Do começo promissor ao fim lamentável: que decepção foi o PSV na Liga Europa (AFP)
PSV

Quem viu e quem vê os Boeren... está certo que a eliminação na segunda fase preliminar da Liga dos Campeões já era uma relativa decepção, mas a Liga Europa era acessível à equipe de Eindhoven, mesmo que ela tivesse perdido nomes que fariam (e fazem) falta: Angeliño, Hirving Lozano, Luuk de Jong. Ainda assim, até para chegar aos grupos houve dificuldades. Principalmente na terceira fase preliminar da LE: contra o Haugesund, da Noruega, o gol só veio na ida, com o 1 a 0 de Steven Bergwijn - na volta, um angustiante 0 a 0, com direito a bola na trave do time norueguês no fim (um gol do Haugesund levaria à prorrogação no Philips Stadion).

Aí, aparentemente, o PSV se estabilizou. O alemão Timo Baumgartl virou um razoável parceiro para Nick Viergever, Mohamed Ihattaren provou ser uma revelação no meio-campo, Donyell Malen decolou na temporada, Bergwijn seguiu como o destaque, Kostas Mitroglou e Ritsu Doan foram reforços promissores... e os Boeren passaram com facilidade pelos play-offs, pespegando duas vitórias fáceis no Apollon Limassol (3 a 0 em Eindhoven, 4 a 0 no Chipre) e indo ao grupo C. Mais do que isso: a chave parecia cômoda, com o Sporting-POR sendo o único adversário mais árduo. E o começo foi o melhor possível: um 3 a 2 no Sporting, goleada no Rosenborg norueguês (4 a 1), e a segunda fase já começava a se aproximar. Foi quando começaram os problemas. Sorte do LASK Linz. Na terceira rodada do grupo, em Eindhoven, o time da Áustria viu o PSV falhar nas finalizações, perdendo muitos gols (foram três bolas na trave!), e levou um ponto para Linz com o 0 a 0. 

No meio tempo para a quarta rodada, os Boeren ficaram sem Malen e Bergwijn, ambos lesionados. Restou colocar Bruma e Cody Gakpo para jogarem. Parecia que não haveria problemas, com Schwaab fazendo 1 a 0 em Linz, de pênalti. Contudo, no segundo tempo, a defesa se esfarelou diante do LASK: em quatro minutos (dos 56' aos 60'), dois gols, a virada do time austríaco para 2 a 1, e logo uma goleada - 4 a 1. Diminuíam as chances de classificação, começava uma crise que ainda vitima o PSV. Só uma vitória diante do Sporting, em Lisboa, diminuiria o alarido. Veio uma goleada ainda pior: 4 a 0 dos Leões no estádio José Alvalade, com uma atuação defensiva risível. PSV eliminado (perderia para o LASK Linz no confronto direto, primeiro critério de desempate). Só restou cumprir tabela na última rodada, contra o Rosenborg, em Eindhoven, com mais uma decepção: empate em 1 a 1. A expectativa foi a mãe da decepção.

O Feyenoord foi eliminado, como se esperava. Mas não se entregou sem luta (feyenoord.nl)
Feyenoord

Até que o Stadionclub impressionou positivamente em seu caminho rumo à fase de grupos. Na terceira fase preliminar, diante do Dinamo Tbilisi, da Geórgia, uma ótima atuação na ida (4 a 0, mesmo que a vitória só tenha virado goleada quando o Dinamo ficou com um homem a menos), e o empate suficiente na volta (1 a 1, com alguns sustos defensivos). Nos play-offs, então, ficou ainda melhor: superioridade inquestionável diante do Hapoel Beer Sheva, de Israel: 3 a 0 tanto na ida em De Kuip, quanto na volta, em Berseba. O time que tinha Jaap Stam no banco e tantos no campo - Steven Berghuis, Luciano Narsingh, Sam Larsson, Orkun Kökcü, o retornado Leroy Fer, Jens Toornstra, Nicolai Jorgensen - parecia poder sonhar mais.

O sonho já diminuiu de intensidade ao ver os adversários no grupo G, com Rangers e Porto destacados como favoritos. Diminuiu ainda mais com a péssima estreia: em Glasgow, o Rangers fez 1 a 0 no Stadionclub, diante de uma defesa frágil, e poderia ter feito mais gols. Todavia, das trevas se fez a luz: contra o Porto, muito mais capacitado, a defesa teve sorte, o ataque foi eficiente, Rick Karsdorp se livrou das lesões por um dia para jogar uma das grandes partidas de sua carreira... e o Feyenoord realimentou suas chances de classificação, com um 2 a 0. Porém, a subida precedeu a queda: em Berna, contra o Young Boys suíço, outra vez os defensores Feyenoorders foram de uma ingenuidade irritante. Cometeram dois pênaltis, entregando o 2 a 0 na mão do time aurinegro helvético, ainda no primeiro tempo, com o português Edgar Miguel Ié como bode expiatório. A fragilidade defensiva foi um dos fatores que causaram a demissão posterior de Jaap Stam.

Veio Dick Advocaat, de habitual cuidado defensivo em seus trabalhos. E até que o Feyenoord pôde continuar sonhando. Na quarta rodada, contra o Young Boys, Berghuis abriu o placar de pênalti, mas Marvin Spielmann empatou para os visitantes suíços em Roterdã. Tudo bem, era um ponto. Ruim foi contra o Rangers, também em De Kuip: num primeiro tempo primoroso, o Feyenoord fez 1 a 0 na equipe escocesa e poderia ter marcado mais, mas amargou grande atuação de Alfredo Morelos - o colombiano fez dois gols e virou para 2 a 1 -, restando a Toornstra marcar um gol para outro empate. Se servia de consolo, uma vitória contra o Porto (somada a uma vitória do Rangers sobre o Young Boys) levaria o Feyenoord à segunda fase. E a inconstância apareceu de novo. Em três minutos, os Rotterdammers levaram 2 a 0 do time português no Estádio do Dragão; também em três minutos, empataram, tudo no primeiro tempo; mas as falhas da defesa levaram à derrota por 3 a 2, e à eliminação. Se serve de consolo, poderia ter sido mais vexatório. Pelo menos, o Feyenoord lutou.

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Tudo bem, mas tudo errado

A ineficiência defensiva e a velha dificuldade de sair de seu estilo levaram o Ajax a amargar outra decepção na Liga dos Campeões (ANP)
O Ajax já vinha fraquejando nas rodadas recentes do Campeonato Holandês. Ainda assim, estava com a faca e o queijo na mão para se classificar às oitavas de final da Liga dos Campeões. Tinha condições de ganhar do Valencia, em Amsterdã, para tentar sonhar, quem sabe, em repetir o impressionante desempenho da temporada passada. Só que os Ches estavam preparados para, outra vez, mostrarem: os Ajacieden são facilmente vulneráveis, desde que se tenha uma equipe dedicada na defesa e eficiente no ataque. Foi o que o Chelsea já fizera, no 1 a 0 em Amsterdã nesta fase de grupos. E foi o que os valencianistas fizeram, com a vitória por 1 a 0 que frustrou a torcida na Johan Cruyff Arena, ao despachar os Amsterdammers para a segunda fase da Liga Europa.

Desde o começo da partida, ficou claro que seria um jogo de dois lados relativamente destemidos. O Valencia, com um cabeceio de Rodrigo Moreno que mandou a bola perto do gol, antes mesmo do primeiro minuto. E o Ajax, com um chute de Donny van de Beek que foi bloqueado, logo depois. Entretanto, um dos lados destemidos começou a sofrer: os Ajacieden insistiam, tocavam a bola, mas tinham o espaço bloqueado para passes em profundidade, fracassavam ao tentar acelerar o jogo. Enquanto isso, os visitantes da Espanha mostravam alguma capacidade para perturbar a defesa do time da casa - que até resistia, mas oferecia algum espaço, além de perder divididas perigosas no meio.

Coube a uma dessas divididas originar o gol valencianista, aos 24': Edson Álvarez viu a bola escapar após disputa com Carlos Soler, e a bola sobrou para um dos três dos Ches que poderia fazer algo: Dani Parejo. Este passou a Kevin Gameiro. E mesmo diante de espaço fechado para chutar, o francês teve a inteligência de notar que Rodrigo estava livre na direita da área - e em condição legal, já que Joël Veltman acreditara no chute de Gameiro (o zagueiro assumiu que foi iludido, após o jogo). Aí, Rodrigo bateu no alto, sem chances para Onana. Numa rara chance, o Valencia tinha conseguido o que desejava: a vantagem no placar.

Rodrigo era um dos nomes que poderia levar o Valencia a conseguir a notável vitória. E ele levou, ao ser eficiente e aproveitar uma das únicas chances (BSR Agency)
A partir dali, só interessava aos visitantes continuarem fechando os espaços para o Ajax. E conseguiam isso, graças às atuações estupendas dos quatro nomes da defesa. Nas laterais, Daniel Wass e José Luis Gayà impediam os avanços de Nicolás Tagliafico e Noussair Mazraoui; no miolo de zaga, Gabriel Paulista e Mouctar Diakhaby eram absolutos ao evitarem as tentativas de jogo aéreo. Ficava clara a falta que fazia o lesionado Quincy Promes - ainda mais com a atuação ruim de Noa Lang. Ficava ainda mais clara a dependência de Hakim Ziyech e Van de Beek, os únicos a tentarem coisas na frente, tanto com lançamentos rebatidos como com chutes - como o inesperado arremate de Ziyech, rebatido pelo goleiro Jaume Doménech (substituto do lesionado Jasper Cillessen), aos 37'.

Mas a defesa do Valencia mostrava a dedicação esperada num jogo importante desses - como Gayà provou, na bola que tirou em cima da linha, aos 44'. Ficava claro: o Ajax teria de forçar mais para o empate que o classificaria, diante da vitória do Chelsea sobre o Lille. Até por isso, Sergiño Dest veio a campo para tornar o time mais veloz, após o intervalo. Para isso, no entanto, seguiam faltando chutes a gol. No começo do segundo tempo, Doménech evitou que Dest finalizasse, aos 47'. Um minuto depois, outro chute de Ziyech trouxe perigo, mas saiu sem muito rumo.

Assim seguiu o jogo: o Ajax tinha a bola, procurava espaço, mas o Valencia não o dava. Cada vez menos se arriscava no ataque, mas quando tentou, quase fez com Rodrigo, aos 55', em chute colocado. O tempo se esgotava, os jogadores começavam a ficar nervosos, e o desespero (incomum para os Ajacieden, como mostraram as exageradas tentativas de briga com os jogadores valencianistas) crescia. A ponto de as entradas infrutíferas de Klaas-Jan Huntelaar e Siem de Jong fazerem o time tentar as bolas altas para a área, em busca do empate. Quase deu certo uma vez - por falha de Doménech, quase veio o empate aos 89', mas Daniel Wass afastou a bola da área, e o arqueiro do Valencia se recuperou para defender o chute de Martínez. Um raro chute: o Ajax tocou, tocou... mas bater a gol, mesmo, bateu apenas três vezes em 90 minutos.

E veio a eliminação, premiando o esforço notável e a precisão maior do Valencia na defesa. E mostrando também como o Ajax tem dificuldades quando lhe tiram o espaço em campo. Dificuldades crônicas, para um time tão cioso e tão apegado a um estilo de jogo. O preço a se pagar é suportável: há a Liga Europa com perspectivas razoáveis, há o Campeonato Holandês em disputa... enfim, mesmo que a queda decepcione, segue tudo bem com o Ajax. Mas também ficou tudo errado, com a torcida entristecida pela eliminação desta terça - uma eliminação sentida, mas justificável.

Liga dos Campeões - fase de grupos

Ajax 0x1 Valencia

Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Data: 10 de dezembro de 2019
Árbitro: Clément Turpin (França)
Gol: Rodrigo Moreno, aos 24'

Ajax
André Onana; Noussair Mazraoui (Sergiño Dest), Joël Veltman, Daley Blind e Nicolás Tagliafico (Siem de Jong); Edson Álvarez, Donny van de Beek e Lisandro Martínez; Noa Lang (Klaas-Jan Huntelaar), Dusan Tadic e Hakim Ziyech. Técnico: Erik ten Hag

Valencia
Jaume Doménech; Daniel Wass, Gabriel Paulista, Mouctar Diakhaby e José Luis Gayà; Ferran Torres (Eliaquim Mangala), Dani Parejo, Francis Coquelin e Carlos Soler; Rodrigo Moreno e Kevin Gameiro (Manu Vallejo). Técnico: Albert Celades

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Um jogo, um parágrafo, um vídeo: a 16ª rodada da Eredivisie

Ajax 0x2 Willem II (sexta-feira, 6 de dezembro)

No começo em Amsterdã, o Ajax impôs o estilo ofensivo de sempre: aos 13', Hakim Ziyech arriscou da entrada da área, e Timon Wellenreuther rebateu. Klaas-Jan Huntelaar tentou a sobra sozinho, mas o goleiro alemão também evitou o gol. A partir daí, vieram chances, como aos 27', quando Ziyech aproveitou a bola após roubá-la de Peters, mas seu chute foi agarrado por Wellenreuther agarrou. Aí, enquanto o Ajax diminuiu o ritmo, o Willem II começou a achar espaço em contragolpes. E no segundo deles, aos 42', começou a zebra: Ché Nunnely correu livre com a bola até ser derrubado por Sergiño Dest. Pênalti claro. E Mike Trésor Ndayishimiye converteu para o 1 a 0. Motivado, o time visitante de Tilburg até teve chance do segundo gol já aos 44', num voleio de Ndayishimiye. No começo da etapa final, o Ajax obviamente pressionou: aos 47', um chute de Ziyech mandou a bola à esquerda de Wellenreuther. Os Ajacieden tentavam, mas a zaga tirava - como com Dest, aos 56' -, ou Wellenreuther defendia. Ou as chances eram perdidas - como aos 65', num chute de Van de Beek. Aí, aos 78', outro contragolpe. E numa triangulação, Ndayishimiye passou a Pavlidis, que deixou Damil Dankerlui livre para chutar cruzado e fazer o surpreendente 2 a 0. O chute de Van de Beek no travessão, aos 89', após Wellenreuther rebater, foi o sinal definitivo: após nove meses (e mais de dois anos, no caso de jogos em casa), o Ajax voltaria a perder pela Eredivisie.



ADO Den Haag 0x0 Twente (sábado, 7 de dezembro)

Algo se fez no ADO Den Haag, preocupantemente próximo do rebaixamento: no começo da semana, como já indicava, o técnico Alfons "Fons" Groenendijk pediu demissão. Mas mesmo sob o comando do interino Dirk Heesen, o time de Haia teve dificuldades em criar chances - assim como o Twente. Por isso, emoções só apareceram no segundo tempo. Aos 49', os Tukkers visitantes quase abriram o placar: Wout Brama lançou, mas Aitor Cantalapiedra finalizou em cima do goleiro Luuk Koopmans. Na reta final, tentando de qualquer maneira a vitória, o Den Haag quase a conseguiu, em dois momentos. Aos 80', Michiel Kramer (recém-vindo do banco) finalizou num voleio, mas o goleiro Joël Drommel salvou o Twente. E aos 87', Kramer tinha caminho livre para o chute, mas a bola desviou justamente num nome do time de Haia - Danny Bakker -, saindo pela linha de fundo. Um empate sem graça. Só a presença de Nasser El Khayati, se despedindo da torcida, trouxe alento.



PSV 5x0 Fortuna Sittard (sábado, 7 de dezembro)

Nem mesmo ter escalado o time com cinco homens na defesa tornou o Fortuna Sittard imune aos ataques do PSV: os jogadores dos Boeren entravam na área como queriam. O primeiro gol poderia ter saído aos 6', mas Ritsu Doan estava impedido, e a jogada foi anulada. E tudo bem, porque aos 8', o próprio Doan abriu o placar, de cabeça. Vieram depois um cabeceio de Denzel Dumfries, para fora, aos 14', e um voleio de Doan que quase causou um frango ao goleiro Alexei Koselev - a bola saiu por cima, aos 17'. O 2 a 0 até demorou antes de vir, aos 27', com Donyell Malen completando, também de cabeça, cruzamento de Michal Sadílek. O Fortuna apareceu timidamente, aos 30', num chute de Vitalie Damascan para fora, mas seguiu o domínio maciço e massivo dos Eindhovenaren. Que ampliaram para 3 a 0 aos 42': Steven Bergwijn foi derrubado por Martin Angha na área, o juiz marcou pênalti, e o próprio Bergwijn converteu. Dois minutos depois, quase o quarto gol veio antes mesmo do intervalo, mas Doan perdeu chance, após Koselev rebater toque de Bergwijn, aos 44'. Mesmo assim, não demorou para vir. Aos 52', outro pênalti - de novo Angha, derrubando Malen -, e outro gol: Ihattaren fez o 4 a 0. E o PSV, imperioso durante toda a partida, já teve o que comemorar (a primeira aparição de Ibrahim Afellay em campo após 707 dias, entrando no lugar de Dumfries) antes de Cody Gakpo fechar o placar, aos 84'.



VVV-Venlo 2x0 Emmen (sábado, 7 de dezembro)

Para se afastar um pouco da zona de repescagem/rebaixamento, o VVV-Venlo precisava vencer em casa o confronto direto contra o Emmen. Começou a dar longos passos para isso já aos sete minutos: Tobias Pachonik cruzou, e Johnatan Opoku foi soberano no jogo aéreo, subindo para cabecear e abrir o placar para os Venlonaren. Estava aberto o período de superioridade dos donos da casa, que quase ampliaram a vantagem com Haji Wright, aos 24', e Peter van Ooijen, que mandou a bola na trave aos 34'. Todavia, o Emmen compensou voltando com tudo no segundo tempo: já aos 47', uma sequência quase trouxe o empate - Nikolai Laursen tentou cruzar, a bola acertou a trave, e na sobra Michael Chacón bateu para fora. O fôlego dos visitantes diminuiu demais aos 69', quando Lorenzo Burnet foi expulso, depois de entrada dura no tornozelo de Evert Linthorst. E mesmo com alguma tensão, aos 90' + 5, num chute colocado no ângulo, Van Ooijen confirmou a merecida vitória em Venlo.



Zwolle 0x3 AZ (sábado, 7 de dezembro)

A surpreendente derrota do Ajax abrira a porta para o AZ chegar mais perto da liderança da Eredivisie. Mas no começo, o Zwolle ainda assustou, ameaçando nos minutos iniciais. Depois, virou a habitual torrente de chances da equipe de Alkmaar. Aos 11', Dani de Wit cabeceou perto do gol; aos 13', Dennis Johnsen tirou em cima da linha a bola que vinha da cabeça de Myron Boadu... e aos 15', Boadu fez 1 a 0 num belíssimo gol, de voleio, após Oussama Idrissi cruzar. O Zwolle ainda tentou algo com Lennart Thy, aos 24', mas Idrissi assumiu que era o protagonista do dia com o segundo gol dos Alkmaarders, aos 42': outro bonito chute, mandando a bola no ângulo. Na etapa final, o AZ só se preocupava em contra-atacar. Quase marcou com Owen Wijndal, que fez o goleiro Michael Zetterer defender bem aos 54'. E dez minutos depois, o valioso trio de ataque fez a jogada do 3 a 0: Stengs passou, Boadu ajeitou, Idrissi finalizou. E o AZ segue vice-líder, agora só três pontos atrás do Ajax. O sonho nunca esteve tão próximo. Ainda mais com o jogo direto contra o Ajax, na próxima rodada.




Vitesse 0x0 Feyenoord (domingo, 8 de dezembro)

O jogo começou movimentado em Arnhem. Principalmente pela volúpia com que o Vitesse (treinado pelo interino Joseph Oosting) partiu para o ataque. Teve o prêmio aos 11': após cruzamento, Tim Matavz ajeitou de cabeça, e o goleiro Nick Marsman pegou, empurrando Nouha Dicko. O juiz Pol van Boekel deixou passar inicialmente, mas ouviu o VAR e marcou o pênalti. Aí, Marsman consertou: defendeu o chute de Matavz - o pênalti quase voltou, mas o jogo seguiu. Restou ao Vitesse seguir buscando - e quase conseguir, num toque de Riechedly Bazoer no travessão, aos 13'. Porém, a partir da metade da primeira etapa, o Feyenoord começou a reagir. Aos 24', Steven Berghuis deu a primeira estocada, com um voleio. No minuto seguinte, Nicolai Jorgensen mandou para fora. E aos 34', Jens Toornstra trouxe a grande chance dos visitantes: cobrou falta no travessão. Só depois o Vites deixou a retração de lado e voltou a atacar. No começo do segundo tempo, Dicko (aos 49') e Bryan Linssen (de cabeça, aos 52') quase marcaram. Mas aí, os visitantes de Roterdã dominaram o resto do jogo. Foi Eric Botteghin quase fazendo aos 69', de cabeça (o goleiro Remko Pasveer pegou em cima da linha). Foi Luis Sinisterra tendo gol anulado aos 71', pois Jorgensen estava impedido ao lhe passar. Foi o próprio Jorgensen tocando por cima do gol, livre, aos 88'. E finalmente, foi o chute errado de Orkun Kökcü, aos 90' + 4. Invicto há cinco jogos, o Feyenoord saiu lamentando: poderia ter vencido.



Groningen 0x1 Utrecht (domingo, 8 de dezembro)

As duas equipes vinham de derrota na rodada passada, mas a pressão era um pouquinho mais forte sobre o Utrecht, com três reveses seguidos. Nem assim os Utregs perturbaram demais o gol dos Groningers: só um chute de Simon Gustafson, uma bola de Gyrano Kerk tirada em cima da linha por Ko Itakura aos 32', e mais nada. O Groningen começou a etapa final melhor: aos 51', Kaj Sierhuis bateu para grande defesa do goleiro Maarten Paes, enquanto Joel Asoro teve outra boa chance, aos 61'. Teria mais: aos 69', Deyovaisio Zeefuik mandou a bola de voleio, e Paes evitou o gol numa excelente defesa. Após se aguentar, o Utrecht teve a compensação, aos 80': uma bola perdida na linha de fundo foi alcançada por Kerk, que cruzou para Bart Ramselaar completar, marcar seu primeiro gol após o retorno ao time, e acabar com a má sequência dos Utregs.



RKC Waalwijk 1x3 Heerenveen (domingo, 8 de dezembro)

O Heerenveen teve chances para abrir o placar até mais cedo do que faria. Logo no primeiro minuto, Chidera Ejuke mandou a bola perto do gol, num chute. Depois, veio um cabeceio de Jens Odgaard, aos 9', um chute de Ibrahim Dresevic aos 12'... e finalmente, o 1 a 0, aos 25': Ejuke passou a Sherel Floranus, e o lateral cruzou para que Rodney Kongolo finalizasse com êxito a jogada. E por muito tempo o RKC pareceu entregue aos visitantes da Frísia: só tiveram uma chance, com Darren Maatsen, aos 43', enquanto o Fean por pouco não ampliou, com Odgaard, já no segundo tempo (55'). Justamente quando o jogo parecia definitivamente morno, Stijn Spierings o incendiou, aos 75', com o golaço de empate, num chute forte, que devolveu as esperanças aos mandantes - ainda mais quando Maatsen mandou no travessão, aos 79'. Só que a empolgação virou frustração de novo, aos 83': Anders Dreyer lançou Odgaard, que driblou o goleiro Etienne Vaessen e fez 2 a 1. Só para o Heerenveen ficar tranquilo de vez, Dreyer fechou o placar, aos 90' + 2.



Sparta Rotterdam 0x0 Heracles Almelo (domingo, 8 de dezembro)

Não se pode dizer que o Heracles Almelo não tentou o gol. No primeiro tempo, aos 29', Mohamed Osman cobrou falta com precisão, forçando o goleiro Ariel Harush a fazer grande defesa. Depois, aos 43', Harush impediu o gol de Robin Pröpper. No segundo tempo, já na reta final, aos 80', Mauro Júnior também buscou balançar as redes. Mesmo mais retraído, o Sparta também teve pelo menos uma boa chance de gol: aos 66', o zagueiro Jürgen Mattheij acertou a trave, cabeceando a bola. De mais a mais, a expulsão de Joey Konings, no final, deixando os Heraclieden com um homem a menos, também abriram caminho para a pressão final dos Spartanen. Mas foi pouco. E o 0 a 0 ficou no placar.


segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Um jogo, um parágrafo, um vídeo: a 15ª rodada da Eredivisie

Heerenveen 3x2 Vitesse (sexta-feira, 29 de novembro)

Quando Tim Matavz abriu o placar, logo aos nove minutos de jogo, completando passe em profundidade de Navarone Foor, parecia que o Vitesse teria o alívio no Campeonato Holandês, após cinco derrotas seguidas. Matavz voltou a ter chances aos 15', enquanto Riechedly Bazoer tentou num chute, aos 18'. E pareceu que a vitória estava encaminhada para o Vites aos 21': o tiro de meta do goleiro Remko Pasveer virou um "lançamento" para Bryan Linssen, que chegou à área e fez 2 a 0. Mas o que era sonho começou a virar o pior dos pesadelos - e a melhor das reações para o Heerenveen - ainda no primeiro tempo: aos 42', Danilho Doekhi agarrou Jordy Bruijn na área, o pênalti foi dado, e Hicham Faik diminuiu para 2 a 1. Na etapa final, aos 63', Julian Lelieveld escorregou, abrindo caminho para o drible e o chute de Mitchell van Bergen: 2 a 2. O clima já virara: era todo do Heerenveen, só faltando a virada no placar. Que veio aos 69', quando Jens Odgaard fez 3 a 2, num giro de corpo. E a sexta derrota seguida foi demais para o Vitesse aguentar: azar do técnico Leonid Slutsky, que se demitiu logo após o jogo.



Willem II 4x0 Sparta Rotterdam (sábado, 30 de novembro)

O Willem II precisava dar uma satisfação, após a vitória desperdiçada contra o ADO Den Haag no fim do jogo, na rodada passada. Começou a fazer isso aproveitando a desatenção do Sparta, que durou toda a partida: logo aos 5', um passe errado foi interceptado por Mike Trésor Ndayishimiye, que deixou Ché Nunnely livre para conferir: 1 a 0. Nunnely quase fez o segundo aos 8', mas o goleiro Ariel Harush salvou. Mas o 2 a 0 saiu ainda mais bonito, aos 24', numa bela jogada individual de Ndayishimiye, driblando alguns jogadores antes da finalização. E aos 36', o zagueiro Freek Heerkens bateu forte para o 3 a 0 que praticamente sacramentava a vitória, antes mesmo da etapa inicial acabar. Mas ainda houve oportunidade para mais um gol, na etapa complementar, aos 59', com Mats Köhlert, consolidando a goleada que firma o time tricolor de Tilburg na parte de cima da tabela.



Fortuna Sittard 1x0 Groningen (sábado, 30 de novembro)

"Matig". Dependendo da tradução, significa "fraco" em holandês. Pois "matig" foi um adjetivo comum usado para se descrever o primeiro tempo em Sittard. Apenas duas chances em todos os 45 minutos iniciais, ambas do Fortuna Sittard, mas tanto Branislav Ninaj (aos 22') quanto Vitalie Damascan (aos 38') foram frustrados pelo goleiro Sergio Padt, que rebateu as duas finalizações à queima-roupa. No segundo tempo, o Groningen ainda tentou aos 50', num voleio de Mohamed El Hankouri. Porém, só no final viria a emoção que a torcida queria em Sittard: aos 78', Mark Diemers arriscou um chute, Padt rebateu, mas daquela vez alguém colocou a bola na rede: Rasmus Karjalainen fez o gol da quarta vitória em casa seguida para o Fortuna, enquanto o Groningen teve fim colocado à invencibilidade de seis jogos no campeonato.



Heracles Almelo 4x0 ADO Den Haag (sábado, 30 de novembro)

Sofrendo com a perspectiva do rebaixamento, penúltimo colocado que é, o ADO Den Haag começou tentando primeiro, com uma cobrança de falta de John Goossens, aos 15'. Mas aí, surgiu o nome que carrega o desempenho ofensivo do Heracles na temporada: Cyriel Dessers. Aos 22', o atacante belga fez 1 a 0 em bonita jogada individual: após driblar o zagueiro Tom Beugelsdijk, chutou forte (no gol, homenageou o lateral Navajo Bakboord, fora da temporada após grave lesão). E aos 40', o brasileiro Mauro Júnior encaminhou a vitória, completando para as redes após cruzamento de Tim Breukers. Tranquilo no jogo, os Heraclieden viram a apoteose de Dessers aos 57': o belga recebeu passe de Mohamed Osman e fez 3 a 0 - seu 11º gol na temporada do campeonato, superando Quincy Promes e Donyell Malen para se isolar como goleador da Eredivisie. E aos 65', mais um contra-ataque, e a vitória virou goleada: Alexander Merkel fez 4 a 0. 



Twente 2x5 Ajax (domingo, 1º de dezembro)

O Ajax até começou tentando atacar: aos 9', Lisandro Martínez tentou um chute. Mas a desatenção defensiva Ajacied deixava espaço aberto, e o Twente aproveitou. Aos 15', Hakim Ziyech errou, a bola ficou com Aitor Cantalapiedra, este passou a Keito Nakamura, e o japonês fez 1 a 0 com um golaço: chute preciso, no ângulo esquerdo de André Onana. Mais quatro minutos, outro erro do Ajax (Noussair Mazraoui), e Aitor ficou livre para fazer 2 a 0. Parecia o cenário para montar a primeira derrota do líder na Eredivisie - ainda mais após a lesão de Quincy Promes, aos 25', que o tirou de campo. Mas aí, com mais posse de bola, enfim os visitantes acertaram a meta. Começou a ser o dia de Noa Lang. Escalado pela primeira vez como titular, o atacante diminuiu aos 32', completando cruzamento de Ziyech. Depois, vieram mais chances, como a de Klaas-Jan Huntelaar, aos 44'. No segundo tempo, já aos 51', o estrelado Noa Lang estava de novo no lugar certo: Donny van de Beek cruzou, Huntelaar desviou, e Lang empatou. O volume ofensivo só aumentava, e a virada veio com o chute forte de Huntelaar, no ângulo, aos 61'. E de quebra, a sorte ajudou Noa Lang: aos 70', Drommel tentou socar a bola para fora da área, ela bateu no zagueiro Xandro Schenk, e ficou limpa para o jovem atacante marcar o terceiro gol, em sua primeira partida como titular. O Twente ainda trouxe algum perigo em faltas, nos acréscimos, mas o Ajax conseguiu escapar bem. Foi só um susto...



Utrecht 0x1 RKC Waalwijk (domingo, 1º de dezembro)

Quando o primeiro tempo terminou no estádio Galgenwaard, a torcida do Utrecht vaiou os jogadores. Nem era para menos: diante do lanterna do campeonato, a atuação dos Utregs na etapa inicial fora bem apagada. Como lance de destaque do time da casa, apenas uma sequência de dribles de Adam Maher, aos 17', completada com um chute para fora. Retraído, o RKC apenas tentou nos minutos finais, com Sylla Sow forçando uma defesa do goleiro Maarten Paes. Os times voltaram dos vestiários, o jogo recomeçou... e nada do Utrecht fazer valer sua suposta superioridade - apenas chutes de Leon Guwara e Gyrano Kerk, nos minutos iniciais, foram tentados. Pois os visitantes de Waalwijk puniram a jornada discreta dos anfitriões, da melhor maneira possível para eles: aos 72', Clint Leemans cobrou falta, e o zagueiro Melle Meulensteen cabeceou para fazer o gol da segunda vitória dos Católicos na temporada. Ainda estão em último lugar, mas só três pontos atrás do ADO Den Haag. Já há esperança para o RKC...



AZ 1x0 VVV-Venlo (domingo, 1º de dezembro)

Embalado pela classificação empolgante para a segunda fase da Liga Europa, o AZ só tinha a lamentar a lesão séria no joelho que tirou o zagueiro Pantelis Hatzidiakos da temporada. Hatzidiakos foi homenageado antes do jogo, com os colegas vestindo camisetas que diziam "Sterkte, Panta" (em holandês, "Força, Panta", apelido do grego). Com bola rolando, o que se viu contra o VVV foi o habitual: um AZ forte na defesa, criando chances no ataque. Calvin Stengs tentou primeiro, aos 10', mas o goleiro Thorsten Kirschbaum pegou. Depois, aos 31', Jordy Clasie teve um chute bloqueado. E aos 39', veio o gol: Yukinari Sugawara sequer jogaria, mas entrou no lugar do adoentado Fredrik Midtsjo - e coube ao japonês mandar a bola para as redes, com um bonito chute, homenageando de novo Hatzidiakos na comemoração. No segundo tempo, mais chances do time de Alkmaar, com Oussama Idrissi (aos 50', em chute espalmado por Kirschbaum) e Myron Boadu (bola rebatida pelo goleiro do time de Venlo, aos 56'). Mesmo com tantas oportunidades, o AZ ficou só no 1 a 0. Valeu por mais três pontos que mantém o distante sonho do título. E pela 11ª partida sem sofrer gols na Eredivisie.



Feyenoord 1x0 Zwolle (domingo, 1º de dezembro)

O Feyenoord começou se impondo. Tanto que aos 9', veio até um gol anulado de Luis Sinisterra. As chances contra os Zwollenaren continuavam: aos 12', Sinisterra recebeu passe de Orkun Kökcü, e tocou, mas o goleiro Michael Zetterer defendeu. Mais um minuto, e após Kökcü cruzar, Jorgensen perdeu um daqueles gols inacreditáveis, livre na pequena área, mandando por cima. Pelo menos, as chances seguiam - como aos 18', num cruzamento de Steven Berghuis, quase desviado por Eric Botteghin na pequena área. E afinal veio o 1 a 0 do Stadionclub, aos 23': Tyrell Malacia cruzou, e Berghuis completou de primeira para o gol. De quebra, aos 36', quase Kökcü ampliou, em chute que Zetterer espalmou. O Feyenoord dominava. Bem diferente do que se veria no segundo tempo. O Zwolle já chegou perto do empate aos 47', em chute de Daan Huiberts. Começava a atuação brilhante de Nick Marsman: jogando só por lesão dos outros dois, o terceiro goleiro do Feyenoord fez pelo menos três defesas excelentes - aos 60' (chute cruzado de Denis Johnsen), aos 64' (batida de Lennart Thy, após erro de Leroy Fer) e aos 68' (tirando com o rosto um chute de Thy, depois de Eric Botteghin escorregar). A última chance do Zwolle foi aos 85', com Vito van Crooij. Claro, Marsman pegou. O Feyenoord até podia ter feito o segundo aos 87', mas Johnsen tirou em cima da linha um chute de Sinisterra. E ficou mesmo o 1 a 0 no placar. Principalmente, por obra de Nick Marsman.



Emmen 1x1 PSV (domingo, 1º de dezembro)

No começo, o Emmen até assustou: aos 5', Marko Kolar completou cruzamento de Michael de Leeuw, chutando para boa defesa de Lars Unnerstall. Mas logo o PSV se impôs. Com mais posse de bola e mais chances, o gol veio rapidamente: aos 15', Daniel Schwaab completou para as redes, após escanteio. A resposta do Emmen quase foi imediata - e seria belíssima: aos 19', Glenn Bijl chegou a empatar, num chute de pouco depois do meio-campo que encobriu Unnerstall. Mas o juiz Dennis Higler anulou o gol, após o VAR advertir: Bijl cometera falta em Bergwijn. E no resto do primeiro tempo, os visitantes de Eindhoven chegaram mais perto do gol, como aos 40', num chute de Ritsu Doan na entrada da área, bloqueado pelo zagueiro Michael Heylen, ou aos 43', quando a triangulação Bergwijn-Donyell Malen-Mohamed Ihattaren foi completada pelo último, que chutou errado. Porém, no segundo tempo, a fragilidade defensiva dos Boeren se fez notar: aos 52', num longo lançamento, a bola encobriu Michal Sadílek, e Bijl ficou livre na direita da área para cruzar, deixando Kolar livre para fazer 1 a 1. Foi a senha para o Emmen crescer - aos 56', num voleio, quase De Leeuw virou o jogo. E a partida seguiu alternada. O PSV podia ter virado aos 79', com Cody Gakpo, e aos 85', com Kostas Mitroglou. O Emmen teve a chance da virada aos 90', num chute cruzado de Nikolai Laursen. De qualquer modo, os mandantes tiveram mais a comemorar do que o PSV, que tropeçou de novo.