segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

810 minuten: como foi a 20ª rodada da Eredivisie

O Sparta começou na frente, e esperava, enfim, uma vitória. O Heerenveen se esforçou, e Dumfries frustrou de vez o antigo clube (Pro Shots)
Heerenveen 2x1 Sparta Rotterdam (sexta-feira, 26 de janeiro)

Com sete derrotas seguidas, o lanterna Sparta Rotterdam precisava (e precisa) se agarrar a qualquer resto de otimismo. Contra o Heerenveen, esse resto surgiu já aos três minutos de jogo: escanteio cobrado, Fred Friday desviou e o zagueiro Julian Chabot completou para o 1 a 0 dos visitantes de Roterdã. Mais: aos 5', um chute de Craig Goodwin mandou a bola sinuosamente, e o goleiro Martin Hansen teve de espalmar para fora, após rebote confuso. Parecia o dia dos Spartanen. Porém, aos 15', Reza Ghoochannejhad foi o algoz: novamente titular do Heerenveen, o atacante iraniano aproveitou a chance, empatando o jogo ao completar um contra-ataque. 

A partir do 1 a 1, o jogo ficou equilibrado, com chances de parte a parte - a maior delas, aos 31', numa bicicleta de Yuki Kobayashi que passou muito perto da meta. Após o intervalo, o ritmo da partida diminuiu. Contudo, a primeira chance real para um gol no segundo tempo... foi, efetivamente, gol: aos 65', Denzel Dumfries aproveitou o espaço, avançou pela lateral direita e preferiu chutar ao invés de cruzar. Deu certo: a bola foi forte para o ângulo do goleiro Leonard Nienhuis. E o Heerenveen celebrou uma vitória também necessária (nas últimas oito partidas, apenas dois triunfos), e o Sparta amargou outra derrota. Com gol sofrido de um jogador que estava no clube até a temporada passada...

Jogadores do Heracles celebram o gol de empate. E o tento mereceu: Robin Pröpper fez o mais bonito da rodada (ANP/Pro Shots)
Groningen 3x3 Heracles Almelo (sábado, 27 de janeiro)

No estádio Noordlease, os gols demoraram pouco entre um e outro, após um começo de poucas chances. Aos 28', o Groningen abriu o placar: Mimoun Mahi cruzou, um zagueiro rebateu de cabeça, a bola subiu, e Jesper Drost - novamente de cabeça - escorou para Tom van Weert completar e fazer 1 a 0. Mas a desvantagem do Heracles durou pouco: aos 34', numa perfeita cobrança de falta, Jamiro fez 1 a 1. Aí, apareceu novamente Mahi: ainda antes do intervalo, o marroquino participou das jogadas dos dois gols dos Groningers. Aos 43', chutou de longe, o goleiro Bram Castro rebateu, e à queima-roupa, Drost mandou para as redes. Mais dois minutos, e já veio o terceiro: Mahi veio da direita para o meio, e seu chute colocado mandou a esférica para o filó de Castro. Com a desvantagem, já no intervalo, o técnico John Stegeman fortaleceu o ataque dos visitantes de Almelo, colocando dois avantes (Paul Gladon e Brandley Kuwas).

Claro, houve mais vulnerabilidade a princípio - como aos 55', quando Django Warmerdam cruzou da esquerda, e o desvio de Mahi saiu rente à trave, quase fazendo o quarto do Groningen. Mas as mudanças acabaram compensando. Aos 63', após jogada individual, Brandley Kuwas cruzou a bola para Vincent Vermeij, que tocou para as redes e fez o segundo dos Heraclieden. Aí, sim, a pressão pelo empate cresceu. E aos 78', resultou num gol. E que gol: da direita, Robin Pröpper mandou a bola alta (cruzando ou chutando?). Adiantado demais, o goleiro Sergio Padt apenas a viu encobri-lo e parar nas redes, confirmando o 3 a 3 - e o gol mais bonito da rodada. O Heracles não vence em Groningen há seis anos, mas o empate teve certo gosto de vitória.

O Vitesse festeja: aguentou a pressão do Zwolle e venceu fora de casa (ANP/Pro Shots)
Zwolle 1x2 Vitesse (sábado, 27 de janeiro)

Mesmo jogando em casa, o Zwolle nem parecia o time valente que normalmente é nesta temporada: desde o começo, o Vitesse foi superior. Já poderia ter aberto o placar aos 4', quando um chute de Mason Mount foi espalmado pelo goleiro Diederik Boer. A chance foi ainda mais concreta aos 21': um passe de Tim Matavz deixou Mount cara a cara com Boer, mas o veterano goleiro teve paciência, esperou e defendeu o arremate do meio-campo inglês. Finalmente, aos 29', Bryan Linssen colocou o Vites na frente - e o 1 a 0 foi bonito, com o atacante girando para cima de Ruben Ligeon e batendo colocado. A saída de Ligeon (lesionado, deu lugar a Nicolás Freire aos 40') deu a impressão de que os anfitriões estavam ainda mais enfraquecidos.

Nada mais longe da verdade, como se viu no segundo tempo. Os Zwollenaren voltaram pressionando, e conseguiram o empate aos 58': Younes Namli arriscou de longe, da direita, e mandou a esférica no ângulo esquerdo do goleiro Remko Pasveer. Aí o jogo ficou animado: Mustafa Saymak quase virando o placar de calcanhar, aos 63', e o Vitesse suportou muita pressão. Até que saiu dela em grande estilo: aos 75', Mount fez o gol merecido, colocando o time de Arnhem na frente em excelente cobrança de falta. Restou aos mandantes buscar de novo o empate, e eles buscaram - quase conseguindo numa bicicleta de Stef Nijland, aos 87' (bola na trave), e numa falta de Philippe Sandler, aos 90'. Mas o Vitesse saiu com os três pontos de uma partida animada.

PSV fez 1 a 0 no começo do jogo, aguentou a pressão do Twente... até que nos acréscimos, Arias (esquerda) fez o 2 a 0: eficiência do líder impressiona (psv.nl)
Twente 0x2 PSV (sábado, 27 de janeiro)

O primeiro ataque do PSV foi logo aos quatro minutos do primeiro tempo. E foi eficiente como sempre: Hirving Lozano passou a bola a Jorrit Hendrix, o volante inverteu o jogo com Steven Bergwijn, e o atacante cruzou da esquerda. A bola passou por todos na área, até Lozano cabecear levemente para as redes, fazendo 1 a 0. Os Boeren conseguiam um gol precoce, que os ajudaria a jogar como têm gostado: no contra-ataque. Assim quase conseguiram o segundo aos 11', quando Santiago Arias cruzou e Luuk de Jong chegou segundos atrasado. Ou aos 13', quando Joshua Brenet apareceu pela esquerda, mandou a bola na primeira trave, e ali Luuk de Jong cabeceou para a defesa do goleiro Joël Drommel. E os Eindhovenaren iam tocando para manter a posse de bola.

Chances, mesmo, o Twente só foi ter aos 26 minutos: num chute de longe, Oussama Assaidi forçou o goleiro Jeroen Zoet a rebater a bola. A mesma coisa ocorreu aos 30': Assaidi progrediu pela esquerda, passou por Arias e chutou para outra intervenção de Zoet. No lance seguinte, viu-se como o PSV pode ser perigoso nos contra-ataques: Daniel Schwaab deu um chutão, da zaga, e a bola só foi parar na frente, com Luuk de Jong. Coube a Drommel desviar para fora a finalização do camisa 9. Ainda apostando nos contragolpes, os Boeren tiveram valiosa chance numa bola parada: aos 38', Marco van Ginkel (recuperado de gripe, e titular) cobrou falta que Drommel rebateu com dificuldade.

Não faltou esforço ao Twente de Adam Maher (Ron Jonker, Anja Veurink ou Frank Hillen/FCtwente.nl)
Pouco ofensivo nos 45 minutos iniciais, o Twente já começou o segundo tempo com uma boa chance. Com Assaidi, como de costume: aos 48', o atacante deixou Fredrik Jensen em boas condições para o chute, na esquerda da área, e o finlandês arrematou cruzado, rente à trave de Zoet. Depois, coube a Thomas Lam quase empatar para os Tukkers, no minuto seguinte (Zoet defendeu). A pressão seguiu aos 50'. Tom Boere recebeu na esquerda, passou por Brenet e cruzou, mas Isimat-Mirin interceptou, mandando a bola para a linha de fundo. De quebra, aos 56', Cristián Cuevas cruzou, e Zoet precisou se antecipar, espalmando a bola antes da chegada adversária. Houve mais: aos 57', Assaidi deixou Adam Maher livre para tentar o arremate, e o meio-campista bateu forte. Coube a Zoet, novamente, salvar o PSV, espalmando para a linha de fundo. O esforço dos mandantes de Enschede seguiu aos 61', num chute de Boere que foi à rede - pelo lado de fora. Só aos 65' o PSV teve um leve respiro, num cabeceio de Brenet que mandou a bola para fora. De resto, os visitantes de Eindhoven seguiram suportando a pressão dos mandantes no Grolsch Veste.

Pouco a pouco, o PSV voltou a assustar. Aos 72', Arias lançou Van Ginkel, e o camisa 10 dos Eindhovenaren bateu forte e cruzado, forçando Drommel a defender rebatendo. No minuto seguinte, foi a vez de Luuk de Jong tentar algo para o PSV, cabeceando para outra defesa do goleiro do Twente. Enquanto o Twente era só ataque, os Boeren esperavam a grande chance. Houve uma aos 88': a bola ficou com Hendrix num contragolpe, ele chegou à área, driblou Drommel... e errou o chute para definir, mandando para fora. No minuto seguinte, Luuk de Jong também poderia ter feito o 2 a 0, mas ficou sem ângulo ao tentar driblar Drommel, que afastou a bola. Mas no último minuto, o PSV conseguiu. Havia alguns minutos em campo, Mauro Júnior puxou contra-ataque, passou a Arias, este devolveu ao brasileiro, que deixou a bola limpa para o lateral bater forte no ângulo e garantir mais uma vitória do líder da Eredivisie. Vitória ganha a seu modo: sem brilho, com muita eficiência. O técnico do time derrotado até reclamou ("O PSV jogou um lixo de futebol", segundo Gertjan Verbeek). Mas não adianta mais chorar: os três pontos estão de novo na conta do líder.

O VVV-Venlo foi bem mais eficiente do que o NAC Breda: apenas duas chances - e numa delas, a vitória (vvv-venlo.nl)
NAC Breda 0x1 VVV-Venlo (sábado, 27 de janeiro)

Em casa, o NAC Breda contou com seus melhores jogadores para criar mais chances no primeiro tempo. Um deles se sobressaiu: Manu García. Aos 13', foi do espanhol que saiu o passe para Giovanni Korte tocar na saída do goleiro Lars Unnerstall - mas o zagueiro Jerold Promes tirou em cima da linha. Depois, aos 35', chance perdida por certo egoísmo: Manu passou por quatro jogadores, mas ao invés de tocar para Thierry Ambrose, livre na área, preferiu chutar - e pegou mal, mandando a bola direto para as mãos de Unnerstall e causando óbvia raiva em Ambrose.

Só no final do primeiro tempo o VVV teve algo a buscar, num arremate de Vito van Crooij que passou por cima do gol. Na etapa complementar, seguiu a superioridade dos mandantes no estádio Rat Verlegh. E eles quase fizeram 1 a 0 aos 70', quando Rai Vloet cabeceou uma bola na trave, desviando falta cobrada por Angeliño. Porém, o que não fez, tomou: aos 73', Ralf Seuntjens escorou e Lennart Thy novamente mostrou seu valor para o time de Venlo, batendo firme para garantir o 1 a 0 dos visitantes, mantidos no meio da tabela.

Tagliafico cai, após sofrer falta de Klaiber: durante muito tempo, o jogo em Utrecht foi mais luta do que bola. Azar do Ajax (Pro Shots)
Utrecht 0x0 Ajax (domingo, 28 de janeiro)

No rápido reencontro de Erik ten Hag com o time que treinava até dezembro, o Ajax até quis trocar passes, mas fracassou, num gramado péssimo - e diante de uma equipe bem postada. Tanto que ela tentou mais. Na primeira vez que chegou à área, porém, o Ajax já marcou, aos 12' : um passe de Hakim Ziyech deixou Klaas-Jan Huntelaar livre no meio da área, e ele chutou para o gol. Porém, a comemoração foi frustrada pela anulação do juiz Danny Makkelie, apontando impedimento do camisa 9. As buscas continuavam: aos 21', Zakaria Labyad conseguiu dominar a bola suficientemente para mandá-la ao meio da área. Só que Frenkie de Jong se antecipou, impedindo a finalização de Gyrano Kerk.

Os visitantes responderam aos 25': um passe de Donny van de Beek deixou Nicolás Tagliafico livre na linha de fundo, mas o cruzamento rápido do argentino parou em Ramon Leeuwin, que tirou a bola da pequena área. Na sequência, Justin Kluivert mandou longe do gol. Mas na verdade verdadeira, só aos 30' veio algo mais merecedor de ser chamado de "chance": numa jogada individual, Ziyech trouxe a bola pelo meio, e arriscou de fora mesmo. O goleiro David Jensen espalmou para a linha de fundo. Algo parecido aconteceu aos 35': David Neres trouxe a bola da direita para o meio, e chutou forte, fazendo Jensen defender em dois tempos. Porém, mesmo durante essas duas chances, o jogo ficou até mais violento - algo visto em faltas como a obstrução de Huntelaar a Willem Janssen durante o chute de Ziyech (rendeu cartão amarelo ao camisa 9), e a dura entrada de Lukas Görtler sobre Tagliafico, também causando o cartão ao atacante do Utrecht.

Jean-Paul de Jong (à esquerda, em primeiro plano) viu o Utrecht ser um time esforçado. E surpreender o Ajax de seu antecessor e colega de comissão técnica Erik ten Hag (centro) (Pro Shots)
No começo do segundo tempo, uma arrancada de Kerk pela direita poderia ter trazido perigo, mas o atacante do Utrecht perdeu o domínio, e a bola saiu. Depois, David Neres tentou um voleio aos 47': mandou longe do gol. Só aos 48' veio um perigo real: Labyad veio com a bola, bateu de média distância, e forçou André Onana a espalmar a bola pela primeira vez, mandando-a para a linha de fundo. Onana precisou reaparecer aos 57': um lateral mandou a bola para a área, o goleiro camaronês tirou parcialmente a bola, mas Görtler ficou livre para o chute. Só perdeu o gol pela intervenção providencial de Matthijs de Ligt, que entrou na frente da bola. A reaparição do Ajax veio só aos 67': um cruzamento de Ziyech, aparentemente despretensioso, foi chegando ao gol, e Jensen precisou agarrar a bola. Mas aos 70', foi a vez de Yassin Ayoub enfim aparecer, ao receber a bola quase no meio-campo, avançar e ter sua primeira chance: um arremate da entrada da área, rebatido por Onana com os punhos.

Aos 77', Klaiber causou problemas ao goleiro do Ajax: o meia-direita recebeu a bola na entrada da área, de Ayoub, e bateu cruzado, mas Onana defendeu. Ziyech teria outra oportunidade para evitar o tropeço do Ajax: aos 81', numa falta na entrada da área, sua cobrança foi bem feita, mas também foi bem defendida por Jensen, que a espalmou para a linha de fundo - no escanteio da sequência, Huntelaar cabeceou para fora. A partir daí, virou ataque contra defesa: aos 84', um bate-rebate na área, com os Ajacieden chutando e os Utregs evitando, só foi interrompido de vez com a finalização de Kluivert e a ótima defesa de Jensen. A última chance foi no minuto final: Lasse Schöne cobrou falta cheia de efeito para o gol, e Jensen quase tomou o frango da rodada. Para sua sorte, o goleiro dinamarquês ainda pegou a bola em cima da linha. Görtler ainda teve uma expulsão bizarra nos acréscimos: já substituído havia muito tempo, atrapalhou Justin Kluivert a pegar a bola antes de um lateral e levou o segundo amarelo no banco de reservas. Mas nada poderia ajudar o Ajax a escapar de um tropeço que o deixou sete pontos atrás do líder PSV.

Berghuis teve todo o direito de comemorar: dois gols - um dos quais, golaço -, artilharia da Eredivisie e destaque na vitória do Feyenoord (Tom Bode/VI Images)
Feyenoord 3x1 ADO Den Haag (domingo, 28 de janeiro)

Não demorou muito para o Feyenoord se impor em De Kuip. Logo aos quatro minutos de bola rolando, Nicolai Jorgensen desarmou um defensor, a bola ficou solta perto da área, e sobrou para Karim El Ahmadi, que bateu para fora. A chance seguinte veio numa triangulação longa entre os atacantes, aos 9': Steven Berghuis mandou da direita para Sam Larsson, invertendo o jogo. Da esquerda, o sueco devolveu ao ponta-direita, que já entrava na área. E deste a bola foi para Jorgensen, que escorou para fora. O ADO Den Haag até chegou num cruzamento de Sheraldo Becker, aos 10', que passou por Brad Jones sem o goleiro australiano agir. Mas o Feyenoord manteve a superioridade e a posse de bola - aparecendo em cruzamentos, como aos 15', com Tyrell Malacia. Aos 17', então, o perigo foi maior: Jorgensen fez o corta-luz, e a bola ficou à feição para o chute de Berghuis, que o goleiro Robert Zwinkels defendeu firme. E aos 24', após passe de Jens Toornstra, o atacante dinamarquês invadiu a área e chutou na trave.

Os visitantes de Haia só reapareceram aos 39', num cruzamento de Nasser El Khayati que Renato Tapia prontamente rebateu. Cinco minutos depois,  Berghuis apareceu novamente com a bola pela direita, mas seu cruzamento passou direto por todos, indo para fora. Já nos acréscimos, Becker teve boa oportunidade para marcar, mas pegou fraco na bola em seu voleio. Foi a chance derradeira de um primeiro tempo em que o Den Haag sequer ameaçou o Stadionclub - cuja pressão diminuiu com o passar dos minutos. Com apenas segundos transcorridos no segundo tempo, o time de verde e amarelo assustou: El Khayati cruzou, mas Aaron Meijers falhou na finalização. O Feyenoord teve espaço aberto para o contra-ataque aos 50', quando Berghuis dominou e chegou à área - coube a Shaquille Pinas evitar que a bola fosse ao gol, afastando para escanteio.

Volta completa: aclamado pela torcida, Van Persie entrou no final do jogo, após 14 anos longe de De Kuip (Pro Shots)

Como em boa parte do primeiro tempo, o Feyenoord seguia trocando passes, esperando o espaço para o ataque. Ele apareceu aos 54', e o time aproveitou: Berghuis recebeu a bola de Toornstra na direita, cruzou, e do outro lado apareceu Tonny Vilhena na área, para cabecear no contrapé de Zwinkels e fazer 1 a 0. O segundo já poderia ter aparecido aos 57', quando Sam Larsson mandou a bola na face externa da rede, de cabeça, aproveitando rebote de chute cruzado de Vilhena. Também poderia ter vindo aos 62', num toque de El Ahmadi que passou por Zwinkels, mas foi tirado em cima da linha por El Khayati. Mas o 2 a 0 foi para o placar mesmo aos 68'. E em grande estilo: após Elson Hooi tirar em cima da linha uma finalização de Jorgensen após escanteio, a jogada seguiu, e a bola parou com Berghuis. Da direita, o camisa 19 dos Feyenoorders arriscou chute colocado. Mandou a bola no ângulo de Zwinkels, fazendo outro golaço na rodada - seu 12º no campeonato, igualando Hirving Lozano no topo da tabela de goleadores.

O que não quer dizer que o Den Haag estava batido. O time auriverde provou isso com outro bonito tento no jogo, aos 71': em escanteio, Tom Beugelsdijk desviou de cabeça, e a bola sobrou para Lex Immers marcar com um voleio, de primeira, que levou a esférica ao canto direito de Brad Jones, que sequer esboçou reação. Aos 74', quase veio o empate da equipe de Haia, num chute de Becker que passou perto da trave direita de Jones. Estava iniciada a pressão dos Hagenaren em busca da igualdade. Aos 77', outra boa oportunidade: novamente com Becker, num voleio à queima-roupa rebatido com dificuldade por Jones. A tranquilidade só voltou quando um contra-ataque envolvendo os três destaques ofensivos do Feyenoord rendeu o 3 a 1: aos 80', Jorgensen segurou a bola num contra-ataque, até a chegada de Toornstra. Só aí passou ao meio-campista, que, da meia-lua, deu a bola a Berghuis, livre na direita, para chutar, fazer o seu 13º gol, se isolar como artilheiro da Eredivisie e garantir o primeiro triunfo do ano para o time. O alívio estava completo. Pôde-se até colocar Robin van Persie, de volta a De Kuip como jogador do Feyenoord, substituindo Jorgensen nos sete minutos finais.


Vancamp comemora o gol de empate, abraçado: começava aí a reação para o Roda JC voltar a vencer (Pro Shots)
Roda JC 2x1 Excelsior (domingo, 28 de janeiro)

Aparentemente, seria mais uma rodada melancólica para os Koempels, penúltimos colocados na Eredivisie. Já com cerca de dez minutos, Milan Massop teve a chance de abrir o placar para o Excelsior. Aos 16', Massop fez: Hicham Faik cobrou falta, e o lateral esquerdo completou de cabeça deixando os visitantes de Roterdã na frente. Aí, algo começou a mudar: as chances vieram para o Roda. Aos 31 minutos, Donis Avdijaj arriscou, e a bola desviou no zagueiro Jurgen Mattheij, saindo por cima. Enfim, no último minuto do primeiro tempo, veio o empate: Mikhail Rosheuvel deixou Jorn Vancamp livre na área, e o atacante belga conferiu com um chute forte para o 1 a 1.

O time da casa continuou animado na volta do intervalo. Primeiro, Avdijaj mandou na rede pelo lado de fora; depois, aos 51', a virada chegou, novamente com Rosheuvel participando - ele cruzou, e Dani Schahin completou de cabeça para fazer 2 a 1. Houve drama aos 64', quando Mike van Duinen cabeceou e quase empatou. Depois, aos 77', Stanley Elbers mandou a bola rente à trave. Mas o Roda JC se segurou. Viu o Excelsior ficar com dez homens nos acréscimos, com o segundo cartão amarelo e a consequente expulsão de Luigi Bruins. E enfim, pôde comemorar sua primeira vitória no campeonato desde dezembro, abrindo quatro pontos de vantagem ao lanterna Excelsior.


Alireza sai para comemorar: outra vez, o iraniano se destacou na vitória fácil do AZ (Gerrit van Keulen/VI Images)
Willem II 0x2 AZ (domingo, 28 de janeiro)

Sem Wout Weghorst, suspenso, o técnico John van den Brom tinha alguma preocupação em como ficaria o ataque do AZ - acabou optando por improvisar Mats Seuntjens no meio do ataque. De todo modo, qualquer temor acabou rapidamente para os visitantes de Alkmaar: já aos seis minutos, Alireza Jahanbakhsh lançou o próprio Seuntjens, e o camisa 20 fez 1 a 0 contra o Willem II. Com facilidade total para avançar (principalmente pela direita), o segundo gol veio rapidamente, e do mesmo jeito: Oussama Idrissi lançou, Alireza dominou, bola do iraniano para as redes dos Tricolores. Que, pela vez deles, só tiveram um momento de perigo: aos 44', quando Bartholomew Ogbeche cabeceou, e o goleiro Marco Bizot ainda evitou o gol - visivelmente tirando a bola já dentro da meta.

Mas antes disso acontecer, os Alkmaarders já haviam tido ótima chance para o terceiro gol - aos 33', com Idrissi, que tocou por cima do gol. Isso continuou no segundo tempo. Aos 58', em sequência, Guus Til e Stijn Wuytens tiveram chances impedidas pelo arqueiro Mattijs Branderhorst. Como se não bastasse, pouco depois, o zagueiro Pantelis Hatzidiakos chegou a ter um gol invalidado por impedimento. Piorando as coisas para os mandantes em Tilburg, o técnico Erwin van de Looi (demissionário - sairá ao fim da temporada) trocou Ogbeche por Thom Haye e foi fortemente criticado pelas arquibancadas. De certa forma, um símbolo de como tudo deu errado para o Willem II - e como tudo deu certo para o AZ, ainda em terceiro lugar, mas agora só a três pontos do Ajax.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

A roda do Fortuna

Os jogadores atuam, e Oliseh (segundo à esquerda) treina no banco: o Fortuna Sittard ganha otimismo (Joris Verwijst/Orange Pictures)
Os leitores que já acompanhavam futebol com sofreguidão na década de 1990 certamente se lembram da geração nigeriana que fez papel honroso nas Copas de 1994 e 1998 (talvez podendo até ter ido além do que as oitavas de final). Um bom jogador que esteve nesses dois Mundiais era o volante Sunday Oliseh: com certo talento na saída de bola, Oliseh teve destaque em pelo menos um momento de Copas (o golaço que definiu a vitória por 3 a 2 sobre a Espanha, estreia das Super Águias em 1998), e fez carreira elogiável e estável na Europa, passando por Ajax, Juventus e Borussia Dortmund.

Pois é: aos 43 anos (fará 44 em setembro), Oliseh já é técnico – até com passagem pela própria seleção nigeriana, entre 2015 e 2016. No fim deste, aliás, foi contratado pelo Fortuna Sittard, clube holandês que disputa a segunda divisão do país. E com pouco mais de um ano de trabalho, o ex-meia tem a possibilidade de colocar seu nome na história da agremiação auriverde. Mesmo no banco, é Oliseh o grande símbolo da campanha que dá aos adeptos do Fortuna a esperança de retornar à primeira divisão, após 16 anos de ausência.

Tal esperança já tem certa garantia: afinal, como melhor clube do “segundo período” da Eerste Divisie (ou seja, melhor desempenho entre a 10ª e a 18ª rodadas), o Fortuna já está garantido na repescagem para definir o acesso à/descenso da/manutenção na Eredivisie. Ainda assim, se é mais cômodo garantir a promoção direta como campeão da segunda divisão, o FSC também está bem: é o terceiro colocado após 21 rodadas, com 44 pontos. Por sinal, é o único “penetra” na disputa do título. 

Líder, com 46 pontos, o NEC tem sua presença previsível: afinal, caiu na temporada passada, e tem presença constante na Eredivisie. O segundo colocado (45 pontos), então, quase dispensa apresentações: o Jong Ajax, equipe B do clube de Amsterdã, não pode subir nem participar da repescagem de acesso, por motivos óbvios, e encara a segunda divisão apenas como uma chance para dar ritmo de jogo aos novatos que estão para ser promovidos ao grupo principal dos Ajacieden – ou que ainda não emplacaram nele (como o atacante colombiano Mateo Cassierra, terceiro maior goleador da temporada, com 13 gols).

Tradição não falta ao Fortuna Sittard: mesmo sem títulos holandeses em sua história de 49 anos completos no dia 1º passado, ficou famoso por revelar muitos jogadores (sendo Mark van Bommel o mais conhecido) e é considerado um símbolo da Limbúrgia, província holandesa na qual fica a cidade de Sittard. Porém, nada fazia crer uma campanha tão elogiável como a atual. As causas eram duas. Primeiro, a aflitiva situação financeira vivida pelo Fortuna nos anos recentes: chegou-se a cogitar até a fusão com o arquirrival Roda JC, formando o Sporting Limburg – fusão quase consumada, mas enfim descartada. Preenchido um pouco o vazio do cofre (o empresário turco Isitan Gün comprou o clube em 2016), ficaram os deficientes resultados esportivos como segunda razão para se duvidar da ascensão. Por exemplo: em 2016/17, o Fortuna Sittard ficou em... 17º lugar.

Enfim tendo uma temporada à disposição para trabalhar, Sunday Oliseh montou um time muito coeso. E que teve como mérito a aposta em jovens, como os dois destaques ofensivos do time: Finn Stokkers (vindo do Sparta Rotterdam) e Djibril Dianessy (francês, adquirido junto ao time B do Toulouse), ambos responsáveis pelo gol. A defesa também se vale de um novato: Wessel Dammers, vindo do Feyenoord. Sem contar outro defensor, já comprado pelo Ajax para a próxima temporada: Perr Schuurs (que chegou a ser capitão, com apenas 18 anos!). Resultado: a campanha regular na segunda divisão e os momentos elogiáveis na Copa da Holanda, tendo caído somente na prorrogação das oitavas de final, contra o AZ.

Claro, com tantos jovens e um orçamento tão apertado, alguns tropeços são esperados – como ocorreu na rodada passada e nesta, com duas derrotas seguidas (3 a 0 do Dordrecht, 2 a 1 do FC Emmen). Aí entra a importância de Oliseh na campanha: o nigeriano já pediu mais auxílio da diretoria para que o Fortuna Sittard suporte a reta final (“Se quisermos continuar no topo, precisamos de contratações”). De todo modo, só o fato de já estar assegurado na disputa pelo acesso já está entusiasmando a torcida. Que espera, após 16 anos da queda, o girar da roda do Fortuna.

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 26 de janeiro de 2018)

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

810 minuten: como foi a 19ª rodada da Eredivisie

O AZ de Til (15) foi mais perigoso nos contra-ataques. O Utrecht de Emanuelson pressionou até empatar. Jogo equilibrado (Pro Shots)
Utrecht 1x1 AZ (sexta-feira, 19 de janeiro)

No jogo que iniciou a 19ª rodada, os visitantes começaram mais atentos. Aos 6', Urby Emanuelson errou na saída de bola, e o AZ contra-atacou com perigo: Guus Til tabelou com Alireza Jahanbakhsh, cruzou da direita, e Fredrik Midtsjo completou - mas escorou fraco, e David Jensen defendeu com facilidade. Os Utregs já responderam aos 8': Zakaria Labyad fez boa jogada individual, passou por dois zagueiros, e tocou para Sander van de Streek finalizar da entrada da área. A bola passou rente à trave direita de Marco Bizot. Porém, o time de Alkmaar seguiu melhor. Não tinha tanto a bola, mas chegava com mais perigo. Como aos 26': após cobrança de falta, Ayoub recuou de cabeça para que Jensen agarrasse - mas Weghorst interceptou e desviou, mandando a bola por cima do gol. Os Utregs só tentaram algo aos 30': Ayoub cobrou para a área, e Willem Janssen apareceu na segunda trave, cabeceando por cima e trazendo algum perigo.

O AZ seguiu mais ofensivo no segundo tempo. Foi de Til que veio a primeira chance, aos 49', em chute de primeira defendido por Jensen após bola cruzada por Alireza. O Utrecht respondeu aos 50', num arremate de longe por Van der Maarel, que Bizot teve de espalmar para o lado. Porém, o AZ enfim transformou seu maior perigo em gol, aos 55'. Koopmeiners cobrou escanteio, a defesa do Utrecht rebateu, mas Jonas Svensson estava a postos para aproveitar a bola fora da área: um chute forte, que ainda desviou num defensor, tirando as chances de Jensen defender. Aí o equilíbrio cresceu no jogo: o Utrecht tinha mais a posse de bola, e o AZ ameaçava também. E assim como fora ferido, o time da casa feriu num contragolpe: aos 74', Jensen cobrou tiro de meta, Gyrano Kerk dominou na esquerda, superou Midtsjo na corrida, cruzou, Labyad fez o corta-luz, e Cyriel Dessers ficou livre para chutar forte, por baixo de Bizot, fazendo 1 a 1. Resultado justo, num jogo equilibrado - como se esperava, aliás. Que manteve o time de Alkmaar bem, e deu esperanças aos Utregs sob o comando de Jean-Paul de Jong, auxiliar promovido a técnico.

O Twente abriu o placar, e teve ótimas chances de ampliar contra o Roda JC. Perdeu-as. Tomou castigo: empate no fim (Bas Everhard/fctwente.nl)
Roda JC 1x1 Twente (sábado, 20 de janeiro)

Numa partida envolvendo dois frequentadores da zona de repescagem contra a queda, a torcida do Twente jogou sinalizadores no gramado do Parkstad Limburg Kerkrade, forçando o juiz Reinold Wiedemeijer a parar o jogo logo aos 2'. Jogo recomeçado, o Roda JC até teve duas chances (um chute de Adil Auassar defendido com dificuldade pelo goleiro Joël Drommel, aos 6', e um cabeceio de Dani Schahin que mandou a bola nas mãos de Drommel, aos 21'). Mas foi o Twente que mais chegou perto do gol: aos 44', Fredrik Jensen deixou Tom Boere livre, e o atacante concluiu na trave - com leve desvio no goleiro Hidde Jurjus.

Já na etapa complementar, o crescimento dos Tukkers visitantes foi premiado com um gol, aos 53': antes de perder a bola, Haris Vuckic (novamente titular) tabelou com Oussama Assaidi, recebeu de volta e chutou colocado para o 1 a 0 do Twente. Aos 59', Boere teve outra "bola do jogo" em seus pés: após um escorregão do zagueiro Frédéric Ananou, ficou sozinho na área, mas outra vez chutou na trave. Azar: o Roda foi crescendo (num chute da novidade Donis Avdijaj - emprestado pelo Schalke 04 - aos 78', numa tentativa de Gyliano van Velzen aos 85'), até conseguir o empate no final: aos 88', Mikhail Rosheuvel cruzou, e Schahin desviou de cabeça para o 1 a 1.

O ADO Den Haag de Danny Bakker levou o tardio empate do VVV-Venlo de Ralf Seuntjens (Tom Bode/VI Images)
ADO Den Haag 1x1 VVV-Venlo (sábado, 20 de janeiro)

Embora o VVV-Venlo tenha tido a primeira chance - aos 5', Lennart Thy teve um chute interceptado por Tyronne Ebuehi -, o ADO Den Haag se estabeleceu para impor a superioridade ao longo do primeiro tempo. Está certo que o gol veio com certa dose de sorte para os auriverdes: aos 23', Danny Bakker arriscou, Bjorn Johnsen foi inteligente para desviar com os pés, e tirou as chances do goleiro Lars Unnerstall evitar o 1 a 0. Ainda assim, antes mesmo do gol, Johnsen já poderia ter marcado (chutou rente à trave, aos 15'). Só após ficar atrás é que o VVV reagiu: quase empatou aos 27', num chute de Damian van Bruggen, e aos 40', em finalização de Thy que passou rente à rede.

O ritmo seguiu semelhante no segundo tempo. O VVV tentou numa cobrança de falta de Clint Leemans, aos 53', imediatamente seguida por um cabeceio de Erik Falkenburg bem defendido por Unnerstall. O Den Haag ficou mais perto aos 70', quando o toque sutil de Johnsen encobriu o goleiro... e foi para fora. Chegou o "Haagse Kwartiertje" - como a torcida do time de Haia chama os 15 minutos finais de cada jogo, em que é comum acontecer algo. E aconteceu... para os visitantes de Venlo: aos 86', Thy lançou em profundidade, e Johnatan Opoku dominou livre para tocar na saída do goleiro Robert Zwinkels, empatando o jogo.


Mais gols poderiam ter saído, tantas foram as chances. Mas o Zwolle aproveitou uma delas - e continua muito bem (ANP/Pro Shots)
Zwolle 1x0 NAC Breda (sábado, 20 de janeiro)

Qualquer temor que a torcida do Zwolle pudesse ter para o recomeço de uma campanha tão esplendorosa acabou logo aos dois minutos de jogo no Mac³Park Stadion, quando Youness Mokhtar arriscou de longe, e o goleiro Mark Birighitti poderia ter ido melhor, sem conseguir evitar o 1 a 0 dos Zwollenaren. Em vantagem, os "Dedos Azuis" tiveram chance para ampliar aos 10', quando Birighitti defendeu em dois tempos antes que Terell Ondaan aproveitasse a sobra. Aí, o NAC Breda acordou. E chegou perto involuntária (aos 16', o zagueiro Philippe Sandler escorregou e quase fez gol contra) e voluntariamente (aos 45', Thierry Ambrose escorou à queima-roupa, mas saiu fraco, fácil para a defesa de Diederik Boer).

O equilíbrio de um lado e de outro seguiu no segundo tempo. Logo no primeiro minuto dele, Mustafa Saymak chutou de longe, forçando Birighitti a defender novamente em dois tempos - e no lance em sequência, foi Boer que precisou salvar o Zwolle, no arremate de Mounir El Allouchi. Aos 61', o goleiro dos anfitriões apareceu bem de novo, em cabeceio de Pablo Marí, enquanto Ondaan só não fez 2 a 0 no minuto seguinte porque seu desvio bateu na perna de um defensor dos visitantes de Breda. Na parte final da partida, o NAC chegou perto do empate - aos 76', Angeliño bateu de fora, e Boer espalmou, enquanto Paolo Fernandes teve o 1 a 1 impedido por trabalho conjunto de Boer e Sandler. E assim, o que poderia ter sido placar cheio ficou no 1 a 0 do Zwolle - que segue bem na quarta posição, sonhando com vaga direta na Liga Europa, agora a apenas três pontos do AZ.


Van Amersfoort mereceu todos os aplausos e saudações pelo golaço que fez no empate entre Heerenveen e Vitesse (ANP/Pro Shots)
Vitesse 1x1 Heerenveen (sábado, 20 de janeiro)

O Vitesse começou a partida com tudo: já aos 6', Mason Mount cruzou, e Matt Miazga cabeceou pouco acima do gol de Martin Hansen (dispensado no fim de 2017, o goleiro foi novamente contratado pelo Heerenveen, devido à nova lesão de Warner Hahn). Não demorou muito, e veio o primeiro gol, aos 13', em jogada até parecida: novo cruzamento de Mount, o zagueiro Daniel Hoegh tentou cortar, mas desviou acidentalmente para o 1 a 0 do Vites. Que poderia ter ficado com um a menos, aos 33': sem que o juiz Allard Lindhout visse, Tim Matavz deu uma cotovelada em Denzel Dumfries (as câmeras flagraram, e já se espera uma punição para o atacante esloveno).

Quatro minutos depois, os visitantes da Frísia responderam à agressão de Matavz, do melhor jeito possível: com um belo gol. Pelle van Amersfoort lançou Henk Veerman, que tentou entrar na área com a bola. O goleiro Remko Pasveer se antecipou na saída, chutou para longe, mas Van Amersfoort agiu com prontidão: da direita, aproveitou o rebote mandando quase sem ângulo para o filó adversário, no gol mais bonito da rodada. Na etapa final, o Heerenveen teve até mais chances de vencer - como aos 61', quando Veerman finalizou para boa defesa de Pasveer. Nos minutos finais, o Vitesse respondeu com um chute de Thomas Bruns, mandando a bola na trave aos 83'. Mas amargou novo tropeço em casa (só duas vitórias!), no quarto empate em um gol na rodada.

Em jogo com gols seguidos, o Sparta tentou mais no segundo tempo. Fracassou, e foi castigado: vitória do Excelsior no fim (Pro Shots)
Sparta Rotterdam 2x3 Excelsior (domingo, 21 de janeiro)

A esperança de poder vencer o adversário de Roterdã - e sair da última posição - aumentou para o Sparta tão logo o jogo começou em Het Kasteel: aos 3', num escanteio, o goleiro Theo Zwarthoed saiu mal do gol, a bola bateu no zagueiro Milan Massop, e estava feito o gol contra que colocou os "Donos do Castelo" na frente. Porém, essa esperança diminuiu em apenas dois minutos: já aos 5', o Excelsior fez 1 a 1 (Hicham Faik cobrou falta, a bola bateu na trave e sobrou para Ali Messaoud empatar). E o primeiro tempo seguiu no empate, até novas emoções nos cinco últimos minutos. Aos 42', os mandantes voltaram à frente: Massop agarrou Julian Chabot na área, e Loris Brogno bateu para o 2 a 1. Resolvido? Que nada: apenas um minuto depois, Stanley Elbers passou a Messaoud, que bateu forte para igualar novamente.

No segundo tempo, o ritmo seguiu mais lento. Ainda assim, os Spartanen buscaram mais o primeiro triunfo sob o comando de Dick Advocaat - como aos 60', quando Frederik Holst cruzou e Fred Friday cabeceou para fora, ou aos 81', quando o estreante Soufyan Ahannach chutou para a defesa de Zwarthoed, ou principalmente aos 85', com a maior chance de gol dos mandantes (à queima-roupa, Zwarthoed rebateu a finalização de Deroy Duarte). O Sparta não fez, e tomou no minuto seguinte: aos 86', Anouar Hadouir cobrou falta com perfeição, no ângulo do arqueiro Roy Kortsmit, para dar a vitória ao Excelsior. Não bastasse estar sem vencer o Excelsior em jogos oficiais desde 2000, o Sparta segue na lanterna da Eredivisie. Dick Advocaat já sabe e falou: "Será uma tarefa muito difícil".

Um bom começo de segundo tempo rendeu os gols que o Ajax precisava para confirmar a superioridade no Klassieker (ANP/Pro Shots)
Ajax 2x0 Feyenoord (domingo, 21 de janeiro)

Incomum ver um Klassieker, sempre tão acirrado, começar com uma imagem bela de união: jogadores de Ajax e Feyenoord entrando em campo com camisetas desejando força a Willem van Hanegem, estandarte Feyenoorder (e do futebol holandês), que descobriu nesta semana um câncer de próstata. Homenagem feita, foi hora de ver o jogo brigado de sempre entre os arquirrivais. Como esperado, o Ajax tentou colocar pressão e força no ataque - mas usando mais as pontas. Como na jogada ensaiada aos 2': da direita, Lasse Schöne cobrou falta em jogada ensaiada, mandando para trás, e Hakim Ziyech arrematou de voleio para a defesa de Brad Jones. Ou aos 9', na primeira chance real de gol: Ziyech cruzou, e  Klaas-Jan Huntelaar cabeceou no meio da área - a bola saiu sem força, fácil para Brad Jones agarrar.

Mesmo com previsível domínio na posse de bola, os Ajacieden só tiveram boa chance aos 15'. Já parecendo entrosado e participando das jogadas, o reforço Nicolás Tagliafico recebeu a bola pela esquerda, chegou à área e cruzou, mas Huntelaar desviou para fora. A partir de então, o jogo ficou mais ao gosto do Feyenoord: truncado, com faltas que impediam a fluidez do Ajax e rendiam cartões amarelos aos jogadores do Stadionclub. Só aos 28' os mandantes reapareceram: Schöne deu a bola a Ziyech, que lançou em profundidade, mas Jones saiu para defender antes da chegada de David Neres. E a mais séria oportunidade de gol na Amsterdam Arena veio mesmo do time de Roterdã, aos 42': Karim El Ahmadi lançou a bola do meio-campo, e Steven Berghuis entrou por trás dos zagueiros para completar de voleio. O gol só foi evitado pela defesa de André Onana.

Doze bolas roubadas na defesa, o cruzamento para o gol no ataque: Tagliafico agradou demais à torcida do Ajax em sua estreia (Pim Ras)
Ainda antes do intervalo, o Ajax poderia ter transformado sua superioridade em gol: no minuto final do primeiro tempo, Joël Veltman cruzou, Brad Jones rebateu impedindo o cabeceio de Huntelaar, e Justin Kluivert chutou à queima-roupa em cima de Van Beek. Pelo menos, logo no começo da etapa final, enfim o Ajax aproveitou uma chance. Pela esquerda, onde melhor vinha jogando: aos 50', Tagliafico tabelou com Kluivert, recebeu de volta perto da linha de fundo e cruzou para Donny van de Beek, que dominou e tocou cruzado, por baixo de Jones, para fazer 1 a 0. Mais três minutos, e outra triangulação já rendeu aos mandantes o segundo gol. Veltman tabelou com Ziyech, veio pela direita e cruzou com precisão. Huntelaar apenas pulou um pouco, na pequena área, cabeceando para fazer 2 a 0.

As chances do Feyenoord reagir diminuíram ainda mais aos 58', com o cartão vermelho para Jorgensen - o dinamarquês recebeu o segundo amarelo após pisar no tornozelo de Veltman em dividida. O Stadionclub só tentou um gol aos 68': Jens Toornstra mandou a bola para a área de falta, Jeremiah St. Juste desviou de cabeça, e Matthijs de Ligt teve de tirar em cima da linha. Ao Ajax, somente um gol que quase veio na sorte, aos 85': De Ligt arriscou de longe, a bola desviou em Van Beek, e Jones só pôde torcer para que ela não entrasse. Não entrou, mas passou perto: bateu no ferro de sustentação da trave. De todo modo, já estava garantida a vitória que mantém o líder PSV na alça de mira dos Amsterdammers, que deram a Erik ten Hag o respaldo necessário para trabalhar, enquanto o Feyenoord parece ter sofrido o golpe definitivo nas pretensões de reação rumo ao bi.

O Willem II insistiu no primeiro tempo, saiu atrás, até Azzaoui salvar as coisas fazendo o quinto 1 a 1 da rodada (Pro Shots)
Willem II 1x1 Groningen (domingo, 21 de janeiro)

Em casa, o Willem II foi bem mais ofensivo no primeiro tempo. Começou cedo: aos 5', Konstantinos Tsimikas cruzou para a área, mas Ben Rienstra desviou devagar demais para dar trabalho ao goleiro Sergio Padt, que defendeu. Aos 28', o próprio Tsimikas se encarregou de arriscar, num chute de longe que Padt foi buscar no ângulo, espalmando. E aos 39', novamente o lateral grego esteve perto do gol: após bate-rebate na área, chutou, mas Mike te Wierik tirou em cima da linha. Tal pressão pode ser justificada porque o gol do Groningen também veio cedo. E veio bonito: aos 14', após rápido contragolpe, Ritsu Doan arrematou a 18 metros do gol, e mandou diretamente para as redes.

No segundo tempo, as coisas ficaram mais equilibradas: Jesper Drost tentou o segundo do Groningen no primeiro minuto (o goleiro Mattijs Branderhorst defendeu), Ben Rienstra mandou de voleio para fora aos 53'. Até que, aos 71', veio o empate que os Tricolores buscavam e mereciam em Tilburg: da esquerda, Ismaïl Azzaoui cortou para o meio e finalizou colocado, fazendo 1 a 1 (o quinto da rodada). Se não resolveu muito a situação dos dois times - o Willem II está em 14º, com o Groningen uma posição acima -, pelo menos evitou clima pesado na família Van de Looi: o pai Edwin, treinador do Willem II, viu o filho Tom estrear nos Groningers. Tom celebrou: "Foi o resultado ideal".

O PSV já se acostumou: pela terceira vez na temporada, a vitória no lance final do segundo tempo. Desta vez, Luuk de Jong salvou contra o Heracles Almelo (ANP/Pro Shots)
Heracles Almelo 1x2 PSV (domingo, 21 de janeiro)

O Heracles começou com a posse de bola, mais ofensivo. Só que o PSV é que quase marcou, aos 6': Steven Bergwijn cruzou, Luuk de Jong cabeceou, e o zagueiro Robin Pröpper impediu o gol, interceptando para fora. Novamente da direita, veio outro lance perigoso, aos 10': Bart Ramselaar passou a Bergwijn, o atacante avançou até a entrada da área e chutou. O goleiro Bram Castro espalmou para escanteio - e nele, fez outra defesa, saindo do gol após cabeceio de Luuk de Jong. Mais um minuto, e outra chance visitante : Jorrit Hendrix trouxe a bola à área pela esquerda, cruzou rasteiro, e Mauro Júnior (novidade na escalação, substituindo Van Ginkel) concluiu, direto para Castro. Santiago Arias foi quem arriscou o chute seguinte, aos 19', batendo para Castro espalmar, após toque de Mauro Júnior. O lateral colombiano arrematou até de mais longe, aos 24' - e Castro pegou firme dessa vez.

O Heracles só reapareceu aos 30': Kristoffer Peterson pegou a bola nas cercanias da área, e finalizou colocado, forçando Jeroen Zoet a espalmar. Aos 35', foi a vez de Bergwijn arrematar de longe para Castro espalmar. Os Heraclieden poderiam ter respondido aos 39', mas Brahim Darri mandou a bola muito acima do gol. E assim, em chutes de longe, PSV e Heracles se resumiam a tentar o gol. Até que uma jogada ensaiada na bola parada, enfim, colocou os Boeren na frente: Lozano cobrou falta mandando a bola para a área, Luuk de Jong escorou de cabeça para o meio da área, e lá estava Bergwijn para concluir e fazer 1 a 0.

O gol de pênalti convertido por Hardeveld foi merecido para a ótima atuação do Heracles no segundo tempo (ANP/Pro Shots)
Bergwijn quase começou o segundo tempo como terminara o primeiro: marcando. Com apenas dez segundos de etapa complementar, um voleio do atacante foi espalmado por Castro. A superioridade do PSV continuava (Lozano chegou até a marcar aos 55', mas o gol foi anulado por falta prévia), até uma alteração importante no Heracles: aos 58', o meio-campo ficou mais ofensivo, com a entrada de Peter van Ooijen. Os donos da casa cresceram, e uma bola alta abriu o caminho para o empate, aos 66'. Castro cobrou um tiro de meta, a bola foi parar com Darri, que superou Arias na corrida e chegou à área, até ser empurrado pelo colombiano. Ed Janssen marcou pênalti, deu o cartão amarelo a Arias, e Jeff Hardeveld cobrou: bola na esquerda, Zoet na direita, 1 a 1. Só restou ao PSV seguir buscando o ataque - como aos 73', quando Lozano cabeceou nas mãos de Castro. Porém, a melhora do Heracles foi visível em lances como o cruzamento de Peterson, aos 74', tirado em cima da linha por Joshua Brenet.

De um lado e de outro, as chances se sucediam. O PSV tentou aos 79': Brenet cruzou da esquerda, e Luuk de Jong cabeceou à queima-roupa para Castro salvar o Heracles, rebatendo. Darri teve oportunidade ainda melhor para a virada dos Heraclieden, aos 82': chegou livre à área, mas tocou em cima de Zoet. Aos 86', chance ainda mais incrível perdida pelos mandantes de Almelo: Peterson alçou a bola à área, e Pröpper cabeceou para Zoet espalmar no reflexo. A torcida do PSV achava que o tropeço inesperado era inevitável (talvez os próprios jogadores). Até que, no último lance do jogo, aos 90' + 3, de novo a sorte ajudou. Albert Gudmundsson cruzou da direita, e Luuk de Jong tentou o que já tentara várias vezes: o desvio. Só que, desta vez, acertou na mosca: escorou no canto direito de Castro, no contrapé do goleiro. No último lance do jogo, o PSV conseguiu outra vitória, pela terceira vez na temporada. De méritos assim se faz um time campeão, por que não?

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Um Klassieker para apontar rumos

A chegada de Erik ten Hag causa ansiedade no Ajax - e no futebol holandês em geral (ANP)
Nem é nada tão inédito assim: na temporada 2010/11, Ajax e Feyenoord já começaram um ano protagonizando diretamente um clássico (foi em 17 de janeiro de 2011, na Amsterdam Arena, com os donos da casa fazendo 2 a 0). No entanto, é possível dizer que o encontro entre os dois arquirrivais holandeses, obviamente o mais aguardado na 19ª rodada que reabrirá para valer o Campeonato Holandês após a pausa de inverno, será mais fundamental do que o de 2011. Talvez, determinará rumos para as duas equipes na disputa dentro da Eredivisie.

E se há uma equipe nesse Klassieker que necessita dar indicações mais firmes sobre o que se pode esperar dela, é o Ajax. Afinal de contas, a turbulenta demissão do técnico Marcel Keizer (e do “consultor técnico” Dennis Bergkamp, e também do auxiliar Hennie Spijkerman) deixou claro que, para tentar sanar a inconstância vista em campo na temporada, o diretor de futebol Marc Overmars decidiu tomar as rédeas de um clube perdido fora de campo – com respaldo total do diretor geral, Edwin van der Sar. Tão logo demitiu Keizer, Overmars já tinha os nomes desejados na cabeça: Erik ten Hag, do Utrecht, a ser auxiliado por Alfred Schreuder, braço-direito de Julian Nagelsmann no Hoffenheim. Demorou alguns dias, mas conseguiu trazer ambos para o Ajax.

Claro, tal mudança não ocorreria nem ocorreu sem alarido. Afinal, Ten Hag é reconhecido como um técnico renovador dentro do futebol holandês, dando de ombros para o 4-3-3 velho de guerra - e quase canônico no Ajax - e fazendo o Utrecht jogar de modo atraente, num 4-4-2 “em losango” (um volante, dois meias de cada lado e um ponta-de-lança ajudando o ataque). Claro, para alguns, a mudança afrontou o ideário tão caro aos Ajacieden – e as críticas não poderiam ter vindo de outro nome que não o de Jordi Cruyff, óbvio protetor do legado de Johan: “Uma pena ver primeiro a saída de Wim Jonk [diretor das categorias de base, demitido em 2015] e depois a de Bergkamp. As ideias de meu pai foram definitivamente prejudicadas”.

Talvez tenham sido prejudicadas exatamente pelo que Ten Hag pode trazer ao Ajax: uma equipe com mais variações táticas e maior velocidade, que saiba resolver jogos fora do seu estilo de posse de bola e troca de passes. Oportunidade melhor para desenvolver esse lado, o técnico não teve: após ser auxiliar em Twente e PSV, treinou a equipe B do Bayern de Munique, entre 2013 e 2015 – mantendo contato constante justamente com Josep “Pep” Guardiola, que treinava a equipe principal. Na apresentação, Ten Hag obviamente evocou a experiência com o catalão apontado como, no mínimo, o grande técnico de sua geração: “Fui formado seguindo a escola holandesa, mas a experiência em Munique tornou minha visão mais precisa. A vida lá, o desejo de sempre querer vencer, o futebol dominante que Guardiola implanta, tudo isso me diz muito”.

Outra frase poderia até causar certa celeuma: “A função defensiva é a base da vitória. Foi uma das coisas que aprendi com Guardiola”. Mas Ten Hag mostrou prontamente saber onde está pisando: “Eu tenho a pecha de treinador defensivo, mas não sei de onde tiraram isso. Quando treinei o Go Ahead Eagles ou o Utrecht, sempre escalei muitos jogadores com funções ofensivas. O esquema tático não diz se você joga ofensiva ou defensivamente”. E concluiu afagando: “O Ajax sempre foi um clube de bravura, renovação e criatividade. Com Cruyff, Michels, Van Gaal. Isso realmente me toca fundo. É o clube mais fascinante da Holanda”.

Para tentar manter tal fascinação, Ten Hag gastou mais tempo em treinos do que em jogos na intertemporada feita em Lagos, balneário no Algarve português – houve apenas uma partida amistosa (vitória por 5 a 1 sobre o Lyngby, da Dinamarca). Durante os trabalhos, também foi experimentada a nova contratação: Nicolás Tagliafico, que já poderá entrar na lateral esquerda, no Klassieker. Ainda assim, o pensamento era de que só os treinos poderiam acelerar a remontagem sob Ten Hag. Que precisa dar certo, conforme reconheceu Van der Sar: “Tivemos três treinadores num só ano. Se não progredirmos agora, será hora de avaliar o meu trabalho também”. E como assume o próprio técnico: “Não tivemos seis semanas de preparação. Foram só duas semanas, e já temos o Feyenoord pela frente”.

Feyenoord treina para o clássico, mas já pensa na semana seguinte - quando saudará a volta de Van Persie (feyenoord.nl)
E o Ajax terá um Feyenoord reanimado. Pelo que fez no final do turno – três vitórias seguidas, que alimentaram a minúscula esperança de superar Zwolle e AZ para buscar ainda os outros dois grandes do país na disputa do título, como prometeu Nicolai Jorgensen (“Nós iremos à caça do PSV após a intertemporada”) e advertiu o capitão Karim El Ahmadi (“O PSV segue ganhando, e temos de fazer o mesmo. Ainda temos 16 jogos, e nada está decidido”). Mas reanimado principalmente pela esperada contratação confirmada nesta sexta: a volta de Robin van Persie, 14 anos após deixar o clube de Roterdã para fazer carreira longa e próspera. Entre Feyenoord e Van Persie, já estava tudo certo havia tempos - e a rescisão de contrato com o Fenerbahçe, enfim, foi confirmada. 

A bem da verdade, ela demorou porque a relação entre o atacante e o clube turco sofreu alguns arranhões, desde agosto. Convocado para a rodada das Eliminatórias para a Copa de 2018, o maior goleador da história da seleção holandesa se apresentou a ela, contra a vontade do Fener. Jogou nos 4 a 0 sofridos para a França na qualificação, lesionou-se, foi cortado, e caiu definitivamente em desgraça nos Canários Amarelos. De mais a mais, o técnico Aykut Kocaman já nem o considera como real opção para o ataque. E o Feyenoord já tentara a contratação, no início da temporada, apostando que Van Persie poderia repetir o papel de Dirk Kuyt na temporada passada: o veterano calejado, vindo de outros tempos, que poderia levar o time a fazer coisas grandes.

Se tudo desse certo, o objetivo era apresentar Van Persie durante esta semana, para já fazê-lo jogar o Klassieker. Não deu certo. Mas só isso já serviu para animar mais a torcida. Também foi útil a recuperação da dupla titular da defesa, Eric Botteghin e Jan-Arie van der Heijden, ambos livres das lesões que os tiraram do turno (e vendo a dupla substituta, Renato Tapia e Sven van Beek, crescer de produção). A intertemporada no balneário espanhol de Marbella também foi bem recebida, e bem concluída, com a vitória no amistoso único contra o Luzern, da Suíça (2 a 1).

Referência no ataque, Nicolai Jorgensen já tratou de saudar a provável vinda de Van Persie: “Sou fã dele”. Jogadores como Jens Toornstra, Tonny Vilhena e Steven Berghuis estão prontos para tentar surpreender o Ajax. E assim, o Klassieker atrai mais atenções do que já o faz. Por motivos justos: pode indicar se o Feyenoord tem o direito de sonhar, e se o Ajax conseguirá dar fim às turbulências para seguir perseguindo o líder PSV – nada imbatível, como mostraram as atuações na Florida Cup.

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 19 de janeiro de 2018)

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Avaliação do turno no Campeonato Holandês – 2ª parte (a de cima)

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 12 de janeiro de 2018. Revista)

Nesta terça, um jogo atrasado recomeça o Campeonato Holandês na temporada 2017/18: Sparta Rotterdam e Vitesse se reencontram em Het Kasteel, para fazerem jogo da 15ª rodada cancelado em dezembro, por causa da forte nevasca. Enfim, termina uma intertemporada que esteve a pleno vapor na Holanda. Nem tanto nas contratações - estas se resumem a um empréstimo aqui, uma contratação pontual ali -, mas na bola rolando e nos treinamentos. Na terça passada, o Feyenoord chegou ao balneário espanhol de Marbella já comemorando os retornos de Eric Botteghin e Jan-Arie van der Heijden. O Stadionclub ficou lá até domingo, tendo vencido um amistoso contra o Luzern, da Suíça, por 2 a 1. E sob a ansiedade da alta possibilidade de Robin van Persie voltar, o Feyenoord já espera o mais importante: o Klassieker contra o Ajax, em Amsterdã, no próximo domingo, já pela 19ª rodada. 

Falando no lado dos Ajacieden, também estiveram em treinamentos na cidade portuguesa de Lagos, na região do Algarve – já incluindo o reforço Nicolás Tagliafico. Mas o técnico novo foi o mais procurado, e Erik ten Hag pareceu saber que as exigências para ele são imediatas: “Temos de nos tornar um time muito rapidamente”. Como se não bastasse, o Ajax ainda teve mais turbulências fora de campo, após o jornal NRC divulgar que um relatório de 2014, feito pela federação holandesa e conhecido pelo clube, já informava que Abdelhak Nouri tinha problemas cardíacos “mínimos”. E ainda foram questionados os procedimentos com “Appie” após a parada cardiorrespiratória que perturbou sua vida para sempre (por exemplo, a suspeita de demora no uso do desfibrilador). A família diz que não havia sido informada, e já contratou um advogado; a federação alega que informou o fato diretamente a Nouri, maior de idade que já era; e o clube segue sem pronunciamentos.

Já o PSV vivia uma intertemporada tranquila: antes do começo dos trabalhos na Flórida, o grupo de 26 jogadores teve até o luxo de ver um jogo da NBA (Orlando Magic x Cleveland Cavaliers). Mas, como disse Marco van Ginkel à revista Voetbal International, “esta não é uma viagem de férias”. E os Boeren viram na Florida Cup o que precisam melhorar: finalização. No primeiro tempo da estreia contra o Corinthians, criaram chances, mas caíram na notável consciência tática que faz a equipe corintiana manter um nível técnico regular, mesmo ainda voltando às atividades. No segundo, com algumas alterações, a pressão foi maior (fazendo o goleiro Caíque se destacar), mas o gol de empate só veio nos acréscimos, com Sam Lammers – que perderia a cobrança, fazendo o time do Parque São Jorge ficar com o ponto extra após a disputa de pênaltis. Enfrentando o Fluminense, os Eindhovenaren se deram melhor: experimentando os jogadores mais jovens - Dante Rigo, Mauro Júnior e Sam Lammers se destacaram, principalmente o último, com um belíssimo gol -, mereciam a vitória que não veio: outro empate em 1 a 1. Pelo menos, houve o ponto extra nos pênaltis.

Enfim, melhor terminarmos a análise de intertemporada da Eredivisie.

Hirving Lozano chegou com muita expectativa sobre o que poderia fazer. Está fazendo muito: é o principal responsável pela eficiência que rende a liderança ao PSV (René Bouwman)
PSV

Posição: 1º lugar, com 46 pontos
Técnico: Phillip Cocu
Time-base: Zoet; Arias, Isimat-Mirin, Schwaab e Brenet; Van Ginkel, Hendrix e Pereiro; Bergwijn (Luuk de Jong), Locadia e Lozano
Artilheiro: Hirving Lozano (atacante), com 11 gols
Destaque: Hirving Lozano (atacante)
Objetivo do início: Título
Avaliação: Os tropeços do final do turno – derrota para o Ajax, empate para o Groningen – deixaram bem claro que os Boeren não enchem os olhos. Contudo, até agora, a eficiência foi inegável. Se for mantida no returno, o título é o mais provável

Assim como se viu no Ajax, o PSV já começou esta temporada com um tremendo vexame, eliminado que foi pelo Osijek-CRO ainda na terceira fase preliminar da Liga Europa. Mas foi exatamente neste ponto baixo que o time de Eindhoven tomou um caminho diferente em relação ao de Amsterdã. Enquanto os Ajacieden se abateram na crise, os Boeren continuaram trabalhando. Phillip Cocu fez certas mudanças no time – considerado “bode expiatório” do vexame na Liga Europa, Luuk de Jong foi para o banco -, a janela de transferências impôs outras alterações (as saídas de Davy Pröpper e Andrés Guardado, por exemplo), e assim os Eindhovenaren começaram a trabalhar.

E lentamente, o trabalho foi resultando numa equipe eficiente. Falta a ela o brilho visto em certos momentos do bicampeonato em 2015 e 2016. Mas seus protagonistas foram aparecendo aos poucos. Na defesa, se o miolo de zaga formado por Nicolas Isimat-Mirin e Daniel Schwaab é tão somente discreto, Jeroen Zoet vive a melhor fase de sua carreira no gol: seguro e imponente, o camisa 1 parece querer provar que merece a transferência desejada desde o fim da temporada passada. No meio-campo, Jorrit Hendrix enfim se vê livre das lesões para ser o que a torcida quer (ídolo vindo da base, sucessor de Guardado pela segurança na marcação), enquanto Marco van Ginkel outra vez leva à pergunta: protagonista nos três empréstimos ao PSV – agora, capitão e vice-goleador do time na temporada -, o que falta para que o clube faça proposta ao Chelsea para levá-lo em definitivo?

Mas é no ataque que se vê como o trabalho paciente e discreto de recuperação deu certo. Contratação muito aguardada, Hirving Lozano têm justificado centavo por centavo gasto nele: artilheiro e melhor jogador do campeonato, insinuante pela esquerda, o mexicano já é considerado perda certa após a Copa do Mundo que – salvo lesão... - certamente disputará. Jogando como queria (no meio da área, aproveitando a força física), Jürgen Locadia vivia a melhor fase da carreira, marcando muitos gols... até lesão muscular que o tirou da reta final do turno. Sorte de Luuk de Jong: após o período no banco, voltou a ter importância para o time. Certo, nada disso faz um time brilhante. Quando não tem espaço para contra-atacar, o PSV sofre muito – e também tem lapsos imperdoáveis, como mostraram os tropeços contra Ajax e Groningen, nas 15ª e 16ª rodadas. Ainda assim, serviu para uma campanha quase irretocável, que o deixa com cinco pontos de vantagem. Se a eficiência continuar no returno, o título é o resultado provável. Poderá não ser inesquecível, mas será merecido, pelo que se viu até agora.

David Neres cresceu demais, Ziyech mostra o talento de sempre, Schöne dá experiência... mas o Ajax não convence. Convencerá com o novo técnico? (Twitter/@AFCAjax)
Ajax

Posição: 2º lugar, com 41 pontos
Técnico: Marcel Keizer (até a 17ª rodada), Michael Reiziger (interino, na 18ª rodada) e Erik ten Hag (a partir da 19ª rodada)
Time-base: Onana; Veltman, De Ligt, Wöber e Viergever (Frenkie de Jong); Schöne, Ziyech e Van de Beek; David Neres, Huntelaar (Dolberg) e Younes (Kluivert)
Artilheiro: Lasse Schöne (meio-campo) e David Neres (atacante), ambos com 8 gols
Destaque: David Neres (atacante)
Objetivo do início: Título
Avaliação: Numa temporada inesperadamente irregular, o Ajax deu voltas e voltas, mas começa 2018 como terminou 2017: sem dar certeza alguma à sua torcida. Só o decorrer do returno indicará como será o final de um ano turbulento

A bem da verdade, a saída de Peter Bosz – repentina, mas justificável – já indicava que o período 2017/18 estaria longe de ser tranquilo para o Ajax. O drama que vitimou definitivamente Abdelhak Nouri, ainda num amistoso de intertemporada, aumentou o impacto antes mesmo dos jogos oficiais começarem. E quando isso ocorreu, a situação dos Godenzonen continuou periclitante: eliminação já nas fases preliminares da Liga dos Campeões (para o Nice-FRA) e da Liga Europa (para o Rosenborg-NOR). Como se não bastasse, a campanha no Campeonato Holandês já começou com derrota: 2 a 1 para o Heracles Almelo, que derrotava o Ajax pela primeira vez desde... 1965! Reviravolta impressionante num time que conseguira evocar levemente o que o Ajax um dia foi e representou, com o vice-campeonato na Liga Europa passada. 

Todavia, olhando para o campo, eram vários os motivos que justificavam a crise. Uma equipe lenta como sempre, apostando na posse de bola. A falta de definição de Marcel Keizer sobre o estilo de jogo a ser adotado – e até sobre os jogadores a serem escalados (por exemplo: até agora, com a temporada na metade, não se sabe o atacante titular no meio da área). Resultado: mesmo na frente da tabela, como de costume, o Ajax foi vulnerável como havia tempos não era. Basta dizer que sofreu duas derrotas em casa, para Utrecht e Vitesse, o que não acontecia desde 2014/15. Aos trancos e barrancos, porém, um caminho foi encontrado. Maximilian Wöber entrou bem na zaga; Frenkie de Jong aproveitou a chance merecida, firmando-se entre a defesa e o meio-campo; Lasse Schöne e Hakim Ziyech seguem como ótimos meio-campistas; e David Neres, ambientado e acostumado, cresceu notavelmente de produção para se tornar um dos melhores da temporada na Holanda. Resultado: sete jogos de invencibilidade promissora. 

Todavia, essa reação nascente desmoronou com a queda para o Twente, nas oitavas de final da Copa da Holanda. A diretoria – leia-se Edwin van der Sar e Marc Overmars – se cansou, demitiu Marcel Keizer, esqueceu a ideia de “manter o estilo” e também dispensou o conselheiro técnico Dennis Bergkamp... e trouxe o “plano A”: Erik ten Hag, incensado por fazer o Utrecht ir além do 4-3-3 habitual. No entanto, embora também justificável, a demissão faz quase o Ajax voltar à estaca zero. Conseguirá manter a boa sequência do fim de 2017? Evoluirá para conseguir o título? Ou novamente tropeçará? Respostas, somente com o decorrer do returno.

Os gols de Weghorst (camisa 9), a velocidade de Alireza (ajoelhado), revelações como Guus Til (à direita)... tudo isso torna o AZ o time mais agradável da Eredivisie. Se fosse mais desafiador... (Tom Bode/VI Images)
AZ

Posição: 3º lugar, com 38 pontos
Técnico: John van den Brom
Time-base: Bizot; Svensson, Hatzidiakos, Wuytens e Ouwejan; Midtsjo, Til e Koopmeiners; Alireza Jahanbakhsh, Weghorst e Mats Seuntjens (Van Overeem)
Artilheiro: Wout Weghorst (atacante), com 8 gols
Destaques: Wout Weghorst (atacante), Alireza Jahanbakhsh (atacante) e Guus Til (meio-campista) 
Objetivo do início: vaga nos play-offs pela Liga Europa
Avaliação: O AZ foi além: com regularidade e ofensividade, alcançou a terceira posição. Se não fosse tão tímido contra os três grandes, o título holandês seria uma possibilidade

Já faz tempo que o AZ se estabilizou como o primeiro clube abaixo do triunvirato tradicional no futebol holandês. Mesmo quando começa pessimamente uma temporada (caso de 2015/16), recupera-se brilhantemente. Mesmo quando é superado na posição de “melhor do resto” – como na temporada passada, quando o Utrecht é que ficou no quarto lugar -, mantém um nível médio que mantém a torcida extremamente tranquila. Além do mais, costumeiramente acerta nas transferências e na promoção gradual dos vindos das categorias de base. De certa forma, tudo isso é simbolizado na campanha atual. Ainda respaldado, John van den Brom comanda uma equipe jovem, veloz, ofensiva (só fez menos gols do que os três grandes). 

Na zaga, a dupla formada por Pantelis Hatzidiakos e Stijn Wuytens elimina qualquer impacto da ausência do veterano e lesionado Ron Vlaar. No meio-campo, se Marko Vejinovic rompeu ligamentos do tornozelo, o caminho ficou aberto para a promissora dupla de volantes revelada em Guus Til e Teun Koopmeiners, ambos da base. No ataque, a mesma coisa: a promessa Calvin Stengs viu o ligamento cruzado anterior se romper já na primeira rodada, mas há a velocidade de Alireza Jahanbakhsh, pelo lado direito, e a eficiência de Wout Weghorst na finalização. É o suficiente para fazer a terceira melhor campanha. Se não fosse o velho problema da timidez contra os grandes (perdeu para todos – pior, levou a virada contra o Ajax, rival na disputa pela segunda posição), pensar em título seria muito plausível. Já que não é, ser o time de melhor futebol na Holanda é um bom prêmio de consolação.

Com Namli (abraçado) como o mais destacado, Zwolle consegue o direito de sonhar alto (Pro Shots)
Zwolle

Posição: 4º lugar, com 33 pontos
Técnico: John van’t Schip
Time-base: Boer; Ehizibue, Marcellis, Sandler (Freire) e Van Polen; Bakker (Dekker), Saymak e Ryan Thomas; Namli, Ondaan (Nijland) e Mokhtar
Artilheiro: Mustafa Saymak (meio-campo/atacante), com 7 gols
Destaques: Mustafa Saymak (meio-campo/atacante), Younes Namli (atacante) e Youness Mokhtar (atacante)
Objetivo do início: escapar do rebaixamento
Avaliação: se o AZ impressiona, o Zwolle é ainda mais incrível: corrigiu a estagnação da temporada passada, mostra valor técnico e faz campanha admirável

Como já foi escrito aqui, o Zwolle terminou a temporada passada com a firme impressão de que precisava mudar, caso quisesse manter a regularidade do projeto que visa tornar o clube firme na primeira divisão holandesa. Dito e feito: após o sufoco e a salvação da repescagem apenas na rodada final, o técnico Ron Jans deixou o clube, outros jogadores saíram... e caberia aos remanescentes (Mustafa Saymak, Youness Mokhtar, Ryan Thomas) e às novidades (Younes Namli, Terell Ondaan, o retornado goleiro Diederik Boer) ditarem até onde os Zwollenaren poderiam ir. Pelo menos nesse turno, para uma agremiação ainda pequena, eles foram longe, muito longe. Tão longe que, durante certo tempo, foram considerados candidatos a “Leicester holandês” – e até hoje protagonizam o grande conto de fadas da temporada holandesa. 

Para que se tenha uma ideia, nos jogos contra os grandes, apenas o 3 a 0 do Ajax (4ª rodada) foi inquestionável: os “Dedos Azuis” seguraram o 0 a 0 contra o Feyenoord, e só caíram para o PSV (1 a 0) no minuto final de uma partida em que foram superiores. Tanto em casa quanto fora, a regularidade é notável. Mesmo no típico 4-3-3 holandês, sob o técnico John van’t Schip, nota-se uma tremenda velocidade no ataque, graças ao trio Namli-Saymak-Mokhtar – e até a tentativas de Van’t Schip que deram certo, como improvisar o ponta Ehizibue na lateral direita. Já está claro que as mudanças só trouxeram benefícios: após um ano de pausa, não só o Zwolle voltou a ser uma das ótimas surpresas na Eredivisie, como está na melhor posição de sua história no campeonato. Quem sabe haja chance até de participar das fases preliminares da Liga Europa, como em 2014/15?

O Feyenoord parecia sem rumo na temporada. Aos poucos, está reagindo, com os gols de Berghuis. Quem sabe... (Pro Shots)
Feyenoord

Posição: 5º lugar, com 32 pontos
Técnico: Giovanni van Bronckhorst
Time-base: Brad Jones; Diks (Amrabat), Tapia, St. Juste (Van Beek) e Haps (Nelom); El Ahmadi, Toornstra e Vilhena; Berghuis, Jorgensen e Larsson (Boëtius)
Artilheiro: Steven Berghuis (atacante), com 11 gols
Destaque: Steven Berghuis (atacante)
Objetivo do início: título
Avaliação: Desfalques sucessivos na defesa, uma sequência de maus resultados, a ressaca após o título de 2016/17... talvez o bicampeonato seja pedir demais. Porém, recuperação no final do turno indica que a reação ainda é possível

Quando a temporada começou, o cenário era muito promissor para o Feyenoord. Do time que levara a torcida à forra com o fim do jejum, só não estavam mais Karsdorp, Kongolo, Elia e Kuyt. Era plenamente possível pensar na repetição do bicampeonato, já que vários destaques seguiriam em Roterdã. Na Liga dos Campeões, embora houvesse o sonho de uma atuação digna, ele acabou já na primeira rodada, com o impactante 4 a 0 do Manchester City em pleno De Kuip. Ainda assim, o início da campanha na Eredivisie tivera quatro vitórias em quatro jogos. Todavia, o quinto representou o ponto final da invencibilidade, com a derrota para o PSV. Começava ali uma espiral de notícias ruins, que diminuiu demais as expectativas do Stadionclub – sem contar a “ressaca” do esforço da temporada passada, vista em várias atuações lentas, e a incomum frequência de tropeços em casa (duas derrotas e três empates).

Mas foram as contusões o maior fator de distúrbio. Primeiro, uma lesão muscular tirou de combate Nicolai Jorgensen. Elas também dilapidaram a defesa: titulares absolutos no miolo de zaga, Eric Botteghin e Jan-Arie van der Heijden foram abatidos por sérios problemas, forçando o técnico a improvisar (ora Renato Tapia e Jerry St. Juste, ora Tapia e Sven van Beek). Nas laterais, mais problemas físicos (na esquerda, com Ridgeciano Haps) e atuações decepcionantes (caso de Kevin Diks) levavam a mais experiências: a volta de Miquel Nelom na esquerda e a promoção do jovem Tyrell Malacia, o improviso com Sofyan Amrabat na direita. Se servia de consolo, o meio-campo seguiu seguro: Karim El Ahmadi, Jens Toornstra e Tonny Vilhena tranquilizam a torcida. 

No ataque, Steven Berghuis justificou o dinheiro pago em sua contratação definitiva: cresceu de produção, virando até candidato a novo titular na ponta-direita da seleção holandesa. Outra contratação, Sam Larsson, também se mostrou certeira. E até outro novato, Dylan Vente, tem agradado nas atuações, quando Jorgensen é impedido pelas lesões. Assim, se atingiu ponto baixo ao levar 4 a 1 em casa do arquirrival Ajax, e se já está a 14 pontos do líder PSV, o Feyenoord terminou o 1º turno com três vitórias seguidas. E já começará 2018 tendo o clássico contra o Ajax para provar que está vivo na temporada. O bi já é apenas um sonho, mas sonhar não custa nada.

Com Labyad como protagonista, Utrecht segue bem. Mas ainda falta algum diferencial. E como ficará o time sem Erik ten Hag? (Pro Shots)
Utrecht

Posição: 6º lugar, com 28 pontos 
Técnico: Erik ten Hag (até a 18ª rodada) e Jean-Paul de Jong (a partir da 19ª rodada)
Time-base: Jensen; Van der Maarel, Leeuwin, Willem Janssen e Emanuelson; Klaiber, Van de Streek, Strieder, Labyad e Ayoub; Kerk e Labyad (Dessers)
Artilheiro: Zakaria Labyad (meio-campo/atacante), com 6 gols
Destaque: Zakaria Labyad (atacante) 
Objetivo do início: vaga direta na Liga Europa/vaga nos play-offs pela Liga Europa
Avaliação: Falta alguma coisa em relação ao time perfeitamente entrosado e ofensivo de 2016/17, mas os Utregs estão bem. Só que a saída de Erik ten Hag deixa uma grande dúvida sobre como será o destino da equipe no returno

Até agora, o Utrecht segue bem na Eredivisie. Mas falta alguma coisa. Está certo que o time terminou o turno dando a impressão de reagir, após ficar mais no meio da tabela durante boa parte dele. Porém, ainda não se viu os Utregs apresentarem algo próximo do nível técnico altamente elogiável visto na temporada passada. Está certo que era compreensível, dadas as perdas na janela de transferências (Sébastien Haller, Sofyan Amrabat, Nacer Barazite). Mas a equipe poderia fazer melhor. Era um time “só” bom, não um time capaz de desafiar o Trio de Ferro. A bem da verdade, só em uma partida se viu o Utrecht capaz de surpreender: no 2 a 1 contra o Ajax, na 11ª rodada, em Amsterdã. 

Ali foram sintetizadas as qualidades da equipe nas temporadas recentes: a flexibilidade tática (Urby Emanuelson simboliza, jogando no meio e na lateral), a ofensividade, a firmeza da defesa (Willem Janssen é o destaque), a fluidez do ataque (por ela respondem Yassin Ayoub e Zakaria Labyad). Por tudo isso, era possível ver a reação delineada nas últimas partidas de 2017. Mas por tudo isso, também, o Ajax julgou que Erik ten Hag era o nome certo para sacudir a equipe irregular – e o tirou do Utrecht. Agora, sob Jean-Paul de Jong, por mais que os jogadores sejam capazes de seguirem jogando bem, fica a dúvida: como o Utrecht se dará sem o técnico que o ajudou a crescer na Eredivisie? O jogo contra o Feyenoord – atrasado da 15ª rodada, em 24 de janeiro – dará uma boa resposta. Até por ser direto na disputa da vaga nos play-offs da Liga Europa.

Chamando a responsabilidade para criar as jogadas no meio-campo, El Khayati simboliza temporada mais calma do Den Haag (Tom Bode/VI Images)
ADO Den Haag

Posição: 7º lugar, com 26 pontos
Técnico: Alfons “Fons” Groenendijk
Time-base: Zwinkels; Ebuehi, Meissner, Kanon (Beugelsdijk) e Meijers; Immers, El Khayati e Bakker (Gorter); Becker, Johnsen (Falkenburg) e Hooi (Lorenzen)
Artilheiro: Bjorn Johnsen (atacante), com 7 gols
Destaque: Abdenasser El Khayati (meio-campista)
Objetivo do início: escapar do rebaixamento
Avaliação: A situação interna do clube está serena. E com aquisições certeiras, o time de Haia conseguiu uma base que vive momento de ascensão, dando esperança à torcida

Quando a temporada atual começou, tudo que o ADO Den Haag desejava era uma campanha tranquila. Se não fosse possível pensar em surpreender, que pelo menos a ameaça de rebaixamento passasse longe, diferente do que fora em 2016/17. Melhor ainda seria se a United Vansen, empresa chinesa que controla o clube, mantivesse o armistício com o Conselho Deliberativo, após as incendiárias turbulências da Eredivisie passada. Pelo menos em campo, era possível esperar tempos mais pacíficos. Afinal, o time prometia um pouco mais, somando nomes queridos da torcida (Robert Zwinkels, Tom Beugelsdijk, o retornado Lex Immers) a gente experiente em Eredivisie (Erik Falkenburg, Sheraldo Becker).

Demorou um pouco para que a mistura emplacasse: o time auriverde de Haia patinou em posições inferiores, nas primeiras rodadas. A partir da 7ª, porém, as coisas se estabilizaram. Ganhar em Haia passou a ser tarefa dura, como amargaram Ajax (1 a 1, na 5ª rodada) e Feyenoord (2 a 2, na 11ª rodada). O experiente Zwinkels tinha algumas boas atuações no gol, enquanto Nasser El Khayati provava por que merecera a contratação em definitivo junto ao Queens Park Rangers, decidindo alguns jogos. No ataque, resultava em boas coisas o casamento entre a força física de Bjorn Johnsen e a velocidade dos pontas Becker e Elson Hooi. Assim, agora, o ADO Den Haag sonha até com a repescagem por vaga na Liga Europa. A torcida já agradecerá só pela tranquilidade mantida – dentro de campo, já que fora, os balanços financeiros ainda atemorizam um pouco.

Matavz está cumprindo o objetivo para o qual foi contratado pelo Vitesse: gols. Mas o time pode melhorar (ANP/Pro Shots)
Vitesse

Posição: 8º lugar, com 24 pontos
Técnico: Henk Fräser
Time-base: Pasveer; Dabo (Lelieveld), Kashia, Miazga e Faye (Büttner); Bruns, Serero e Foor; Rashica, Matavz e Linssen
Artilheiro: Tim Matavz (atacante), com 9 gols
Destaque: Tim Matavz (atacante)
Objetivo do início: vaga nos play-offs pela Liga Europa
Avaliação: O Vites mostra capacidade técnica para atingir o objetivo inicial. Com uma partida a menos, está firme na disputa – e pode se concentrar somente na Eredivisie

Certo, a temporada poderia estar melhor. Se cair na fase de grupos da Liga Europa era algo previsível – bem, talvez não como último colocado da chave -, difícil foi suportar a vexatória desclassificação na Copa da Holanda, para o amador AVV Swift. Ainda assim, é possível dizer que está tudo bem com o Vitesse. A equipe manteve uma boa participação no Campeonato Holandês, e passou o começo da temporada nas primeiras posições – tendo como destaque maior a categórica vitória sobre o Ajax, em plena Amsterdam Arena (2 a 1, na sexta rodada). Houve uma ligeira queda, é verdade. Motivada por atuações irregulares, principalmente nas laterais, em que Fankaty Dabo (na direita) e o decepcionante Alexander Büttner (na esquerda) deixavam muitos espaços, obviamente sobrecarregando a – boa – dupla de zaga.

Henk Fräser deu um jeito, experimentando outros esquemas, como o 5-3-2 e o 4-2-3-1, além do ocorrido nesta semana (barrar Büttner, por indisciplina). Já serviu para potencializar as boas atuações no meio-campo (Thulani Serero, Navarone Foor). A partir delas, a bola chegou para o ataque, em que Tim Matavz cumpre bem a função para a qual foi contratado: marcar gols. Porém, foi insuficiente para convencer a diretoria a continuar com Henk Fräser, que deixará o time de Arnhem ao final da temporada. Talvez seja apropriado, já que o trabalho parece se esgotar. Mas ainda assim, o Vitesse tem condições de seguir bem.

Por mais que faça gols e seja o destaque no Heerenveen, Henk Veerman ainda não impulsionou o clube da Frísia (Pro Shots)
Heerenveen

Posição: 9º lugar, com 23 pontos
Técnico: Jurgen Streppel
Time-base: Hahn (Hansen); Dumfries, Hoegh, Pierie e Schmidt (Woudenberg); Kobayashi, Thorsby (Van Amersfoort/Vlap) e Schaars; Odegaard, Reza Ghoochannejhad (Veerman) e Vlap
Artilheiros: Morten Thorsby (meio-campista) e Henk Veerman (atacante), ambos com 4 gols 
Destaque: Henk Veerman (atacante) 
Objetivo do início: vaga nos play-offs pela Liga Europa
Avaliação: O Heerenveen mostra muita regularidade, circundando sempre entre a 8ª e a 10ª posições. Mas faltam mais definições, se quiser subir alguns lugares e cumprir seu objetivo

Sim, o Heerenveen faz uma campanha... boa. Nada que impressione como Zwolle ou AZ fazem, mas é o suficiente para que o time da Frísia faça o que a torcida está acostumada a ver: uma temporada tranquila, sem riscos. Até houve temores na defesa quando o goleiro Warner Hahn se lesionou logo na primeira rodada, mas Martin Hansen (aquele, do gol de calcanhar pelo ADO Den Haag em 2015) foi trazido às pressas e segurou bem a situação até Hahn se recuperar. De mais a mais, Kik Pierie se revelou promissor na zaga, assim como Denzel Dumfries na lateral direita. Até mesmo Martin Odegaard, que já ameaçava decepcionar, cresceu de produção nesta temporada. E Stijn Schaars é sempre seguro. Sem contar que o Heerenveen foi dos únicos times a vencer o PSV – 2 a 0 na 4ª rodada.

Ainda assim, parece faltar algo para que o time da Frísia cumpra as expectativas e seja mais firme na disputa por um lugar entre os quatro da repescagem na Liga Europa. Talvez o ataque, em que apenas Odegaard sai a contento: Reza Ghoochannejhad caiu de produção e tem ficado no banco, enquanto Henk Veerman marca gols, sem virar inquestionável no time. E Jurgen Streppel tem mostrado indecisão entre esquemas, o que faz com que alguns jogadores entrem e saiam do time (exemplos são Michel Vlap e Pelle van Amersfoort). São fatores que precisam de correção, caso o Heerenveen queira subir na tabela para fazer o previsível: outra campanha boa e elogiável. Ainda é possível.