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segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Menos otimismo

Desde a temporada 2008/09, a Holanda (Países Baixos) não tinha tantos clubes em fases introdutórias (então, fase de grupos; agora, fase de liga) de competições europeias. Agora, são seis. Além do mais, são boas as chances do país se manter à frente de Portugal e Bélgica no ranking de coeficientes da UEFA, tendo em vista que o português Santa Clara e o belga Charleroi já foram eliminados nos play-offs por lugar na fase de liga da Conference League. Caso algum clube neerlandês consiga uma boa campanha em Liga dos Campeões, Liga Europa ou Conference, já serviria para talvez, até, perturbar a França no ranking. Contudo, está aí o problema: algum holandês fazer uma campanha notável, ir longe.

É impossível? Claro que não. Afinal de contas, PSV e Feyenoord alcançaram as oitavas de final da Champions em 2024/25. Entretanto, também não puderam sonhar muito em passar delas - assim como Ajax e AZ, ambos despachados também nas oitavas da Liga Europa passada. E pelo modo como esta temporada começou, por incrível que possa parecer, só Utrecht e AZ mostram alguma consistência em campo. O Go Ahead Eagles tem um "caldeirão" em seu estádio, tem alguns jogadores, mas ficam fortes dúvidas sobre o que poderá fazer com a concorrência mais forte da Liga Europa. E os três grandes do país ainda oscilam demais dentro de campo, o que lhes pode prejudicar nas competições continentais. Se é bom ver tantos holandeses chegando a elas, melhor ainda seria voltar a ver um deles indo longe - o último foi o AZ, semifinalista da Conference em 2022/23. A ver quais são as perspectivas.

Liga dos Campeões

O PSV pode até avançar na Liga dos Campeões, mas terá adversários mais difíceis (Getty Images)

PSV (lista de inscritos e tabela de jogos)

O atual bicampeão da Eredivisie terá agora desafios maiores do que teve na fase de liga da Champions passada. Nela, inclusive, oscilou: se conseguiu algumas vitórias notáveis - como a virada sobre o Shakhtar Donetsk, na fase de liga (de 2 a 0 contra para 3 a 2, com o terceiro gol nos acréscimos do 2º tempo), ou a eliminação sobre a Juventus, na segunda fase, num Philips Stadion que carregou a equipe para a classificação -, amargou a maior derrota de sua história em torneios europeus, na ida das oitavas de final, com os marcantes 7 a 1 do Arsenal. 

Contudo, agora, os adversários na fase inicial parecem um pouco mais exigentes para os Boeren do que em 2024/25: nada menos do que cinco campeões nacionais - Bayern de Munique, Liverpool, Napoli, Olympiacos e Union Saint-Gilloise (estes últimos, mais acessíveis, verdade) -, equipes exigentes em Newcastle e Bayer Leverkusen (este, mesmo com a turbulência da demissão de Erik ten Hag)... além disso, o time de Eindhoven teve perdas sensíveis: Olivier Boscagli, Johan Bakayoko, Malik Tillman, Luuk de Jong. E seu início de Eredivisie mostra algumas fragilidades, ainda. Pelo menos, há alguns destaques remanescentes: Sergiño Dest, Joey Veerman, Guus Til, Ismael Saibari, Ricardo Pepi. Eles precisarão aparecer, para que o PSV possa sonhar em entrar no "bolo" da segunda fase. Talvez, aparecer até mais do que na temporada passada.

O Ajax começa a temporada oscilante, terá adversários difíceis no começo da fase de Liga dos Campeões... mas pode reagir para ir à segunda fase (Patrick Goosen/BSR Agency/Getty Images)

Ajax (lista de inscritos e tabela de jogos)

Até que o Ajax teve bom desempenho na Liga Europa passada. Num certo momento, teve até chances de ir diretamente para as oitavas de final. Entretanto, o fim traumático da temporada passada no Campeonato Holandês - perder um título muito próximo para o PSV, após ter vantagem de nove pontos na frente, a cinco rodadas do fim - foi a gota d'água para o técnico Francesco Farioli sair, já em meio a muitas discordâncias com a direção de futebol do clube. Ainda assim, pelo menos, restava um minúsculo prêmio de consolação: voltar à fase de liga da Champions, após três anos. Já era um primeiro passo para sair do mau momento vivido pelo clube. 

Mas só um primeiro passo, porque o técnico John Heitinga voltou ao clube que tão bem conhece, para treinar um time de volta à estaca zero: muitos jogadores saindo (Jorrel Hato, Jordan Henderson, Bertrand Traoré, Brian Brobbey), a pressão por um Ajax mais ofensivo em campo, as inconstâncias que o time ainda mostra em campo (já são dois empates em cinco rodadas na Eredivisie), um começo complicado de fase de liga. Internazionale e Chelsea são adversários exigentes; Galatasaray e Benfica até trazem mais equilíbrio, mas entram por cima atualmente. Mas o fim de fase de liga oferece mais possibilidades: Qarabag-AZE, Villarreal-ESP... quem sabe, a essas alturas, o Ajax já esteja mais estabilizado em campo, para poder avançar ao mata-mata.

Liga Europa

O Feyenoord sonhou em estar na Champions. Estará na Liga Europa. Não é de todo ruim, o time tem condições, mas precisa de alguma melhoria (Joris Verwijst/BSR Agency/Getty Images)

Feyenoord (lista de inscritos e tabela de jogos)

O Feyenoord sonhou com a Liga dos Campeões, na qual entrou na terceira fase preliminar. Mas este sonho já acabou contra o Fenerbahçe-TUR: mesmo vencendo o jogo de ida (2 a 1, com gol da vitória no último minuto), mesmo abrindo o placar na volta em Istambul, a má atuação defensiva foi prato cheio para o Fener aproveitar, virar, golear (5 a 2) e ir aos play-offs. Frustração? Mais ou menos: ir à Champions seria melhor, mas o Stadionclub já tinha uma vaga assegurada na Liga Europa - e logo na fase de liga. Certo, já não haverá Igor Paixão, o dínamo ofensivo do clube nos últimos anos. Nem Dávid Hancko, o principal nome da defesa. Nem mesmo revelações que poderiam ajudar, como Antoni Milambo. 

Ainda assim, a impressão que ficou é de que a janela de transferências poderia trazer mais perdas do que trouxe - tanto que Quinten Timber, cotado para sair até o fim, ficou no Stadionclub. E vindas como as de Sem Steijn e Luciano Valente, que já ajudam num começo 100% no Campeonato Holandês, podem ajudar o time a passar pela maioria dos adversários na fase de liga (incluindo aí, contra o Celtic-ESC, um reencontro numa tradicional rivalidade). Há coisas a corrigir, sim, como a falta de um atacante confiável. Mas a impressão que a equipe treinada por Robin van Persie passa é que, dos três grandes neerlandeses, é a que começou mais sólida a temporada. Isso pode ajudar a seguir na Liga Europa.

O Utrecht voltou a onde queria estar, após 15 anos: uma competição europeia. Se os adversários mais fortes vêm quentes, os Utregs estão fervendo (Joris Verwijst/BSR Agency/Getty Images)

Utrecht (lista de inscritos e tabela de jogos)

Enfim, o Utrecht está onde queria estar havia muito tempo. Mais precisamente, há 15 anos: a última participação dos Utregs num torneio europeu fora na temporada 2010/11, ainda num formato antigo da Liga Europa, com fase de grupos. Desde então, o clube virou habitué da repescagem da Holanda (Países Baixos) por lugar no torneio - depois, na Conference League. Às vezes, até vencia esta repescagem. Mas nunca chegava ao espaço mais visto, a fase de grupos/fase de liga: sempre ficava nas preliminares. Pois bem: a ótima campanha na liga holandesa em 2024/25, com a quarta posição, enfim levava o clube à Liga Europa sem precisar de repescagem. 

Ah, seria nas fases preliminares? Sem problemas: dois jogos na segunda fase preliminares, duas vitórias (sobre o Sheriff Tiraspol moldavo). Na terceira fase preliminar, mais dois triunfos, diante do Servette-SUI. E nos play-offs que levavam à fase de liga, uma revanche: despachar com mais duas vitórias o Zrinjski Mostar, da Bósnia, justamente o algoz do Utrecht numa dessas fases preliminares (a segunda fase da Liga Europa, em 2018/19). Chegando 100% à fase de liga, agora a pergunta é outra: ah, a tabela dos Utregs não é difícil demais, contra clubes contra Porto, Betis e Nottingham Forest? Pode até ser. Mas o time tem uma mescla interessante de juventude (vale ver o lateral esquerdo Souffian El Karouani) e experiência (na zaga, com Mike van der Hoorn e Nick Viergever - este, ex-AZ, PSV e Ajax, pode virar o jogador holandês com mais partidas por torneios europeus na história; no ataque, com Sébastien Haller, de volta). Tem em Ron Jans um técnico holandês que sabe jogar pelo resultado. Se o Utrecht, enfim, está num torneio europeu a sério, sonhar não custa nada...

    Tabela difícil? O Go Ahead Eagles não se importa: já curte a experiência europeia na Liga Europa, inédita em sua história (Gerrit van Keulen/ANP/Getty Images)

Go Ahead Eagles (lista de inscritos e tabela de jogos)

As estatísticas dizem: ao lado do SK Brann (Noruega), o Go Ahead Eagles é o clube mais frágil desta fase de liga da Liga Europa. Francamente, a torcida das Águias não está se importando muito com o que as estatísticas apontam. Sim, é verdade que o "Kowet" talvez seja o mais frágil representante dos Países Baixos nos torneios continentais. Mas para um clube que, há cinco anos, estava na segunda divisão, figurar numa competição europeia pela primeira vez em sua história é prova inequívoca de uma grande evolução. Dentro e fora de campo. Dentro de campo, isso já se via desde 2023/24, quando o clube da cidade de Deventer já conquistou a repescagem que leva a um lugar na Conference League. Falhou nela: já caiu para o supracitado SK Brann, na segunda fase preliminar. 

Mas o temor de que aquilo fosse sorte de principiante foi superado com um 2024/25 brilhante, que seguiu com boa campanha na Eredivisie e terminou com o título da Copa da Holanda, inédito na história do clube. Por mais que alguns responsáveis pela façanha já tenham deixado o clube, como o técnico Paul Simonis (agora no Wolfsburg) e o meio-campo finlandês Oliver Antman (agora no Rangers-ESC), a lua-de-mel com a torcida segue. E mesmo que as perspectivas sejam pequenas, vale esperar para ver o que podem fazer nomes como o goleiro Jari de Busser, o lateral direito Mats Deijl e o meio-campo Jakob Breum, todos de nível técnico digno. Valerá esperar para ver clubes como o Aston Villa e o Stuttgart irem jogar no "caldeirão" tão acanhado quanto empolgado que é o estádio De Adelaarshorst. E os torcedores já devem estar ansiosos para viagens aventureiras fora de casa, contra Lyon, Panathinaikos, Red Bull Salzburg-AUT... pode até ser clichê, mas mesmo caindo na fase de liga, o Go Ahead Eagles já comemora a presença na Liga Europa. Um ponto alto em sua história.

Conference League

Com um time bem entrosado e talentos como Kees Smit, o AZ pode sonhar na Conference (IconSport)

AZ (lista de inscritos e tabela de jogos)

Pois é: se a fama da Champions League é justificável, se a Liga Europa oferece mais tradição, é o AZ, representante holandês na fase de liga da Conference League (novamente tendo um time dos Países Baixos, aliás), que está mais otimista sobre sua sequência na temporada 2025/26. Nem era para ser tão otimista assim: afinal de contas, chegar à Conference foi duro. Primeiro, um desempenho algo decepcionante na Eredivisie 2024/25, causando a necessidade de disputar os play-offs pela vaga europeia. Neles, conquistar a vaga foi difícil: na decisão, contra o Twente, o time de Alkmaar tomava 2 a 0 em casa, e só virou no segundo tempo, com o 3 a 2 da vitória marcado nos acréscimos do 2º tempo. 

Sossego, então? Que nada: a estreia na segunda fase preliminar já teve uma surpresa ruim, com os 4 a 3 sofridos para o Ilves Tampere (Finlândia), no jogo de ida, fora de casa. Só assim o AZ tomou jeito: reverteu a vantagem do Ilves na volta (5 a 0); passou facilmente pelo FC Vaduz (Liechtenstein) na terceira fase preliminar, com duas vitórias; e despachou o Levski Sofia (Bulgária) nos play-offs. Na fase de liga, o sorteio só trouxe algumas dificuldades nas perspectivas sobre o jogo contra o Crystal Palace inglês. No mais, não só são boas as chances de ir às oitavas de final, diretamente, como o clube parece ter capacidade para isso em seu time. Principalmente, pelo crescimento dos jovens jogadores: Rome-Jayden Owusu-Oduro no gol, Kees Smit e Zico Buurmeester no meio-campo, Ibrahim Sadiq e Mexx Meerdink no ataque (onde também está o irlandês Troy Parrott e o recém-chegado brasileiro Weslley Patati). Se o time for mais constante, pode ser uma boa chance do AZ repetir a chegada à semifinal, como fez em 2022/23.



quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Guia da Eredivisie 2025/26: Go Ahead Eagles

O capitão Mats Deijl pode ajudar o Go Ahead Eagles a manter a fase esplendorosa que vive atualmente (ProShots/Icon Sport/Getty Images)

 Go Ahead Eagles

Cidade: Deventer 
Estádio: De Adelaarshorst (capacidade para 10.000 torcedores)
Apelidos: Kowet (modo como alguns nativos de Deventer falam "Go Ahead"), Eagles (Águias, em português)
Títulos: 4 Campeonatos Holandeses, 1 Copa da Holanda
Ranking histórico: 17º
Patrocínio: Retro Bridge (construtora de pontes)
Técnico: Melvin Boel
Destaque: Victor Edvardsen (atacante)
Fique de olho: Milan Smit (atacante)
Brasileiros no elenco: nenhum
Temporada passada: 7º colocado
Copas europeias: Liga Europa (fase de liga)
Objetivo: meio de tabela/vaga de repescagem pela Conference League
Amistosos de pré-temporada:
22 de junho - SV Terwolde 0x19 Go Ahead Eagles
29 de junho - Go Ahead Eagles 2x0 Sportfreunde Lotte-ALE
5 de julho - Go Ahead Eagles 1x1 Helmond Sport
11 de julho - Go Ahead Eagles 2x5 Mechelen-BEL
15 de julho - Patro Eisden-BEL 1x3 Go Ahead Eagles
19 de julho - PPAOK-GRE 3x3 Go Ahead Eagles
26 de julho - Al Duhail-CAT 2x4 Go Ahead Eagles
26 de julho - Go Ahead Eagles 0x2 Apollon Limassol-CHP
Principais chegadas: Melle Meulensteen (D, Sampdoria-ITA), [Thibo Baeten (M, Roda JC)], Yassir Salah Rahmouni (A, De Graafschap) e Richonell Margaret (A, RKC Waalwijk)
Principais saídas: Enric Llansana (M, Anderlecht-BEL) e Oliver Antman (M, Rangers-ESC)

Legenda
Jogador (posição, clube)
Empréstimo
[retorno de empréstimo] 
[transferência em definitivo após empréstimo]

É hora do Go Ahead Eagles voltar à realidade, após um fim de sonho na temporada passada. Quem poderia imaginar que um clube que terminou o Campeonato Holandês em 13º lugar, na temporada 2020/21, é o atual campeão da Copa da Holanda e estará na fase de liga da Liga Europa, apenas quatro anos depois? Quem poderia imaginar? A direção - e um ótimo trabalho da equipe de análise de desempenho, comandada pelo ex-jogador Paul Bosvelt. Ambos têm respaldado o trabalho que se vê em campo, com os sucessos crescentes: 9ª colocação em 2023/24, 7ª colocação na temporada passada. Porém, o sucesso causa perdas às Águias, clube pequeno na Holanda (Países Baixos). Que o digam o técnico Paul Simonis, agora no Wolfsburg, e o meio-campo finlandês Oliver Antman, maior transferência da história do clube (o Rangers pagou seis milhões de euros para levar Antman à Escócia). 

Mas elas ainda não são demasiadas. Se o técnico mudou, com a vinda de Melvin Boel (outro treinador novo: só 38 anos de idade), há vários jogadores que seguem em Deventer. Dos titulares que, de certa forma, fizeram história na temporada passada, somente saíram Enric Llansana e o supracitado Antman. De resto, segue por lá o goleiro Jari de Busser, titular a partir do meio da temporada, que roubou a cena na final da Copa da Holanda. Seguem por lá o capitão Mats Deijl, Jakob Breum, Victor Edvardsen... e chegou o ponta Richonell Margaret, que pode ajudar ofensivamente. O técnico pode até ter mudado, mas o time tem lá seu entrosamento. Se isso for mantido, quem sabe o sonho não possa continuar além do fim da temporada passada...

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Análise da temporada: Go Ahead Eagles

Se fosse só por mais uma ótima campanha na Eredivisie, já seria suficiente. Mas o histórico título da Copa da Holanda deixou claro: o Go Ahead Eagles foi o dono da bola na temporada (Joris Verwijst/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 7º lugar, com 51 pontos (14 vitórias, 11 empates e 9 derrotas)
No turno havia sido: 7º lugar, com 25 pontos (na frente pelo maior número de gols)
Time-base: De Busser; Deijl, Nauber, Kramer e James (Adelgaard/Weijenberg); Llansana e Linthorst; Breum (Stokkers), Antman e Suray (Smit); Edvardsen
Técnico: Paul Simonis
Maior vitória: Go Ahead Eagles 5x0 NEC (15ª rodada)
Maior derrota: Go Ahead Eagles 1x5 Feyenoord (9ª rodada)
Principal jogador: Oliver Antman (meio-campista)
Artilheiros: Victor Edvardsen (meio-campista/atacante), com 8 gols 
Quem deu mais passes para gol: Oliver Antman (meio-campista), com 15 passes
Quem mais partidas jogou: Mats Deijl (lateral direito), Joris Kramer (zagueiro), Enric Llansana (meio-campista) e Victor Edvardsen (meio-campista/atacante), todos com 32 partidas
Copa nacional: Campeão
Competições continentais: Conference League (eliminado pelo SK Brann-NOR, na segunda fase preliminar) 

E pensar que a torcida do Go Ahead Eagles chegou a temer por uma péssima temporada com o mau começo de Eredivisie (três derrotas nas cinco primeiras rodadas, fora as tantas chances de gol perdidas)... certo, esta hipótese catastrofista já estava afastada desde o turno, com o time de volta à zona de repescagem pela Conference League, já vencida em 2023/24. Alguns destaques já se insinuavam, como o meio-campista Oliver Antman. Já havia a impressão de que este era um período como poucos - talvez nenhum - na história do Kowet. Mas ficaria melhor, muito melhor ainda. Com seu trabalho já consolidado após o começo, o técnico Paul Simonis arriscou algumas mudanças no returno, como a troca de goleiros, com Luca Plogmann dando lugar a Jari de Busser.

Simultaneamente, a consolidação do time aumentou o entrosamento. Fez crescer a produção de alguns jogadores, como o lateral direito e capitão Mats Deijl. Manteve o bom nível de outros, como o citado Antman (seus 15 passes para gol, o maior número desta Eredivisie, só foram em número menor que o de Mohamed Salah no Liverpool, entre todas as dez mais vistas ligas europeias). E os bons momentos se avolumaram. Se fosse só na liga, seria excelente: quatro vitórias seguidas entre a 17ª e a 21ª rodadas, três vitórias entre a 24ª e a 26ª rodadas... e, de novo, uma ótima campanha, que poderia ter ido além do sétimo lugar. Mas nem era necessário, diante do que aconteceu na apoteótica campanha na Copa da Holanda. Eliminar o PSV, em Eindhoven, na semifinal; a decisão contra o AZ, com o empate nos acréscimos do tempo normal... e a vitória nos pênaltis, dando aquele toque dramaticamente gostoso no título mais importante dos 123 anos de história do Go Ahead Eagles. Que se se contentou com a segunda fase preliminar da Conference League nesta temporada, na próxima já tem garantida a fase de liga da Liga Europa. Um passo além, na (quem questiona) maior fase da história do clube de Deventer.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Parada obrigatória: Go Ahead Eagles

O Go Ahead Eagles começou a temporada em baixa. Logo se arrumou, alguns destaques apareceram... e as Águias estão fazendo, outra vez, excelente campanha (Broer van den Boom/BSR Agency/Getty Images)

Posição: 7º lugar, com 25 pontos (na frente pelo maior número de gols)
Técnico: Paul Simonis
Time-base: Plogmann; Deijl, Nauber, Kramer e James (Adelgaard); Llansana e Linthorst; Antman, Breum e Oliver Edvardsen; Victor Edvardsen
Maior vitória: Go Ahead Eagles 5x0 NEC (15ª rodada)
Maior derrota: Go Ahead Eagles 1x5 Feyenoord (9ª rodada)
Copa da Holanda: enfrentará o Twente, nas oitavas de final
Competição europeia: Conference League (eliminado pelo SK Brann-NOR, na segunda fase preliminar)
Artilheiro: Oliver Edvardsen (meio-campista), com 8 gols
Objetivo do início: meio de tabela/vaga de repescagem pela Conference League
Avaliação: O mau começo, com dificuldades de ataque, assustou bastante. Mas o "Kowet" logo se aprumou, cresceu de produção e faz, mais uma vez, campanha primorosa para suas possibilidades

Quatro rodadas, três derrotas, só dois gols marcados - mesmo tendo até mais finalizações do que os adversários (foi assim nos 2 a 0 sofridos em casa para o Fortuna Sittard, na primeira rodada do Campeonato Holandês). O Go Ahead Eagles teve medo de que fosse o início de uma campanha que o jogasse de volta à realidade, após a primorosa campanha de 2023/24 - premiada com a vaga na segunda fase preliminar da Conference League. Algumas perdas nas transferências, como as do goleiro Jeffrey de Lange e do meio-campo Willum Willumsson, aumentavam o temor do time da cidade de Deventer. Só o tempo e os resultados acalmaram a torcida. Mais precisamente, os resultados da 5ª rodada (2 a 1 no Sparta Rotterdam, fora de casa) e da 6ª também (1 a 1 com o Ajax, que tem sido "assustado" pelas Águias nas últimas temporadas).

Aos poucos, sustos assimilados, o "Kowet" se "reentrosou". Na defesa, nomes já conhecidos (Mats Deijl, Gerrit Nauber, Joris Kramer) recuperaram o costume de jogarem juntos. O técnico Paul Simonis, sucessor de René Hake, enfim consolidou o esquema tático com dois volantes. Determinadas mudanças táticas, como mandar o dinamarquês Jakob Breum (ponta de origem) para o meio, deram certo. Aos poucos, os gols retornaram, principalmente por obra e graça da dupla de Edvardsen que não são parentes (o meia-esquerda norueguês Oliver e o atacante sueco Victor). E o Go Ahead Eagles começou a evoluir. O "caldeirão" que o estádio De Adelaarshorst virou nos últimos anos voltou a se esquentar, com vitórias como os 5 a 0 no NEC (15ª rodada) e os 2 a 1, de virada, no NAC Breda (17ª rodada). Prêmio: o time aurirrubro está, de novo, na zona de repescagem pela vaga na Conference League. Só não é uma surpresa porque já aconteceu na temporada passada. Mas é sinal do primoroso trabalho feito no clube - méritos ao ex-jogador Paul Bosvelt, diretor de futebol. E do grande momento que o Go Ahead Eagles vive.

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Guia da Eredivisie 2024/25: Go Ahead Eagles

Calvin Twigt pode ajudar o Go Ahead Eagles a tentar manter o bom nível alcançado na temporada passada (Go Ahead Eagles/Divulgação)
 
Go Ahead Eagles

Cidade: Deventer 
Estádio: De Adelaarshorst (capacidade para 10.000 torcedores)
Apelidos: Kowet (modo como alguns nativos de Deventer falam "Go Ahead"), Eagles (Águias, em português)
Títulos: 4 Campeonatos Holandeses
Patrocínio: Betnation (casa de apostas online)
Técnico: Paul Simonis
Destaque: Oliver Edvardsen (meio-campista)
Fique de olho: Calvin Twigt (meio-campista)
Brasileiros no elenco: nenhum
Temporada passada: 9º colocado
Copas europeias: Conference League (eliminado pelo SK Brann-NOR, na segunda fase preliminar)
Objetivo: meio de tabela/vaga de repescagem pela Conference League
Amistosos de pré-temporada:
29 de junho - Ons Sneek 1x7 Go Ahead Eagle
3 de julho - Go Ahead Eagles 3x0 Telstar
7 de julho - Go Ahead Eagles 3x2 Almere City
12 de julho - Go Ahead Eagles 1x2 Union Sint Gillis-BEL
17 de julho - Go Ahead Eagles 1x2 Racing Genk-BEL
Principais chegadas: [Luca Plogmann (G, Dordrecht)], Julius Dirksen (D, Emmen), Aske Adelgaard (M, Odense-DIN), Mathis Suray (M, Dordrecht), Aske Adelgaard (M, Odense-DIN), Calvin Twigt (M, Volendam), Oliver Antman (A, Nordsjaelland-DIN), Milan Smit (A, Cambuur) e Darío Serra (A, Mérida-ESP)
Principais saídas: Jeffrey de Lange (G, Olympique de Marselha-FRA), Erwin Mulder (G, contrato terminou), Bas Kuipers (D, Twente), Xander Blomme (D, Excelsior), Philippe Rommens (M, Ferencváros-HUN), Willum Willumsson (M, Birmingham City-ING), Darío Serra (A, contrato rescindido) e Rashaan Fernandes (A, Omonia 29-CHP)

Legenda
Jogador (posição, clube)
Empréstimo
[retorno de empréstimo] 
[transferência em definitivo após empréstimo]

O Go Ahead Eagles teve um final de temporada onírico, digno de conto de fadas mesmo, em 2023/24: nono colocado do Campeonato Holandês, entrou pela porta dos fundos na repescagem por um lugar na Conference League... mas superou o NEC fora de casa, venceu o Utrecht no fim da prorrogação e garantiu sua volta a uma competição europeia, na segunda fase preliminar da Conference League. E aí,  o conto de fadas acabou. Em primeiro lugar, o técnico René Hake aceitou - como não aceitaria? - ser auxiliar de Erik ten Hag no Manchester United. Em segundo lugar, o volante Philippe Rommens se transferiu para o Ferencváros, da Hungria. Depois, o meia Willum Willumsson partiu para o Birmingham City inglês. Finalmente, caiu para o SK Brann (Noruega), na rápida passagem pela Conference League.

É neste clima de "fim de conto de fadas" - até um pouco parecido com "ressaca" - que as Águias começam mais uma temporada. Algo perigoso. Em primeiro lugar, porque o técnico Paul Simonis até conseguiu manter a equipe jogando como já vinha - o time foi competitivo contra o SK Brann. Em segundo lugar, porque vários destaques ainda seguem no clube: o goleiro Jeffrey de Lange, o meia Oliver Edvardsen, o ponta Bobby Adekanye - sem contar pelo menos uma contratação que pode contribuir, o meio-campo Calvin Twigt. E em terceiro lugar, porque o clube não subiu tanto assim para se descolar da "parte baixa" da tabela. Então, já precisará começar bem a temporada. Até para poder sonhar em viver um novo conto de fadas...

segunda-feira, 3 de junho de 2024

Análise da temporada: Go Ahead Eagles

Final feliz: o Go Ahead Eagles sonhou, se esforçou, e se confirmou como a melhor surpresa da Eredivisie, garantindo vaga na Conference League pela repescagem (Henny Meyerink/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 9º lugar, com 46 pontos
No turno havia sido: 6º lugar, com 23 pontos
Time-base: De Lange; Deijl, Nauber (Amofa), Kramer e Kuipers; Linthorst (Rommens) e Llansana; Breum (Adekanye/Baeten), Willumsson e Oliver Edvardsen; Victor Edvardsen
Técnico: René Hake
Maior vitória: Go Ahead Eagles 5x1 Vitesse (11ª rodada)
Maior derrota: AZ 5x1 Go Ahead Eagles (1ª rodada)
Principal jogador: Willum Willumsson (atacante)
Artilheiros: Oliver Edvardsen (meio-campista/atacante) e Willum Willumsson (meio-campista), ambos com 7 gols
Quem deu mais passes para gol: Bobby Adekanye (atacante), com 6 passes 
Quem mais partidas jogou: Jeffrey de Lange (goleiro), com 36 partidas - as 34 da temporada regular, mais as duas da repescagem pela Conference League
Copa nacional: eliminado pelo NEC, nas oitavas de final
Competições continentais: nenhuma 

Quer ler um conto de fadas? Vamos começar: era uma vez, na cidade de Deventer, um clube nas cores amarela e vermelha. Um clube que, já fazia alguns anos, tinha uma determinada quantia de dinheiro - pequena, nada a se comparar com clubes grandes dos próprios Países Baixos -, e que sabia trabalhar com ela, porque tinha um diretor de futebol que jamais dava um passo maior do que as pernas (Paul Bosvelt, ex-jogador, de carreira até razoável - duas Euros defendendo a Holanda, passagens até pelo Manchester City pré-dinheiro). O técnico desse time, René Hake, era reconhecidamente organizado sem ser monótono, formando uma equipe bem protegida por dois volantes, sem ser fechada, com rapidez nas pontas. Por causa disso, teve uma defesa bem entrosada, com a linha Mats Deijl-Jamal Amofa (ou Gerrit Nauber, que dava no mesmo)-Joris Kramer-Bas Kuipers junta há algumas temporadas, protegendo bem o goleiro Jeffrey de Lange, que, por sua vez, foi dos melhores desta Eredivisie. Mais à frente, Bobby Adekanye trazia rapidez na direita; o islandês Willum Willumsson trazia qualidade na criação de jogadas; e a dupla de "não-parentes", Oliver Edvardsen (norueguês, ponta-esquerda) e Victor Edvardsen (sueco, atacante), fazia seus gols. De quebra, esse clube tinha uma torcida fervilhante, sempre fazendo um ótimo ambiente no estádio De Adelaarshorst, a "Toca das Águias". Com tudo isso, a "Cinderela" do Campeonato Holandês teve o seu "momento do baile": com a queda de produção de Ajax e Vitesse, dois habituais figurantes das primeiras posições, a lacuna apareceu, e o time aproveitou, terminando o primeiro turno na sexta posição. 

É certo que o Go Ahead Eagles teve momentos de "Gata Borralheira": as quatro rodadas sem vencer no final do primeiro turno, por exemplo - inclua-se aí o 3 a 2 do Ajax (17ª rodada, primeiro jogo de 2024, último do turno), quando ficou claro que o GAE merecia melhor sorte. Além disso, o clube escorregou algumas posições para baixo. E teria mais uma sequência ruim - seis jogos sem vencer, entre a 28ª e a 33ª rodadas. Ainda assim, vendo-se derrotas vendidas caro (só perdeu para o PSV por 1 a 0, na 25ª rodada), seguindo na zona de repescagem por vaga na Conference League, o Go Ahead Eagles não tinha irmãs ou madrastas malvadas a atrapalhar seu caminho. Só que chegou à repescagem na 9ª posição, o pior dos quatro classificados na temporada regular, e teria de jogar as duas partidas fora de casa, por uma vaga em torneio europeu que não tinha desde 2014/15 - e mesmo assim, só levara a vaga (segunda fase preliminar da Liga Europa) pela Holanda ter a liga com menos cartões amarelos, ganhando o prêmio "Fair Play" da UEFA. Sem problemas. Na "semifinal", contra o NEC, o time saiu atrás, mas chegou mais ao ataque, virou o jogo numa cobrança de falta e alcançou a final contra o Utrecht. Na qual teve outra virada, ainda mais emocionante: saiu atrás, ficou com um a mais na reta final do 2º tempo, viu interrupção na partida, conseguiu o empate nos acréscimos... e no final da prorrogação, aos 116', Joris Kramer fez o "sapatinho de cristal" se "encaixar no pé". Ou melhor: de cabeça, fez o gol da classificação do Go Ahead Eagles para a segunda fase preliminar da Conference League 2024/25. O gol que confirmou o "final feliz" do conto de fadas que trouxe a melhor fase da história do clube de Deventer.

domingo, 7 de janeiro de 2024

Parada obrigatória: Go Ahead Eagles

 Willumsson (mais alto) é o principal nome de um Go Ahead Eagles que surpreende e sonha (Henny Meijerink/BSR Agency/Getty Images)

Posição: 6º lugar, com 23 pontos
Técnico: René Hake
Time-base: De Lange; Deijl, Amofa, Kramer e Kuipers; Rommens e Llansana; Adekanye (Linthorst), Willumsson e Oliver Edvardsen; Victor Edvardsen (Sow)
Maior vitória: Go Ahead Eagles 5x1 Vitesse (11ª rodada)
Maior derrota: AZ 5x1 Go Ahead Eagles (1ª rodada)
Copa da Holanda: enfrentará o NEC, nas oitavas de final
Competição europeia: nenhuma
Artilheiros: Sylla Sow (atacante) e Willum Willumsson (meio-campo), ambos com 5 gols 
Objetivo do início: meio de tabela
Avaliação: Com cautela, mas sem deixar de avançar, o Kowet aproveita a queda de outros times e a própria regularidade para se converter numa das melhores surpresas da temporada

Chega até a ser incrível. Afinal de contas, o Go Ahead Eagles se acostumou a ser um time do lado de baixo da tabela - na divisão de dois dos 18 participantes habituais da Eredivisie, fica normalmente no que os neerlandeses chamam "rechterrijtje", a "fileira da direita", aquela que tem os nove times da metade que mais "sofre". Entretanto, desde a volta à primeira divisão, em 2020/21, já se notava que o Kowet (apelido do clube da cidade de Deventer - corruptela de "Go Ahead") tinha condições de surpreender. As condições se ampliaram nesta temporada, com o sofrimento do Ajax e a queda de produção da "classe média" da Eredivisie, com Vitesse e Utrecht como exemplos. E o Go Ahead se converte, até aqui, na grande surpresa do Campeonato Holandês, aparecendo na sexta posição, sonhando a sério com sua primeira aparição num torneio europeu desde 2015/16. De certa forma, é o auge de um trabalho conduzido com cuidado pelo diretor esportivo do clube, o ex-jogador Paul Bosvelt (meio-campo, Bosvelt defendeu a Holanda em duas Eurocopas - 2000 e 2004).

Trabalhando com baixo orçamento, as Águias apostaram na qualificação da observação de jogadores que pudessem ser contratados - foi assim que o norueguês Victor Edvardsen chegou para o ataque. Manteve um bom ambiente para os que davam certo - assim, por exemplo, o islandês Willum Willumsson virou destaque na criação de jogadas, ousando até arriscar mais os chutes de longe. A torcida "comprou" a ideia: já virou lugar comum elogiar o ambiente montado por ela em De Adelaarshorst, o "ninho das águias" onde o Go Ahead Eagles manda suas partidas. O técnico René Hake também recebe elogios, por saber montar um time modesto sem "retranca": que o mostrem os 5 a 1 no Vitesse, na 11ª rodada. E o entrosamento já se nota após alguns anos: já titulares habituais na defesa, o lateral direito Mats Deijl, o zagueiro Jamal Amofa e o lateral esquerdo (e capitão) Bas Kuipers receberam bem a volta do defensor Joris Kramer, após alguns anos no NEC. O começo de temporada já foi elogiável: nas cinco primeiras rodadas, três vitórias. Em casa, o Go Ahead é o sexto melhor do campeonato. E em que pese ter escorregado da quinta para a sexta posição na reta final de 2023 - já são quatro rodadas sem vitória -, o crédito do time aurirrubro com a torcida ainda é grande. Cautelosamente, o Go Ahead Eagles aproveitou o espaço para avançar. E tem grandes chances de mantê-lo em 2024. Até porque retomará a Eredivisie contra o Ajax, na 17ª rodada...

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Guia da Eredivisie 2023/24: Go Ahead Eagles

Victor Edvardsen chega para ajudar um Go Ahead Eagles que já está mais preparado para tentar outra temporada estável (Divulgação/ga-eagles.nl)

Go Ahead Eagles

Cidade: Deventer 
Estádio: De Adelaarshorst (capacidade para 10.000 torcedores)
Apelidos: Kowet (modo como alguns nativos de Deventer falam "Go Ahead"), Eagles (Águias, em português)
Títulos: 4 Campeonatos Holandeses
Patrocínio: Betnation (casa de apostas online)
Técnico: René Hake
Destaque: Willum Willumsson (meio-campista)
Fique de olho: Victor Edvardsen (atacante)
Brasileiros no elenco: nenhum
Temporada passada: 11º colocado
Copas europeias: nenhum
Objetivo: meio de tabela
Amistosos de pré-temporada:
8 de julho - Go Ahead Eagles 2x1 PAOK-GRE
12 de julho - Go Ahead Eagles 1x3 Groningen
15 de julho - Club Brugge-BEL 2x1 Go Ahead Eagles
22 de julho - Go Ahead Eagles 2x1 Den Bosch
23 de julho - Go Ahead Eagles 0x1 Mamelodi Sundowns-AFS
29 de julho - Go Ahead Eagles 0x2 Sub-23 do Borussia Dortmund-ALE 
4 de agosto - Go Ahead Eagles 2x2 Kifisia-GRE 
5 de agosto - Go Ahead Eagles 3x1 sub-23 do Anderlecht-BEL
Principais chegadas: Dean James (D, Volendam), Joris Kramer (D, NEC), Luca Everink (D, TOP Oss), Jakob Breun (M, Odense-DIN), Victor Edvardsen (A, Djurgardens-SUE), [Darío Serra (A, Valencia B-ESP)] e Thibo Baeten (A, Beerschot-BEL)
Principais saídas: Jay Idzes (D, Venezia-ITA), [José Fontán (D, Celta de Vigo-ESP)], [Fredrik Oppegard (D, PSV)] e Isac Lidberg (A, Utrecht)

Legenda
Jogador (posição, clube)
Empréstimo
[retorno de empréstimo] 
[transferência em definitivo após empréstimo]

O Go Ahead Eagles começou a temporada passada hesitante, ameaçou penar nas últimas posições... mas quando se encaixou, evoluiu, se estabilizou e chegou a sonhar com a repescagem por vaga na Conference League. De certa forma, tem tudo para continuar assim. Em primeiro lugar, porque perdeu novamente alguns jogadores importantes - o destaque aqui é Isac Lidberg, referência de ataque do clube da cidade de Deventer, que se foi para o Utrecht. Só que desta vez, as Águias parecem mais preparadas para uma reação mais rápida.

Em primeiro lugar, porque se o técnico René Hake iniciava seu trabalho em 2022/23, agora está plenamente aclimatado ao Kowet. Em segundo lugar, porque o orçamento permite contratações um pouco mais ousadas - para a zaga, veio o velho conhecido Joris Kramer, de volta após passar pelo NEC, e para o ataque, chegou Victor Edvardsen, de boa passagem pelo Djurgardens sueco. E em terceiro lugar, porque até que a maioria dos destaques ficou no clube aurirrubro: Philippe Rommens, Willum Willumsson, Bobby Adekanye, Oliver Edvardsen (nenhum parentesco com o supracitado Victor). Assim, o Go Ahead Eagles começa a temporada mais firme do que a anterior, em que pesem os maus resultados da pré-temporada.

segunda-feira, 12 de junho de 2023

Análise da temporada: Go Ahead Eagles

Após um mau começo, o Go Ahead Eagles conseguiu reagir e se estabilizar ao longo da temporada. E Willum Willumsson ajudou muito nisso (Henny Meyerink/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 11º lugar, com 40 pontos
No turno havia sido: 11º lugar, com 19 pontos
Time-base: De Lange; Deijl, Amofa, Idzes (Fontán) e Kuipers; Rommens e Llansana (Blomme); Adekanye, Willumsson e Edvardsen (Stokkers); Lidberg 
Técnico: René Hake
Maior vitória: Go Ahead Eagles 3x0 Volendam (33ª rodada)
Maior derrota: Go Ahead Eagles 2x5 PSV (2ª rodada)
Principais jogadores: Bobby Adekanye (meio-campista/atacante) e Willum Willumsson (meio-campista)
Artilheiro: Willum Willumsson (meio-campista), com 8 gols
Quem deu mais passes para gol: Isac Lidberg (atacante), com 5 passes
Quem mais partidas jogou: Jeffrey de Lange (goleiro), que jogou todas as 34 partidas
Copa nacional: eliminado pelo ADO Den Haag (segunda divisão), nas oitavas de final
Competições continentais: nenhuma

Do jeito como a temporada começou, com cinco derrotas nas cinco primeiras rodadas, a impressão era de que o Go Ahead Eagles sentiria bastante a falta de nomes marcantes da campanha de 2021/22 que saíram, como o goleiro Andries Noppert, o meio-campo Luuk Brouwers, ou mesmo o técnico Kees van Wonderen. Era preciso reagir rápido, achar um caminho. Para alívio da torcida do "Kowet", rapidamente o caminho foi encontrado. O técnico René Hake recebeu paciência, e logo retribuiu achando uma escalação que retomou a firmeza vista na Eredivisie passada. Vencer Volendam (3 a 2, na 6ª rodada) e Emmen (2 a 0, na 7ª rodada), dois times que sofreriam nas últimas posições, e conseguir empatar na sequência com o Ajax, na Johan Cruyff Arena (1 a 1, 8ª rodada) já começou a dar a indicação de que dias melhores viriam.

Vieram. De empate em empate, as Águias conseguiram saltar para a sonhada estabilidade no meio da tabela. E começaram a aparecer nomes para reporem as lacunas deixadas. Se não teve o salto na carreira que o antecessor Noppert teve, Jeffrey de Lange mostrou atuações dignas no gol. Vindo para esta temporada, o islandês Willum Willumsson conseguiu se tornar um bom criador de jogadas no meio-campo, tendo em Oliver Edvardsen um bom parceiro. Outro reforço, Bobby Adekanye era útil para possibilitar mudanças de esquema - dependendo do jogo, podia ir para a ponta, no ataque, ou jogar mais recuado, num trio de meio-campo. Remanescente de 2021/22, Isac Lidberg seguiu como principal referência no ataque. E o Go Ahead Eagles não só terminou estável, como chegou às últimas rodadas com chance até de ir aos play-offs por vaga na Conference League. Perdeu a chance, com a derrota para o Heerenveen, na rodada derradeira (2 a 0). Tudo bem, de certa forma. O mais importante já havia sido conseguido: afastar aquele susto das primeiras rodadas.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Parada obrigatória: Go Ahead Eagles

Adekanye (esquerda) e Edvardsen (direita) ajudaram no que puderam. E após um começo preocupante, o Go Ahead Eagles encontrou uma nova base para se estabilizar (Michael Bulder/NESImages/DeFodi Images/Getty Images)

Posição: 11ª colocação, com 15 pontos (na frente pelo melhor saldo de gols)
Técnico: René Hake
Time-base: De Lange; Amofa, Deijl, Kuipers e Idzes; Willumsson (Llansana), Rommens, Linthorst e Edvardsen; Adekanye e Lidberg
Maior vitória: Go Ahead Eagles 3x1 Excelsior (12ª rodada)
Maior derrota: Go Ahead Eagles 2x5 PSV (2ª rodada)
Copa da Holanda: enfrentará o Heracles Almelo (segunda divisão), na segunda fase
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Oliver Edvardsen (atacante), com 5 gols
Objetivo do início: escapar do rebaixamento/meio de tabela
Avaliação: superando aos poucos as dificuldades naturais decorrentes da perda dos destaques, as Águias conseguiram uma invencibilidade que lhes dá, por ora, mais respiro na tabela

O técnico Kees van Wonderen? Saiu. O goleiro Andries Noppert? Também. Meio-campistas? Ragnar Oratmangoen e Luuk Brouwers, dois destaques da temporada passada, igualmente deixaram o clube de Deventer. E o Go Ahead Eagles começou o campeonato atual sentindo, até obviamente, as ausências dos destaques que ajudaram na campanha elogiável em 2021/22. As cinco derrotas nas cinco primeiras rodadas - incluindo goleada sofrida para o PSV (5 a 2, em casa, na 2ª rodada) e virada sofrida para o Feyenoord (de 2 a 0 para 4 a 3 contra, na 5ª rodada) - trouxeram o temor de que voltariam os tempos de dificuldades contra o rebaixamento. Ainda assim, crise era inexistente nas Águias. Talvez porque, no fundo, se soubesse: quando o time se entrosasse, quem sabe algumas vitórias melhorassem a situação.

Essas vitórias vieram. E já facilitaram a situação do Kowet, por terem sido contra times na zona de repescagem/rebaixamento: 3 a 2 no Volendam (6ª rodada) e 2 a 0 no Emmen (7ª rodada). Na 8ª rodada, então, um resultado até consagrador: o time parecia rendido diante do Ajax, mas segurava uma derrota por 1 a 0 - e um contra-ataque aproveitado por Willum Willumsson rendeu um empate comemorado como se fosse vitória. Aos poucos, os destaques foram aparecendo. No meio-campo, Philippe Rommens seguiu firme, e Oliver Edvardsen apareceu bem, se responsabilizando pela criação das jogadas - e até chegando para finalizar, comprovando isso ao ser o goleador do time na Eredivisie. Por falar em ataque, a dupla Bobby Adekanye-Isac Lidberg se entendeu bem. E o Go Ahead terminou com uma longa sequência invicta na Eredivisie: desde aquele mau começo, já são seis empates e quatro vitórias. Trazendo à torcida a boa impressão de que o GAE está pronto para outra temporada de segurança na primeira divisão.

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Guia da Eredivisie 2022/23: Go Ahead Eagles

Enric Llansana começou na base do Ajax, mas não teve espaço no time principal. Tentará mostrar que pode ser protagonista no Go Ahead Eagles, bastante reformulado (ga-eagles.nl/Divulgação)

Go Ahead Eagles

Cidade: Deventer  
Estádio: De Adelaarshorst (capacidade para 10.000 torcedores)
Site oficial
Apelidos: Kowet (modo como alguns nativos de Deventer falam "Go Ahead"), Eagles (Águias, em português)
Títulos: 4 Campeonatos Holandeses
Patrocínio: Jumper (loja de artigos para animais)
Técnico: René Hake
Destaque: Isac Lidberg (atacante) 
Fique de olho: Enric Llansana (meio-campista)
Brasileiros no grupo de jogadores: nenhum
Temporada passada: 13º colocado 
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: Escapar do rebaixamento/meio de tabela
Amistosos de pré-temporada:
25 de junho - SV Terwolde 1x15 Go Ahead Eagles
29 de junho - Go Ahead Eagles 0x4 PAOK-GRE
2 de julho - Go Ahead Eagles 0x2 Lokomotiva Zagreb-CRO
6 de julho - Go Ahead Eagles 1x5 Standard Liège-BEL
9 de julho - VfB Oldenburg-ALE 1x1 Go Ahead Eagles
16 de julho - Helmond Sport 1x1 Go Ahead Eagles
20 de julho - Go Ahead Eagles 1x0 Kiryat Shmona-ISR
23 de julho - Go Ahead Eagles 2x0 Roda JC
23 de julho - Go Ahead Eagles 0x2 Jong Utrecht
29 de julho - Go Ahead Eagles 4x1 OFI Creta-GRE
Principais chegadas: Erwin Mulder (G, Heerenveen), Jeffrey de Lange (G, Twente), Jamal Amofa (D, sem clube), José Fontán (D, Celta de Vigo-ESP), Willum Willumson (M, BATE Borisov-BLR), Enric Llansana (M, Ajax), Oliver Edvardsen (M, Stabaek-NOR), Rashaan Fernandes (M/A, Telstar), Bobby Adekanye (A, Lazio-ITA), Sylla Sow (A, Sheffield Wednesday-ING) e Finn Stokkers (A, RKC Waalwijk) 
Principais saídas: Andries Noppert (G, Heerenveen), Rhuendly "Cuco" Martina (D, fim de contrato), [Joris Kramer (D, AZ)], Boyd Lucassen (D/M, NAC Breda), Luuk Brouwers (M, Utrecht), Ragnar Oratmangoen (M, Groningen), [Giannis Botos (A, AEK Atenas-GRE)], [Ogechika Heil (A, Hamburgo-ALE)], [Marc Cardona (A, Osasuna-ESP)], Jacob Mulenga (A, encerrou a carreira) e [Iñigo Córdoba (A, Athletic Bilbao-ESP)] 

Legenda
Jogador (posição, clube)
Empréstimo
[retorno de empréstimo]

Em certo momento da temporada passada, o clube de Deventer mereceu todo o respeito possível: com os jogadores que possuía, teve um time aguerrido, com algum talento no ataque, que até sonhou em disputar uma vaga nas competições europeias - e mesmo que tenha terminado o campeonato anterior em má sequência, já se considerava muito satisfeito só por garantir a permanência na primeira divisão com muito tempo de antecedência. Porém, todo bônus tem seu ônus. Um time pequeno e firme obviamente chamaria a atenção de equipes no meio de tabela do futebol holandês. E muita gente deixou as Águias. Começou com o meio-campo Luuk Brouwers. Continuou com o técnico Kees van Wonderen. E seguiu com o goleiro Andries Noppert, Ragnar Oratmangoen, Iñigo Córdoba...

Antes mesmo da maioria dos reforços chegarem, um técnico foi escolhido para o início de um novo trabalho: René Hake. Um pouco mais ofensivo do que o antecessor Van Wonderen, Hake tentará afastar as desconfianças após passagens terminadas abruptamente por Twente e Utrecht. E ganhou reforços para tentar ajudar as Águias a darem um passo à frente. No gol, após o fim de seu contrato com o Heerenveen, o experiente Erwin Mulder pode obter algum sucesso. Sem espaço no time principal do Ajax após os anos no time B, o meia hispano-holandês Enric Llansana pode ter no Kowet a sequência que buscava. Nos amistosos de pré-temporada, o islandês Willum Willumson ganhou espaço que faz crer nele como um nome garantido entre os titulares. E valerá a pena ver se Finn Stokkers, vindo do RKC Waalwijk, e Bobby Adekanye podem virar atacantes confiáveis. Com alguns remanescentes - Gerrit Nauber e Bas Kuipers na zaga, Philippe Rommens no meio, Isac Lidberg na frente -, quem sabe a equipe aurirrubra de Deventer consiga manter a segurança na primeira divisão, sendo mais ofensiva.

domingo, 19 de junho de 2022

Análise da temporada: Go Ahead Eagles

O Go Ahead Eagles oscilou no primeiro turno, mas no segundo viveu momentos até melhores do que esperava. E Brouwers (à frente) foi símbolo disso (Pro Shots)

Colocação final: 13º lugar, com 36 pontos
No turno havia sido: 11º colocado, com 21 pontos
Time-base: Noppert; Martina (Lucassen), Nauber, Kramer e Kuipers; Rommens, Oratmangoen e Brouwers; Deijl, Lidberg e Iñigo Córdoba (Cardona/Botos)
Técnico: Kees van Wonderen
Maior vitória: Go Ahead Eagles 4x0 Willem II (29ª rodada)
Maior derrota: AZ 5x0 Go Ahead Eagles (5ª rodada)
Principal jogador: Luuk Brouwers (meio-campo)
Artilheiro: Iñigo Córdoba (atacante), com 9 gols
Quem deu mais passes para gol: Philippe Rommens (meio-campo), com 5 passes
Quem mais partidas jogou: Philippe Rommens (meio-campo), que jogou todas as 34 partidas
Copa nacional: eliminado pelo PSV, nas semifinais
Competições continentais: nenhuma

Entre algumas mudanças (jogar com quatro ou com cinco na defesa?), o Go Ahead Eagles passou boa parte do primeiro turno tateando um estilo. Se por um lado foram cinco derrotas nas primeiras sete rodadas, por outro era inegável que o Kowet apresentava uma equipe aguerrida em sua volta à primeira divisão. E algumas ocasiões já sinalizavam o que viria. Mais precisamente, entre a 9ª e a 12ª rodadas, numa sequência de quatro jogos invicto. Sequência que incluiu um ponto de virada na temporada, em forma de uma tremenda vitória sobre o Fortuna Sittard, na 11ª rodada: de 3 a 1 contrários para 4 a 3, só no segundo tempo, com o gol da vitória vindo nos acréscimos. Na rodada seguinte, a impressionante dedicação defensiva rendeu um 0 a 0 contra o Ajax, em Amsterdã. E começavam a aparecer os destaques: Gerrit Nauber no miolo de zaga, Luuk Brouwers e Ragnar Oratmangoen se sobressaindo no meio (Brouwers com mais cadência, Oratmangoen com mais velocidade), o ataque se alternando entre a referência de Isac Lidberg e a dupla de espanhóis Iñigo Córdoba-Marc Cardona - sem contar o rápido Giannis Botos.

Se alguns saíram na virada de ano, como o goleiro Warner Hahn, outros chegaram, como o goleiro Andries Noppert e o defensor Rhuendly "Cuco" Martina. E o Go Ahead Eagles, enfim, encontrou seu estilo. Foi o suficiente para se impulsionar de vez na temporada. Se 2022 começou mal - três derrotas -, logo ganhou um tremendo impulso, com a primeira vitória diante do campeão Ajax pela Eredivisie após 43 anos (2 a 1, 24ª rodada). O estádio De Adelaarshorst, em Deventer, começava a se transformar num alçapão. Três vitórias seguidas não só garantiram a permanência na divisão de elite, como fizeram o Go Ahead Eagles sonhar em entrar na repescagem por vaga na Conference League. De quebra, havia ainda a chegada às semifinais da Copa da Holanda. Porém, justamente na fase mais decisiva, que o poderia consolidar como a grande surpresa da temporada... o GAE perdeu o gás: além de cair para o PSV na Copa da Holanda, só derrotas nas últimas cinco rodadas da Eredivisie, perdendo terreno para Groningen, NEC e Heerenveen. No entanto, para a torcida, valeu o sonho de uma temporada que rendeu mais do que o esperado. Até as saídas serviram de reconhecimento: o técnico Kees van Wonderen foi para o Heerenveen, Oratmangoen agora é do Groningen, Luuk Brouwers rumou para o Utrecht...

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Parada obrigatória: Go Ahead Eagles

Iñigo Córdoba (foto) foi um dos que ajudou na frente. Atrás, a defesa mostrou esforço admirável. E o Go Ahead Eagles se segura no meio de tabela, com mais facilidade do que se esperava (Pro Shots)

Posição: 11ª colocação, com 21 pontos 
Técnico: Kees van Wonderen
Time-base: Hahn; Lucassen, Nauber (Kramer), Kuipers e Deijl; Brouwers, Oratmangoen e Rommens; Córdoba, Lidberg (Heil) e Botos
Maior vitória: Go Ahead Eagles 4x2 Heracles Almelo (9ª rodada)
Maior derrota: AZ 5x0 Go Ahead Eagles (7ª rodada)
Copa da Holanda: classificado para as oitavas de final, nas quais enfrentará o Heerenveen
Competição europeia: nenhuma
Artilheiros: Iñigo Córdoba (meio-campista/atacante), com 6 gols
Objetivo do início: escapar do rebaixamento
Avaliação: Esforçado na defesa, e com alguns talentos no ataque, o time aurirrubro de Deventer prometeu até coisa melhor ao longo do turno. Está numa posição mais condizente com seu nível, mas segue regular. Só precisa se precaver sobre a saída anunciada do técnico para garantir a permanência com sossego

A reação incrível do Go Ahead Eagles para voltar à primeira divisão (do 12º lugar na metade da temporada, ao acesso como vice-campeão, na última rodada da segunda divisão passada) se valeu, principalmente, pela qualidade de sua defesa, que bateu recorde histórico da Eerste Divisie sem sofrer gols. Dois dos principais responsáveis por essa marca, o goleiro Jay Gorter e o zagueiro Sam Beukema, deixaram o clube de Deventer. Nem por isso as Águias entraram baqueadas na Eredivisie. Se a defesa já não era tão firme, o espírito de luta visto no GAE foi exemplar durante boa parte do turno. E quando veio a vitória no clássico regional contra o Zwolle (1 a 0, na 5ª rodada), a torcida que podia frequentar o estádio Adelaarshorst teve a agradável impressão de que alguns nomes do ataque poderiam impulsionar o Kowet adiante. Foi o que aconteceu. 

A dupla de espanhóis Iñigo Córdoba e Marc Cardona trouxe mobilidade à frente, bem como o grego Giannis Botos, tirando a dependência excessiva de um "homem-gol", comum a times pequenos da Holanda (Países Baixos) - nem Ogechika Heil, nem Isac Lidberg, nem o veterano Jacob Mulenga se fixaram no time. Já no clube há mais tempo, Ragnar Oratmangoen foi um bom criador de jogadas no meio-campo. E a defesa, se não é a melhor da Eredivisie (é a sexta pior), mostra um esforço admirável. Simbolizado num resultado surpreendente: o 0 a 0 contra o Ajax, em plena Johan Cruyff Arena, na 12ª rodada. Mas o caráter aguerrido do Go Ahead Eagles também teve exemplo respeitável contra o Fortuna Sittard (11ª rodada): em casa, o time aurirrubro perdia por 3 a 1 até os 60', e foi buscar a virada para 4 a 3 na meia hora final de jogo. Enfim: mesmo pequeno, o Go Ahead Eagles mostra regularidade tão notável que o técnico Kees van Wonderen já chama a atenção de equipes maiores na Eredivisie. E já anunciou que deixa as Águias ao fim da temporada. Seguir distante da zona de repescagem/rebaixamento, controlando a queda vista no fim de 2021 (duas derrotas e dois empates), será um fim digno da passagem de Van Wonderen, desde já marcante, por Deventer.

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Guia da Eredivisie 2021/22: Go Ahead Eagles

 

Bas Kuipers (braços abertos) é um dos restantes na defesa do Go Ahead Eagles, para tentar manter na primeira divisão a segurança vista na campanha do acesso (Pro Shots)

Go Ahead Eagles

Cidade: Deventer  
Estádio: De Adelaarshorst (capacidade para 10.000 torcedores)
Site oficial
Apelidos: Kowet, Eagles (Águias, em português)
Títulos: 4 Campeonatos Holandeses
Patrocínio: Jumper (loja de artigos para animais)
Técnico: Kees van Wonderen
Destaque: Bas Kuipers (zagueiro)
Fique de olho: Marc Cardona (atacante)
Brasileiros no grupo de jogadores: nenhum
Temporada passada: Vice-campeão da segunda divisão
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: Escapar do rebaixamento
Amistosos de pré-temporada:
3 de julho - Go Ahead Eagles 1x1 RKC Waalwijk
10 de julho - Heracles Almelo 1x0 Go Ahead Eagles
23 de julho - Go Ahead Eagles 1x1 Vitesse
24 de julho - Jong Utrecht x Go Ahead Eagles - CANCELADO
31 de julho - Go Ahead Eagles 1x2 Emmen
7 de agosto - Go Ahead Eagles 2x0 KMSK Deinze-BEL
Principais chegadas: Job Schuurman (G, NEC), Warner Hahn (G, Anderlecht-BEL), Joris Kramer (D, AZ), Mats Deijl (D, Den Bosch), Gerrit Nauber (D, SV Sandhausen-ALE), Philippe Rommens (M, TOP Oss), Iñigo Córdoba (M, Athletic Bilbao-ESP), Ragnar Oratmangoen (M, Cambuur), Marc Cardona (A, Osasuna-ESP)Ogechika Heil (A, Hamburgo-ALE), Isac Lidberg (A, Gefle IF-SUE)
Principais saídas: Jay Gorter (G, Ajax), Sam Beukema (D, AZ), Julliani Eerstelling (D, Jong Utrecht), Wout Droste (D, ÍA Akranes-ISL), Jeroen Veldmate (D, Emmen), [Bradly van Hoeven (A, Sparta Rotterdam)] e Sam Hendriks (A, Cambuur)

Legenda
Jogador (posição, clube)
Empréstimo
[retorno de empréstimo]

A princípio, o Go Ahead Eagles achava nem ter chance de subir, no meio da temporada anterior da segunda divisão. Aí, foi a vez do técnico Kees van Wonderen (teve passagem pela seleção sub-17 da Holanda, além de auxiliar Ronald Koeman na seleção principal) cuidar da defesa. O Kowet se estabilizou, contando com atuações cada vez melhores do goleiro Jay Gorter e do zagueiro Sam Beukema na reta final da Eerste Divisie. O De Graafschap, que vinha na vice-liderança, começou a fraquejar. A equipe de Deventer crescia de trás (25 jogos sem gols sofridos, recorde histórico na segunda divisão), contava com os gols de Sam Hendriks e Bradly van Hoeven - oito cada um... e o prêmio veio na última rodada: uma vitória fora de casa contra o Excelsior, o empate do De Graafschap, a chegada ao vice-campeonato (e o acesso) no momento final. Por ser inesperada, a volta à primeira divisão após quatro anos foi ainda mais festejada.

Mas o tempo passou. Van Wonderen ficou para a volta à Eredivisie, mas a sólida defesa foi a principal vitimada pelas transferências: Gorter tomou o caminho do Ajax, Beukema recebeu a aposta do AZ, Van Hoeven voltou ao Sparta Rotterdam, Hendriks foi reforçar o Cambuur que subiu como campeão da segunda divisão... e o clube aurirrubro teve de ir às compras. Buscou no próprio Cambuur um dos reforços, Ragnar Oratmangoen. Conseguiu a vinda do veterano atacante Jacob Mulenga, já com alguma vivência de Eredivisie (passou pelo Utrecht). Teve alguns empréstimos promissores - Joris Kramer na zaga, o espanhol Marc Cardona no ataque. Teve até a manutenção de nomes experientes, como Bas Kuipers. E assim tentará mostrar alguma força, para evitar a volta imediata à segunda divisão.

sexta-feira, 10 de março de 2017

Briga de foice

O equilíbrio ainda permite salvações, mas a expressão de Beugelsdijk deixa claro: o ADO Den Haag está a perigo na Eredivisie (Maurice van Steen/VI Images)

No mês passado, o site Trivela (de certa forma, irmão deste Espreme a Laranja) publicou uma curiosa variante para as típicas tabelas dos campeonatos de futebol. Tratava-se de um gráfico, feito pelo inglês Will Griffiths (disponível aqui), mostrando a pontuação das equipes nas mais tradicionais – e também nas menos - ligas europeias. Claro, os leitores comentaram. E um deles (Roberto Alvarenga) palpitou, com base no que o jornalista Leandro Stein comentou: “A luta contra o rebaixamento na Holanda vai ser uma briga de foice no escuro”. Outro leitor, Lucas Silva, concordou. E ainda acrescentou: “Parece-me que nessas últimas temporadas, as equipes holandesas, excetuando-se PSV e Ajax, estão mais fracas, especialmente Vitesse e Twente”.

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Primeiro, porque o Campeonato Holandês tem clubes que não estão nem mais fracos, nem mais fortes; simplesmente, ficam na zona em que se espera que fiquem, no início da temporada. Um bom exemplo disso está na região que dá lugar nos play-offs após a temporada regular, por vaga na Liga Europa: excetuando-se o Twente (que está na 6ª posição, mas não participará dos play-offs, punido que foi pela federação holandesa no ano passado), estão Utrecht, AZ, Heerenveen e Vitesse – todos clubes médios, participantes comuns desses play-offs, que se raras vezes desafiam os três grandes do país para valer, tampouco sofrem com a ameaça de rebaixamento. E até aparecem numa fase preliminar de Liga Europa, aqui e ali. 

Segundo, porque nem os clubes realmente fracos são tão fracos que não consigam surpreender. Que o diga o líder Feyenoord: no domingo passado, o Stadionclub sofreu sua segunda derrota nesta Eredivisie, com o 1 a 0 para o Sparta Rotterdam - promovido nesta temporada, como campeão da segunda divisão. O fenômeno fica ainda mais notável quando se constata que a outra derrota dos Feyenoorders na temporada foi para... o outro clube promovido da Eerste Divisie, o Go Ahead Eagles (outro 1 a 0). Certo, tratam-se de times deficientes (basta lembrar que o Feyenoord pespegara 6 a 1 no Sparta, no turno). Ainda assim, proporcionam surpresas como estas – que tornam o primeiro colocado do Campeonato Holandês o segundo clube com piores resultados ao pegar os clubes que subiram de divisão nesta temporada.

E talvez seja por essa capacidade de pregar peças que a Eredivisie, de fato, esteja extremamente equilibrada na zona de rebaixamento – e de repescagem (o leitor deve-se lembrar do regulamento, no mínimo, intrincado dos play-offs de acesso/descenso – caso não se lembre, eis aqui esta coluna de 2015). Do 15º ao 18º e último colocado, há apenas um ponto de diferença – sendo que há empate triplo entre o 15º e o 17º colocado. E até mesmo clubes mais sossegados ainda precisam tomar cuidados antes de garantirem a salvação na divisão de elite do futebol holandês. Uma possível razão para o equilíbrio é o fato de nenhum dos times ameaçados de queda ser completamente desprovido de talento, ser irremediavelmente ruim – enfim, nenhum deles é “saco de pancadas”, sendo esmurrado rodada após rodada. 

Na verdade, o lanterna atual do Holandês viveu até uma “queda meteórica”. Não que ela não estivesse anunciada: já se abordou aqui o caos interno que vive o ADO Den Haag. A crise já estava indo para dentro de campo, e o início do returno deflagrou isso de vez: nada de vitórias para o clube de Haia, nas oito rodadas disputadas após a pausa de inverno. Foram dois empates e seis derrotas. Já houve consequências: previsivelmente, sobrou para o técnico (Zeljko Petrovic caiu, dando lugar a Alfons Groenendijk). Ainda assim, a sensação é de que o Den Haag pode reagir. Jogadores para isso, tem: na defesa (o duro zagueiro Tom Beugelsdijk, ídolo da torcida) e no ataque (Édouard Duplan, Sheraldo Becker, Ruben Schaken, Guyon Fernandez, até Mike Havenaar).

Do Roda JC, penúltimo colocado, também já se comentou aqui. Só que o ânimo ganho com a injeção de dinheiro do suíço-russo Aleksei Korotaev ainda não resultou em muita coisa dentro das quatro linhas: só duas vitórias no returno, e o time segue transitando entre as últimas posições. Pelo menos, ainda teria chance de segurar-se na Eredivisie, indo para a repescagem. Mesmo caso de outro clube que também é afligido pela ameaça do descenso há várias temporadas, e continua não aprendendo: o Excelsior, em 16º colocado. O clube de Roterdã nem perdeu tanto assim no returno. Mas também não ganhou, exagerando nos empates: quatro, nestas nove rodadas do segundo turno.

Esta é a sorte do Go Ahead Eagles: duas vitórias seguidas já bastaram para o clube de Deventer conseguir ficar no 15º lugar, o primeiro fora da zona de rebaixamento. E é até merecido, já que a equipe tem alguns jogadores de relativo talento – principalmente no ataque, com Jarchinio Antonia e Sam Hendriks, que periodicamente salvam o GAE numa ou noutra partida. No entanto, com o mesmo número de pontos dos dois clubes que vêm logo abaixo (20) e nove rodadas a disputar, sossegar não é uma opção.

Talvez não seja uma opção nem para os clubes que vêm acima dos quatro mais ameaçados pelo rebaixamento. Embora tenha uma equipe muito coesa (e tenha, ora bolas, vencido o líder do campeonato), o Sparta Rotterdam (14º, com 25 pontos) ainda procura afastar o temor. Após passar o turno ameaçado, sendo uma das grandes decepções da Eredivisie, enfim o Zwolle reagiu: alguns jogadores subiram de produção, o técnico Ron Jans anunciou demissão – na moda de “técnicos demissionários tranquilizam o clima no elenco” -, algumas vitórias vieram, e os Zwollenaren foram aos 27 pontos, na 13ª posição. A mesma coisa ocorre com o NEC: a equipe de Nijmegen ainda sofre com a irregularidade dentro de campo, mas está em 12º lugar, com 28 pontos. Todas essas, pontuações que dão mais segurança. Ainda assim, precisando de mais cuidados antes da salvação definitiva. 

Caso contrário, serão mais clubes a se juntar aos quatro que já são afligidos pela necessidade de fazer contas e jogar o futuro a cada rodada. De fato, como preconizou o leitor da Trivela, a disputa contra o rebaixamento na Holanda promete ser uma briga de foice no escuro.

(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 10 de março de 2017)