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terça-feira, 25 de maio de 2021

Análise da temporada: ADO Den Haag

Van Ewijk foi um raro facho de luz, na sombria temporada do ADO Den Haag - e sombria não só pelo rebaixamento (Geert van Erven/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 18º lugar, com 22 pontos - rebaixado diretamente
No turno havia sido: 17º colocado, com 7 pontos
Time-base: Fraisl (Koopmans); Van Ewijk, Del Fabro (Zuiverloon), Kemper e Pinas; De Boer (Vejinovic), El Khayati e Goossens; Besuijen (Adekanye), Kramer (Arweiler) e Kishna
Técnico: Aleksandar Rankovic (até a 8ª rodada) e Ruud Brood
Maior vitória: ADO Den Haag 3x2 Feyenoord (31ª rodada)
Maior derrota: Sparta Rotterdam 6x0 ADO Den Haag (9ª rodada)
Principal jogador: Milan van Ewijk (lateral direito)
Artilheiro: Michiel Kramer (atacante), com 6 gols
Quem deu mais passes para gol: Milan van Ewijk (lateral direito), Nasser El Khayati (meio-campista) e John Goossens (meio-campista), todos com três passes para gol
Quem mais partidas jogou: Milan van Ewijk (lateral direito), com 33 partidas
Copa nacional: eliminado nas oitavas de final, pelo Vitesse
Competições continentais: nenhuma

O ADO Den Haag já era lanterna na temporada 2019/20 do Campeonato Holandês. Praticamente condenado ao rebaixamento. Surgiu a pandemia, encerrou forçosamente a Eredivisie, e o time de Haia teve a sua segunda chance. Mas não a aproveitou. Pior: nunca demonstrou ter forças para evitar a queda à segunda divisão, após o começo da liga. Nem mesmo com os passos típicos de um time que tenta se reanimar. Por exemplo, a mudança de técnico: Ruud Brood chegou antes da 9ª rodada, após a demissão de Aleksandar Rankovic, que nunca se entendeu com o grupo. Mas a estreia de Brood foi... logo com o 6 a 0 do Sparta Rotterdam nos Hagenaren, a pior derrota da temporada.

Outro passo que o ADO Den Haag seguiu em sua trajetória sem rumo foram os 37 jogadores usados em uma só temporada, recorde histórico na Eredivisie. Alguns tiveram utilidade em bons momentos: o goleiro Martin Fraisl e o atacante Bobby Adekanye brilharam no 2 a 2 com o PSV, na 22ª rodada. E o velho conhecido Nasser El Khayati voltou e teve brilho numa única vitória respeitável (o 3 a 2 no Feyenoord, na 31ª rodada). Além do mais, Milan van Ewijk foi um ponto promissor, vindo da base para mostrar talento na lateral direita. Era pouco, para um clube se esfarinhando dentro e fora de campo (a empresa chinesa United Vansen pôs o Den Haag à venda), com goleadas sofridas em casa (foi o pior mandante da Eredivisie). Afinal, o destino que se insinuava em 2019/20 chegou: o rebaixamento. E pior do que isso é que o clube de Haia, dos mais tradicionais do futebol holandês, tem a impressão de que não terá de lutar só para voltar à Eredivisie: terá de lutar para sobreviver.

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Parada obrigatória: ADO Den Haag

O ADO Den Haag até se esforça em campo, com nomes como Kramer, mas os resultados seguem terríveis (Pro Shots/VI Images)

Posição: 17º colocado, com 7 pontos
Técnico: Aleksandar Rankovic (até a 8ª rodada) e Ruud Brood
Time-base: Koopmans; Van Ewijk, Del Fabro, Pinas e Faye; De Boer, Rigo (Pascu) e Bourard; Besuijen, Kramer e Ould-Chikh
Maior vitória: VVV-Venlo 1x2 ADO Den Haag (4ª rodada)
Maior derrota: Sparta Rotterdam 6x0 ADO Den Haag (9ª rodada)
Copa da Holanda: classificado para as oitavas de final, nas quais enfrentará o Vitesse
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Michiel Kramer (atacante), com 3 gols
Objetivo do início: escapar do rebaixamento
Avaliação: Mudanças de técnico, mudanças de jogadores, mas a situação do time de Haia segue a mesma: uma aflitiva luta contra o rebaixamento. Só o esforço pode salvar o time da queda direta - e talvez até salve

Já em 2019/20, o caminho do ADO Den Haag parecia irremediavelmente destinado ao rebaixamento. Tanto que a equipe era a penúltima colocada da Eredivisie, já com sete pontos atrás da 16ª posição (que, pelo menos, oferece uma "segunda chance" ao ocupante, via repescagem). A pandemia encerrou forçosamente o campeonato - e salvou, por linhas tortas, o Den Haag da queda quase certa. Foi como se um estudante relapso estivesse perto da data da prova final, na qual um resultado previsivelmente ruim o levaria à recuperação... e a escola fosse fechada por tempo indeterminado. Era uma "segunda chance" para o time de Haia tomar jeito. Não tomou. E novamente, amarga o risco gigantesco da queda. Ele pode não ser tão grande quanto era no campeonato passado - são só dois pontos de diferença em relação ao 16º lugar, barreira ainda transponível -, mas é grande.

Vender vários jogadores experientes, ídolos da torcida (como o zagueiro Tom Beugelsdijk, por exemplo), em detrimento de um time jovem, deixaram os Hagenaren desarvorados em campo, às vezes. Presa fácil para os ataques adversários, o pior mandante da Eredivisie - nenhuma vitória em casa - demitiu Aleksandar Rankovic buscando um técnico que protegesse mais a defesa e tivesse melhor relação com os jogadores. Buscou o experiente Ruud Brood. Mas o começo foi ainda pior: um 6 a 0 inapelável do Sparta Rotterdam. Se há algo a defender no Den Haag, é o esforço que os jogadores deixam em campo. Esforço personificado em resultados como a vitória sobre o VVV-Venlo (vinda nos acréscimos, com gol de David Philipp), o empate contra o Utrecht, as tentativas de nomes como Luuk Koopmans, Milan van Ewijk e Michiel Kramer, as contratações dos veteranos Daryl Janmaat e Marko Vejinovic... mas de nada adiantará se esforçar, caso os resultados não venham rápido. Se o Den Haag não reagir, logo será tarde demais.

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Guia da Eredivisie 2020/21: ADO Den Haag

O ADO Den Haag só escapou do rebaixamento porque a temporada 2019/20 foi encerrada abruptamente pela pandemia. Mas seguem as mudanças. E caberá a nomes como o atacante Jonas Arweiler tentar trazer tempos mais tranquilos (Divulgação/adodenhaag.nl)

Alles Door Oefening Den Haag

Cidade: Haia
Estádio: Cars Jeans (capacidade de 15.000 espectadores)
Apelido: Hagenaren, Den Haag
Títulos: 2 (na fase amadora do Campeonato Holandês)
Patrocínio: Cars Jeans
Técnico: Aleksandar Rankovic
Destaque: Luuk Koopmans (goleiro)
Fique de olho: Jonas Arweiler (atacante)
Quando a temporada passada foi interrompida, estava na... 17ª colocação
Brasileiros no grupo de jogadores: nenhum
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: escapar do rebaixamento
Amistosos de pré-temporada:
31 de julho - MVV Maastricht 0x0 ADO Den Haag
8 de agosto - Almere City 1x2 ADO Den Haag
22 de agosto - ADO Den Haag 2x2 Vitesse
29 de agosto - AZ 0x1 ADO Den Haag
4 de setembro - ADO Den Haag 1x1 Sparta Rotterdam
Principais chegadas: Lassana Faye (D, Sparta Rotterdam), Peet Bijen (D, Twente), Dario del Fabro (D, Juventus-ITA), Kees de Boer (M, Swansea-GAL), Andrei Ratiu (M, Villarreal-ESP), José Pascual "Pascu" Alba (M, Valencia B-ESP), Amar Catic (A, PSV), Jonas Arweiler (A, Utrecht), Ricardo Kishna (A, Lazio-ITA) e Vincent Besuijen (A, Roma-ITA)
Principais saídas: Dion Malone (D, NAC Breda), [Laurens de Bock (D, Leeds United-ING)], Tom Beugelsdijk (D, Sparta Rotterdam), [Sam Stubbs (D, Middlesbrough-ING)], Danny Bakker (M, Roda JC)[Thom Haye (M, NAC Breda)], Dante Rigo (M, PSV), Lex Immers (M, NAC Breda), Erik Falkenburg (M/A, Roda JC), Elson Hooi (A, dispensado), [Crysencio Summerville (A, Feyenoord)] e Tomas Necid (A, dispensado)
Grupo de jogadores
Valor de mercado: 8,99 milhões de euros (via Transfermarkt)

Legenda
Jogador (posição, clube)
Transferência definitiva
[Transferência definitiva após empréstimo]
Empréstimo
[retorno de empréstimo]

Na reta final da temporada 2019/20, o ADO Den Haag vivia situação desesperadora. A própria torcida fizera a piada na volta da pausa de inverno: se o fantasma do rebaixamento estava perto, era bom confiar nos "caça-fantasmas" Alan Pardew, contratado para treinar o time alviverde de Haia até o fim da temporada, e Chris Powell, seu auxiliar. Não estava dando certo: os Hagenaren continuavam bordejando a queda. Mas a decisão da federação holandesa em interromper abruptamente a temporada serviu como uma "anistia" dada a um mau aluno na escola. Numa dessas "benevolências" que só ocorrem muito esporadicamente, o Den Haag foi salvo pelo gongo. Por paus ou por pedras, Alan Pardew "cumprira" sua intenção de manter o time de Haia na primeira divisão. 

Tarefa feita, não só o técnico inglês saiu: todos os jogadores que vieram, em sua maioria emprestados de clubes ingleses, também deixaram Haia (Laurens de Bock, Sam Stubbs, Jordan Spence, Omar Bogle...). E caberá ao ex-meio-campista sérvio Aleksandar Rankovic, com história no Den Haag, treinar uma equipe que também perdeu o único destaque técnico de 2019/20: Crysencio Summerville, de volta ao Feyenoord. Equipe que passa por reformulação que deixará cicatrizes dentro de campo: a torcida sentirá falta dos ídolos Tom Beugelsdijk, Erik Falkenburg e Lex Immers - para poupar, este teve o contrato rescindido, e aqueles foram vendidos. Resta a Rankovic confiar nos raros destaques que ficam. E apostar nos que chegam, tenham experiência na Eredivisie (o zagueiro Peet Bijen, os atacantes Ricardo Kishna e Jonas Arweiler) ou não (o meio-campista espanhol "Pascu", o atacante Vicente Besuijen). E bem ou mal, houve uma vitória sobre o AZ, bem mais forte, no último amistoso da pré-temporada. Será o sinal de uma temporada mais calma em Haia?

domingo, 29 de dezembro de 2019

Parada obrigatória: ADO Den Haag

O ADO Den Haag vive sérias dificuldades em campo e fora dele - e o desânimo dificulta ainda mais a recuperação (Laurens Lindhout/adodenhaag.nl)

Posição: 17º colocado, com 13 pontos
Técnico: Alfons "Fons" Groenendijk (até a 15ª rodada) e Dirk Heesen (interino, entre a 16ª e a 18ª rodadas - Alan Pardew assume a partir de 1º de janeiro)
Time-base: Koopmans; Van Ewijk, Beugelsdijk, Pinas e Meijers; Bakker, Immers e Goossens; Summerville, Necid e Hooi (Malone)
Maior vitória: RKC Waalwijk 0x3 ADO Den Haag (4ª rodada)
Maior derrota: Ajax 6x1 ADO Den Haag (18ª rodada)
Copa da Holanda: eliminado na primeira fase, pelo Fortuna Sittard
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Tomas Necid (atacante), com 6 gols
Objetivo do início: meio de tabela/vaga nos play-offs pela Liga Europa
Avaliação:  Como se temia, as perdas na janela de transferências foram decisivas para a piora do time auriverde de Haia. Em crise dentro e fora de campo, a equipe está em queda livre - e preocupante
Fará os treinos da pausa de inverno em... Alhaurín, balneário na Espanha, entre 4 e 10 de janeiro
E amistosos? Contra o Noordwijk, da terceira divisão holandesa, em 6 de janeiro, e contra o Hoffenheim-ALE, em 9 de janeiro

Diante da razoável temporada passada, se esperava que o ADO Den Haag conseguisse manter um nível técnico que lhe possibilitasse passar o Campeonato Holandês no meio da tabela, sem muitos problemas, como era habitual nas temporadas recentes. Entretanto, a esperança tinha um sério golpe: as saídas de Sheraldo Becker e Nasser El Khayati, os principais destaques técnicos da equipe de Haia nos últimos anos - principalmente El Khayati, que deixou o time privado de sua habilidade ao rumar para o Qatar SC. Foi como se as duas saídas dessem a partida para uma espiral de erros que jogou o Den Haag para as últimas posições do campeonato, no primeiro turno.

Em campo, o que se viu foi uma defesa que até é menos frágil do que os concorrentes diretos para escapar do rebaixamento - mas faz isso a partir de alguma violência no miolo de zaga, enquanto o gol sofreu com indefinições (o titular e veterano Robert Zwinkels se lesionou, dando lugar a Luuk Koopmans). Já no ataque, as ausências de Becker e El Khayati tiveram seus preços: o segundo pior ataque da Eredivisie, previsível, com poucas variações de jogo. Os raros destaques estiveram no jovem Crysencio Summerville, aproveitando bem as chances no empréstimo antes de voltar ao Feyenoord, e em Tomas Necid, um pouco mais confiável na finalização. Pior: um time sem a menor imposição em casa - foi o segundo pior mandante da primeira metade do campeonato.

Se dentro de campo a situação foi ruim, fora foi igual: de novo, a United Vansen, empresa chinesa que comanda o clube, ficou sob críticas da torcida. Nesse caso, sobrou para o diretor técnico Jeffrey van As, demitido. E em campo, após os maus resultados (incluindo a queda na Copa da Holanda), ficou claro que o técnico "Fons" Groenendijk já não conseguia mais achar jeitos de mudar a situação. Também perdeu o emprego. O ADO Den Haag terminou 2019 sem vencer há sete jogos, despencando para a penúltima posição - agora, também rebaixando seu ocupante. No jogo derradeiro do ano pela Eredivisie, foi presa facílima para o Ajax, que fez 6 a 1 e poderia ter feito mais. Restará ao técnico inglês Alan Pardew chegar para, em seis meses, ajudar a equipe verde e amarela a se recompor em campo, e reverter o péssimo clima com que o ano termina.

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Guia da Eredivisie 2019/20: ADO Den Haag

O ADO Den Haag segue treinando para a estreia no Campeonato Holandês. E a pergunta também segue: o destaque El Khayati vai ou fica? (adodenhaag.nl)
Alles Door Oefening Den Haag

Cidade: Haia
Estádio: Cars Jeans (capacidade de 15.000 espectadores)
Apelido: Hagenaren, Den Haag
Títulos: 2 (na fase amadora do Campeonato Holandês)
Patrocínio: Cars Jeans
Técnico: Alfons “Fons” Groenendijk
Destaque: Erik Falkenburg (atacante)
Fique de olho: Wilfried Kanon (zagueiro)
Temporada passada: 9º colocado
Brasileiros no grupo de jogadores: nenhum
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: meio de tabela/vaga nos play-offs pela Liga Europa
Amistosos de pré-temporada:
29 de junho - Honselersdijk 1x8 ADO Den Haag
1º de julho - Scheveningen 0x2 ADO Den Haag
6 de julho - Laakkwartier 0x10 ADO Den Haag
8 de julho - Serooskerke 0x5 ADO Den Haag
12 de julho - ADO Den Haag 0x0 Kortrijk-BEL
12 de julho - RCS 1x10 ADO Den Haag
20 de julho - ADO Den Haag 1x1 Al Wahda-EAU
26 de julho - ADO Den Haag 1x1 OH Leuven-BEL
Principais chegadas: Luuk Koopmans (G, PSV), [Nick Kuipers (D, Emmen)], Milan van Ewijk (D, Excelsior Maassluis), [Hennos Asmelash (M, TOP Oss)], Thom Haye (M, sem clube), Michiel Kramer (A, Utrecht) e [Delano Ladan (A, TOP Oss)], Crysencio Summerville (A, Feyenoord), Pawel Cibicki (A, Leeds United-ING) e Bilal Ould-Chikh (A, sem clube)
Principais saídas: Indy Groothuizen (G, Vejle-DIN), [Giovanni Troupée (D, Utrecht)], [Sem Steijn (A, Al Wahda-EAU - estava emprestado ao VVV-Venlo)], Nasser El Khayati (M/A, Qatar SC-CAT), Melvyn Lorenzen (A, não renovou contrato), Thijmen Goppel (A, MVV Maastricht) e Sheraldo Becker (A, Union Berlin-ALE)
Valor de mercado: 15,75 milhões de euros (via Transfer Markt)
Orçamento: 15,5 milhões de euros (via Voetbal International)


Legenda
Jogador (posição, clube)
Transferência definitiva
[Transferência definitiva após empréstimo]
Empréstimo
[retorno de empréstimo]

O ADO Den Haag terá um grande desafio nesta temporada. Não que o time de Haia vá sofrer demais ou que vá arder no fogo da disputa contra a repescagem/rebaixamento (pelo menos, não é essa a expectativa inicial). Entretanto, o técnico Alfons Groenendijk começará sua terceira temporada à frente dos Hagenaren sabendo que terá de pensar outra solução para um dos pontos positivos: o ataque. Afinal de contas, após dois anos monopolizando as ações ofensivas do time, sendo o nome do desafogo, o homem capaz de criar jogadas rumo ao gol (e de finalizá-las também), Nasser El Khayati saiu: após negociação arrastada, o holandês de ascendência marroquina se transferiu para o Qatar SC. Além do mais, um de seus principais coadjuvantes, o rápido ponta-direita Sheraldo Becker, também começará a temporada 2019/20 em outro time: o Union Berlin, da Alemanha.

Se serve de consolo, há uma base bem consolidada sobre a qual "Fons" Groenendijk poderá trabalhar. Na defesa, os nomes já são velhos conhecidos: o goleiro Robert Zwinkels, os zagueiros Tom Beugelsdijk (às vezes exagerado nas faltas, mas sempre querido pela torcida) e Wilfried Kanon, o meio-campista Lex Immers. Sem El Khayati, Erik Falkenburg parece mais talhado para assumir o papel de destaque no Den Haag: é experiente no Campeonato Holandês, pode criar jogadas, pode chegar para finalizá-las, tem boa técnica. De quebra, alguns nomes restantes no ataque podem crescer de importância na temporada, como Tomas Necid e Elson Hooi, já opções frequentes na Eredivisie passada. Por sinal, Michiel Kramer, de volta ao Den Haag após quatro anos, também será mais uma opção ofensiva. Restará ter mais segurança defensiva para buscar ir além do meio da tabela. 

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Análise da temporada: ADO Den Haag

El Khayati foi o nome que sempre mereceu confiança do ADO Den Haag na temporada. Talvez, aliás, o time tenha sido individual demais... (VI Images)

Colocação final: 9º colocado, com 45 pontos (atrás pelo pior saldo de gols)
No turno havia sido: 11º colocado, com 20 pontos
Time-base: Zwinkels; Malone, Beugelsdijk, Kanon e Meijers; Danny Bakker, El Khayati e Immers; Becker (Hooi), Necid e Falkenburg
Técnico: Alfons "Fons" Groenendijk
Maior vitória: ADO Den Haag 6x2 Willem II (33ª rodada)
Maior derrota: ADO Den Haag 0x7 PSV (5ª rodada)
Principal jogador: Nasser El Khayati (meio-campista/atacante)
Artilheiro: Nasser El Khayati (meio-campista/atacante), com 17 gols
Quem deu mais passes para gol: Nasser El Khayati (meio-campista/atacante), com 12 passes para gol
Quem mais partidas jogou: Lex Immers (meio-campista), que jogou todas as 34 partidas
Copa nacional: eliminado na segunda fase, pelo Feyenoord
Competição continental: nenhuma

Você leu bem quem foi o goleador do ADO Den Haag: Nasser El Khayati. Viu quem deu mais passes para gol (assistências, se você prefere): El Khayati, de novo. Só esses dois dados já mostram o tamanho da dependência que o clube de Haia teve em relação ao meio-campista marroquino nascido em Roterdã - dependência que já dura há algumas temporadas, por sinal. Por mais que os coadjuvantes tenham sido úteis para o Den Haag no Campeonato Holandês, El Khayati era o nome sem o qual a equipe não embalava. E isso a prejudicou, num meio de tabela com equilíbrio entre os participantes, porque o ADO poderia ter sido um dos clubes na repescagem por vaga na Liga Europa.

Após um primeiro turno de mais sustos, o Den Haag mostrou regularidade no returno. A defesa se assentou, com as falhas sendo corrigidas. Se Indy Groothuizen tinha atuações inseguras no gol, logo Robert Zwinkels, experiente e ídolo da torcida, voltou a ser titular debaixo das três traves. Tom Beugelsdijk pode até ser um zagueiro violento por vezes (12 cartões amarelos na temporada!), mas a torcida o ama, seu esforço é inegável na zaga, e ele ficou entre os titulares - junto ao bom marfinense Wilfried Kanon. No meio-campo, o experiente Lex Immers foi um escudeiro valioso para El Khayati. E no ataque, havia opções que possibilitaram ao técnico "Fons" Groenendijk vários estilos: a bola aérea com Tomas Necid, a velocidade pelas pontas com Sheraldo Becker e Elson Hooi, a habilidade com Erik Falkenburg.

Só que a regularidade do ADO Den Haag foi até demasiada. O time demorou para embalar na segunda metade do campeonato: a vitória só veio na 20ª rodada, e as seis rodadas sem vencer (entre a 23ª e a 28ª rodadas, o que incluiu um 5 a 1 do Ajax sofrido em casa) diminuíram demais as esperanças de brigar seriamente por vaga no play-off valendo lugar na Liga Europa. Houve uma reação elogiável na reta final - cinco vitórias nas últimas seis rodadas, incluindo aí um 2 a 0 no Feyenoord em pleno De Kuip -, mas já era tarde. E o Den Haag foi mais um clube que ficará pensando: a temporada poderia ter sido melhor, se o time acompanhasse o ritmo de um jogador  - no caso, claro, El Khayati.

sábado, 5 de janeiro de 2019

Parada obrigatória: ADO Den Haag

No ADO Den Haag, quem dominou a bola e atraiu as atenções foi El Khayati (ANP/Pro Shots)
Posição: 11º lugar, com 20 pontos
Técnico: Alfons "Fons" Groenendijk
Time-base: Zwinkels (Groothuizen); Troupée, Beugelsdijk, Kanon e Meijers; Immers, El Khayati e Malone; Becker, Necid (Falkenburg) e Hooi (Lorenzen)
Maior vitória: Willem II 0x3 ADO Den Haag (16ª rodada)
Maior derrota: ADO Den Haag 0x7 PSV (5ª rodada)
Copa da Holanda: eliminado na segunda fase, pelo Feyenoord
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Abdenasser "Nasser" El Khayati (meio-campista), com 12 gols
Destaque: Abdenasser "Nasser" El Khayati (meio-campista)
Objetivo do início: meio de tabela/vaga nos play-offs pela Liga Europa
Avaliação: Até agora, tudo certo nos auriverdes de Haia. Mas pode melhorar: se a defesa controlar algumas irregularidades em seu nível técnico e se o time seguir turbinado pelo ótimo desempenho de El Khayati, dá para alcançar a repescagem por vaga no torneio continental, cumprindo a parte mais ambiciosa do objetivo
Fará intertemporada em... Belek, balneário na Turquia

Assim como o Willem II, o ADO Den Haag tem um destaque absoluto na campanha que faz até aqui: Nasser El Khayati. O meio-campista seguiu em 2018/19 como já estava em 2017/18: comandando as ações ofensivas dos auriverdes de Haia, armando as jogadas de ataque, finalizando bem, chamando a responsabilidade. O destaque do holandês de ascendência árabe foi inegável em partidas como os 4 a 2 sobre o Excelsior, na quarta rodada, quando ele fez os quatro gols do Den Haag (feito inédito na história do clube no Campeonato Holandês). Ou em fatos como o de que, com seus 12 gols, El Khayati disputa firmemente a artilharia da Eredivisie. Ou mesmo por ter estado envolvido em 17 dos 23 gols do time na temporada (12 gols, 5 passes para gols). E ele deixou claro por quê é tão importante no último jogo do primeiro turno: no empate com o Feyenoord, marcou os dois gols no 2 a 2.

Mas é justo dizer que El Khayati não teria o mesmo brilho se não fossem coadjuvantes úteis. No time que "Fons" Groenendijk leva a campo, os pontas costumam ter utilidade nos avanços, e Sheraldo Becker provou isso com boas atuações na esquerda. De quebra, no miolo do ataque, Erik Falkenburg garante a experiência, e alguns gols também. No meio-campo, o experiente Lex Immers procurou ser mais controlado em seus avanços (e em algumas impetuosidades), ampliando a liberdade de El Khayati em campo. Porém, a defesa ainda sofre. No miolo de zaga, por vezes Tom Beugelsdijk exagera nas faltas, levando muitos cartões. No gol, o jovem Indy Groothuizen ficou por boa parte do primeiro turno, mas acabou sucumbindo a algumas falhas, possibilitando a volta de Robert Zwinkels.

Por tudo isso, o Den Haag seguiu no vai-e-volta. Ora deu a impressão de que pode chegar firme para uma vaga da repescagem pela Liga Europa. Ora preocupou bastante - como no começo do campeonato, quando levou 7 a 0 do PSV na quinta rodada, com uma atuação muito pior do que o nível técnico da equipe faz supor. De todo modo, aparentemente, o time verde e amarelo parece ter embalado, junto de seu destaque El Khayati. Acima de tudo, a torcida espera que ele não deixe o clube nesta janela de transferências - já disse estar aberto a negociações...

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Guia da Eredivisie 2018/19: ADO Den Haag

A torcida apoia, os jogadores evoluem, e o ADO Den Haag quer continuar bem nesta Eredivisie (adodenhaag.nl)

Alles Door Oefening Den Haag

Cidade: Haia
Estádio: Cars Jeans (capacidade de 15.000 espectadores)
Apelido: Hagenaren, Den Haag
Títulos: 2 (na fase amadora do Campeonato Holandês)
Patrocínio: Cars Jeans
Técnico: Alfons “Fons” Groenendijk
Destaque: Abdenasser/Nasser El Khayati (meio-campista)
Fique de olho: Zhang Yuning (atacante)
Temporada passada: 7º colocado
Brasileiros no grupo de jogadores: nenhum
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: meio de tabela/vaga nos play-offs pela Liga Europa
Amistosos de pré-temporada:
30 de junho - Lugdunum 0x7 ADO Den Haag
4 de julho - Laakkwartier 1x10 ADO Den Haag
7 de julho - Scheveningen 1x3 ADO Den Haag
9 de julho - Goes 2x1 ADO Den Haag
10 de julho - WHS 0x2 ADO Den Haag
13 de julho - De Jonge Spartaan 0x10 ADO Den Haag
17 de julho - ADO Den Haag 0x2 Dordrecht
21 de julho - ADO Den Haag 0x3 TOP Oss
25 de julho - ADO Den Haag 3x2 Athletic Bilbao-ESP
28 de julho - ADO Den Haag 3x1 Panathinaikos-GRE
3 de agosto - ADO Den Haag x Aris-GRE
Principais chegadas: Mike Havekotte (G, Excelsior), Dion Malone (D, Qabala-AZE) e Zhang Yuning (A, West Bromwich-ING)
Principais saídas: Tyrone Ebuehi (D, Benfica-POR), Thomas Meissner (D, Willem II), Édouard Duplan (A, Sparta Rotterdam) e Bjorn Johnsen (A, AZ)
Valor de mercado: 17,48 milhões de euros (via Transfer Markt)


Legenda
Jogador (posição, clube)
Transferência definitiva
[Transferência definitiva após empréstimo]
Empréstimo
[retorno de empréstimo]

Diante das turbulências vividas em 2015/16 e 2016/17, em meio às brigas entre o Conselho Deliberativo e o chinês Hui Wang (proprietário da empresa United Vansen, que comprou o clube da cidade de Haia), o que o Den Haag viveu na temporada passada foi um paraíso. Nas temporadas supracitadas, o clube chegou até a temer a zona de repescagem/rebaixamento, salvando-se apenas no fim. Em 2017/18, guiado pela vontade na defesa e pelos destaques no ataque (El Khayati, Erik Falkenburg, Lex Immers, Édouard Duplan e, acima de todos, Bjorn Johnsen), o time alviverde se impulsionou, aproveitou a queda brusca do Zwolle e a estagnação do Heracles Almelo para entrar na repescagem por um lugar na Liga Europa. Não conseguiu esse lugar. Mas tudo bem.

E está tudo bem porque poucas coisas mudaram no time. O técnico Alfons "Fons" Groenendijk já conhece plenamente o grupo de jogadores. Na defesa, as apostas são na experiência do goleiro Robert Zwinkels e do zagueiro Tom Beugelsdijk, ídolos da torcida - e até mesmo o reforço Dion Malone já passou pelo clube, voltando para substituir Tyronne Ebuehi, que se foi após a Copa. No meio-campo, seguem Immers, com sua força física, e El Khayati, para criar as jogadas de ataque. E no ataque, Johnsen e Duplan farão falta, mas ainda seguem Erik Falkenburg, Elson Hooi, Sheraldo Becker, o emprestado Zhang Yuning (e ainda se busca Henk Veerman no Heerenveen)... enfim, o ADO Den Haag mudou pouco para que o resultado final também mude pouco: outra temporada segura, quem sabe com um "algo a mais".

sexta-feira, 2 de março de 2018

A redenção dos menores

El Khayati chegou ao ADO Den Haag para ficar seis meses. Ajudou muito a salvar o time, ficou, e é o destaque de uma boa campanha (ANP/Pro Shots)
Está disponível a quem tiver interesse: no guia para esta temporada do Campeonato Holandês, dividido em três partes, apostou-se que ADO Den Haag, Excelsior e VVV-Venlo estavam fadados apenas a tentar fugir das três últimas posições da tabela, cujos ocupantes são condenados a tentarem a manutenção na Eredivisie via repescagem – além, claro, da queda direta para o último colocado. E tal prognóstico não era desprovido de alguma razão. Antes de mais nada, porque são clubes médios/pequenos – o que significa que passam por esporádicos sufocos, ao contrário dos AZ e Utrecht da vida, mais acostumados à parte de cima da tabela.

Depois disso, cada clube tem o seu calvário próprio. Como campeão da segunda divisão e dono de orçamento ínfimo, o VVV provavelmente sofreria com a ameaça de fazer o bate-e-volta rumo à Eerste Divisie, por mais coeso que fosse o time. O ADO Den Haag até mostrava condições de ficar no meio da tabela, mas... e se novamente as incertezas do comando do empresário chinês Hui Wang perturbassem o ambiente e respingassem dentro do campo, como ocorreu na temporada passada? E o Excelsior, que passou duas temporadas seguidas escapando de raspão (em 2014/15 e 2015/16, terminara em 15º, primeira posição acima da zona de repescagem/queda) e só conseguiu escapar por uma arrancada inesperada nas últimas rodadas, chegando a vencer até o campeão Feyenoord?

Pois bem: pelo menos neste momento da temporada, com as coisas entrando na reta final, ADO Den Haag, VVV e Excelsior têm merecido unânimes elogios. Com nove rodadas para o encerramento, estão frequentando o meio da tabela, dando passos firmes para garantir a permanência na divisão de elite por mais um ano, com antecedência. No caso do Den Haag, então, a situação é ainda mais promissora: está em oitavo lugar, dois pontos atrás do Vitesse, o primeiro na zona da repescagem por vaga na Liga Europa – repescagem que parece bem acessível, já que o Feyenoord, como finalista da Copa da Holanda, está à frente na tabela (abrindo, pois, uma vaga, caso ganhe o torneio). Em 10º lugar, o Excelsior se vale de um desempenho até admirável fora de casa, com 32 pontos. Uma posição abaixo, está a equipe de Venlo, mostrando atuações regulares por todo o campeonato.

Mas o que aconteceu para essa mudança brusca? Aí entra o primeiro item em que talvez todos coincidam – talvez o mais importantes: ao contrário de temporadas anteriores, as contratações foram pontuais. Apostou-se numa base. Mais do que isso: apostou-se nos trabalhos dos técnicos. Nem sempre isso dá certo, claro. Mas nos três casos, não mexer no que dava certo (e buscar corrigir o errado) foi fundamental. Mesmo que, para isso, fosse necessário gastar um pouco mais – de dinheiro e de saliva. No caso do ADO Den Haag, isso foi fundamental para conseguir prolongar uma estadia que já dera certo na parte final da temporada passada: a do meio-campista Abdenasser El Khayati.

Ele chegara para a metade final da temporada 2016/17, cedido pelo Queens Park Rangers. E tomou conta do meio-campo, sendo protagonista nas vitórias que garantiram a salvação. “Nasser” voltaria aos Hoops tão logo a temporada se encerrasse, mas como o contrato com o clube já estava se encerrando, e o clube auriverde de Haia estava interessado... veio a solução: três anos de contrato. E ficando na Holanda, El Khayati manteve sua importância para o ADO Den Haag, com ótimos números (marcou sete gols, deu passes para outros sete). 

Como El Khayati sozinho não faria verão, aí entraram os outros jogadores a ajudá-lo. Um deles, outra contratação que deu certo: corpulento, Bjorn Johnsen (nascido em Nova Iorque, mas de nacionalidade norueguesa) tomou conta do ataque, e tem disputado o posto de goleador da Eredivisie, com dez gols. Com isso, os outros atacantes que já estavam lá, como Sheraldo Becker e Erik Falkenburg, tiveram os desempenhos maximizados. Do restante, já se falará.

Entre idas e vindas do clube, Ryan Koolwijk é figura admirada na torcida do Excelsior (Den Breejen/VI Images)

Até porque o restante do ADO Den Haag também tem a ver com o restante do Excelsior e do VVV-Venlo, no sentido de serem apostas em jogadores nos quais a torcida já confia – e dos quais, ela gosta. Tome-se por exemplo o caso do Excelsior: nas temporadas de agruras, o lateral esquerdo Khalid Karami era um dos únicos bálsamos, com desempenho ofensivo e veloz. Assim como o volante e capitão Ryan Koolwijk, de experiência valiosa para o clube do bairro de Kralingen, em Roterdã. Karami chegou a ficar sem contrato no fim da temporada passada, até deixando o grupo do Excelsior. Mas a diretoria correu atrás e acertou um novo compromisso com o lateral. 

Assim, permaneceu no clube a espinha dorsal que o técnico Alfons Groenendijk já tinha à disposição: Karami, Koolwijk, Luigi Bruins, Anouar Hadouir, Mike van Duinen, Stanley Elbers... se o final da temporada passada já dera a esperança de que dias melhores viriam (basta lembrar o 3 a 0 sobre o futuro campeão Feyenoord, na penúltima rodada, frustrando a primeira “festa do título”), 2017/18 tem impressionado. Entre desempenhos péssimos em casa – é o lanterna jogando em seu estádio – e fabulosos fora – é o quarto melhor visitante da Eredivisie, atrás de Ajax, PSV e AZ -, o Excelsior se baseou nessa estranha regularidade para ficar no meio de tabela. E com a rapidez do ataque, ainda sonha subir algumas posições.

Lennart Thy tem sido o responsável pelo protagonismo nos ataques do VVV-Venlo - logo, é um dos destaques da campanha regular (ANP/Pro Shots)
Ao fazê-lo, o Excelsior poderá superar outro clube de entrosamento exemplar na temporada: o VVV-Venlo. Ao contrário do que se poderia supor, o clube aurinegro foi bem conservador na sua volta à primeira divisão. O principal reforço foi manter a base de gente já conhecida dos frequentadores das arquibancadas do aprazível De Koel: a zaga com Jerold Promes e Moreno Rutten, o meio-campo com Ralf Seuntjens e Clint Leemans, o ataque com Torino Hunte... Reforços? Só dois. Mas muito úteis: Lars Unnerstall é o goleiro que o VVV desejava (seguro e regular, coisa rara em goleiros de times menores na Eredivisie), enquanto Lennart Thy, alemão emprestado pelo Werder Bremen, é o mais técnico jogador da equipe na temporada. Resultado: atuações esforçadas, e um time dedicado e focado a ponto de fazer seu técnico, Maurice Steijn, já ser olhado com interesse por clubes maiores.

Também colabora para a boa fase desses três clubes a sintonia existente entre clube e torcida. Aí entra o “restante” supracitado do ADO Den Haag: nele, estão jogadores como o meio-campista Lex Immers, o zagueiro Tom Beugelsdijk e o goleiro Robert Zwinkels. Todos eles, ídolos absolutos dos torcedores – mesmo que sejam mais raça do que técnica, caso de Beugelsdijk. Zwinkels, aliás, é o grande exemplo: não bastasse ser cria da casa, desde 2005 jogando, vive a melhor temporada da carreira (na rodada passada, se o Ajax amargou um 0 a 0 em plena Amsterdam Arena, o goleiro foi o responsável). No mesmo caso, estão figuras como Ryan Koolwijk, capitão que já voltou e saiu do Excelsior, mas tem ligação histórica com a torcida.

Paz para trabalhar, enfim. Medidas “simpáticas” à torcida sem deixarem de ser estimulantes ao clube. Jogadores de certa técnica. Com tudo isso, ADO Den Haag, Excelsior e VVV-Venlo subverteram as expectativas. De surpresas assim se fazem as temporadas, ora, como não?

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 3 de março de 2018)

sexta-feira, 10 de março de 2017

Briga de foice

O equilíbrio ainda permite salvações, mas a expressão de Beugelsdijk deixa claro: o ADO Den Haag está a perigo na Eredivisie (Maurice van Steen/VI Images)

No mês passado, o site Trivela (de certa forma, irmão deste Espreme a Laranja) publicou uma curiosa variante para as típicas tabelas dos campeonatos de futebol. Tratava-se de um gráfico, feito pelo inglês Will Griffiths (disponível aqui), mostrando a pontuação das equipes nas mais tradicionais – e também nas menos - ligas europeias. Claro, os leitores comentaram. E um deles (Roberto Alvarenga) palpitou, com base no que o jornalista Leandro Stein comentou: “A luta contra o rebaixamento na Holanda vai ser uma briga de foice no escuro”. Outro leitor, Lucas Silva, concordou. E ainda acrescentou: “Parece-me que nessas últimas temporadas, as equipes holandesas, excetuando-se PSV e Ajax, estão mais fracas, especialmente Vitesse e Twente”.

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Primeiro, porque o Campeonato Holandês tem clubes que não estão nem mais fracos, nem mais fortes; simplesmente, ficam na zona em que se espera que fiquem, no início da temporada. Um bom exemplo disso está na região que dá lugar nos play-offs após a temporada regular, por vaga na Liga Europa: excetuando-se o Twente (que está na 6ª posição, mas não participará dos play-offs, punido que foi pela federação holandesa no ano passado), estão Utrecht, AZ, Heerenveen e Vitesse – todos clubes médios, participantes comuns desses play-offs, que se raras vezes desafiam os três grandes do país para valer, tampouco sofrem com a ameaça de rebaixamento. E até aparecem numa fase preliminar de Liga Europa, aqui e ali. 

Segundo, porque nem os clubes realmente fracos são tão fracos que não consigam surpreender. Que o diga o líder Feyenoord: no domingo passado, o Stadionclub sofreu sua segunda derrota nesta Eredivisie, com o 1 a 0 para o Sparta Rotterdam - promovido nesta temporada, como campeão da segunda divisão. O fenômeno fica ainda mais notável quando se constata que a outra derrota dos Feyenoorders na temporada foi para... o outro clube promovido da Eerste Divisie, o Go Ahead Eagles (outro 1 a 0). Certo, tratam-se de times deficientes (basta lembrar que o Feyenoord pespegara 6 a 1 no Sparta, no turno). Ainda assim, proporcionam surpresas como estas – que tornam o primeiro colocado do Campeonato Holandês o segundo clube com piores resultados ao pegar os clubes que subiram de divisão nesta temporada.

E talvez seja por essa capacidade de pregar peças que a Eredivisie, de fato, esteja extremamente equilibrada na zona de rebaixamento – e de repescagem (o leitor deve-se lembrar do regulamento, no mínimo, intrincado dos play-offs de acesso/descenso – caso não se lembre, eis aqui esta coluna de 2015). Do 15º ao 18º e último colocado, há apenas um ponto de diferença – sendo que há empate triplo entre o 15º e o 17º colocado. E até mesmo clubes mais sossegados ainda precisam tomar cuidados antes de garantirem a salvação na divisão de elite do futebol holandês. Uma possível razão para o equilíbrio é o fato de nenhum dos times ameaçados de queda ser completamente desprovido de talento, ser irremediavelmente ruim – enfim, nenhum deles é “saco de pancadas”, sendo esmurrado rodada após rodada. 

Na verdade, o lanterna atual do Holandês viveu até uma “queda meteórica”. Não que ela não estivesse anunciada: já se abordou aqui o caos interno que vive o ADO Den Haag. A crise já estava indo para dentro de campo, e o início do returno deflagrou isso de vez: nada de vitórias para o clube de Haia, nas oito rodadas disputadas após a pausa de inverno. Foram dois empates e seis derrotas. Já houve consequências: previsivelmente, sobrou para o técnico (Zeljko Petrovic caiu, dando lugar a Alfons Groenendijk). Ainda assim, a sensação é de que o Den Haag pode reagir. Jogadores para isso, tem: na defesa (o duro zagueiro Tom Beugelsdijk, ídolo da torcida) e no ataque (Édouard Duplan, Sheraldo Becker, Ruben Schaken, Guyon Fernandez, até Mike Havenaar).

Do Roda JC, penúltimo colocado, também já se comentou aqui. Só que o ânimo ganho com a injeção de dinheiro do suíço-russo Aleksei Korotaev ainda não resultou em muita coisa dentro das quatro linhas: só duas vitórias no returno, e o time segue transitando entre as últimas posições. Pelo menos, ainda teria chance de segurar-se na Eredivisie, indo para a repescagem. Mesmo caso de outro clube que também é afligido pela ameaça do descenso há várias temporadas, e continua não aprendendo: o Excelsior, em 16º colocado. O clube de Roterdã nem perdeu tanto assim no returno. Mas também não ganhou, exagerando nos empates: quatro, nestas nove rodadas do segundo turno.

Esta é a sorte do Go Ahead Eagles: duas vitórias seguidas já bastaram para o clube de Deventer conseguir ficar no 15º lugar, o primeiro fora da zona de rebaixamento. E é até merecido, já que a equipe tem alguns jogadores de relativo talento – principalmente no ataque, com Jarchinio Antonia e Sam Hendriks, que periodicamente salvam o GAE numa ou noutra partida. No entanto, com o mesmo número de pontos dos dois clubes que vêm logo abaixo (20) e nove rodadas a disputar, sossegar não é uma opção.

Talvez não seja uma opção nem para os clubes que vêm acima dos quatro mais ameaçados pelo rebaixamento. Embora tenha uma equipe muito coesa (e tenha, ora bolas, vencido o líder do campeonato), o Sparta Rotterdam (14º, com 25 pontos) ainda procura afastar o temor. Após passar o turno ameaçado, sendo uma das grandes decepções da Eredivisie, enfim o Zwolle reagiu: alguns jogadores subiram de produção, o técnico Ron Jans anunciou demissão – na moda de “técnicos demissionários tranquilizam o clima no elenco” -, algumas vitórias vieram, e os Zwollenaren foram aos 27 pontos, na 13ª posição. A mesma coisa ocorre com o NEC: a equipe de Nijmegen ainda sofre com a irregularidade dentro de campo, mas está em 12º lugar, com 28 pontos. Todas essas, pontuações que dão mais segurança. Ainda assim, precisando de mais cuidados antes da salvação definitiva. 

Caso contrário, serão mais clubes a se juntar aos quatro que já são afligidos pela necessidade de fazer contas e jogar o futuro a cada rodada. De fato, como preconizou o leitor da Trivela, a disputa contra o rebaixamento na Holanda promete ser uma briga de foice no escuro.

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 10 de março de 2017)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

ADO Den Haag: de volta ao tiroteio

Quando virou dono do ADO Den Haag, Hui Wang sorria. Agora, a situação é bem diferente. Para ele, para adversários, para o clube e para a torcida (Tom Bode/VI Images)

O leitor já deve conhecer uma daquelas histórias em que o clube de futebol acha um parceiro para chamar de seu – mas que é daquelas parcerias fadadas ao fracasso, desde o começo. Dá para citar, como um grande exemplo no Brasil, o Corinthians com a MSI, entre o final de 2004 e 2007: o que parecia o pulo do gato para tornar o clube do Parque São Jorge gigantesco, começando com a contratação de Carlos Tevez, passou por incontáveis dores de cabeça no cabo-de-guerra entre Kia Joorabchian e Alberto Dualib, terminando no melancólico rebaixamento à Série B em 2007. 

Pois bem: desde o ano passado, o ADO Den Haag parece viver uma dessas histórias cujo final promete ser previsivelmente desastroso. Uma briga que vive, de novo, um tiroteio explosivo. Tanto que o blog até já comentou sobre isso, há quase um ano (mais precisamente, em 18 de dezembro do ano passado). A empresa chinesa de marketing esportivo United Vansen comprou o clube da cidade de Haia – e seu dono, Hui Wang, tornou-se o acionista majoritário, com 98 por cento das ações. Chegou prometendo mundos e fundos, até que aos poucos o Conselho Deliberativo e a torcida começaram a se perguntar onde estava o dinheiro, e por que Hui Wang demorava a aparecer novamente na Holanda. 

Estava iniciada a briga. De um lado, Hui Wang dizendo que faltava paciência, que o clube só estava em crise financeira por gastar todo o dinheiro investido pela United Vansen sem planejamento algum, e que o projeto levaria o Den Haag a se desenvolver e ser um clube médio e sustentável, em médio prazo (dez anos, segundo o empresário chinês). Do outro, não só a torcida sentia-se ludibriada, mas o Conselho Deliberativo queria vingança, além da diminuição da influência de Wang no organograma do clube. Todo esse caos corroeu o clube auriverde durante boa parte da temporada 2015/16. 

As consequências só não foram piores porque, dentro de campo, a equipe correspondeu. Contando com um trio de atacantes de qualidade técnica aceitável, para os padrões baixos do futebol holandês (Ruben Schaken, Mike Havenaar e Édouard Duplan), mais a revelação inesperada e satisfatória (Dennis van der Heijden, também atacante), mais o bom desempenho de dois defensores (o goleiro Martin Hansen e o zagueiro Tom Beugelsdijk, ídolo da torcida), o Den Haag conseguiu segurar-se no Campeonato Holandês sem muitos sustos: ficou em 11º lugar. 

Além do mais, Hui Wang teve importante vitória interna: impôs um novo diretor geral ao clube, o aliado Mattijs Manders, destituindo do cargo o adversário Jan Willem Wigt. O dono da United Vansen começou até a aparecer mais na Holanda, para reuniões com a diretoria e os conselheiros. Por fim, e mais importante: o dinheiro enfim apareceu, com o aporte de 13 milhões de euros. E o ADO Den Haag foi momentaneamente promovido à “categoria 2”, dentro da pirâmide de classificação que a federação holandesa faz para a situação financeira dos clubes – na categoria 2, ficam os clubes que começam a sair da penúria.

Ainda assim, por trás da aparência de normalidade, continuavam as ameaças de uma nova crise. Um dos responsáveis pela crise interna não ter vazado, mantendo certo nível dentro de campo, o técnico Henk Fräser não quis pagar para ver: aceitou o convite do Vitesse para a atual temporada. E o técnico sérvio Zeljko Petrovic teria vários novos jogadores para experimentar, principalmente na defesa – já que o aporte financeiro no início de 2016 permitiu manter os destaques ofensivos em Haia.

O primeiro furo no remendo feito por Hui Wang começou em setembro passado. O diário NRC Handelsblad noticiou que o pequeno empresário Dick van Tintelen exigia que o ADO Den Haag lhe devolvesse 10 mil euros. A razão? Investindo no clube parte dos lucros ganhos com sua empresa farmacêutica (a Starbalm, da própria cidade), Van Tintelen alegou que Hui Wang teria prometido a ele divulgação da Starbalm na China... e tinha ficado na promessa. Um porta-voz do clube se apressou em dizer que “soluções estavam sendo procuradas”.

Mas o novo capítulo da crise explodiu mesmo em meados de outubro. De novo, a United Vansen parou de sustentar o clube – e de novo, Hui Wang parou de aparecer em Haia. Obviamente, o Conselho Deliberativo e a direção do clube recomeçaram a carregar nas críticas ao acionista majoritário, exigindo sua presença numa reunião. Esta reunião, com a presença de todo o conselho e dos outros acionistas, ocorreu na semana entre os dias 24 e 30 de outubro. 

Hui Wang saiu dela irritado – desde então, nunca mais apareceu em Haia. A razão: sua segunda intenção continuava sendo fortemente repelida por conselheiros - entre eles, gente conhecida no meio do futebol e com história em Haia, como Martin Jol. O empresário chinês quer não só um compatriota como diretor geral (tem nome: Lee Zheng), mas também fazer do ADO Den Haag um clube com forte presença de gente do país asiático. Pasmem: há planos até de fazer do Den Haag o clube que receberia um jogador amador do país, para ali desenvolver sua carreira, como parte de um reality show a ser exibido na tevê chinesa. E no plano de colocar compatriotas na direção e no conselho, um nome cogitado para diretor é o de um... ex-ator: Bao Xian Wei, que vive na Holanda há muitos anos, já foi lutador de artes marciais e enveredou pelo cinema, atuando em filmes holandeses.

Claro, a grita foi gigante contra os planos de Hui – que em contrapartida, disparou à emissora de tevê NOS que o clube não o teria comunicado sobre os problemas financeiros: “Não faço ideia do que está acontecendo. Eles [Conselho Deliberativo] não me disseram nada. Já investimos de seis a sete milhões de euros no clube. E pedimos que o investimento fosse feito na modernização das instalações e do estádio. Mas o ADO não está fazendo isso. Até onde pude ver, há cerca de um milhão investido em coisas que não sei o que são”.

Enquanto isso, a preocupação cresce. Há quem fale até em perigo crescente de não ter dinheiro para pagar salários, em algum tempo. E dentro de campo, já não há mais a compensação existente em 2015/16: nas últimas doze partidas pelo Campeonato Holandês, só uma vitória, e o clube já cai para a 15ª posição, primeira fora da zona de rebaixamento. A torcida, claro, já culpa alguém: são cada vez mais numerosas as faixas pedindo a saída de Hui Wang. O mecenas, por sua vez, pede compreensão dos adeptos. “Estamos do mesmo lado”, estampava a carta assinada pelo filho de Hui, Terry Wang. 

Fica a espera pelas cenas dos próximos capítulos. Mas o ADO Den Haag parece repetir o ditado: algo que começa mal dificilmente vai terminar bem. 

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 9 de dezembro de 2016)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

ADO Den Haag: a conta também pode chegar

Hui Wang e Gao Hongbo: duas histórias mal contadas no ADO Den Haag (Laurens Lindhout/VI Images)
A história da decadência do Twente já foi explicitada e explicada nesta coluna, há duas semanas. E como a Trivela noticiou na terça-feira, a federação holandesa já definiu as punições ao clube de Enschede: a cassação provisória (ainda) da licença profissional dos Tukkers, condenando-o a três temporadas de ausência de competições continentais, além do pagamento de multa. Houve quem opinasse que as sanções da KNVB poderiam ter sido mais duras, mas o fato é que elas já foram decretadas, e podem até endurecer. 

Porém, ainda há outro clube do Campeonato Holandês que pode ver más condutas de sua direção colocarem o futebol de campo num caminho muito perigoso: o ADO Den Haag. Por enquanto, a crise em campo está controlada: a ligeira reação das últimas rodadas – até com vitória sobre o Feyenoord – levou o Den Haag ao 12º lugar. Ainda assim, o time de Haia chegou a ficar oito rodadas sem vencer nesta temporada da Eredivisie; e na Copa da Holanda, caiu logo em sua primeira partida, na segunda fase, para o amador Genemuiden (3 a 3, vitória por 3 a 1 nas cobranças de pênalti).

Não era o que se esperava quando foi anunciada a venda do clube para a United Vansen, empresa chinesa de marketing esportivo, em janeiro deste ano, após negociações arrastadas. Afinal de contas, o mecenas Hui Wang chegou prometendo um aporte de 8 milhões de euros nos auriverdes. De quebra, é justo dizer que os atacantes contratados têm nível razoável para os padrões da Eredivisie. Não à toa, Ruben Schaken, Mike Havenaar e Édouard Duplan são considerados os melhores jogadores da equipe até agora (principalmente o atacante nipônico).

Só que o tempo passou, e as primeiras rachaduras começam a colocar a parceria a perigo. Tudo por causa de uma pergunta simples: cadê o dinheiro? Após investir em algumas contratações, a United Vansen fechou a torneira sem explicações à diretoria, retardando o cumprimento das promessas feitas sobre o pagamento da dívida do clube. Das três parcelas do débito, apenas uma foi paga. O que coloca o ADO Den Haag sob perigo de ser colocado na temida “categoria 1” da pirâmide da KNVB, com os clubes que estão na pindaíba.

Pior: no início do mês, o diretor geral do clube, Jan Willem Wigt, revelou que Hui Wang anda fugindo das satisfações necessárias. Falando ao site da revista Voetbal International, Wigt descreveu: “Tudo isso aborrece muito, e coloca a relação [entre clube e empresa] sob pressão. A comunicação está abertamente ruim, e não houve reuniões até agora. O porquê dele se comportar assim? Já me fiz essa pergunta centenas de vezes. A única resposta que consigo supor é que ele não tem dinheiro, de resto, seguem os palpites”. Depois, o diretor ainda alertou, referindo-se à reunião dos acionistas do clube, nesta sexta: “18 de dezembro é uma data crucial”.

A torcida também comungou das indagações de Wigt. A Haagse Bluf, associação de torcedores do clube (não confundir com torcida organizada), divulgou carta aberta a Hui Wang, no dia 9 passado. E nela as indagações já eram mais incisivas: “17 de julho de 2014! Uma data que nós, como torcedores do ADO Den Haag, nunca esqueceremos. Naquele dia tivemos nosso primeiro encontro, e você revelou os planos que tinha. Contratações, uma colocação melhor na tabela, competições continentais, tudo isso nos entusiasmou. E agora? Agora houve uma entrevista coletiva na qual soubemos que há problemas na liquidez do ADO Den Haag porque os pagamentos não chegam”.

Só aí Hui Wang se dispôs a falar. Entrevistado pela emissora de tevê NOS, o chinês explicou a razão dos pagamentos da dívida do clube ainda não terem sido feitos: “Os problemas são consequência de um mal entendido cultural. Ainda precisamos nos acostumar. Pagamentos do exterior passam por uma série de procedimentos. Isso leva a um atraso. Os torcedores do ADO Den Haag não precisam se preocupar”. Contudo, sobrou uma resposta de Wang no mesmo tom de alerta à diretoria: “Também é necessário que o ADO trabalhe mais como uma empresa, que gere mais renda a partir de si”.

Pelo menos, ficara prometida a presença de Wang na reunião desta sexta. Pois bem, ficara: na terça passada, seu filho, Terry, informou que o empresário tem um importante congresso organizado pela federação chinesa, e sua presença em Haia fica inviabilizada. Wang até disse que está completamente aberto para a marcação de uma nova reunião com os acionistas. Todavia, está claro que a confiança na relação entre ADO Den Haag e United Vansen se esvai dia a dia.

A bem da verdade, em outros setores do clube ela já andava cambaleando. Basta falar sobre a até hoje estranha chegada de Gao Hongbo ao clube. O treinador chinês, que passou pela seleção asiática entre 2009 e 2011 (e estava no Jiangsu Guoxin-Sainty), foi trazido para ser uma espécie de “assessor” de Henk Fräser. Embora não seja um auxiliar técnico propriamente dito, serviria para trocar experiências e conhecimentos com Fräser – pelo menos foi o que informou o assessor de imprensa do ADO, Ronald van der Geer. 

Entretanto, Hongbo chegou a Haia com o jornal De Telegraaf lembrando de acusações de corrupção sobre o treinador, que teria dado ao presidente da federação chinesa um laptop e milhares de euros para suborná-lo, em troca do cargo de técnico no Xiamen Hongshi. Nada foi provado, e um ex-técnico holandês que conheceu Hongbo na China, Arie Schans, foi enigmático: “Em todo jogo com um atleta que foi comandado por mim, este me dá um presente. Se é corrupção? Posso lhe garantir: aqui diariamente se presenteiam os outros. No futebol, no voleibol, em negócios”. Ainda assim, por seu contato próximo com Hui Wang, por algum tempo Hongbo foi acusado de conspirar pela queda de Fräser. Até agora, o treinador do ADO segue no cargo, com a ligeira reação.

O problema é que ninguém sabe até onde vão as evasivas de Hui Wang, e qual é o grau de uma eventual mentira do chinês. E isso já começa a irritar alguns personagens importantes da história do clube. Ícone do Den Haag (nasceu em Haia e teve duas passagens pelo clube, como jogador), Dick Advocaat já começou com as críticas: “Ainda antes de eu ir para o Sunderland, conversamos em Schiphol [aeroporto de Amsterdã]. Ele tinha ideias fantásticas, então. Alcançar o top 5 [da Eredivisie], jogar competições europeias em dois anos, e investir quinze milhões em dois anos. Tudo maravilhoso, mas até agora nada de concreto foi realizado”. Finalmente, o treinador ainda sugeriu: "Talvez seja melhor que alguns empresários de Haia tragam algum dinheiro para comprar o clube. E com Rob Jansen [agente de jogadores], Kees Jansma [jornalista] e os advogados Wim Nam e Harro Knijff, teríamos uma união admirável de gente que realmente conhece a cidade".

A verdade é que o prazo de Hui Wang vai se esgotando. E o ADO Den Haag espera poder se recuperar para que minore o perigo de seguir pela via-crúcis que arranha o Twente.

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 18 de dezembro de 2015)