segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Um jogo, um parágrafo, um vídeo: a 11ª rodada da Eredivisie

Twente 4x1 Emmen (sexta-feira, 25 de outubro)

O Twente precisava melhorar: afinal, após começo promissor, vinha de quatro derrotas seguidas no campeonato. Começou a resolver isso ainda no primeiro tempo. E Haris Vuckic colaborou bastante nisso: aos 25', após jogada de Javier Espinosa, Vuckic se valeu de um acrobático voleio para fazer 1 a 0 no Emmen. Aos 30', Rafik Zekhnini (titular inesperado) fez bonita jogada, lançou para o camisa 10, este se enrolou no drible do goleiro Dennis Telgenkamp, mas afinal ampliou. E aos 42', Zekhnini fez outra jogada que terminou nas redes: cruzou para o volante Lindon Selahi deixar o 3 a 0 no placar. Após o intervalo, o Emmen até renovou as esperanças de reagir: logo aos 50', Keziah Veendorp chutou para marcar o gol dos visitantes. Mas os mandantes seguiram muito superiores. E no final, confirmaram a goleada: aos 88', Aitor Cantalapiedra cobrou pênalti, e Telgenkamp defendeu, mas o juiz pediu que a cobrança voltasse - Telgenkamp se adiantara. Aitor bateu, e aí acertou: 4 a 1 Twente.



Willem II 2x1 RKC Waalwijk (sábado, 26 de outubro)

No "clássico de Brabant" (uma província dos Países Baixos, onde ficam as cidades de Tilburg e Waalwijk), o Willem II começou com tudo. Aos 11', Mike Trésor Ndayishimiye cruzou para o zagueiro Freek Heerkens finalizar, fazendo 1 a 0 de cabeça. Mais três minutos, e em bonita jogada individual, o espanhol Pol Llonch entrou na área e ampliou a vantagem do Willem II. Uma goleada parecia surgir. Mas o RKC esfriou a empolgação logo aos 20': Stanley Elbers completou jogada de Saïd Bakari e diminuiu a vantagem dos Tricolores mandantes. Estes sentiram o gol, por algum tempo. E os visitantes, mesmo na última posição da Eredivisie, buscaram o empate, principalmente no segundo tempo. Mas o Willem II manteve a vitória, conseguindo seu melhor começo de campeonato neste século (19 pontos). E o RKC Waalwijk se afunda no último lugar: só um ponto, oito atrás de ADO Den Haag e Fortuna Sittard, os dois na frente da tabela.



Vitesse 0x2 ADO Den Haag (sábado, 26 de outubro)

Como o ADO Den Haag, vindo de cinco derrotas, poderia se impor fora de casa, contra o Vitesse, terceiro colocado? Com um começo irresistível: logo aos 2', Lex Immers concluiu, o goleiro Remko Pasveer rebateu parcialmente, e Crysencio Summerville fez 1 a 0. O gol impactou o Vites, e o Den Haag aproveitou para marcar o segundo: um belo chute de Immers mandou a bola no ângulo de Pasveer, aos 6'. A partir dali, só restou aos mandantes tentar. No primeiro tempo, a grande chance foi aos 15': Tim Matavz pegou a bola na área, bateu cruzado, o goleiro Luuk Koopmans desviou, mas só Shaquille Pinas afastou o perigo, em cima da linha. Depois, aos 41', Nouha Dicko tentou um chute cruzado, mas Koopmans rebateu. Na etapa final, o Den Haag só teve uma chance para fazer o segundo gol: aos 57', John Goossens puxou contragolpe e cruzou, mas Elson Hooi se atrapalhou na conclusão. Depois, o Vitesse teve chances e mais chances: Matavz teve gol anulado aos 67', Navarone Foor errou aos 71', Thomas Buitink errou aos 90' + 1... e o ADO Den Haag teve uma vitória para lhe reanimar na temporada. Ao Vitesse, sobrou uma pesada decepção.



Fortuna Sittard 4x1 VVV-Venlo (sábado, 26 de outubro)

O jogo em Sittard estava previsto para as 14h45 (horário de Brasília), mas uma placa de publicidade parcialmente quebrada, acima das arquibancadas, forçou o adiamento do início por 30 minutos, para um conserto rápido, antes que houvesse coisa pior. Mas a torcida do Fortuna teve uma ampla compensação, graças a Mark Diemers. Aos nove minutos, o ponta-de-lança fez 1 a 0 para os anfitriões, de falta. Se o goleiro do VVV-Venlo, Thorsten Kirschbaum, talvez tenha falhado no primeiro gol, no segundo não teve o que fazer: Diemers foi ainda mais preciso aos 26' - outra falta, 2 a 0. O VVV-Venlo até quase diminuiu no fim do 1º tempo, mas perdeu as chances. Isso foi punido pelo Fortuna logo após o intervalo: aos 50', num belo chute, Amadou Ciss fez 3 a 0. Aos 54', Diemers chegou a marcar seu terceiro gol - anulado pelo VAR (mão de Bassala Sambou na bola). Pior: aos 72', de cabeça, Johnatan Opoku diminuiu para os de Venlo. Mas aos 87', um pênalti transformou a vitória em goleada. Quem acertou? Diemers, é claro.



Heracles Almelo 4x0 Zwolle (sábado, 26 de outubro)

Por muito tempo, a partida em Almelo foi equilibrada. O Heracles saiu na frente aos 17 minutos: Silvester van der Water fez a jogada, a bola sobrou nos pés de Lennart Czyborra, e coube ao alemão balançar as redes. Só que o Zwolle seguiu valente: se os Heraclieden tinham chances de um lado (Mauro Júnior, aos 37'), os "Dedos Azuis" visitantes também tinham (Kenneth Paal, já no segundo tempo, aos 53'). Aí, veio o gol decisivo: aos 65', Van der Water completou um contragolpe rápido do Heracles - de Mauro Júnior para Cyriel Dessers, de Dessers para Van der Water, e dele para o 2 a 0. O Zwolle estava batido. E o Heracles conseguiria inflar ainda mais a vantagem na reta final. Aos 80', Joey Konings chutou a bola na trave, mas Mauro Júnior fez do rebote o 3 a 0 dos anfitriões; e no último minuto, Konings acertou e fez o dele. Era dia do time de Almelo, não do Zwolle.


Heerenveen 1x1 Groningen (domingo, 26 de outubro)

Mesmo que se tratasse de um clássico - o "dérbi do Norte" -, as emoções foram pouquíssimas no primeiro tempo em Heerenveen. Só aos 28', veio uma chance digna do nome, quando Ajdin Hrustic quase colocou o Groningen na frente, num chute que exigiu defesa do goleiro Warner Hahn. Depois, a arbitragem acabou dando emoção ao jogo, do modo menos desejado possível. No último minuto da etapa inicial, Chidera Ejuke empurrou Deyovaisio Zeefuik em disputa aérea, e por isso o lateral do Groningen pôs a mão na bola. Involuntário, mas o VAR não perdoou: chamou o juiz Allard Lindhout, este marcou o pênalti, e Hicham Faik fez 1 a 0 para o Heerenveen. O Groningen se irritou, e se irritaria mais ainda aos 68': Ricardo van Rhijn puxou Mike te Wierik na área, o VAR chamou Lindhout, mas nada de pênalti. Só aos 74' os visitantes tiveram um penal a favor: Sherel Floranus pôs a mão na bola, e Charlison Benschop fez 1 a 1 da marca da cal, num jogo de arbitragem criticada.


PSV 0x4 AZ (domingo, 26 de outubro)

Mesmo sem cinco titulares (dois suspensos, três machucados), o PSV começou atacando em casa: logo aos 2', um chute de Denzel Dumfries após escanteio foi bloqueado pela defesa do AZ. Mas os visitantes de Alkmaar também falaram grosso: aos 7', Oussama Idrissi passou, e Boadu tocou rente à trave. E aos 22', o jogo virou a favor dos visitantes: Ryan Thomas pisou o tornozelo de Fredrik Midtsjo, levou inicialmente o amarelo, mas o juiz Pol van Boekel ouviu o VAR, reviu o lance e expulsou o neozelandês. O PSV ficava com dez, e o AZ dominaria o jogo em Eindhoven. Até demorou para os gols vierem. Mas chegaram em sequência: aos 45', Boadu fez 1 a 0, chutando após passe de Calvin Stengs. Mais um minuto, e nos acréscimos (45' + 1), outro de Boadu, completando triangulação na pequena área. Na etapa final, Boadu perdeu duas chances (aos 52' e aos 56'). Mas diante de um PSV alquebrado, o AZ chegou à goleada: aos 71', Jonas Svensson fez 3 a 0, num bonito chute sem ângulo após Stengs ajeitar. E Dani de Wit completou a brilhante goleada aos 76', "humilhando": de calcanhar, completando escanteio. Após 53 jogos, o PSV voltou a perder em casa pelo Campeonato Holandês. O que dá uma mostra da grande façanha do ótimo time que o AZ tem.


Sparta Rotterdam 1x2 Utrecht (domingo, 26 de outubro)

Mesmo fora de casa, o Utrecht começou o jogo em Het Kasteel como terminara contra o PSV: com tudo. Já aos sete minutos, o atacante Jean-Christophe Bahebeck foi derrubado na área, o pênalti foi marcado, e o próprio Bahebeck fez 1 a 0 para os Utregs. Porém, o Sparta reagiu após alguns minutos, sendo mais ofensivo. E teve o prêmio aos 20': o lateral Dirk Abels cruzou, e Ragnar Ache cabeceou para fazer 1 a 1. Todavia, outro pênalti vitimou os mandantes, quando Mohamed Rayhi colocou a mão na bola. Aos 43', Bahebeck bateu, e o goleiro Ariel Harush pareceu se converter em herói: substituindo o suspenso Tim Coremans, o arqueiro israelense do Sparta defendeu. Mas o VAR o frustrou: julgou que Harush se adiantara, e a cobrança teve de voltar, para Adam Maher fazer 2 a 1 Utrecht, aos 43'. Na etapa final, os atacantes Lars Veldwijk e Joël Piroe ainda entraram em campo para ajudar na busca do empate. Mas o Utrecht se segurou na reta final, e levou os três pontos.



Ajax 4x0 Feyenoord (domingo, 26 de outubro)

Já se sabia que o Ajax era franco favorito no Klassieker, pela fase atual dos dois times. E a prova desse massivo favoritismo começou a ser dada logo aos três minutos do jogo na Johan Cruyff Arena: Quincy Promes teve amplo espaço para cruzar da esquerda, Dusan Tadic ajeitou na área e Hakim Ziyech completou - o goleiro Kenneth Vermeer ainda desviou, mas era o 1 a 0 dos Ajacieden. E logo aos 7', veio o segundo: David Neres lançou da direita, e Nicolás Tagliafico completou de primeira na saída de Vermeer. Diante de um Feyenoord caótico na defesa, cabia mais. Quase veio aos 17': num lançamento de Ziyech em profundidade, Promes completou, Vermeer saiu do gol e rebateu. Depois, o Ajax diminuiu o ritmo. E o Feyenoord cresceu um pouco: aos 29', Luciano Narsingh e Ridgeciano Haps tentaram, após cruzamento de Rick Karsdorp. Aos 36', até houve gol anulado de Toornstra. Mas justamente aí, o Ajax voltou a golpear: aos 37', David Neres fez 3 a 0, e três minutos depois, Donny van de Beek desviou acidentalmente, marcando o quarto gol. Desde 1957 o Stadionclub de Roterdã não sofria quatro gols tão rapidamente. Na etapa final, Van de Beek ainda teve chances (principalmente aos 89', num chute rebatido por Vermeer), mas o Ajax não fez muito mais. Nem precisava: a imposição sobre o arquirrival já estava feita.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O Ajax estava avisado

Cansado e num mau dia no ataque, o Ajax de Ziyech se curvou à força física e à rapidez do Chelsea na reta final (Erwin Spek/Soccrates/Getty Images)
Mesmo com a vitória sobre o RKC Waalwijk, no sábado passado, pela 10ª rodada do Campeonato Holandês, o Ajax saiu de campo com críticas justas: passar sufoco contra o último colocado da Eredivisie, que segurara o 0 a 0 no primeiro tempo e até empatara na etapa final, era um sinal de alerta para o jogo desta quarta, contra o Chelsea, na terceira rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões. As respostas dos Ajacieden foram insuficientes. E os Blues colocaram um fim à invencibilidade de 16 jogos do Ajax na temporada.

Pensava-se num jogo equilibrado em Amsterdã. Mas o Chelsea foi, paulatinamente, mostrando que não merecia a desconfiança - exagerada - sobre si. Na defesa, os três jogadores controlaram as forças do Ajax sem muito problema: quando recebiam a bola, quase sempre Hakim Ziyech e Dusan Tadic tinham dois jogadores a lhes marcarem. E mesmo com a bola nos pés, sem marcação, apenas Ziyech trouxe algum perigo - como no chute desviado aos 35', no qual Quincy Promes acabou marcando o gol (corretamente) anulado. De resto, cada um dos zagueiros (Cesar Azpilicueta, Kurt Zouma e Fikayo Tomori) tiveram uma boa atuação. Com destaque para Azpilicueta: o espanhol não só teve uma chance de finalização, aos 42', como evitou que Promes marcasse, aos 53'.

No Ajax, a atuação de Promes merecia consideração: o camisa 11 se movimentava bastante, dando trabalho à marcação do Chelsea - até por isso, estava a postos para colocar a bola nas redes (só estava um pouco à frente). Donny van de Beek também aparecia, mas menos do que poderia. Sem Ziyech nem Tadic fortes, restava a Lisandro Martínez avançar e ajudar nos lançamentos, em outra boa atuação do argentino. Já mais atrás, Edson Álvarez também se impunha no jogo aéreo, além de marcar bem Jorginho. Mas... era o único. De resto, a inconstância da defesa dos Amsterdammers chamava a atenção. Joël Veltman e Daley Blind até controlavam o miolo de zaga contra Tammy Abraham, mas as laterais sofriam - principalmente a direita, na qual Sergiño Dest avançou tanto que demorava para voltar. Callum Hudson-Odoi poderia ter aproveitado isso, mas perdeu várias chances no primeiro tempo: aos 25', aos 27', aos 33'...

Contendo a bola contra Jorginho (esquerda) e Hudson-Odoi, Martínez ainda tentou ajudar o ataque. Mas um jogador defensivo foi insuficiente contra o Chelsea para o Ajax (Erwin Spek/Soccrates/Getty Images)

Não que o time da casa abdicasse de atacar na Johan Cruyff Arena. Tentava coisas vez por outra, mantinha o equilíbrio do jogo. No primeiro tempo, houve o chute de Veltman, aos 8'. Já na etapa complementar, aos 59', quase Álvarez teve premiada a boa atuação, ao cabecear no contrapé do goleiro Kepa - e na sequência, Blind tentou um chute, pego pelo arqueiro espanhol do Chelsea. Aí, vieram as mudanças de Frank Lampard que expuseram as fragilidades do Ajax. Se nem Mason Mount nem Willian conseguiam criar tantas jogadas que perturbassem a defesa, Christian Pulisic veio a campo. E se Abraham sucumbia à marcação, hora de por Michy Batshuayi no ataque.

Bastou. Por incrível que pareça, o Ajax seguiu sem muita força ofensiva - na única oportunidade em que havia espaço para chegar ao gol de Kepa, num contra-ataque com dois contra dois, Tadic perdeu a chance, aos 84'. Nem mesmo a entrada de David Neres ajudava muito. E a defesa da equipe dos Países Baixos passou a ter ainda mais dificuldades. Avançavam Marcos Alonso, Jorginho, Mount, Pulisic... todos com força física e rapidez suficientes para manterem a ameaça à meta de André Onana. E Batshuayi na área, à espera de uma chance. Na primeira, o belga incrivelmente perdeu, aos 73'. Na segunda, Pulisic cruzou, Alonso enganou a defesa Ajacied com um corta-luz, e Michy fez o gol do alívio para o Chelsea.

Depois, "porta arrombada", Klaas-Jan Huntelaar e Siem de Jong vieram a campo. Era tarde. E ficou claro que o Ajax está num momento de cansaço. Nada exagerado: o time segue com seis pontos no grupo H da Liga dos Campeões, tem plenas condições de se classificar às oitavas de final. Mas há fragilidades, talvez até por um previsível desgaste físico - alguns nomes já estão em campo desde julho. E no próximo domingo, vem aí o Feyenoord, no clássico pela 11ª rodada do Campeonato Holandês. O Ajax é favorito. Mas já tem algumas razões para se preocupar.

Liga dos Campeões - fase de grupos

Ajax 0x1 Chelsea

Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Data: 23 de outubro de 2019
Árbitro: Ovidiu Hategan (Romênia)
Gol: Michy Batshuayi, aos 86' 

Ajax
André Onana; Sergiño Dest, Joël Veltman (Klaas-Jan Huntelaar), Daley Blind e Nicolás Tagliafico; Edson Álvarez (Siem de Jong) e Lisandro Martínez; Hakim Ziyech, Donny van de Beek e Quincy Promes (David Neres); Dusan Tadic. Técnico: Erik ten Hag

Chelsea
Kepa Arrizabalaga; César Azpilicueta, Fikayo Tomori e Kurt Zouma; Marcos Alonso, Mateo Kovacic, Jorginho e Mason Mount; Willian (Christian Pulisic), Tammy Abraham (Michy Batshuayi) e Callum Hudson-Odoi (Reece James). Técnico: Frank Lampard

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Um jogo, um parágrafo, um vídeo: a 10ª rodada da Eredivisie

RKC Waalwijk 1x2 Ajax (sábado, 19 de outubro)

Mesmo lanterna da Eredivisie, o RKC Waalwijk é que começou assustando: aos 4', numa cobrança de falta, Clint Leemans mandou a bola no travessão. Só depois o Ajax começou a reagir - como aos 8', quando Dusan Tadic chutou, o goleiro Etienne Vaessen rebateu com o joelho, e depois agarrou o cabeceio de Quincy Promes. O primeiro tempo seguiu assim: Ajax com a bola, pressionando (com Hakim Ziyech, aos 28', e Donny van de Beek, aos 32'), mas parando num RKC que se defendia firmemente e até pressionava - como aos 39', quando Stanley Elbers completou triangulação para a defesa de André Onana. Já na etapa final, bastaram 46 segundos para o Ajax minorar a pressão: Tadic completou cruzamento de Sergiño Dest para fazer 1 a 0. E aparentemente, o time de Amsterdã deslanchara, tendo chances de gol. Mas um azar deu o empate ao RKC, aos 63': Dylan Vente tocou, a bola bateu no zagueiro Perr Schuurs e sobrou para Saïd Bakari tocar na saída de Onana e empatar. Só restou aos Ajacieden voltar a tentar - até Promes marcar o 2 a 1 do desafogo, aos 76', num forte chute. Mas seguiu a pressão: aos 87', Daley Blind salvou a bola na linha. A vitória do líder Ajax foi suada...



AZ 2x4 Heerenveen (sábado, 19 de outubro)

O AZ somente sofrera quatro gols, nas nove rodadas anteriores do campeonato. Pois notou com preocupação que seria diferente, logo aos sete minutos: Joey Veerman cobrou escanteio, e o zagueiro Sven Botman fez 1 a 0 para o Heerenveen. Mas se o Fean ferira com jogada aérea, com jogada aérea seria ferido: aos 31', Ron Vlaar foi quem subiu na área, para cabecear e empatar o jogo. Mas os visitantes da Frísia logo passariam à frente: aos 36', num belo chute, Rodney Kongolo fez 2 a 1. Não contente com isso, o Heerenveen ainda marcou o terceiro, nos acréscimos do 1º tempo: em outro escanteio, Jens Odgaard completou para o 3 a 1. O time de Alkmaar levara três gols em apenas 45 minutos, algo inesperado para um time que começara bem na defesa. Ainda tentou reagir no segundo tempo: num chute curto, aos 48', Calvin Stengs diminuiu para 3 a 2. Só que os Alkmaarders perderam força, e o Heerenveen garantiu sua terceira vitória seguida graças a um gol contra de Teun Koopmeiners, aos 68'.


Twente 0x1 Willem II (sábado, 19 de outubro)

O Twente pode até ter feito festa antes do jogo, celebrando o ex-treinador Kees Rijvers, 93 anos, que foi condecorado pelo clube de Enschede. Mas foi o Willem II que mandou quando a bola rolou. Tanto que, apenas depois de seis minutos, já estava 1 a 0 para os visitantes de Tilburg: Freek Heerkens cruzou, e Marios Vrousai cabeceou para as redes. Irreconhecíveis no ataque, os Tukkers só trouxeram perigo ao Willem II no fim da primeira etapa, com Javier Espinosa - e tiveram sorte, ao ver o goleiro Joël Drommel evitar o segundo gol, com boas defesas. No segundo tempo, o ritmo seguiu o mesmo: o Willem II dominou, o Twente foi inferior (e ainda atrapalhado pela lesão do atacante Aitor Cantalapiedra, aos 62'), e quase um gol contra ampliou a vantagem dos Tricolores (num escanteio, Calvin Verdonk tentou tirar e acertou a trave, aos 65'). O Willem II levou os três pontos e se manteve bem na tabela, enquanto o Twente amargou a terceira derrota seguida.



Utrecht 3x0 PSV (sábado, 19 de outubro)

Quando Steven Bergwijn chutou (fraco) para fora, da entrada da área, logo aos 2', parecia que o PSV dominaria os Utregs. Ficou na aparência: o Utrecht se fechou na defesa, evitando mais chances, e chegou pouco ao ataque - só aos 14', numa finalização de Sean Klaiber para fora, e aos 16', num voleio fraco de Mark van der Maarel, pego pelo goleiro Jeroen Zoet. No começo do segundo tempo, porém, a sorte ajudou no 1 a 0 do Utrecht, aos 49': Sander van de Streek chutou de fora, a bola desviou em Nick Viergever e tirou as chances de defesa que Zoet tinha. E o jogo se animou. Mas Viergever dificultou as coisas para o PSV: aos 68', após carrinho no tornozelo de Bart Ramselaar, o zagueiro levou o amarelo, mas o juiz Danny Makkelie reviu a jogada ao ouvir o VAR, e expulsou Viergever. Aos 74', novamente o VAR "auxiliou" o juiz numa expulsão: Jorrit Hendrix também fez falta, também levou o amarelo inicial, também acabou sendo expulso. E o Utrecht teve seu esforço coroado com os gols de Adam Maher (aos 82', num belo chute no ângulo) e Sean Klaiber (aos 90' + 4, em toque cruzado), vencendo o PSV pela primeira vez desde 2012. Péssima noite dos Boeren.



VVV-Venlo 0x4 Vitesse (sábado, 19 de outubro)

Até que o VVV-Venlo começou forte em sua casa: aos 8', John Yeboah perdeu grande chance, e aos 24', Danny Post completou escanteio só salvo pelo lateral esquerdo do Vitesse, Max Clark. Porém, em meados da etapa inicial, começou o show de eficiência do Vites. Aos 29', Bryan Linssen recebeu lançamento em profundidade de Armando Obispo, completou, 1 a 0. Aos 34', na segunda chance de Linssen e do Vitesse, o atacante completou cruzamento: 2 a 0. Mais, ainda? Claro: aos 43', Riechedly Bazoer acertou um chute bonito e fez 3 a 0, praticamente sacramentando a vitória dos visitantes de Arnhem. As minúsculas dúvidas que restassem foram finalizadas logo após o intervalo: aos 53', o goleiro Remko Pasveer cobrou um tiro de meta que virou "lançamento", dominado e completado por Nouha Dicko para o 4 a 0 dos visitantes. Vitória respeitável e marcante: afinal, ao chegar a 23 pontos, o Vitesse obteve a melhor pontuação de sua história no Campeonato Holandês, após dez rodadas, superando os 22 pontos de 2000/01. Nada mal. Dá para sonhar com mais?



Zwolle 3x1 ADO Den Haag (domingo, 20 de outubro)

Não era bem um "jogo dos desesperados", mas uma vitória ajudaria - tanto ao Zwolle, vindo de três derrotas seguidas, quanto ao Den Haag, vindo de quatro reveses. Pois os visitantes de Haia saíram na frente: aos 8', Dion Malone cruzou com precisão para Michiel Kramer completar e fazer 1 a 0. O Zwolle foi crescendo no decorrer da primeira etapa, e afinal empatou aos 38': Mustafa Saymak cruzou, e Iliass Bel Hassani cabeceou para o 1 a 1. Por incrível que possa parecer, nenhum dos dois times voltou bem para o segundo tempo, que passou longos minutos sem emoções. Até os 74', quando Reza Ghoochannejhad fez 2 a 1 e temeu: o juiz Serdar Gözübüyük chegou a anular o lance, alegando impedimento do iraniano e falta no goleiro Luuk Koopmans, mas ouviu o VAR, reviu a jogada e validou a virada dos Zwollenaren. Que garantiram de vez o alívio no penúltimo minuto, quando Pelle Clement fez 3 a 1.



Groningen 2x0 Sparta Rotterdam (domingo, 20 de outubro)

O primeiro tempo começou animador. De um lado, Halil Dervisoglu quase colocou o Sparta na frente aos dois minutos (o goleiro Sergio Padt pegou); do outro, no minuto seguinte, Ahmed El Messaoudi foi quem quase fez, num chute pego pelo arqueiro Tim Coremans. E... ficou nisso. Emoções de novo, só no segundo tempo. Aos 54', Adil Auassar foi derrubado por Deyovaisio Zeefuik, e o juiz Kevin Blom apitou pênalti para o Sparta, decisão mantida mesmo após conselho do VAR. Só que Bryan Smeets perdeu: sua cobrança foi defendida por Padt. As trocas de chances seguiram, até que o Groningen começou a se aproximar da vitória quando El Messaoudi mandou a bola na trave, aos 71'. No fim, o time da casa conseguiu os gols. Aos 85', Kaj Sierhuis fez 1 a 0. E aos 90', uma insensatez do goleiro Coremans prejudicou o Sparta: perturbado por Sierhuis quando reporia a bola em jogo, Coremans deu uma cabeçada no atacante. Foi expulso. O pênalti foi marcado, com o lateral Dirk Abels indo para o gol do Sparta (três alterações já feitas). E Charlison Benschop fez 2 a 0.



Emmen 2x1 Fortuna Sittard (domingo, 20 de outubro)

Duas semanas tinham se passado, mas o Fortuna Sittard parecia ter mantido o ânimo da vitória sobre o Feyenoord. Tanto que foi melhor no primeiro tempo, mesmo fora de casa - e abriu o placar em bonita jogada, aos 16': Martin Angha lançou, o atacante Bassala Sambou dominou, fintou o zagueiro e chutou para as redes. Aos 44', Sambou quase fez o segundo. Aí, no intervalo, uma mudança fez o Emmen reagir: o atacante Jafar Arias saiu do banco, fazendo Michael de Leeuw recuar para o meio-campo. Bastou: o time da casa cresceu, e aos 52', De Leeuw fez 1 a 1, marcando seu centésimo gol pela Eredivisie na carreira. As chances dos Emmenaren se avolumavam, mas não eram aproveitadas: Arias, De Leeuw, Glenn Bijl... mas Sergio Peña levou à virada merecida, aos 82', com um belo gol, em chute de longe, no ângulo do goleiro Alexei Koselev. Era a vitória que fez o Emmen abrir seis pontos de distância para a zona de repescagem/rebaixamento.



Feyenoord 1x1 Heracles Almelo (domingo, 20 de outubro)

Praticamente na primeira chance que teve, o Feyenoord fez 1 a 0: aos 14', Jens Toornstra aproveitou sobra de bola para acertar o ângulo direito do goleiro Janis Blaswich, com um tirambaço. O Heracles Almelo só trouxe algum perigo aos 33', quando Lennart Czyborra passou a Dabney dos Santos, que finalizou cruzado, para fora, rente à trave. De resto, as grandes chances do primeiro tempo foram do Feyenoord - principalmente aos 39', numa sequência de Luis Sinisterra (Blaswich impediu com os pés) e Steven Berghuis (chutou torto, na pequena área). Já no segundo tempo, o Heracles cresceu, graças ao espaço para contragolpes, puxados por Mauro Júnior. E partiu do brasileiro a jogada do empate, aos 63': ele passou a Orestis Kiomortzoglou, que driblou Marcos Senesi, ganhou dividida de Rick Karsdorp e chutou no contrapé de Kenneth Vermeer. O Feyenoord ainda reagiu no fim, e teve duas grandes chances. Uma aos 83', em grande jogada de Ridgeciano Haps, encerrada com um chute cruzado, tirado em cima da linha por Lennart Czyborra. Outra aos 90': Luciano Narsingh bateu, Blaswich rebateu, a bola voltou, Narsingh tentou, a defesa afastou. E o Stadionclub tropeçou de novo.

domingo, 13 de outubro de 2019

Mais três pontos

Wijnaldum (8) evitou que a Holanda sofresse mais contra Belarus. Mas a vitória veio novamente sem brilho (EPA)

De novo, nas Eliminatórias da Euro 2020, a seleção da Holanda encarou um adversário fechado - que trouxe algum perigo nos contra-ataques. De novo, a maior qualidade individual dos jogadores holandeses acabou trazendo a vitória - agora, de maneira um pouco mais tranquila do que na quinta-feira, contra a Irlanda do Norte. E de novo, o triunfo veio sem o bom nível técnico que esta geração pode oferecer em campo. Mas a eficiência traz algo importante: a Laranja está muito perto da volta a uma grande competição. Falta pouco.

Pareceu que faltaria mais quando a partida começou no Estádio Dínamo. E nem deveria, uma vez que Ronald Koeman enfim fez o que muito se pede: escalou um time bastante ofensivo. No meio-campo, Donny van de Beek enfim começava como titular, no lugar de Marten de Roon. E no ataque, sem o lesionado e cortado Memphis Depay, Donyell Malen ganhava uma oportunidade para dar sequência à boa fase que vive em campo. Sem contar Quincy Promes, mais "agudo" do que Ryan Babel - e, por isso, iniciando entre os titulares na esquerda.

Porém, o que se viu no início da partida em Minsk foi preocupantemente parecido com o que se viu em Roterdã, há três dias: um time tocando e tocando, sem o mínimo espaço para chegar à grande área de Belarus - afinal, a defesa bielorrussa evitava deixar espaços para os lançamentos em profundidade. Além do mais, os anfitriões tinham um perigo adicional: eram mais perigosos nos contra-ataques, graças à força física de Denis Laptev, o único atacante. E às falhas frequentes de Matthijs de Ligt: o zagueiro segue lento, perdendo bolas - perdeu duas, aos 24'. No escanteio surgido logo depois, aos 26', o próprio Laptev deu o primeiro grande susto, num chute na pequena área, à direita de Jasper Cillessen.

Para piorar, a Laranja não criava chances. As únicas coisas "próximas" disso foram um toque de Van de Beek que tentou encobrir o goleiro Alyaksandr Gutor, aos 20' - e Gutor também evitou finalização de Promes, aos 31'. Aí, Georginio Wijnaldum foi o responsável por tranquilizar rapidamente as coisas. Pelo gol de cabeça que fez aos 32', após cruzamento de Promes. E pelo belíssimo segundo gol que marcou, aos 41', num chute de fora da área, que rumou ao ângulo esquerdo de Gutor, indefensável.

De Ligt foi constantemente pressionado pelos bielorrussos na tentativa de um contra-ataque - e às vezes, falhou (AFP)

E aí, a Holanda relaxou. Tanto que, já aos dez segundos da etapa final, Igor Stasevich deu um chute perigoso, que passou perto do gol. Mesmo em vantagem, o time visitante seguia perdendo bolas no meio-campo, seguia dando espaço para os contragolpes, seguia oferecendo aos bielorrussos a chance de um gol. Chance enfim aproveitada, aos 54', quando Dzyanis Polyakov cruzou, De Ligt abandonou cedo demais a jogada, Virgil van Dijk demorou para subir, e Stanislav Dragun cabeceou para fazer o gol de Belarus.

O temor de um empate só não foi mais real porque os próprios mandantes perderam o ritmo. Dali por diante, só mais uma chance concreta de gol: Stasevich, aos 59', num chute após roubar a bola de Daley Blind. Depois, a Holanda voltou a controlar o jogo. Sem brilhar, apenas trocando passes, vendo a entrada de Luuk de Jong para tentar reter a bola no ataque, até conseguindo algumas oportunidades valiosas para o terceiro gol - oportunidades perdidas: por Malen, aos 79', e por Wijnaldum, no último minuto.

De todo modo, a Holanda conseguiu. Mais três pontos, liderança mantida no grupo C das Eliminatórias. E bastam mais três pontos para se garantir na Euro. A única necessidade é manter a competitividade alta.

Eliminatórias da Euro 2020
Belarus 1x2 Holanda
Local: Estádio Dínamo (Minsk)
Data: 13 de outubro de 2019
Árbitro: Tasos Sidiropoulos (Grécia)
Gols: Georginio Wijnaldum, aos 32' e aos 41'; Stanislav Dragun, aos 54'

Belarus
Alyaksandr Gutor; Aleh Veretilo, Alyaksandr Martynovich, Nikita Naumov e Dzyanis Polyakov; Yevgeny Yablonski; Yuri Kovalev (Maksym Skavysh), Stanislav Dragun, Igor Stasevich e Ivan Bakhar (Max Ebong); Denis Laptev (Yevgeny Shevchenko). Técnico: Mikhail Markhel

Holanda
Jasper Cillessen; Joël Veltman, Matthijs de Ligt, Virgil van Dijk e Daley Blind; Donny van de Beek (Marten de Roon), Georginio Wijnaldum e Frenkie de Jong; Steven Bergwijn (Ryan Babel), Donyell Malen e Quincy Promes (Luuk de Jong). Técnico: Ronald Koeman

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Mais sorte do que juízo

Luuk de Jong e o gol do alívio: Holanda escapou por muito pouco de uma decepção contra a Irlanda do Norte (BSR Agency)

Por um lado, é o que Memphis Depay disse após o fim do jogo em De Kuip: "Eu já disse: podemos nos recuperar, esta Laranja não desiste". De fato, de novo a seleção da Holanda foi valorosa e buscou uma vitória nos últimos momentos do jogo. Por outro lado, pelo que se viu em boa parte dos 90 minutos contra a Irlanda do Norte, em Roterdã, pelas Eliminatórias da Euro 2020, ainda está claro que a Oranje ainda tem sérias dificuldades de superar adversários que a deixam sem espaço em campo. Pior: ainda tem sérias dificuldades de se manter em alto nível durante toda uma partida. Só a capacidade individual fez com que chegasse a vitória que coloca os Países Baixos na rota da Euro.

A rigor, isso era até previsível. Nas entrevistas coletivas antes do jogo, o técnico Ronald Koeman já alertava que a Irlanda do Norte era "valente", uma "máquina de lutar". Aliás, o esforço gigante na defesa, no fechamento de espaços para os adversários, é um dos fatores que justifica o bom momento da seleção (vinda de uma participação na Euro 2016, esteve na repescagem das Eliminatórias da Copa de 2018). E foi justamente isso que se viu no primeiro tempo em De Kuip. Tentar o ataque, os norte-irlandeses não tentaram: apenas pressionavam a defesa holandesa, em busca de um erro. Então, Matthijs de Ligt tinha de tocar para Virgil van Dijk, que recuava para o goleiro Jasper Cillessen, que tentava o chutão para o ataque.

A Holanda tentava pelo alto, por baixo, mas a Irlanda do Norte sempre estava atenta na defesa (BSR Agency)
Acabavam-se aí as chances da Holanda conseguir algo, pelo menos durante o primeiro tempo. Porque os quatro defensores - e os cinco meio-campistas postados e compactados em frente à grande área - deixavam a Laranja sem espaços. Para piorar, Denzel Dumfries tinha dia ruim na lateral direita. Até houve uma "quase-chance" para os donos da casa em Roterdã: aos 27', numa jogada que teve chutes de Georginio Wijnaldum (a bola bateu em Stuart Dallas) e Daley Blind (bateu para fora). Ryan Babel e Memphis Depay até pegavam a bola em busca do chute. Mas arremate a gol, que fizesse trabalhar tanto Cillessen quanto Bailey Peacock-Farrell, o arqueiro da Irlanda do Norte, nada. Nem de um lado, nem do outro.

Para os visitantes, tudo bem: era um ponto valioso, que os mantinha na liderança do grupo C. Já para a Holanda, era muito ruim: freava o otimismo em torno desta geração, decepcionava a torcida, trazia de volta o perigo de precisar encarar a repescagem por uma vaga na Euro. Aos poucos, os espaços até apareceram. Assim como as chances: um chute de Wijnaldum após troca de passes de Ryan Babel e Steven Bergwijn aos 50', um desvio providencial de George Saville antes que Dumfries chegasse para cabecear, aos 53', um toque de Memphis Depay que Jonny Evans afastou na pequena área, aos 72'. A esta altura, já estavam em campo dois nomes que tornavam a Holanda um pouco mais dinâmica: Donny van de Beek, no meio, e Donyell Malen, no ataque.

O gol de Magennis poderia ter sido um tremendo prêmio para o esforço norte-irlandês. Faltou aguentar no fim... (Simon Stacpoole/Offside/Offside via Getty Images)

Justamente quando eles entraram, também veio para a Irlanda do Norte um atacante: Josh Magennis, substituindo Kyle Lafferty no ataque. Magennis seria o único norte-irlandês na frente, à espera de uma chance que pudesse aproveitar. E ela apareceu: aos 75', quando uma bola cruzada foi mal rebatida tanto por De Ligt quanto por Daley Blind. Dallas pegou na direita da grande área, quase sem ângulo. Mas passou por Blind, cruzou, e Magennis estava no meio da pequena área, livre, para cabecear e fazer 1 a 0. Parecia o gol de uma vitória gigante da Irlanda do Norte - e o gol que preconizava um imenso vexame da seleção masculina holandesa, sem perder em De Kuip desde 2000, sem empatar desde 2007. Tudo pela incompetência em escapar da marcação norte-irlandesa.

O desespero fez a Holanda se mexer. No "abafa" puro e simples, como ficou claro pela entrada de Luuk de Jong, no lugar de Dumfries. Cansada, a Irlanda do Norte tinha os espaços abertos. Num deles, Memphis Depay recebeu a bola de Bergwijn na área e tocou cruzado, de bico, para empatar, aos 80'. Foi a senha para a pressão quase irrespirável da Holanda nos minutos finais. Parecia que não daria certo - aos 85', livre na área após cruzamento de Memphis, Malen cabeceou para fora. Mas a insistência, ainda que desorganizada, teve sucesso nos acréscimos, com o gol de Luuk de Jong aos 90' + 1, aproveitando bola solta, e o de Depay, dois minutos depois, resolvendo de vez a vitória aliviante.

Por linhas tortas, de modo torturante, a Holanda conseguiu ficar perto da Euro 2020, líder do grupo C que é agora (12 pontos, como Irlanda do Norte e Alemanha, mas superior no confronto direto com os alemães, vice-líderes). Vencer Belarus fora de casa, no domingo, deixará a classificação por um ponto. Mas o cenário positivo só chegou porque, de novo, a Laranja teve mais sorte do que juízo.

Eliminatórias da Euro 2020
Holanda 3x1 Irlanda do Norte
Local: De Kuip (Roterdã)
Data: 10 de outubro de 2019
Árbitro: Benoît Bastien (França)
Gols: Josh Magennis, aos 75', Memphis Depay, aos 80' e aos 90' + 4, e Luuk de Jong, aos 90' + 1

Holanda
Jasper Cillessen; Denzel Dumfries (Luuk de Jong), Matthijs de Ligt, Virgil van Dijk e Daley Blind; Marten de Roon (Donny van de Beek), Georginio Wijnaldum e Frenkie de Jong; Steven Bergwijn, Memphis Depay e Ryan Babel (Donyell Malen). Técnico: Ronald Koeman

Irlanda do Norte
Bailey Peacock-Farrell; Michael Smith, Craig Cathcart, Jonny Evans e Shane Ferguson; Paddy McNair, Corry Evans (Tom Flanagan), Steven Davis, George Saville (Jordan Thompson) e Stuart Dallas; Kyle Lafferty (Josh Magennis). Técnico: Michael O'Neill

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Para afastar os medos

Sorrisos e tranquilidade: a seleção da Holanda segue assim. Mas tem dois jogos em que a vitória é fundamental. Até para manter isso (BSR Agency)
Está certo, a pessoa que lê os escritos neste blog já sabe que a seleção masculina da Holanda voltou a ser minimamente respeitada, que há talentos inegáveis na Laranja, que a vitória contra a Alemanha na rodada passada das Eliminatórias da Euro 2020 foi mais uma prova de força, que houve o vice-campeonato na Liga das Nações (é pouca coisa, mas é alguma coisa)... mas ainda não dá para dizer, com certeza e segurança totais, que "a Holanda voltou" - coisa já escrita aqui, precipitadamente. Isso só poderá ser dito sem contestação quando a Oranje retornar a um grande torneio. E a vaga na Euro ficará mais próxima caso ela vença seus jogos pela qualificação, nestas datas FIFA, contra Irlanda do Norte (nesta quinta, em Roterdã) e Belarus (no próximo domingo, em Minsk).

Para sorte da seleção dos homens dos Países Baixos, segue tudo bem nela. A base dos 23 convocados traz os nomes habituais, Ronald Koeman faz um razoável trabalho como técnico, todos os jogadores estão em forma para as partidas contra norte-irlandeses e bielorrussos. Mais importante de tudo, talvez: a confiança está em alta. Tão em alta que Koeman já apregoou, na entrevista coletiva da segunda-feira passada: as próximas convocações podem trazer algumas novidades, como esta já trouxe, com um atacante a mais. "Talvez possamos mudar mais jogadores entre uma partida e outra, o que fizemos menos nos últimos tempos. Acho que temos uma seleção comparável às de muitos outros países. Em especial, com a dos melhores países. Isso também ocorre pelo fato de termos muitos nomes na frente, que se desenvolvem, que conseguem mais criatividade e velocidade no jogo deles, tornando [o time] mais perigoso com isso". 

Koeman também antecipou que os nomes em destaque simultâneo podem até entrar em convocações futuras: "Geralmente trabalhamos com um grupo fixo. Mas se alguém embalar, estar imparável, eu também abrirei caminho para ele". Foi o que aconteceu com Donyell Malen: nome que ajudou demais na vitória sobre a Alemanha, o atacante do PSV e goleador atual do Campeonato Holandês foi convocado de novo. Pode ser o que acontecerá com nomes como Sergiño Dest, lateral direito que vem se destacando no Ajax, e que ganhava espaço nas seleções dos Estados Unidos... até uma reunião que o treinador da seleção holandesa mencionou: "Eu e Nico-Jan Hoogma [diretor técnico da federação] conversamos com ele. Não prometi nada, mas comuniquei, da minha maneira, que vejo futuro para ele dentro da seleção da Holanda". Outro desses é Mohamed Ihattaren, meio-campista que vem crescendo no PSV. Além dos nomes da seleção sub-21: Justin Kluivert - que pediu convocação -, Calvin Stengs, Myron Boadu...

Ronald Koeman já sabe o time que deseja escalar. Confia nele. Mas pede cuidado (Pro Shots)
Um outro nome holandês que vem se destacando provém uma das raras contestações ao trabalho de Koeman: Wout Weghorst. Alguns perguntaram: por que o atacante, em bom momento no ataque do Wolfsburg, segue de fora das convocações? Enfim, o treinador justificou. Com poucas palavras: "Se eu preciso forçar mais no ataque, acho Luuk [de Jong] melhor nisso do que Weghorst". Logo depois, amenizou: "Mas é verdade que ele [Weghorst] está bem, marcando muitos gols, não posso ignorar. Precisa continuar fazendo isso, e também mostrar que melhorou como um todo, não se preocupando só com os gols".

É a única contestação que perturba um pouco o time titular. Jasper Cillessen ainda é contestado no gol, após algumas falhas no Valencia? Koeman dá de ombros: "Se eu for reagir a cada crítica dos comentaristas de televisão, melhor parar". Matthijs de Ligt ainda está inconstante demais na Juventus? O próprio tenta acalmar as desconfianças: "Já posso dizer que estou mais acostumado [em relação às primeiras partidas], mas ainda posso melhorar. Você anda na corda bamba, vá bem ou vá mal. Infelizmente, é a vida de um zagueiro. Tento aprender com meus erros".

De todo modo, a Holanda está bem. Confiante, como o próprio Koeman pediu que seja para os jogos: "No geral, precisamos mostrar nossa superioridade e pressioná-los". Tão confiante que o técnico sempre tenta colocar um alerta - principalmente para o jogo desta quinta em De Kuip, contra a Irlanda do Norte, que ainda sonha com uma das vagas diretas à Euro. Primeiro, o técnico alertou que os norte-irlandeses são "uma máquina de lutar", em razão do conhecido esforço do adversário em campo. Depois, repreendendo algumas desatenções nos treinos em Zeist: "Eu vi alguns momentos em que as coisas não foram boas. Por uma preparação curta, por cansaço. Sim, talvez por presunção também". E deixando claro que, se a Holanda é favorita, precisará entrar com todo o gás para justificar isso: "Demos aos jogadores toda a informação possível sobre o jogo. Mas eles precisam estar atentos".

Se estiverem, o caminho estará andado para superar Irlanda do Norte e Belarus. E para entrar de vez na rota da classificação da Euro 2020, afastando os medos - pequenos, mas ainda existentes - de que uma crise possa voltar à seleção masculina holandesa.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Um jogo, um parágrafo, um vídeo: a 9ª rodada da Eredivisie

Groningen 3x0 RKC Waalwijk (sexta-feira, 4 de outubro)

No começo do jogo, o RKC Waalwijk ainda teve algumas esperanças de enfim vencer no campeonato: Stanley Elbers, aos 12', e Dylan Vente, aos 14', quase deixaram os Católicos na frente. Só que a esperança começou a virar pó aos 21': Ajdin Hrustic cobrou falta, e o zagueiro Mike te Wierik colocou o Groningen na frente, de cabeça. Aos 38', a vantagem foi ampliada: após jogada do lateral direito Deyovaisio Zeefuik, Charlison Benschop fez 2 a 0. Dali por diante, o RKC só voltou a dar sinal de vida aos 63', num chute de Clint Leemans. Mas o time da casa logo restabeleceu a verdade do que se viu em campo: aos 78', Gabriel Gudmundsson definiu o placar. O time de Waalwijk segue com uma campanha altamente preocupante: em nove jogos, só um ponto - desde 2010/11 um lanterna da Eredivisie não começava tão mal a liga.



Heracles Almelo 2x0 Emmen (sábado, 5 de outubro)

No começo do jogo, Cyriel Dessers já poderia ter aberto o placar para o Heracles: aos 3', ficou frente a frente com o goleiro Dennis Telgenkamp, mas este evitou o gol ao tirar a bola com um carrinho. Depois, aos 22', quase Joey Konings abriu o placar para os mandantes. O 1 a 0 demorou, mas enfim chegou aos 31', também com Dessers: Silvester van der Water cruzou, e o atacante belga ficou livre com um escorregão do zagueiro Keziah Veendorp, completando para as redes. O Emmen só teve leve chance de empatar aos 43', mas o lateral Glenn Bijl chutou para fora. E os Heraclieden seguiram dominando na etapa complementar. Domínio que ficou claro com o segundo gol, aos 59': Lennart Czyborra cruzou, e Veendorp cometeu gol contra ao escorar à sua própria meta. O time de Almelo teve chances de ampliar, e começa a se recuperar de um começo irregular: já ocupa o 7º lugar na liga.



Sparta Rotterdam 2x1 Twente (sábado, 5 de outubro)

Eram dois clubes vindos da segunda divisão, que tiveram bom começo nesta Eredivisie. Mas no primeiro tempo, só o Sparta mostrou ataque digno da fama em Het Kasteel: fez o goleiro Joël Drommel, do Twente, trabalhar muito - por exemplo, em cabeceios de Jurgen Mattheij (aos 10') e Ragnar Ache (aos 35'). Os Spartanen tiveram a compensação merecida logo após o intervalo: aos 48', Mohamed Rayhi passou de primeira para Halil Dervisoglu fazer 1 a 0 - gol na quarta rodada seguida para Halil. Mas não houve muito tempo para comemorar: já aos 51', após uma bola cruzada bater nele, Calvin Verdonk aproveitou e empatou para o Twente. E o jogo esquentou, com chances da casa (Lars Veldwijk, aos 75') e fora (Emil Berggreen, aos 73'). Na reta final, dois momentos decisivos: aos 84', após rever falta a pedido do VAR, o juiz Jeroen Manschot deu cartão vermelho ao lateral Julio Pleguezuelo. E aos 88', num belíssimo chute, Bryan Smeets fez o gol(aço) da vitória do Sparta.



Vitesse 2x1 Utrecht (sábado, 5 de outubro)

A partida em Arnhem era importantíssima - para o Vites, vencer seria se manter perto dos líderes; para os Utregs, chegar definitivamente às primeiras posições. E os visitantes começaram avançando. Só que Oussama Tannane, do Vitesse, seria o protagonista da primeira etapa. Para o bem: aos 9', Tannane cobrou escanteio, e Max Clark cabeceou para fazer o 1 a 0 dos anfitriões. E para o mal: aos 33', o meia/atacante torceu o joelho numa dividida, e teve de ser substituído. O Vitesse sentiu, e o Utrecht aproveitou: aos 38', num forte chute de fora da área, Adam Maher empatou o jogo. Os visitantes terminaram o 1º tempo melhores (quase viraram com Sander van de Streek), e começaram o 2º tempo também assim. Mas o Vitesse foi à frente a partir dos 65', num cabeceio perigoso de Bryan Linssen. E uma infelicidade do goleiro Maarten Paes, do Utrecht, deu o gol da vitória que manteve o time aurinegro de Arnhem perto dos líderes: aos 68', Clark chutou, Tim Matavz desviou, e Paes ficou "com as penas do frango" na mão - a bola passou por baixo das pernas. Faz parte do jogo...



Heerenveen 1x0 Zwolle (sábado, 5 de outubro)

Até que o Zwolle conseguiu equilibrar as coisas no começo do jogo contra o Heerenveen. Mas perdeu um jogador importante aos 33', quando o volante Gustavo Hamer se lesionou, precisando dar lugar ao estreante Destan Bajselmani. O Fean foi melhorando, e teve o prêmio no último lance do primeiro tempo: aos 45', Mitchell van Bergen tabelou com Jens Odgaard, saiu na cara do goleiro Xavier Mous e fez 1 a 0 para os mandantes. Que poderiam até ter ampliado no segundo tempo: Odgaard finalizou na trave aos 64', o zagueiro Darryl Lachman quase cometeu gol contra aos 78', o zagueiro Ibrahim Dresevic quase marcou a favor aos 81' (cabeceio por cima do gol). Mas os anfitriões mantiveram a vantagem, e tiveram o que comemorar. Após cinco meses, uma vitória em casa pelo Campeonato Holandês; e segunda vitória seguida nesta temporada de Eredivisie.



ADO Den Haag 0x2 Ajax (domingo, 6 de outubro)

Houve algumas tentativas do ADO Den Haag: logo no primeiro minuto em Haia, por exemplo, um cruzamento rasteiro fez a bola passar reto por Michiel Kramer na pequena área. Mas na primeira chance de gol que o Ajax teve, aos 10', já fez 1 a 0 - Ziyech veio com a bola até a entrada da área, e tocou para Klaas-Jan Huntelaar completar, na saída do goleiro Luuk Koopmans. Por falar nele, Koopmans fez algumas grandes defesas: a melhor delas, aos 36', quando o lateral Milan van Ewijk errou, Quincy Promes veio livre e passou a Ziyech, que chutou para o arqueiro do Den Haag desviar e evitar o gol. Mas se a primeira etapa ainda teve equilíbrio (incluindo chance de Kramer empatar, aos 27'), o segundo tempo foi bastante... chato. O Ajax apenas fazia o tempo passar; o Den Haag até buscava o empate - chegou perto num chute de Bilal Ould-Chikh, aos 81', para fora -, mas tinha pouca qualidade para tanto. Até que, aos 86', num contra-ataque, Donny van de Beek trouxe a bola até as redondezas da grande área, deixou-a com Ziyech, e este colocou David Neres na cara do gol, para o brasileiro fazer 2 a 0. Um triunfo burocrático. Mas o Ajax lidera, pelo maior saldo de gols.



Fortuna Sittard 4x2 Feyenoord (domingo, 6 de outubro)

O Fortuna Sittard já teve o sinal de que seria seu dia com 1min39s de jogo: Bassala Sambou cruzou, e Felix Passlack ajeitou de calcanhar para Amadou Ciss, sozinho, fazer 1 a 0 no Feyenoord. O golpe foi forte, e o Stadionclub só reagiu aos 13': Steven Berghuis cobrou escanteio, e Eric Botteghin completou de voleio, com o goleiro Alexei Koselev evitando o gol. Aos 18', Sam Larsson chutou, perto do gol. Finalmente, aos 27', o empate: Ridgeciano Haps arriscou de fora, a bola desviou no zagueiro Cian Harries e tirou as chances de defesa de Koselev. Aí o Fortuna se valeu do péssimo dia da defesa Feyenoorder. Ainda no 1º tempo, aos 34', Passlack teve liberdade para cruzar da direita; Ciss, para cabecear e marcar o (seu) segundo. Aos 43', após falta, a bola ficou com os auriverdes, e Harries ampliou: 3 a 1. E com apenas alguns segundos de etapa final, a bola foi cruzada para Sambou, também sozinho, cabecear para o 4 a 1 do Fortuna. O Feyenoord se recompôs com o segundo gol - Berghuis, aos 66', aproveitando rebote. Quase marcou aos 81', quando Luis Sinisterra cabeceou na trave. Mas o Fortuna Sittard comemorou a primeira vitória na Eredivisie. E que vitória...



PSV 4x1 VVV-Venlo (domingo, 6 de outubro)

O VVV-Venlo até assustou no comeo: aos 8', Tobias Pachonik cruzou para a área, Haji Wright completou, e o goleiro Robbin Ruiter (substituto do lesionado Jeroen Zoet) rebateu. Mas o PSV logo ficou com a posse de bola - 80% no primeiro tempo! -, e começou a criar chances. Aos 17', após tabelar com Donyell Malen, Michal Sadílek bateu, e o arqueiro Thorsten Kirschbaum espalmou. E aos 34', houve uma sequência de chances: primeiro Ritsu Doan, depois Esteban Gutiérrez. Na etapa complementar, os Boeren continuaram pressionando. Até que, aos 61', num contra-ataque, veio o alívio: Denzel Dumfries lançou, Steven Bergwijn dominou a bola na área, driblou duas vezes o zagueiro Steffen Schäfer, tocou cruzado para o 1 a 0 (e homenageou Mohamed Ihattaren, ausente pela morte do pai). Aos 65', Bergwijn "retribuiu": cruzou para Dumfries fazer o segundo, de cabeça. E aos 70', veio o esperado gol de Malen, completando passe de Cody Gakpo para marcar seu nono gol nesta Eredivisie. O VVV até conseguiu seu gol, num bonito voleio de Pachonik, aos 73'. Mas a ampla superioridade dos mandantes de Eindhoven foi confirmada aos 86': Gakpo passou, Malen chutou, gol.



Willem II 1x1 AZ (domingo, 6 de outubro)

O AZ começou melhor fora de casa, terceiro colocado da Eredivisie que é. Teve uma boa chance com Dani de Wit, aos 17'. E logo fez 1 a 0 aos 22': Dries Saddiki derrubou Myron Boadu na área, o juiz marcou o pênalti, e Teun Koopmeiners cobrou com a precisão habitual. Parecia que tudo daria certo para os visitantes de Alkmaar. Só que o Willem II mostrou que não seria bem assim: aos 31', Marios Vrousai lançou em profundidade, e Mats Köhlert finalizou para fazer 1 a 1, vazando a meta do goleiro Marco Bizot após 388 minutos. E os Tricolores pressionaram ainda mais em busca da virada, no segundo tempo: o atacante Mike Trésor Ndayishimiye saiu do banco para o jogo, e a meta de Bizot foi pressionada. Foi bola na trave do próprio Ndayishimiye (63'), era chute de Vangelis Pavlidis bloqueado (64')... e finalmente, aos 86', Owen Wijndal cometeu pênalti. Era a hora da virada dos Tilburgers. Mas Pavlidis perdeu o pênalti. E o AZ se salvou, embora tenha ficado um pouco mais longe de PSV e Ajax - e tenha perdido Boadu, expulso por um empurrão nos acréscimos.

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Maturidade

Van de Beek retrata o alívio do Ajax: o time de Amsterdã mostrou que também vence bem "sabendo sofrer" (Twitter)

O estereótipo - geralmente baseado em fatos repetidos com certa frequência - diz que o Ajax só sabe jogar ofensivamente. Que só sabe e gosta de vencer de uma maneira: impondo seu estilo sobre o do adversário, trocando passes, pressionando a marcação adversária desde o começo. Pois bem: nesta quarta-feira, o time de Amsterdã deu saudável prova de maturidade, neste sentido. Porque nem precisou dominar o Valencia, em pleno Mestalla. Sofreu até demais. E ainda assim, foi eficiente para chegar ao 3 a 0 que o deixa em boa situação para os jogos contra o Chelsea, em Amsterdã e Londres, que decidirão seu destino na Liga dos Campeões.

A rigor, até que demorou para o Ajax sofrer na cidade de Valência. Porque qualquer pressão que o time da casa pudesse exercer foi resfriada pelo tremendo gol de Hakim Ziyech, outra vez mostrando sua grande habilidade: só ela permitiu que o marroquino chutasse de longe, acertando o ângulo direito para fazer 1 a 0 já aos oito minutos de jogo - com falha de posicionamento do adiantado Jasper Cillessen, é verdade.

Todavia, após o impacto do gol, o Valencia se recompôs. E começou a melhorar. Principalmente pelas laterais: tanto Sergiño Dest quanto Nicolás Tagliafico deram muito espaço. Sem os recuos de Ziyech e Quincy Promes para ajudar, os Ches começaram a trazer perigo pelos lados, com Gonçalo Guedes, Ferrán Torres e Rodrigo Moreno. Volta e meia, o Valencia tinha mais gente nos contragolpes, passando com facilidade por Lisandro Martínez e Edson Álvarez. Forçados a trabalhar, os defensores do Ajax começavam a levar cartões amarelos - como Joël Veltman. E veio a chance que poderia virar o jogo, quando Álvarez cometeu pênalti sobre Jaume Costa, aos 23'.

Só que ela não virou o jogo, porque Dani Parejo cobrou pessimamente, mandando a bola muito acima do gol de André Onana. Ainda assim, o Valencia seguiu tentando. Quase fez com Maxi Gómez, aos 33'. Porém, Onana novamente apareceu com destaque. E na chance seguinte, o Ajax mostrou seu lado eficiente, pouco visto nos últimos tempos: praticamente na segunda vez que teve a bola no ataque, o time de Amsterdã fez 2 a 0 - de Dusan Tadic para Donny van de Beek, deste para Promes, de Promes para o gol. O espaço dado pelo miolo de zaga do Valencia era aproveitado da melhor maneira possível para os Ajacieden.

Ferrán Torres (à direita) foi quem mais trouxe perigo, vindo do Valencia - que até fez por merecer melhor sorte (AFP)
Só que o time visitante sabia, por causa de uma lição duramente aprendida nas semifinais da Liga dos Campeões passada, que uma vantagem de dois gols nada significava. O Valencia continuava melhor, com mais posse de bola, rondando mais a área de ataque. Terminou assim o primeiro tempo, com bola na trave de Rodrigo Moreno aos 38', e começou assim o segundo. A bem da verdade, só não empatou nos primeiros minutos da etapa complementar porque Onana fez duas defesas incríveis em sequência - aos 47', num bate-pronto de Ferrán Torres, e aos 49', num cruzamento em que a bola bateu em Rodrigo, resvalou em Daley Blind e forçou o goleiro camaronês a se esticar todo.

Chances para o Ajax, nisso tudo? Só um chute de Ziyech (mais um!) na trave, aos 42'. Se quisesse manter sua vantagem inalterada, era bom que o time holandês tentasse manter a bola no ataque, segurasse mais a jogada. Foi o que aconteceu, com o decorrer do segundo tempo. Van de Beek, Promes, Ziyech e Tadic começaram a controlar o jogo. As jogadas começaram a sair. E veio, enfim, o terceiro gol tranquilizador, aos 67', em uma parceria já vista algumas vezes: Tadic deixou Van de Beek livre, o camisa 6 completou, gol.

Aí, sim, o Ajax pôde se dar ao luxo do preciosismo que às vezes mostra - foi assim logo após o 3 a 0, quando Van de Beek perdeu boa chance do quarto gol, aos 70'. Tudo bem: a vitória já estava praticamente garantida, deixando a equipe de Amsterdã na liderança do grupo H da Liga dos Campeões, com seis pontos. Se a vitória contra o Lille mostrara o Ajax ofensivo de sempre, nesta quarta a equipe deixou uma saudável impressão: aprendeu a também vencer só com eficiência, sem brilho. Numa só palavra: mostrou maturidade. Ela valerá contra o Chelsea.

Liga dos Campeões - fase de grupos

Valencia 0x3 Ajax

Local: Mestalla (Valência)
Data: 2 de outubro de 2019
Árbitro: Daniele Orsato (Itália)
Gols: Hakim Ziyech, aos 8', Quincy Promes, aos 34', e Donny van de Beek, aos 67'

Valencia
Jasper Cillessen; Daniel Wass, Ezequiel Garay, Gabriel Paulista e Jaume Costa; Francis Coquelin (Thierry Correia), Dani Parejo, Ferrán Torres (Denis Cheryshev) e Gonçalo Guedes; Rodrigo Moreno e Maxi Gómez (Lee Kang-in). Técnico: Albert Celades

Ajax
André Onana; Sergiño Dest, Joël Veltman, Daley Blind e Nicolás Tagliafico; Edson Álvarez e Lisandro Martínez; Quincy Promes (David Neres), Donny van de Beek (Siem de Jong) e Hakim Ziyech (Klaas-Jan Huntelaar); Dusan Tadic. Técnico: Erik ten Hag