quarta-feira, 31 de agosto de 2016

É o caos!

Cada vez mais só, Danny Blind precisa isolar o razoável grupo da seleção holandesa do caos na federação (Soenar Chamid/VI Images)

Localizado na cidade de Noordwijk, o hotel Huis ter Duin é para a seleção holandesa algo parecido ao que a Granja Comary é para a brasileira: um lugar clássico para apresentação dos jogadores convocados, antes do início dos trabalhos. Foi assim também agora, na chegada dos 23 convocados de Danny Blind para o amistoso contra a Grécia (amanhã, em Eindhoven) e, principalmente, para a estreia nas eliminatórias da Copa de 2018 - no próximo dia 6, contra a Suécia, em Solna. E o clima durante a chegada foi otimista. 

Aliás, antes mesmo dela era possível notar certa ansiedade nos convocáveis. Tentando ganhar uma sequência de jogos que afaste definitivamente os temores de nova lesão, na Roma e na Laranja, Kevin Strootman carregou no tom ao diário Algemeen Dagblad: "Devemos olhar a ausência na Euro como um acidente. Contra a França, no grupo [das eliminatórias], será muito difícil. Mas todos os outros países na nossa chave têm jogadores piores. Então, é deixar a porcaria de lado, e dar todo o gás". Strootman não é o único a encarar com vontade a nova fase da Oranje. Outro que pode ter novo fôlego na carreira é Maarten Stekelenburg: a semanas de completar 34 anos, o goleiro do Everton ficou na lista final de Blind pai. E "Stekel" chegou ao Huis ter Duin muito motivado, tanto pelo bom começo de temporada defendendo os Toffees quanto pela frase definitiva do treineiro da Oranje, ao comentar os vários goleiros "convocáveis". 

Citando a ida de Jasper Cillessen para o Barcelona - e a possibilidade do atual titular da seleção perder ritmo de jogo na reserva dos Culés -, Blind alertou: "Temos mais possibilidades, no que se refere aos goleiros. Não é um assunto definido como já foi. Por exemplo: estou muito surpreso com Stekelenburg, que está muito bem, em alto nível. E Vorm, que ficou de fora agora, está muito bem no Tottenham". Isso, sem citar Jeroen Zoet, o reserva mais imediato de Cillessen. Com tudo isso, dá para compreender quando Stekelenburg comenta: "Agora é recomeçar por aqui, e ver até onde posso ir".

Strootman e Stekelenburg são os exemplos citados. Mas há Georginio Wijnaldum, que tem no Liverpool a grande chance de sua carreira; há as novidades interessantes - como o volante Jorrit Hendrix, que mereceu sua primeira convocação pelo estupendo começo de temporada no PSV; há a disputa interessante no ataque, entre Bas Dost, Luuk de Jong e Vincent Janssen; há gente como Steven Berghuis e Quincy Promes, que aproveitaram bem as chances nos amistosos, e viraram reais opções para o time titular - no caso de Promes, desbancando Memphis Depay, sequer chamado.

Enfim, a mudança de geração está feita. Pode não ser a melhor geração que já vestiu o uniforme laranja, mas é a que terá a função de levar a Oranje à 11ª Copa do Mundo de sua história. Tarefa um pouco mais possível, com a Suécia, rival mais potencial pelo segundo lugar da chave, enfraquecida pelas várias saídas definitivas da seleção: Andreas Isaksson, Kim Källstrom - e acima de tudo, Zlatan Ibrahimovic. Fica apenas a expectativa por qual será o grau da ajuda dos veteranos remanescentes, como Wesley Sneijder (o único presente na convocação, perto do recorde de partidas com a seleção), Arjen Robben (se as lesões permitirem...) e Robin van Persie (se voltar a merecer chamadas).

Se fosse só pelo time, dava para ter uma expectativa mais positiva em relação à seleção holandesa. Mas o cenário fora de campo se revela cada vez mais caótico para a Oranje. Não por culpa dos jogadores, mas pelos acontecimentos que revelam a total desorganização da federação. No começo, já fora a saída de Ruud van Nistelrooy. Depois, a defecção veio de Dick Advocaat; após somente duas partidas como auxiliar de Danny Blind, o "Pequeno General" foi seduzido pela ideia de seguir como técnico e aceitou a oferta do Fenerbahçe (onde treinará Van Persie, Gregory van der Wiel e Jeremain Lens). Tudo bem: por meio de seu diretor técnico, o ex-goleiro Hans van Breukelen, a KNVB foi atrás de Ruud Gullit, tentando convencê-lo a ser auxiliar de Blind. Não deu certo: segundo Van Breukelen, Gullit fez algumas exigências sobre cláusulas contratuais, e a negociação fracassou no fim da semana passada.

Ao anunciar sua saída, Bert van Oostveen acendeu o pavio da explosiva semana da Oranje (Pro Shots)

Poderia ter ficado só nisso, mas o início desta semana trouxe duas bombas. A primeira, até "desejável": o diretor de futebol profissional da federação, Bert van Oostveen, anunciou sua saída. Obviamente, a explicação lembrou o principal fracasso do dirigente: "Os últimos tempos como diretor foram ótimos, mas simultaneamente muito intensos. Por isso passei a pausa de verão [europeu] pensando sobre meu futuro. Eu preferia ter parado após uma boa participação na Euro. Era o cenário ideal, e eu também pararia imediatamente. Mas não pôde ser assim". Van Oostveen já teve seu substituto anunciado: Gijs de Jong, que estava na diretoria operacional da KNVB.

Terminou aí? Não. Entrevistado no programa de tevê RTL Late Night, segunda passada, Gullit não só criticou a federação, mas também jogou a terceira bomba no ventilador: o outro auxiliar de Danny Blind também deixaria a comissão técnica. Convidado pela FIFA para trabalhar num projeto de reestruturação, Marco van Basten aceitou a proposta, e só ficará com Blind até os jogos das datas FIFA de novembro. Van Basten confirmou a saída, a contragosto, e o comandante do time laranja deixou clara sua irritação ao saber que está momentaneamente sozinho, como último a saber: "Havíamos assinado um contrato juntos, e aí naturalmente supõe-se que iremos até o fim. Eu não teria saído. Posso lembrar que Marco me falou que tinha interesse [no trabalho]". Isso, porque o próprio pai de Daley revelou que poderia ter largado a Oranje: "Eu recebi um telefonema, sim. De um lugar no Oriente Médio. Lá os clubes ficam interessados em técnicos europeus, vez por outra. E parece que os treinadores holandeses são atraentes ao mercado, assim há possibilidades para mim (risos). Falando sério: estou focado no meu trabalho aqui. É o que conta".

Jorritsma: querido pelos jogadores, antiquado para a KNVB (ANP)

Como se não bastasse, há o complicador adicional da provável saída de Hans Jorritsma. Personagem pouco conhecido do público, Jorritsma é o responsável da comissão técnica pela logística, e por atender aos pedidos dos jogadores. No entanto, a federação prefere demiti-lo ao fim do contrato, em1º de janeiro de 2017, após 20 anos de serviços, por desejar um personagem mais moderno, capaz de fazer mais tarefas do que apenas cuidar da logística - alguém que aja como Oliver Bierhoff faz na seleção alemã. Só faltou combinar com os jogadores e com Blind: o treinador comentou que os 23 atletas assinaram uma carta pedindo que a KNVB mantenha Jorritsma na comissão técnica.

Se está mais calma e estabilizada dentro de campo após vitórias em amistosos, fora dele a Holanda vive o caos (o caos!), pela falta de organização e prontidão. Só falta aparecer um escândalo de corrupção. A bagunça já está lá. É de se imaginar o que ocorrerá caso venha a derrota para a Suécia...

domingo, 28 de agosto de 2016

810 minuten: como foi a 4ª rodada da Eredivisie

Kuyt andava discreto nas vitórias do Feyenoord. Andava: dois gols nos 4 a 1 sobre Excelsior (Maurice van Steen/VI Images)

Vitesse 1x1 Utrecht (sexta-feira, 26 de agosto)

O começo da partida no estádio Gelredome, em Arnhem, fazia crer que o Vitesse conseguiria sua segunda vitória seguida. Ainda mais porque o protagonista de quem os torcedores mais esperam começou bem o jogo. Ricky van Wolfswinkel era o atacante mais perigoso no primeiro tempo, e confirmou isso ao abrir o placar, aos 28': o companheiro de ataque Milot Rashica driblou o lateral Kevin Conboy e cruzou a bola para Van Wolfswinkel, livre, tocar para o gol. Aliás, o camisa 13 do Vitesse poderia até ter encaminhado a vitória: minutos depois, aos 40', ele recebeu passe em profundidade de Nathan e ficou cara a cara com o goleiro Robbin Ruiter - que defendeu o toque sutil de Van Wolfswinkel.

Desperdiçar as chances que teve nos primeiros 45 minutos foi a grande sorte do Utrecht no jogo: no segundo tempo, os visitantes voltaram com um pouco mais de aceleração. Não que tenham exibido muito talento, mas foi o suficiente para criar mais perigo contra a meta do Vitesse - principalmente com a entrada de Richairo Zivkovic. Finalmente, coube ao destaque de sempre fazer o gol dos Utregs: Sébastien Haller. Aos 68', o lateral direito Giovanni Troupée aproveitou sobra, dominou e cruzou para "Séb" marcar seu terceiro gol nesta temporada da Eredivisie. Com o interesse de alguns clubes no atacante francês, terá sido o último? Ele desconversa: "Veremos".

Willem II 0x0 Roda JC (sábado, 27 de agosto)

Durante boa parte da partida em Kerkrade, não houve nada de muito animador. Quase nem daria para escrever sobre o empate sem gols. Quase, porque houve uma primeira chance, já aos 56', para o Willem II: o volante Thom Haye lançou Erik Falkenburg em profundidade, e o meio-campista perdeu o gol, chutando para fora. Depois, surpreendentemente, o Roda JC atacou mais. Só que parou no goleiro Kostas Lamprou: num cabeceio de Tom van Hyfte e num chute de longe do zagueiro Roel Brouwers, o arqueiro grego apareceu defendendo bem. Por sua vez, Benjamin van Leer também só teve pressão maior numa bola vinda de cabeçada de Haye, mas a defendeu. E o dia ficou sem gols no Willem II Stadion, em Tilburg.

Feyenoord 4x1 Excelsior (sábado, 27 de agosto)

Lotação elogiável em De Kuip, embora não máxima (até porque ainda é o começo da temporada). Afinal, os motivos para otimismo eram duplos: pelo time, já que o Feyenoord chegava para o clássico de Roterdã contra o Excelsior, seu ex-satélite, com três vitórias em três jogos. E pelo grande ídolo que joga atualmente no Stadionclub: Dirk Kuyt faria o sexcentésimo - é, assim é o numeral ordinal de 600 - prélio de sua carreira. E foi ele que quase abriu o placar, escorando na trave um cruzamento de Rick Karsdorp, aos 8'.

Só que o Excelsior, mesmo pequeno, não podia ter a força ignorada. Não bastasse o fato de ser clássico, os Kralingers fazem bom começo no Campeonato Holandês, com duas vitórias e uma derrota. E a surpreendente equipe do bairro de Kralingen se esforçou para estragar o otimismo. Parecia que conseguiria. Porque, aos 28', Stanley Elbers se livrou da marcação de Eric Botteghin e cruzou para o complemento de Nigel Hasselbaink. Sem chance nenhuma para a defesa de Brad Jones: 1 a 0. Assustou? Claro que assustou. Mas ninguém precisava temer a derrota.

Quem disse isso, na prática, foi quem quase sempre tranquiliza a torcida do Feyenoord: Kuyt. Aos 44', antes do intervalo, ele empatou, recebendo a bola de Nicolai Jorgensen e batendo de primeira para as redes. No segundo tempo, então, teve o espaço para brilhar, aos 36 anos: aos 59', o camisa 7 fez um golaço para virar o placar, após lançamento do zagueiro Jan-Arie van der Heijden que ele ajeitou suavemente antes da conclusão. E nem foi esse o mais bonito gol da partida: coube a Steven Berghuis marcar este, aos 61, recebendo de Karim El Ahmadi na área e, da direita, mandando de primeira no ângulo oposto do goleiro Tom Muyters. Mais quatro minutos, e Jens Toornstra aproveitou recuo errado de bola para marcar e confirmar a goleada do Feyenoord - agora, o único clube que ainda não perdeu pontos neste Campeonato Holandês. E que já ostenta 15 jogos de invencibilidade em casa. Não é nada, não é nada... e diante das decepções dos últimos anos, não é nada mesmo. Um bom começo, pelo menos. A torcida espera que continue.

Heerenveen 1x0 Zwolle (sábado, 27 de agosto)

Destaque potencial do Heerenveen antes do campeonato começar, o atacante sueco Sam Larsson vive fase difícil: seja por doença (gripe) ou por irritação (brigou com a diretoria do clube, que recusou oferta do Sassuolo-ITA), Larsson tem começado as partidas no banco. Porém, neste sábado, mesmo fora de casa, o Zwolle começou melhor. Criou até boa chance logo no começo, aos 7': o atacante Queensy Menig recebeu livre e tentou encobrir o goleiro Erwin Mulder, que teve de subir e se esticar para espalmar a bola, fazendo bonita defesa. Com os apuros, o treinador do time da Frísia, Jurgen Streppel, precisou colocar Larsson em campo, no lugar de Luciano Slagveer, no intervalo. Tirou o "bilhete premiado": aos 49', o camisa 11 do Heerenveen marcou o único gol do jogo, chutando forte. Depois de fazer 1 a 0, mais relaxados, os anfitriões até criaram mais chances. Nem precisaram convertê-las para assegurar a primeira vitória no Holandês, após dois empates e uma derrota. Aos Zwollenaren, fica a preocupação: apenas um ponto ganho em quatro jogos.

Ziyech mostrou de novo porque tem sido tão importante para o Twente. Pode ter mostrado pela última vez (ANP/Pro Shots)

Twente 3x1 Sparta Rotterdam (sábado, 27 de agosto)

Já se falou dele no Borussia Dortmund. Com a crise que vive, o Ajax voltou a se interessar seriamente pelo nome dele, e negocia com o Twente. O Fenerbahçe acompanha e corre por fora, desejoso de fazê-lo vestir a auriazul dos Canários. Enfim, não se sabe como Hakim Ziyech ainda está no Twente, a poucos dias do fim da janela de transferências. A certeza é que os Tukkers sentirão muita falta do meio-campista marroquino, se ele sair. A prova foi dada neste sábado: diante do Sparta Rotterdam, após começo mediano, Ziyech mostrou porque é o grande destaque, o único motivo que os torcedores do Twente têm para sorrir atualmente. Desde que o jogo começou em Enschede, o camisa 10 vermelho acertou quase tudo o que fazia com a bola nos pés. Não impressiona que já tenha feito 1 a 0 com 14 minutos de jogo: após o atacante Enes Ünal desviar de cabeça, Ziyech passou por dois e já arrematou colocado, no canto do goleiro Roy Kortsmit.

O único momento em que Ziyech não foi o protagonista se viu aos 28', com o 2 a 0 do Twente: em rápido contra-ataque, o ponta-de-lança Yaw Yeboah arriscou e marcou belíssimo gol, chutando de longe, no ângulo direito. Na etapa final, o Sparta até defendeu a sua honra: o arqueiro do Twente, Nick Marsman, cometeu pênalti em Craig Goodwin, e o atacante Loris Brogno converteu a cobrança aos 55', marcando para os Kasteelheren. Mas nunca houve o menor sinal de que viria o empate. Até porque os donos da casa não deixaram: já aos 60', Ziyech aproveitou sobra de bola, driblou dois e bateu colocado para fazer 3 a 1 - a bola ainda bateu na trave de Kortsmit antes de entrar. Substituído sob massivos aplausos da torcida aos 89', dando lugar ao zagueiro Tim Hölscher, Ziyech agradeceu em sua conta pessoal no Twitter: "Quero agradecer aos torcedores pelo belo momento, o Twente sempre será parte de mim". Se o jogo contra o Sparta foi a despedida, não podia ter sido melhor.

Luuk de Jong quis bater o pênalti. Perdeu mais uma cobrança. E o PSV lamenta o tropeço contra o Groningen (Jeroen Putmans/VI Images)

PSV 0x0 Groningen (domingo, 28 de agosto)

Em tarde ensolarada na cidade de Eindhoven, PSV e Groningen apostavam nas jogadas pelos lados para vencer. Apostavam tanto que um marcava bem o outro, e assim não havia grande perigo em campo. O primeiro grande momento no Philips Stadion só surgiu aos 24 minutos: pela esquerda, Luciano Narsingh cruzou a bola ao outro lado da grande área, onde Jürgen Locadia cabeceou, forçando o goleiro Sergio Padt a agarrar a bola. O Groningen respondeu bem aos 27': atento, o atacante Bryan Linssen roubou a bola de Andrés Guardado perto da área, entrou livre nela e tocou para o lado, mas Juninho Bacuna demorou a chutar - e quando o fez, o zagueiro Héctor Moreno salvou o PSV, tirando a bola em cima da linha. Momentos depois, aos 31, o PSV devolveu o chumbo: Luuk de Jong chutou cruzado da direita, e Moreno chegou atrasado demais para completar.

Aí vieram as grandes mudanças. Na equipe da casa, uma lesão muscular na virilha forçou Locadia a dar seu lugar ao uruguaio Gastón Pereiro. Mas foi com o Groningen que as coisas aconteceram: aos 33', Bacuna empurrou Narsingh e levou o segundo cartão amarelo, sendo expulso. Aí, o zagueiro Etienne Reijnen entrou para aumentar a defesa dos Groningers (cinco jogadores), e a partida virou o "ataque contra defesa". Aos 40, Narsingh entrou driblando pela esquerda na área, e só não marcou porque Samir Memisevic o bloqueou na hora exata do chute. Finalmente, aos 43, a grande chance perdida: o lateral direito Hans Hateboer empurrou Narsingh, e o juiz Bas Nijhuis marcou pênalti. Luuk de Jong bateu no meio do gol, sem paradinha nem nada. Só não contava que o arqueiro Padt não se moveria: ele espalmou a bola para o meio da área, e a defesa tirou, salvando os Groningers. Ao camisa 9 do PSV, restava o drama: dos últimos cinco pênaltis que cobrou, errou quatro.

Só restava uma alternativa aos anfitriões no segundo tempo: seguir com a pressão. Foi exatamente o que aconteceu, e nem demorou muito. Já aos 52', em chute de Andrés Guardado, boa defesa de Padt, espalmando para escanteio. E no córner subsequente, De Jong cabeceou, mas Ruben Yttegard Jenssen tirou em cima da linha. A sorte também ajudava Padt, o melhor no jogo. Aos 58, quando Pereiro finalizou de fora da área, o arqueiro do Groningen quase foi pego no contrapé, mas conseguiu desviar para fora. E aos 75', em chute forte de Jorrit Hendrix, de fora da área, o guarda-valas não tinha mais chance, mas a bola saiu por cima, próxima ao travessão. O PSV também foi vendo que as sucessivas bolas jogadas para a área dificilmente venciam a linha de cinco defensores do Groningen. A última chance foi aos 90', em cruzamento: Luuk de Jong novamente cabeceou à queima-roupa, da pequena área, mas Padt defendeu. Foi a última chance para evitar a primeira perda de pontos do atual bicampeão na Eredivisie 2016/17. Empate até admirável para os visitantes, pelas circunstâncias.

ADO Den Haag 1x1 Heracles Almelo (domingo, 28 de agosto)

Depois do tropeço do PSV, o Den Haag era o único time que poderia acompanhar o Feyenoord na seleta e auspiciosa qualidade de ter quatro vitórias nas quatro primeiras rodadas. Porém, os auriverdes teriam adversário duríssimo no Heracles. E não contavam que uma falha faria os visitantes da cidade de Almelo saírem na frente: aos 18 minutos da etapa inicial, Iliass Bel Hassani (último jogo dele pelos Heraclieden, já que pode sair nesta reta final da janela?) cobrou falta, e o goleiro Ernestas Setkus rebateu; sorte de Robin Gosens, que aproveitou a falha e fez 1 a 0 para os alvinegros. Foi necessário, então, que os mandantes aproveitassem a boa qualidade técnica de seu ataque - e a boa fase de Gervane Kastaneer nas últimas rodadas. Foi esse atacante o autor dos dois primeiros chutes que ameaçaram a meta defendida pelo goleiro Bram Castro. Finalmente, aos 28', após escanteio, Kastaneer desviou de cabeça para que outro destaque comum do time de Haia empatasse: Mike Havenaar mandou para as redes.

Todavia, se foi fundamental no primeiro tempo, Havenaar perdeu uma chance imperdoável para dar a vitória ao Den Haag. Afinal, a etapa complementar foi rica em alternâncias: tanto ADO (com o próprio Havenaar) quanto Heracles (com Thomas Bruns e Bel Hassani) poderiam ter passado à frente do placar. Só que os anfitriões tinham um pênalti a seu favor, no final: aos 80', o zagueiro Tim Breukers derrubou Havenaar na área, e o juiz Dennis Higler apontou a marca da cal. O atacante japonês bateu, e quis colocar a bola nas redes com a "cavadinha" - ou "Panenka", como se diz na Europa. Só facilitou o trabalho de Bram Castro, que nem precisou se mexer para defender a cobrança. Assim, o Feyenoord converteu-se no único clube do Campeonato Holandês com 100% de aproveitamento. Acontece...

Após o alívio da defesa de Onana, Klaassen reanimou de vez o Ajax: dois gols na vitória contra Go Ahead Eagles (ANP/Pro Shots)

Go Ahead Eagles 0x3 Ajax (domingo, 28 de agosto)

Depois do vexame passado contra o Rostov, nos play-offs da Liga dos Campeões, e já tendo uma derrota na rodada passada da liga, o Ajax sabia: ou vencia o Go Ahead Eagles, ou a crise estaria definitivamente instalada pelos lados da estação Bijlmer Arena. Pior: quando o jogo começou, o GAE equilibrava as coisas, ao contrário do favoritismo previsto dos Ajacieden. O que culminou com um lance decisivo para o desenrolar do resto, aos 21': após rápido tiro de meta cobrado pelo arqueiro Theo Zwarthoed, Marcel Ritzmaier dominou a bola pela esquerda, entrou na área, e Davinson Sánchez o derrubou. Pol van Boekel apitou o pênalti. Foi a hora de André Onana brilhar: enquanto Tim Krul ainda se acostuma com o novo clube, o goleiro camaronês ganhou mais uma chance no gol da equipe titular do Ajax. E Onana fez o que o antecessor Jasper Cillessen quase nunca conseguiu: defendeu um pênalti. Voou no canto direito e espalmou para fora a cobrança de Leon de Kogel.

Desde então, o Ajax se acalmou e retomou o controle do jogo no estádio Adelaarshorst. E foi justamente um dos únicos atletas a serem poupados na turbulência nascente que encaminhou o time de Amsterdã para a vitória: o capitão Davy Klaassen. Logo após a defesa de Onana, aos 24', Klaassen fez 1 a 0: recebeu passe de Nemanja Gudelj e arriscou de fora da área, mandando a bola nas redes de Zwarthoed. Aos 35', novo pênalti, desta vez para o Ajax: Bertrand Traoré foi derrubado na área por Kenny Teijsse, e o camisa 10 converteu o chute no 2 a 0 dos visitantes.

Mesmo com vantagem bastante confortável no placar em Deventer, o Ajax continuou sendo mais perigoso, com efetividade nos contragolpes. Em dois minutos, quase marcou por duas vezes. Aos 57', Amin Younes veio pela direita e cruzou rasteiro para Kasper Dolberg. O dinamarquês se enrolou com a bola e a defesa chegou, mas deu ainda para escorar a Gudelj, que bateu por cima. E aos 59', Dolberg arriscou cruzado, da direita da área, mas Zwarthoed rebateu. Na sobra, Traoré bateu na diagonal, para fora. Mas tudo ficou bem, porque Gudelj enfim conseguiu colocar a bola na casinha aos 62'. E com que brilhantismo o fez: após falta sofrida por Dolberg, o meio-campista sérvio cobrou perfeitamente, como manda o figurino. Bola no ângulo, goleiro só podendo apostar no golpe de vista etc. Depois, ainda houve bola na trave de Gudelj, aos 77' (finalizou de fora da área, a bola desviou em Teijsse e foi no travessão). De todo modo, se o trauma da dura queda para o Rostov-RUS segue, a vitória contra o Go Ahead Eagles minorou um pouco a temperatura no Ajax. Ainda é possível seguir em frente.

AZ 2x0 NEC (domingo, 28 de agosto)

A partida no AFAS Stadion de Alkmaar começou com um clima meio melancólico. Em dose dupla, aliás: não só Vincent Janssen visitava o clube que o fez despontar no cenário europeu, para uma cerimônia de despedida e homenagens da torcida durante o intervalo, mas também pela ausência de Markus Henriksen. Muito perto da transferência para o Hull City, o meio-campista norueguês já ficou de fora do jogo. Só que as despedidas (e a eventual melancolia por causa delas) tiveram impacto restritamente fora das quatro linhas. Dentro delas, o AZ mostrou entrosamento suficiente para passar todos os 90 minutos sem muitas dificuldades.

O primeiro gol até demorou: somente aos 43' Dabney dos Santos colocou a esférica de couro no filó adversário, de cabeça, após cruzamento de Joris van Overeem, substituto de Henriksen. Na etapa complementar, ficou até mais fácil: logo aos 53', o volante Julian von Haacke foi expulso após agarrar Fred Friday e levar o segundo cartão amarelo. Com um a mais em campo, o time da casa controlou definitivamente o jogo. E definiu o placar aos 76': Friday deixou a bola com o lateral esquerdo Ridgeciano Haps, que cruzou para o iraniano Alireza Jahanbakhsh (com passagem ótima pelo NEC) completar para as redes. Há vida após Janssen...

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

E a evolução era ilusória...

Resta pouco a dizer ao Ajax, após mais uma eliminação vexatória antes da fase de grupos da Liga dos Campeões (ANP/Pro Shots)

Na semana passada, este blog escreveu que o Ajax mostrara alguma evolução no jogo de ida dos play-offs da Liga dos Campeões, contra o Rostov, da Rússia. Em Amsterdã, o Ajax tivera 72% de posse de bola. E só tivera a lamentar a fragilidade da defesa em bolas paradas, como na falta transformada em gol por Christian Noboa. De resto, além do gol de pênalti, até mostrara mais rapidez no ataque, mais proximidade entre os setores do time... enfim, dava para esperar uma linha evolutiva ascendente da equipe de Peter Bosz.

A derrota algo vexatória para o Willem II, sábado passado, na terceira rodada do Campeonato Holandês, já amainara um pouco os ânimos, deixando claro que o Ajax ainda tem muito o que melhorar na temporada. Mas nada fazia crer que vinha por aí o desastre Ajacied que se viu nesta quarta, no estádio Olimp-2, em Rostov-na-Donu. O 4 a 1 imposto pela equipe de Dmitri Kirichenko, que condenou novamente os Amsterdammers a mais um vexame em competições europeias, mostrou como a equipe continua presa demais aos cânones táticos vistos sob o comando de Frank de Boer. Mais do que isso: como continua presa demais a ideias que precisam ser deixadas de lado às vezes, por mais que isso doa.

Escalado num 4-3-3 básico, o Ajax apostou nas mesmas opções de sempre: jogadas pelos lados, posse de bola, troca de passes... tudo para tentar vencer o 5-3-2 do Rostov. Só que viveu um dia péssimo. No ataque, Anwar El Ghazi passou quase despercebido, já que quase nunca tinha a bola nos pés; pela esquerda, Amin Younes até tocou nela, por duas vezes, sem nunca desenvolver a jogada; e a única vez que Bertrand Traoré teve boa oportunidade foi num erro da defesa do Selmashi (apelido do Rostov), aos 19': após cobrança ensaiada de falta, em que El Ghazi ajeitou e Nemanja Gudelj bateu, a bola desviou na barreira, quicou na área, zagueiros e goleiro ficaram no "deixa que eu deixo", e Traoré ganhou espaço para chutar por cima do gol defendido por Soslan Dzhanaev.

Mas foi o único raio de sol num dia que o Ajax terá de esquecer rapidamente. E terá de esquecer pelo desempenho tétrico da defesa e do meio-campo. Neste, Gudelj foi o único a tentar criar algo, e Klaassen ficou totalmente apagado. E naquela, as coisas foram ainda piores. Desde a bola aérea ganha por Sardar Azmoun, aos 9', dominando-a para entrar na área e forçar ótima defesa de Jasper Cillessen - em sua despedida do Ajax, depois confirmada -, a linha de quatro defensores dos Godenzonen sofreu barbaramente. Nas laterais, Kenny Tete e Nick Viergever davam espaço constante - principalmente Tete, que viu Timofei Kalachev oferecer constante opção de jogadas a Azmoun e Christian Noboa, criador do que o Rostov tinha para oferecer no ataque.

Como a linha de cinco defensores, muito bem postada, estava cuidando perfeitamente do inapetente e inócuo ataque Ajacied, os três meio-campistas ganhavam mais liberdade para jogarem, ajudando Azmoun (mais) e Dmitri Poloz (menos) na frente. Mais do que isso: perceberam a fragilidade de Joël Veltman e Jaïro Riedewald, formando o miolo de zaga, nas bolas aéreas. Aí, deixaram de arriscar chutes de fora - como Kalachev tentou em grande parte do primeiro tempo - para apostarem nos cruzamentos. Foi a chave para a vitória do Rostov, iniciada num desses cruzamentos: Denis Terentyev mandou a bola para a área aos 33', e Azmoun subiu para cabecear no canto, fazendo 1 a 0.

Defesa fechada, ataque eficiente e movimentado: o Rostov organizou-se e conseguiu merecidamente a vaga (Hollandse Hoogte)
Ao invés de fortalecer a defesa, Peter Bosz mudou o time no ataque: no intervalo, tirou El Ghazi para colocar Lasse Schöne - que poderia, de fato, ajudar até a compor o meio-campo, fazendo o Ajax alternar entre o 4-3-3 e o 4-4-2. Nem deu tempo para ver se isso prosperava: em uma nova bola parada, aos 52', Aleksandr Erokhin completou com a cabeça um escanteio cobrado por Kalachev para fazer 2 a 0. Começava aí o desespero: também mal no jogo, Riechedly Bazoer deu lugar a Kasper Dolberg, para que o dinamarquês fosse à frente, formando um 3-3-4 no esquema tático. Perdido por dois...

Que logo seria perdido por três, graças ao péssimo posicionamento da defesa na sobra de outro escanteio, permitindo que a bola voltasse ao Rostov: Ivan Novoseltsev bateu, Noboa desviou com o joelho e premiou sua ótima atuação com o terceiro gol, aos 60'. Aí, já praticamente sem perspectiva alguma de conseguir o que seria o empate da classificação (afinal, caso igualasse, o 3 a 3 dava a vaga, após o 1 a 1 da ida), o Ajax também mostrou uma falha não só sua, mas do futebol holandês: a distância entre os setores do time, no esquema tático. A defesa tentou se adiantar, só que meio-campo e ataque faziam o "abafa" de qualquer jeito. Um passe milimétrico em profundidade de Noboa, então, deixou Poloz com metade do campo disponível para dominar, driblar Cillessen e fazer 4 a 0, aos 66', consolidando a merecidíssima estreia do Rostov na fase de grupos da Liga dos Campeões.

Que o gol de pênalti, convertido por Klaassen aos 84', não tenha sido comemorado por ninguém, jogadores ou torcedores que viajaram ao Olimp-2, dá uma mostra do tamanho do trauma que os 4 a 1 do Rostov pespegaram no grupo Ajacied. Até pelo dinheiro que deixou de entrar: são 12 milhões de euros perdidos ao ficar fora da fase de grupos da Liga dos Campeões - e 3 mi a mais nos cofres do PSV, único holandês na Champions. Mas, principalmente, pelo domínio do Rostov. Um domínio que expôs o medo do Ajax, segundo Peter Bosz comentou: "Deu para ver rapidamente que jogamos com muito medo, que não ousamos jogar. E isso era necessário para obter o resultado aqui. Fomos lentos ao ter a posse de bola, e sentimos medo de avançar, desde o primeiro momento". Davy Klaassen estava até confuso, falando à tevê holandesa: "Qual foi a causa [da goleada]? Não sei. É difícil, estou sentindo muita coisa. Amanhã precisamos avaliar melhor".

A Jasper Cillessen, que já no vestiário se despediu dos quase ex-colegas antes de viajar na madrugada europeia, rumo a(o) Barcelona, restou um adeus melancólico, na única vez em que tomou quatro gols defendendo o Ajax: "Uma noite horrível. Eu preferia sair pela porta da frente, mas sairei pelos fundos. Queria ter ajudado uma última vez".

Cillessen: uma triste despedida (Erwin Spek/ANP)

Fica para o clube de Amsterdã a incômoda sensação de estar antiquado. Não só pelo que (não) se viu em campo, mas pelo que se vê fora dele, com o diretor de futebol Marc Overmars e o diretor geral Edwin van der Sar ainda muito hesitantes em melhorar a procura do clube por reforços bons e baratos, para juntarem com a base - que, por sua vez, ainda sofre num 4-3-3 à moda Cruyff, muito avançado para os anos 1970, mas cada vez mais atrasado taticamente nos dias atuais, onde a compactação e a velocidade são o caminho, com ou sem posse de bola. "Ah, mas o Jong Ajax lidera a segunda divisão holandesa". Pois é, mas jogadores da equipe B Ajacied também já tiveram espaço no time de cima, como o atacante Vaclav Cerny e o meio-campista Donny van de Beek. E nenhum deles impressionou até agora.

Kobenhavn (2006/07), Slavia Praga (2007/08), Rapid Viena (2015/16), o Rostov... os vexames do Ajax na Liga dos Campeões se avolumam. Bem como a distância de PSV e Feyenoord na tabela desta temporada do Campeonato Holandês: já são cinco pontos de distância, com apenas três rodadas. 

Ficava a impressão de evolução. Mas foi só impressão, mesmo. 

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Laranjas na Europa: Eredivisie interessa, já os holandeses...

Não é só para Memphis Depay que a situação está difícil no futebol europeu; é para a maioria dos holandeses (Getty Images)

Se o Campeonato Holandês ainda é considerado uma competição atraente para centros maiores do futebol europeu? Claro que é. O nível técnico da Eredivisie pode não ser dos melhores, mas se fosse abaixo da crítica, certamente o Napoli pouparia os 34 milhões de euros que gastou para contratar Arkadiusz Milik junto ao Ajax, no mês passado, na maior negociação da história do clube de Amsterdã. Sem contar a temporada passada, quando a Lazio sequer se importou com as meras 26 partidas que o zagueiro Wesley Hoedt fizera pelo AZ no Holandês para contratá-lo. E os casos vão se sucedendo nas últimas temporadas: Memphis Depay, Georginio Wijnaldum, Graziano Pellè, Dusan Tadic, Daley Blind, Christian Eriksen, Toby Alderweireld, Jan Vertonghen...

Além disso, basta citar os acordos recentes entre alguns clubes holandeses e ingleses para mostrar como a Holanda ainda é considerada, apesar dos pesares, como um território muito útil para dar ritmo de jogo a jovens, tornando-os capacitados para evoluírem na carreira e retornarem melhores à Inglaterra. Já nem é mais inédito citar a parceria oficiosa entre Chelsea e Vitesse, que superou até mesmo as turbulências internas que tiraram o mecenas georgiano Merab Jordania do clube de Arnhem. O goleiro Matej Delac, os zagueiros Slobodan Rajkovic e Tomas Kalas, os atacantes Bertrand Traoré e Dominic Solanke... nos últimos seis anos, todos esses vieram de Stamford Bridge para Arnhem, a fim de passarem uma temporada e voltarem mais encorpados aos Blues - sem contar o volante Lewis Baker e o meio-campista brasileiro Nathan, que já haviam jogado pelo Vitesse em 2015/16, e jogarão novamente nesta temporada. Ainda há o caso do Manchester City: não contente em ceder alguns atletas ao Twente (em 2015/16, o atacante Thomas Agyepong; agora, outro avante, Enes Ünal), os Citizens fizeram um acordo de cooperação com o NAC Breda, da segunda divisão.

Todavia, uma coisa são jogadores que atuam no Campeonato Holandês. Outra coisa são os jogadores holandeses que saem do país natal. E aí, nota-se mais uma mostra da crise por que passa o ludopédio batavo, bem como da dificuldade na revelação de gente realmente boa de bola desde a mais tenra idade: a presença "laranja" nos clubes dos grandes campeonatos europeus está cada vez mais irregular (se há 16 atuando na Premier League inglesa, o Campeonato Espanhol não tem NENHUM holandês nos elencos de cada um dos seus 20 clubes). E mesmo quem consegue espaço nos países desenvolvidos, sofre para chegar a um nível técnico considerado aceitável. 

Basta citar o caso do Manchester United: Daley Blind e Memphis Depay já estão na marca do pênalti, tendo os desempenhos olhados com desconfiança pela torcida e por José Mourinho: mais uma temporada decepcionante e certamente deixarão Old Trafford (se é que não sairão ainda nesses dias restantes da janela de transferências). O caso de Bruno Martins Indi é ainda mais emblemático: não emplacou no Porto-POR, e tem poucos dias para achar um novo time. Vale citar também os vários jogadores cuja carreira estacionou num nível mediano, pelos mais variados motivos: Michel Vorm, Virgil van Dijk, Kevin Strootman, Leroy Fer, Ibrahim Afellay, Jeremain Lens... Os exemplos estão aí. Sem contar os veteranos, cujo espaço diminui: na Bundesliga alemã, Robben e Huntelaar há muito não são os destaques supremos de suas equipes. E restou a Van Persie e Sneijder apenas a Turquia.

Até por isso, o Espreme a Laranja decidiu fazer uma lista dos jogadores holandeses presentes nos campeonatos dos dez países melhor colocados no ranking de coeficientes da UEFA. Para mostrar que interessa a eles, sim, gente vinda da Eredivisie. Mas com a gente holandesa a questão é mais complicada...

La Liga
Nenhum holandês

Bundesliga
Augsburg - Paul Verhaegh (zagueiro) e Jeffrey Gouweleeuw (defensor)
Bayern Munique - Arjen Robben (atacante)
Schalke 04 - Klaas-Jan Huntelaar (atacante)
Wolfsburg - Jeffrey Bruma (zagueiro) e Bas Dost (atacante)

Premier League
Burnley - Nathan Aké (meio-campista)
Chelsea - Marco van Ginkel (meio-campista)
Everton - Maarten Stekelenburg (goleiro)
Liverpool - Georginio Wijnaldum (meio-campista)
Manchester United - Daley Blind (defensor/meio-campista) e Memphis Depay (atacante)*
Middlesbrough - Marten de Roon (meio-campista)
Southampton - Virgil van Dijk (zagueiro)
Stoke City - Ibrahim Afellay (meio-campista)
Sunderland - Patrick van Aanholt (lateral esquerdo) e Jeremain Lens (atacante)
Swansea - Mike van der Hoorn (zagueiro), Leroy Fer (meio-campista) e Marvin Emnes (atacante)
Tottenham - Michel Vorm (goleiro) e Vincent Janssen (atacante)
Watford**

Serie A
Fiorentina - Kevin Diks (defensor)
Juventus - Ouasim Bouy (meio-campista)
Lazio - Wesley Hoedt (zagueiro) e Stefan de Vrij (zagueiro)
Napoli - Jonathan de Guzman (meio-campista)
Roma - Kevin Strootman (meio-campista)
Sassuolo - Timo Letschert (zagueiro)

Ligue 1
Bastia - Jerson Cabral (atacante)
Olympique de Marselha - Karim Rekik (zagueiro)

Rússia (Premier League)
Anzhi - Lorenzo Ebecilio (meio-campista)
Spartak Moscou - Quincy Promes (zagueiro)

Portugal (Primeira Liga)
Porto - Bruno Martins Indi (zagueiro)
Sporting - Marvin Zeegelaar (meio-campista)

Ucrânia (Premier League)
Stal - Sylvano Comvalius (atacante)

Bélgica (Pro League)
Anderlecht - Bram Nuytinck (zagueiro)
Club Brugge - Ricardo van Rhijn (lateral direito), Stefano Denswil (zagueiro) e Ruud Vormer (volante)
Lokeren - Guus Hupperts (atacante)
Racing Genk - Marco Bizot (goleiro)
Westerlo - Mitch Apau (defensor) e Sherjill MacDonald (atacante)

Turquia (Süper Lig)
Fenerbahçe - Gregory van der Wiel (lateral direito) e Robin van Persie (atacante)
Galatasaray - Ryan Donk (zagueiro) e Wesley Sneijder (meio-campista)
Gaziantepspor - Bart van Hintum (lateral esquerdo)

* Nascido em Amsterdã, o volante Timothy Fosu-Mensah faz parte do elenco adulto do Manchester United, mas ainda não se definiu futebolisticamente: pode jogar por Gana ou Holanda
** O atacante Steven Berghuis foi emprestado ao Feyenoord, mas seus direitos são do Watford

domingo, 21 de agosto de 2016

810 minuten: como foi a 3ª rodada da Eredivisie

Feyenoord se valeu da qualidade técnica para superar Heracles e seguir 100% na Eredivisie (ANP/Pro Shots)

Excelsior 1x2 ADO Den Haag (sexta-feira, 19 de agosto)

A terceira rodada do Campeonato Holandês já começou com um duelo interessante: dois times médios/pequenos que vinham de duas vitórias consecutivas. E quando o zagueiro Jürgen Mattheij fez 1 a 0 para o Excelsior, já aos 9', em desvio de cabeça após cruzamento de Ryan Koolwijk, se supôs que os Kralingers é que continuariam sendo a surpresa agradável. Mas os auriverdes de Haia logo impuseram a melhor qualidade técnica de sua equipe: aos 25', o lateral argentino José San Román passou por Stanley Elbers e cruzou para Gervane Kastaneer. O atacante chutou forte e baixo para marcar seu terceiro gol na temporada 2016/17, empatando a partida.

Depois, o resto da partida teve um ritmo mais desanimado. Porém, no segundo tempo, o Den Haag foi mais eficiente e conseguiu a vitória na única chance maior que teve: aos 68', Édouard Duplan cobrou escanteio, e o zagueiro Tom Beugelsdijk subiu para testar forte e mandar para as redes. Era o gol da terceira vitória seguida do time de Haia, mantendo-o junto do PSV no topo da tabela, sem pontos perdidos. E a vitória motivou muita emoção do técnico Zeljko Petrovic, lembrando do roupeiro do clube, Dave Tetteroo - geralmente servindo o time de juniores, Tetteroo atuou com os adultos: "Ele está muito doente, e era o sonho dele estar presente aqui. Esta vitória é para ele. Estou muito orgulhoso dos rapazes".

Roda JC 0x1 Vitesse (sábado, 20 de agosto)

Atuando em casa, o Roda JC começou pressionando o Vitesse desde o início da partida. Mostra disso foi um chute de Adil Auassar, defendido com dificuldades pelo goleiro Eloy Room. Ainda assim, os aurinegros de Arnhem mostravam perigo nas raras chances que tinham: aos 15', o lateral Kelvin Leerdam quase marcou, de cabeça. E aos 22', o alerta foi concretizado em gol: após escanteio, Ricky van Wolfswinkel ajeitou para o volante Lewis Baker entrar chutando de primeira, surpreendendo o arqueiro Benjamin van Leer e abrindo o placar para o Vites.

Curiosamente, depois de sofrer o gol o Roda foi até mais perigoso no decorrer da partida. No segundo tempo, o atacante Mikhail Rosheuvel forçou Room a fazer outra boa defesa. No contragolpe, por sua vez, Van Wolfswinkel quase marcou o segundo do Vitesse. Finalmente, já nos últimos minutos, Auassar mandou a bola perto do gol, em cobrança de falta, e o grego Nestoras Mytidis perdeu gol de maneira incrível, aos 88'. E o Vitesse, aguentando a pressão, conseguiu a segunda vitória fora de casa nesta temporada.

Ponto baixo do Ajax: a velha fragilidade defensiva rendeu derrota para o Willem II (ANP/Pro Shots)
Ajax 1x2 Willem II (sábado, 20 de agosto)

No gol do Ajax, como titular, estava o camaronês André Onana, que atua pela equipe B: cada vez mais perto da transferência para o Barcelona, Jasper Cillessen ficou na tribuna de honra da Amsterdam Arena. E o começo da partida dava a entender que os companheiros de Cillessen lhe presentariam com uma vitória fácil na possível despedida. Porque bastaram 24 segundos para que Anwar El Ghazi fizesse cruzamento, da direita, e Davy Klaassen cabeceou sem chances para o goleiro Kostas Lamprou, marcando o gol mais rápido da história da Arena. Aí, o Ajax pode impor seu estilo: troca de passes, manutenção da posse de bola - e até mais aceleração nas jogadas de ataque. Só que o empate da rodada passada, contra o Roda JC, já indicava o perigo disso.

O Ajax não aprendeu. Porque, em três minutos, ainda no primeiro tempo, a lentidão crônica da defesa Ajacied pôs tudo a perder. Sorte do Willem II: aos 28', em rápida inversão de jogo, Bruno Andrade dominou a bola pela direita e passou a Erik Falkenburg, que entrou livre na área e chutou forte para empatar o jogo. Aos 31', a bola foi cruzada da esquerda, e o filme foi repetido, apenas diferindo no protagonista: o espanhol Fran Sol entrou pelo meio da área, dominou e arrematou para dar o 2 a 1 aos Tricolores da cidade de Tilburg. A virada afetou tanto o ânimo que as imagens da tevê holandesa até flagraram uma criança chorando copiosamente. Pior: o lateral esquerdo Mitchell Dijks sentiu lesão muscular, e deu lugar a Nick Viergever, aos 44'.

No segundo tempo, Peter Bosz tentou aumentar o poder ofensivo, tirando Riechedly Bazoer do jogo para colocar Daley Sinkgraven. Aos 52', veio uma boa chance, com El Ghazi chutando na rede pelo lado de fora. Mas foi a única. Assustou a falta de força do Ajax para quebrar a barreira de cinco defensores que o Willem II postou na área. A partir da metade da etapa final, apelou-se até para infrutíferos cruzamentos. Nenhum deles impediu um feito histórico: a primeira vitória do Willem II contra o Ajax, fora de casa, na história de ambos pelo Campeonato Holandês. E uma lição foi sublinhada: de nada adianta a maior ofensividade (de 4-3-3, o Ajax chega até ao 4-2-4) e a maior posse de bola (69% - apenas três chutes a gol!) no jogo se a equipe de Peter Bosz segue lenta na recomposição defensiva e falha no posicionamento. O Ajax não aprende.


Hendrix (à direita) fez o segundo gol, Isimat-Mirin (à esquerda) fizera o primeiro. Mas o volante é que se destacou na goleada do PSV (Peter Lous/VI Images)

Zwolle 0x4 PSV (sábado, 20 de agosto)

Desde o começo da partida no MAC3Park Stadion (novo nome do antigo Ijsseldelta), o PSV já se apresentava mais seguro. Podia ter aberto o placar aos 9', quando Jürgen Locadia cruzou e a bola passou rápida em frente a Luuk de Jong, com o gol vazio. Ou aos 17', quando o próprio De Jong cruzou da área e Luciano Narsingh escorou na rede pelo lado de fora. Enfim, foi aos 22': Davy Pröpper cobrou falta, De Jong ajeitou de cabeça na segunda trave, e Nicolas Isimat-Mirin ficou livre na pequena área para fazer 1 a 0. Pode-se dizer que a ampla superioridade dos Boeren devia-se à imponência de seu meio-campo: Pröpper, Andrés Guardado e Jorrit Hendrix dominavam o jogo, alterando perfeitamente o posicionamento na ajuda ao ataque ou no primeiro combate da marcação. O melhor a fazer isso era Hendrix, e talvez por isso o segundo gol tenha sido um presente a ele: belo chute cruzado e rasteiro, de fora da área, aos 35'.

Totalmente superado em campo na etapa inicial, o Zwolle tentou fortalecer a defesa: saiu do 4-3-3 inicial para o velho 4-2-3-1, com as entradas de Younes Mokhtar e Anass Achahbar. Além disso, o ataque cresceu mais de produção: aos 51', Stef Nijland quase marcou para os Dedos Azuis, chutando de fora da área. Aos visitantes, restava o contra-ataque e as cobranças de falta (uma delas, quase resultando em gol de Guardado). Mas só no final, enfim, a eficiência transformou a vitória em goleada do PSV. Aos 86', Pröpper cobrou falta e Luuk de Jong cabeceou para marcar seu primeiro gol no campeonato; aos 89', Steven Bergwijn aproveitou rebote do goleiro Mickey van der Hart para chutar colocado no canto e cravar o 4 a 0 convincente. Após duas vitórias magras, o atual bicampeão holandês, enfim, mostrou o que pode fazer na Eredivisie. E no estádio onde conquistou o bi, há 105 dias.

NEC 2x1 Heerenveen (sábado, 20 de agosto)

Se Excelsior x ADO Den Haag era o duelo entre dois times com vitória nas duas primeiras rodadas, o jogo em Nijmegen colocava frente a frente duas equipes que só tinham empates. Ainda assim, a partida foi bem equilibrada - animada, até. Prova disso foram as alternâncias constantes de superioridade, no primeiro tempo: ora o time de Nijmegen criava mais chances, ora os visitantes perturbavam mais. E os primeiros gols também apontavam isso: aos 32', o lateral Wojciech Golla cruzou para o zagueiro Dario Dumic cabecear forte e fazer 1 a 0 para o NEC. Tranquilidade? Nem de longe: aos 36', também de cabeça, Pelle van Amersfoort desviou bola mandada por outro lateral direito, Stefano Marzo, para igualar novamente o placar.

A diferença veio somente aos 58'. E foi com duas novidades do NEC na temporada: o experiente Quincy Owusu-Abeyie deixou a bola com Reagy Ofosu, e o atacante arrematou no canto baixo do arqueiro Erwin Mulder para recolocar os Nijmegenaren na frente. Restou aos visitantes atacarem: o meio-campo Simon Thern e os atacantes Henk Veerman e Sam Larsson saíram do banco, e criaram muitas chances para o Fean, mas nada que perturbasse o goleiro francês Joris Delle. E se alguém saiu dos dois empates para algo mais positivo, enfim, foi o NEC.

O Twente levou um susto gigante. Mas não colocou em vão os três gols de Enes Ünal (ANP/Pro Shots)

Groningen 3x4 Twente (domingo, 21 de agosto)

Excelsior x ADO Den Haag era o jogo das surpresas que só tinham vitórias; NEC x Heerenveen, o jogo dos que só haviam empatado; e Groningen x Twente, o "jogo dos maus começos". Ambas as equipes começaram a partida com duas derrotas nas duas primeiras rodadas. Para tentarem se livrar disso, protagonizaram o jogo mais emocionante da rodada. Jogo que teve um protagonista, pelo menos no primeiro tempo: Enes Ünal. Emprestado ao Twente pelo Manchester City, o atacante turco chamou a atenção e fez crer que os visitantes teriam um bom dia no estádio em Groningen. Aos 23', Unal fez 1 a 0 ao receber a bola de Chinedu Ede, driblar a marcação e chutar no canto oposto ao do goleiro; aos 36', outro bonito gol, ajeitando com o peito a bola vinda de cruzamento de Hakim Ziyech e chutando de voleio; e aos 39', o turco fez 3 a 0 com um arremate de fora da área.

Jogo definido? O Groningen disse não. Com o mau desempenho de Jarchinio Antonia na marcação pela direita, Ernest Faber o trocou por Martijn van der Laan, mais defensivo. O ataque dos Groningers melhorou. E o segundo tempo quase viu uma virada daquelas. Aos 52', Mimoun Mahi saiu driblando antes de chutar para o 3 a 1. Aos 69', Oussama Idrissi finalizou diminuindo para 3 a 2. Finalmente, aos 84', a torcida da casa, já de pé, explodiu com a falta cobrada perfeitamente por Danny Hoesen, saído da reserva: era o 3 a 3 impressionante. Mas, após ter "tirado cem litros de leite", o time da casa chutou o balde: foi o Twente que se aliviou e conseguiu vencer a primeira na temporada, graças a um contragolpe rápido em que Jari Oosterwijk fez 4 a 3, nos acréscimos (90' + 2). Ficou ao Groningen um gosto duplamente amargo: uma derrota depois de reação tão incrível, e o pior começo de sua história na primeira divisão, após três partidas (três derrotas, três gols marcados e onze sofridos).

Utrecht 1x2 AZ (domingo, 21 de agosto)

Motivado após a vitória categórica nos play-offs da Liga Europa (3 a 0 na ida, contra o Vojvodina Novi Sad-SER - a vaga na fase de grupos está muito bem encaminhada), o AZ entrou melhor no jogo contra o Utrecht. No primeiro tempo, após chances de Alireza Jahanbakhsh e Levi Garcia, coube ao melhor jogador dos Alkmaarders fazer o 1 a 0: aos 23', Markus Henriksen abriu o placar em grande estilo, com belo chute no ângulo oposto ao do goleiro Robbin Ruiter. O Utrecht só tentava algo em cruzamentos infrutíferos, desagradando à torcida. E isso durou até o segundo tempo - precisamente, até os 53', quando Patrick Joosten fez jogada individual, driblou o zagueiro e finalizou para fazer 1 a 1. Aí, com a entrada do reforço Richairo Zivkovic (emprestado pelo Ajax), os Utregs tentaram pressionar mais em busca da virada. Só não contavam com a eficiência dos visitantes: aos 84', Alireza Jahanbakhsh bateu de longe, a bola desviou no meio do caminho, e veio o 2 a 1 da primeira vitória do AZ nesta Eredivisie. Ao Utrecht, resta a preocupação dupla: com o mau começo (apenas um ponto ganho) e com as várias perdas da janela de transferências (Boymans, Letschert, Ramselaar)...

Sparta Rotterdam 1x0 Go Ahead Eagles (domingo, 21 de agosto)

Entre dois clubes vindos da segunda divisão - um como campeão, o outro na repescagem -, o Sparta mereceu mais a vitória. Desde o começo da partida em Het Kasteel, o atual dono da taça na Eerste Divisie criou mais chances. Todavia, faltava eficácia nelas. Principalmente da parte de Zakaria El Azzouzi: o atacante criou três oportunidades de gol no primeiro tempo, mas nenhuma delas terminou nas redes (a última, quase: aos 45', após tabelar, El Azzouzi mandou na trave). Aos 52', após o intervalo, ele recebeu livre de novo, mas dessa vez chutou por cima do gol. Coube a Loris Brogno enfim dar a recompensa que os Spartanen mereciam: aos 85', o zagueiro Sander Fischer derrubou-o na área, o juiz Serdar Gözübüyük marcou o pênalti sem contestações e Brogno bateu para decretar o placar final do jogo.

Heracles Almelo 0x1 Feyenoord (domingo, 21 de agosto)

Os lados do campo ofereciam às duas equipes as maiores oportunidades de chegar ao gol. Isso já se sabia antes mesmo do início do jogo que fechou a rodada, na grama sintética do estádio Polman, em Almelo. E foi exatamente o que aconteceu nos primeiros minutos. Do lado do Feyenoord: substituindo Eljero Elia (passou por cirurgia no ombro, ficará fora por algumas semanas), Steven Berghuis arriscou primeiro, aos 6', chutando da direita - a bola desviou e foi na trave. E do lado do Heracles: aos 17', Iliass Bel Hassani finalizou de fora da área, pela meia-esquerda, mandando a bola próxima à trave defendida por Brad Jones. Depois, os Heraclieden ainda tiveram boa oportunidade aos 26', novamente vinda dos lados: cruzamento para a área, e Thomas Bruns desviou de cabeça para fora.

Porém, aos poucos a maior qualidade técnica do Feyenoord se impunha em campo. E foi apelando para algo diferente que o Stadionclub chegou às redes: aos 29', Berghuis deixou a bola com Dirk Kuyt, e este passou-a a Nicolai Jorgensen. O dinamarquês desviou de cabeça, meio no susto, a bola espirrou para a área, e lá entrava Karim El Ahmadi, para volear de primeira e fazer 1 a 0. Foi o que os Rotterdammers precisavam: no resto do jogo, impuseram o estilo, apostando nos contragolpes. Segura, a defesa não permitiu chute a gol do time da casa. No segundo tempo, os únicos riscos vieram em arremates seguidos: Paul Gladon, aos 54', e Bel Hassani, aos 56'. Mas nada disso passou perto de impedir a terceira vitória seguida do Feyenoord. E sem sofrer gols após 270 minutos...

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Muitos goleiros na Holanda. Mas falta "o" goleiro

Cillessen atrai interesse concreto do Barcelona, mas falta algo a ele. E a seus colegas de posição e geração (Broer van den Boom Fotografie/VI Images)
Certa vez, numa transmissão de um jogo na Holanda – a memória não lembra direito se era entre clubes do país ou da seleção holandesa -, falou-se da “grande escola de goleiros que o futebol holandês tem”. Claro, não é bem assim. A história batava tem destaques na posição, sim, mas o fato é que a Holanda se notabilizou muito mais por nomes isolados (como Eddy Pieters Graafland, Jan van Beveren, Hans van Breukelen e, sobretudo, Edwin van der Sar) do que por ser um centro que revela constantemente arqueiros de confiança, como a Alemanha.

Todavia, o cenário atual mostra certa mudança nisso. Desde que Van der Sar fez fama, há um certo padrão de goleiros sendo criado na Holanda. Em geral, são longilíneos e muito altos, mesmo com algumas exceções. E obviamente, sabem jogar com os pés – item sine qua non para um guarda-redes do país desde que Rinus Michels preferiu Jan Jongbloed para ficar debaixo dos três paus na Copa de 1974. Além do mais, dá para dizer que grande parte dessa geração está aproveitando o espaço aberto pelo ex-goleiro e atual diretor geral do Ajax nos centros mais competitivos do futebol europeu.

Uma grande mostra disso foi dada a partir do que se viu nesta quinta-feira. No começo, o boato parecia desses inacreditáveis – pessoalmente, até coloquei em minha conta pessoal no Twitter que era “a melhor piada do dia”: o jornal Mundo Deportivo, famoso por sua linha editorial pró-Barcelona (e sempre à procura de um possível reforço para o elenco dos Culés), noticiou que Jasper Cillessen era a escolha barcelonista para substituir Claudio Bravo, virtual contratado do Manchester City.

Pois bem: não era mentira nem boato. Por mais que também seja vinculado ao Ajax – talvez até por isso -, o diário De Telegraaf também cravou que o goleiro do time de Amsterdã passou à frente de Diego Alves e Pepe Reina como o grande favorito para chegar a Les Corts e ser reserva de Marc-André ter Stegen no gol. Mais do que isso: cravou até o valor da oferta do Barcelona (entre 10 e 12 milhões de euros). Mais equidistante das duas partes negociantes, a revista Voetbal International noticiou que as negociações estão muito avançadas.

Por mais que, de fato, a eventual transferência pareça inesperada (e parece), também não dá para ignorar que Cillessen ganhou alguma segurança nos cinco anos que tem de Ajax. Quando nada, porque foi quem aproveitou melhor a chance que teve na seleção holandesa, em 2013, para tornar-se o titular da Oranje – posição que segue dele, mesmo sob contestação. E há contestação porque Jeroen Zoet, titular absoluto do PSV, mostra mais regularidade do que Cillessen, às vezes. E há Tim Krul, que pode muito bem voltar às convocações caso retome a forma que exibia antes da lesão sofrida ano passado, no ligamento cruzado anterior do joelho direito. 

Sem contar os mais velhos: se Kenneth Vermeer (30 anos) lesionou gravemente o tendão de Aquiles e só volta em 2017, Maarten Stekelenburg (33, a fazer 34 em setembro) ganhou grande chance no Everton para reagir na carreira. Assim como Michel Vorm (32, a fazer 33 em outubro): com a lesão muscular que tirará Hugo Lloris dos titulares do Tottenham por algumas semanas, caberá ao reserva de Cillessen na Copa de 2014 segurar a barra. Com a confiança de Mauricio Pochettino, já que o treinador dos Spurs elogiou Vorm: “É sempre ruim quando nosso capitão não está disponível, mas confiamos em Michel. Ele tem muita experiência na Premier League. Não duvido de suas qualidades”. 

Cillessen, Zoet, Krul, Stekelenburg, Vermeer, Vorm: seis nomes que podem muito bem ser escolhidos nas convocações de Danny Blind para a Laranja. E seis nomes que conseguem, mais ou menos, aliar o que o precursor deles, Van der Sar, equilibrou perfeitamente em certos momentos de sua carreira: jogar bem com as mãos e com os pés. Não é sem razão que Cillessen é cogitado pelo Barcelona: tem certa habilidade com a bola no chão. A ponto de até se arriscar dando cortes secos nos atacantes antes de sair jogando – fez isso com Gonzalo Higuaín, na semifinal da Copa de 2014.

E é bom mencionar aqui alguns goleiros que, embora ainda não tenham fama suficiente para serem conhecidos fora da Holanda, também são promissores. No Utrecht, Robbin Ruiter sofre cada vez menos com a montanha-russa em seu desempenho; cogitado vez por outra para clubes maiores do país, poderia até pensar em equipes menores de grandes centros da Europa. Mesmo tendo jogado a temporada passada no rebaixado De Graafschap, Hidde Jurjus se notabilizou a ponto de merecer a contratação pelo PSV, para ser reserva de Zoet. E enquanto o Ajax não decide utilizá-lo de vez, Mickey van der Hart segue titular em empréstimos a clubes pequenos - já atuou pelo Go Ahead Eagles, e agora está cedido ao Zwolle. 

Todavia, se a Holanda tem (agora, sim) uma “geração de goleiros”, algo que indica o desenvolvimento de uma escola, ela peca pela falta de um símbolo. Algum protagonista, alguém que represente a fama dos guarda-valas dos Países Baixos por toda a Europa. Enfim, sente falta de alguém que traga o respeito que Van der Sar impôs por boa parte de sua carreira, descontados a má fase na Juventus e o ostracismo no Fulham. E nenhum dos citados consegue fazer isso, estar “acima de qualquer suspeita” para imprensa e torcida.

Até por isso, a negociação de Cillessen com o Barcelona foi recebida com espanto na Holanda. Principalmente porque o arqueiro do Ajax não iniciou bem a temporada 2016/17: falhou no jogo de ida contra o PAOK-GRE, pela terceira fase preliminar da Liga dos Campeões, numa saída de gol atabalhoada. E também teve colocado em sua conta o gol de Christian Noboa pelo Rostov-RUS, no 1 a 1 da ida dos play-offs da Champions. Pior: ao deixar um canto aberto demais numa cobrança de falta, Cillessen repetiu erro que cometera no amistoso entre Holanda e França, em março passado. Ele reconhece: “Não estou na minha melhor fase”.

Pior é que o nativo de Groesbeek também não é o último de seus compatriotas a sofrer com irregularidades ou deficiências. Zoet é muito promissor, mas ainda precisa melhorar com os pés; Krul sofre com muitas lesões, e deverá penar na segunda divisão inglesa com o Newcastle, frustrando as expectativas de decolar na carreira; Stekelenburg era tido e havido como sucessor definitivo de Van der Sar após a boa atuação na Copa de 2010, mas perdeu a chance de se estabilizar definitivamente, com as falhas e lesões nos tempos de Roma; Vorm também perdeu terreno na carreira ao deixar a titularidade no Swansea para ser reserva no Tottenham.

E assim seguem os goleiros holandeses. Com algum talento, atraindo atenções aqui e ali na Europa... mas sem ninguém que consiga eliminar a lembrança de Edwin van der Sar.

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 19 de agosto de 2016)

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Déjà vu com evolução

Como sempre, Klaassen apareceu para ajudar o Ajax na Liga dos Campeões. Mas empate força time a corrigir erro de sempre: falta de pontaria (Pro Shots)

Quem viu, sabe: a classificação do Ajax na terceira fase preliminar da Liga dos Campeões teve qualquer coisa de fortuita. Jogando contra o PAOK, da Grécia, os Amsterdammers tiveram posse de bola e se impuseram ofensivamente, mas ficaram num mero empate; na volta, a defesa sofreu demais em Tessalônica (principalmente no primeiro tempo), e contou com um pênalti - duvidoso - e um chute aos 43 minutos da etapa final, ambos convertidos em gol por Davy Klaassen, para conseguir uma vitória dramática em Tessalônica.

Pois bem: a coisa ficou tão igual na partida de ida dos play-offs por um lugar na fase de grupos da Champions League, contra o Rostov-RUS, que deu para pensar até num déjà vu (aquela expressão que indica a sensação de já ter visto algo aparentemente nunca visto). Novamente, a equipe de Amsterdã foi bem melhor em casa; novamente, a fragilidade de sua defesa provocou um gol adversário que prejudicou muito as coisas; novamente, foi necessário correr atrás do empate; e novamente, o resultado foi a igualdade em um gol com o adversário, forçando os Godenzonen a uma vitória ou um empate por mais de um gol no jogo de volta - no dia 24, em Rostov-na-Donu - para assegurarem a sonhada vaga na fase de grupos.

Pelo menos, a superioridade do Ajax contra o Rostov deu uma impressão melhor à torcida. Ao invés do time ainda incerto e inseguro da ida na terceira fase preliminar, quando o Campeonato Holandês sequer começara, o time da casa começou bem mais acelerado na Amsterdam Arena, indicando até uma pequena evolução. Algo talvez justificado pela mudança fundamental na defesa: péssimo no jogo de volta contra o PAOK, pela lentidão na volta para a defesa, o zagueiro alemão Heiko Westermann sequer foi relacionado. Com Davinson Sánchez junto de Jaïro Riedewald no miolo de zaga, enquanto Joël Veltman ia para a lateral direita, houve um pouco mais de rapidez na parte defensiva do 4-3-3 escalado por Peter Bosz.

Mais do que isso: desde o começo da partida, o Ajax pressionava um Rostov francamente escalado para segurar-se num 5-3-2. As chegadas constantes de Amin Younes pela esquerda, mais os avanços de Davy Klaassen, deixavam os defensores da equipe russa muito presos à área de defesa. Sem contar uma boa sacada: a escalação de Bertrand Traoré. Tendo chegado no final de semana passado a Amsterdã, emprestado pelo Chelsea, o atacante burquinês mostrou mais força física, mais velocidade e mais ousadia nas tentativas. Pelo menos no início, Traoré justificou o empenho de Peter Bosz em contratá-lo, alegando bom trabalho em conjunto quando ambos estiveram no Vitesse.

Tudo isso, até os 13 minutos do primeiro tempo, quando o Rostov conseguiu o que precisava: uma jogada de bola parada - uma falta próxima à área, para ser mais preciso. E aí, aconteceu mais uma coisa que já ocorrera contra o PAOK: falha de Jasper Cillessen. Contra a equipe grega, o goleiro Ajacied saiu atabalhoadamente do gol, permitindo que o angolano Djalma Campos o driblasse e tocasse para o gol vazio; contra o Rostov, Cillessen deixou um canto aberto demais. Foi justamente onde o equatoriano Christian Noboa cobrou a falta. Direto para as redes.

A insegurança do arqueiro titular tem causado críticas da torcida. E não passou despercebida por Peter Bosz, após o jogo: "É claro que ele não foi bem, mas ele próprio sabe disso". De fato, o mesmo goleiro titular do Ajax e da seleção holandesa reconheceu que seu momento ainda não é dos melhores, em declarações à Ziggo Sport, emissora de tevê a cabo que mostrou o jogo na Holanda: "Naturalmente lamento. Não estou na minha fase de maior sorte. Você tenta lentamente sair desses momentos, mas isso não ocorre da noite para o dia".

Pelo menos, a pressão do Ajax no ataque continuou forte. No primeiro tempo, com Younes, Anwar El Ghazi (enfim, boa atuação), Klaassen e Traoré, a defesa do Rostov sofreu - principalmente na direita, onde Timofei Kalachev e Denis Terentyev cortaram muitos dobrados, até o empate merecido, aos 38', num pênalti convertido por Klaassen. Na etapa complementar, o destaque único foi o goleiro da equipe de Dmitri Kirichenko (ainda "auxiliado" pelo demissionário Kurban Berdyev): Soslan Dzhanaev fez defesas decisivas, que evitaram a vitória dos Ajacieden. Principalmente em duas chances: aos 54', com bola à queima-roupa vinda de cabeceio de Traoré, e aos 68', em perigoso chute de Nemanja Gudelj, fora da área.

Enfim, o Ajax pareceu mais atento e mais veloz do que mostrara no empate contra o Roda JC, sábado passado, pelo Campeonato Holandês. Mas ainda falta transformar as chances que já cria em gol. Disso depende conquistar um resultado que dê a vaga na fase de grupos da Liga dos Campeões - e alguns caraminguás a mais no cofre do clube.

domingo, 14 de agosto de 2016

810 minuten: como foi a 2ª rodada da Eredivisie

A comemoração de Jens Toornstra: confiante e tranquila, como a vitória do Feyenoord (Gerrit van Keulen/VI Images)

Heerenveen 2x2 Utrecht (sexta-feira, 12 de agosto)

Pelo gol relativamente precoce conseguido em casa, o Heerenveen podia até pensar num jogo mais fácil contra os Utregs: logo aos 12 minutos do primeiro tempo, Luciano Slagveer abriu o placar, após conseguir a bola numa jogada de sorte. Mas não foi o que aconteceu. Os visitantes logo conseguiram a virada, em dois infortúnios do zagueiro Jeremiah "Jerry" St. Juste. O primeiro, aos 33': St. Juste empurrou Sébastien Haller na área, o árbitro Jeroen Manschot marcou o pênalti, e Haller bateu para fazer 1 a 1 (seu segundo gol nesta temporada, já!). Mais dois minutos, e o meio-campista Bart Ramselaar arriscou o chute, a bola resvalou em St. Juste e tirou o goleiro Erwin Mulder da jogada: 2 a 1 para o Utrecht.

Só não houve frustração porque, a exemplo do empate contra o AZ na primeira rodada, o time da Frísia foi buscar o empate: aos 69', o goleiro Robbin Ruiter falhou, e Reza "Gucci" Ghoochannejhad fez 2 a 2. Um resultado frustrante, mas com este lado elogiável para o Fean. E será preciso mais espírito de luta: afinal, o atacante Sam Larsson, destaque do grupo de jogadores, pode estar de saída (nem jogou, em protesto após o Heerenveen recusar a proposta que o Sassuolo-ITA faz por ele).

Excelsior 2x0 Groningen (sábado, 13 de agosto)

Acreditava-se que os 5 a 0 sofridos pelo Groningen na primeira rodada, contra o Feyenoord, haviam sido apenas um dia de azar - bem como que o Excelsior apenas vencera um enfraquecido Twente. Afinal, o nível técnico do elenco dos Groningers é supostamente maior. Isso começou a ser posto em xeque logo aos 2', quando o meio-campista Ryan Koolwijk cruzou para que, de cabeça, o zagueiro Jurgen Mattheij colocasse os Kralingers na frente, em casa. Desde então, os visitantes do norte holandês atacaram pelo resto do tempo regulamentar. Sem muita eficiência, é verdade: passaram o jogo a cruzar bolas para a área, sem trazer muito perigo real - apenas num cabeceio de Jesper Drost, defendido à queima-roupa pelo arqueiro Tom Muyters, e num desvio acidental de Mattheij que mandou a bola na trave. Mas, ainda assim, a pressão maior foi do Groningen. Só que ela saiu pela culatra: já nos acréscimos do segundo tempo (90' + 3), até o goleiro Sergio Padt foi para a área tentar o gol de cabeça. Não só não conseguiu, como demorou a voltar para a meta, o contra-ataque foi rápido, e Kevin Vermeulen tocou para o gol vazio, fazendo 2 a 0. Pois é: o Excelsior tem duas vitórias em dois jogos. Quem diria...

O Ajax até jogou bem, mas falhou na defesa. O Roda JC puniu (rodajc.nl)

Ajax 2x2 Roda JC (sábado, 13 de agosto)

Com duas novidades em campo (Kasper Dolberg voltava ao time titular, no ataque; e o zagueiro colombiano Davinson Sánchez também começou o jogo, graças à suspensão de Joël Veltman), o Ajax dava a sensação de que conseguiria vitória fácil sobre o Roda JC. Até porque o gol veio rapidamente: já aos 8', Davy Klaassen cruzou na área, e Dolberg conseguiu escorar antes que ela entrasse, deixando os Amsterdammers em vantagem. Só que a velha desatenção defensiva dos Ajacieden também não demorou: aos 17', David Boysen fez ótimo lançamento em profundidade, e Adil Auassar apenas escorou a bola no canto esquerdo do goleiro Jasper Cillessen, deixando o placar igual. Desde então, o Ajax pareceu igual ao das temporadas passadas: muita posse de bola (no primeiro tempo, foram extravagantes 81%!), mas poucas chances e muitos passes. Pelo menos a oportunidade seguinte virou gol: aos 44', Daley Sinkgraven cruzou, Dolberg se mexeu rapidamente e desviou para fazer 2 a 1.

Um pouco mais tranquilo, na etapa final o Ajax continuou mantendo a posse de bola. E até teve algumas oportunidades para assegurar de vez o triunfo: uma boa jogada individual de Amin Younes aqui (Younes entrou após o intervalo, no lugar de Sinkgraven), dois chutes do estreante Bertrand Traoré ali (emprestado pelo Chelsea, o atacante substituiu Dolberg aos 63')... só que o Roda mostrava que não estava morto. E também criava alguns tormentos periódicos, principalmente com o atacante Mikhail Rosheuvel. E a falta de cuidados defensivos foi punida com crueldade: nos descontos (90' + 1), Auassar cobrou falta. Kenny Tete se descuidou da marcação pela direita, não viu Tom van Hyfte, e o meio-campista entrou livre na segunda trave para cabecear e decretar o empate final. Empate que deixa claro: o Ajax precisa melhorar, como reconheceu o técnico Peter Bosz ("Só podemos culpar a nós mesmos", lamentou). Até porque a partida de terça, contra o Rostov-RUS, pela Liga dos Campeões, pedirá concentração total.

Vitesse 1x2 ADO Den Haag (sábado, 13 de agosto)

Quando Ricky van Wolfswinkel abriu o placar para o Vitesse, aos 22 minutos da etapa inicial, aproveitando rebote que o goleiro Ernestas Setkus dera a um primeiro chute seu, era de se supor que novamente os aurinegros de Arnhem teriam razões para comemorar, após a goleada contra o Willem II. Mas Gervane Kastaneer disse não, e foi o destaque do triunfo do ADO Den Haag: aos 31', aproveitou desatenção da defesa do Vitesse para dominar a bola vinda de cruzamento de Wilfried Kanon e empatar o jogo. Finalmente, aos 61', Kastaneer recebeu longo passe de Aaron Meijers, driblou o lateral direito Kelvin Leerdam com precisão e tocou na saída de Eloy Room para virar o placar. Um tapa do jovem atacante, com luva de pelica, na cara do técnico Henk Fraser: agora no Vitesse, ele o criticara e pedira seu empréstimo ao FC Eindhoven, no returno do Holandês passado. Agora, Kastaneer foi o protagonista da segunda vitória do Den Haag na temporada, justo contra o time de Fraser...

Zwolle 0x3 Sparta Rotterdam (sábado, 13 de agosto)

Tendo jogado melhor contra o NEC, sofrendo o empate num lance isolado, o Zwolle supunha poder superar o Sparta Rotterdam. Pois teve de testemunhar a primeira vitória dos Spartanen após o retorno à divisão de elite do futebol holandês. O time da casa até criou uma grande chance: aos 11', o atacante Kingsley Ehizibue perdeu um gol, livre, saído da linha de impedimento. Demorou, mas a punição veio aos 40': numa jogada rápida, o meio-campo Stijn Spierings deixou a bola para Loris Brogno bater e fazer 1 a 0 para o Sparta. No segundo tempo, o zagueiro Dirk Marcellis até colocou a bola nas redes, mas o gol foi anulado (justamente) por impedimento de outro beque do Zwolle, Ted van de Pavert. Sorte dos visitantes: aos 58', de novo Spierings fez passe, agora a Craig Goodwin, que arrematou para ampliar a vantagem. Com o Zwolle definitivamente abatido, Brogno ainda teve tempo de marcar, aos 87', o gol que selou outro triunfo surpreendente na rodada.

Heracles Almelo 3x1 Willem II (domingo, 14 de agosto)

Após três empates em sequência - dois pela Liga Europa, mais o 1 a 1 contra o Roda JC, pela estreia no Campeonato Holandês -, o Heracles devia um melhor desempenho ofensivo à sua torcida, contra o Willem II. E após um começo melhor dos visitantes de Tilburg, o mandante começou a fazer isso, graças às bolas paradas: aos 26', Iliass Bel Hassani cobrou falta, e o goleiro Kostas Lamprou falhou de novo. O arqueiro grego ainda agarrou a bola, mas ela já havia passado da linha, e o juiz Reinold Wiedemeijer validou o gol, mesmo com os protestos infrutíferos dos jogadores do Willem II.

Na etapa complementar, coube ao atacante Paul Gladon definir a vitória. Aos 59', Gladon marcou o segundo gol dos Heraclieden, com um chute colocado; e aos 63', fez 3 a 0, completando cruzamento de Robin Gosens. O camisa 9 do time de Almelo podia até ter ressaltado mais seu protagonismo em campo, não fosse um duvidoso pioneirismo cometido na história da Eredivisie: Gladon perdeu DOIS pênaltis, marcados em sequência, no espaço de um minuto! Pelo menos, nem o gol de honra do Willem II (Erik Falkenburg, aos 83', em bela finalização) perturbou a garantida primeira vitória do Heracles no campeonato.

Feyenoord 2x0 Twente (domingo, 14 de agosto)

Pelo menos nesta rodada, o Feyenoord seguiu o dito popular: não mexeu no time que ganhara, impondo dura goleada ao Groningen (5 a 0) na semana passada. E também deu certo contra o Twente: o Stadionclub não correu risco algum no primeiro tempo - até porque o próprio Twente, receoso de sua defesa, iniciara o jogo num 5-3-2. Ainda assim, aos poucos, as triangulações e jogadas pelas laterais, com passes rápidos, foram minando a resistência dos Tukkers visitantes. Numa dessas, aos 23', saiu o gol: Dirk Kuyt passou a Nicolai Jorgensen, que deixou rapidamente a bola com Karim El Ahmadi. O volante tentou chutar, foi impedido, só que a sobra ficou com Jens Toornstra, na direita da grande área, que bateu sem chances para o goleiro Nick Marsman, fazendo 1 a 0.

Vendo que seu time precisava atacar, René Hake mudou já no intervalo: tanto o time (Stefan Thesker deu lugar a Jelle van der Heyden, que foi para o meio-campo, como volante), quanto o esquema (de 5-3-2, foi para 4-3-3). Com alguns espaços oferecidos nas pontas, o Feyenoord ainda avançava. Houve nova alteração - Enes Ünal entrou no lugar de Jari Oosterwijk, no ataque -, e só aí o Twente passou a ameaçar uma vantagem até então segura do time da casa: a maior chance veio num arremate de Yaw Yeboah, pela esquerda, que passou perto da trave defendida por Brad Jones, aos 67'. Aí os Feyenoorders se recompuseram defensivamente. Com mais precisão nas chances, veio o gol da vitória: aos 80', Jorgensen bateu forte e rasteiro, no canto de Marsman, para assegurar o triunfo merecido.

Go Ahead Eagles 2x2 NEC (domingo, 14 de agosto)

Depois dos dois pênaltis em sequência que Paul Gladon perdeu pelo Heracles Almelo, o NEC trouxe mais um feito pioneiro nos 60 anos de história de futebol profissional na Holanda: contra o Go Ahead Eagles, o time de Nijmegen não tinha nenhum holandês entre os titulares que começaram a partida. E a torcida não lamentou nem um pouco o fato: afinal, os Nijmegenaren começaram bem no ataque, fora de casa. Aos 34', veio o merecido gol: Quincy Owusu-Abeyie lançou Kévin Mayi em profundidade, e o atacante tocou na saída do guarda-metas Theo Zwarthoed para colocar os visitantes na frente. Porém, a defesa começou a negar fogo no segundo tempo. Sorte do Go Ahead Eagles, que virou o jogo com dois belos chutes de fora da área: primeiro aos 49', com o meia Sander Duits, e depois aos 58', com o atacante Henrik Ojamaa. Ainda assim, a torcida em Deventer não teve muito tempo para comemorar: aos 66', Mayi fez seu segundo gol no jogo (em rápido contragolpe, de novo livre para mandar a bola calmamente às redes), consolidando o empate.

Após algumas dificuldades, o PSV afinal conseguiu a vitória. Magra, mas suficiente (ANP/Pro Shots)

PSV 1x0 AZ (domingo, 14 de agosto)

Depois do Utrecht, o AZ. Se há poucos times, fora os outros dois grandes, que podem desafiar o PSV no futebol holandês, os dois primeiros adversários neste Campeonato Holandês certamente estão entre esses poucos. Talvez por isso, o primeiro tempo em Eindhoven, no Philips Stadion, tenha sido tão truncado: temores de parte a parte. E o primeiro deles veio dos visitantes de Alkmaar: aos 11', em cruzamento para a área, Dabney dos Santos só teve a finalização evitada pela antecipação de Andrés Guardado - e minutos depois, Fred Friday (começou como titular no ataque, em detrimento de Wout Weghorst) cabeceou, e a bola passou muito perto do gol de Jeroen Zoet.

Só com paciência e troca de passes o PSV começou a chegar: primeiro aos 26', com Luuk de Jong cabeceando à queima-roupa para ótima defesa do arqueiro Sergio Rochet, e depois aos 28', com Davy Pröpper (outra boa atuação) chegando pela direita e arrematando por cima do gol. No fim dos primeiros 45 minutos, Ron Vlaar ainda teve de tirar a bola da pequena área, após cruzamento de Jetro Willems. Ainda assim, o jogo foi fraco em emoções - e até tenso, pela falta que lesionou e tirou Markus Henriksen de campo, enfraquecendo a criação de jogadas do AZ. Só que a senha estava dada ao PSV: era ter paciência, que o gol sairia.

E nem demorou tanto assim na etapa complementar: já aos 52', após os Alkmaarders cederem escanteio, Willems cobrou, dominou o rebote, cruzou de novo e Héctor Moreno chegou bem na área, desviando de cabeça para as redes e fazendo 1 a 0. Obviamente, a desvantagem forçou o AZ a tentar mais ataques, e o técnico John van den Brom colocou mais uma referência de área no time, com a entrada de Wout Weghorst no lugar do volante Stijn Wuytens (levando o time a um 4-2-4). Mas não só o mandante de Eindhoven se preveniu (Phillip Cocu mudou o time para três defensores, colocando Daniel Schwaab em campo e configurando um 5-3-2), como os contragolpes trouxeram até mais chances ao atual bicampeão - aos 76', Luuk de Jong perdeu gol após Jorrit Hendrix deixá-lo livre na área. E assim como fizera contra o Utrecht, com menos brilho do que eficiência, o PSV também garantiu duas vitórias em dois jogos.