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terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Na hora de tirar o dez...

Nos últimos amistosos de 2024, a seleção feminina da Holanda (Países Baixos) até mostrou boas atuações. Só que faltou a grande mostra de capacidade... (Divulgação/KNVB Media)

Se havia alguma intenção com os amistosos derradeiros de 2024 para a seleção feminina da Holanda (Países Baixos), eram duas, na verdade: dar ainda mais espaço às jogadoras mais novas, e terminar o ano com mais duas vitórias para confirmar a evolução insinuada nas duas vitórias de outubro, contra Indonésia e Dinamarca. Bem, a primeira foi plenamente cumprida, indicando até alguns nomes que são candidatas a titulares. A segunda... quase. Se a virada para a goleada por 4 a 1 sobre a China confirmou a melhor atuação das Leoas Laranjas, na sexta passada, o esperado encontro contra os Estados Unidos mostrou uma boa atuação... mas nada de vitória - as norte-americanas é que viraram o placar, para 2 a 1, nesta terça-feira.

Pelo que se viu das escalações, o amistoso contra as estadunidenses era encarado como a grande prova. Contra a China, a primeira intenção foi mais vista. Claro que algumas titulares estiveram presentes, como Jackie Groenen e Dominique Janssen, mas o espaço foi das reservas (como a goleira Lize Kop e a zagueira Ilse van der Zanden) e das novatas (como a meio-campista Nina Nijstad e, principalmente, da atacante Chimera Ripa, titular pela primeira vez). Até que começou dando certo, com as neerlandesas criando chances, pressionando, se aproximando do gol. Porém, no único erro que a defesa cometeu no primeiro tempo em Roterdã, Van der Zanden, com a bola dominada na área, permitiu que Jin Yun a roubasse, protegesse a posse dela e chutasse na saída de Lize Kop para o 1 a 0 chinês. Diante do modo como as chinesas resistiam na defesa, era temeroso ver tanta ineficiência ofensiva das donas da casa em Het Kasteel, o popular estádio do Sparta Rotterdam.

Só restava acelerar cada vez mais as jogadas ofensivas. Foi assim, inclusive, que o empate saiu, aos 66', numa boa jogada entre nomes que se destacaram entre as novatas: Lotte Keukelaar ajeitou na entrada da área, Chimera Ripa apareceu rápida para cruzar, e Wieke Kaptein (começando a mostrar algum protagonismo) completou na pequena área para o 1 a 1. Jogo empatado, mais titulares saíram do banco de reservas para jogarem: Daniëlle van de Donk, Jill Roord, Esmee Brugts... e aí, a virada ficou clara. Roord já virou três minutos após entrar em campo, num chute da entrada da área; Beerensteyn estufou a rede para o terceiro gol das Leoas Laranjas; e Brugts virou o grande destaque final, transformando a vitória em goleada com um tremendo chute, de primeira, acertando o ângulo esquerdo da goleira Xu Huan. Certo, as titulares tinham ajudado. Mas os nomes menos falados aproveitaram suas chances.

A Holanda pressionou até conseguir o empate contra a China. Daí, vieram as titulares. E a goleada, completada num grande chute de Esmee Brugts (Divulgação/KNVB Media)

Todavia, se sabia: a prova definitiva de respeito seria a equipe dos Países Baixos vencer a seleção feminina dos Estados Unidos, que começa a retomar seu domínio habitual na modalidade (até pela medalha de ouro olímpica que ostenta), pela primeira vez desde 1996. Aí, sim, se viu a escalação titular da Holanda. Que começou bem, muito bem. Com três chances de Jill Roord, pressionando um "Team USA" que se equilibrava entre uma homenageada - a goleira Alyssa Naeher, fazendo sua última partida pela equipe da América do Norte -, algumas velhas conhecidas (Lindsey Horan, Rose Lavelle) e as novatas que recebem espaço pela orientação da técnica Emma Hayes, como a lateral esquerda Jenna Nighswonger e a meio-campista Yazmeen Ryan.

Nem demorou tanto assim para o gol holandês sair. E saiu da novata que mais impressiona: zagueira destacada no Mundial Sub-20 feminino, já com transferência garantida para o Chelsea em 2025/26, Veerle Buurman fez 1 a 0, de cabeça. Mais do que isso: Buurman mostrava segurança na zaga, detendo Ryan e Jaedyn Shaw sem muitos problemas. Na frente, as chances se avolumavam: Van de Donk quase fez o segundo de cabeça aos 28', Beerensteyn acertou a trave pouco depois... ao mesmo tempo em que tais oportunidades simbolizavam o domínio das Leoas Laranjas no estádio em Haia, também mostravam um desperdício preocupante, quando o adversário são os Estados Unidos. A consequência foi dolorosa. Até por vir justamente do destaque: Buurman tentou afastar a bola para a linha de fundo, de cabeça, após cobrança de falta... e acabou encobrindo a goleira Daphne van Domselaar e cometendo o gol contra do 1 a 1.

Veerle Buurman (número 4) recebeu outra chance importante. E até aproveitou, fazendo gol e indo muito bem na zaga. Só o gol contra era dispensável... (KNVB Media/Divulgação)

Era o que os Estados Unidos desejavam. Nomes mais experientes entraram, com Emily Sonnett e Lynn Williams vindo a campo. E houve leve melhora das visitantes no Bingoal Stadion. Ainda assim, as holandesas tentavam aqui e ali: com Romée Leuchter, por exemplo, em chute (fraco) aos 54'. Tiveram outra grande chance aos 69', quando Leuchter ajeitou a bola para Van de Donk bater muito perto do gol. Outra chance perdida holandesa? Bastou: no minuto seguinte, Lily Yohannes (recém-entrada em campo, agora definitivamente com a seleção norte-americana como sua escolha) roubou a bola, passou-a a Yazmeen Ryan, e esta cruzou para Lynn Williams entrar e, de carrinho, virar o jogo para o 2 a 1 final. No qual, talvez, tenha faltado mais ousadia de Andries Jonker, que só fez uma alteração.

Certo, nem tudo estava perdido. Longe disso: as atuações da Holanda foram agradáveis em campo. Van de Donk até se surpreendeu, à ESPN holandesa ("Não esperáva que jogássemos tão bem. O primeiro tempo que fizemos merece parabéns. Eles [Estados Unidos] tiveram sorte que a bola entrou para eles, por isso saíram com a vitória"). E o técnico Andries Jonker enfatizou: "Foi um dos melhores jogos que a seleção da Holanda já fez. Teve esforço, ganhamos as divididas, tivemos boas jogadas individuais, criamos chances". Só que, na hora de "tirar o dez"... o próprio treinador reconheceu: "No futebol, o importante é marcar". A Holanda precisará desta eficiência. E muito, já que o grupo que virá na Eurocopa - sorteio no dia 16 - deverá ser difícil.


Amistosos

Holanda 4x1 China
Data: 29 de novembro de 2024
Local: Het Kasteel (Roterdã)
Árbitra: Ugne Smitaite (Lituânia)
Gols: Jin Kun, aos 34', Wieke Kaptein, aos 66', Jill Roord, aos 72', Lineth Beerensteyn, aos 81', e Esmee Brugts, aos 84'

HOLANDA
Lize Kop; Chasity Grant (Lynn Wilms, aos 69'), Ilse van der Zanden, Sherida Spitse e Dominique Janssen; Jackie Groenen (Esmee Brugts, aos 69'), Wieke Kaptein e Nina Nijstad (Daniëlle van de Donk, aos 69'); Romée Leuchter (Renate Jansen, aos 89'), Lotte Keukelaar (Lineth Beerensteyn, aos 70') e Chimera Ripa (Jill Roord, aos 69'). Técnico: Andries Jonker

CHINA
Xu Huan; Li Meng Wen, Wu Hai Yan, Yao Wen e Chen Qiao Zhu; Wang Yanwen (Fangxin Sun, aos 85'), Zhang Rui (Gao Chen, aos 61'), Zhang Xin (Yuexin Huo, aos 61') e Liu Jing (Shen Mengyu, aos 85'); Tang Jiali (Wu Chengshu, aos 71') e Jin Kun (Wang Shuang, aos 71'). Técnico: Ante Milicic


Holanda 1x2 Estados Unidos
Data: 3 de dezembro de 2024
Local: Bingoal Stadion (Haia)
Árbitra: María Eugenia Gil Soriano (Espanha)
Gols: Veerle Buurman, aos 15' e aos 44' (contra), e Lynn Williams, aos 70'

HOLANDA
Daphne van Domselaar; Kerstin Casparij (Chasity Grant, aos 85'), Veerle Buurman, Dominique Janssen e Esmee Brugts; Jackie Groenen, Daniëlle van de Donk e Wieke Kaptein; Jill Roord; Romée Leuchter e Lineth Beerensteyn. Técnico: Andries Jonker

ESTADOS UNIDOS
Alyssa Naeher; Emily Fox, Naomi Girma, Tierna Davidson e Jenna Nighswonger (Emily Sonnett, aos 46'); Corbin Albert (Hal Hershfelt, aos 66') e Sam Coffey; Yazmeen Ryan (Ally Sentnor, aos 85'), Lindsey Horan (Lily Yohannes, aos 66') e Rose Lavelle (Alyssa Thompson, aos 66'); Jaedyn Shaw (Lynn Williams, aos 46'). Técnica: Emma Hayes

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Os testes valeram

A seleção feminina da Holanda pôde comemorar. No amistoso "recreativo" contra a Indonésia e, principalmente, na atuação consistente contra a Dinamarca (Rene Nijhuis/MB Media/Getty Images)

Já se sabia desde antes da bola rolar nos amistosos da seleção feminina da Holanda (Países Baixos): seriam datas FIFA de testes. Tanto com alguns nomes conhecidos - como Jill Roord e Daphne van Domselaar, ambas voltando após se machucarem - quanto com novidades. Algumas delas, sendo titulares das Leoas Laranjas pela primeira vez. Diante da difícil campanha nas eliminatórias da Eurocopa de mulheres, era de se desconfiar. Pois deu certo. Se a goleada extravagante por 15 a 0 sobre a Indonésia (maior vitória da equipe feminina holandesa em seus 53 anos de história oficial) serviu mais para estatísticas e para melhorar um pouco o ranqueamento da equipe - até porque vêm aí as eliminatórias da Copa de 2027... -, os 2 a 1 na Dinamarca, fora de casa, já deram a impressão de que tempos melhores virão, após as turbulências (lesões, problemas ofensivos etc.) das eliminatórias.

E a rigor, pode-se considerar que só o segundo jogo teve algo de competitivo. Se o primeiro serviu para testar muitas novidades (Nina Nijstad, titular pela primeira vez no meio-campo, Lotte Keukelaar no ataque), serviu ainda mais como um "jogo-treino" de luxo. Uma peça de promoção, até, tendo em vista que as federações holandesa e indonésia fizeram um acordo de cooperação, e que várias integrantes da seleção asiática têm ascendência em outros países, como a atacante Claudia Scheunemann, descendente de alemães. Bastaram dez minutos para Romée Leuchter abrir o placar. Aos 21', Jill Roord marcou o seu primeiro pelas Leoas Laranjas após a volta da lesão. E a seleção da casa empilhou gols na cidade neerlandesa de Doetinchem, no estádio do De Graafschap (segunda divisão masculina).

Pelo menos, as experiências foram plenamente aprovadas pelos envolvidos na maior goleada da história da seleção feminina da Holanda (superando um 13 a 1 na Macedônia do Norte, em outubro de 2009). Falando à ESPN local, Roord celebrou Lotte Keukelaar, que fez dois gols parecidos - vindo pelo lado da área antes de chutar cruzado: "Ela tem muito talento e potencial. É uma ponta à moda antiga, não se vê mais jogadoras assim. É bacana jogar com ela". Nina Nijstad, que teve dois gols, foi até mais elogiada por Andries Jonker: "Você nota que ela é uma jogadora muito ativa, que se envolve nas jogadas (...) É alguém que tem muitas possibilidades". Enfim, o amistoso valeu para as holandesas. Mas para Jill Roord, à emissora NOS, "o ideal seria jogar contra um adversário mais desafiador". Andries Jonker justificou a escolha da Indonésia: "Só nos classificamos para a Eurocopa a dez minutos do fim do jogo. A essas alturas, outras seleções já tinham achado adversários para amistosos". Era inegável: em termos competitivos, só o jogo contra a Dinamarca seria merecedor de algum valor técnico.

E quando a bola rolou nesta terça, na cidade de Esbjerg, a representação dos Países Baixos entrou com o que poderia ser considerado seu time titular contra a Dinamarca. O que não significava que inexistiam mudanças. Para começo de conversa, a Holanda voltava a jogar no 4-3-3 velho de guerra. Continuando, havia a ousada opção de colocar duas pontas como laterais, quase como alas: Chasity Grant na direita, Esmee Brugts (já acostumada a tal papel, é verdade) na esquerda. Finalmente, com Sherida Spitse ficando no banco, Veerle Buurman - badalada como uma promessa na zaga, aos 18 anos, titular do PSV e já cedida ao Chelsea-ING para a próxima temporada - teria chance ao lado de Dominique Janssen na dupla de zaga.

Os gols foram de outras, mas a jovem Veerle Buurman estreou na zaga da Holanda contra a Dinamarca. E estreou bem (Stan Oosterhof/Soccrates/Getty Images)

E não é que deu certo? No primeiro tempo, a Holanda foi francamente superior, mesmo fora de casa. As veteranas apareceram: Jill Roord (em seu 100º jogo pelacirculou bastante na entrada da área (e perdeu chance de gol logo aos 5', além de arremate espalmado por Bay Ostergaard aos 25'), Daniëlle van de Donk participou bastante do jogo pelo meio, tiveram chances Esmee Brugts (chute por cima do gol, aos 12') e Romée Leuchter (tentativa aos 17'). Pressionando tanto a Dinamarca, foi até natural que os gols viessem. E vieram em sequência. Aos 26', Brugts fez 1 a 0 desviando de cabeça um cruzamento de Jackie Groenen; um minuto depois, Damaris Egurrola lançou a bola na medida para finalização estilosa de Van de Donk, encobrindo Ostergaard.

No segundo tempo, a pressão continuou na fase inicial - aos 47', Katja Snoeijs quase marcou, aproveitando erro de Ostergaard na saída de bola. Depois, até naturalmente, o ritmo das Leoas Laranjas (jogando de azul) caiu, com o cansaço e as alterações. A Dinamarca aproveitou, cresceu com as mudanças, teve chance - Amalie Vangsgaard quase fez seu gol, aos 74' -, e por fim diminuiu aos 87', com Cornelia Kramer completando cruzamento de Pernille Harder. 

Tarde para evitar uma vitória mais convincente da Holanda. Que comemorou com Van de Donk comentando seu belo gol à ESPN neerlandesa ("Eu pensei: 'ninguém espera, então vou tentar'. Pensei na hora, vi a goleira voltando e pensei em encobri-la"). Com Jill Roord reconhecendo, em seu centésimo jogo pela seleção: "Realmente, foi uma ótima semana para mim". E com Veerle Buurman, passando impressão inicial ótima em seu jogo de estreia, com segurança na zaga, comemorando: "Quando o jogo começou, eu senti um friozinho na barriga. Mas o time me ajudou, e pude jogar bem".

Como toda a Holanda jogou bem, de certa forma. Os testes valeram. Bom começo de preparação rumo à Euro. A exigência será maior nos amistosos contra China e, acima de tudo, Estados Unidos, em novembro.

Amistosos

Holanda 15x0 Indonésia
Data: 25 de outubro de 2024
Local: De Vijverberg (Doetinchem)
Árbitra: Caroline Lanssens (Bélgica)
Gols: Romée Leuchter, aos 10', 31' e 32', Jill Roord, aos 21' e aos 48', Sherida Spitse, aos 28', Lotte Keukelaar, aos 41' e aos 57', Damaris Egurrola Wienke, aos 56', Nina Nijstad, aos 63' e aos 73', Renate Jansen, aos 66', 74' e 82', e Katja Snoeijs, aos 75'

HOLANDA
Lize Kop; Lynn Wilms, Sherida Spitse (Gwyneth Hendriks, aos 76') e Dominique Janssen; Wieke Kaptein (Daniëlle van de Donk, aos 76'), Nina Nijstad, Damaris Egurrola Wienke (Jackie Groenen, aos 76') e Esmee Brugts (Ilse van der Zanden, aos 60'); Jill Roord (Renate Jansen, aos 60'); Lotte Keukelaar e Romée Leuchter (Katja Snoeijs, aos 46'). Técnico: Andries Jonker

INDONÉSIA
Laita Roati Masykuroh; Safira Kartini (Nabila Divany, aos 79'), Rosdilah Nurrohmah (Nasywa Rambe, aos 64'), Agnes Hutapea e Gea Yumanda (Nabila Saputri, aos 79'); Helsya Maeisyaroh, Sheva Imut e Zahra Musdalifah (Octavianti Nurmalita, aos 32'); Sydney Hopper (Indira Jenna Almira, aos 64') e Claudia Scheunemann. Técnico: Satoru Mochizuki


Dinamarca 1x2 Holanda
Data: 29 de outubro de 2024
Local: Blue Water Arena (Esbjerg)
Árbitra: Lotta Vuorio (Finlândia)
Gols: Esmee Brugts, aos 26', Daniëlle van de Donk, aos 28', e Cornelia Kramer, aos 87'

DINAMARCA
Maja Bay Ostergaard; Emma Faerge (Isabella Obaze, aos 73'), Stine Ballisager e Katrine Veje (Sophie Svava, aos 63'); Frederike Thogersen (Cornelia Kramer, aos 85'), Josefine Hasbo (Kathrine Kühl, aos 63'), Emma Snerle e Sara Holmgaard; Pernille Harder; Signe Bruun (Janni Thomsen, aos 46') e Amalie Vangsgaard (Mille Gejl, aos 85'). Técnico: Andrée Jeglertz

HOLANDA
Daphne van Domselaar; Chasity Grant, Veerle Buurman (Gwyneth Hendriks, aos 82'), Dominique Janssen e Esmee Brugts (Ilse van der Zanden, aos 63'); Jackie Groenen, Daniëlle van de Donk e Damaris Egurrola Wienke; Jill Roord (Renate Jansen, aos 63'); Romée Leuchter (Lynn Wilms, aos 88') e Katja Snoeijs (Lotte Keukelaar, aos 62'). Técnico: Andries Jonker


quarta-feira, 23 de outubro de 2024

A bonança vencerá os limites?


A dureza das eliminatórias para a Eurocopa foi superada com a vaga. Agora, então, a seleção feminina da Holanda pode ver as machucadas voltarem. E quem sabe, a bonança também (Soccrates Images)

Mesmo com a vaga assegurada em mais uma Eurocopa de mulheres - ano que vem, na Suíça -, a seleção feminina da Holanda (Países Baixos) sabe que teve grandes dificuldades no processo. Basta citar o mau desempenho ofensivo das Leoas Laranjas nas eliminatórias: em seis jogos, foram apenas quatro gols feitos. Ou seja: o objetivo foi alcançado, mas as limitações da equipe estão claras. É para tentar mitigá-las que a preparação rumo à Euro começa com os amistosos destas datas FIFA, contra a Indonésia (nesta sexta, às 15h45 de Brasília, na cidade neerlandesa de Doetinchem) e a Dinamarca (na próxima terça, às 13h de Brasília, em viagem à cidade dinamarquesa de Esbjerg).

Pelo menos, após tantas dificuldades, a bonança começa a aparecer lentamente. Exemplificada numa recuperação até notável: oito meses após ter o ligamento cruzado anterior de seu joelho rompido, Jill Roord já está de volta às convocações. Obviamente, as declarações da ponta-de-lança na apresentação ao centro de treinamentos da federação, em Zeist, foram carregadas de alegria pelo retorno ("Estou bem feliz por estar de volta, já estou tendo alguns minutos em campo há cerca de um mês") e até de incredulidade, pela rapidez na recuperação ("Para ligamento cruzado, foi bem rápido. Eu me machuquei no começo de fevereiro, e dois dias depois da cirurgia, comecei imediatamente a treinar"). De fato, um retorno bem vindo, diante dos problemas ofensivos que a Holanda tem mostrado na seleção de mulheres. E fatores como a recuperação já iniciada de Victoria Pelova, outra vitimada por rompimento de ligamento cruzado, fazem crer em dias melhores nesse sentido, para a Holanda.

É bom que isso aconteça. Até porque a principal esperança holandesa, após ensaiar uma sequência pela seleção, voltou a ter problemas: levemente machucada pelo Manchester City ao qual acabou de chegar (e no qual é colega da citada Roord e Kerstin Casparij), Vivianne Miedema foi cortada da convocação na qual estava. De mais a mais, o acúmulo de jogos força Andries Jonker a fazer opções e poupar jogadoras. Foi o que aconteceu com alguns nomes frequentes nas Leoas Laranjas, como o técnico explicou ao diário Algemeen Dagblad: "Eu escolhi não chamar Beerensteyn. Combinamos com o Wolfsburg [clube em que Beerensteyn está, até marcando gols] que ela nem seria convocada, e nem treinaria esses dias no Wolfsburg. Com Casparij é a mesma coisa. Ela tem jogado partidas demais, às vezes tem dores, então eu falei com ela 'pode deixar essa convocação passar'. Merel van Dongen jogou o domingo passado pela liga mexicana, e precisaria jogar na Dinamarca novamente. Ela comentou que não aguentaria, e eu concordei".

Então, o caminho estava aberto para mais experiências na convocação. A mais badalada delas, Femke Liefting: eleita a melhor goleira do Mundial Sub-20 de mulheres, no qual os Países Baixos alcançaram a quarta posição (com muito esforço e algum talnto), a jovem foi lembrada como uma das três arqueiras, ao lado das habituais Daphne van Domselaar e Lize Kop. Ainda assim, Liefting minimizou as chances de ser convocada, falando à ESPN holandesa: "Há muitas boas goleiras no país, e muita concorrência". Quem tem chance de efetivamente voltar a ter chances vestindo laranja é um nome que retorna: Kayleigh van Dooren voltou a ser lembrada para a seleção, após dois anos em que teve de se recuperar de uma grave lesão (no joelho, novamente). Começando bem a temporada pelo Twente, Van Dooren reconheceu: "Eu estava com muita vontade.  Passou-se muito tempo desde a minha lesão. Achei que nem ia ser convocada, já que isso não acontecia fazia tempo. Mas esperava muito. É diferente da primeira vez, mas é por isso que sei como é bacana".

Femke Liefting, badalada pela boa aparição no Mundial Sub-20 de mulheres, já recebeu a lembrança na seleção adulta (Soccrates Images)

Outras estreantes vêm do Ajax: a dupla Danique Noordman (meio-campista) e Lotte Keukelaar (atacante), ambas tendo uma "conselheira" que conhece muito do ambiente, dos usos e dos costumes da seleção feminina holandesa - Sherida Spitse. "Acima de tudo, ela comentou que estava muito orgulhosa da gente, e que tínhamos de mostrar o que podemos", descreveu Keukelaar.

É com nomes como Spitse, Jackie Groenen e Daniëlle van de Donk que novatas como Liefting, Noordman e Keukelaar podem contar. E todas elas terão a função de fazer com que a seleção feminina da Holanda comece a superar suas limitações, para que depois da tempestade relativa das eliminatórias, venha a bonança.

As 24 convocadas da Holanda (Países Baixos) para as datas FIFA

Goleiras: Daphne van Domselaar (Arsenal-ING), Lize Kop (Leicester City-ING) e Femke Liefting (AZ)

Defensoras: Lynn Wilms (Wolfsburg-ALE), Sherida Spitse (Ajax), Dominique Janssen (Manchester United-ING), Gwyneth Hendriks (PSV), Veerle Buurman (PSV) e Ilse van der Zanden (Utrecht)

Meio-campistas: Daniëlle van de Donk (Lyon-FRA), Jackie Groenen (Paris Saint Germain-FRA), Damaris Egurrola Wienke (Lyon-FRA), Nina Nijstad (PSV), Wieke Kaptein (Chelsea-ING), Kayleigh van Dooren (Twente), Jill Roord (Manchester City-ING) e Danique Noordman (Ajax) 

Atacantes: Romée Leuchter (Paris Saint Germain-FRA), Esmee Brugts (Barcelona-ESP), Chanté-Mary Dompig (Milan-ITA), Renate Jansen (PSV), Katja Snoeijs (Everton-ING), Chasity Grant (Aston Villa-ING) e Lotte Keukelaar (Ajax)

quarta-feira, 20 de março de 2024

As coisas estão melhorando?

Não é só o clima na Holanda que está bom, como indicam Ronald Koeman (à esquerda) e o treinador de goleiros Patrick Lodewijks; é o crescimento de muitos jogadores, levando à promessa de uma seleção melhor (Pro Shots/Icon Sport/Getty Images)

A seleção masculina da Holanda (Países Baixos) terminou o ano de 2023 dando a impressão de que estava no mesmo lugar em que terminara a Copa de 2022: uma equipe estável, razoável, mas um escalão abaixo das melhores do mundo. Era melhor do que o preocupante primeiro semestre do ano passado - só uma vitória em quatro jogos -, mas nada que causasse impressão notável. De lá para cá, contudo, alguns desempenhos vistos em clubes dão a saudável impressão de que pode haver uma evolução bem recomendável, em ano de Eurocopa. Quem sabe isso seja visto nos amistosos que abrem 2024 para a equipe neerlandesa, contra Escócia (nesta sexta, às 16h45 de Brasília, em Amsterdã) e Alemanha, país-sede da Euro (na próxima terça, 26, também às 16h45 do horário brasileiro, em Frankfurt). 

O tom do técnico Ronald Koeman na entrevista coletiva de apresentação, na segunda-feira, manifestou essa esperança crescente: "Se estivermos completos, teremos um time muito bom. Seremos difíceis de vencer. E teremos uma boa preparação até a Euro. (...) Há países que têm mais qualidade individual, como a França, com Mbappé. Mas em muitas posições, nós temos jogadores mundialmente reconhecidos. Temos muitos defensores e meio-campistas que jogam por grandes clubes. Muitos países têm ciúme da gente". Que o diga a defesa holandesa, de fato: não é qualquer seleção que pode contar com Virgil van Dijk e Nathan Aké fazendo excelentes temporadas (sem contar as opções na reserva). E o que dizer da ala direita? Se o titular Denzel Dumfries continua tendo seu papel na Internazionale à beira do bicampeonato italiano, anda difícil deixar de fora da Laranja um Jeremie Frimpong impressionante no Bayer Leverkusen, próximo de lavar a alma com o título alemão. Em todas as competições de 2023/24 pelo time das Aspirinas, Frimpong já conta com dez gols e dez passes para gol. Desempenho bom a ponto de fazer Koeman pensar em colocá-lo como titular num trio de ataque: "Ele poderia jogar assim, com Dumfries. É quase como um ponta no Leverkusen".

Nem mesmo as ausências machucadas tiram o sono do treinador, desta vez. Pelo menos, no meio-campo. A princípio, claro que Frenkie de Jong - fora por entorse no tornozelo, sofrida há algumas semanas pelo Barcelona - faz falta. Mas Ronald Koeman acalmou: "Acho que sei quem pode jogar bem com De Jong. Podem ser vários jogadores. Craques sempre se entendem". E de fato, as opções parecem mais confiáveis atualmente do que vinham sendo para o meio-campista ausente. Basta citar Teun Koopmeiners: o meio-campo da Atalanta faz por merecer nova chance como titular. Se desde os tempos do AZ ele já era conhecido pela capacidade defensiva (até mesmo como zagueiro teve seus momentos), agora mostra um salto impressionante no desempenho no ataque: Koopmeiners é o goleador do time italiano na temporada - só no Campeonato Italiano, são 12 gols feitos -, sendo o cobrador principal de faltas e pênaltis, cada vez mais desenvolto na criação de jogadas.

Como Koopmeiners, há mais opções para o meio-campo. Como Xavi Simons, igualmente destacado no RB Leipzig, com 11 passes para gol e sete gols no Campeonato Alemão, já podendo ser considerado titular absoluto da Holanda mesmo aos 20 anos. Como Tijjani Reijnders, constante no Milan. Como Joey Veerman, talvez o melhor jogador do atual Campeonato Holandês, nome que dita o jogo no meio-campo do PSV, líder invicto da Eredivisie. Como o estreante Quinten Timber, irmão do zagueiro Jurriën, elogiado pela combatividade na marcação pelo Feyenoord (onde está um outro meio-campo convocado, Mats Wieffer). Como... Georginio Wijnaldum. Pois é: oito meses depois de sua última aparição vestindo laranja em campo, pela Liga das Nações, o meio-campo de 32 anos (fará 33 em novembro) foi relacionado por Ronald Koeman. 

Wijnaldum está de volta às convocações da Laranja. O que não quer dizer que seu lugar está garantido na Euro (Broer van den Boom/BSR Agency/Getty Images)

Uma lembrança que veio aos poucos: primeiro, o técnico - e Nigel de Jong, diretor de futebol da federação holandesa - foram visitar o meio-campo no Al-Ettifaq saudita em que joga atualmente. Depois, a convocação. Por fim, o treinador deixou bem claro que, embora considere "Gini" um possível lider para a seleção, ele não tem vaga garantida na Euro, e terá nos amistosos um teste: "Ele jogou mais de noventa partidas [pela seleção]. Agora está aqui, por dois jogos. Para ele, e para todo mundo, é um teste. (...) Preciso de gente que pense mais no 'nós'. Digo por experiência própria: a Euro 1988 foi fantástica, a Copa de 1990 foi terrível, e o grupo daquela Copa não era o mesmo grupo da Euro".

Pelo banco de reservas da Holanda também deverá passar um velho conhecido, que andava distante das convocações há um ano, por várias lesões: o atacante Memphis Depay. Que faz uma temporada até razoável: mesmo predominantemente na reserva do Atlético de Madrid, Memphis faz seus gols vez por outra (somados todos os campeonatos que os Colchoneros disputam atualmente, são nove), foi muito importante na classificação às quartas de final da Liga dos Campeões, e está de volta à seleção. Não sem antes ouvir o alerta de Koeman: também não será titular ("Foi importante, acho que está voltando à sua melhor forma. Ainda não está lá, ainda não jogou o bastante. Acho que não poderá jogar as duas partidas completas"). 

De qualquer forma, a presença de Depay - e de outros, como Cody Gakpo e Donyell Malen (este, crescendo no Borussia Dortmund) - ameniza o prejuízo da Holanda não contar com dois atacantes que teriam plenas condições de se destacarem nos dois amistosos, se não fossem problemas musculares. Um, Joshua Zirkzee, talvez o maior responsável em campo pela excelente campanha que o Bologna faz no Campeonato Italiano (4º lugar, perto de vaga na Liga dos Campeões 2024/25), marcando dez gols e sendo um dos grandes atacantes da temporada na Bota - Zirkzee estava na pré-convocação antes de se machucar. O outro, Brian Brobbey, de evolução visível mesmo na problemática temporada do Ajax, até foi chamado, mas precisou ser cortado por lesão sofrida defendendo o time de Amsterdã no domingo passado, contra o Sparta Rotterdam, pelo Campeonato Holandês. Ronald Koeman lamentou não poder testar os dois jovens, mas prometeu: "A porta segue aberta tanto para Brobbey quanto para Zirkzee".

Também livre das lesões, Memphis Depay ameniza em campo as ausências promissoras no ataque. Fora dele, tem opiniões criticadas - e, bem, criticáveis... (Robin van Lonkhuijzen/ANP/Getty Images)

A ausência de dois jovens candidatos a revelação da Holanda na Euro é um problema. Assim como a persistente falta de um titular absoluto que acabe com a rotação no gol. Ausência que abriu espaço até para um retorno. Sem aparecer nas convocações havia três anos (foi o terceiro goleiro da Laranja na Euro passada, e figurava nas listas de Frank de Boer e da primeira passagem de Ronald Koeman), Marco Bizot vem muito bem no Brest, segundo colocado do Campeonato Francês. Seguia ausente - "Não faço ideia [da razão]", comentou em entrevista à revista Voetbal International. Mas recentemente foi chamado para conversas com Patrick Lodewijks, treinador de goleiros da seleção ("Foi bom falar com ele de novo", comemorou na entrevista citada). E foi confirmado na convocação. Mas Bizot deverá ver os amistosos do banco, conforme sinalizou Koeman: "Seria maluquice". A tendência é de que o jovem Bart Verbruggen, que terminou 2023 como titular, novamente tenha chances. Embora não se possa descartar Mark Flekken, que vem bem no Brentford. E o treinador da equipe nacional evocou um convocável que só não esteve na lista de agora por (mais uma) lesão: Justin Bijlow. "Vejo potencial em Verbruggen, mas não sei como Bijlow está".

Na roda-viva de goleiros da Holanda, Bizot voltou. Mas Verbruggen deverá seguir titular... (KNVB Media)

Porém, as maiores preocupações vieram de duas observações feitas fora de campo. Vindo da Arábia Saudita, Wijnaldum já atrai desconfianças naturais pela forma física, num campeonato de menor competitividade. Atraiu ainda mais, sendo criticado após comentários considerados alienados sobre o que vê no país em que joga atualmente: "Tem sido um tempo bom. Para mim, as condições de vida lá são extraordinárias. Não vi lá nada do que falam. Todo país tem coisas boas e ruins, até a Holanda". 

Memphis Depay foi considerado mais desagradável ainda. Em seu perfil no Instagram, o atacante manifestou solidariedade a Quincy Promes, amigo e ex-colega de seleção, atualmente detido nos Emirados Árabes, perto de uma extradição para cumprir em terras holandesas seis anos de prisão, por envolvimento em tráfico de drogas. Ronald Koeman sinalizou o desconforto, na coletiva: "Eu não faria isso. Vou conversar com ele". Embora receptivo à oposição do treinador ("Entendo que as pessoas de fora pensem diferente. Tudo bem. Todo mundo pode ter a sua opinião"), Memphis seguiu defendendo sua posição, no mínimo, polêmica - e no máximo, inadequada nos tempos atuais ("Sou amigo de outros jogadores com casos assim: Dani Alves, Benjamin Mendy. Se sou amigo de alguém, não deixo essa pessoa na mão nunca. Isso não significa que eu ache bom tudo que essa pessoa faz. Ou que eu saiba de tudo que a pessoa faz ou não faz. O Quincy Promes que eu conheço, vocês [jornalistas] não conhecem").

Ainda assim, a impressão é de que a seleção da Holanda vive leve evolução em campo. Leve, mas perceptível. Dependendo de sua organização em campo e de como Ronald Koeman consiga colocar suas preferências táticas (o treinador disse que sempre terá três meio-campistas - o que pode levar a um time com três ou dois zagueiros), a Laranja conseguirá provar que as coisas estão melhorando. Ou se quem a acompanha é que está pirando...

Os 23 convocados da Holanda (Países Baixos) para as datas FIFA

Goleiros: Bart Verbruggen (Brighton-ING), Mark Flekken (Brentford-ING) e Marco Bizot (Brest-FRA)

Laterais: Denzel Dumfries (Internazionale-ITA), Jeremie Frimpong (Bayer Leverkusen-ALE) e Daley Blind (Girona-ESP)

Zagueiros: Lutsharel Geertruida (Feyenoord), Virgil van Dijk (Liverpool-ING), Matthijs de Ligt (Bayern de Munique-ALE) e Nathan Aké (Manchester City-ING)

Meio-campistas: Tijjani Reijnders (Milan-ITA), Marten de Roon (Atalanta-ITA), Teun Koopmeiners (Atalanta-ITA), Georginio Wijnaldum (Al Ettifaq-SAU), Joey Veerman (PSV), Jerdy Schouten (PSV), Quinten Timber (Feyenoord) e Mats Wieffer (Feyenoord)

Atacantes: Donyell Malen (Borussia Dortmund-ALE), Xavi Simons (RB Leipzig-ALE), Cody Gakpo (Liverpool-ING), Memphis Depay (Atlético de Madrid-ESP) e Wout Weghorst (Hoffenheim-ALE)

quarta-feira, 5 de abril de 2023

Sem testes. Sem testes?

A Holanda pode até estar encaminhada para a Copa feminina. Mas terá de fazer alguns testes, ao contrário do que parecia (KNVB Media)


Em tese, chegou a hora da seleção feminina da Holanda (Países Baixos) se definir para a Copa do Mundo que vem aí. As 26 convocadas já são frequentemente lembradas pelo técnico Andries Jonker, o próprio Jonker sempre ressalta que é hora de definições ("Não há mais tempo para tentar coisas com as jogadoras", apregoou à emissora NOS)... e a suposição é de que a escalação a ser vista nos amistosos contra Alemanha - nesta sexta, 7, em Sittard - e Polônia - na próxima terça, 11, em Roterdã -  é bem próxima do que se verá em campo na estreia pela Copa, contra Portugal, em 23 de julho. Pois bem: o discurso é uma coisa, mas a prática talvez seja outra. Por mais que a base das Leoas Laranjas seja bastante conhecida de torcedores, aqui e ali se notam vagas e oportunidades que ainda não foram plenamente aproveitadas. 

A mais notável: quem, afinal, preencherá (em termos) a lacuna no meio do ataque, com a ausência agora confirmada de Vivianne Miedema na Copa? Há várias possibilidades. Para começo de conversa, Lineth Beerensteyn, muito bem nos amistosos contra a Áustria em fevereiro, pode jogar na área - e vive boa fase pela Juventus. Por outro lado, Fenna Kalma tem mais uma chance de fazer pela equipe nacional neerlandesa o que faz aos borbotões no Twente: gols. E já nos treinamentos desta semana, no centro da federação, uma velha conhecida se "candidatou" a jogar como principal referência: Jill Roord. De volta às convocações após lesões, a ponta-de-lança do Wolfsburg comentou essa possibilidade à NOS: "Eu sou boa com a bola nos pés, e posso jogar nos espaços curtos. Em um jogo eu venho mais de trás, em outro eu jogo mais pelos lados, depende do adversário e de como dominamos, mas eu posso jogar assim, e gosto de ter a bola, como 'Viv'".

Outro foco aberto está no meio-campo. Titular absoluta, Jackie Groenen está fora dos amistosos, por lesão. Damaris Egurrola deverá substituí-la ao lado das habituais Sherida Spitse e Daniëlle van de Donk, mas é bem provável que se vejam as experiências que Jonker negava. Por exemplo, com uma surpresa de volta à seleção, após um ano: recuperada de grave lesão no joelho, Sisca Folkertsma foi convocada pela primeira vez com o novo técnico. Que nem a conheceu, mas aposta na experiência de Folkertsma, integrante do time campeão europeu em 2017: "Eu não a conheço. Mas a vi contra a Islândia [eliminatórias da Copa, em 2021], e ela foi ótima. Minha comissão também foi à França, e ela não está jogando na posição em que queremos. Mas está voltando da lesão no ligamento cruzado, é uma jogadora excelente, e podemos ver algo dela".

Wieke Kaptein: mesmo nova, já respaldada para a primeira convocação para a seleção adulta (KNVB Media)


Assim como se poderá ver algo de uma estreante. Aos 17 anos de idade, habitual titular da seleção sub-19, a meio-campista Wieke Kaptein foi a grande surpresa da convocação. Lembrada pela primeira vez para a seleção adulta, Kaptein já tem sido titular habitual no Twente, líder do Campeonato Holandês. E é outra jogadora que Andries Jonker deseja ver mais a fundo: "Eu a assisti na Supercopa da Holanda, em setembro [de 2022], e ela já era uma das jogadoras mais importantes do Twente. Ainda é. Não importa quantos anos se tem, mas quão boa você é. Neste momento, ela merece uma convocação. Veremos como ela está. Sem pressão".

Há mais possibilidades para a Holanda, em mais posições. Victoria Pelova também está pronta para a titularidade no meio-campo, e já nota as fortes diferenças de nível e de intensidade entre o Ajax em que jogava e o Arsenal em que agora está ("Nas primeiras semanas, ainda não tínhamos tantos jogos, e os treinos eram bem intensos. E cada partida [do Campeonato Inglês] é um clássico"). Algumas vezes, o destino forçou mudanças. Como na ausência de Esmee Brugts, lesionada, no amistoso contra a Alemanha - Andries Jonker lamentou na entrevista coletiva: "Esse tipo de jogo vale ouro para alguém como ela, na idade dela, nessa fase do desenvolvimento dela". Ou seja: será necessário escalar outra jogadora como ala. Ou mesmo voltar a apostar no esquema com três zagueiras, com Spitse como "líbero".

Andries Jonker pode até falar que não é hora para testar. De fato, o grosso do time titular da Holanda pode até estar definido para a Copa feminina. Mas que o time ainda passará por ajustes daqui até 23 de julho, passará.

As 26 convocadas da Holanda (Países Baixos)

Goleiras: Daphne van Domselaar (Twente), Barbara Lorsheyd (ADO Den Haag) e Jacintha Weimar (Feyenoord)

Laterais: Kerstin Casparij (Manchester City-ING), Lynn Wilms (Wolfsburg-ALE), Dominque Janssen (Wolfsburg-ALE) e Merel van Dongen (Atlético de Madrid-ESP)

Zagueiras: Stefanie van der Gragt (Internazionale-ITA), Aniek Nouwen (Milan-ITA), Caitlin Dijkstra (Twente) e Jill Baijings (Bayer Leverkusen-ALE)

Meio-campistas: Sherida Spitse (Ajax), Damaris Egurrola Wienke (Lyon-FRA), Daniëlle van de Donk (Lyon-FRA), Victoria Pelova (Arsenal-ING), Sisca Folkertsma (Bordeaux-FRA) e Wieke Kaptein (Twente) 

Atacantes: Lieke Martens (Paris Saint Germain-FRA), Lineth Beerensteyn (Juventus-ITA), Fenna Kalma (Twente), Esmee Brugts (PSV), Romée Leuchter (Ajax), Tiny Hoekstra (Ajax), Renate Jansen (Twente) e Katja Snoeijs (Everton-ING)

sexta-feira, 25 de março de 2022

Em obras

A seleção masculina da Holanda tem até novembro para virar um time mais consolidado. E o trabalho rumo à Copa começa nos amistosos contra Dinamarca e Alemanha (KNVB Media)

Na edição da semana posterior à classificação da seleção masculina da Holanda para a Copa de 2022, a revista Voetbal International estampou na capa: "Missão cumprida: agora, é construir um bom time". E a construção rumo ao Mundial começará exatamente nesta semana. Podem não ser amistosos contra seleções fora da Europa - o técnico Louis van Gaal os queria tanto quanto a Seleção Brasileira gostaria de pegar adversários do Velho Continente, por exemplo -, mas a Laranja terá rivais respeitáveis à disposição nas suas primeiras partidas do ano. No próximo sábado, às 16h45 de Brasília, em Amsterdã, a Dinamarca - até melhor do que os neerlandeses nas eliminatórias da Copa, classificada de modo invicto; e na terça-feira, 29, novamente na Johan Cruyff Arena, a Alemanha, antagonista tão histórica.

Se o próprio Van Gaal reconheceu que "a preparação para a Copa começa nesta semana", o início da "construção" quase teve a dificuldade de ficar sem o "mestre-de-obras": afinal de contas, Van Gaal testou positivo para o coronavírus na terça passada, e teve de ficar alguns dias em isolamento. De todo modo, o treinador da Oranje chegou para a semana de treinamentos no centro da federação, em Zeist, enfatizando várias coisas. A primeira delas: uma grande convocação - são 28 os chamados. Algo explicável pelo técnico, na coletiva de apresentação, na segunda-feira passada: "Quero que todo mundo participe da implementação [do esquema]. Aí posso ver quais jogadores funcionam ou não. Também ficará fácil ter mais jogadores, para termos uma noção de como posso utilizá-los". Isso inclui até gente lesionada: o zagueiro Jurriën Timber e o atacante Cody Gakpo, por exemplo, estavam lesionados e já até voltaram a seus clubes, mas foram mantidos na convocação por alguns dias. Afinal, Van Gaal não quer perder tempo algum: "Eles podem não treinar, mas podem assistir e ouvir". E quer dar chance aos jovens: "Espero que eles se desenvolvam neste ano, para que possamos usá-los, eventualmente. Foi o que aconteceu em 2014, com Depay [Depay foi àquela Copa aos 20 anos, e jogou bem]”.

Novidades também fazem parte desse amplo grupo de jogadores. Seria o caso do zagueiro Jordan Teze, do PSV, estreando pela seleção adulta na lacuna aberta com a contusão de Stefan de Vrij - mas Teze foi cortado após lesão durante os treinos. É o caso de Jordy Clasie: cinco anos após sua última convocação, a experiência e as boas atuações do meio-campo do AZ, presente na Copa de 2014 - jogou a semifinal contra a Argentina, desde o intervalo do tempo normal -, renderam a volta à Laranja, para surpresa dele mesmo ("Nem falei com o técnico ainda, eu o reverei pela primeira vez"). 

Não será o caso de Ryan Gravenberch: mesmo elogiado pelas atuações recentes no Ajax, o promissor meio-campista ficou de fora da convocação, indo para a relação da seleção sub-21. Van Gaal justificou: "Ele teve uma fase ruim (...) E a Laranja Jovem joga contra a Suíça, que está na frente [nas eliminatórias da Euro sub-21]. Estou aqui em nome do futebol holandês, não só da seleção principal". Gravenberch sentiu o impacto. Reconheceu a má surpresa, na ligação em que Van Gaal lhe comunicou. E sintetizou, ao diário Algemeen Dagblad: "Eu realmente não esperava [ficar fora da seleção principal]".

Van Gaal chegou com a obrigação única de ajudar a Holanda a voltar à Copa do Mundo. Com a equipe já acostumada ao 4-3-3, foi assim que a vaga veio. Agora, o técnico fará o que já queria desde o começo: experimentar a Laranja com três na zaga (Pim Ras)

Outro ponto bastante enfatizado pelo comandante da Laranja: o esquema tático. Enfim, cumprido o primeiro objetivo - a vaga na Copa -, Van Gaal ganhou algum crédito para fazer o que deseja desde o começo de sua terceira passagem pela seleção: além do 4-3-3 velho de guerra, experimentar escalar a equipe com três zagueiros. Muito inspirado pelo Chelsea ("Você pode ser ofensivo no 5-3-2, ou no 5-2-3 - o Chelsea mostra isso, com escalações diferentes, eu tiro o chapéu para Tuchel"), Van Gaal pensa seriamente num 3-4-3. Ou num 3-5-2 - e até por isso, fica justificável a convocação de Hans Hateboer, mais do que acostumado a jogar assim na Atalanta, como um ala avançado pela direita. O técnico repetiu justificativas: "Há muitos times que jogam assim, ou numa variação desse esquema. Os jogadores já estão mais envolvidos com isso". Louis foi além: "Há muitos times na Holanda que jogam assim, e dificultam as coisas contra times maiores". E terminou: "Também se deve olhar para as qualidades do adversário. A marcação por pressão não precisa ser somente na área do adversário. (...) Contra a Noruega [nas eliminatórias da Copa], a gente marcou por pressão no meio-campo. Deixamos a Noruega vir, e tínhamos espaço para os contra-ataques".

Claro, aí as polêmicas já começam. Aqui e ali, retornam as principais críticas à escalação com três zagueiros: ser algo que "trai" a "escola holandesa", adepta do bom e velho 4-3-3. Ouvido pela Voetbal International, o ex-técnico e comentarista Hans Kraay Jr. resumiu: "Se está tudo bem com o 4-3-3 e os jogadores se sentem bem assim, para quê mudar tudo de novo?". Tal comentário foi ecoado por ninguém menos do que Virgil van Dijk: embora receba bem a tentativa de mudar o esquema ("Temos uma seleção fantástica, com bons jogadores, que seguramente poderiam atuar assim"), o zagueiro e capitão também reconhece: "Ainda acho que o 4-3-3 também funciona bem para nós". E Van Gaal deixa a porta aberta para a volta do esquema tático mais habitual da Holanda, se necessário: "Todo dia eu deixo um tempo livre para avaliação nos treinos, e eles [jogadores] também podem falar. Eu escolhi esse sistema, é o que um técnico faz, podem achar que eu sou um ditador... mas se um jogador não quiser isso, ele também jogará pior. Isso não é bom. Todo mundo precisa estar bem para podermos alcançar algo".

Ainda pouco conhecido da torcida laranja, Flekken deverá ter, enfim, sua primeira chance no gol da seleção (Pro Shots)

Mas há pelo menos um nome alegre com a experimentação tática a ser feita: Mark Flekken. Enfim, o goleiro de 28 anos terá sua estreia jogando na seleção masculina, com as lesões do titular Justin Bijlow e do veterano Jasper Cillessen, primeiro reserva. Van Gaal justificou - sem citar nomes - a escalação com o... esquema: "Ele joga muito bem numa defesa com três zagueiros. Se ele será o titular contra a Dinamarca? Não sei, mas ele joga bem com três zagueiros". A Flekken, ainda um mistério para a maioria da torcida (o perfil da emissora NOS no Instagram revelou que 85% dos seguidores nunca viu o goleiro atuar no Freiburg-ALE), ficou a comemoração otimista: "É um sonho de menino, e sonhar não custa nada". Elogiado pela capacidade em ter a bola nos pés, além das defesas, o arqueiro ainda assumiu, quando perguntado se dera um leve sorriso com a chance que se abriu, pelas ausências dos nomes mais habituais da posição: "Eu mentiria se dissesse que não...".

Há mais fatores chamando a atenção. A promessa de Teun Koopmeiners, aumentando sua voz ("Eu jogo assim, com três zagueiros, na Atalanta. E eu vou brigar pela posição em que Frenkie de Jong joga, é para isso que estou aqui"). As dúvidas sobre o nível técnico atual de Georginio Wijnaldum e Memphis Depay, ambos em relativa má fase nos clubes por que jogam. Todos elementos que serão levados em consideração, nas "obras" que serão comandadas por Van Gaal e construídas pelos jogadores a partir de agora. Com uma intenção: que o edifício laranja esteja firme e possa causar uma boa impressão quando a Copa chegar.

Os convocados da Holanda

GOLEIROS: Mark Flekken (Freiburg-ALE), Tim Krul (Norwich City-ING) e Joël Drommel (PSV)

LATERAIS: Denzel Dumfries (Internazionale-ITA), Hans Hateboer (Atalanta-ITA), Daley Blind (Ajax), Tyrell Malacia (Feyenoord) e Owen Wijndal (AZ)

ZAGUEIROS: Virgil van Dijk (Liverpool-ING), Matthijs de Ligt (Juventus-ITA) e Nathan Aké (Manchester City-ING)

MEIO-CAMPISTAS: Georginio Wijnaldum (Paris Saint Germain-FRA), Frenkie de Jong (Barcelona-ESP), Marten de Roon (Atalanta-ITA), Steven Berghuis (Ajax), Jordy Clasie (AZ), Teun Koopmeiners (Atalanta-ITA), Guus Til (Feyenoord) e Davy Klaassen (Ajax)

ATACANTES: Memphis Depay (Barcelona-ESP), Steven Bergwijn (Tottenham-ING), Donyell Malen (Borussia Dortmund-ALE), Arnaut Danjuma (Villarreal-ING), Noa Lang (Club Brugge-BEL) e Wout Weghorst (Burnley-ING)

terça-feira, 1 de junho de 2021

O ensaio geral de uma antiga peça

Na tranquilidade da portuguesa Lagos, a Holanda entra na reta final rumo à Euro 2020 (Pro Shots)

Como em qualquer outra competição, a seleção masculina da Holanda (Países Baixos) terá alguns amistosos de preparação antes de um grande torneio - no caso, a Euro 2020(+1). Como na Copa de 2014, os convocados da Laranja estão fazendo uma semana de treinos num resort, no balneário de Lagos, em Portugal. E como na Copa de 2014, está cada vez mais na cara: a seleção holandesa irá para a Euro jogando com cinco homens na zaga, para tentar ocultar eventuais fragilidades defensivas. A Oranje mostrará isso primeiro no amistoso desta quarta, contra a Escócia, em outra cidade portuguesa, Faro. E deverá repetir a dose na despedida de sua torcida - sim, alguns adeptos deverão ter acesso ao estádio - rumo à Euro, em Enschede (cidade do Twente), contra a Geórgia, no próximo domingo. 

O técnico Frank de Boer foi bastante claro nas justificativas para a mudança tática (e para a consequente escalação de Marten de Roon), durante a entrevista coletiva desta terça: "Marten já conhece o esquema de cor e salteado, é assim que ele joga na Atalanta, toda semana. Além do mais, De Vrij também atua num esquema com três zagueiros na Internazionale. E [Daley] Blind tem a lembrança da Copa de 2014". Mais importante, no entanto, foi quando De Boer deixou os nomes de lado e falou mais nas razões do time como um todo: "Com uma só alteração, o jeito do time jogar já muda. Desse jeito, ganha-se um pouco mais de segurança. Isso é bom. E podemos continuar sendo ofensivos. Com três atacantes também somos ofensivos, mas o esquema é estático demais". De fato - e foi justamente a lentidão da Holanda que a complicou, por exemplo, contra a Turquia, nas eliminatórias da Copa de 2022. 

Além do mais, Frank de Boer andou se inspirando em experiências prévias. Por exemplo, as lembranças de Bert van Marwijk, a quem o atual treinador auxiliou no vice-campeonato da Laranja na Copa de 2010. Pragmático, Van Marwijk disse certa vez: "Antes tudo era baseado em técnica e criatividade. Era lindo de ver - no boxe, com Muhammad Ali, no tênis, com John McEnroe e Bjorn Borg. Mas esse tipo de tênis e de boxe você não vê mais. O esporte evolui". Sem contar a simples lembrança do que a Holanda viveu antes da Copa de 2014. Também numa preparação em Portugal, o então técnico Louis van Gaal decidiu: sem o lesionado Kevin Strootman, teria de proteger mais a defesa. Era isso, ou correr risco de ser eliminado na fase de grupos, diante de uma Espanha que vinha de título mundial e de um Chile ascendente. A Holanda apostou nisso, teve um Arjen Robben em estado de graça... e deu no que deu: num elogiável terceiro lugar. Por tudo isso, compreendeu-se bem a provável mudança tática neerlandesa na Euro. 

Nem mesmo a desconfiança faz Frank de Boer perder o sossego: o técnico da Holanda já começa a achar alternativas para a Euro (ANP)

Outra coisa que tem facilitado os trabalhos de preparação em Lagos é o bom ambiente entre os jogadores. Não que fosse novidade, mas por enquanto, seguem os sorrisos. Capitão da seleção com a ausência de Virgil van Dijk, Georginio Wijnaldum se lembrou dos tempos duríssimos vividos entre 2014 e 2018, com a ausência das grandes competições: "É um time de amigos, de novo. Formamos uma unidade. Claro que isso sozinho não ganha jogo, mas é muito importante". Até mesmo Frank de Boer, mesmo sob pesada desconfiança, tem achado momentos de relaxamento: aproveita assistindo à série The Playbook, do Netflix. E até nisso acha maneiras de aprender sobre comando de equipes no esporte: "Lá se vê como o técnico em questão [Doc Rivers, atual comandante do Philadelphia 76ers na NBA] constrói um time. Ali se vê: só juntar as estrelas não significa nada".

O que não quer dizer que a Holanda tem passado ilesa por essa reta final de preparação para a Euro. Algumas machucaduras foram inevitáveis. Já começaram na quarta-feira passada, durante o anúncio dos 26 convocados. E Frank de Boer foi novamente o alvo principal. Primeiro, por suposta omissão no anúncio dos oito cortados na pré-convocação: Anwar El Ghazi teria sabido de sua ausência durante uma gravação de programa televisivo, e Jerry St. Juste sequer teria sido comunicado. Depois se soube que a comunicação de Frank aos dois ocorrera previamente. O erro inegável de De Boer foi numa frase na entrevista coletiva. Ao comentar a convocação de Donny van de Beek, reserva no Manchester United, ele se defendeu: "Também não é que ele tenha jogado tão pouco. Atuou por cerca de 4000 minutos na temporada". Estaria tudo bem, não fosse o fato de que o treinador confundiu os dados de Van de Beek (que só jogou 1456 minutos pelo Manchester United) com os de Davy Klaassen (este, sim, com 4000 minutos em campo pelo Ajax). Aí, as desculpas foram inevitáveis: "A entrevista de quarta não foi das minhas melhores".

Já outros problemas independeram do técnico. Por exemplo, a polêmica da vacina contra a COVID-19. Oferecida à delegação na quarta-feira passada, a maioria dos membros passou por ela - Daley Blind e o próprio Frank de Boer se vacinaram, por exemplo. Porém, soube-se depois que seis jogadores se recusaram a ser vacinados. Entre eles, Memphis Depay, Wout Weghorst e Matthijs de Ligt. Já alvo de críticas por seu comportamento em relação à pandemia (chegou a postar coisas no Instagram duvidando dela, no ano passado), Weghorst preferiu desconversar sobre o tema, ao ser perguntado se era o "antipandemia": "Pô, já começaram bem...". 

A vacina contra a COVID-19 se tornou alvo de rara polêmica na Laranja - com De Ligt como bola da vez (Getty Images)

Mas De Ligt foi o grande criticado da vez: confirmou que não tomara nem pretendia tomar a vacina. "Não é obrigatório. Penso que cada um deve ser o senhor do seu próprio corpo. Eu me contentarei em manter isolamento máximo de qualquer um que não esteja envolvido com a delegação". Foi criticado até pelo virologista Ab Osterhaus, chefe do RIVM (o instituto de saúde pública dos Países Baixos), que alertou para o exemplo que o zagueiro deveria ser. Prontamente se corrigiu, em seu perfil no Instagram: "Não entendi direito a pergunta, na hora. É lógico que sou a favor da vacina". E Frank de Boer preferiu pôr panos quentes ("Eu não senti nada, mas alguns jogadores ficaram abatidos e febris, no dia seguinte"), sem deixar de tirar o corpo fora ("Cada um sabe de si - eu me vacinei").

Problema sanitário superado em Portugal, veio o problema sanitário ocorrido na Espanha: o teste positivo de Jasper Cillessen para o coronavírus. O goleiro titular da seleção já começara a cumprir o isolamento, mas Frank de Boer preferiu não correr riscos ("Não sabemos quanto tempo vai levar para ele ficar 100% de novo. Estamos com a Euro batendo à porta, e eu quero segurança"). E Cillessen, dos raros remanescentes da Holanda num grande torneio, teve mais um capítulo de azar lamentável em sua carreira, sendo cortado. Já integrado à delegação em Portugal, como sobreaviso, Marco Bizot foi efetivado como o terceiro goleiro holandês na Euro. E Frank de Boer sinalizou: tanto Tim Krul quanto Maarten Stekelenburg terão suas chances nos amistosos contra Escócia e Geórgia. Até porque, como ele próprio afirmou, o titular do gol holandês ficou indefinido.

São os únicos pontos de interrogação, numa Holanda que se prepara com tranquilidade até aqui para a Euro 2020(+1). E que, para aumentar suas chances dentro da competição, mira-se no exemplo que já deu certo em 2014. É um ensaio geral agora, para uma antiga peça.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Uma reação promissora

Mesmo seguindo como uma grande seleção europeia no futebol feminino, a Holanda andava precisando impor mais respeito com suas atuações. Fez isso nos primeiro amistosos de 2021 (Laurens Lindhout/Soccrates/Getty Images)

Ainda que tenha feito uma campanha irretocável nas eliminatórias da Euro-2021-que-virou-2022 (dez vitórias em dez jogos), a seleção feminina da Holanda (Países Baixos) deixou em 2020 uma pulga atrás da orelha de quem a acompanhou no empolgante 2019 que fizera. Mesmo vice-campeã mundial, teve atuações apenas corretas na campanha de qualificação para a Euro na qual defenderá o título. Quando encararam seleções do mesmo tamanho, as Leoas Laranjas decepcionaram: empates contra Brasil, Canadá e França (torneio amistoso, em março), e uma derrota para os Estados Unidos (2 a 0, amistoso em novembro), com atuação até pior do que tivera contra as americanas na final da Copa. Ficava, então, a dúvida: como viria a seleção para os primeiros amistosos deste 2021 olímpico, por ora, contra Bélgica - sexta passada, em Bruxelas - e Alemanha - nesta quarta-feira, em Venlo?

Pois a Holanda começou o ano bem, muito bem. Contra a Bélgica, adversária regional, a vantagem no retrospecto já fazia crer num bom desempenho (de 30 jogos, a Holanda vencera as "Chamas Vermelhas" em 22). De quebra, mesmo se valendo da escalação costumeira - e contestada em alguns casos, como na escalação de Daniëlle van de Donk, criticada pelas atuações no Arsenal -, Sarina Wiegman fez uma opção interessante ao colocar Jill Roord na ponta-direita, substituindo Shanice van de Sanden, habitual titular e ausente da convocação por razões familiares. Na defesa, sem a lesionada Dominique Janssen, Lynn Wilms dividiu o miolo de zaga com Stefanie van der Gragt. 

Pois deu certo. Os nomes podiam até ser os mesmos - Jackie Groenen, Sherida Spitse, Vivianne Miedema, Lieke Martens... -, mas a Holanda mostrou uma velocidade maior já contra a Bélgica. Antes mesmo que Miedema fizesse 1 a 0, aos 33', Jill Roord já acertara chutes no travessão. Porteira aberta, viu-se o esperado quando as holandesas jogam bem entre meio e ataque: trocas de passes, chegadas velozes, muitos gols. Sim, a Bélgica chegou a assustar quando Marie Minnaert diminuiu para 2 a 1. Mas a reta final do jogo mostrou qualidades já conhecidas: a ajuda das meio-campistas no ataque (assim Van de Donk fez um belo gol, de calcanhar, aos 81'), o valor de Van der Gragt no jogo aéreo (assim a zagueira marcou o quinto gol: de cabeça), a utilidade de Lieke Martens quando tem velocidade e a bola nos pés (fez um gol, e marcou outros tantos).

O dinamismo maior mostrado por Martens e Van de Donk foi uma das razões para celebração na goleada das Leoas Laranjas sobre a Bélgica (Reprodução/One Football)

Já valeu para atrair elogios - quando nada, porque a Bélgica será tão participante da Euro 2022 quanto a Holanda. Mas ficava a dúvida: como a representação dos Países Baixos jogaria diante da Alemanha, adversária bem mais respeitável (ainda que ausente do torneio olímpico que ocorrerá em Tóquio), contando com craques como Alexandra Popp e Dzsenifer Marozsán? Pois as Leoas Laranjas ressaltaram as razões para otimismo dadas contra a Bélgica. Começaram mais ofensivas em Venlo, já acertando a trave com Roord aos 4', e enfim fazendo 1 a 0 aos 16' numa boa jogada ofensiva: Spitse lançou, Miedema ajeitou, Groenen finalizou com chute forte. De quebra, exigiram muito trabalho da goleira Merle Frohms, que vitou gols de Miedema e Martens (35') e Van de Donk (40').

O porém foi o de sempre: a fragilidade do miolo de zaga. Nele veio o gol de empate, aos 44', com Klara Bühl livre para cruzar e Laura Freigang livre para completar. De quebra, no segundo tempo, com as neerlandesas cansadas, a Alemanha chegou bem mais perto do gol: Marozsán aos 53', Bühl aos 57', Svenja Huth aos 69'... em todas essas chances, destacou-se a goleira Lize Kop. Reserva contra a Bélgica (Sari van Veenendaal foi titular, como de costume), Kop recebeu talvez a grande chance desde que começou a ser convocada para a seleção feminina. Mostrou força física, explosão e destemor nas saídas de gol. E se consolidou como a principal reserva entre as goleiras. Até porque a veterana Loes Geurts, que fora convocada após grave concussão cerebral, foi novamente cortada por lesão.

Lize Kop recebeu chance valiosa no gol dos Países Baixos - e mostrou qualidades (Laurens Lindhout/Soccrates/Getty Images)

De quebra, quando tinha a bola no ataque, a Holanda seguia trazendo tanto perigo quanto a Alemanha. E conseguiu, com dificuldades, o gol da vitória, aos 60' - Groenen chutou no travessão, e só aí Van de Donk, de estatura baixa, conseguiu marcar de cabeça, no rebote. Com duas vitórias, as Leoas Laranjas venciam o triangular amistoso para celebrar a candidatura tripla das três nações (Países Baixos, Alemanha e Bélgica) a sediar a Copa do Mundo feminina em 2027. Comprovaram, em campo, o que Sherida Spitse celebrou após o apito final: "As alemãs jogam mais com a bola nos pés, se mexem muito - diferente, por exemplo, das norte-americanas, que se valem mais da força física. Podemos nos orgulhar".

Iniciando seus últimos meses à frente da seleção feminina antes de tomar o rumo da Inglaterra, Sarina Wiegman também comemorou o acerto, mais do que nas mudanças táticas, na mudança de postura do time: "Em alguns momentos, deu muito certo". Ainda há muito tempo. Sequer há certeza de que o torneio olímpico de futebol feminino efetivamente ocorrerá. Mas o fato é que, se a Holanda precisava ressaltar que merece respeito, começou fazendo isso muito bem em 2021, com uma reação promissora.

terça-feira, 3 de março de 2020

Para experimentar... e ganhar

O ar do quarteto Roord-Van de Sanden-Spitse-Van de Donk deixa claro: ganhar é importante, mas o torneio amistoso é encarado tranquilamente para a Holanda. Intenção maior é experimentar algumas novas caras (AFP)

A impressão agradável que a seleção feminina da Holanda deixou na Copa do Mundo, ano passado, faz com que seja grande a expectativa sobre o que as Leoas Laranjas podem fazer no torneio amistoso da França, iniciado nesta quarta - com a estreia laranja contra o Brasil, em Valenciennes, às 15h de Brasília. Expectativa talvez maior do que os objetivos claros para o quadrangular com Brasil, Canadá e França. Claro, ganhá-lo será bom, será uma mostra de que a equipe continua confiável. No entanto, um objetivo tão importante quanto as vitórias serão as experiências feitas com vistas aos jogos contra Kosovo e Estônia, em abril, pelas Eliminatórias da Euro 2021, e para o próprio torneio olímpico.

Foi exatamente o que a treinadora Sarina Wiegman comentou à emissora NOS, na segunda-feira de apresentação das 24 convocadas antes da viagem à França: "É uma ótima chance para desenvolvermos o time, tentarmos coisas". E foi exatamente com essas intenções que ela convocou quatro jogadoras pouco habituais nas convocações. O quadrangular na França será a oportunidade para que possam despontar a zagueira Lynn Wilms, do Twente; a lateral Aniek Nouwen, do PSV; e as atacantes Ashleigh Weerden, também do Twente, e Joëlle Smits, do PSV.

Por sinal, Nouwen é a primeira tentativa de Sarina para resolver um problema inexistente durante a Copa: quem será a lateral direita das Leoas Laranjas em Tóquio? Afinal, Van Lunteren, a titular no vice-campeonato mundial, deixou a seleção no fim do ano passado, preferindo se focar somente no Ajax. Sua reserva imediata, Liza van der Most, estava pronta para ocupar a posição, mas uma séria lesão no joelho tirou Van der Most da temporada - e muito provavelmente, dos Jogos Olímpicos. À NOS, Wiegman reconheceu: "É um desafio. É tentar mexer aqui e ali, até as coisas darem certo de novo". Assim como também reconheceu que "não esperava" ver a goleira e capitã Sari van Veenendaal, de atuações estupendas na Copa, na reserva do Atlético de Madrid.

Após a lesão renitente no pé, Lieke Martens está otimista (BSR Agency)

Se umas foram, outras voltaram. E outras importantes. Enfim recuperada dos problemas no joelho após cirurgia, Stefanie van der Gragt retornou às convocações - e imediatamente deverá voltar ao miolo de zaga, para a parceria com Anouk Dekker. E retornando bem ao Barcelona após a cirurgia no pé que tanto a atrapalhou durante a Copa, Lieke Martens já mostrou nas palavras o quanto está entusiasmada para voltar a jogar vestindo laranja: "Estou com muita vontade. É muito bom ver as meninas de novo". Falando ao jornal De Telegraaf nesta terça, Martens se lembrou dos problemas que o dedo do pé operado lhe causava: "Foi um período duro, eu sentia dores em todo jogo. Mesmo quando andava normalmente pela cidade, sentia um incômodo. Estou feliz que tenha acabado. Eu me sinto bem, já joguei partidas: no começo vinha do banco, e agora estou começando como titular". Começando bem, vale lembrar: foram dois gols pelo Barcelona, nas últimas semanas do Campeonato Espanhol feminino.

E entre preocupações e confianças (Vivianne Miedema, titularíssima no ataque, já tem 14 gols em 12 jogos pelo Arsenal, na Women Super League inglesa), a seleção feminina da Holanda está confiante e tranquila. Mesmo a ameaça do coronavírus, preocupando a Europa, é monitorada com calma, como Sarina Wiegman comentou: "Ouvimos conselhos do RIVM (instituto de saúde pública) e do comitê olímpico holandês. Recebemos a recomendação de evitarmos abraços, talvez até recusar presentinhos como bichos de pelúcia. E se alguém se sentir mal, terá imediatamente um quarto isolado".

Assim, o torneio amistoso é encarado de modo até feliz, numa França que tão boas lembranças deixou às Leoas Laranjas em 2019. Sarina Wiegman celebra: "Jogaremos contra seleções que também estarão nos Jogos Olímpicos. E se perdermos, não haverá consequências". Exatamente por isso, a treinadora deu a certeza: "Ganhar é legal, mas quero experimentar acima de tudo". As experiências serão ainda mais aceitas em caso de vitórias...

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Últimos ajustes

Pröpper, Van Dijk, Aké, De Roon: a Holanda já tem novas caras sob Ronald Koeman. A hora é de ajustes finais rumo à Liga das Nações, nos últimos amistosos antes dela (ANP)
"Eu sempre disse que quero ter uma imagem muito bem definida [do time] após os quatro amistosos antes da Liga das Nações começar." Foi o que Ronald Koeman disse, há dez dias, na entrevista em que anunciou a convocação da Holanda para as datas FIFA desta semana. E é este o seu objetivo: deixar a Laranja pronta para o começo da disputa do torneio europeu de amistosos/qualificação - ainda mais tendo em vista os adversários que a esperam no grupo, França e Alemanha. Alguns passos foram dados em março, tanto na derrota para a Inglaterra quanto na vitória sobre Portugal. E os últimos ajustes serão feitos tanto nesta quinta, 31 de maio, contra a Eslováquia, em Trnava, quanto no esperado amistoso da próxima segunda: a "final da não-Copa do Mundo", contra a Itália, em Turim.

Uma definição, Koeman já tem: pelo menos por enquanto, a Laranja jogará com três zagueiros, no 5-3-2 que deu certo nos 3 a 0 sobre Portugal - e, principalmente, na Copa de 2014. O técnico reconheceu: "Isso ficou melhor definido para mim, após os amistosos de março". O que não impede o treinador de mudar a abordagem tática caso necessário: "De qualquer modo, escalarei entre três e cinco defensores, essa escalação pode mudar de acordo com o adversário". No entanto, a opção pela linha de cinco jogadores na defesa é o natural - até porque dois dos raros jogadores holandeses badalados neste momento são zagueiros, Matthijs de Ligt e Virgil van Dijk (ambos obviamente convocados).

Embora estes dois nomes sejam mais previsíveis, a convocação trouxe novidades entre os 25 membros dela. Algumas novidades nem são tão novas assim, mas conseguiram ritmo de jogo suficiente para enfim serem chamadas de novo - caso de Terence Kongolo, enfim recebendo mais chances após chegar ao Huddersfield Town, e Eljero Elia, que teve lá seu destaque na boa campanha do Basaksehir, terceiro colocado no Campeonato Turco. 

Já outras novidades realmente são inéditas. É o caso do meio-campista Ruud Vormer, 30 anos, convocado pela primeira vez após o sucessivo destaque no Club Brugge, recém-consagrado campeão belga. Claro, contribuiu para a chance que Vormer receberá o fato do treinador que o chamou já o conhecer há tempos. E Koeman relembrou: "Eu o conheço desde os tempos em que o treinei no Feyenoord. Continuei acompanhando, é assim com jogadores que comandei. Ele cresceu muito no clube atual, era o momento certo para chamá-lo".

Com a temporada europeia praticamente encerrada, os jogadores foram chegando sucessivamente, e Koeman já pôde trabalhar com o grupo completo há praticamente duas semanas - óbvias exceções, Van Dijk e Georginio Wijnaldum chegaram na segunda passada, após a derrota pelo Liverpool na final da Liga dos Campeões. De resto, o clima tem sido bom, com Elia até fazendo piadas após a volta à seleção: "Eu já tinha até marcado a minha viagem de férias". 

E nesta quarta, Koeman já antecipou: todas as novidades serão testadas contra Eslováquia e/ou Itália: "É claro que se você convoca algumas caras novas, você dará alguns minutos a eles - seja em um dos jogos, seja em ambos". Vormer, por exemplo, é um nome que será observado - até porque Wijnaldum deverá ser poupado contra os eslovacos, segundo o treinador deu a entender (o mesmo acontecerá com Van Dijk). No ataque, já experimentado contra a Inglaterra, Wout Weghorst será escalado num experimento com o 4-3-3, servindo de referência para Memphis Depay e Quincy Promes. Boa oportunidade para o atacante do AZ, agora única referência de ataque, após a saída definitiva e voluntária de Bas Dost.

A única dúvida de Koeman ainda é o gol. Assim como nas datas FIFA passadas, tanto Jeroen Zoet quanto Jasper Cillessen terão um jogo cada um. O goleiro do PSV foi figura de destaque na campanha do título, mas atua num campeonato menos exigente. Já o arqueiro do Barcelona está sem ritmo de jogo, mesmo que se comporte de modo cada vez mais seguro e que tenha ido bem contra Portugal. Em entrevistas, Cillessen comentou: até queria buscar um novo clube onde fosse titular, "mas o Barcelona não quer me liberar".

É a única incerteza. A Holanda já parece ter um estilo sob o comando de Ronald Koeman. E a única intenção dos amistosos desta semana é fortalecer este estilo.