domingo, 24 de março de 2019

Derrota "boa"

A Holanda começou mal, melhorou, buscou o empate contra a Alemanha... mas se esqueceu da concentração final. Foi punida (ANP)
O ex-jogador René van der Gijp é um dos comentaristas mais conhecidos na Holanda, por seu ar galhofeiro, fácil de cativar os telespectadores. E depois da goleada da seleção holandesa sobre Belarus, na estreia pelas Eliminatórias da Euro 2020, Van der Gijp se empolgou. Sexta-feira passada, participando da mesa-redonda "Veronica Inside", do canal de tevê a cabo Veronica, palpitou: "Com um pouco de sorte, e se Leroy Sané não estiver no dia dele, pode ser 4 ou 5 a 0 [para a Holanda]". Na sexta mesmo o técnico Ronald Koeman discordou: "É conversa de botequim. Todo mundo pode falar. É fácil falar coisas assim quando não se tem responsabilidade". Pois bem: Van der Gijp - e toda a torcida presente à Johan Cruyff Arena - viram isso, da maneira mais amarga possível, com a Alemanha fazendo 3 a 2 na Holanda, no último minuto, como indica o estereótipo batido.

Aliás, poderia ter sido até pior para a Oranje. Pelo modo como a partida foi iniciada em Amsterdã, a Mannschaft prometia conseguir a vitória com muito mais facilidade. Pela direita, Nico Schulz começava bem o jogo, enquanto Denzel Dumfries falhava na marcação. No meio da zaga, tanto Matthijs de Ligt quanto Virgil van Dijk sofriam com a movimentação de Leroy Sané e Serge Gnabry, os dois responsáveis pelo ataque, mesmo sem serem "homens de área". Escalado exatamente para ajudar na defesa, Quincy Promes mostrava rapidez para avançar e auxiliar Daley Blind na esquerda. Mas era insuficiente para conter o melhor começo alemão. O 1 a 0 de Sané, aproveitando azar de De Ligt (escorregão no lance, deixando o atacante livre), premiou isso.

Aos poucos, a Holanda teve mais a bola, e achou mais espaços, criou mais jogadas. O problema foi finalizá-las. Nem tanto por parte de Memphis Depay, que jogava bem, esforçando-se e chamando a responsabilidade de criar (já que Frenkie de Jong e Georginio Wijnaldum estavam bem marcados). Mas por causa de Ryan Babel. Muito contestado, o atacante do Fulham é titular da seleção por demonstrar esforço na alternância entre as pontas e o meio da área, ajudando na movimentação do ataque. Porém, Babel deu razão aos críticos neste domingo, perdendo duas valiosas chances, aos 25 e 27 minutos - também pelos méritos de Manuel Neuer, que defendeu a bola nas duas vezes (a segunda, digna do goleiro que é). E se a Holanda perdeu chances, a Alemanha aproveitou - graças a Gnabry, na jogada individual que lhe rendeu um belíssimo gol aos 35 minutos. A Laranja estava atrás, e muito precisaria ser corrigido para evitar que o 2 a 0 ficasse pior.

A alegria de Depay e Wijnaldum com o empate provou a reação holandesa (Pim Ras Fotografie)
Koeman começou a corrigir já no intervalo, ao tirar Babel e colocar Bergwijn na ponta esquerda. Aos três minutos, o gol de De Ligt que diminuiu a vantagem alemã deu um grande incentivo. E a equipe da casa melhorou na Johan Cruyff Arena: mantinha a posse de bola, mas era bem mais veloz, chegava mais à área, pressionava mais a Alemanha. Insistiu, insistiu, até Memphis Depay empatar. Se falhara nos 45 minutos iniciais, a Holanda lembrou na etapa complementar por quê dava tanto otimismo à sua torcida. Memphis seguia como protagonista; Frenkie de Jong (e Wijnaldum, e Marten de Roon) apareciam mais; Blind era opção constante pela esquerda; a dupla De Ligt-Van Dijk sempre aparecia nas bolas aéreas.

Claro, mais avanços significavam mais espaços atrás. A Alemanha começou a aproveitá-los, até porque Schulz e Sané seguiam bem. As posições falhas tiveram as substituições para melhorá-las, com as entradas de Ilkay Gündogan e Marco Reus. Mas num jogo equilibrado, parecia que o 2 a 2 seria a tradução disso no placar, no que seria a primeira vez que a Holanda evitaria uma derrota em casa após tomar dois gols desde 1949. Aí, Reus mostrou como é fundamental para a seleção germânica, com lesões e tudo o mais: numa triangulação com Gündogan, cruzou para Schulz fazer 3 a 2 no último minuto do tempo regulamentar, quase sem que a Holanda tivesse tempo de reagir e evitar a primeira derrota para a Mannschaft em casa desde 1996. Por tudo isso, a derrota doeu.

Mas a chateação foi bem assimilada pelo capitão Van Dijk, que lembrou: "Sabíamos que ainda temos um longo caminho pela frente, e isso ficou claro de novo hoje". Por mais que tenha evoluído e deixado a depressão para trás, a seleção da Holanda tem mais ainda a evoluir. Muitos tinham se esquecido, na euforia da melhora. A Alemanha os lembrou, do jeito mais "alemão" possível. Nesse sentido, a Laranja teve a chamada "derrota 'boa'". Pelos ensinamentos que pode deixar no resto das Eliminatórias da Euro.

Eliminatórias da Euro 2020
Holanda 2x3 Alemanha
Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Data: 24 de março de 2019
Árbitro: Jesús Gil Manzano (Espanha) 
Gols: Leroy Sané, aos 15', e Serge Gnabry, aos 34'; Matthijs de Ligt, aos 48', Memphis Depay, aos 63', e Nico Schulz, aos 90'

Holanda
Jasper Cillessen; Denzel Dumfries, Matthijs de Ligt, Virgil van Dijk e Daley Blind; Georginio Wijnaldum, Marten de Roon (Luuk de Jong) e Frenkie de Jong; Quincy Promes, Memphis Depay e Ryan Babel (Steven Bergwijn). Técnico: Ronald Koeman

Alemanha
Manuel Neuer; Niklas Süle, Matthias Ginter e Antonio Rüdiger; Thilo Kehrer, Toni Kroos, Joshua Kimmich e Nico Schulz; Leon Goretzka (Ilkay Gündogan); Serge Gnabry (Marco Reus) e Leroy Sané. Técnico: Joachim Löw

Grandes laranjas: Ruud Krol

A voz de comando na defesa: assim Ruud Krol foi na Holanda (Bob Thomas/Getty Images)
Neste dia 24 de março, quem acompanha futebol na (e o futebol da) Holanda tem um motivo para lamentar: a perda de Johan Cruyff ocorreu num 24 de março, em 2016. Porém, quem conhece mais tem outro motivo para lembrar cada 24 de março. Um motivo bem mais alegre. Ainda mais neste ano de 2019. Afinal de contas, neste domingo, completa 70 anos um membro da icônica seleção da Copa de 1974. Que ganhou ainda mais importância depois dela, até - culminando no destaque tido na campanha holandesa no vice-campeonato mundial, quatro anos depois, na Argentina. Também, pudera: raras vezes a Holanda viu um defensor que soubesse tanto jogar bola quanto Ruud Krol.

Krol (no centro, sem camisa) celebra o tricampeonato europeu do Ajax em 1973 (Arquivo ANP)
Evolução precoce

Nascido e criado em Amsterdã, Krol teve suas primeiras experiências nos bate-bolas de rua, na infância. Dali para ir tentar a sorte num clube, foi um pulo - ainda que esse clube fosse amador. Era o caso do Rood-Wit A (hoje, chamado De Dijk). Lá Krol teve toda a sua formação futebolística. E chegou já relativamente preparado ao Ajax, em 1968. Mesmo com os Amsterdammers alcançando a primeira final na Copa dos Campeões no fim daquela temporada, o jovem de 19 para 20 anos passou em brancas nuvens: jogou pouco - só uma partida, no Campeonato Holandês.

Isso mudou completamente a partir da temporada 1969/70. O técnico Rinus Michels estava descontente com o lateral esquerdo Theo van Duivenbode, titular até então, por achá-lo lento. Assim, Van Duivenbode foi despachado para o arquirrival Feyenoord. E a transferência valeu para ambas as partes. Van Duivenbode comemorou os títulos europeu e mundial em 1969/70. E no Ajax, Michels teve premiada a aposta em Krol: o jovem de 20 anos tomou a lateral esquerda para não mais largar. Mostrava velocidade, técnica, ofensividade.

A ascensão de Krol foi tão vertiginosa que sua estreia pela seleção holandesa também ocorreu já em 1969: em 5 de novembro, lá estava ele como lateral esquerdo da Laranja, num amistoso contra a Inglaterra (derrota por 1 a 0). Também foi rápido seu entrosamento com os colegas de Ajax, principalmente com Wim Suurbier, o lateral do outro lado: a dupla era tão sincronizada que ganhou até apelidos carinhosos da torcida - "Snabbel" e "Babbel". E já em 1969/70, se o Feyenoord estava na crista da onda para o resto do mundo, o Ajax é que comemorou o título holandês.

E foi como titular que o novato foi se estabelecendo, tanto no clube quanto na seleção. Podia até ter sido mais proeminente antes: em 1970, Krol quebrou a perna, e por isso estava fora de campo no bicampeonato holandês e, acima de tudo, no primeiro título europeu da história do Ajax. Sem problemas: na segunda metade de 1971, o jogador estava pronto para voltar aos campos. Voltou. Retomou a posição no time de Michels. Retomou a posição na seleção - a partir de 17 de novembro, num 8 a 0 sobre Luxemburgo, nas Eliminatórias da Euro 1972. E já estava plenamente recomposto para ser fundamental na Tríplice Coroa do Ajax em 1971/72: na Copa da Holanda, no tricampeonato da Eredivisie e no bicampeonato europeu - este, ganho em atuação histórica do Ajax contra a Internazionale, considerada a grande partida do chamado "Futebol Total" em termos de clubes.

Falando em "Futebol Total", Krol já se destacava por sua inteligência em campo. Exatamente por ela é que descreveu perfeitamente um dos benefícios que aquele estilo de jogo trazia ao Ajax, num depoimento: "Nosso sistema trouxe uma solução ao velho problema de disposição física. Como jogar por 90 minutos e conservar sua energia ao mesmo tempo? Como lateral esquerdo, se eu tenho de correr 70 metros pela ponta, está longe do ideal se eu tiver de correr imediatamente a mesma distância para voltar à minha posição. Então, se o meia-esquerda pode cobrir o lugar em que eu estava, e se o ponta voltar para o meio-campo, isso diminui as distâncias. Se você tem de correr 70m por dez vezes, e voltar outras dez vezes, isso dá 1400m. Se você muda [do jeito que falei], então você só corre 1000m, estará 400m mais descansado. Essa era a filosofia".

Foi sendo guiado por esta filosofia que o Ajax alcançou ainda o título mundial interclubes, em 1972. Ainda em 1972/73, vieram o tetracampeonato holandês, o título da Supercopa da Europa e o tricampeonato holandês. A geração holandesa que impressionava o continente estava madura para surpreender o mundo na Copa de 1974. Titular absoluto nas Eliminatórias que trouxeram a Holanda de volta a uma Copa após 36 anos, Krol também jogaria todas as sete partidas da Laranja no Mundial. Cometeu um gol contra, na goleada holandesa sobre a Bulgária (4 a 1). Mas se recompôs ao marcar a favor, nos 4 a 0 sobre a Argentina, já na segunda fase. E nem a derrota na final tirou a impressão de que Krol fizera boa Copa. Sua importância tanto no Ajax quanto na seleção holandesa já era grande. Ficaria maior ainda.

Krol já se destacara na seleção da Holanda em 1974. Foi destaque ainda maior na Copa de 1978 (PA Images/Getty Images)
O grande defensor

De 1974 para frente, algumas coisas mudaram com Krol. E aumentaram sua importância em clube e seleção. No Ajax, o fim da carreira do ponta Piet Keizer fez com que a braçadeira de capitão viesse para ele. A mesma coisa ocorreria na equipe da Holanda, em que ele dividiria a braçadeira com Cruyff. Cada vez mais, Krol foi sendo deslocado da lateral esquerda para o meio da área. Foi uma mudança extremamente providencial. Sabendo usar melhor a velocidade e a técnica, ele poderia explorar mais sua grande inteligência tática no meio da área, começando a saída de bola para o ataque.

E enquanto muitos colegas de clube - Johan Neeskens, Johnny Rep, Wim Suurbier - deixavam o Ajax, Krol foi o único da geração tricampeã europeia a ficar no clube por toda a década de 1970. Claro, a importância do agora zagueiro só crescia nos Godenzonen. Tanto por seu espírito de liderança quanto pela habilidade na saída de jogo - quase um "líbero", avançando ao meio-campo. Previsivelmente, o capitão foi um dos pilares do Ajax que voltou ao título holandês, em 1976/77. Foi titular absoluto na campanha da Holanda na Euro 1976. E como Johan Cruyff já anunciara a ausência da Copa de 1978, a importância de Krol cresceria naquele Mundial, se a Holanda chegasse a ele.

Chegou. E Krol viveu seu apogeu técnico na Argentina: enquanto Robert Rensenbrink e Johnny Rep cuidavam dos gols na frente, o zagueiro era praticamente um armador, trocando constantemente de posição com Arie Haan. Após uma primeira fase turbulenta, a Holanda cresceu de produção, e chegou a mais uma final. Perdeu, de novo. Mas se havia um consolo pessoal para Krol, era a opinião quase unânime de que ele formava a zaga da "seleção da Copa" com o argentino Daniel Passarella.

Em 1979, Krol brilhou ainda mais. Foi figura de ponta na "dupla coroa" do Ajax, campeão de copa e campeonato holandeses em 1978/79. Na seleção da Holanda, em 22 de maio, num amistoso contra a Argentina, repetindo a final da Copa do ano anterior para celebrar os 75 anos da FIFA, o zagueiro superou o atacante Puck van Heel, completando 65 partidas e se tornando o atleta com mais partidas pela seleção laranja, àquela altura. Mais um mês, e em 25 de junho, lá estava Krol na seleção do Resto do Mundo, que disputava um amistoso contra a Argentina. No fim do ano, um excelente 3º lugar na votação para a "Bola de Ouro" da revista France Football. Era claro: se havia alguém que podia ser chamado de melhor zagueiro do mundo, entre tantas opções, uma das mais fortes era o holandês.

Krol cairia no ostracismo ao deixar o Ajax? Nada disso: já veterano, impôs respeito no Napoli (Reprodução/Calciopedia)
Um fim de carreira honroso

Já experiente (31 anos), Krol decidiu saber como era a vida fora do Ajax somente em 1980. Novamente foi o líder do clube, na boa temporada feita em 1979/80 (bicampeão holandês, vice-campeão da Copa da Holanda, semifinalista da Copa dos Campeões). E após 12 anos, 339 partidas e 23 gols, encerrou a passagem pelo Ajax, entronizado como um símbolo dos tempos vitoriosos do clube. De quebra, seguia absoluto na zaga da seleção holandesa: acumulou mais uma Euro no currículo em 1980.

A primeira experiência de Krol fora da Holanda foi mais para ganhar dinheiro: um contrato lucrativo com o Vancouver Whitecaps lhe fez jogar 14 partidas pela equipe, na NASL, a liga dos Estados Unidos naqueles tempos. Começava a fase caça-níquel, de menor nível técnico? Longe disso: ainda em 1980, Krol foi para o Napoli. A princípio, chegaria ao clube do sul da Itália por empréstimo, alinhavado pelo ex-jogador Antonio Juliano, diretor esportivo da agremiação napolitana. Chegava credenciado: era o primeiro estrangeiro contratado por um clube italiano após a reabertura do mercado do país para futebolistas do exterior, em 1980

Logo que viu o tamanho da utilidade que o emprestado teria, o Napoli o contratou em definitivo. Valeu bastante: em 1980/81, o time alviceleste alcançou a terceira posição no Campeonato Italiano. Como líbero, Krol foi o grande destaque da campanha. E aquilo não passou despercebido: em 1981, o holandês ganhou o prêmio Guerin D'Oro, premiação da revista Guerin Sportivo ao melhor jogador do ano na Itália. De quebra, foi um dos titulares do combinado europeu que disputou um amistoso contra a Azzurra, no mesmo 1981, para arrecadar fundos às vítimas de um terremoto na região da Irpínia. Enfim, o holandês fazia por merecer o apelido dado pelo narrador Bruno Pizzul: "Sua Majestade".

Os anos se passavam, e Krol seguia soberano, titular tanto no Napoli quanto na seleção da Holanda. Na temporada 1981/82, ainda conseguiu destaque no 4º lugar que os Partenopei obtiveram na Serie A. Porém, o tempo se passou, a partir de 1983. No clube italiano, os problemas no joelho se fizeram sentir, e ele jogou um pouco menos. Na seleção, os problemas da entressafra que já deixara a Laranja fora da Copa de 1982 sobraram para ele: após 83 partidas, Krol defendeu a Oranje pela última vez - manteria o recorde de mais participações pela seleção até 2000, quando foi superado por Aron Winter.

Finalmente, após a temporada 1983/84, Krol deixou o Napoli. Como no Ajax, saiu em alta: reconhecido como um dos melhores zagueiros (e um dos melhores jogadores) da história do clube, até hoje respeitado em Nápoles. Mas o fim chegava. Mais dois anos passados na França, jogando no Cannes, e os problemas no joelho se avolumavam, por mais que seguisse participando bastante dos jogos. E em 1986, aos 37 anos, Krol encerrou a vitoriosa carreira.

Como treinador, a África foi o destino

Krol demorou um pouco, mas voltou ao futebol a partir de 1989, começando a ser treinador no Mechelen, da Bélgica. Só que seu principal destino ao ser comandante no banco de reservas estava distante da Holanda. Claro, a sabedoria tática dele foi aproveitada no país natal: ele treinou a seleção sub-21 entre 1991 e 1993, foi auxiliar técnico da seleção principal entre 1999 e 2001 (trabalhou ao lado de Frank Rijkaard e Louis van Gaal), foi auxiliar do Ajax entre 2002 e 2005 (até teve um período como técnico interino, em 2005, após a demissão de Ronald Koeman). 

Mas Krol trabalhou mais como técnico na África e na Ásia. Clubes não faltaram. Na Ásia, o Al-Wahda (Emirados Árabes). Na África, então, o holandês encontrou seu segundo lugar. Na Líbia, o Al-Ahly. Na África do Sul, treinou o Orlando Pirates, e até chegou a trabalhar como comentarista de televisão, além de morar um tempo em Joanesburgo. No Egito, teve ainda mais espaço: treinou o Zamalek, a seleção sub-23 e, acima de tudo, foi o treinador da seleção adulta na Copa Africana de 1996, quando os "Faraós" foram às quartas de final.

Finalmente, a Tunísia: Krol passou por vários clubes - Espérance Tunis, Club Africain, Sfaxien -, e treinou a própria seleção tunisiana em 2013. Atualmente, está na segunda passagem pelo Sfaxien. Parar? Nada disso: Ruud Krol ainda tem muito a ensinar. Sabedoria, não lhe falta.

Rudolf Jozef "Ruud" Krol
Nascimento: 24 de março de 1949, em Amsterdã, Holanda
Carreira: Ajax (1968 a 1980), Vancouver Whitecaps-CAN (1980), Napoli-ITA (1980 a 1984) e Cannes-FRA (1984 a 1986)
Seleção: 83 jogos, 4 gols, entre 1968 e 1983

quinta-feira, 21 de março de 2019

Feliz (e calmo) aniversário

Memphis Depay: sua ótima atuação simbolizou a estreia tranquila da Holanda nas Eliminatórias da Euro (Pim Ras Fotografie)
"É um fato menor, não tem muito a ver." Assim o técnico Ronald Koeman comentou a coincidência da estreia da seleção masculina da Holanda nas Eliminatórias da Euro 2020, contra Belarus, ser no mesmo 21 de março em que ele completa seu aniversário (56 anos, neste 2019). De fato, não tem muito a ver o fato da vida privada com o que a Laranja mostra em campo. Mas é possível supor que a Laranja tenha alegrado Koeman. Afinal, cumpriu plenamente o que se esperava e se desejava: teve uma atuação categórica contra os bielorrussos, fazendo 4 a 0.

E qualquer dificuldade que o jogo em De Kuip pudesse trazer se acabou logo aos 50 segundos de jogo, quando o recuo curto demais do zagueiro Igor Shitov foi interceptado por Memphis Depay, que driblou o goleiro Andriy Gorbunov e fez 1 a 0. A partir daquele começo já positivo, o único obstáculo que os visitantes impuseram à Oranje foi a compactação dos quatro defensores e dos cinco meio-campistas, fazendo com que os holandeses tivessem de trocar passes e mais passes até acharem caminho para as jogadas de ataque.

Sem problemas. Ajudava na abertura desse caminho a constante movimentação dos três escalados no ataque: Bergwijn, Babel e Depay trocavam de lugar, sendo opções com a bola nos pés. Memphis, então, comprovava o que disse várias vezes nesta semana: por mais irregular que seja sua fase no Lyon, gosta de estar na seleção holandesa - e mostrou isso trazendo perigo constante (como em chute de fora da área, aos 11 minutos). De certa forma, o camisa 10 mostrava ser algo parecido com um líder da equipe. Não bastassem os três mencionados, havia ainda as chegadas frequentes de Denzel Dumfries e Georginio Wijnaldum ao ataque. E nada exemplificou isso melhor do que o segundo gol, aos 21 minutos: Dumfries cruzou, Memphis ajeitou - que toque de classe! - e Wijnaldum marcou pela terceira vez nos últimos quatro jogos.

Se havia algum ponto negativo a alertar, era a lentidão de Marten de Roon na volta para marcar os bielorrussos quando estes tinham alguma chance - e mesmo assim, Frenkie de Jong sempre estava a postos para desarmar na hora certa. De todo modo, Koeman preferiu preservar o time de riscos, colocando Davy Pröpper após o intervalo. E a Holanda diminuiu o ritmo no segundo tempo - afinal, já tinha encaminhado a vitória. E se não tivesse encaminhado, teria feito isso quando Depay fez seu segundo gol no jogo, de pênalti.

Mais alterações vieram: Quincy Promes foi para a ponta esquerda, Kenny Tete ganhou a chance na direita... e no caso do lateral, sua chance durou apenas alguns segundos: a lesão muscular na coxa foi o único ponto negativo do dia. Mesmo que a Holanda tenha precisado cuidar de algumas chegadas esporádicas dos bielorrussos, ainda mostrava o tamanho de sua superioridade nos contra-ataques. Foi assim que Memphis forçou Gorbunov a dar um escanteio a Holanda. E deste escanteio saiu o quarto gol, de Virgil van Dijk, que marcou pelo segundo jogo consecutivo no dia em que fazia sua 25ª partida pela seleção.

E a Holanda irá sem problemas para o jogo de domingo, muito mais exigente, contra a Alemanha. Até porque ela viu que tudo continua bem. E nesta quinta, tarefa cumprida, Ronald Koeman terá um feliz e calmo aniversário para celebrar.

Eliminatórias da Euro 2020
Holanda 4x0 Belarus
Data: 21 de março de 2019
Local: De Kuip (Roterdã)
Juiz: Davide Massa (Itália)
Gols: Memphis Depay, ao 1' e aos 55'; Georginio Wijnaldum, aos 21', e Virgil van Dijk, aos 86'

Holanda
Jasper Cillessen; Denzel Dumfries (Kenny Tete), Matthijs de Ligt, Virgil van Dijk e Daley Blind; Marten de Roon (Davy Pröpper), Georginio Wijnaldum e Frenkie de Jong; Steven Bergwijn, Memphis Depay e Ryan Babel (Quincy Promes). Técnico: Ronald Koeman

Belarus
Andriy Gorbunov; Aliaksandr Martinovitch, Igor Shitov, Dzyanis Poljakov e Mikhail Sivakov; Iuri Kovalev (Pavel Savitski), Stanislav Dragun (Denis Laptev), Anton Putsila, Ivan Majevski e Igor Stasevich; Nikolai Signevitch (Anton Saroka). Técnico: Igor Kriuschenko

quarta-feira, 20 de março de 2019

Continuar para continuar bem

Após o fim de ano em alta, os sorrisos seguem na seleção da Holanda. E o objetivo na Laranja é continuar assim (Pim Ras Fotografie)
Mesmo que a seleção da Holanda tivesse sido eliminada na fase de grupos da liga A, dentro da Liga das Nações da Europa, ela teria terminado 2018 reconciliada com a torcida. Afinal de contas, após três anos depressivos e vexaminosos, vencer Alemanha e França já era uma tremenda massagem no ego laranja. De quebra, aquele empate frenético contra os alemães, nos acréscimos do segundo tempo, levando os holandeses às semifinais da Nations League, no próximo mês de junho, só aumentou essa animação, só deu mais tempo para a Holanda se aprumar. Pois bem: é exatamente assim que os holandeses querem continuar após as primeiras datas FIFA de 2019, estreando nas Eliminatórias da Euro 2020, contra Belarus - nesta quinta, às 16h45 de Brasília, em Roterdã - e Alemanha - no domingo, também às 16h45 no horário brasileiro, em Amsterdã.

E para continuar assim, o técnico Ronald Koeman aposta na continuidade. Já era algo notável quando ele divulgou a lista preliminar de 30 convocados. Embora houvesse uma ou outra novidade - Kenneth Vermeer foi pré-convocado pela primeira vez desde 2016, caso Jasper Cillessen estivesse incapacitado no gol -, Koeman já advertia que os nomes que ficariam para a lista final eram absolutamente previsíveis: "É ótimo saber que você já tem um grupo formado. Você não precisa explicar nada, cada um já sabe qual sua tarefa dentro do estilo de jogo, cada um sabe como queremos trabalhar". E foi isso que se viu na convocação final de 25 jogadores, na sexta-feira passada. Lá estavam todas as peças que já despontam como basilares na seleção holandesa. Já dá até para imaginar a escalação nas duas partidas (Cillessen; Dumfries, Van Dijk, De Ligt e Blind; Wijnaldum, Frenkie de Jong e De Roon; Babel, Memphis Depay e Promes).

A rigor, novidades mesmo, só os retornos de Davy Pröpper, no meio-campo, e Steven Berghuis, no ataque. De resto, em todo o ambiente que se viu no centro de treinamentos/alojamento da seleção, na cidade de Zeist, há interesse em apenas duas coisas: manter entrosada a escalação de 2018 e manter animada a torcida. Que se empolga como havia tempos não se empolgava, nas palavras de Pröpper: "Estou feliz por toda a nação estar nos apoiando de novo". O único impacto negativo nem veio do futebol: veio do atentado ocorrido na cidade de Utrecht, na segunda-feira passada, que causou até cancelamento da ideia de abrir o treino para a torcida.

De resto, Koeman trouxe poucas novidades em suas entrevistas. Indagado sobre a badalação a respeito de Frenkie de Jong, agora já nome comentado e conhecido no futebol mundial, o técnico preferiu estender os elogios: "Não sei se é apropriado falar só de um jogador. Ele influencia em nosso estilo de jogo, mas há outros jovens que se desenvolveram rapidamente. Pensemos em Bergwijn e De Ligt. E não se esqueçam do desenvolvimento de Van Dijk, Wijnaldum e Memphis Depay". 

Memphis Depay tenta se equilibrar: mal no Lyon, tenta seguir bem na seleção (ANP)
Por sinal, a queda recente de produção do atacante do Lyon (muito importante para fazer o 4-3-3 ser acelerado) foi minimizada pelo treinador: ""Ele quer marcar gols, quer ter importância. Mas às vezes as coisas ocorrem de modo diferente do que se quer. O treinador dele está fazendo outras escolhas agora. Memphis não precisa provar nada para mim". Alívio para Memphis, em sua entrevista ao jornal Algemeen Dagblad: "Estatisticamente, sou o jogador envolvido em mais chances de gol [no Lyon]. Então, fico ainda mais chateado com essa situação. Mas, bem, estou aqui com a seleção, e deixemos isso de lado".

Até porque a delegação parece saber: para que tudo continue bem, é preciso continuar trabalhando cautelosamente. Se a Liga das Nações, embora tenha seu prestígio, ainda é amistosa, as Eliminatórias da Euro são um caminho para recuperar respeito definitivo. E Koeman sabe disso: "Agora é que vai começar [a coisa séria]. Não jogaremos amistosos. Queremos começar bem a campanha, contra Belarus e Alemanha. Cada tropeço pode ser fatal". A partir disso, ele deixou claro que o interesse dos clubes holandeses - principalmente do Ajax, interessado em seguir na Liga dos Campeões - fica em segundo plano: "O importante são as eliminatórias, e falei isso aos técnicos".

Se há um problema, não está na seleção adulta. Está nas seleções de base: para Koeman, os jogadores mais jovens têm atuado pouco em seus clubes, por vários motivos, o que dificulta a ampliação de opções nas convocações. Três exemplos de jovens já chamados para a equipe principal foram citados: Justin Kluivert, desprestigiado na Roma-ITA, e a dupla Javairô Dilrosun e Arnaut Danjuma Groeneveld, ambos lesionados. De quebra, Koeman ainda tem de começar a se antecipar para evitar perdas de novatos para outras seleções: já começou a fazer isso com Mohammed Ihattaren, revelação do PSV, convocado para a seleção sub-19. "Ele estava com a seleção sub-19, em Zeist, e então falei com ele, antes mesmo da federação de Marrocos consultá-lo. Ainda não escolheu. Tentamos manter todos os grandes talentos na Holanda, mas ao fim, a decisão é do jogador".

De todo modo, nenhuma lesão se viu nos treinamentos até agora, os jogadores treinam, o clima segue otimista... de fato, a Holanda voltou a ter favoritismo nos jogos que encara. E o técnico reconheceu: agora que houve a melhora, a Holanda precisa seguir evoluindo. "Agora, queremos sempre ter atuações 'nota 7', olhando para cima, não para baixo". Por isso, a Laranja continuará apostando nos nomes que reanimaram a seleção em 2018: a segurança da dupla Van Dijk-De Ligt na zaga, a capacidade de Frenkie de Jong, a velocidade maior de Wijnaldum, a troca de posições mais frequentes entre Babel e Memphis Depay na frente. Tudo isso continuará, para que a Holanda continue bem.

segunda-feira, 18 de março de 2019

Um jogo, um tuíte, um vídeo: a 26ª rodada da Eredivisie

Fortuna Sittard 3x1 Emmen (sexta-feira, 15 de março)




De Graafschap 3x0 Heerenveen (sábado, 16 de março)




Feyenoord 2x3 Willem II (sábado, 16 de março)




NAC Breda 0x4 Utrecht (sábado, 16 de março)




Heracles Almelo 3x2 Vitesse (sábado, 16 de março)



VVV-Venlo 0x1 PSV (domingo, 17 de março)




AZ 1x0 Ajax (domingo, 17 de março)




Groningen 1x0 ADO Den Haag (domingo, 17 de março)




Excelsior 0x2 Zwolle (domingo, 17 de março)

segunda-feira, 11 de março de 2019

Um jogo, um tuíte, um vídeo: a 25ª rodada da Eredivisie

Utrecht 0x0 Groningen (sexta-feira, 8 de março)


VVV-Venlo 1x0 Excelsior (sábado, 9 de março)


PSV 2x0 NAC Breda (sábado, 9 de março)


ADO Den Haag 2x3 Heerenveen (sábado, 9 de março)


Willem II 3x2 De Graafschap (sábado, 9 de março)


Zwolle 0x0 AZ (domingo, 10 de março)


Vitesse 1x1 Feyenoord (domingo, 10 de março)


Emmen 1x1 Heracles Almelo (domingo, 10 de março)


Ajax 4x0 Fortuna Sittard (domingo, 10 de março)

terça-feira, 5 de março de 2019

Agora é merecido

O Ajax investiu muito nesta temporada. Exatamente para ter momentos inesquecíveis como contra o Real Madrid (@AFCAjax/Twitter)

Este blog sabe: os textos aqui são bem menos frequentes do que deveriam. Ainda mais em dias de participação holandesa nas competições europeias: o Espreme a Laranja só costuma aparecer nelas quando os times do país avançam às fases decisivas - o que tem sido raro. Mas acontece. Basta lembrar que, em 2015/16, o PSV causou certas dificuldades ao Atlético de Madrid, nas oitavas de final da Liga dos Campeões - só foi eliminado pelo Atleti nos pênaltis. Em 2016/17, do nada, o Ajax foi evoluindo, evoluindo... e alcançou a final da Liga Europa. De resto, atuações apagadas são a regra nos clubes holandeses, nos últimos anos. Não é à toa que o país tem caído pelas tabelas na lista de coeficientes da UEFA: atualmente, disputa ponto a ponto com a Áustria a 11ª posição, que dá lugar direto na fase de grupos da Liga dos Campeões. Mas talvez seja a hora de começar a escrever aqui com mais frequência.

Porque só assim a maioria das pessoas saberia que o Ajax se planejou nesta temporada, exatamente para não fazer feio em campeonatos maiores. Por isso, os € 11,4 milhões pagos ao Southampton para levar Dusan Tadic a Amsterdã, tentando fazer do meio-campista sérvio a base para um time que mesclaria melhor experiência e juventude. Por isso, também, os € 16 milhões gastos para repatriar Daley Blind, mais um jogador calejado a acalmar os novatos talentosos. Por isso, o esforço para manter tais novatos: Matthijs de Ligt, Frenkie de Jong, Donny van de Beek, David Neres. O clube da estação Bijlmer Arena já estava havia muito tempo sem títulos. Depois da turbulenta temporada passada, que teve vários problemas, do ataque cardíaco que deixou Abdelhak "Appie" Nouri em estado vegetativo à perda do Campeonato Holandês justamente num clássico para o PSV, os Ajacieden tinham de apostar tudo.

Apostaram. De lá para cá, a temporada veio irregular. O Ajax até começou bem no Campeonato Holandês, mas viu o PSV começar melhor ainda. Na Copa da Holanda, foi seguindo meio despreocupadamente - afinal, é um torneio pequeno para um clube grande. De certa forma, a atenção estava toda na Liga dos Campeões. E nela, os Ajacieden foram bem. Superaram as fases preliminares (Standard Liège, Sturm Graz e Dynamo Kiev) com facilidade. E na fase de grupos, já mereciam mais atenção. Das fáceis vitórias sobre o AEK, do valor provado contra o Benfica (o 1 a 1 em Lisboa, decisivo para a classificação às oitavas de final, foi um momento de experimentação para o grupo), das atuações corajosas contra o Bayern de Munique. Aí, talvez, o blog já devesse ter escrito.

Mas não. Não escreveu nem mesmo no difícil começo de ano que o Ajax teve em 2019. As atuações inconstantes na Florida Cup mostraram que havia diferença preocupante entre o nível técnico dos titulares e dos reservas. E tal diferença ficou clara no ponto mais baixo do clube na temporada: o 6 a 2 que o Feyenoord lhe impôs, no Klassieker de 27 de janeiro. Parecia que tudo estava perdido, e que o Real Madrid, em crescimento àquela altura, imporia uma previsível eliminação na Liga dos Campeões. A derrota para o Heracles Almelo (1 a 0, na 21ª rodada, justamente antes do jogo de ida das oitavas de final) aumentava essa sensação.

Sensação que se dissipou, com o que se viu no dia 13 de fevereiro, na Johan Cruyff Arena. Sim, a vitória ficou com o Real Madrid, por 2 a 1. Mas os Ajacieden impressionaram, jogando no "modo Champions" - ou seja, com Tadic no meio do ataque e David Neres sendo titular, na ponta direita. Criou chances, pressionou a saída de bola do time espanhol, não deixou o tricampeão da Champions League respirar. Deixou a melhor das impressões. Mesmo que a eliminação viesse, um espírito positivo foi readquirido pelos Amsterdammers. E o "modo Champions" foi assumido definitivamente, com os dois atacantes de ofício, Kasper Dolberg e Klaas-Jan Huntelaar, indo para o banco de reservas.

Bastou para a reação no Campeonato Holandês: de seis pontos, a desvantagem para o líder PSV caiu para dois - e dá para pensar que o Ajax pode chegar à liderança, pelo jogo atrasado da 24ª rodada (contra o Zwolle, no próximo dia 13) e pelo jogo direto (no próximo dia 31) ser em Amsterdã. Na Copa da Holanda, uma oportunidade se abriu para dar uma satisfação à torcida: o sorteio reservou outro Klassieker contra o Feyenoord, exatamente um mês após o 6 a 2 pela Eredivisie, e os Godenzonen conseguiram a vaga na decisão da KNVB Beker, com 3 a 0 em pleno De Kuip. Mas faltava o blog escrever mais sobre o estado de coisas no Ajax.

Quem sabe assim, mais gente soubesse que o time de Amsterdã voltara a ter técnica e espírito de luta capazes de sobrepujarem o Real Madrid. Mais gente soubesse que o Ajax teria frieza e eficiência para aproveitar as primeiras chances e abrir 2 a 0, graças à estupenda atuação de Tadic, sendo um "falso 9" por excelência: voltando ao meio-campo para ajudar, e também indo ao ataque. Mais gente soubesse o meio-campista primoroso que Hakim Ziyech se revela, cada vez mais. Mais gente conhecesse Frenkie de Jong, que justifica mais e mais a badalação, controlando o jogo a seu bel-prazer como volante. Mais gente visse a mescla perfeita na zaga do Ajax, com a experiência e a precisão de Daley Blind se aliando à garra e à liderança de De Ligt. Mais gente visse um Nicolás Tagliafico que parte da lateral esquerda para estar em todas as jogadas importantes. Mais gente visse um Van de Beek muito capacitado para ser o "homem-surpresa" nas chegadas ao ataque. Mais gente visse um David Neres que tenta reagir na temporada, jogando na sua - e sendo premiado com um dos gols.

Enfim, quem sabe assim, escrevendo mais aqui, mais gente respeitasse o Ajax. Mais gente respeitasse o futebol holandês, de um modo geral. Mas o 4 a 1 primoroso no Santiago Bernabéu, que devolveu os Ajacieden às quartas de final de uma Liga dos Campeões após 16 anos (em que pese a bola duvidosamente tirada da lateral por Noussair Mazraoui no terceiro gol), fará o blog mudar o comportamento. E escrever sobre toda e qualquer participação holandesa em torneios europeus, ainda que seja para descrever vexames. Porque dias como este 5 de março de 2019, em que todo o futebol holandês comemorou (bem, talvez não os torcedores de Feyenoord e PSV), valem o sacrifício.

segunda-feira, 4 de março de 2019

Um jogo, um tuíte, um vídeo: a 24ª rodada da Eredivisie

De Graafschap 1x1 ADO Den Haag (sexta-feira, 1º de março)



Heracles Almelo 1x5 Utrecht (sábado, 2 de março)



Excelsior 0x2 PSV (sábado, 2 de março)



Vitesse 4x1 NAC Breda (sábado, 2 de março)




Groningen 3x2 VVV-Venlo (domingo, 3 de março)



Heerenveen 4x2 Willem II (domingo, 3 de março)



Feyenoord 4x0 Emmen (domingo, 3 de março)



AZ 4x2 Fortuna Sittard (domingo, 3 de março)



Ajax 2x1 Zwolle (quarta-feira, 13 de março - previsto originalmente para sábado, 2 de março)