segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

810 minuten: como foi a 25ª rodada da Eredivisie

O Groningen já esperava ansioso pela primeira vitória em 2018, para se aliviar um pouco. Faltou impedir Te Vrede, que empatou o jogo para o NAC Breda (Maurice van Steen/VI Images)
Groningen 1x1 NAC Breda (sexta-feira, 23 de fevereiro)

Em meio a uma temporada cada vez mais caótica fora de campo (e preocupante dentro dele), o Groningen tentou fazer um bom ambiente em seu estádio, a partir de uma promoção: cada afiliado no programa de sócio-torcedor poderia levar duas pessoas de graça ao Noordlease Stadion para a partida. Até deu certo, já que o estádio ficou mais cheio. Mas dentro de campo, os Groningers trouxeram pouco perigo: só uma chance, aos 10', quando Mimoun Mahi aproveitou falha do volante Lucas Schoofs e mandou a bola na trave. De resto, os visitantes de Breda é que estiveram mais perto do gol: aos 20' (Manu García cruzou, e Samir Memisevic quase fez contra) e aos 45' (Thomas Agyepong foi outro a mandar a bola no poste).

Já no começo do segundo tempo, Agyepong teve outra valiosa oportunidade para colocar o NAC na frente: ficou livre na área após passe, cara a cara com o goleiro Sergio Padt, mas finalizou pessimamente. E o 0 a 0 seguia deixando a torcida da casa temerosa no norte holandês. Até que, aos 66', aparentemente, veio o alívio: Django Warmerdam cruzou da esquerda, e Pablo Marí desviou acidentalmente para o próprio gol, ao tentar cortar, no 1 a 0. Parecia, enfim, que viria a primeira vitória do Groningen em 2018 - tanto que vieram mais duas bolas na trave, de Ajdin Hrustic e Ritsu Doan. Não entraram. Sorte do NAC: aos 86', Mitchell te Vrede aproveitou um rebote para fazer 1 a 1 e garantir valioso ponto ao time aurinegro. Enquanto o Groningen segue preocupado - e preocupante.

O AZ atacou, atacou, atacou... e sofreu um gol. Atacou, atacou, atacou, empatou... e Idrissi fez o gol de uma difícil virada (AZ.nl)
AZ 2x1 Sparta Rotterdam (sábado, 24 de fevereiro)

O Sparta tentaria a surpresa em Alkmaar com um time tendo seis alterações, cinco defensores (jogou no 5-3-2) e uma estreia: o meio-campista Abdou Harroui. Não adiantou. Já aos 7', houve a primeira grande chance do AZ. Da direita, Alireza Jahanbakhsh lançou a bola em profundidade, e Thomas Svensson chegou à linha de fundo com ela. O sueco cruzou, e Michel Breuer evitou o gol, tirando da pequena área com um carrinho. Depois, aos 9', Sherel Floranus também tirou a bola da área, vinda de Thomas Ouwejan. No escanteio da sequência, a cobrança foi rasteira - e Alireza completou de primeira, mandando na trave. O domínio do AZ era indiscutível em campo. Então, o que aconteceu? Isso mesmo: o Sparta fez 1 a 0, aos 19'. Da direita, Ryan Sanusi cobrou escanteio. E Julian Chabot subiu mais alto do que qualquer um na área, para cabecear no ângulo esquerdo do goleiro Marco Bizot - que só pulou para constar, já que a bola veio indefensável para o gol dos visitantes.

Os Alkmaarders tentaram iniciar a reação aos 22'. Em cobrança de falta dos Alkmaarders, a bola foi rebatida, e Alireza tentou um voleio. Boa ação do iraniano: a bola quicou no chão, e o goleiro Jannik Huth rebateu. Só que o caminho do Sparta estava aberto: os contra-ataques. Num deles, os visitantes de Roterdã quase fizeram 2 a 0 aos 24': Michiel Kramer pegou livre a bola passada por Sanusi, chegou à área e concluiu cruzado. Bizot evitou o gol com os pés. Outra chance de empate para o AZ, só aos 36': Idrissi deixou Guus Til em boa posição para chutar na área, mas o arremate foi desviado por Huth. Na continuação, o goleiro do Sparta impediu que Idrissi cabeceasse, e Thomas Ouwejan terminou chutando para fora. Os Spartanen assustaram, aos 44', num chute cruzado de Fred Friday que passou perto da trave. Até que uma troca de passes rápida, típica do AZ nesta temporada, levou ao empate buscado, na sequência imediata. Teun Koopmeiners deixou a bola a Ouwejan, o lateral esquerdo já completou a triangulação com Til. Deste, a bola foi para Idrissi, que entrou na grande área pela esquerda, e só passou para o lado, onde Wout Weghorst já estava a postos para fazer 1 a 1.

Se o Sparta sonhou por muito tempo com um ponto, o goleiro Huth foi o grande responsável: ótima atuação (Tom Bode/VI Images)
No segundo tempo, o AZ voltou a impor seu domínio e a prensar o Sparta em seu próprio campo de defesa, buscando a virada. A primeira oportunidade para isso veio aos 53': Svensson cruzou da direita e Guus Til já entrou completando de voleio, mandando acima do gol. A bola seguia chegando ao ataque, em tabelas e cruzamentos - num deles, aos 57', a torcida reclamou de pênalti, após desvio da bola na mão de Frederik Holst. Aos 59', quase a sorte ajudou: Ouwejan cruzou, e o zagueiro Bart Vriends assustou ao tirar, com um desvio torto - a bola saiu pela linha de fundo. Teun Koopmeiners criou a chance seguinte, aos 61', num arremate de fora. Então, Huth se confirmou como um dos nomes do jogo. Aos 72', evitou o segundo gol: Svensson recebeu a bola livre na área, caminhou pela direita e bateu para a defesa do arqueiro, feita com os pés.  Dois minutos depois, o camisa 1 do Sparta fez um autêntico milagre: em cobrança de escanteio, Alireza cabeceou na pequena área e ele rebateu, à queima-roupa. Weghorst estava pronto para finalizar, com o gol aberto, mas Huth teve agilidade suficiente para pular e evitar a virada, levantando o pé direito e fazendo grande intervenção. 

O AZ martelava, com posse de bola e chutes a gol em número bem maior. E aí apareceu outro jogador decisivo na partida. Aos 80', Idrissi chutou sinuosamente, mandando a esférica pouco acima do travessão. Finalmente, aos 86', também veio de Idrissi uma grande chance: da esquerda, o atacante driblou três, chegou ao meio da área, mas bateu para fora. Na sequência, o camisa 22 insistiu. E conseguiu: novamente pela esquerda, novamente o drible (belíssimo corte seco em dois zagueiros), novamente a entrada na área, novamente um chute cruzado. Só o fim foi diferente. Sorte de Idrissi: a bola foi rasteira no canto esquerdo de Huth, que dessa vez nenhum milagre pôde fazer para impedir a tardia e difícil vitória do AZ.

Num jogo com várias chances das duas equipes, o Heracles foi mais eficiente e impôs outra derrota ao Zwolle (ANP/Pro Shots)
Heracles Almelo 2x1 Zwolle (sábado, 24 de fevereiro)

Sobraram chances, num primeiro tempo agradavelmente ofensivo de um lado e do outro em Almelo. Só Brandley Kuwas teve pelo menos duas oportunidades para marcar: aos 22', em chute colocado que mandou a bola na junção da trave com o travessão, e aos 39', quando desviou escanteio e a bola desviou no goleiro Diederik Boer antes de bater novamente no poste. Ao Zwolle, a bola quase foi à rede aos 12' (Piotr Parzyszek, titular no sábado, chegou atrasado a um cruzamento) e aos 26' (arremate de Younes Namli, rente ao gol). Enfim, aos 42', uma chance virou gol no placar: Kuwas cruzou - seu décimo passe para gol na temporada  -, e Kristoffer Peterson escorou fazendo 1 a 0 para os Heraclieden.

Kuwas continuou falhando na finalização: acertou novamente a bola na trave, ainda nos acréscimos do primeiro tempo, e já começou a etapa complementar forçando Boer (que em certo momento tomou um banho de cerveja de um torcedor do Heracles - e se irritou) a fazer ótima defesa, no reflexo. Todavia, também nos minutos iniciais, veio o empate dos visitantes: aos 50', Namli lançou Parzyszek, e o polonês bateu forte para o 1 a 1 dos Zwollenaren. Animados, os visitantes passaram a ser superiores, mas se passou mais um pouco e os mandantes Almelöers já recuperaram a frente: aos 62', após cruzamento, Peterson recuou de cabeça, e Vincent Vermeij voltou a marcar, para dar a vitória ao Heracles - e impor a quinta derrota seguida no returno a um Zwolle em ligeira queda.

O Heerenveen foi bem mais ofensivo. Mas numa das únicas chances que teve, o Excelsior definiu sua vitória (Ronald Bonestroo/VI Images)
Heerenveen 0x1 Excelsior (sábado, 24 de fevereiro)

Surpresas na rodada anterior, as duas equipes tentavam seguir uma boa sequência. E o Heerenveen esteve mais perto disso. Só teve incompetência num quesito fundamental: finalização. Já aos nove minutos, Reza "Gucci" Ghoochannejhad teve a primeira chance de gol do time da casa, mandando na trave. Aos 21', Arber Zeneli arrematou, e a esférica passou rente à trave defendida por Theo Zwarthoed. Finalmente, aos 30', outra bola do Fean no poste: da entrada da área, Michel Vlap arriscou, e Zwarthoed ainda desviou com a ponta dos dedos antes da bola atingir o ferro. Mas na única vez que cedeu espaço aos visitantes de Roterdã, o time da Frísia amargou a desvantagem. Aos 35', Lucas Woudenberg falhou na lateral esquerda, e Ryan Koolwijk tomou a bola, já a deixando para Ali Messaoud. Este passou de primeira, e Mike van Duinen completou com um chute colocado para o 1 a 0. 

No segundo tempo, além de continuar com as chances (um cabeceio de Kik Pierie defendido por Zwarthoed aos 51', uma jogada individual de Martin Odegaard também impedida pelo goleiro aos 83'), o Heerenveen fortaleceu os ataques com as entradas de Henk Veerman e Nemanja Mihajlovic. Mas fracassou ao tentar impedir outra vitória fora de casa do Excelsior, das campanhas mais surpreendentemente agradáveis da Eredivisie - em 10º lugar, com 32 pontos, sonhando até com a repescagem por vaga na Liga Europa da próxima temporada, distante do sufoco de outras temporadas.

Habitualmente adversário difícil em sua casa, o VVV-Venlo assustou o Vitesse. Mas os visitantes reagiram a tempo (ANP/Pro Shots)
VVV-Venlo 2x2 Vitesse (sábado, 24 de fevereiro)

Aos 10 minutos de jogo, o VVV já fazia 1 a 0: Moreno Rutten lançou a bola, para Torino Hunte ajeitar e finalizar sem chances para o goleiro Remko Pasveer. E aos 24', os Venlonaren colocaram o 2 a 0 no placar: o chute de Lennart Thy foi forte, mas também possível de defender para Pasveer. Avizinhava-se outro grande resultado para o time aurinegro, mais um pequeno a surpreender na temporada.

Todavia, aos 29', um erro de Nils Röseler devolveu o Vitesse ao jogo: Thomas Bruns cruzou a bola, e o zagueiro desviou acidentalmente, cometendo gol contra. E o Vites evitou de vez o tropeço logo no começo do segundo tempo, aos 47', com a cobrança de falta em que Mason Mount empatou a partida. A partir de então, as duas equipes tiveram chances para o terceiro gol: os mandantes com Ralf Seuntjens e Thy, os visitantes com Luc Castaignos e Mount. Mas ficou mesmo o 2 a 2 no placar.

A cena que simboliza as frustrações do Ajax no 0 a 0 contra Den Haag: atacantes chutam, Zwinkels defende (Maurice van Steen/VI Images)
Ajax 0x0 ADO Den Haag (domingo, 25 de fevereiro)

Como de praxe nos jogos mais recentes do Ajax, partiu de Justin Kluivert a primeira chance Ajacied. Aos 11 minutos, da esquerda, o atacante passou por Tyronne Ebuehi, arrematando para a defesa do goleiro Robert Zwinkels. Kluivert reapareceu aos 13', iniciando uma triangulação. Tocou para David Neres, que tabelou com Siem de Jong (substituto do lesionado Klaas-Jan Huntelaar) e entrou na área. Mas antes do brasileiro finalizar, Zwinkels saiu do gol para defender. Todavia, com uma defesa bem fechada (sem a bola, chegavam a ser seis na defesa), desacelerando o jogo, o Den Haag só dava ao Ajacieden espaços para cruzamentos. Como aos 19', quando Joël Veltman mandou a bola para a área, mas ela foi direto para Zwinkels.

Os Amsterdammers só tinham espaço nas bolas altas. O seguinte veio aos 25': um lançamento para a área, que deixou a bola nos pés de Donny van de Beek. Deste, ela foi para David Neres, que ajeitou, mas concluiu fraco, fácil para a defesa do arqueiro dos visitantes de Haia. No minuto seguinte, mais um arremate de longa distância pego pelo guarda-metas - desta vez, Matthijs de Ligt chutou. Aos 33', outro lançamento, em profundidade, tentou deixar Kluivert livre, mas Ebuehi se antecipou. Poucos segundos depois, Carel Eiting mandou a bola da direita, e Kluivert tentou o voleio, mas acertou apenas Tom Beugelsdijk. De resto, único momento de maior emoção no primeiro tempo foi apenas um começo de quiproquó após Nicolás Tagliafico cometer falta, iniciando uma sequência de empurrões - que resultou em cartões amarelos para o próprio argentino, para Trevor David (que retrucou, encarando-o) e para André Onana (que saiu de seu gol para seguir a discussão).

Tom Beugelsdijk (de amarelo) simbolizou a concentração da defesa, que rendeu valioso ponto aos visitantes de Haia (Laurens Lindhout/adodenhaag.nl)
Com a barreira de seis homens seguindo na defesa, também continuaram no segundo tempo os arremates de fora da área pelo Ajax. Aos 49', veio o primeiro perigoso. Eiting deixou a bola com Ziyech, que bateu da entrada da área. O chute saiu sem força, mas o quique da bola a tornou perigosa, e ela passou perto da trave esquerda de Zwinkels. Aos 51', Ziyech criou outra chance: um cruzamento do marroquino deixou Frenkie de Jong em frente ao gol, mas o zagueiro (elemento-surpresa) cabeceou para fora. Nos chutes de fora (como de Kluivert, aos 57', e Ziyech, no minuto seguinte), começava a se sobressair o goleiro Zwinkels. Avanços do Den Haag? Raros: só aos 60' o time tentou algo, num chute de Nasser El Khayati que mandou a bola fora. Depois, num contra-ataque aos 62', Elson Hooi ajeitou a bola para Bjorn Johnsen finalizar e Onana defender. Todavia, aos 66' o Ajax esteve muito perto de fazer o 1 a 0: Van de Beek aproveitou jogada perdida na direita da área, cruzou, e Siem de Jong cabeceou na trave - depois, a bola ainda bateu no rosto do goleiro.  Aos 68', outra vez a oportunidade apareceu:  David Neres tabelou com Siem de Jong e ficou de frente para o gol, mas Zwinkels saiu bem da meta para fechar o ângulo e rebater a bola. 

A chance seguinte veio aos 70': um chute colocado de Ziyech, que mandou a bola rente à trave. Mais um minuto, e novamente Zwinkels salvou o Den Haag: em outra tabela (desta vez, com Tagliafico), David Neres tentou outra finalização, mas o arqueiro da camisa 22 evitou com o peito - e ainda teve agilidade para pegar o chute de Tagliafico na sobra. Zwinkels teve outra aparição para confirmar seu nome como o principal do jogo, aos 74', espalmando o arremate de Frenkie de Jong. Cada vez mais concentrados em sair com um ponto, os visitantes tentaram o último chute aos 80', com Johnsen. Os Ajacieden fortaleceram o ataque, com as entradas de Mateo Cassierra (para os 14 minutos finais), Amin Younes e do estreante Dani de Wit. Teve a "bola do jogo" aos 90' + 3, quando Tagliafico cruzou, De Wit desviou tirando Zwinkels, e David Neres completou. Mas Beugelsdijk tirou em cima da linha. E o 0 a 0 ficou no placar, frustrando as perspectivas do Ajax reanimar a disputa do título - e abrilhantando ainda mais a grande campanha que faz o ADO Den Haag, firme disputando lugar na repescagem por Liga Europa.

Ainda havia equilíbrio em Feyenoord x PSV, até Arias (no centro) abrir o placar. Daí por diante, o líder da Eredivisie levou o clássico como quis, até a vitória (Pro Shots)
Feyenoord 1x3 PSV (domingo, 25 de fevereiro)

Aos quatro minutos, o PSV já mostrou a velocidade que teria o começo do jogo em De Kuip. Luuk de Jong escorou a bola para Gastón Pereiro (recebendo mais uma chance entre os titulares, no lugar de Mauro Júnior). O uruguaio deixou a bola a Steven Bergwijn, e o ponta esquerda arrematou colocado, para fora, perto do gol de Brad Jones. Com a velocidade empregada pelos Boeren, o Feyenoord só tentou o ataque aos 12': Steven Berghuis trouxe a bola pela direita, para o cruzamento, mas Schwaab rebateu. Na sobra, Sofyan Amrabat arrematou, mas Marco van Ginkel (de volta aos titulares, após lesão) espantou. Aos 14', uma triangulação rendeu boa chance: Bart Nieuwkoop também fez jogada pelo lado direito, passou a Jorgensen para este desviar, e Berghuis entrou cruzando. Mas a bola bateu em Brenet e saiu pela linha de fundo. De resto, pouco a pouco o PSV se impunha e tentava mais - como aos 17', quando Van Ginkel completou uma falta de voleio, mas pegou mal na bola. E aos 18': Bergwijn cobrou escanteio, e Arias cabeceou para tentar o gol, como fizera contra o Heerenveen - desta vez, o colombiano mandou por cima do gol.

Porém, da vez seguinte em que tentou surpreender na área, o lateral direito teve muito sucesso, aos 23'. Em cobrança curta de escanteio, Pereiro deixou a bola a Bergwijn. Este cruzou, a defesa do Feyenoord fez pessimamente a linha de impedimento, e Arias ficou livre e em condições para desviar de cabeça, no contrapé de Brad Jones, fazendo 1 a 0. Em vantagem, os Eindhovenaren passaram a jogar como gostam: esperando uma chance para o contra-ataque, enquanto o Feyenoord tentava ataques inócuos. Numa delas, apareceu o espaço, aos 34', a partir do desarme de Bart Ramselaar. A bola sobrou com Pereiro, e o uruguaio já lançou do meio-campo para Bergwijn. Bart Nieuwkoop falhou ao tentar o domínio, o atacante o superou na corrida, chegou à área e tocou na saída de Brad Jones - Van der Heijden ainda alcançou a bola, mas ela já tinha passado da linha. Já era o 2 a 0 do PSV. E poderia ter sido 3 a 0 aos 41': Pereiro roubou a bola na direita, veio com ela até a grande área e cruzou. A bola desviou na defesa, e Bergwijn ainda bateu sozinho, mas Van der Heijden desviou com a perna para a linha de fundo, evitando o gol. Também houve boa chance no minuto seguinte: Bergwijn cruzou rasteiro da esquerda, a bola passou pela área e terminou com Arias batendo acima do gol.

Sob desconfiança da torcida há algum tempo, Pereiro recebeu a chance de se redimir no clássico. E aproveitou: um gol e ótima atuação (Ronald Bonestroo/VI Images)
No segundo tempo, a entrada de Jean-Paul Boëtius visava aumentar a velocidade no ataque Feyenoorder, apático até ali. Mas não adiantou muito, a princípio: aos 52', Bergwijn tentou um cruzamento - e este quase virou gol: a bola passou perto da trave esquerda. Mas no minuto seguinte, a desatenção foi da defesa do PSV. Sorte do Feyenoord: Schwaab tentou afastar e deixou a bola nos pés de Malacia, que passou a Boëtius. O ponta cruzou da linha de fundo, e na área, Tonny Vilhena cabeceou meio fraco, mas a bola passou ao lado de Zoet, que viu inerte o gol do Stadionclub. Só que a tensão dos Eindhovenaren acabou rapidamente. Já aos 58', outra bola parada começou a jogada do terceiro gol: após lateral cobrado, a bola parou com Bergwijn, na esquerda. O atacante da camisa 19 trouxe a bola até a área, e arrematou cruzado. Brad Jones rebateu para a frente, na pequena área, e lá estava Pereiro, que completou para o gol vazio, marcando facilmente o 3 a 1.

Definitivamente batido, o Stadionclub só traria perigo de novo no reinício, quando Jorgensen ainda tentou o gol, numa finalização colocada da entrada da área, mas Zoet agarrou firme. Mas o domínio estava restabelecido, e o PSV continuou tendo chances - como aos 61', num contra-ataque em que Pereiro trouxe a bola pela esquerda, passou a Van Ginkel, e este deu a Ramselaar, que bateu cruzado para Jones pegar. Vez por outra, o time da casa insistiu nos chutes de fora (com Boëtius, aos 69', e Vilhena, aos 73'). Teve até gol anulado por impedimento, nos acréscimos. Mas nada disso apagou a má impressão deixada aos torcedores, com a atuação lenta do Feyenoord.  E nem evitou que o PSV saísse do clássico com o otimismo renovado: líder, de novo sete pontos à frente, sentindo-se definitivamente na rota do título.

Com o gol de Rienstra (segundo da esquerda para a direita), o Willem II garantiu a vantagem com firmeza (ANP/Pro Shots)
Willem II 1x0 Roda JC (domingo, 25 de fevereiro)


Logo no sexto minuto de jogo, o Willem II mostrou que partiria firme rumo à vitória em Tilburg, para abrir importante vantagem sobre o adversário da partida, na disputa contra a repescagem/rebaixamento: Ben Rienstra cruzou a bola, e Fran Sol por pouco chegou depois da bola. Então, aos 14', coube a Rienstra resolver tudo sozinho: um chute colocado do meio-campista mandou a esférica no canto esquerdo, sem dar chances de defesa a Hidde Jurjus para o 1 a 0. Em vantagem, os Tricolores mandantes também reduziram o ritmo, mesmo tentando finalizações aqui e ali.

Na volta dos vestiários, o Roda JC se mostrou mais ativo. Aos 48', Livio Milts só não conseguiu o empate para os Koempels porque seu chute saiu sem direção, enquanto Dani Schahin chutou pouco acima do travessão, aos 53'. Ainda assim, com a defesa firme, o time da casa manteve a vantagem. E conseguiu o triunfo que desejava, para aumentar um pouco o alívio e ter a distância aumentada em relação à zona de repescagem/queda: são seis pontos em relação ao Twente, antepenúltimo colocado - e ao próprio Roda vencido, que ficou na penúltima posição. Cresce a confiança dos Tilburgers para pegar o Feyenoord na próxima quarta, pela semifinal da Copa da Holanda.

Após um começo melhor do Twente, o Utrecht reagiu. E a virada de Van de Streek consolidou outra vitória (Pro Shots)
Utrecht 3x1 Twente (domingo, 25 de fevereiro)

No começo da partida no estádio Galgenwaard, pareceu que o Twente teria, enfim, uma rodada para comemorar: já aos 10 minutos, Danny Holla deixou Haris Vuckic livre na área com um passe, e o meio-campista tocou na saída do goleiro David Jensen para o 1 a 0 dos Tukkers visitantes. Aí, novamente, a dura realidade se impôs ao penúltimo colocado, em três momentos. O primeiro, aos 20': Adam Maher cruzou a bola para Vuckic, e o esloveno perdeu chance incrível, completando para fora a três metros do gol vazio. O segundo momento foi pior, até a longo prazo: lateral direito, Hidde ter Avest deixou o campo com suspeita de fratura na fíbula, aos 28'.

Enfim, nos acréscimos, o Utrecht impôs o terceiro momento difícil aos visitantes de Enschede: Sean Klaiber pegou a sobra de um bate-rebate e empatou o jogo. E no segundo tempo, os Utregs cresceram gradualmente até a virada, aos 67': de calcanhar, Cyriel Dessers deixou a bola para Sander van de Streek finalizar e fazer 2 a 1. Dez minutos depois, também de taquito, Van de Streek passou para Yassin Ayoub definir o placar, num belo chute de pé direito. Se o Twente começou bem, o Utrecht terminou melhor ainda: não só mantém a invencibilidade sob o comando do técnico Jean-Paul de Jong (quarta vitória seguida, oito jogos sem perder), como tirou o Feyenoord da quarta colocação.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Talento, há. Falta atualização

A badalação sobre Justin Kluivert mostra: há uma base sobre a qual a seleção holandesa pode recomeçar (Getty Images)
A crise atual da seleção holandesa – e do futebol holandês como um todo, aliás - dá a impressão (justificada) de que a revelação de talentos do país, antes considerada das mais aceleradas e prósperas do futebol europeu, secou. Que se acabaram as promessas batavos, que a Holanda perdeu o jeito, que nunca mais se verá um holandês ombreando outros portentos na lista de grandes nomes do futebol mundial. Será? Não, pelo que se viu em duas listas importantes de jogadores jovens, exibidas nesta semana.

Menos acadêmica, a Gazzetta dello Sport estampou na capa de sua edição da terça passada uma lista dos “98 melhores jogadores nascidos em 1998”. Além das presenças óbvias e esperadas – Kylian Mbappé (que encabeça a relação), Christian Pulisic, Gianluigi Donnarumma -, estavam cinco jogadores holandeses. Um deles, numa posição nada desprezível: sexto lugar, que ficou para Justin Kluivert. Pouco abaixo, em 11º, estava Matthijs de Ligt. E ao longo da lista estiveram Timothy Fosu-Mensah (39ª posição), Teun Koopmeiners (meio-campista do AZ, em 96º lugar) e Leandro Fernandes (atacante de ascendência angolana, recém-chegado à Juventus, vindo do PSV, em 97º).

No mesmo dia, esta Trivela comentou sobre o estudo feito pelo Observatório do Futebol do Centro Internacional de Estudos do Esporte (CIES), que concluiu sobre os 50 jovens europeus mais promissores no futebol. Aí, o número de holandeses até aumentou: fora os supracitados De Ligt (8º), Kluivert (16º) e Fosu-Mensah (32º), havia Giovanni Troupée (lateral direito do Utrecht, em 15º), Rick van Drongelen (lateral esquerdo do Hamburgo, em 22º), Justin Hoogma (zagueiro do Hoffenheim, em 23º), Carel Eiting (meio-campista do Ajax, em 35º) e Sherel Floranus (lateral direito do Sparta Rotterdam, em 37º). Oito nomes – bem acima de países como a Itália, de tradição maior, que só teve na relação Donnarumma, o primeiro colocado, e Manuel Locatelli.

É possível que nenhum dos nomes citados alcance qualquer relevância na carreira adulta. Foi o que aconteceu, por exemplo, com os destaques da Jong Oranje bicampeã europeia sub-21 em 2006 e 2007: desses dois anos, unindo todos os 43 jogadores convocados nesses torneios (alguns deles estiveram em ambos os títulos, como Kenneth Vermeer e Ron Vlaar), o único cuja carreira pode ser considerada relativamente notável é Klaas-Jan Huntelaar – e ainda assim, há gigantes controvérsias. De resto, aquela geração se debateu ora entre jogadores que fizeram carreira apenas razoável e discreta (Stijn Schaars, Demy de Zeeuw, o próprio Vlaar), ora entre gigantescas decepções (Royston Drenthe, Maceo Rigters, Hedwiges Maduro, Ryan Babel).

Ainda assim, as presenças holandesas nas listas supracitadas indicam que há perspectivas para os novatos. E a nova fase de trabalho com as seleções indica que, enfim, haverá uma saudável sinergia entre as Laranjas jovem e madura – coisa rara, muito rara, nos trabalhos recentes. Basta dizer que, nesta semana, o técnico da seleção sub-21, Art Langeler, chamou os 18 jogadores habitualmente convocados para dois dias de treinos, de modo a não perderem entrosamento. E quem esteve acompanhando os trabalhos a par e passo, junto de Langeler? Ronald Koeman, em seus primeiros dias de trabalho – o técnico da seleção principal foi enfático na justificativa: “Já que a seleção sub-21 é a mais próxima da adulta, era muito importante que eu estivesse presente”.

Nesses treinos da Laranja Jovem, estiveram nomes já redigidos aqui neste texto, como Kluivert e Van Drongelen - além de outros que merecem alguma atenção, como o lateral direito Denzel Dumfries, 21 anos e um dos destaques do Heerenveen na temporada, com muita velocidade e força física nos avanços. Falando nisso, a fase atual do Campeonato Holandês mostra alguns desses jovens se destacando em suas equipes. O principal exemplo disso é Justin Kluivert: após um começo ruim de temporada, o ponta-esquerda aproveitou a lesão (e a saída frustrada) de Amin Younes para retomar a titularidade, não a largar mais e se tornar o grande destaque do Ajax, até agora, em 2018. Nas últimas rodadas, Kluivert tem sido habitualmente o melhor em campo dos Ajacieden, sempre aparecendo como opção de jogadas, tanto na troca de passes quanto na finalização. E na rodada passada, além de Kluivert, mais um lembrado das listas atuou pela equipe adulta: Carel Eiting jogou todo o segundo tempo da vitória sobre o Zwolle (1 a 0).

Mas o grande símbolo dessa força jovem nascente está no AZ. A equipe de Alkmaar faz uma primorosa campanha, para seus padrões, com o terceiro lugar seguro (dependendo do momento, até sonhando com a vice-liderança). E dois dos principais símbolos da temporada auspiciosa são jovens, criados no próprio clube alvirrubro, titulares absolutos no meio-campo. Tanto Guus Til – 20 anos, holandês nascido em Zâmbia – quanto o mencionado Teun Koopmeiners – 19 anos, a completar 20 na próxima quarta – mostram talento para todas as funções de um meio-campista: marcam bem, avançam bem, têm bom passe. E até sabem finalizar: Til já marcou sete gols na Eredivisie, só abaixo dos dois destaques do ataque do AZ, Alireza Jahanbakhsh e Wout Weghorst.

Todavia... como todos sabem, o Campeonato Holandês tem um nível técnico muito abaixo do necessário para que um jogador possa evoluir – e provas disso são as transições traumáticas de Memphis Depay e Vincent Janssen, nas temporadas anteriores. Esse “choque de realidade” entre a Eredivisie e as ligas maiores também foi exposto duramente nas palavras de Jürgen Locadia, recém-chegado à Inglaterra e ao Brighton. O atacante reconheceu à revista “Voetbal International”: “Foi difícil para mim no começo, porque aqui se treina muito mais do que na Holanda. E os treinos são mais duros e mais longos. Mas estou começando a me acostumar”.

Locadia, Koopmeiners, Til, Kluivert, De Ligt, Floranus, Eiting... a nova geração holandesa já começa a aparecer - e nem se falou aqui de nomes como Frenkie de Jong e Donny van de Beek. Porém, já se sabe: no caminho da juventude à maturidade futebolística, o entorno precisará ajudá-los, em forma de aumento na competitividade e atualização tática – mesmo que, para isso, seja necessário (e provavelmente será) deixar a Holanda. Técnica, todos esses jovens têm. Um cenário melhor, com um trabalho mais atento e menos frouxo, já será suficiente para fazer com que esta geração consiga se firmar de verdade – e a partir disso, se estabeleça de vez na seleção adulta.

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 23 de fevereiro de 2018)

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

810 minuten: como foi a 24ª rodada da Eredivisie

O Groningen ainda está muito pressionado, mas o empate contra o VVV-Venlo já alivia um pouco (Jeroen Putmans/VI Images)
VVV-Venlo 1x1 Groningen (sexta-feira, 16 de fevereiro)

O Groningen vinha de uma semana turbulenta: não bastasse a falta de vitórias pelo Campeonato Holandês em 2018, ainda viu a polêmica do afastamento do atacante Lars Veldwijk, após este supostamente se negar a entrar em campo contra o ADO Den Haag, e o anúncio de Danny Buijs como técnico substituto de Ernest Faber na próxima temporada. E pelo jeito com que a partida começou em Venlo, o drama dos visitantes do norte holandês continuaria. Em um minuto, Lennart Thy já tivera grande chance, num cabeceio. Aos dois, Vito van Crooij se viu livre na área com a bola e chutou na saída do goleiro Sergio Padt para fazer 1 a 0. E para completar, aos 11', Thy quase marcou 2 a 0, impedido por boa defesa de Padt.

Aí, enfim, veio a salvação. Aos 15 minutos, Juninho Bacuna passou a bola, e Ritsu Doan chutou forte, no canto oposto ao do goleiro Lars Unnerstall, para empatar o jogo. Era o que os Groningers precisavam para equilibrar o jogo. Já no segundo tempo, aos 52', Tom van Weert quase levou o time visitante à virada, chutando na rede pelo lado de fora. O VVV só ousou algo aos 77', quando Nils Röseler cabeceou no travessão. E depois, aos 85', seis minutos após entrar em campo, Torino Hunte teve a bola do jogo para dar a vitória aos mandantes aurinegros, mas concluiu em cima de Padt. Ficou mesmo no placar o 1 a 1. Útil para o VVV, que mantém a segura campanha no meio de tabela; ainda mais útil para o Groningen, que ganhou um pequeno respiro em meio à crise.

A sorte fez com que Van Duinen (abraçado) fosse o autor involuntário do gol da virada do Excelsior (Pro Shots)
Vitesse 1x2 Excelsior (sábado, 17 de fevereiro)

Melhor começo, o Vitesse não poderia querer: já aos dois minutos, Fankaty Dabo cruzou da direita, Bryan Linssen ajeitou de cabeça, e Luc Castaignos fez 1 a 0 com uma belíssima puxeta, no gol mais bonito da rodada. Todavia, aos 20', um lance acidental ditou os rumos do jogo: um choque de cabeças entre Lorenzo Burnet e Guram Kashia forçou o zagueiro do Vitesse a deixar imediatamente o jogo - consciente, mas com um gigante inchaço na sobrancelha (Burnet saiu minutos depois). A defesa do Vites ficou mais aberta. E Hicham Faik aproveitou: num chute de longe, fez 1 a 1, aos 44'.

A volta do intervalo mostrou um cenário totalmente diferente e equilibrado. Aos 53', Linssen chutou à queima-roupa, para a defesa do goleiro Theo Zwarthoed. E no minuto seguinte, o Excelsior teve chance maior ainda para a virada: Stanley Elbers ficou cara a cara com o arqueiro Remko Pasveer, mas seu arremate foi fraco demais. Se não viraram deliberadamente, os Kralingers ganharam o segundo gol na sorte: aos 66', Lassana Faye tentou afastar a bola da área com um chute - acertou Mike van Duinen, e a esférica foi diretamente para as redes. Pior do que a derrota, para o Vitesse, foi a lesão de Linssen, que forçou sua substituição.

Alireza bate colocado para fazer 1 a 0: começava aí a vitória categórica do AZ (Maurice van Steen/VI Images)
NAC Breda 1x3 AZ (sábado, 17 de fevereiro)

Com alguns sustos neste returno, o AZ temeu sofrer outro tropeço, com o começo melhor do NAC Breda. Já nos primeiros segundos, Mitchell te Vrede cabeceou bem, perto do gol; e aos cinco minutos, Te Vrede chegou livre à área, mas finalizou mandando a bola em cima do goleiro Nigel Bertrams. Só a partir dos vinte minutos, numa tentativa de Alireza Jahanbakhsh, é que os visitantes de Alkmaar cresceram na partida. E conseguiram o 1 a 0, enfim, aos 32': Wout Weghorst ajeitou a bola na área, para Alireza completar fortemente. De quebra, aos 37', Guus Til mandou a bola na trave.

Se perdera a chance no primeiro tempo, Til já comemoraria o seu gol no segundo minuto da etapa complementar, num chute que desviou em Angeliño e enganou Bertrams. Mais cinco minutos, e aos 52', Mats Seuntjens fez 3 a 0 contra seu ex-clube, numa cobrança ensaiada de falta, em que o goleiro dos mandantes poderia ter ido melhor. Restou aos anfitriões de Breda apenas o gol de honra, aos 85', quando Umar Sadiq marcou pela segunda rodada seguida, aproveitando rebote de Bizot. E só uma invasão inofensiva de torcedor, já nos acréscimos, perturbou a tranquila vitória do AZ.

Reza comemora o empate do Heerenveen: após oito rodadas, o PSV voltou a deixar pontos pelo caminho (sc-heerenveen.nl)
PSV 2x2 Heerenveen (sábado, 17 de fevereiro)

Durante um longo período, o primeiro tempo em Eindhoven foi um jogo duro - de se jogar e, provavelmente, de se assistir. Numa partida extremamente fechada, o PSV raramente avançava, para se proteger dos contra-ataques (tanto que a maior posse de bola era do Heerenveen). E quando avançava, tinha uma linha de cinco defensores para superar. Só aos 17 minutos alguém experimentou algo em campo: foi Jorrit Hendrix, que partiu com a bola desde o meio, driblou dois jogadores pela esquerda, mas teve o cruzamento interceptado por Daniel Hoegh. Desde então, as bolas altas foram se avolumando, então. Aos 20', Santiago Arias tentou a ligação direta, mas seu lançamento apenas abreviou o caminho da bola até o goleiro Martin Hansen. No minuto seguinte, Lucas Woudenberg apareceu pela esquerda e cruzou para o Heerenveen, mas Zoet pegou sem problemas.

Aos poucos, o PSV achava espaço para trocar passes. Aos 34', Luuk de Jong dominou na esquerda e já tentou o passe em profundidade - mas antes da chegada de Hirving Lozano, Hoegh interceptou mandando para escanteio. Na cobrança, enfim os Boeren aproveitaram a chance para fazerem 1 a 0, com Arias marcando de um modo incomum: chegando sem marcação no meio da área, o colombiano cabeceou forte. A bola quicou no chão e foi no canto esquerdo de Hansen, para o gol dos mandantes. Ao Heerenveen, restava manter o controle e buscar atacar, mas um erro defensivo dos visitantes foi aproveitado aos 43': buscando espaço para a saída de bola, Kik Pierie perdeu o domínio na área. Ainda tentou dividir na meia-lua, mas Mauro Júnior saiu ganhando, já deixando a esférica com Luuk de Jong. E o camisa 9 teve o trabalho de deslocar Hansen no chute, para fazer 2 a 0. Todavia, a etapa inicial terminou com um duro golpe para os mandantes: a expulsão inesperada de Lozano, no minuto final. Ao ser agarrado, o camisa 11 acertou o rosto de Woudenberg com o cotovelo - meio voluntária, meio involuntariamente. O juiz Dennis Higler achou o golpe acintoso demais, e já deu o cartão vermelho diretamente ao mexicano - seria vaiado no resto do jogo, pelo rigor excessivo da expulsão.

O líder da Eredivisie fizera 2 a 0, mas a expulsão de Lozano mudou completamente os rumos do jogo (Pro Shots)
Apostando na superioridade numérica, o Heerenveen já voltou para o segundo tempo com Henk Veerman substituindo Pierie, ampliando o número de atacantes do time e apostando nas bolas aéreas - como aos 50', numa chance de Reza Ghoochannejhad defendida por Jeroen Zoet. De outro cruzamento, por sinal, o PSV voltou a aparecer na área, aos 54': Joshua Brenet cruzou da esquerda, e Luuk de Jong desviou de cabeça, quase caindo. Ainda assim, Hansen teve de se esticar no canto esquerdo para espalmar. No entanto, cada vez mais, os visitantes da Frísia pressionavam. E um escanteio lhes rendeu o primeiro gol, aos 56'. Até bonito: Woudenberg cobrou na esquerda, a bola saiu da área com um arco e foi parar nos pés de Stijn Schaars, que mandou de bate-pronto no canto direito de Zoet - e pelo passado em Eindhoven, nem comemorou o belo tento que marcara.

Em dificuldades, o PSV se assustou aos 59': a torcida pensou que Dennis Higler marcara um pênalti inexistente em Reza, mas fora só um impedimento. O Heerenveen dominava: aos 65', Schaars mandou a bola pelo alto, e Veerman entrou na área pela direita para finalizar com um voleio, que forçou difícil defesa de Zoet. Visando a proteção da defesa, Phillip Cocu colocou Derrick Luckassen aos 67', para ser mais um defensor, tirando Mauro Júnior. E os Boeren só avançaram aos 75', numa chegada de Hendrix à área. Com mais um atacante (Marco Rojas, no lugar de Woudenberg), o Heerenveen insistia. Com chutes, como o de Michel Vlap, aos 80', da entrada da área, que mandou a bola por cima do gol. Finalmente, a insistência foi premiada com o empate, aos 82', num lance confuso: Vlap deu a bola a Yuki Kobayashi, e o japonês chutou. A bola desviou em Luckassen e Reza, tirando Zoet de ação, mas Reza ainda precisou ajeitar na pequena área antes de fazer 2 a 2. Por um triz, aos 84', o líder não voltou à frente, quando Luuk de Jong cabeceou à queima-roupa e Hansen pegou com o pé (a bola ainda bateu na trave). Mas após várias rodadas, o PSV enfim amargou um tropeço. De novo, contra o Heerenveen, que o derrotara no turno (2 a 0). De novo, com expulsão de Lozano. E de novo, o rival da próxima rodada será o Feyenoord, num clássico.

Johnsen (à direita) empatou. E El Khayati, num pênalti no final, deu a vitória de virada ao ADO Den Haag (Gerrit van Keulen)
ADO Den Haag 2x1 Willem II (sábado, 17 de fevereiro)

O Willem II já tivera a perda de Freek Heerkens antes do jogo (Fernando Lewis o substituiu) - e no aquecimento, Ben Rienstra se lesionou e cedeu lugar a Eyong Enoh. Talvez por isso, o ADO Den Haag dominou o primeiro tempo. Já aos dois minutos, de falta, Nasser El Khayati quase marcou - assim como aos 19', num arremate de longa distância. Lex Immers perdeu chances ainda maiores, aos 20' (voleio que mandou a bola longe do gol) e aos 22' (livre na área, com tempo para escolher o canto, Immers chutou fraco). Se o time da casa não fez, tomou: aos 40', Fran Sol desviou na pequena área e colocou o Willem II na frente.

Na etapa complementar, a superioridade do Den Haag continuou. E quem teve as chances foi Bjorn Johnsen. Aos 56', o atacante norueguês de ascendência americana cabeceou a bola rente à trave. E aos 69', enfim, Johnsen fez 1 a 1, de cabeça, completando cruzamento de El Khayati. O segundo gol poderia ter vindo com Johnsen também, mas a bola passou rapidamente demais por ele. Todavia, El Khayati ganhou de presente uma chance, nos acréscimos: aos 90' + 2, Immers foi agarrado por Konstantinos Tsimikas, Joey Kooij marcou o pênalti, e o meio-campista acertou a cobrança para garantir mais uma boa vitória, na ótima campanha que o time de Haia faz.

Com dois gols, Van de Streek foi o destaque da goleada do Utrecht (Maurice van Steen/VI Images)
Roda JC 1x4 Utrecht (domingo, 18 de fevereiro)

O Utrecht começou com tamanha superioridade diante do penúltimo colocado da Eredivisie que nem precisava de um gol duvidoso para fazer 1 a 0 como fez, aos 13': Mateusz Klich lançou Sander van de Streek, que entrou na área e encobriu o goleiro Hidde Jurjus - mas a bola bateu no travessão e sobre a linha, sem que houvesse clareza sobre ela ter passado para dentro ou não. O gol só foi validado porque o bandeirinha correu para o meio. E embora o Roda JC tivesse chegado perto do gol - com chute de Dani Schahin tirado em cima da linha, aos 24' -, os Utregs é que estiveram mais perto de ampliar a vantagem. Como aos 44', quando Zakaria Labyad cobrou falta bem defendida por Jurjus.

Mas no segundo tempo, não houve jeito dos Koempels mandantes evitarem a festa visitante em Kerkrade. Aos 57', Mark van der Maarel fez 2 a 0 com estilo: aproveitou de voleio a bola, após rebote de Jurjus em chute de Labyad. Mais seis minutos, e veio o terceiro gol - segundo de Van de Streek na partida, completando cruzamento de Klich. Jorn Vancamp ainda restabeleceu o mínimo de honra para o Roda, diminuindo aos 83' com seu quarto gol nas cinco partidas mais recentes da equipe aurinegra. Ainda assim, Labyad ressaltou a superioridade dos Utregs, fazendo 4 a 1 no último minuto e mantendo a invencibilidade da equipe sob o técnico Jean-Paul de Jong (quatro empates e três vitórias). Nem as lesões de Rico Strieder e Willem Janssen atrapalharam.

Twente e Sparta empatam: dificuldades no jogo e na situação dentro do Campeonato (ANP/Pro Shots)
Twente 1x1 Sparta Rotterdam (domingo, 18 de fevereiro)

No jogo dos desesperados (antepenúltimo contra último colocado no campeonato), o Sparta deu mais preocupação à sua torcida, no primeiro tempo. Simplesmente deixou o goleiro Joël Drommel tranquilo, sem trabalhar uma vez sequer. Enquanto isso, o Twente se impunha no seu Grolsch Veste, criando chance atrás de chance: com Adam Maher (aos 8', chute em cima do goleiro Jannik Huth), com Haris Vuckic (aos 14', recebeu a bola de Tom Boere e finalizou para Huth pegar), com Fredrik Jensen. Os visitantes de Roterdã só reclamaram de suposto pênalti - mão na bola de Cristián Cuevas.

Para resolver a situação na etapa complementar, Dick Advocaat fez duas mudanças nos Spartanen: colocou Sherel Floranus na lateral esquerda, e o estreante Michiel Kramer no ataque. A alteração ofensiva deu certo: aos 62', na primeiríssima chance dos visitantes, Kramer deu a bola a Fred Friday, que completou e fez 1 a 0, surpreendentemente. Para evitar a derrota, o Twente obviamente aumentou a pressão: Maher chegou perto numa falta, aos 68', Vuckic chutou para fora aos 81'... e o próprio Vuckic fez 1 a 1, completando escanteio aos 85'. No último lance da partida, Maher teve a "bola do jogo" nos pés, mas a chutou na trave. E o ponto do empate até ajudou, mas não aliviou a dureza.

Van Persie justificou a escolha de Van Bronckhorst: um chute a gol, um gol, e a vitória num jogo árduo para o Feyenoord (ANP/Pro Shots)
Feyenoord 1x0 Heracles Almelo (domingo, 18 de fevereiro)

Com Robin van Persie enfim iniciando um jogo como titular (substituiu Jens Toornstra na armação), o Feyenoord até deu a impressão de que seria bem ofensivo. Aos 3', de fora da área, Tonny Vilhena arriscou o chute. E a bola perigosa foi rebatida por Bram Castro - na sobra, Berghuis chutou para fora. Mas o Heracles não deixou por menos: no minuto seguinte, após tabela, Tim Breukers entrou livre na grande área, pela direita, e chutou perto do gol de Brad Jones. E uma desatenção da arbitragem quase deixou os visitantes de Almelo na frente, aos 10'. Um chute de Peter van Ooijen, do meio-campo, parecia inofensivo. Acabou virando um passe a Brandley Kuwas, livre e impedido na área. Como o bandeira não marcou, a jogada seguiu, e Kuwas só não fez o gol pela providencial intervenção de Brad Jones.

E aos 20', Kuwas reapareceu: deixou a bola para que Peter van Ooijen finalizasse de fora - e Brad Jones agarrasse firmemente. O Stadionclub só reapareceu no ataque aos 24 minutos: após troca de passes, Vilhena arriscou para Castro rebater. Na sobra, Jean-Paul Boëtius tentou um voleio, que desviou em Robin Pröpper e saiu para escanteio. E na cobrança, Sven van Beek foi à área e cabeceou com certo perigo. Só então o jogo ganhou alguma agitação. Aos 30', Kevin Diks deu a bola a Van Persie, e este recuou de calcanhar para que Karim El Ahmadi chutasse forte, para fora. Cinco minutos depois, Van Ooijen levou a bola até perto da área, e lá passou a Vincent Vermeij. Da meia-lua, o atacante arriscou, mas a finalização saiu sem rumo (ou melhor, com um rumo errado: a cabeça de um torcedor - que nada sofreu). Outro arremate de fora da área, aos 40', foi a última finalização de um primeiro tempo mediano - desta vez, com Vilhena batendo para outro rebote de Castro.

Até que o Heracles deu alguns sustos ao Feyenoord, como neste chute de Vermeij (Harry Broeze/heracles.nl)
O Feyenoord até começou tentando dar mais velocidade ao segundo tempo. Só que a ocasião de gol dos Heraclieden é que foi a mais perigosa do jogo até ali: aos 55', Kristoffer Peterson veio com a bola pela esquerda, trouxe-a para o meio e mandou forte, no travessão. Após quicar fora, Vermeij e Kuwas ainda tentaram pegar o rebote antes de Jones afastar para escanteio. Num jogo tão equilibrado, só alguém decisivo poderia virar a partida para um rumo. E o Feyenoord tinha esse alguém. Ele apareceu aos 59', para fazer 1 a 0: Vilhena passou a Van Persie, e ele bateu de fora da área, rasteiro, no canto direito de Castro, enfim colocando os Rotterdammers na frente.

Aí, veio a calmaria. Mesmo com a entrada de Mohamed Osman, para acelerar o meio-campo, o Heracles já não perturbava mais o Feyenoord - que, por sua vez, não aparecia muito no ataque. Só aos 71' houve emoção de novo, quando Berghuis cruzou da direita, e Jorgensen escorou à queima-roupa na pequena área, para defesa corajosa de Castro. Depois, o time da casa tentou algo em De Kuip nos chutes de El Ahmadi (para fora, aos 79') e Jorgensen (mandando a bola nas mãos de Castro aos 81'). Nos acréscimos, Paul Gladon ainda assustou para os visitantes de Almelo. Mas ficou mesmo no placar o 1 a 0 assegurado graças a Van Persie, substituído por Toornstra aos 73'. Deixou o campo aplaudido como sempre. Nesse caso, nem era para menos: afinal, num jogo equilibrado, o filho pródigo Feyenoorder foi o fator que desequilibrou.

Huntelaar é saudado pelo seu gol: Ajax dominou as ações, e teve vitória categórica para reanimar a disputa do título (ANP/Pro Shots)
Zwolle 0x1 Ajax (domingo, 18 de fevereiro)

Demorou apenas alguns minutos para que o Ajax mostrasse algo inesperado: habitualmente ofensivo em sua própria casa, o Zwolle é que teria de correr atrás da bola. Aos oito minutos, a primeira chance dos visitantes de Amsterdã: com um lançamento da esquerda, Nicolás Tagliafico colocou Donny van de Beek na cara do gol, mas o toque do meio-campista saiu pelo lado, sem ninguém para finalizar. Na sequência, Lasse Schöne bateu para fora. Aos 10', coube a Justin Kluivert mais uma chance: o atacante ficou sozinho na área com o passe de Hakim Ziyech, e bateu colocado, mandando rente à trave esquerda. Aos poucos, o Zwolle foi crescendo, e tentando achar espaços para chegar ao ataque - como aos 28', quando Youness Mokhtar passou por Veltman, cruzou para a área, mas Mustafa Saymak pegou mal no desvio de calcanhar, e a bola passou direto.

Na sequência a essa jogada, porém, já veio a grande chance dos Ajacieden nos 45 minutos iniciais: Kluivert dominou a bola após falha de Bram van Polen, e bateu para ótima defesa de Boer. No minuto seguinte, mais: David Neres deu a bola a Schöne, que arrematou rente à trave. E em um cabeceio, aos 31', Klaas-Jan Huntelaar desviou a bola para fora. No final, aos 39', Kluivert mandou da direita para David Neres cabecear perto da meta. E finalmente, aos 43', Van de Beek desviou, também de cabeça, para Boer defender. Todavia, nada de gol no primeiro tempo, que terminou com cada equipe reclamando de um pênalti não marcado (o Zwolle citava uma cotovelada de Huntelaar em Van Polen, num escanteio; o Ajax lembrava agarrão de Mokhtar em Van de Beek, na tentativa de David Neres).

Kluivert lamenta chance perdida no começo do jogo: um dos melhores em campo, até merecia marcar - e o Ajax merecia vantagem maior no placar (Louis van de Vuurst/ajax.nl)
Veio o segundo tempo, e o domínio do Ajax continuou, com outra grande chance. Aos 49', após passe de Carel Eiting (substituto de Schöne), Donny van de Beek saiu livre na área, e tocou na saída de Boer, mandando a bola na trave. O rebote ainda ficou à disposição, mas David Neres dominou mal e tocou para fora. Enfim, aos 54', coube a Huntelaar marcar o gol que estava demorando a sair. No meio-campo, David Neres tabelou com Ziyech, chegou à área e tocou para o camisa 9. Na direita da grande área, ele tocou por baixo, na saída de Boer, e fez o 1 a 0 que os visitantes de Amsterdã já faziam por merecer havia muito.

Só as bolas paradas devolviam o Zwolle ao jogo - como a falta que Mokhtar cobrou aos 58', rebatida no susto por Onana. O goleiro camaronês também soltou a bola vinda do arremate de Younes Namli, aos 60'. Só para diminuir tais sustos, Kluivert quase marcou na sequência: de fora da área, mandou a bola no travessão. De resto, só no final do jogo houve movimentação ofensiva. Dos Ajacieden: aos 85, num ataque, Ziyech deixou David Neres na área, o camisa 7 chutou em cima de Boer, e Huntelaar perdeu ótima chance: quase na pequena área, o camisa 9 arrematou o rebote, mas Sandler esticou a perna na pequena área para afastar a bola. E dos Zwollenaren, aos 87': Terell Ondaan assustou com um chute cruzado, mandando a bola perto do gol de Onana. Mas o Ajax, por fim, segurou a vitória e aproveitou a chance: a desvantagem para o PSV foi reduzida a cinco pontos. Voltou a disputa pelo título - ainda de leve, mas voltou.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Mudança também fora de campo

Angeliño se destaca no NAC Breda - graças à parceria com o Manchester City (Pro Shots)
Na semana passada, a coluna mostrou que, dentro de campo, o futebol holandês aparentemente cai na real: tanto a chegada de Ronald Koeman para treinar a seleção como a liderança cada vez mais absoluta do PSV no Campeonato Holandês mostravam que o pragmatismo, no momento, está sendo a ideia que mais ganha espaço no país, diante da crise de identidade deflagrada nos anos recentes. Pois bem, fora de campo, os clubes também passam por uma mudança. Ela ainda não é profunda. Talvez nem seja necessariamente positiva. Mas começa a ficar claro: aos poucos, as agremiações profissionais do país se abrem aos investimentos estrangeiros. E tais investimentos não se devem somente a empresas, mas também a times. Dois exemplos são conhecidos no atual Campeonato Holandês. 

Um deles já virou clássico: o “Vit-Chelsea”, ou melhor, Vitesse. Que nem tem relação oficial com o Chelsea. Mas que se valeu da proximidade dos seus proprietários com Roman Abramovich – primeiro, o georgiano Merab Jordania; depois, o russo Aleksandr Chigrinskiy – para se tornar paradeiro de vários emprestados de Stamford Bridge nesta década: de Nemanja Matic a Slobodan Rajkovic, passando por Tomas Kalas, Dominic Solanke, Lewis Baker, Gaël Kakuta, Bertrand Traoré... e os três atuais: o lateral direito Fankaty Dabo, o zagueiro Matt Miazga e os meio-campistas Mason Mount e Mukhtar Ali. Destes, só Ali está fora do time titular absoluto – e Mount, cada vez mais, se converte no principal meia no Vites, fazendo boas partidas e até chegando ao ataque para finalizar (já fez seis gols, só abaixo de Bryan Linssen e Tim Matavz na lista de goleadores do clube nesta temporada).

Porém, se a relação entre Vitesse e Chelsea está “apenas” muito bem apalavrada, a relação entre NAC Breda e Manchester City tem papel passado. Não bastassem os três acionistas (Wim van Aalst, Rob van Weelde e Paul Burema), todos dividindo 56 por cento das ações do clube, o clube do sul holandês se tornou um “clube-satélite” dos Citizens, membro que passou a ser do City Football Group. Assumidamente, passou a ser um entreposto de jovens que ganham tempo de jogo antes de retornarem a Manchester. E se não fosse por eles, a situação do time aurinegro poderia ser ainda pior do que o já aflitivo 15º lugar, a primeira posição acima da zona de repescagem/rebaixamento. 

Basta mencionar que, da equipe titular preferencial, são quatro os emprestados pelo City ao NAC Breda. E que são justamente esses quatro os maiores destaques técnicos na equipe. Embora alguns jogadores de propriedade do clube sejam úteis, como o meio-campista Rai Vloet e o atacante Giovanni Korte, algumas respostas esclarecem o assunto. Qual é o principal goleador do time na temporada? Com 8 gols, responde “presente” o francês Thierry Ambrose. E quem mais deu passes para gol? Aqui se sobressai o lateral esquerdo espanhol José Angel Esmoris, o "Angeliño": já foram quatro bolas que saíram dos pés dele para terminarem nas redes. Quem é saudado como o jogador mais técnico pela torcida? Outro espanhol, o meio-campista Manu García. Todos eles terão de voltar ao clube inglês, tão logo a temporada termine.

No ADO Den Haag, Hui Wang personifica as vantagens e os problemas de um mecenas num clube (Pro Shots)
Se a questão se resumisse apenas ao escambo de jogadores e a apenas um clube de propriedade estrangeira no Campeonato Holandês, seria insuficiente para se chamar de mudança real. Mas a coisa muda de figura ao se ver detidamente todos os 18 clubes que formam a Eredivisie. Tal quadro foi fornecido pela reportagem de capa da revista Voetbal International, nesta semana. Pelo menos metade das agremiações tem um acionista estrangeiro. E das restantes, as únicas três que se negam veementemente a pensar na alternativa são o Heerenveen, o Heracles Almelo... e o PSV, que nem precisa disso por já ser um clube de empresa (sim, apesar de não ter mais o nome na camisa, a Philips continua e continuará ligada financeiramente aos Boeren). No clube da Frísia, o diretor geral Luuc Eisenga apregoa: “Habitualmente, chegam sugestões [de venda] a nós, e aí explicamos que tipo de clube o Heerenveen é, e que por isso a venda está fora de cogitação”. No Heracles, como novo comandante, Jan Smit seguirá o lema bradado por seu antecessor Nico-Jan Hoogma, agora diretor técnico da federação holandesa: “Nosso clube é dos torcedores, e sempre será”.

Palavras cada vez mais distantes do que pensam os outros quinze times. Em maior ou menor grau, todos se mostram abertos a investidores do exterior. Alguns, com reservas, como os dois “médios/pequenos” que mais se destacam nesta temporada: o AZ (o diretor geral Robert Eenhoorn ponderou: “Estamos abertos a tudo, desde que caiba na visão e na cultura do clube”) e o Zwolle (mecenas do clube, o empresário Adriaan Visser comentou: “Não tenho nada contra outras formas de financiamento, desde que aconteça respeitando o clube”). 

Já outros têm palavras mais conformistas. Como Hans Nijland, o comandante do Groningen: “De outro modo, como poderemos competir com o Vitesse?”. E Hai Berden, presidente do VVV-Venlo: “Prevejo que todos os clubes serão propriedade privada daqui a cinco anos. Vemos arquibancadas vazias, e se dependermos somente de nossos próprios custos, o futebol correrá riscos”. O próprio Feyenoord avalia ter mais acionistas, para abater os custos que aumentarão a partir da sonhada construção de De Nieuwe Kuip (o novo estádio, à beira do rio Maas) – de mais a mais, em 2011, quando vivia grave crise, o clube foi salvo por um conjunto de investidores/torcedores que despejaram 30 milhões de euros. Não bastasse ser o primeiro clube do país na bolsa de valores, o Ajax já tem uma pequena porcentagem de ações na mão de outros investidores. 

E além de Vitesse e Zwolle, já têm seus próprios mecenas clubes como ADO Den Haag e Roda JC. Aliás, ambos expõem o lado mais perigoso dessa abertura: o clube de Haia vive na corda bamba entre o que desejam os conselheiros e o que deseja a United Vansen, empresa e acionista majoritária controlada pelo chinês Hui Wang. E o Roda JC, penúltimo colocado, viu o russo-suíço Alexander Korotaev terminar 2017 na cadeira – e já corre atrás de outro investidor que solucione sua grave crise nos cofres: o holandês de ascendência iraniana Salar Azimi, que assistiu à partida contra o Ajax, há duas rodadas.

A mudança começou fora de campo. E assim como se divide entre ficar com suas ideias táticas e ser mais flexível no jogo, a Holanda já espera a delícia de ter cofres mais cheios para tentar investir mais – e a dor de bordejar o perigo de ver vários clubes se encantando pelo primeiro bolso cheio de euros que aparece.

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 16 de fevereiro de 2018)

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

810 minuten: como foi a 23ª rodada da Eredivisie

Kerk (de frente) abriu o placar rápida e merecidamente: Utrecht dominou Zwolle e se aproximou de vez (Pro Shots)
Utrecht 2x1 Zwolle (sábado, 10 de fevereiro)

Se o jogo era entre dois frequentadores seguros da zona dos play-offs pela Liga Europa, o Utrecht tratou de impor cedo a sua superioridade em casa. Aos 13', a primeira chance, num cruzamento de Zakaria Labyad que Gyrano Kerk errou por pouco, finalizando rente à trave. Pouco depois, Sean Klaiber desperdiçou ótima chance. Mas aos 17', não houve erro: Sander van de Streek driblou Philippe Sandler e deixou Kerk livre para, desta vez, colocar a esférica no filó: 1 a 0 para os Utregs. E se era insuficiente, Labyad tranquilizou ainda mais as coisas no estádio Galgenwaard, aos 23': aproveitou rebote do goleiro Diederik Boer, após chute de Mark van der Maarel, e fez 2 a 0.

Só aos 30' é que o Zwolle teve algum espaço para respirar e ir ao ataque, numa finalização de Ryan Thomas que mandou a bola perto do gol. No segundo tempo, os Zwollenaren até ficaram mais com a bola - só que o Utrecht é que seguiu tendo as chances de ampliar a vantagem. Apenas errava no instante final, como num passe errado de Giovanni Troupée para Kerk, ou aos 78', quando Ramon Leeuwin cabeceou livre nas mãos de Boer. Assim, o Zwolle ainda pôde se animar com o gol de honra, nos acréscimos: aos 90' + 3, Queensy Menig foi agarrado na área por Leeuwin, e Mustafa Saymak converteu o pênalti. Mas era tarde para impedir a vitória que levou o Utrecht a ficar apenas um ponto atrás do Zwolle.

Ogbeche lamentou, após perder uma chance incrível para o Willem II. O Heracles aproveitou a dele e ganhou (Henry Dijkman/VI Images)
Heracles Almelo 1x0 Willem II (sábado, 10 de fevereiro)

Em seu estádio, debaixo de chuva, o Heracles até começou melhor: aos 9', coube a Kristoffer Peterson o primeiro chute, que foi rebatido pela defesa do Willem II. Só que os Tricolores visitantes tiveram a bola da etapa inicial nos pés - e a desperdiçaram incrivelmente: aos 36', a dupla de defensores do time de Almelo (Robin Pröpper e Dries Wuytens) se confundiu, Fran Sol ficou com a bola, e cruzou. Com o gol vazio, era só Bartholomew Ogbeche completar... mas o veterano nigeriano finalizou para fora.

Azar dos Tilburgers: no minuto final da primeira etapa, uma jogada tantas vezes vista nesta temporada rendeu o 1 a 0 aos Heraclieden - Brandley Kuwas vindo livre pela direita com a bola dominada, cruzamento para a área, e Vincent Vermeij completando para as redes. Então, os visitantes correram atrás do empate na etapa final. Quase o conseguiram aos 61' (Jordy Croux finalizou para boa defesa de Bram Castro) e aos 87' (Mohamed El Hankouri cruzou e Ogbeche concluiu rente ao gol), mas o Heracles pôde enfim celebrar a vitória que lhe deu um respiro no meio da tabela, em 11º.


Se o PSV estava em dificuldades, coube a Bergwijn ser o destaque: dois belos gols em mais uma vitória (Pro Shots)
Sparta Rotterdam 1x2 PSV (sábado, 10 de fevereiro)

Era o jogo envolvendo o último e o primeiro colocado do campeonato. Só que o último é que começou atacando, enquanto o PSV se viu precocemente em problemas. Já aos cinco minutos, numa cobrança de escanteio, Jorrit Hendrix precisou tirar de cabeça. E na cobrança subsequente, o Sparta fez 1 a 0. Após cobrança da direita, a bola passou pela área, mas Paco van Moorsel conseguiu dominar na esquerda e cruzar para Kenneth Dougall cabecear no canto direito de Jeroen Zoet. Os Kasteelheren ameaçavam surpreender o líder em Het Kasteel - como já haviam feito na temporada passada, com o Feyenoord. Só restou aos Boeren buscarem o empate - como sempre, diante de um adversário compactado na defesa. Começaram aos 8', quando Steven Bergwijn cruzou, e Luuk de Jong completou de cabeça, por cima.

Aos 14', um arremate de Bergwijn foi afastado na pequena área por Julian Chabot. E aos 16', Lozano fez o goleiro Jannik Huth trabalhar pela primeira vez, agarrando chute cruzado. Até que de tanto a água mole dos visitantes de Eindhoven bater na pedra (nem tão) dura da defesa do Sparta, uma hora a furaram. Aconteceu aos 41', numa jogada pela qual Mauro Júnior mereceu méritos: novamente titular pela lesão no joelho de Marco van Ginkel, o brasileiro não cansou até desarmar os defensores do Sparta. Após consegui-lo, Mauro deu a bola a Bergwijn, que finalizou com classe: driblou dois e, da meia-lua, bateu colocado, no ângulo esquerdo de Huth. O goleiro ainda tocou na bola (e Dick Advocaat ainda reclamou de suposta falta de Mauro Júnior no desarme), mas o 1 a 1 já estava feito.

Lozano desalentado, enquanto o Sparta comemorava o gol de Dougall: até que o lanterna merecia sorte melhor (Pro Shots)
No começo do segundo tempo, a força ofensiva do PSV sofreu um baque: ainda com fortes dores na coxa, após choque com Sander Fischer aos 33', Lozano dera lugar a Albert Gudmundsson no intervalo (após o jogo, Phillip Cocu informou que a lesão é leve). De quebra, aos 50' o Sparta voltou a assustar: Van Moorsel cruzou da direita, e Zoet se antecipou na saída do gol para agarrar sem problemas. Aos 55', veio a resposta, num chute de Santiago Arias que desviou num defensor e saiu, rendendo um escanteio. No minuto seguinte, Bergwijn se consolidou como o protagonista da vitória: virou o jogo para o PSV, com um gol tão bonito quanto o primeiro que marcara. Após Luuk de Jong ajeitar na entrada da área, o ponta-direita mandou um voleio, de pé direito, sem chance alguma para Huth evitar o 2 a 1. Novamente tranquilo na frente, o primeiro colocado quase marcou de novo aos 59', com Mauro Júnior, que chutou rasteiro para Huth espalmar. Só após a metade do segundo tempo é que os Spartanen recomeçaram a buscar o empate. Aí Zoet começou a mostrar por que tem sido o melhor goleiro desta Eredivisie: primeiro, rebateu um escanteio de Frederik Holst, aos 67'. Depois, aos 72', quando Soufyan Ahannach ajeitou no peito a bola antes de um voleio que forçou o camisa 1 do PSV a espalmar bem para a linha de fundo.

A zaga também ajudou em alguns momentos, como aos 70', quando Daniel Schwaab desarmou Fred Friday na hora certa, antes do atacante nigeriano finalizar na área. Alterações como a entrada de Pablo Rosario no lugar de Mauro Júnior fortaleceram ainda mais a defesa, enquanto o Sparta buscava o empate - os Boeren só se arriscaram de novo ao 81', quando Bart Ramselaar finalizou em diagonal para fora, após Brenet cruzar. A última chance do time da casa veio aos 86': com apenas alguns minutos em campo, Ragnar Ache cabeceou a bola rente à trave direita de Zoet. Mas para lembrar quem sairia com os três pontos, Bergwijn mandou a bola no travessão, nos acréscimos. E embora o Sparta tenha se esforçado bastante, novamente amargou uma derrota ("Apenas uma vitória em cinco jogos é triste", reconheceu Dick Advocaat). E o PSV segue tranquilo e infalível na primeira posição. Até quando, é a pergunta.

Após o 0 a 0 contra o AZ, jogadores do VVV aplaudem a torcida. Que também aplaude a ótima campanha (ANP/Pro Shots)
AZ 0x0 VVV-Venlo (sábado, 10 de fevereiro)

Muito (e merecidamente) elogiado por seu desempenho ao longo da temporada, o AZ tentou assustar os visitantes de Venlo aos quatro minutos, quando Wout Weghorst cabeceou a bola para fora. Todavia, quem começou a assustar mais a torcida foram os Venlonaren - tanto com Romeo Castelen quanto aos 28 minutos, quando Lennart Thy concluiu jogada para a defesa do goleiro Marco Bizot. Fora de campo, a razão para sustos foi um mal-estar que acometeu um torcedor - reanimado nas cadeiras do estádio AFAS, seu estado de saúde ainda é desconhecido.

Mais atento no segundo tempo, o AZ atacou logo aos 50', num arremate de Weghorst afastado pelo goleiro Lars Unnerstall com a ponta dos dedos. Com o VVV cada vez mais concentrado na defesa, os Alkmaarders buscaram o gol - e quase chegaram a ele aos 72', numa nova defesa de Unnerstall em chute de Mats Seuntjens, e aos 80', quando Alireza Jahanbakhsh cruzou para a má complementação de Joris van Overeem. E o placar ficou mesmo sem gols, coroando outra atuação concentrada do VVV-Venlo. Na nona colocação, novamente surpreendendo contra um time no topo, o time de Venlo também faz cada vez mais jus a elogios. Para um campeão da segunda divisão, a campanha é boa.

Ngombo faz 1 a 0 para o Roda JC. E demorou para vir o empate do Heerenveen (ANP/Pro Shots)
Heerenveen 1x1 Roda JC (sábado, 10 de fevereiro)

No primeiro tempo, o Heerenveen teve pouco a oferecer de agradável aos seus torcedores. Apenas uma jogada mereceu destaque: logo aos 9', Martin Odegaard deu um belíssimo elástico em Jannes Vansteenkiste, finalizando para a defesa do goleiro Hidde Jurjus. Porém, saiu de um erro de Odegaard a jogada do gol do Roda no estádio Abe Lenstra, aos 35': Jorn Vancamp dominou a bola na esquerda, cruzou com o lado externo do pé direito, e Maecky Ngombo dominou para fazer o 1 a 0 dos Koempels.

Na etapa complementar, o Fean ainda tentou algo, com Arber Zeneli e Morten Thorsby. Todavia, a falta de pressão fez com que o técnico Jürgen Streppel colocasse Michel Vlap para aumentar a criação de jogadas - e Henk Veerman, para ser a referência na área. Veerman nem finalizou tanto, mas coube a ele participar da jogada do empate, aos 74': Zeneli tabelou com o atacante, recebeu de volta e finalizou para dar números finais ao placar. Que rendeu um ponto ao Roda, antepenúltimo colocado, e pode fazer o time alviazul da Frísia perder distância para Vitesse e ADO Den Haag.

Ao fazer 1 a 0 com quatro minutos, o Ajax achou que teria facilidades contra o Twente. Engano: só um pênalti salvou a vitória (ANP/Pro Shots)
Ajax 2x1 Twente (domingo, 11 de fevereiro)

Nem deu tempo do Ajax temer um susto, como nas duas outras rodadas. Já aos quatro minutos, um contra-ataque venceu facilmente a linha habitual de cinco defensores do Twente: Justin Kluivert passou a bola a David Neres, o brasileiro trouxe a bola pela esquerda, cruzou, Donny van de Beek escorou para o meio da pequena área e lá Kluivert completou a jogada que iniciara para o 1 a 0. E poderia ter sido 2 a 0 a partir dos seis minutos: Matthijs de Ligt (de volta após suspensão) chutou, a bola desviou no zagueiro Peet Bijen e sobrou para Van de Beek, livre na área. Mas o meio-campista escorregou e chutou por cima. E aos 8', Hakim Ziyech cruzou rasteiro da esquerda, e Van de Beek escorou à queima-roupa para a defesa de Joël Drommel.

Só aos nove minutos o Twente deu sinal de vida, numa finalização de Haris Vuckic que trouxe dificuldades a André Onana: o goleiro camaronês precisou rebater, após soltar a bola. Aos 23', a jogada foi de Adnane Tighadouini: após driblar vários e perder a bola, ela sobrou para Hidde ter Avest finalizar, sobre o gol. Apenas controlando a partida, o Ajax só chegou perto de marcar o segundo aos 31', numa parceria entre Kluivert e Klaas-Jan Huntelaar: o segundo tabelou com o segundo, que entrou livre na área pela esquerda, mas completou em cima de Drommel. Finalmente, o Twente buscou o empate aos 34': uma cobrança de Adam Maher mandou a bola por toda a área, sem que ninguém conseguisse finalizar. E a chance derradeira do Ajax na etapa inicial coube a Huntelaar: aos 42', o atacante completou um cruzamento de Kluivert, mas Thomas Lam bloqueou a bola.

Tighadouini deu certo trabalho à defesa do Ajax (ANP/Pro Shots)
Mas se não sofrera sustos na etapa inicial, o Ajax passaria os apertos no segundo tempo. Já aos 48', um acidente quase presenteou o Twente com o empate. Vuckic passou da direita, e Frenkie de Jong escorregou ao dominar a bola. Caminho livre para Tighadouini, que pegou a esférica, chegou à meia-lua... e finalizou com um chute firme. Onana salvou o Ajax, com defesa também firme, no meio do gol. Correndo certos riscos de sofrer o empate, os Ajacieden trataram de prensar novamente os visitantes de Enschede contra a própria defesa - resultando num arremate de Nicolás Tagliafico que passou rente à trave esquerda, aos 54'. Mas Tom Boere respondeu logo na sequência, forçando Onana a fazer outra defesa, novamente. O Ajax até reagiu em chutes de Van de Beek, aos 58', e Ziyech, aos 64'. Mas no minuto seguinte, Tom Boere desperdiçou boa chance na área: cabeceou para fora, quando a bola veio dos pés de Richard Jensen.

E de tanto buscarem, de tanto os anfitriões vacilarem, os visitantes de Enschede conseguiram o empate que mereciam, aos 66'. Com a parceria dos atacantes: Boere dominou de cabeça a bola alta, superou Joël Veltman na disputa de corpo e tocou para o meio. Sozinho vinha Tighadouini, e coube a ele entrar na área e bater forte para o 1 a 1. Motivados, os Tukkers buscaram a virada, em lances como a finalização de Maher aos 69', à esquerda de Onana. Mas se o Ajax estava em dificuldades, coube ao talento mais contestado da equipe nos últimos jogos provar sua importância. Criticado por alas da torcida, Hakim Ziyech puxou a bola desde o meio. Huntelaar fez o pivô e devolveu a bola ao camisa 10, que foi derrubado por Lam exatamente na linha de entrada da área. Pênalti apitado, Lasse Schöne cobrou com a eficiência habitual nas bolas paradas para fazer 2 a 1, aos 71'. O Twente ainda assustaria aos 85', numa falta cobrada por Maher que quase passou no contrapé de Onana. Mas o camaronês foi ágil, agarrou, e ficou o alívio: de novo, o Ajax escapou de um tropeço.

Presidiários? Não: apenas torcedores do NAC Breda no clima de Carnaval, no 0 a 0 contra o Excelsior (ANP/Pro Shots)
Excelsior 0x0 NAC Breda (domingo, 11 de fevereiro)

O jogo em Roterdã começou até animado. De um lado, empolgado pela goleada sobre o Heracles Almelo, o NAC Breda quase chegou aos seis minutos, quando chute de Angeliño mandou a bola perto do gol após desvio na defesa. E de outro: aos 8', Hicham Faik mandou a bola no travessão pelo Excelsior. Porém, depois desses lances, o ritmo do jogo diminuiu, e só aos 40' houve novas emoções - por parte dos visitantes: Thierry Ambrose cruzou, e Mounir El Allouchi cabeceou rente à trave. De outro cabeceio, já no segundo tempo, é que veio o lance mais polêmico do jogo.

Aos 48', Stanley Elbers cruzou, e Mike van Duinen cabeceou para o gol. Fez e já saía para comemorar, quando o juiz Danny Makkelie anulou o gol: segundo o bandeira Hessel Steegstra, a bola passara da linha de fundo quando Elbers fez o cruzamento (decisão suspeita: a bola estava no alto). Após o alarme falso, as chances vieram aos 68' - cabeceio de Rai Vloet, para fora-  e aos 90' - ótima defesa de Nigel Bertrams, salvando o NAC Breda em cabeceio de Van Duinen. De todo modo, o ponto foi útil para ambos, mesmo num jogo sem muitas emoções.


Basaçikoglu leva o cartão vermelho. A partir de então, o Feyenoord sabia: seria difícil evitar a derrota para o Vitesse (Ronald Bonestroo/VI Images)
Vitesse 3x1 Feyenoord (domingo, 11 de fevereiro)

O começo do jogo no estádio Gelredome teve poucos lances de emoção. Estreando diante da torcida do Vitesse, o reforço Roy Beerens ainda trouxe perigo aos 6': veio com a bola pela direita, até o chute cruzado que passou perto do gol. Mas com dois times bem fechados, havia apenas algumas faltas - como a de Thomas Bruns em Ridgeciano Haps, acertando o rosto do lateral num pé alto e forçando sua substituição por Tyrell Malacia. Chance real de gol só se viu aos 20 minutos, quando Nicolai Jorgensen dominou a bola, passando-a a Steven Berghuis. Porém, antes que o ponta direita chegasse para a finalização, o goleiro Remko Pasveer pegou. Mais um minuto, e um rápido contra-ataque deu a vantagem ao Feyenoord. Da direita, Berghuis recebeu a bola de Jens Toornstra e passou a Basaçikoglu. Na área, o turco ajeitou e deu a Tonny Vilhena, livre na esquerda. O meio-campista só precisou tocar com precisão na saída de Pasveer para comemorar o 1 a 0.

Melhor estabelecido em campo, o time visitante ainda buscou o segundo gol com Bilal Basaçikoglu (substituto do lesionado Sam Larsson), num chute de fora defendido por Pasveer aos 27'. A rigor, Brad Jones só trabalhou aos 29 minutos: após escanteio curto, Linssen cruzou, a bola subiu ao desviar em Sven van Beek e foi parar na cabeça de Matt Miazga. O zagueiro norte-americano cabeceou e a bola encobriu o goleiro Feyenoorder, mas bateu no travessão e saiu. Até que aos 44', inesperadamente, veio o empate do time da casa. Após escanteio, a bola voltou à ponta direita. Dali Mason Mount cruzou, e Guram Kashia superou a defesa, passando por trás e cabeceando à queima-roupa. Jones ainda tentou rebater, mas foi impossível evitar o 1 a 1. O Vitesse se animou - e quase virou nos acréscimos, quando Linssen dominou bola longa de Miazga na área, dando de voleio para Jones defender em dois tempos.

O Vitesse empatou inesperadamente o jogo com Kashia, mas a força ofensiva no segundo tempo tornou o triunfo merecido (Pro Shots)
No segundo tempo, em várias jogadas aéreas, o Vitesse buscava mais o gol da virada. A mais perigosa delas, aos 62': Bruns cobrou escanteio, e Miazga cabeceou para boa defesa de Jones. Coube ao guarda-metas australiano evitar o gol também na jogada seguinte, terminada num chute de Bruns. A situação dos visitantes de Roterdã ficou ainda mais árdua aos 65': numa "tesoura" violenta em Castaignos, Basaçikoglu já levou diretamente o cartão vermelho. Foi necessário apenas um minuto para que o Vitesse comemorasse o gol da virada. Beerens fez bonita jogada individual, trouxe a bola da direita até a entrada da área e chutou colocado. Errou, mas acertou - porque errou o chute, mas Linssen veio por trás, escapou da linha de impedimento e conseguiu desviar a bola para fazer 2 a 1. Houve algumas reclamações, mas a repetição deixava claro que Van der Heijden dava condições.

Para evitar a derrota, o Feyenoord voltou a atacar, mesmo com um homem a menos. Aos 68', Nicolai Jorgensen mandou a esférica à direita da meta de Pasveer. Malacia ainda impediu bem o terceiro gol do Vitesse aos 74', tirando a bola de Beerens na hora exata em que este chutaria - e depois, no escanteio, afastando em cima da linha o arremate de Linssen. Depois, apostou-se na típica substituição: aos 79', Robin van Persie veio a campo, no lugar de Toornstra. Mas veio outro revés ao Stadionclub: sozinho tentando conter Beerens, Malacia teve de usar a falta como recurso final, e foi outro a levar diretamente o cartão vermelho de Dennis Higler, aos 81'. Mesmo totalmente desorganizado, o Feyenoord quase chegou ao empate aos 85', com Van Beek batendo em cima de Pasveer na pequena área. Todavia, no minuto seguinte, Beerens cruzou da esquerda, e com a marcação frouxa pelas expulsões, Linssen estava livre para cabecear na pequena área e definir o placar em 3 a 1. Comemorou o Vitesse, firme na zona dos play-offs pela Liga Europa; o Zwolle, ainda empatado em pontos com o Feyenoord; e o AZ, que segue na terceira posição. Quem sabe Ronald Koeman, presente ao jogo, comemorou também alguma possibilidade de convocação...

Yoell van Nieff tentou segurar Immers. E o Groningen terá de segurar sua crise crescente (Gerrit van Keulen/VI Images)
Groningen 0x0 ADO Den Haag (domingo, 11 de fevereiro)

Num estádio Noordlease com lotação apenas parcial, os torcedores do Groningen já tiveram fortes sustos aos três minutos: num passe, Thijmen Goppel deixou Bjorn Johnsen livre para a finalização - o atacante bateu, mas Deyovaisio Zeefuik evitou o 1 a 0 do Den Haag em cima da linha. Só no final da etapa é que o Groningen ameaçou marcar, com Tom van Weert perdendo chance aos 40' (chutou sozinho, em cima do goleiro Robert Zwinkels). Porém, os visitantes de Haia assustaram de novo aos 43': de cabeça, Danny Bakker acertou a trave.

No segundo tempo, a movimentação foi menor. Chances dignas do nome, só duas: aos 53', Van Weert tocou na saída de Zwinkels, mas Aaron Meijers tirou em cima da linha. E aos 77', Zwinkels agarrou a bola cabeceada por Kasper Larsen. Apenas com tentativas esparsas (uma cobrança de falta de Nasser El Khayati aos 66', duas defesas de Sergio Padt aos 81'), o Den Haag se contentou com o empate que o manteve perto da zona dos play-offs da Liga Europa. Já o Groningen tem motivos para preocupação: em 13º lugar, aguentou as vaias da torcida, ainda não ganhou no returno e viu a eclosão de uma polêmica (o técnico Ernest Faber alegou que Lars Veldwijk se negou a entrar no segundo tempo, e Veldwijk negou veementemente tal fato, pelo perfil no Twitter).