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segunda-feira, 20 de maio de 2019

A análise do campeão: o título certo por caminhos tortos

O Ajax viveu de altos e baixos na Eredivisie. Mas em 2019, ficou no alto e não saiu mais. Resultado: título holandês (Pim Ras Fotografie)
É costumeiro se dizer que, num campeonato por pontos corridos, o título premia o time mais regular, a equipe que manteve seu nível com mais frequência ao longo das rodadas. Enquanto isso, o mata-mata premia aquela equipe mais embalada na reta final, aquela que sobe de produção na hora da decisão. Pois bem, o Campeonato Holandês 2018/19 embaralhou um pouco esses conceitos estereotipados. Afinal de contas, durante grande parte da Eredivisie, o PSV foi o time mais regular, e esteve mais perto do bicampeonato. Só que o Ajax se aproveitou do seu melhor momento em 25 anos, num 2019 de sonho, para ser irresistível rumo ao 34º título nacional de sua história.

Do jeito como a temporada começou, o mais previsível era pensar que o PSV seguiria tranquilo e infalível rumo ao bicampeonato. Hirving Lozano pode até nem ter sido tão brilhante quanto foi no título de 2017/18, mas Steven Bergwijn era imparável pela ponta esquerda, as contratações para as laterais dos Eindhovenaren foram certeiras (tanto na direita, com Denzel Dumfries, quanto na esquerda, com o espanhol Angeliño) e, acima de tudo, Luuk de Jong viveu um dos melhores momentos da carreira, empilhando gols e liderando a equipe de tudo. Além do mais, mesmo em seu primeiro trabalho como técnico de um time adulto, Mark van Bommel soube passar à equipe um "espírito vencedor". Por isso, o PSV nunca desistia de buscar a vitória. E a conseguia - em vários momentos, nos acréscimos do segundo tempo, como contra o Fortuna Sittard (2 a 1, na 2ª rodada) e contra o Zwolle (também 2 a 1, na rodada seguinte).

E o Ajax? Começara o Campeonato Holandês pensando em uma coisa: chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões. Para um time que fora mais ambicioso na preparação para a temporada, mantendo os destaques cobiçados (Matthijs de Ligt, Hakim Ziyech) e trazendo reforços a peso de ouro (Daley Blind e Dusan Tadic), repetir os vexames de 2017/18 não era uma opção aceitável. No entanto, o começo na liga nacional foi preocupante. Já na estreia houve preocupação, aliás: o Heracles Almelo fez 1 a 0 em Amsterdã, e o empate Ajacied só veio nos acréscimos. A primeira vitória - na segunda rodada, 1 a 0 sobre o VVV-Venlo, fora de casa - foi árdua, com Tadic marcando o gol nos últimos minutos.

Desde as primeiras rodadas da Eredivisie, ficava claro: o título holandês seria um assunto apenas para PSV e Ajax. Por mais que o Feyenoord tentasse, sofria com tropeços contra adversários menores; e de qualquer forma, atualmente o título holandês é apenas um sonho para clubes médios/pequenos. E entre PSV e Ajax, a solidez dos Boeren de Eindhoven impressionava. Só foram perder na 14ª rodada da liga (2 a 1 para o Feyenoord, num clássico). De resto, no primeiro turno, foram 16 vitórias, muito perto de igualarem o desempenho do próprio PSV, em 1987/88, como o melhor time em 17 rodadas na história do Campeonato Holandês. Tinha mais: na Liga dos Campeões, embora tenha sido o último colocado em seu grupo, o time de Eindhoven só saiu perdendo nos dois jogos contra o Barcelona. Fez jogos duros contra Tottenham (abriu 1 a 0 em Wembley, só tomando a virada dos Spurs no final), e segurou o 1 a 1 contra a Internazionale em San Siro. Se tivessem um grupo mais fácil na Champions League, talvez os Boeren também tivessem avançado às oitavas de final, como o Ajax fez.

Por muito tempo, o PSV pareceu na rota do bicampeonato holandês. Até que cansou... (voetbalzone.nl)
Aliás, nem mesmo a classificação entre os 16 que seguiriam em busca do título europeu acalmava a situação em Amsterdã. Sonhar em conquistar a Liga dos Campeões era uma quimera, dessas proibitivas no futebol moderno. O objetivo primordial do Ajax era acabar com o jejum de cinco anos sem títulos holandeses. E esse objetivo andava distante. Não porque o time não tivesse talentos, mas porque havia inconstância. Erik ten Hag penava tentando achar soluções táticas. Prova disso era David Neres. Ótimo em 2017/18, o brasileiro começou experimentado no meio-campo, e decepcionava. Foi para o banco, tinha a saída cogitada. Era melhor jogando na ponta-direita, mas... como tirar de lá Hakim Ziyech, talvez o mais técnico jogador Ajacied? Ele poderia ser recuado para o meio, mas isso tiraria espaço de Donny van de Beek, outro talento que não merecia a reserva. E no ataque? Insistir com um nome de referência, fosse Klaas-Jan Huntelaar ou Kasper Dolberg, ou manter Dusan Tadic ali, como se fazia na Liga dos Campeões?

Essas dúvidas consumiam o Ajax, enquanto o PSV estava embalado. Nem mesmo a pausa de inverno acabara com esses dramas. E eles continuaram quando a Eredivisie voltou, em janeiro. As primeiras rodadas do returno deixavam claro que talvez o bicampeonato dos Eindhovenaren fosse inescapável. Na 18ª rodada, em 20 de janeiro, o Emmen surpreendeu o líder com um empate por 2 a 2, nos acréscimos, abrindo caminho para o Ajax diminuir a vantagem... e o Ajax, em casa, permitiu o empate do Heerenveen (4 a 4). Na rodada seguinte, então, a tragédia maior dos Godenzonen: em 26 de janeiro, uma goleada sofrida para o Feyenoord, no Klassieker que teve o último grande dia da carreira de Robin van Persie. Enquanto isso, no dia anterior, o PSV manteve a vitória sobre o Groningen: mesmo com dificuldades, abocanhou os três pontos com o 2 a 1. Certo, é preciso lembrar que o Ajax tivera a zaga reserva contra o Feyenoord, com Lisandro Magallán substituindo o lesionado De Ligt. 

Mas ficava a impressão: o PSV era eficiente, e o Ajax não era. Mesmo quando tropeçava, o time do Philips Stadion tinha raça para buscar um ponto - como fizera na 21ª rodada, contra o Heerenveen (2 a 2, com Donyell Malen empatando no último lance do jogo), e na 22ª rodada, contra o Utrecht (outro 2 a 2, com Luuk de Jong igualando aos 86'). O Ajax começava jogando mal uma partida... e às vezes era superado. Como foi na 22ª rodada, quando perdeu fora de casa para o Heracles Almelo - 1 a 0, com o gol sofrido numa falha do goleiro André Onana. Parecia que a Eredivisie tinha acabado.

Aí tudo mudou.

Contra o Real Madrid, nas oitavas de final da Liga dos Campeões, o Ajax entrou com um ataque mais móvel, como fazia no torneio continental: Dusan Tadic no meio do ataque, com David Neres e Hakim Ziyech nos lados. Houve a derrota (2 a 1 em Amsterdã), mas os Ajacieden jogaram tão bem que... se reanimaram. Em todos os sentidos. Quem já jogava bem na temporada, como De Ligt e Frenkie de Jong, começou a jogar ainda melhor. O trio de ataque se estabilizou: David Neres-Tadic-Ziyech. Em outras palavras: Erik ten Hag "achou" o time, "achou" um jeito de jogar. Já não precisava mais quebrar a cabeça. Serviu não só para se aprumar no Campeonato Holandês, mantendo as vitórias. Serviu para abrir a chance de um sonho na Liga dos Campeões, com as históricas eliminações sobre Real Madrid e Juventus.

E o PSV, com isso tudo? Continuava mantendo a liderança na Eredivisie, mas já dava preocupantes sinais de cansaço, de ser um time "manjado". Foi assim no clássico contra o Feyenoord, na 23ª rodada, quando saiu atrás no placar mesmo com um homem a mais no Philips Stadion, e deu sorte do 1 a 1 final ter saído já no minuto seguinte, com Lozano. Foi assim contra o VVV-Venlo, na 26ª rodada, quando Lozano fez 1 a 0 aos 86', num jogo dificultado pela estratégia dos Venlonaren, firmes na defesa. Parecia a vitória decisiva - porque o Ajax tinha entrado numa inesperada maratona, e perdeu naquela rodada, para o AZ (1 a 0). Mas os Boeren tinham dificuldades cada vez maiores. Van Bommel tentava mudar, dinamizando o time, dando espaço aos talentos da base PSV'er: Michal Sadílek, Mohammed Ihattaren, Cody Gakpo, Zakaria Aboukhlal. 

Só que o embalo do Ajax crescia. E o encontro direto pelo título, na 27ª rodada, deixou claras essas duas coisas: a ascensão irresistível do Ajax e o cansaço do PSV. O clássico emocionante na Johan Cruyff Arena poderia até ter se desequilibrado em favor dos visitantes de Eindhoven, quando Noussair Mazraoui foi expulso aos 57', e Luuk de Jong empatou para o time da Philips um minuto depois. Mesmo assim, o Ajax foi atrás. Protegeu-se na defesa, como podia, e insistiu nos poucos espaços ofensivos. Num dos avanços, conseguiu um pênalti, com Daniel Schwaab derrubando David Neres. Dusan Tadic fez 2 a 1, depois o próprio Neres fez 3 a 1 para o Ajax, e estava mudado o espírito do campeonato.

Aqui a Eredivisie mudou: com um a menos, o Ajax conseguiu superar o PSV, e consolidou o embalo para o título (VI Images)
A vantagem do PSV na liderança, que chegara a ser de oito pontos, caía para três. As fragilidades do líder tinham sido colocadas a nu. E ficaram ainda mais expostas na 29ª rodada, que deu a liderança da Eredivisie ao Ajax: enquanto os Godenzonen goleavam o Willem II (4 a 1), o PSV sofria contra o Vitesse, ficando no 3 a 3. A partir dali, com uma vantagem generosa a favor no saldo de gols e ainda tendo a "ajuda" da federação holandesa no adiamento de algumas rodadas, o Ajax só precisava se controlar para voltar a ser campeão holandês. Nem mesmo a eliminação traumática para o Tottenham, na semifinal da Liga dos Campeões, apagou o desejo massivo de acabar com a "mini-fila" na Eredivisie. E o Ajax comprovou que merecia o título, com duas vitórias contra Utrecht e De Graafschap, enquanto o PSV viu o ponto final de suas esperanças, praticamente, na derrota para o AZ, na 34ª rodada.

Quem simpatiza mais com o PSV pode dizer que o título holandês foi injusto: afinal, os Boeren tiveram mais regularidade ao longo das 34 rodadas. E terá alguma razão. Mas como resistir à notável evolução do Ajax na reta final da temporada? A Eredivisie acabou tendo uma "injustiça justa" em sua decisão, porque o Ajax recebeu o título que desejava. O título certo, após uma temporada de caminhos tortos.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

A análise do campeão: derrapagem controlada

O PSV merece a festa: das dúvidas após o vexame na Liga Europa, ao título holandês conquistado de modo apoteótico (ANP)

3 de agosto de 2017. Em Osijek, na Croácia, o PSV cai para o Osijek, por 1 a 0, no jogo de volta da terceira fase preliminar da Liga Europa. Como já perdera na ida (1 a 0, em pleno Philips Stadion, em 27 de julho), o time holandês está fora de qualquer competição europeia - não acontecia desde a temporada 1973/74. Criticado por sua lentidão, que já o deixou no banco durante a derrota, o atacante Luuk de Jong vira o bode expiatório da eliminação, perde a braçadeira de capitão e fica prestes a deixar o clube de Eindhoven. Mas nem isso acontece: as negociações avançadas entre PSV e Bordeaux se interrompem no último dia da janela de transferências. E Luuk de Jong vira um "reserva de luxo". 

Corta para 15 de abril de 2018: os Boeren vivem um dia de sonho. Conquistam o 24º Campeonato Holandês de sua história, de uma maneira que nem o mais otimista torcedor esperava: com uma vitória inquestionável sobre o arquirrival Ajax, por 3 a 0, num Philips Stadion repleto de torcedores. Luuk de Jong não só é titular, como marca o segundo gol que encaminha a vitória decisiva do título. É o marco de uma reação aparentemente inesperada. Mas só aparentemente. Porque o ambiente interno do PSV mostra um clube sólido, cuja direção já tem um trabalho bem desenvolvido - o que resulta em confiança clara no que Phillip Cocu e os jogadores fazem dentro de campo. Meio caminho andado para controlar a derrapagem do começo, e armar a reação rumo ao final feliz de uma temporada que começou triste.

Essa reação começou porque a dupla que encabeça o comando dos Eindhovenaren não se desesperou. O diretor geral Toon Gerbrands e o diretor esportivo Marcel Brands já estavam com o trabalho encaminhado, e algumas contratações feitas. Uma delas, merecedora de grande aposta: o mexicano Hirving Lozano, trazido do Pachuca em disputa com clubes até mais bem aquinhoados financeiramente. Mesmo as saídas em relação à temporada anterior já tinham reposições prontas. A torcida pedia por Jorrit Hendrix, enfim livre de lesões no joelho? Pois bem, que se liberasse Andrés Guardado, mesmo com a importância do mexicano no bicampeonato de 2014/15 e 2015/16. Jetro Willems já queria sair faz tempo? Muito bem: foi para o Eintracht Frankfurt, com Joshua Brenet enfim tendo uma lateral para chamar de sua. E o novo empréstimo de Marco van Ginkel junto ao Chelsea - pela terceira vez! - acabou sendo providencial para repor a saída de Davy Pröpper, ocorrida já após a queda na Liga Europa. Sem contar os velhos conhecidos: Jeroen Zoet, Santiago Arias, Nicolas Isimat-Mirin, Gastón Pereiro, Steven Bergwijn...

Com Luuk de Jong sob pesada desconfiança, Jürgen Locadia recebeu a chance que tanto desejava: atuando pela ponta nas temporadas anteriores, o atacante jogaria no meio da área, sua posição de origem. De quebra, a importância cada vez maior que a dupla Brands-Gerbrands dá à formação de jogadores teria no time principal um escoadouro para as revelações: Pablo Rosario na defesa, Sam Lammers e Albert Gudmundsson no ataque - sem contar os contratados, como Bart Ramselaar e Mauro Júnior. Porém, o começo na Eredivisie deu a impressão temerosa de que seria difícil: contra o AZ, na primeira rodada, mesmo em casa, o PSV saiu atrás. Pelo menos, Hirving Lozano sinalizou que mereceria confiança: empatou o jogo, e tranquilizou a equipe para ir rumo ao 3 a 2, de virada. 

Estava dada a partida para um ótimo começo de temporada, que minorou a grande ameaça de crise - e, de certa forma, ajudou a encaminhar o título que viria. Já nas primeiras rodadas se viam as qualidades que a equipe ainda tinha. De novo, Van Ginkel justificava a confiança nele, com grande regularidade no meio. No ataque, a dupla Locadia-Lozano ganhou rapidamente o entrosamento para começar a balançar as redes adversárias. Outro novato a se firmar no time titular, Bergwijn justificava a chance recebida, com rapidez. 

Resultado: um primeiro turno quase perfeito, com 14 vitórias em 17 jogos. Nem mesmo os tropeços - como a derrota de 2 a 0 para o Heerenveen, na 4ª rodada, com expulsão de Lozano - perturbavam um PSV sólido taticamente, apostando no que de melhor faz: aguentar a pressão adversária e aproveitar as chances de contra-ataque, com eficiência invejável. De quebra, a equipe mostrava uma qualidade para deliciar a torcida: buscava a vitória até consegui-la, às vezes, no lance final do jogo, mesmo que tivesse sido inferior em relação ao adversário. Foi o que se viu contra o Zwolle, na 12ª rodada, fora de casa: Zoet trabalhou bastante, o PSV temeu a derrota, viu o adversário mostrar mais ofensividade... mas num rebote de escanteio, aos 90' + 3, Nicolas Isimat-Mirin fez 1 a 0, para garantir três pontos.

Problemas? Claro que havia. De vez em quando, o estilo pragmático com que Phillip Cocu armava a equipe trazia pressão desnecessária. Foi o que se viu na quinta rodada: mesmo com a vitória no clássico contra o Feyenoord - 1 a 0 em casa -, Zoet foi o melhor em campo, tantas foram as defesas feitas no segundo tempo para impedir o empate do Stadionclub (com um a menos). No final do turno, a pressão quase voltou a virar crise: no clássico contra o Ajax, em Amsterdã, pela 15ª rodada, Cocu apostou na entrada de Derrick Luckassen, deixando o PSV com três zagueiros, no 5-3-2. David Neres e Lasse Schöne frustraram os planos, o Ajax fez 3 a 0 e se reanimou na disputa do título, e muito se criticou a postura até medrosa dos Eindhovenaren. O resultado da rodada seguinte em nada ajudou: fora de casa, o PSV fizera 3 a 1 no Groningen, já no primeiro tempo. Passou o segundo se defendendo, tomou o segundo gol de pênalti, e o castigo veio nos acréscimos: empate em 3 a 3. De certa forma, deixava claro que, se pressionada em demasia, o miolo de zaga (Daniel Schwaab e Isimat-Mirin) mostrava fragilidades.

A juventude de Bergwijn, a reação de Luuk de Jong, a regularidade de Van Ginkel: o PSV manteve o ambiente calmo para possibilitar tudo isso (ANP/Pro Shots)
A intertemporada na Florida Cup mostrou fatores inversos: se os empates contra Corinthians e Fluminense deixavam claro como o nível do PSV não era nada impressionante, mais jogadores da base se mostravam capazes de serem usados por Cocu - Sam Lammers, Mauro Júnior e Cody Gakpo agradaram bastante no torneio amistoso. De quebra, vinha a chance para Luuk de Jong provar sua reação: em meio a uma lesão muscular que o tirara dos jogos no fim de 2017, Locadia foi vendido ao Brighton. E o camisa 9 volta a ser o titular no meio da área, precisando mostrar serviço e a mesma eficiência na frente do gol que tivera no bicampeonato - até foi artilheiro da Eredivisie, em 2015/16.

Luuk de Jong mostrou serviço: só nesta metade de 2018, marcou oito gols - a mesma quantidade que marcara em todo o ano passado. De quebra, o PSV seguiu com solidez invejável no meio e no ataque. A alguns, tanta solidez que parecia um time chato. Ficou clássico o "schijtbakkenvoetbal" ("futebol de m....", em português) com que o técnico Gertjan Verbeek criticou o líder, após o 2 a 0 sobre o Twente, feito com base numa bola parada - Lozano, após escanteio - e num contra-ataque - Arias, nos acréscimos. Mas como falar em "chatice" num líder cuja média de gols é superior à do Feyenoord campeão em 2016/17?

Certo, houve solavancos. O maior deles, a inesperada derrota para o Willem II, na 26ª rodada: sem o suspenso Hendrix, a zaga ficou fragilizada, e o time de Tilburg aproveitou para uma histórica goleada por 5 a 0. Mas o PSV não perdeu seu foco: o título. Enfim confirmado, neste final de semana, para coroar a calma de Marcel Brands e Toon Gerbrands à frente do clube. A maturidade de Phillip Cocu como técnico: conquistando o terceiro título holandês - igualando a marca de Kees Rijvers, histórico treinador dos Boeren -, Cocu já é quase tão marcante como treinador em Eindhoven quanto foi como jogador. A reação simbolizada em Luuk de Jong, de reserva a novamente goleador, e Gastón Pereiro - criticado pela falta de brio, o uruguaio respondeu do melhor jeito: com atuação decisiva contra o Feyenoord, na 25ª rodada, e com o gol que abriu o caminho da vitória do título contra o Ajax.

Virão os óbvios interesses de centros maiores por alguns jogadores - Lozano puxa a fila, e dificilmente ficará em Eindhoven, dependendo do que faça na Copa do Mundo, titular do México que será. Virão interesses até no trabalho dos diretores - Marcel Brands já anda em negociações para fazer parte da direção do Everton. Mas o PSV parece estar preparado, sem se desesperar nem tomar decisões precipitadas como ocorre nos outros dois grandes clubes da Holanda. E seu terceiro título nesta década (nono no século XXI - nenhum outro clube ganhou tanto o Campeonato Holandês) deixa claro: se é difícil imaginar uma agremiação holandesa ocupando papel de destaque no futebol europeu, a curto prazo - talvez a médio, e até a longo prazo -, caso isso volte a ocorrer, o clube mais preparado e organizado para tomar a frente nesse destaque está em Eindhoven, não em Amsterdã ou Roterdã.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Homens com uma missão. Cumprida

O Feyenoord tinha um conjunto de nomes experientes para tentarem lavar a alma de uma sofrida torcida. Liderados por Kuyt (à frente, em destaque), eles conseguiram: trouxeram o título da Eredivisie, após 18 anos (Dean Mouhtaropoulos/Getty Images)
Certo, a dor dos anos de crise já estava relativamente cicatrizada no Feyenoord. Depois dos 10 a 0 sofridos para o PSV, na temporada 2010/11 do Campeonato Holandês, o Stadionclub tivera John Guidetti e seus gols, mais uma jovem legião de promessas e o técnico Ronald Koeman, que levaram ao vice-campeonato em 2011/12. Guidetti saiu, chegou Graziano Pellè, os gols continuaram... e seguiram-se campanhas boas, com o 3º lugar na Eredivisie 2012/13 e outro vice-campeonato, em 2013/14. Aí, mais gente saiu: Daryl Janmaat, Stefan de Vrij, Bruno Martins Indi, os próprios Pellè e Koeman... E não houve como evitar certa queda, vista no 4º lugar de 2014/15.

Isto é: embora o clube de Roterdã já se houvesse restabelecido como um dos três grandes holandeses, ainda faltava algo. Para trazer isso, alguns homens começaram a chegar, com uma missão: trazer esse “algo”, o título que faltava, o título que encerraria um longo jejum, que faria o Feyenoord ser definitivamente respeitado de novo, na Holanda e no mundo. Enfim, neste final de semana que se passou, esses homens cumpriram o que se pedia deles: após 18 anos, enfim o Feyenoord pode gritar, de novo, que é o maior da Eredivisie.

O primeiro desses homens já estava no clube desde sua carreira de jogador, a bem da verdade: lateral esquerdo nascido e criado futebolisticamente em De Kuip, Giovanni van Bronckhorst correu mundo (Rangers, Arsenal, Barcelona), ganhou títulos notáveis, fez uma carreira elogiável... e voltou ao Feyenoord em 2007. Lá ficou até terminar a carreira, em 2010 – e fazendo seu último jogo profissional numa final de Copa do Mundo. Logo que se despediu, Gio passou imediatamente ao banco de reservas. Primeiro, trabalhando as categorias de base por alguns meses; depois, em maio de 2011, passando a auxiliar Ronald Koeman, junto de outro ex-jogador marcante no Feyenoord, Jean-Paul van Gastel (presente no título de 1998/99). 

Van Bronckhorst ainda trabalhou junto de Fred Rutten, durante grande parte da temporada 2014/15. Porém, com a crise vivida pela equipe no final daquele ano, o terceiro lugar que parecia garantido foi perdido, e Rutten também perdeu algo: seu emprego. Assim, uma transição precisou passar abruptamente ao seu último capítulo, já nos play-offs por vaga na Liga Europa, em 2014/15, com Van Bronckhorst sendo promovido a técnico principal, às pressas, tendo a seu lado Van Gastel como auxiliar. O técnico novato (e novo: tinha 40 anos, completos em fevereiro de 2015) fracassou em seu primeiro desafio: não conseguiu levar o Feyenoord à Liga Europa na temporada 2015/16. Contudo, sabia-se: até pelo status respeitável perante a torcida, Van Bronckhorst tinha salvo-conduto para começar seu trabalho. 

Porém, de nada adianta um técnico sem jogadores. E o outro homem com uma missão chegou a Roterdã justamente na metade de 2015. Assim como o técnico, Dirk Kuyt já tinha história na “banheira”: mesmo vindo de outro clube (começara a carreira no Utrecht), Kuyt já conseguira virar ídolo graças à primeira passagem pelo Feyenoord, entre 2004 e 2006, quando até goleador da Eredivisie foi (fez 29 gols em 2004/05), além de receber o prêmio de melhor jogador do campeonato em 2005/06. Deixara saudades, e fora fazer carreira tão elogiável quanto a de Van Bronckhorst: seus inquestionáveis profissionalismo e dedicação em campo tornaram o nativo de Katwijk figura querida em Liverpool e Fenerbahçe – sem contar o coadjuvante valioso que foi nas campanhas da seleção holandesa nas Copas de 2010 e 2014. Aos 35 anos, o atacante aceitou voltar. Para, quem sabe, ser o que Guidetti e Pellè já foram: um símbolo. Talvez um símbolo maior, com a salva de prata da Eredivisie nas mãos.

Havia mais alguns homens que foram se juntando. Como o zagueiro brasileiro Eric Botteghin, de postura séria em campo e carreira cuidadosamente construída na Holanda (do pequeno Zwolle para um pequeno-médio, o NAC Breda; de lá para um médio, o Groningen; e do Groningen para De Kuip). Como Tonny Trindade de Vilhena: considerado uma promessa talentosa desde que se destacou no título europeu sub-17 de 2011, ganho pela seleção holandesa, o jovem de ascendência angolana enfim ganhava espaço a partir de 2015/16. Como Eljero Elia: promissor na época em que integrou o elenco vice-campeão mundial na Copa de 2010, Elia decidiu voltar à Holanda em 2015 para recomeçar, após ter o filme chamuscado pelas passagens (no mínimo) discretas por Juventus, Werder Bremen e Southampton. Eles se somaram a gente que já estava lá: Jan-Arie van der Heijden, Karim El Ahmadi, Jens Toornstra, Michiel Kramer... Ah, sim: no banco, para ajudar a dupla Van Bronckhorst-Van Gastel, um personagem experimentado no campo e no banco: Jan Wouters.

Parecia que a redenção do Feyenoord na Eredivisie viria já na temporada 2015/16, com boas atuações no turno. Todavia, já no encerramento daquele ano, havia a perigosa tendência de queda – confirmada na volta da pausa de inverno, em janeiro e fevereiro de 2016: oito jogos sem vitória (sete derrotas e um empate). A missão não seria cumprida. Claro, a frustração foi gigante. Mas a missão continuava. Para aprender mais, Van Bronckhorst engoliu a contratação temporária de Dick Advocaat, para umas semanas de conversas e acompanhamento conjunto dos treinos. Bastou para ganhar mais conceitos, reerguer o moral do grupo, conseguir treze partidas sem perder na Eredivisie (garantindo a terceira posição) e, mais do que isso, conquistar o primeiro título do clube desde 2007/08: a Copa da Holanda. Era um bom prêmio de consolação, mas não era o que a torcida queria. Ainda.

Era preciso consertar os erros, nesta temporada. Para isso, veio da Dinamarca mais um homem com uma missão: Nicolai Jorgensen, artilheiro da temporada 2015/16 pelo Kobenhavn. Também chegou da Inglaterra, por empréstimo, um daqueles holandeses que surge bem mas se sai discretamente num grande centro: Steven Berghuis, bom por Twente e AZ, apagado no Watford. Simultaneamente, perdeu-se um personagem importante: o goleiro Kenneth Vermeer, tirado de combate pelo rompimento do tendão de Aquiles. Por sorte, o experiente australiano Brad Jones estava solto após o fim do contrato com o NEC -  veio de graça para o Feyenoord. 

E assim começou a temporada. Com tudo: nove vitórias seguidas – incluindo 1 a 0 sobre o PSV, em Eindhoven. Mas as dúvidas continuaram. Continuariam com a primeira derrota, 1 a 0 para o Go Ahead Eagles. Continuariam sempre. Ainda mais quando combinadas com os problemas de cada um daqueles homens. Como Vilhena, que passou tempos dificílimos com a morte da mãe, Jeannette, que o tirou de campo por algumas rodadas – sem contar as suspensões que o afastavam algumas vezes. Como Dirk Kuyt, até: se a ausência do capitão em campo era inimaginável no turno, aos poucos fez-se necessário colocá-lo no banco durante a maior parte do returno, com a maior velocidade que Toornstra oferecia. Kuyt deixava clara sua discordância. Mas nunca arranjou uma briga. Afinal, havia uma missão maior.

As vitórias seguiam-se. Com brilhantismo (6 a 1 no Sparta Rotterdam, 8 a 0 no Go Ahead Eagles) ou com dificuldades (que virada foi o 2 a 1 no Heerenveen, fora de casa, na 27ª rodada... e a arbitragem eletrônica decidindo o 2 a 1 no PSV, na 25ª?). Desde a primeira rodada, o Stadionclub jamais se descolou da primeira posição. Mas as dúvidas também continuavam: qualquer derrota (do magro 1 a 0 imposto pelo Sparta no returno ao duro impacto do 2 a 1 para o Ajax no Klassieker) bastava para fazer crer que o Feyenoord fracassaria, que de novo não daria, que o ascendente Ajax atropelaria. Como capítulo final das desconfianças, o 3 a 0 inapelável do Excelsior na penúltima rodada. 

Então, o Feyenoord se focou. O fim do calvário estava perto demais para que se permitisse qualquer erro contra o Heracles Almelo. E foi o que se viu: De Kuip se transformando em “De Kuyt”, com uma das maiores atuações da carreira do veterano. O nível de concentração altíssimo, como visto na maior parte da temporada. E um 3 a 1 para confirmar o inquestionável título, que foi festejado pela torcida do começo ao fim. Aliás, foi festejado, não: está sendo, como mostram as 150 mil pessoas presentes à avenida Coolsingel nesta segunda, quando o sonho da exibição da salva de prata foi realizado.

O que será? Ninguém sabe. Apesar de já ter certa experiência, Van Bronckhorst possui apenas dois anos de carreira como técnico; tem muito o que aprender antes de saltos mais ambiciosos. Vilhena renovou contrato até 2020 – e ofereceu o título “a toda a torcida, e a uma pessoa em especial”, lembrando a mãe que lhe falta. Toornstra não sabe o que fará: se renova ou se deixa o clube. Brad Jones tem várias opções: pode até ficar, mas com a recuperação do titular original Vermeer, clubes da Inglaterra ou Turquia são alternativas a serem consideradas. O emprestado Berghuis quer ficar. Já Elia quer sair: “Quero atuar num nível mais alto”. E Kuyt, entronizado na galeria de grandes ídolos do Feyenoord, é enigmático: pode seguir ou pode terminar a carreira, em alta. Seja como for, Martin van Geel, diretor geral do Feyenoord, já declarou: o clube conta com ele.

E seja como for, agora não é hora disso. É hora de ver Van Bronckhorst, Kuyt, Vilhena, Elia, Jorgensen, Brad Jones, Berghuis, todos eles voltarem as costas e caminharem rumo ao horizonte, com o sol poente, como no fim de um filme de faroeste. Como velhos pistoleiros seguros. Afinal, eles tinham uma missão. E a cumpriram.

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 15 de maio de 2017)

segunda-feira, 16 de maio de 2016

PSV conseguiu duas coisas com o bi holandês

PSV teve ambição para contratar, usou bem a base e formou time entrosado. Merece a festa do bicampeonato (Jeroen Putmans/VI Images)

Em fevereiro passado, logo após o fechamento da janela de transferências, o técnico Fred Rutten comentou uma aquisição de última hora que o PSV fizera: o empréstimo de Marco van Ginkel, junto ao Chelsea. E o agora treinador do Al-Shabab, da Arábia Saudita, usou muitos elogios: “Acima de tudo, o PSV merece muitos cumprimentos. Isso é ambição, mostra que você realmente quer vencer. E mostra não só ao mundo, mas também internamente. É um recado aos jogadores, para que fiquem ligados”. De fato, trazer um jogador com certo espaço em centros mais competitivos era (mais um) sinal de ambição do clube de Eindhoven, que não parou de trabalhar para alcançar os objetivos. 

Resultado: a sorte sorriu para os Boeren da maneira mais agradável que podia ser imaginada. Na última rodada do Campeonato Holandês, domingo passado, o Ajax tropeçou. A equipe de Eindhoven cumpriu o seu papel. E conquistou o bicampeonato sonhado na Eredivisie. O título foi inesperado: afinal de contas, empatados em pontos, a diferença do Ajax no saldo de gols era bastante segura. Mas a sorte que permitiu ao PSV chegar ao 23º título holandês de sua história foi muito merecida. Afinal de contas, os Eindhovenaren mostraram duas coisas fundamentais, que andaram (e andam) em falta no futebol holandês: regularidade e ambição.

A regularidade começou com Phillip Cocu. O técnico tem um plano de jogo bem definido: o 4-3-3 muito forte nos contragolpes, e com muita ajuda dos pontas. Mas ao contrário de seus pares, costumeiramente muda o esquema tático em função do adversário. Isso ajudou muito o PSV na Liga dos Campeões. Basta lembrar o jogo de volta contra o Atlético de Madrid, nas oitavas de final: sabendo da inferioridade técnica em relação aos Colchoneros, Cocu fortaleceu a defesa no 5-3-2, deixando o Atleti com o domínio da bola. Pois jogando assim, como franco-atirador, o time holandês deixou o espanhol em maus lençóis: os Colchoneros precisaram dos pênaltis para avançar às quartas de final.

Só que de nada adiantaria a regularidade pretendida por Cocu se não fossem, obviamente, os jogadores. E eles corresponderam muito na temporada. Embora ainda precise melhorar na saída de bola, Jeroen Zoet se credenciou como goleiro cada vez mais promissor; se antes era um “xerifão”, com muito porte físico e pouca técnica, Jeffrey Bruma tornou-se um zagueiro elogiável, com tempo de bola quase perfeito; Héctor Moreno começou violento a temporada, mas foi se aprumando, e agora até de lateral esquerdo atua às vezes; e por falar em lateral esquerdo, Jetro Willems melhorou um pouco seus defeitos crônicos na marcação, e está cada vez melhor nos cruzamentos.

Do meio-campo em diante é que começa a ser notada a outra característica responsável pelo novo êxito do PSV na Holanda: a ambição. Ela pode ser traduzida em contratações importantes e precisas. Por exemplo: no meio, eram necessários jogadores que soubessem marcar, mas dessem velocidade na saída de bola, como fazia Georginio Wijnaldum. Se Andrés Guardado já fazia isso muito bem, ganhou em Davy Pröpper o companheiro perfeito. Não raro, Pröpper participa do jogo até mais do que o mexicano, avançando ao ataque e chutando bem de fora da área – até por sua participação, é figura certa nas seleções do campeonato que começam a pulular na imprensa holandesa. No caso de Van Ginkel, a aposta no seu empréstimo foi paga com oito gols em 12 jogos, todos apenas em 2016 – e uma ajuda a mais no ataque, atuando quase como ponta-de-lança.

Como se fosse necessário. Após um período de irregularidade, Luciano Narsingh recuperou-se no time titular, tomando a posição de Gastón Pereiro (que, justiça seja feita, foi razoável nas chances que teve e merece apostas). Pela esquerda, com os problemas pessoais de Maxime Lestienne, Jürgen Locadia foi experimentado ali: e o que era apenas um atacante corpulento e finalizador virou um ponta que preencheu bem a lacuna deixada por Memphis Depay. E o que dizer de Luuk de Jong? 26 gols, um comando claro sobre o elenco do qual é capitão, o retorno à seleção e à boa fase... sem dúvida, o irmão mais novo de Siem é o craque do campeonato.

Todas essas presenças no time-base mostram o equilíbrio do PSV entre comprar gente mais experiente (Guardado, Van Ginkel, De Jong) e apostar na base (Zoet, Willems, o volante Jorrit Hendrix, Locadia). Eis o grande trunfo a que levou a ambição da diretoria: um time regular, com opções para mudar o jogo, que sempre parecia ter a capacidade de reagir e manter a pressão psicológica sob controle. 

Exatamente o que o Ajax não teve. Claro que o De Graafschap não deve ser desprezado: o time de Doetinchem deixou a última posição que parecia inevitável rumo aos play-offs, e tem jogadores com algum talento (sem contar a famigerada “promessa do iPhone 7” – que provavelmente ficará na promessa, já que o aparelho seria dado só em caso de vitória do De Graafschap). Mas os Ajacieden, que pareciam certos da vitória, sentiram imensamente o golpe do empate. 

E prova disso foi a alteração estranha que Frank de Boer fez no jogo: embora o técnico tenha justificado (“Ele não estava no clima do jogo”), tirar Arkadiusz Milik deixou o time sem referência no ataque. Resultado: o time de Amsterdã terminou a última rodada num esquisito 3-3-4, com Anwar El Ghazi e o zagueiro (!) Mike van der Hoorn tentando mandar a bola para as redes. Não só não deu certo, como deixou claro algo que vinha sendo mostrado já havia algumas temporadas (talvez, já no título de 2013/14): faltava um “plano B” ao Ajax. Faltava maior flexibilidade, maior variedade de jogo, mais opções no elenco, mais... ambição. 

Até por isso, antes mesmo do final da Eredivisie, Frank de Boer já decidira o que anunciou na quarta-feira passada: deixaria o clube em que começou as carreiras de jogador e treinador, após cinco anos e meio e quatro títulos holandeses. Um ciclo de inegável sucesso, mas que estava no fim, também inegavelmente. E a melhor explicação disso foi dada pelo próprio Frank: “Nos últimos dois anos, achei que estava ficando difícil para mim. A vontade ainda estava lá, mas eu precisava me esforçar mais. Treinar uma equipe não pode ser algo automático, e eu sentia que estava me repetindo”.

A separação deverá fazer bem. Para Frank de Boer, que tem tudo para fazer carreira elogiável em campeonatos de nível mais alto. E para o Ajax, que poderá avaliar melhor o que fazer. O exemplo, ele já tem: o adversário PSV, que hoje inegavelmente domina o futebol holandês, com flexibilidade e vontade. Resta à torcida esperar que se cumpram as palavras alvissareiras do diretor geral, Toon Gerbrands: “Nunca estamos satisfeitos, sempre é possível melhorar e se desenvolver. Sem medo de errar, vem aí uma nova fase na história do PSV”. O futebol holandês agradeceria.

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 13 de maio de 2016)

sábado, 7 de maio de 2016

Eredivisie 2006/07: o final que eletrizou a Holanda

Cocu levantou a taça como jogador, em 2006/07, com o PSV superando desvantagem no saldo de gols. O mesmo ocorrerá com Cocu treinador? (ANP)
O Campeonato Holandês desta temporada está a algumas horas de ter o seu título decidido. Como se sabe, Ajax e PSV estão iguais na pontuação (81), mas os Ajacieden lideram a Eredivisie 2006/07 pelo primeiro critério de desempate, o saldo de gols - e a diferença está em seguros seis gols (60 para o Ajax, com 80 gols pró e 20 contra; 54 para o PSV, com 85 pró e 31 contra). Ou seja, ver o clube de Amsterdã trazer para a sala de troféus a 34ª Eredivisieschaal de sua história é um cenário bem possível, até provável. Mas a igualdade de pontos - e a virtual decisão do título holandês pelo saldo de gols - motivou uma lembrança unânime na imprensa futebolística holandesa, durante esta semana: a decisão eletrizante da Eredivisie na temporada 2006/07. 

Antes da última rodada, o empate na pontuação era tríplice, mas havia uma vantagem também segura (e também de seis gols) no saldo. Mas foi justamente o detentor desta vantagem que fraquejou na partida derradeira da temporada. E os outros dois adversários jogaram suas partidas com o olho na quantidade de gols do rival. Até que um deles foi mais competente, conseguiu a goleada e garantiu o título - após elenco e torcida esperarem minutos intermináveis pelo fim do jogo do outro contendente. Tudo isso, em apenas uma tarde, no dia 29 de abril de 2007. E quais eram esses times? Desde a metade do campeonato, já estava claro que a briga pela salva de prata era coisa entre PSV, Ajax e AZ.

Já bicampeão, o time de Eindhoven buscava o terceiro título seguido com alguns remanescentes da semifinal da Liga dos Campeões, havia dois anos: o goleiro Gomes e o zagueiro Alex impunham respeito na zaga (eram, até, os dois melhores da equipe, para muitos). No meio-campo, o veterano Phillip Cocu segurava a responsabilidade na marcação,  junto ao belga Timmy Simons, tranquilizando um jovem (e já titular) Ibrahim Afellay. E cabia ao equatoriano Edison Méndez ajudar na chegada da bola ao ataque, onde estavam o marfinense Arouna Koné e o peruano Jefferson Farfán, atacantes no 4-4-2 usado pelo técnico Ronald Koeman. No banco, o nível seguia razoável: Michael Reiziger, Jason Culina, Diego Tardelli, Patrick Kluivert... Era um bom time, entrosado, que ainda fazia papel honroso na Liga dos Campeões (os Boeren alcançaram as quartas de final naquela temporada, sendo eliminados pelo futuro vice-campeão Liverpool). 

Mas ficava até humilde, diante de um Ajax muito promissor. Jaap Stam representava a experiência na zaga, em seu último ano como jogador profissional, e Edgar Davids vivia o último bom momento de sua carreira, ainda elogiável no meio-campo. Mas já eram os mais jovens daquele time que assumiam o destaque total, e já eram cobiçados Europa afora. No gol, Maarten Stekelenburg; na zaga, Thomas Vermaelen; jogando adiantado como volante, John Heitinga; Wesley Sneijder, principal armador da equipe; e no ataque, Klaas-Jan Huntelaar prometendo o sucesso completo, junto do jovem Ryan Babel. Todos eles, titulares na base escalada pelo treinador Henk ten Cate.

E o AZ continuava sendo montado detalhada e pacientemente por Louis van Gaal. Na segunda temporada do treinador à frente dos Alkmaarders, o time já estava com alguns dos jogadores que se destacariam no histórico título holandês de 2008/09. Já estavam lá os volantes David Mendes da Silva, Demy de Zeeuw e Stijn Schaars; já estava no ataque Moussa Dembélé; já armava as jogadas o meio-campista belga Maarten Martens; Kew Jaliens já era o lateral direito. Some-se a isso algumas presenças úteis no time, como o zagueiro Barry Opdam, o atacante Shota Arveladze (sucesso na Eredivisie em seus tempos de Ajax) e, principalmente, outro atacante, Danny Koevermans, compensando com os gols marcados (22 ao todo) a falta de habilidade técnica. Só o gol sofria com a inconstância dos arqueiros; Khalid Sinouh e o jovem Boy Waterman se revezavam debaixo das traves.

E os três seguiam próximos na tabela. Na 23ª rodada, no primeiro encontro do returno entre dois candidatos ao título, o AZ derrotou o PSV em Eindhoven (3 a 2); na rodada seguinte, todos estavam separados por apenas dois pontos (PSV líder, com 55 pontos; Ajax com 54; AZ com 53). Aí, aparentemente, o PSV começou a disparar: abriu cinco pontos de vantagem na 26ª rodada, quando superaram o Groningen (1 a 0), enquanto Ajax e AZ ficaram num empate em um gol, no jogo direto. Com a derrota dos Ajacieden, vice-líderes, na rodada seguinte (0 a 1 para o Heerenveen, em Amsterdã), o PSV abria oito pontos. Tricampeonato garantido?

Não, porque a situação começou a mudar na 29ª rodada, a cinco do fim. Em 18 de março, ocorreu um jogo quase fundamental nos destinos daquela Eredivisie: no clássico entre PSV e Ajax, em Eindhoven, os Amsterdammers não tomaram conhecimento dos rivais, impondo 5 a 1 em pleno Philips Stadion - Huntelaar foi o destaque, com dois gols, e Sneijder ajudou com mais um na goleada, junto do espanhol Gabri e do dinamarquês Kenneth Perez. A vantagem dos Eindhovenaren na pontuação ainda estava em seguros cinco pontos (67 a 62, contra 60 do AZ), mas o espírito tinha virado. Tanto é que o PSV passou as duas rodadas seguintes sem vencer: empatou com o NAC Breda na 30ª rodada (1 a 1), e caiu para o NEC na 31ª (2 a 1). Essa derrota fez a vantagem que chegara a ser de oito pontos cair para dois. E a goleada do Ajax em Eindhoven colocara o saldo de gols na disputa do título.


Finalmente, a 33ª rodada (penúltima) construiu o cenário empolgante para a decisão sobre o campeão holandês. Enquanto vinham as vitórias de AZ (3 a 1 no Heerenveen, quarta vitória seguida) e Ajax (5 a 2 no Sparta Rotterdam), o PSV tropeçava de novo contra o Utrecht (1 a 1, em Utrecht). E as três equipes chegariam à última rodada com 72 pontos. Mais impressionante: o saldo de gols, primeiro critério de desempate, favorecia o AZ (saldo de 53, contra 47 do Ajax e 46 do PSV). Bastava vencer o desesperado Excelsior, na antepenúltima colocação, já condenado aos play-offs de acesso/descenso, e o AZ encerraria uma sequência de 26 anos só com o Trio de Ferro holandês se revezando no posto de campeão holandês.

E aí chegou o incrível 29 de abril de 2007 da última rodada, com os jogos sendo simultaneamente disputados. Nos primeiros sete minutos, o pêndulo do título ia para o AZ. Até que, no oitavo minuto do primeiro tempo, o atacante Andwelé Slory foi derrubado na área por Waterman; pênalti e cartão vermelho para o goleiro do AZ, substituído por Sinouh, que levou o gol no penal cobrado por Luigi Bruins. Ali começava uma via-crúcis para o time de Alkmaar: visivelmente nervoso, ainda foi buscar o empate duas vezes, mas não conseguiu conter a pressão dos Kralingers. O Excelsior venceu por 3 a 2, e conseguiria na Nacompetitie a manutenção na primeira divisão; o AZ teria de esperar mais uma temporada até a conquista sonhada e merecida em 2008/09.


Com o AZ "eliminado", Ajax e PSV passavam a se olhar. Enquanto o Ajax tinha de golear o Willem II, fora de casa, cabia ao então bicampeão holandês também marcar contra o Vitesse, num Philips Stadion apinhado de gente. E os Boeren começaram fazendo a parte deles: em dez minutos no primeiro tempo, já faziam 2 a 0 no Vites, com Alex (mais um gol de cabeça do zagueiro brasileiro) e Farfán. Aumentavam o saldo para 48, contra 47 do Ajax. Aí vieram duas duchas de água geladíssima nos Eindhovenaren. Primeiro, em seu próprio jogo: aos 13 minutos, Theo Janssen cobrou escanteio, Gomes tentou cortar e empurrou a bola para o próprio gol, numa falha incrível. O saldo de gols ficava igual ao do Ajax - 47 -, mas os Amsterdammers tinham mais gols (82 contra 72, àquela altura). E prontamente marcariam mais: aos 19 minutos da etapa inicial, um jovem Urby Emanuelson fez 1 a 0 para os Godenzonen contra o Willem II. No resto dos primeiros tempos dos jogos, o Ajax mantinha o maior saldo (48 contra 47), e ia conquistando mais um título holandês.


O cenário seguiu assim até os 14 minutos do segundo tempo de ambos os jogos: Farfán marcou o terceiro do PSV contra o Vitesse. Mais seis minutos, e Afellay fez 4 a 1 para os Boeren. Ali o título mudava de mãos: com 49 a 48 no saldo de gols, a Eredivisieschaal ia para Eindhoven. Assim ficou a situação por meros dois minutos: aos 22 minutos da etapa complementar, Huntelaar fez 2 a 0 para o Ajax. Saldo de gols igual de novo, Ajax campeão no número de gols pró, mais momentos de tensão no Philips Stadion. Até que, aos 32 minutos, em cobrança de escanteio, Phillip John William Cocu, já aos 36 anos, chuta para as redes e comemora. Era o quinto gol, a goleada sobre o Vitesse, o gol que recolocava o PSV à frente no saldo de gols (50 a 49).


O Ajax era o clube necessitado de um gol nos treze minutos finais. E aí partiu ao ataque. Num escanteio nos acréscimos, até Stekelenburg foi para a área. Mas a bola não entrou. E o PSV respirou, para explodir simultaneamente, com o tricampeonato holandês. A prova é a reação no Philips Stadion, acompanhando os minutos finais de Willem II x Ajax (terminou depois de PSV x Vitesse), no vídeo abaixo:

O tempo passou. Autor do "gol do título" em 2006/07, hoje Phillip Cocu está novamente no PSV, como treinador. E na entrevista coletiva antes do jogo deste domingo, lembrou que já viu coisas malucas acontecerem num campo de futebol. Poderia até acrescentar: por experiência própria. O Ajax, com a diferença controlada no saldo de gols, só precisa trabalhar para evitar a repetição de um filme triste. Que para o PSV, foi alegre. E essa mesma alegria é desejada ao final da rodada deste domingo, com a comemoração de um eventual bicampeonato.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Ajax é favorito ao título. Mas PSV é o melhor time

Unido, o Ajax foi mais pragmático na temporada. E está perto do título holandês (Olaf Kraak/ANP)

Este final de semana poderia ser o mais empolgante do futebol holandês de clubes em muito tempo. Desde 2010/11 não se via duas equipes disputando o título do Campeonato Holandês ponto a ponto até a última rodada. Sem contar que é inevitável lembrar a incrível rodada derradeira da temporada 2006/07 da Eredivisie, quando AZ, PSV e Ajax chegaram iguais em pontuação: enquanto os Alkmaarders eram derrotados pelo Excelsior (3 a 2), os rivais de Amsterdã e Eindhoven brigaram gol a gol durante suas partidas, para aumentarem o saldo – até que o PSV, com 5 a 1 no Vitesse, superou o Ajax no critério (50 a 49) e comemorou o terceiro título do tetracampeonato ganho entre 2005 e 2008.

Enfim, poderia ser um final de semana daqueles em que come-se, dorme-se, respira-se futebol na Holanda. Mas não será. Porque, embora Ajax e PSV estejam novamente iguais em pontos, como há nove anos (81), a vantagem dos Ajacieden no saldo de gols é bem mais confortável do que na temporada lembrada acima. Enquanto, antes da última rodada de 2006/07, o time da estação Strandsvliet tinha apenas um gol à frente no saldo (47 a 46), agora a vantagem está em seguros seis gols (60 de saldo, contra 54 dos Eindhovenaren). 

Além do mais, os adversários dos dois contendentes pela Eredivisieschaal oferecem cenários diferentes para as partidas do próximo domingo, ambas fora de casa. Os Boeren terão pela frente um Zwolle que ainda tem coisas a buscar: qualquer ponto pode representar aos Dedos Azuis a garantia de vaga nos play-offs por um lugar na Liga Europa. Já o Ajax enfrenta um De Graafschap que já está com o destino sacramentado: ficará na penúltima posição, e terá a chance de manter-se na elite via play-offs de acesso/descenso. 

Com um adversário mais relaxado, é bem plausível supor que os Godenzonen são mais favoritos à vitória, e que será dificílimo para o PSV conseguir uma goleada por sete gols de diferença sem que o rival marque contra o De Graafschap. Isto é: em condições normais, o esperado é que o Ajax receba a salva de prata no gramado do estádio De Vijverberg, na cidade de Doetinchem, usando o novo uniforme de visitante para a próxima temporada, e comemore assim o 34º título holandês de sua história. No estádio e em Amsterdã, já que a festa da vitória está marcada ainda para o domingo, num terreno próximo à Amsterdam Arena - ali, haverá nova cerimônia de entrega da taça, pelas mãos do ex-jogador Dick Schoenaker.

Será justo, pela melhora que a equipe de Amsterdã viveu nesta reta final de temporada. Se até a metade do campeonato, apenas Davy Klaassen e Riechedly Bazoer brilhavam, as ascensões vertiginosas de Arkadiusz “Arek” Milik e Amin Younes ajudaram demais os Amsterdammers. Klaassen continuou justificando plenamente o fato de ter a braçadeira de capitão e a camisa 10: continua direcionando as jogadas, liderando o time, criando a maioria dos ataques. E se fosse necessário, Bazoer chegava como “elemento-surpresa”, arriscando chutes de fora da área.

Mas a finalização andava capengando. Não anda mais. Com 12 gols marcados nos últimos dez jogos da Eredivisie, “Arek” Milik parece, enfim, cumprir as expectativas que justificaram a compra junto ao Bayer Leverkusen: pode-se dizer, até, que o desempenho crescente levou o polonês a converter-se em reserva imediato de Robert Lewandowski na seleção de seu país. De quebra, se antes parecia meio inconstante e até improdutivo na esquerda, agora Amin Younes aprendeu a usar o drible na hora certa. Some-se isso à velocidade e à capacidade de finalização naturais do alemão de ascendência libanesa, e o que se tem é um atacante que ajuda o time em horas difíceis. Como na 33ª e penúltima rodada: Younes teve duas assistências e um belo gol para converter um tenso 1 a 0 contra o Twente numa goleada por 4 a 0, no fim do jogo.

Sem contar que a eliminação vexaminosa na terceira fase preliminar da Liga dos Campeões (e a atuação bem apagada na Liga Europa) ensinaram algumas coisas a Frank de Boer na proteção à defesa. Nas duas últimas rodadas, ele não pestanejou em sacar o ofensivo Bazoer, começando os jogos contra Heerenveen e Twente com o marcador incansável que é Thulani Serero. O que protegia mais a defesa, improvisada que estava com as ausências de Kenny Tete e Jaïro Riedewald: se não esbanjam talento, Mike van der Hoorn e Nick Viergever cumpriram seus papéis no miolo de zaga, enquanto Mitchell Dijks foi outro a crescer de produção, na lateral esquerda. Joël Veltman também não traz muitos problemas pela direita, e Jasper Cillessen é habitualmente seguro no gol.

Enfim, o Ajax que deverá ser campeão holandês é mais pragmático. Ainda assim, sofre com alguns erros defensivos, visíveis em partidas como o 2 a 2 contra o NEC (em casa) e, principalmente, o 2 a 2 contra o Utrecht – neste, só um pênalti inexistente marcado deu a chance do empate aos Ajacieden. Diferentemente do PSV, que perdeu o jogo que não podia perder (provou do próprio veneno: pragmaticamente, o Ajax fez 2 a 0 em Eindhoven), mas é, muito provavelmente, o melhor time holandês da temporada.

No PSV, Phillip Cocu protagonizou o milagre do título, em 2006/07. Espera o mesmo agora (Hollandse Hoogte)
Não só pela atuação honrosa na Liga dos Campeões – lembre-se, o PSV foi o time que mais se aproximou de eliminar (e mais dificultou as coisas para) o agora finalista Atlético de Madrid. Mas também por ser um time entrosado no 4-3-3. Por fazer contratações acertadíssimas e até ambiciosas (vindo por empréstimo, após sofrer com lesões em Chelsea, Milan e Stoke City, quem diria que Marco van Ginkel chegaria com tudo ao meio-campo, marcando oito gols em 12 jogos?). Por ter vários “pilares” experientes no time: Bruma, Guardado, Luuk de Jong. E por não deixar de lado a criação de talentos tão cara ao futebol holandês: Jeroen Zoet, Jorrit Hendrix e Jürgen Locadia que o digam. 

Além disso, Phillip Cocu mostra ser técnico promissor, ao saber ser ofensivo na hora necessária e defensivo se o jogo assim exige. Enfim, o Ajax tem uma tarefa mais fácil. Praticamente só depende de si para ser campeão holandês, novamente. Mas sabe: não poderá mais chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões e dar o vexame habitual. O PSV subiu um pouco o nível de exigência. E até serviu de exemplo.

De mais a mais, a festa de um “milagre” está pronta em Eindhoven (ocorreria na segunda, caso o título venha). Sem contar que o autor do "gol do título" do PSVem 2006/07 foi um certo Phillip Cocu. Hoje técnico, ele alertou: "O Ajax tem as melhores chances, mas coisas malucas já aconteceram". Milagres acontecem.