domingo, 28 de fevereiro de 2016

810 minuten: como foi a 25ª rodada da Eredivisie

Kuyt, novamente, alcançou marca importante. Mas não tão importante quanto a volta do Feyenoord às vitórias (Kay Int Veen/ANP)
Excelsior 2x0 NEC (sexta-feira, 26 de fevereiro)

Se ganhasse o jogo fora de casa, o NEC chegaria à quarta posição do Campeonato Holandês - e ainda amenizaria um pouco a turbulência interna que vive, com discordâncias crescentes entre o técnico Ernest Faber e a direção. Já o Excelsior está naquela situação em que cada ponto conta: em 16º lugar, a primeira posição na zona de repescagem/rebaixamento, os Kralingers não venciam havia 12 jogos, maior jejum dentro da temporada atual. Não impressiona, então, que o time de Nijmegen tenha começado melhor a partida: no início do jogo, o atacante Anthony Limbombe chutou duas vezes próximo ao gol. E outro da linha de três avantes, Joey Sleegers, exigiu a defesa do goleiro Tom Muyters. Só que o Excelsior conseguiu abrir o placar, graças a um erro justamente do grande destaque dos Nijmegenaren na temporada: o atacante Christian Santos. 

Aos 13 minutos do primeiro tempo, após tentar dominar um lançamento, Santos perdeu a bola, e os mandantes partiram para o contra-ataque, no qual Tom van Weert arriscou o chute de fora da área; a bola desviou no defensor Wojciech Golla e deixou o arqueiro Brad Jones sem chances de evitar que ela fosse às redes. Desde então, o Excelsior cresceu no jogo, trazendo perigo pelo resto da partida (principalmente em chutes de Stanley Elbers, já no segundo tempo). O NEC ainda tentou o empate, mas somente Santos trazia algum perigo à defesa bem postada. Até que Van Weert apareceu de novo, já no fim da partida: aos 35 minutos, ele se antecipou a Jones e escorou cruzamento de Adil Auassar para fazer 2 a 0. Enfim, o Excelsior teve novas razões para sorrir, como lembrou o destaque do jogo à FOX Sports: "Eu fui importante com meus dois gols, mas é uma noite para todo mundo comemorar". Já o NEC amargou seu quarto jogo sem vitória. E as discordâncias entre Ernest Faber e os diretores crescem...

O recém-chegado El Azzouzi sobe de produção. E o Twente sobe junto dele (Frank Hillen & Ron Jonker/fctwente,nl)
Twente 2x0 Groningen (sábado, 27 de fevereiro)

Certo, a reação mais impressionante desta temporada da Eredivisie é a do AZ. Mas o Twente também começa a querer protagonizar uma história admirável de ressurreição na liga. Em casa, motivados após a vitória inquestionável da rodada passada (3 a 0 no Cambuur), os Tukkers tentariam o quinto triunfo consecutivo contra um adversário que faz campanha elogiável, disputando vaga nos play-offs pela Liga Europa. E os mandantes nem precisaram de muito tempo para se imporem em campo: já aos 16 minutos do primeiro tempo, Zakaria El Azzouzi recebeu passe do lateral direito Hidde ter Avest, driblou um defensor num curto espaço e tocou na saída do goleiro para fazer 1 a 0. Depois, aos 23, o Groningen ainda teve boa chance para o empate, mas Oussama Idrissi chutou para fora após cruzamento de Lorenzo Burnet.

Já no segundo tempo, a superioridade do Twente seguiu, mas com alguma tensão. As chances surgiam para a equipe rubra, mas eram desperdiçadas. Aos sete minutos, Chinedu Ede chutou cruzado, mas Rasmus Lindgren desviou para escanteio; depois, Etiënne Reijnen tirou outra bola, também em cima da linha, após outro chute de Ede. Para os donos da casa, felizmente, a tensão virou alívio no final: aos 35 minutos, Hakim Ziyech lançou Kamohelo Mokotjo, e o sul-africano cruzou para Jerson Cabral desviar e definir o placar da quinta vitória consecutiva do Twente (terceira sem gols sofridos). Os Tukkers respiram mais tranquilos na 11ª posição, com 31 pontos, nove acima da zona de repescagem/rebaixamento.

Demorou, mas o gol de Van Ginkel ajudou o PSV a desmontar a retranca do ADO Den Haag (ANP/Pro Shots)
PSV 2x0 ADO Den Haag (sábado, 27 de fevereiro)

Diante do líder do Campeonato Holandês, o ADO Den Haag sabia o que fazer: cuidar bastante da sua defesa, para evitar os contra-ataques altamente eficientes do time de Eindhoven. Então, o técnico Henk Fräser fortaleceu a defesa: na escalação, o trio de atacantes comumente escalado na equipe de Haia foi trocado por um 4-1-4-1, com Édouard Duplan tendo a função de ser o ponta-de-lança para armar as jogadas e ajudar Mike Havenaar, atacante isolado (a Ruben Schaken, restou o banco). Enquanto isso, o meio-campo ganhou mais um volante com Kyle Ebecilio - fora a dupla de zaga costumeira, com Vito Wormgoor e Tom Beugelsdijk, que se impõe pela força física e pela firmeza na na marcação (firmeza até demais, às vezes).

Pelo menos no primeiro tempo, a intenção deu certo. Jogando até com cinco na área que defendia, de modo compactado com o meio-campo, o Den Haag conteve as bolas cruzadas para a área, deixando Luuk de Jong sem muito espaço nos 45 minutos iniciais. E o PSV, por sua vez, também teve culpa na falta de gols: mostrou-se pouco criativo e até lento nas tentativas. Somente Jürgen Locadia tentava alguma coisa, em jogadas individuais e infrutíferas pela esquerda; na direita, sua área mais comum de atuação, Gastón Pereiro novamente teve mau dia. A única chance real dos Boeren veio numa bola parada, aos 21 minutos: em escanteio, Héctor Moreno entrou desviando a bola, que foi no travessão.

Só na etapa final o PSV corrigiu seus defeitos. Santiago Arias participou mais dos ataques, tirando o isolamento de Locadia. Já avançando bastante no primeiro tempo, Marco van Ginkel continuou fazendo isso. E os lançamentos de Andrés Guardado e Jetro Willems começaram a ameaçar mais a defesa até então bem fechada do ADO Den Haag. E o gol do PSV até demorou a sair: aos 26 minutos, antes mesmo que as entradas de Maxime Lestienne e Joshua Brenet tivessem algum efeito tático, Davy Pröpper cobrou escanteio, Locadia dominou e chutou, e Van Ginkel desviou de calcanhar (em posição legal) para abrir o placar, até lembrando o histórico gol do goleiro adversário, Martin Hansen, na estreia das equipes na temporada, em agosto passado. O meio-campo marcava seu terceiro gol em quatro partidas no time de Eindhoven, comprovando o acerto de sua vinda por empréstimo: Van Ginkel tem até mais chegada ofensiva do que Guardado.

Aí, os visitantes tiveram de se arriscar no ataque, que já tinha de volta o trio de atacantes (Schaken entrara em campo aos 19 minutos). Foi o que os mandantes mais queriam: os Hagenaren deixavam os espaços para contragolpes e lançamentos. Assim surgiu o gol que definiu a partida, aos 37 minutos: Guardado cobrou rapidamente uma falta, lançando para a área, e Luuk de Jong (em posição duvidosa) usou do porte físico respeitável para conter a bola da marcação de Beugelsdijk e tocar na saída do goleiro Hansen, fazendo 2 a 0 - seu 18º gol na liga, seu 50º gol com a camisa do time de Eindhoven. O PSV teve mais dificuldades do que tivera na maioria de seus jogos mais recentes. Mas cumpriu, pois, sua tarefa: manter a liderança da Eredivisie. 

Cambuur 1x0 Zwolle (sábado, 27 de fevereiro)

Era mesmo o Cambuur? Jogando em casa, o último colocado do campeonato ainda não vencera em 2016. Pior: desde que Bartholomew Ogbeche deixou o clube rumo ao Willem II, o time de Leeuwarden não marcava - ou seja, havia quatro partidas. Isso, sem contar a sequência de sete derrotas que jogou os auriazuis na lanterna. E o adversário recebido no Cambuur Stadion era respeitável, disputando firmemente um lugar na Nacompetitie por vaga na Liga Europa. E mesmo com todos esses fatores contrários, o Cambuur dominou a partida desde que ela começou. Já nos minutos iniciais do primeiro tempo, o meio-campo Sander van de Streek e o atacante Martijn Barto conseguiram boas chances.

O volume ofensivo dos donos da casa sufocou inesperadamente o Zwolle. No entanto, nada de gol, aumentando o sofrimento para sair da lanterna. No segundo tempo, os espaços aumentaram: aos 16 minutos, Ouasim Bouy levou o segundo amarelo e foi expulso, ao segurar Barto. A entrada de mais um atacante, Jergé Hoefdraad, ampliou ainda mais os chutes ao gol defendido por Mickey van der Hart. E o destino caprichou: só aos 39 minutos do segundo tempo a insistência do Cambuur foi premiada, com Jack Byrne dominando na entrada da área e chutando para fazer o gol salvador e merecido. Nos estertores da partida, os Zwollenaren ainda deram grande susto: o lateral esquerdo Bart Schenkeveld forçou grande defesa do arqueiro Leonard Nienhuis. E aí, sim, o apito final veio, dando a primeira vitória do Cambuur em 2016, que o tirou (momentaneamente) da lanterna. Sim, o time ainda segue em situação aflitiva. Mas precisava de um triunfo como este, vindo com esforço e merecimento.

Vitesse 0x1 Willem II (sábado, 27 de fevereiro)

Mesmo com um desempenho mais irregular neste returno de Eredivisie, o Vitesse segue firme na zona de play-offs por Liga Europa. Mais do que isso: teria um adversário, em tese, fácil, já que o Willem II sofre com a proximidade da região de repescagem/rebaixamento e era mais um clube a não ter vencido em 2016. De quebra, os visitantes de Tilburg não teriam dois atacantes, os lesionados Bruno Andrade e Bartholomew Ogbeche. A irregularidade de um time e os temores de outro resultaram num primeiro tempo morno, com poucas chances. Na segunda etapa, o Vitesse até se mobilizou mais. Aos nove minutos, os mandantes aurinegros conseguiram perigosa chance: Marvelous Nakamba dominou no meio-campo e chutou forte, mandando a bola no travessão (não sem antes um desvio salvador do goleiro dos Tilburgers, Kostas Lamprou).

Mas justamente quando os Arnhemmers prometiam mais pressão, veio o gol para o Willem II: aos 15, Lucas Andersen cobrou escanteio da esquerda, e Terell Ondaan se antecipou na primeira trave, desviando de cabeça para fazer 1 a 0. Gol comemorado por Ondaan, enfim titular após grave lesão no joelho da qual se recuperou (nos últimos jogos, saiu do banco). E o Willem II segurou-se na defesa para conseguir sua primeira vitória fora de casa contra o Vitesse desde 2001, mantendo-se por um fio fora da zona perigosa. Aos Arnhemmers, restou aguentar mais vaias da torcida: a sétima posição está mantida pelas derrotas de NEC e Zwolle, mas a irregularidade e a falta de ação ofensiva preocupam.

Heracles 0x5 Roda JC (domingo, 28 de fevereiro)

Que o Heracles sofreu uma queda de desempenho no returno, após a saída de seu destaque Oussama Tannane, estava claro, até pelas duas derrotas seguidas (AZ e PSV). Que as várias contratações da janela de transferências fortaleceram o time do Roda JC, também era visível. Porém, faltava um resultado para deixar claras essas duas tendências. O jogo em Almelo rendeu esse resultado. Desde o primeiro minuto de jogo, os visitantes de Kerkrade se impuseram no ataque (setor mais fortalecido pelas contratações). Duas delas fizeram a jogada do primeiro gol, aos 28 minutos da etapa inicial: Georgi Zhukov recebeu passe longo de Kristoffer Peterson, superou Brahim Darri na corrida e tocou para as redes. E aos 43, de novo Peterson preparou para outro recém-chegado concluir: o sueco cruzou para Mike van Duinen, que dominou, livrou-se da marcação e bateu para fazer 2 a 0. Irreconhecível no primeiro tempo, o Heracles tentou ser mais ofensivo, com as entradas de Jaroslav Navrátil (já no intervalo) e Paul Gladon (no começo da etapa complementar).

Mas o Roda JC é que continuou ditando o ritmo da partida, mesmo no campo do Polman Stadion. A ponto de fazer 3 a 0 ainda antes de Gladon entrar em campo: aos quatro minutos, Rydell Poepon - mais uma contratação em janeiro! - aproveitou rebote do goleiro Bram Castro, em chute de Van Duinen, para marcar 3 a 0. Com a vitória garantida, os Koempels até se deram ao luxo de perderem boas chances (como um chute de Tom van Hyfte que mandou a bola na trave) antes de definirem a goleada: aos 34, em cobrança de córner, o zagueiro Arjan Swinkels desviou para Poepon concluir, marcando seu segundo gol. E nos acréscimos, aos 47, o belga Maecky Ngombo fez valer de novo a fama de "talismã": novamente saído do banco (substituiu Van Duinen aos 36), novamente marcou, definindo a goleada por 5 a 0, que manteve o Roda JC acima de Willem II e Excelsior na disputa para fugir da zona de repescagem/rebaixamento. E o Heracles, agora com treze gols sofridos nas últimas três partidas, vê seu bom momento na temporada se afastar mais e mais, precisando voltar a vencer para ficar na zona dos play-offs por um lugar na Liga Europa.

De Graafschap 0x1 Heerenveen (domingo, 28 de fevereiro)

Com todos os adversários diretos saindo da rodada com vitória, restava ao De Graafschap seguir com a boa sequência do returno para "devolver" a última colocação da tabela ao Cambuur. Jogando em casa, os Superboeren tentaram fazer isso tão logo o jogo começou: ainda antes do primeiro minuto da etapa inicial, Vincent Vermeij livrou-se da marcação de Jeremiah "Jerry" St. Juste e ficou livre para chutar, mas o goleiro Erwin Mulder defendeu o arremate. Momentos depois, o time de Doetinchem chegou mesmo a abrir o placar, aos 11 minutos, com Youssef El Jebli, mas seu gol foi anulado, por empurrar o lateral esquerdo Caner Cavlan antes da conclusão da jogada. Já o Heerenveen (que chegou para o jogo numa incômoda 12ª posição) tentou algumas coisas, com os atacantes Henk Veerman e Sam Larsson, mas nada que assustasse a torcida presente no estádio De Vijverberg.

Já no segundo tempo, com tantas chances perdidas, o De Graafschap se amuou em campo. Foi a sorte dos visitantes da Frísia: mesmo sem trazer tanta pressão ao gol adversário, começaram a ter mais espaço para tentarem algo. Na primeira vez, Veerman chutou para fora, aos nove minutos. Na segunda, aos 23, veio o único gol do jogo: Veerman fez sua jogada individual, cruzou para a área, a defesa do De Graafschap rebateu, e Morten Thorsby ficou livre para aproveitar a sobra, arrematar e fazer 1 a 0. Em desvantagem, o time mandante até ganhou mais atacantes, com as entradas de Nathan Kabasele e Piotr Parzyszek, mas não fez muito para evitar a sua primeira derrota em casa no ano, amargando a volta à última posição do campeonato. O Heerenveen apostou num estilo conservador e se deu bem, retomando o 11º lugar e ainda almejando lugar na zona dos play-offs por Liga Europa.

Utrecht 1x2 Feyenoord (domingo, 28 de fevereiro)

Havia nove partidas sem vencer (e só tendo obtido o primeiro ponto no returno na rodada passada), o Feyenoord teria uma oportunidade importante para voltar a triunfar. Não só pelo fato do Utrecht ser um adversário direto na zona da Nacompetitie por Liga Europa, mas também por experimentar uma ligeira ascensão, com duas vitórias nos dois jogos mais recentes. Para tentar vencer, então, o Stadionclub apostou na formação tática que mais deu certo nos bons tempos do primeiro turno: um 4-3-3 básico, com Dirk Kuyt e Eljero Elia ladeando Michiel Kramer no ataque, enquanto apostava-se na rapidez do meio-campo (com Tonny Trindade de Vilhena e Karim El Ahmadi) para auxiliar nas jogadas ofensivas. Já o Utrecht estava na dele: jogando no habitual 4-4-2 "losango", também supunha que a velocidade dos pontas-de-lança (principalmente Yassin Ayoub) ajudaria Sébastien Haller na frente.

Pelo menos no início, deu certo para os mandantes. Porque tão logo começou a partida no estádio De Galgenwaard, os Utregs saíram na frente: aos três minutos do primeiro tempo, após bola afastada por Sven van Beek, Ayoub dominou e lançou em profundidade. E Haller se livrou da linha de impedimento, ficando livre para tocar colocado na saída de Kenneth Vermeer e abrir o placar. Mais um capítulo na via-crúcis do Feyenoord? Não desta vez, porque o meio-campo começou a aparecer. Enquanto Marko Vejinovic (novamente titular) segurava as pontas na marcação, Vilhena e El Ahmadi saíam rapidamente para o jogo. Paralelamente, Kramer fazia papel até inesperado, voltando para ajudar na saída de bola. E numa dessas jogadas, saiu o empate, aos 19 minutos: El Ahmadi roubou a bola, que ficou com Kramer. E o atacante saiu veloz pela esquerda, chegando à área e cruzando para Vilhena escorar, meio desequilibrado, para as redes defendidas por Robbin Ruiter.

Aí, a partida diminuiu sua velocidade, com as duas equipes se controlando. O Utrecht tentou responder com Nacer Barazite, aos 38, mas Van Beek cortou o chute colocado do camisa 10 dos anfitriões. A réplica do Feyenoord foi mais eficiente: aos 44, Vilhena chegou pela esquerda e cruzou meio despretensiosamente. E Kramer destacou-se: fez corta-luz inteligente, deixando Dirk Kuyt livre na pequena área para virar o jogo. Nada menos do que o 300º gol da carreira do atacante, seu 15º na temporada - o mais velho jogador a chegar a tal marca, desde a temporada 1959/60.

Enfim na frente do placar, o Stadionclub colocou-se na defesa, quando o segundo tempo começou. Não demorou para o Utrecht notar, e para que o técnico Erik ten Hag fortalecesse as jogadas aéreas, colocando em campo Ruud Boymans, outra referência na grande área junto de Haller. Só que os Rotterdammers não repetiriam o mesmo erro cometido contra o Roda JC, na rodada passada, quando também chamaram o adversário para a área, permitindo o empate: aos poucos, saíram mais para o contra-ataque, aproveitando o bom dia de Vilhena (e a entrada de Jens Toornstra). E tiveram até mais chances: numa delas, aos 29, Kramer até fez o gol, mas ele foi anulado, por falta - real - do atacante. No fim, o Utrecht tentou um abafa e causou dois grandes sustos, com duas bolas tiradas em cima da linha por Van Beek. Na última delas, após chute de Boymans, o zagueiro comemorou. Com justiça: pouco depois, veio o apito final, e o Feyenoord venceu na Eredivisie, pela primeira vez desde 6 de dezembro. Apostando numa formação que já deu certo. E que o trouxe de volta à terceira colocação.

Klaassen destaca-se novamente; com velocidade nas trocas de passe, o Ajax conteve a surpresa AZ (ANP/Pro Shots)
Ajax 4x1 AZ (domingo, 28 de fevereiro)

Desde que perdeu a primeira posição na tabela do Campeonato Holandês para o PSV, o Ajax sabe o que precisa fazer: rodada após rodada, tem de manter a proximidade de um ponto para o rival de Eindhoven. Tropeços são proibidos. E o desafio da 25ª rodada seria o mais difícil até agora nessa tarefa: afinal, a Amsterdam Arena receberia como oponente o AZ, anabolizado pelo crescimento de produção de alguns destaques e uma sequência de sete vitórias seguidas no returno. Para conter o ataque de Vincent Janssen e pressionar a defesa liderada por Ron Vlaar, os Ajacieden decidiram apostar no que é sua ênfase tradicional: deter a posse de bola e trocar passes rapidamente.

Deu muito certo. Nos 45 minutos iniciais, o Ajax encaminhou a vitória, segurando a bola e tornando inócua a presença dos jogadores mais perigosos do adversário: sem a bola, como Markus Henriksen armaria as jogadas para Janssen? Somente o iraniano Alireza Jahanbakhsh tentou algo, inofensivamente. A aposta dos Amsterdammers rendeu resultado já aos 13 minutos: em rápida triangulação perto da área, Anwar El Ghazi deixou a bola com Nemanja Gudelj, e o sérvio cruzou da direita, para que Arkadiusz "Arek" Milik lustrasse ainda mais o domingo de seu 22º aniversário, fazendo 1 a 0.

Mais alguns minutos, e duas chances se seguiram. Aos 16, Mitchell Dijks chutou da esquerda, pela linha de fundo; no minuto seguinte, de novo pela canhota, Amin Younes avançou e chutou, para boa defesa do uruguaio Sergio Rochet. O domínio do Ajax teve mais uma mostra aos 24, quando Davy Klaassen cabeceou por cima, mandando a bola perto do gol. Finalmente, aos 28, uma parceria repetiu-se para o segundo gol Ajacied; Younes (dos melhores em campo, de novo) veio pela esquerda e cruzou para Klaassen escorar de primeira, marcando o segundo gol. AZ? Só apareceu aos 38, num chute relativamente perigoso do volante Ben Rienstra, que o goleiro Jasper Cillessen rebateu sem perigo.

Já com um 2 a 0 confortável no placar, o Ajax até deixou a bola ficar mais nos pés do AZ, desde que marcou o segundo gol. Mas seus ataques continuaram sendo mais agudos, eficientes e eficazes. Prova disso veio no segundo tempo: aos sete minutos, El Ghazi chegou à área com a bola dominada, mas foi desarmado por Stijn Wuytens. Sem problemas: Klaassen aproveitou a bola sobrada, entrou e bateu forte à esquerda de Rochet para fazer 3 a 0. Jogo definido? Nem tanto: pouco depois, aos 12 minutos, El Ghazi recebeu segundo cartão amarelo injusto (seu toque não foi tão forte para derrubar o lateral esquerdo dos Alkmaarders, Ridgeciano Haps), e foi expulso. Aí, os visitantes se animaram mais. E conseguiram, afinal, o gol, aos 19 minutos: Joris van Overeem lançou do meio, e Janssen tabelou com Henriksen de cabeça, recebendo de volta, entrando na área e tocando no contrapé de Cillessen para conferir seu 16º gol na temporada.

Aí, para conter as esperanças do time de Alkmaar num eventual empate, Frank de Boer colocou Ricardo van Rhijn em campo, no lugar de Younes. O 4-3-3 se transformou num 5-3-2 mais fechado, que impediu as jogadas aéreas adversárias de trazerem mais perigo. De quebra, aos 44 minutos, em rápido contragolpe, Milik ganhou de Vlaar na corrida e marcou pela segunda vez, fazendo 4 a 1 e garantindo a vitória do Ajax, em sua nona partida de invencibilidade - maior sequência do time na temporada.

Se serve de consolo, o AZ segue na parte de cima da tabela (4º posição - mesma pontuação do Feyenoord, mas menor saldo de gols), e terá um adversário fácil na próxima rodada (pega o Excelsior, em casa). Mas, ao goleá-lo, o Ajax mostrou que a reação tinha limite. A disputa do título da Eredivisie segue e seguirá entre Amsterdã e Eindhoven.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Dando tempo ao tempo, Utrecht decola

Se Haller caiu nos últimos jogos, Boymans assumiu o destaque no ascendente Utrecht (Gerrit van Keulen/VI Images)
Desde o início do returno, ficou claro que a disputa do título holandês é coisa entre PSV e Ajax. Entretanto, a queda de desempenho do Feyenoord só deu mais graça a uma disputa que já estava aquecida durante o primeiro turno: as quatro posições que levam à Nacompetitie (play-off de fim de temporada) por uma vaga na terceira fase preliminar da Liga Europa. Do AZ, 3º lugar, ao NEC, 8º, são quatro pontos de distância (AZ com 40; NEC, 36). Sem dúvida, ainda ocorrerá muita coisa até a decisão dos clubes que estarão entre o quarto e o sétimo lugar; indo, portanto, para os play-offs após a temporada regular.

Nessa disputa interessante, vários clubes tiveram seu destaque. O Heracles sonhou até com título, num certo momento; o Zwolle já foi mais promissor; o NEC teve seu destaque; o Groningen sonhou com grandes coisas; o Vitesse chegou a brilhar no aspecto técnico; sem contar o AZ, que já é a grande história desta Eredivisie (sete vitórias seguidas no returno - de 12º a 3º lugar em sete rodadas, sem escalas!). Mas, com o olhar concentrado para a zona dos play-offs por Liga Europa, o time destacado agora é o Utrecht.

Aproveitando a irregularidade dos adversários, bastaram duas vitórias seguidas para os Utregs alcançarem a quarta posição, com 38 pontos. Talvez, enfim, tenha chegado o momento esperado para que a equipe decole e se firme nos play-offs – quem sabe, até desafiando adversários melhores, como AZ e Heracles. Pelo menos era essa a intenção que levou à contratação inicial da temporada: o técnico Erik ten Hag.

Até porque Ten Hag já teve a oportunidade de comandar jogadores como Ribéry e Schweinsteiger. “Como assim?”, perguntará o leitor. De fato, é uma meia-verdade: Ten Hag treinou Tobias Schweinsteiger e Steeven Ribéry, os respectivos irmãos menos conhecidos de Bastian e Franck. O que não quer dizer que o treinador holandês de 46 anos seja menos capacitado. Afinal, antes do Utrecht, passou dois anos treinando a equipe B do Bayern Munique. Ou seja: manteve contato muito próximo com Josep “Pep” Guardiola.

E foi exatamente por isso que Ten Hag foi contratado pelo Utrecht, antes da temporada começar: pela esperança de que ele tivesse aprendido um pouco com aquele que é considerado, entre outros, o técnico mais avançado taticamente no futebol mundial. Trabalhando com a estrutura dos bávaros, pelo menos o holandês cumpriu bem sua obrigação: nos dois anos de seu trabalho, o Kleine Bayern alcançou o título da liga regional da Bavária (Regionalliga 2013/14), sendo vice-campeão em 2014/15. Houve até a chance de acesso à 3.Liga (terceira divisão alemã) quando a Regionalliga foi vencida, mas o time ficou nos play-offs, eliminado pelo Fortuna Köln nos gols fora de casa.

De fato, era bom que o desempenho do time do estádio Galgenwaard melhorasse em campo. Afinal de contas, Rob Alflen fora demitido tão logo a temporada passada terminou, justamente por causa do estilo de jogo insípido visto nos jogos – e, claro, por uma melancólica 11ª colocação. Não que o Utrecht seja time que sonhe com o título: é um frequentador costumeiro do meio de tabela. Mas, geralmente, na parte de cima, não na parte de baixo dessa região.

Contudo, é óbvio que de nada adianta um técnico de métodos táticos promissores caso a equipe não corresponda em campo. Foi o que aconteceu com a equipe alvirrubra em grande parte do primeiro turno. Só havia um jogador a carregar o desempenho do time: Sébastien “Seb” Haller. Atacante titular da seleção francesa sub-21, Haller já se destacara na metade final da Eredivisie 2014/15, a ponto de o Utrecht tê-lo comprado em definitivo do Auxerre, que o cedera por empréstimo. Pois bem: Haller começou o atual campeonato com tudo, marcando quatro gols nos três primeiros jogos do time pelo Campeonato Holandês. E até hoje ocupa lugar de destaque na lista de goleadores: tem 12 gols.

Só que os resultados desses três primeiros jogos da temporada em que Haller marcou não foram nada agradáveis para o time de Ten Hag: uma derrota (na estreia, para o Feyenoord) e dois empates (com Heerenveen e ADO Den Haag). Mesmo que o treinador tenha definido rapidamente o esquema tático básico num 4-4-2 “losango”, os jogadores não rendiam. Fora Haller, apenas o goleiro Robbin Ruiter e o meio-campo Bart Ramselaar mereciam alguma menção. De resto, o que se via em campo era o mesmo marasmo do campeonato passado.

Até que o fim do turno mostrou algumas boas mudanças. No meio-campo, cresceram de produção Yassin Ayoub e Nacer Barazite: passaram a criar jogadas com mais velocidade e até a ajudar mais Haller nas finalizações. Resultado: invencibilidade entre a 13ª e a 17ª rodadas (quatro vitórias, um empate), incluindo aí triunfo inquestionável sobre o Ajax (1 a 0, em casa, na 16ª rodada). E contra o AZ, na partida derradeira da primeira metade da temporada, apareceu mais um jogador para ajudar o Utrecht a subir de produção. Com grave lesão no tornozelo, o atacante Ruud Boymans estava em recuperação, mas foi relacionado pela primeira vez contra os Alkmaarders. Pois bem: Boymans entrou na partida aos 33 minutos do segundo tempo, com o Utrecht perdendo por 1 a 0. O substituto empatou aos 37; e aos 41, Haller virou o jogo. O empate do AZ veio nos acréscimos, mas nem isso tirou a boa impressão que o retorno causou. Tanto que Boymans já fez cinco gols em sete jogos.

No início do segundo turno, mais duas vitórias, totalizando uma invencibilidade de sete partidas. Ela poderia ter sido impactada pela má sequência imediatamente posterior, de três derrotas (Roda JC, Twente e PSV, entre a 21ª e a 23ª rodadas). Mas bastaram duas vitórias – e a irregularidade dos adversários, excetuando-se o AZ – para que o Utrecht alcançasse a quarta posição. De quebra, o time está nas semifinais da Copa da Holanda, em que enfrentará o VVSB, clube amador. Pela campanha na KNVB Beker, motivos para otimismo não faltam: afinal, a equipe eliminou o PSV nas quartas de final, em plena Eindhoven, no começo do mês, tendo atuação elogiada: 3 a 1 contra um PSV titular, com Luuk de Jong, Jeffrey Bruma e cia.

Ainda há certa irregularidade. Mas a diretoria do Utrecht apostou num projeto, e deu tempo ao tempo. Com a reação dos jogadores, agora os frutos estão sendo colhidos. A próxima partida é contra um Feyenoord abalado pela má sequência, em casa. Mais uma chance para se firmar nas primeiras posições.

(Coluna originalmente publicada na Trivela.com, em 26 de fevereiro de 2016)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O PSV faz o que pode

O Atlético teve mais chances de vencer. Mas o PSV se esforçou para segurá-lo. É o que resta (Maurice van Steen/VI Images)
O fato simbólico de como o PSV está encarando os jogos contra o Atlético de Madrid, pelas oitavas de final da Liga dos Campeões, veio aos 20 minutos do segundo tempo da partida desta quarta, em Eindhoven. Naquela altura da partida, o Atleti já começava a exibir a maior força ofensiva. Todavia, não era nada que exigisse do time da casa permanência na defesa. Ainda assim, Phillip Cocu fez a primeira alteração, colocando Nicolas Isimat-Mirin na zaga, no lugar de Luciano Narsingh. Desde então, o 4-3-3 comum dos Boeren transmutou-se num 5-3-2.

Parecia exagero. Que as circunstâncias converteram numa escolha previdente. Afinal, três minutos depois de Isimat-Mirin entrar em campo, Gastón Pereiro levou o segundo cartão amarelo e foi expulso (expulsão justa: na dividida aérea com o compatriota Diego Godín, o atacante uruguaio exagerou no uso do braço). A partir daí, só restou aos PSV'ers concentrarem-se na contenção das tentativas colchoneras de chegar ao gol. E se Jan Oblak, goleiro do time espanhol, já não tinha trabalhado muito na etapa final, só voltaria a se assustar aos 42 minutos, quando Maxime Lestienne, recém-entrado na vaga de Jürgen Locadia, chutou por cima, na área.

Por aí, nota-se como o PSV assumiu sem pudor a sua inferioridade técnica perante o Atlético de Madrid. E é justo que o tenha feito: liderar a Eredivisie é uma coisa, jogar pela Liga dos Campeões é outra. A diferença de nível técnico é notável, e isso se comprovou no primeiro tempo. Já naturalmente enfraquecida pela ausência do suspenso Luuk de Jong, a escalação ainda mostrou um erro de Cocu: achar que Pereiro serviria como uma referência razoável no meio da área. 

Para tal papel, conviria mais experimentar Locadia, que até começou entre o time de cima como finalizador. Tanto que o único arremate dos Eindhovenaren contra o gol de Oblak em toda a partida, aos 31 minutos do primeiro tempo, veio justamente quando Pereiro saiu do  meio da área e iniciou jogada pelo setor em que rende melhor: na direita, driblando dois e deixando a bola para que Davy Pröpper exigisse a defesa do goleiro adversário, em chute forte.

Além do mais, a equipe de Madri já comprovara sua superioridade técnica, criando mais quando tinha a bola nos pés. Jogando compactada, com a unidade elogiada por Cocu na entrevista coletiva da terça ("Raramente o time deixa algo solto em campo. O que um jogador faz, o time inteiro faz"), a defesa impedia o PSV de pensar em seus contragolpes vigorosos: só mesmo avanços infrutíferos de Santiago Arias e Locadia, pela esquerda, e Narsingh, pela direita, mostravam algum projeto ofensivo.

E o meio-campo dos Colchoneros nem precisava de uma jogada elaborada: só com lançamentos, Saúl Ñiguez e Gabi deixavam os atacantes em boas condições. Assim foi aos três minutos da etapa inicial, quando Luciano Vietto teve ótima chance para abrir o placar, ou aos 29, quando foi a vez de Antoine Griezmann quase fazer 1 a 0. Aí, o PSV pôde se valer de uma de suas qualidades: o crescimento dos jogadores de defesa. Na chance de Vietto, a bola foi tirada em cima da linha por Jeffrey Bruma (cada vez melhor no tempo de bola: raramente se atrasa nos desarmes); e Griezmann teve o gol impedido por ótima saída de Jeroen Zoet, que fechou bem o ângulo, com a bola batendo nele. De quebra, no segundo tempo, Zoet ainda defendeu bem arremate de Fernando Torres.

E o empate sem gols foi um resultado dúbio. Se tivesse sido obtido no Vicente Calderón, seria um resultado admirável para o PSV. Como foi no Philips Stadion, em casa, o 0 a 0 foi apenas razoável e elogiável - sem contar que a inatividade ofensiva mostrada foi preocupante. Mas Phillip Cocu elogiou nas declarações pós-jogo: "Eu já tinha dito que se empatássemos sem gols em casa, teríamos um bom resultado. Temos algo a buscar em Madri, algo pelo que jogar". De fato, se a esperança de estar nas quartas de final é minúscula, não se pode negar que o PSV faz o que consegue na competição continental. Esforço não tem faltado.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

810 minuten: como foi a 24ª rodada da Eredivisie

Ron Vlaar marcou seu primeiro gol após a volta aos gramados: mais brilho na goleada do AZ (ANP Pro Shots)

ADO Den Haag 0x2 Zwolle (sexta-feira, 19 de fevereiro)

Vencer o Feyenoord por 3 a 1, na rodada passada, já reanimara um pouco o Zwolle, que mostra alguma irregularidade em seus resultados no atual Campeonato Holandês. Ainda assim, era preciso mostrar força também fora de casa: há cinco jogos sem vencer enfrentando o oponente no estádio dele, os Zwollenaren teriam um duro adversário no Den Haag. Acabou sendo mais fácil do que se pensava, porque os auriverdes atacaram raríssimas vezes no estádio Kyocera, em Haia. No primeiro tempo, somente um chute de Danny Bakker fez o goleiro Mickey van der Hart trabalhar sério. Os "Dedos Azuis" tampouco trouxeram perigo à defesa dos Hagenaren. Mas na primeira vez que o fizeram, já abriram o placar, ainda na etapa inicial de jogo: aos 44 minutos, o volante Rick Dekker ajeitou de fora da área e chutou, de longe, fazendo bonito gol. 

Mesmo em desvantagem, o ADO Den Haag continuou num marasmo ofensivo durante boa parte do segundo tempo. Aí, aos 28 minutos, o técnico Henk Fräser decidiu usar a mesma carta na manga que usara contra o Excelsior, na rodada passada: o jovem atacante Dennis van der Heijden, 19 anos, que entrara e fizera dois gols contra os Kralingers. Quase deu certo: aos 32, Van der Heijden cabeceou a bola na trave, e depois ainda chutou o rebote em cima de Van der Hart. Mas o Zwolle manteve a vantagem, e ainda a ampliou, em voleio de Lars Veldwijk nos acréscimos, aos 47. Vitória respeitável dos visitantes, que se mantêm à espreita por um lugar na zona dos play-offs por Liga Europa.

AZ 4x1 Groningen (sábado, 20 de fevereiro)

Da maneira como o AZ tem reagido neste segundo turno da Eredivisie, já é o caso de perguntar quando o time de Alkmaar vai parar de ganhar. Tinha, neste sábado, um adversário considerável no Groningen: também em meio à zona de repescagem por Liga Europa, os visitantes do norte poderiam igualar os Alkmaarders na quarta colocação. Mas não demorou muito para se saber que novamente o AZ seguiria tranquilo com sua ascensão que chama a atenção no futebol holandês. E quem começou a mostrar isso? Claro, Vincent Janssen. Aos 24 minutos do primeiro tempo, após escanteio, o goleiro Sergio Padt soltou a bola nos pés do atacante, que fez o que melhor tem feito nas últimas rodadas: gol. Mandou para as redes, marcando seu 15º gol no campeonato - agora, só Luuk de Jong à sua frente na lista de goleadores.

Aos 34, foi a vez do segundo protagonista da brilhante história do AZ no returno aparecer. Novo escanteio, e Ron Vlaar apareceu na área, dominando, mandando para as redes e marcando seu primeiro gol após o retorno aos gramados, superando renitentes lesões no joelho. A superioridade ofensiva dos mandantes no estádio AFAS era tão gigantesca que nem mesmo o pênalti perdido por Markus Henriksen, aos 39 minutos, afetou a animação da torcida. De fato, não havia razão alguma para temer o Groningen. Até porque, já no segundo tempo, aos quatro minutos, Dabney dos Santos lançou Ridgeciano Haps, e o lateral esquerdo teve todo o espaço na defesa dos visitantes para dominar a bola, chegar à área e tocar na saída de Padt para fazer 3 a 0.

Aos seis, Michael de Leeuw ainda deu um resto de vida aos Groningers: converteu pênalti que ele mesmo sofrera, de Joris van Overeem, e diminuiu a desvantagem. Nada que trouxesse preocupação aos AZ'ers: o time alvirrubro continuou controlando plenamente as ações no jogo, e confirmou mais uma goleada aos 26 minutos, quando Henriksen "consertou" o penal perdido marcando 4 a 1, em chute no ângulo após escanteio curto. Foi a sétima vitória consecutiva do AZ neste Campeonato Holandês - a oitava no ano. Sequência que levou a equipe de 12º a 3º lugar sem escalas. O técnico John van den Brom não é MC Guimê, mas citou-o involuntariamente à FOX Sports holandesa: "Estamos num enorme flow". De fato, atualmente, por onde o AZ joga, é show. Segue a pergunta: até onde vai a reação? Próximo capítulo: domingo, 28 de fevereiro, contra o Ajax, fora de casa. Grande desafio. Mas o AZ está com a confiança na ionosfera.

Pröpper comemora seu gol: mais um dia tranquilo para o líder PSV (Maurice van Steen/VI Images)
PSV 2x0 Heracles Almelo (sábado, 20 de fevereiro)

Com olhos para quarta-feira, quando enfrenta o Atlético de Madrid pela ida das oitavas de final da Liga dos Campeões, era de se imaginar que o PSV fosse ter dificuldades contra o Heracles. Até porque os Almelöers ocupavam a terceira posição do Campeonato Holandês, até a rodada começar. Ou seja, não era um time fácil de ser superado. Qual o quê? Os primeiros minutos do jogo mostraram vertiginosos avanços ofensivos dos Eindhovenaren no Philips Stadion - principalmente pela esquerda, onde Jetro Willems fez primeiro tempo primoroso, com passes e lançamentos precisos. E logo no primeiro ataque real, aos três minutos, veio o gol que abriu o placar: Luuk de Jong segurou a bola, passou a Willems, e este deixou Davy Pröpper na cara do gol. O meio-campista finalizou com precisão, e fez 1 a 0.

E o PSV seguiu no ataque. No minuto seguinte ao gol, Jürgen Locadia aproveitou o rebate e chutou forte, mandando a bola rente à trave direita defendida por Bram Castro. Não demorou muito, e Marco van Ginkel foi o próximo: em jogada individual, o meio-campista chegou à área e bateu para ótima defesa de Castro. Com tanta vitalidade ofensiva, era de se perguntar por que os Boeren não haviam encaminhado uma goleada, ainda. O Heracles, por sua vez, decepcionava: nada de ataques perigosos contra a meta de Jeroen Zoet. A única vez em que o goleiro dos Eindhovenaren teve de agir seriamente foi no final do primeiro tempo, quando Brahim Darri chutou de longe e o arqueiro desviou para escanteio, com a ponta dos dedos.

Mas justamente quando o Heracles ensaiava reagir, o PSV cortou a onda. No minuto final do primeiro tempo, Jeffrey Bruma foi seguro na área por Ramon Zomer, e o árbitro Danny Makkelie marcou o pênalti. Coube a Gastón Pereiro quebrar, enfim, a aziaga sequência de sete cobranças perdidas pelo clube: ele fez o 2 a 0. Sem exagero, a partida poderia ter acabado aí. Bem, na verdade, poderia ter acabado aos oito minutos do segundo tempo: Santiago Arias cruzou da direita, e Pereiro cabeceou, forçando Castro a fazer grande defesa, pulando no contrapé e desviando pela linha de fundo. Mais para o final da partida, Luciano Narsingh teve chance de fazer belo gol, após triangulação com Van Ginkel e Luuk de Jong, mas Castro novamente evitou. De todo modo, já estava garantida mais uma fácil vitória do PSV, que segue líder no Campeonato Holandês. Fácil a ponto das ausências dos lesionados Andrés Guardado e Maxime Lestienne mal terem sido sentidas. Mais uma tarefa cumprida para os Eindhovenaren. Agora, todos os pensamentos para o dificílimo duelo contra o Atlético de Madrid, na próxima quarta.

Heerenveen 1x1 NEC (sábado, 20 de fevereiro)

Com duas derrotas nas duas partidas mais recentes, o Heerenveen recebia o NEC precisando dar satisfações à torcida. E no primeiro tempo, o time da Frísia cumpriu isso à perfeição: foi francamente superior aos visitantes de Nijmegen, atacando bastante durante grande parte dos 45 minutos iniciais. Logo, mereceu o gol que veio aos 29 minutos: Henk Veerman foi lançado, chegou à área e chutou forte no canto, na saída do goleiro Brad Jones, para fazer 1 a 0. Vendo que a equipe tinha dificuldades na criação, o técnico Ernest Faber (em crise com a diretoria do NEC) agiu: trocou Marcel Appiah, colocando em campo o ponta-de-lança Joey Sleegers ainda na etapa inicial, aos 41 minutos.

A mudança dos Nijmegenaren para o ataque seguiu no segundo tempo: o volante Janio Bikel deixou o campo aos nove minutos, para o atacante romeno Mihai Roman entrar. E aí, o pensamento de Faber deu certo: o NEC começou a trazer mais perigo ao gol do Heerenveen. Primeiro, Navarone Foor driblou o goleiro Erwin Mulder e bateu, mas Jeremiah "Jerry" St. Juste evitou o empate. Mas aos 20 minutos, esse empate chegou justamente pelos pés de um substituto. Christian Santos passou a Sleegers, que arrematou de fora da área. O chute sinuoso enganou Mulder, e foi para as redes.

Só aí o Heerenveen voltou às ações. Aos 32 minutos, Mitchell te Vrede entrou em campo, substituindo Veerman. E foi justamente o goleador do Fean na temporada que quase trouxe nova vitória ao time. Primeiro, em um chute que exigiu boa defesa de Jones. Depois, no final do jogo - 41 minutos -, Te Vrede foi empurrado na área por Rens van Eijden (de volta ao NEC, após transferência frustrada para o Dinamo Moscou-RUS). Van Eijden levou o segundo amarelo, foi expulso, e o atacante tinha a grande chance no pênalti marcado por Ed Janssen. Só não contava com Jones: o goleiro australiano defendeu o chute ("Eu tinha visto as cobranças anteriores dele", comentou após o jogo), e segurou o empate. Resultado comemorado pelo NEC, em sétimo lugar - e lamentado pelo Heerenveen, agora em 12º, empatado com o ADO Den Haag em pontos.

Diante do que o Twente já passou, não impressiona que Ziyech agradeça aos céus (ANP/Pro Shots)
Twente 3x0 Cambuur (sábado, 20 de fevereiro)

Certo, o Twente não exibe o mesmo brilho ofensivo que o AZ mostra em sua sequência admirável de vitórias. Certo, os problemas econômicos fora de campo seguem afligindo os Tukkers - embora com alguma esperança, já que a federação holandesa deu mais dois meses ao clube para entregar o relatório final sobre os danos causados nas finanças (agora, a data-limite é 1º de maio). No entanto, a equipe de Enschede também mostra seu crescimento no returno da Eredivisie: já tinha quatro vitórias seguidas, e não perdia do Cambuur há onze jogos pela liga. Logo, tudo fazia crer que mais uma vitória estava a caminho.

Não demorou muito para que a crença se transformasse em certeza para a torcida no Grolsch Veste, em Enschede: aos 27 minutos, Hakim Ziyech cruzou da esquerda, e o zagueiro Marvin Peersman desviou por acidente para as redes do Cambuur, dando o primeiro gol ao Twente. Só que esse gol "acidental" teve sua memória eclipsada pela beleza vista aos 31 minutos: de longe (25 metros), pela esquerda, Jerson Cabral arriscou chute e mandou a bola no ângulo defendido por Leonard Nienhuis. Golaço do ponta, coroando a reconstrução de sua imagem perante a torcida e aos colegas (Cabral chegou a ser afastado do elenco profissional durante a temporada, por chegar atrasado a um treino). Mas faltava aparecer alguém na boa atuação do Twente. Claro, Ziyech, que salvou o time em muitas horas difíceis deste campeonato.

Pois bem: no segundo tempo, aos 10 minutos, o camisa 10 do Twente cobrou falta, mandando a bola na trave de Nienhuis. Mas ainda houve tempo para ele deixar sua marca: nos acréscimos, aos 48, o volante Jamiro Monteiro cometeu pênalti, levando o cartão vermelho. E Ziyech, de cavadinha, converteu a cobrança e deu ao clube vermelho a quinta vitória seguida no Campeonato Holandês. Certo, o Twente ainda é o 13º colocado. Mas já abriu nove pontos de distância para a antes temida zona de repescagem/rebaixamento. E com Ziyech, antes solitário, vendo o crescimento de outros colegas de time (como Chinedu Ede e Cabral), a tendência do Twente é de subida. No Cambuur, afundado na lanterna, só se pode dizer que o técnico Marcel Keizer, que estreou nesta rodada, terá muito trabalho.

De Graafschap 2x2 Vitesse (domingo, 21 de fevereiro)

Mesmo quando o time sofria afundado na última posição, chegando a ter apenas cinco pontos, a torcida nunca abandonou o De Graafschap. Em retribuição, a equipe de Doetinchem nunca poupou esforço nesta temporada. No returno, essa simbiose compreensiva está dando os frutos desejados: os Superboeren já tinham conseguido sete pontos em seis rodadas, mais do que em todo o turno (cinco pontos). E a comunhão entre time e torcida foi novamente vista na difícil partida contra o Vitesse. Resultado: com gente como Youssef El Jebli, Andrew Driver e Vincent Vermeij mostrando certo talento, os mandantes criaram mais chances no estádio De Vijverberg, durante o primeiro tempo. Só que não as aproveitaram. Aí apareceram a maior qualidade técnica e a maior eficiência do Vitesse: aos 15 minutos, de fora da área, Marvelous Nakamba chutou forte para fazer 1 a 0, jogando água na fervura que era o ambiente.

Mas para um time que não desistiu nem quando sair da lanterna do Holandês era uma quimera, correr atrás do empate era o de menos. E a persistência do De Graafschap deu resultado: aos 39 minutos, Driver chegou pela direita, cruzou, e a bola ainda desviou em El Jebli antes de sobrar limpa para o arremate final de Vermeij, empatando o jogo. A loucura voltou às arquibancadas e assentos do De Vijverberg, e ficou maior ainda tão logo o segundo tempo começou, porque aos dois minutos, Driver cruzou e a bola chegou novamente (agora sem desvios) para Vermeij, que desviou para as redes, virando o placar. Jogando melhor de novo, o time da casa estava na rota de mais uma vitória... até que a calma do Vitesse novamente trouxe a decepção: no final, aos 38 minutos, em outro chute de longe, Lewis Baker empatou a partida para o Vites. Mesmo tendo perdido o lateral Kosuke Ota, expulso nos acréscimos, o time de Arnhem segurou um empate muito útil para suas pretensões no campeonato. Ao De Graafschap, que até merecia a vitória, resta um consolo satisfatório: agora, tem um ponto à frente do Cambuur, saindo definitivamente da última posição da tabela.

Milik recebeu nova chance nos titulares do Ajax. E a justificou, com dois gols na vitória (ANP/Pro Shots)
Ajax 3x0 Excelsior (domingo, 21 de fevereiro)

Como há várias rodadas, o Ajax entrou em campo sabendo o que tinha de fazer: ganhar, para manter-se bem perto do PSV na disputa do título holandês. Para fortalecer a troca de passes, enfraquecida com as lesões de Kenny Tete e Jaïro Riedewald, Frank de Boer escalou Nemanja Gudelj improvisado na defesa, ao lado de Nick Viergever no miolo de zaga. Na teoria, mantinha-se o 4-3-3. Na prática, um 3-1-4-2 que aumentava a posse de bola no meio-campo. Seria ótimo... se o Ajax tivesse mais velocidade ofensiva. Todavia, enfrentando um Excelsior francamente defensivo (e nem tinha como ser diferente), os Ajacieden sofreram para entrar na área. A maioria das chances veio em chutes de fora da área, como num de Riechedly Bazoer, ainda na fase inicial do primeiro tempo. De quebra, o goleiro Tom Muyters - substituindo o lesionado Filip Kurto nos Kralingers - se atrapalhou com uma bola recuada, quase permitindo o arremate de Arkadiusz "Arek" Milik. Só que a etapa inicial seguiu no marasmo. Mesmo esbanjando posse de bola, o Ajax repetia seu erro crônico: não ter velocidade nos ataques. Apenas as jogadas comuns de Amin Younes pela esquerda traziam perigo.

Foi aí que Milik apareceu. De volta aos titulares, o atacante polonês se valeu de uma jogada individual para enfim quebrar a barreira do Excelsior: aos 41 minutos, dominou a bola fora da área, deu uma bela meia-lua no zagueiro Sander Fischer e chutou forte no canto esquerdo de Muyters para fazer 1 a 0. Era o que o Ajax precisava: diante de um adversário que teve de se abrir mais (e nem assim trouxe muito perigo), os Amsterdammers conseguiram mais espaço para o toque de bola, e para acelerar as jogadas rumo à área adversária. Assim, o segundo gol não demorou muito na etapa final: aos 10 minutos, Milik quase repetiu a jogada, saindo livre e chegando à área para arrematar, desta vez no canto baixo de Muyters, ampliando a vantagem. No minuto seguinte, Rick Kruys quase marcou de cabeça, mas Jasper Cillessen defendeu sem problemas. De resto, tranquilidade para o Ajax. Que quase marcou aos 32, quando Davy Klaassen fez bela jogada, foi obstruído, mas Milik aproveitou, batendo para grande defesa do goleiro. Sem problemas: aos 40, Klaassen fez bonita triangulação com Milik e Robert Muric (estreante no time adulto), e recebeu deste na pequena área para fazer 3 a 0. Tarefa cumprida: o Ajax segue acompanhando o PSV a par e passo em busca da Eredivisieschaal.

Utrecht 2x1 Willem II (domingo, 21 de fevereiro)

O Utrecht tinha dois ex-jogadores do Willem II para tentar superar os próprios Tilburgers. Um deles, inclusive, recém-chegado: o lateral esquerdo Ruben Ligeon, emprestado nesta janela de transferências do inverno europeu. Mas foi o outro a causar mais dores de cabeça ao antigo empregador: o atacante Ruud Boymans. Já há algumas partidas, Boymans (recuperado de grave lesão no tornozelo) voltou a se destacar no ataque dos Utregs. E realçou novamente sua importância recuperada no jogo, abrindo o placar aos 31 minutos do primeiro tempo, chutando quase sem ângulo. Era um grande resultado para os mandantes: assim, chegavam à quarta posição na liga, superando Heracles Almelo e Vitesse. De quebra, no último dos 45 minutos iniciais, Boymans mandou a bola no travessão, de voleio.

Porém, a partir do segundo tempo, o Willem II começou a trazer mais perigo ao gol do time da casa, no estádio De Galgenwaard. Lucas Andersen, por exemplo, quase conseguiu o empate, mas chutou em cima do goleiro. E por sinal, o próprio arqueiro dos Utregs foi parcialmente culpado pelo gol do Willem II: aos 32 minutos, Robbin Ruiter cobrou mal tiro de meta, deixando a bola nos pés de Bartholomew Ogbeche. O nigeriano chegou à área, foi derrubado por Ruiter, e o árbitro Serdar Gözübüyük marcou o pênalti - convertido por Ogbeche, em seu primeiro gol pelo clube a que chegou em janeiro passado. Decepção para o Utrecht? Nada disso: aos 40 minutos, Boymans aproveitou a chance, marcou seu segundo gol na partida e salvou o triunfo que levou os mandantes ao quarto lugar na tabela. Se Sébastien Haller anda decepcionando nas últimas partidas, seu colega no ataque assume o protagonismo na boa fase dos Utregs.

Kuyt fez sua parte, mas o Feyenoord tropeçou de novo (ANP/Pro Shots)
Feyenoord 1x1 Roda JC (domingo, 21 de fevereiro)

Havia sete rodadas só conhecendo o amargor da derrota, a torcida do Feyenoord chegou a De Kuip com uma ideia e algumas perguntas na cabeça. A ideia: protestar (pacificamente) contra a diretoria do clube - julgada não só como inapetente, mas também como insensível aos fanáticos adeptos. E o protesto foi feito. As perguntas: como o time do Stadionclub entraria em campo? Haveria mudanças - táticas e de postura? E qual seria o peso da chegada de Dick Advocaat ao clube, ocorrida durante a semana, para ser o conselheiro da comissão técnica? Pois bem: o começo do jogo respondeu que o Feyenoord passou por mudanças táticas, de fato. Voltou o 4-3-3, e voltaram Eljero Elia e Michiel Kramer ao time titular. Além disso, não só o peruano Renato Tapia foi escalado como volante, mas também Dirk Kuyt jogou mais recuado, como um autêntico ponta-de-lança, convertendo a base tática inicial num 4-2-1-3.

Pelo menos no primeiro tempo, deu certo. A defesa jogou segura, por três motivos: falta de qualidade do Roda JC, a maior segurança dada por Karim El Ahmadi e Tapia aos quatro da última linha, e a contenção dos laterais no avanço. E no ataque, Elia deu mais rapidez pela ponta esquerda. Mas o destaque foi mesmo o capitão Kuyt: várias vezes, ele chegou à área como elemento-surpresa, livre de marcação. Da primeira vez, cabeceou na pequena área para boa defesa de Benjamin van Leer, espalmando pela linha de fundo, aos 39. Da segunda, Kuyt apareceu na área e chutou forte para outra intervenção valiosa de Van Leer, novamente espalmando, aos 43. E do escanteio subsequente, saiu o gol: na segunda trave, Kuyt cabeceou para marcar seu centésimo gol com a camisa do Feyenoord, alegrando a torcida.

Porém, no segundo tempo, o time de Roterdã cometeu um erro: voltou controlando demais o jogo, sem o ímpeto mostrado nos primeiros 45 minutos. A não ser por um arremate de Elia, aos dez minutos, o Stadionclub criou pouco. O Roda JC percebeu que uma possibilidade se abria. Aí, foi a hora do técnico Darije Kalezic colocar no time a "arma secreta": Maecky Ngombo, que já marcara gols contra Utrecht e Ajax, também vindo do banco. O belga entrou no lugar de Kristoffer Petersson, aos 21 minutos. Bastaram dois minutos, e após cobrança de lateral, ele estava livre (não há impedimento). Assim, Rydell Poepon cruzou a bola e Tom van Hyfte a ajeitou para Ngombo, que desviou no canto esquerdo de Kenneth Vermeer: 1 a 1, no terceiro gol seguido de Ngombo após vir do banco. Aí, só restou ao Feyenoord as jogadas pelas pontas, e as entradas de Tonny Trindade de Vilhena e Anass Achahbar para acelerar a chegada ao ataque. O abafa foi forte, Achahbar chutou para fora aos 43, e Elia mandou a bola no travessão em chute forte, aos 46. Mas o empate se manteve. Azar do Feyenoord: não perdeu, é verdade. Mas também não ganhou. Segue a crise...

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Eerste Divisie: com atacantes de segunda (divisão)

Verhaar é o grande protagonista na campanha que aproxima o Sparta Rotterdam da volta à Eredivisie (jupilerleague.nl)

Nesta temporada 2015/16, a Eerste Divisie, segunda divisão da Holanda (também conhecida como Jupiler League, pela cerveja que a patrocina), está fazendo vicejar como poucas vezes uma entidade muito característica do futebol holandês: o atacante de segunda divisão. Em geral, ele é puramente finalizador: ou seja, não se espere jogadas de embasbacar a torcida. E cai no gosto dos adeptos – caso o clube seja promovido, será desse atacante o rosto que simbolizará a campanha do acesso. E seus feitos na carreira raramente ultrapassarão a barreira do futebol holandês. Se deixar o país, é para centros periféricos, ou para as divisões inferiores de países tradicionais da Europa. Vestir camiseta laranja? Só se for a do Volendam; raros deles têm carreira regular na seleção do país.

Passadas 27 rodadas, praticamente todos os clubes que se aproximam da disputa do acesso (seja via título da Eerste Divisie, seja via Nacompetitie) têm um “atacante de segunda divisão” para chamarem de seu. Na tabela regular, dá para falar que um time está bem destacado na rota do troféu. Não que o domínio seja o mesmo exercido pelo NEC em 2014/15 – a maior pontuação de uma campanha na era profissional do futebol holandês, em todas as divisões (101!). Mas o Sparta Rotterdam já abriu nove pontos de vantagem na liderança (tem 61), e parece maduro para voltar à elite do Campeonato Holandês, onde não está desde 2009/10.

Os Kasteelheren (“Donos do Castelo”, em holandês – referência ao nome do estádio, Het Kasteel) têm história no futebol holandês: fundado em 1888, vinte anos antes do rival citadino Feyenoord, o Sparta é daqueles clubes que se mantêm conhecidos no país, seja qual for a divisão em que jogue. Mesmo que seja inegavelmente pequeno, jorra tradição. Pelas categorias de base, vestiram a camisa listrada alvirrubra Kevin Strootman, Memphis Depay e Jetro Willems. Sem contar a passagem rápida de Cássio por lá: na temporada 2008/09, o atual goleiro do Corinthians foi emprestado aos Rotterdammers pelo PSV. Mesmo sem ser titular absoluto (disputava posição com Cor Varkevisser), foi a única vez que Cássio conseguiu algum ritmo de jogo em sua passagem anônima pelo futebol holandês, atuando em 14 partidas pelo time de Roterdã.

Até pela tradição, fica mais fácil para o Sparta ter uma estrutura que lhe permita sonhar com o acesso. O diretor técnico é Pim Verbeek, que até esteve em Copa do Mundo (treinou a Austrália em 2010); comandando o time em campo, está Alex Pastoor, que fez carreira em clubes médios e pequenos do país; e a própria espinha dorsal do time é formada por gente “cascuda” em matéria de Eerste Divisie, como o meio-campista Paco van Moorsel. 

Mas o destaque da campanha, não adianta negar, é o “atacante de segunda divisão” que o Sparta tem: com 20 gols, Thomas Verhaar é o protagonista. Surgido no VOC Eindhoven, clube amador, Verhaar foi contratado em 2014, quando estava emprestado ao... Dutch Lions, da quarta divisão dos Estados Unidos. E agora, já com 27 anos, simboliza a campanha positiva do Sparta: mesmo se o time jogar fora os nove pontos de frente, terá vaga garantida na Nacompetitie, a repescagem de acesso/descenso, como campeão do segundo período (se o leitor quer lembrar o modo de disputa da Nacompetitie, favor ler este texto aqui. Sim, é de dar nó nos neurônios).

Só que o vice-líder VVV-Venlo (52 pontos) também tem seu destaque num “atacante de segunda divisão”: Ralf Seuntjens, goleador maior da Jupiler League atual, à frente de Verhaar com 22 gols. Mesmo sem serem “campeões de período”, os Venlonaren teriam acesso aos play-offs por serem um dos quatro clubes mais bem colocados ao final da temporada. Isso, se continuarem com a boa campanha. O que não parece ser difícil, até porque os aurinegros têm mais um centroavante despontando: Vito van Crooij, 20 anos, que marcou quatro gols nos últimos quatro jogos (incluindo o de honra, na derrota por 3 a 1 para o líder Sparta Rotterdam).

Por sinal, a rodada retrasada marcou o fim do terceiro período, que teve como “campeão” um clube que não sabe o que é disputar a Eredivisie há 39 anos: o FC Eindhoven. E os alviazuis também têm um jogador que lhes garante os gols: Jinty Caenepeel, que já fez 13 gols. De quebra, a equipe treinada por Mitchell van der Gaag está na quarta posição da tabela regular, com 47 pontos. E poucas vezes manteve tão vivo o sonho de refazer, enfim, o “clássico da cidade das luzes” com o rival rico PSV – que é até parceiro em algumas empreitadas (PSV e FC Eindhoven mantiveram equipes conjuntas no futebol feminino e em campeonatos de base).

Logo atrás do vice-líder VVV-Venlo (e acima do FC Eindhoven), vem o NAC Breda (49 pontos). E os Bredanaren, rebaixados na temporada passada, esbanjam nos “atacantes de segunda divisão” para fazerem o bate-e-volta. Um deles é outro representante da família Seuntjens nos campos da segunda divisão: Mats Seuntjens (9 gols), irmão do supracitado Ralf. O outro já é velho conhecido da Eerste Divisie: Sjoerd Ars (12 gols), que participou dos títulos de Zwolle (2011/12) e NEC. Inclusive, Ars protagonizou história até inacreditável: foi o goleador na segunda divisão da temporada passada (28 gols), destacando-se no título do NEC. E começou 2015/16 tranquilo, jogando na Eredivisie, mas... aceitou a proposta do NAC Breda, para voltar à segunda divisão e tentar ser protagonista no time de Breda. Está conseguindo.

Campeão do primeiro período, o Volendam (quinto colocado) aposta nos gols de Bert Steltenpool e, principalmente, no ídolo Jack Tuyp - artilheiro da Eerste Divisie em... três temporadas (2007/08, 2010/11 e 2012/13). Em sétimo, o Go Ahead Eagles vive certa crise: acabou de demitir o técnico Denis Demmers, com quem o time foi rebaixado da Eredivisie, contratando Hans de Koning para o lugar. Ainda assim, sonha em chegar à Nacompetitie com os gols de Leon de Kogel. O FC Emmen, em sexto, confia em Erixon Danso (10 gols) e Marnix Kolder (8 gols). E assim sucessivamente...

Enfim, assim têm sido os “atacantes de segunda divisão" na Eerste Divisie: dificilmente craques, mas experimente tentar subir para a divisão de elite sem eles... nesta 27ª rodada, marcaram para seus times Verhaar, Ralf Seuntjens, Tuyp e Steltenpool. A disputa pelo acesso continua.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Laranja histórica: o jogo do "pênalti ensaiado" do Cruyff

Cruyff convertendo o pênalti em jogada ensaiada: Ajax goleou fácil o Helmond Sport em 1982 (ANP Archief)
A cobrança ensaiada de pênalti em Barcelona 6x1 Celta, pela rodada mais recente do Campeonato Espanhol, já foi comentada à exaustão mundo afora. Falou-se de tudo sobre ela: da eventual insatisfação de Neymar (com quem a jogada teria sido combinada originalmente) à suspeita "falta de respeito" com os adversários de Vigo. E, obviamente, também foram lembrados momentos anteriores em que jogada semelhante ocorreu. Do pênalti dos belgas Rik Coppens e André Peters, em Bélgica 8x3 Islândia, pelas eliminatórias da Copa de 1958, ao de Euller e Douglas, no 2 a 1 do América-MG contra o Ideal, pela segunda divisão mineira, em 2008. 

Finalmente, talvez um dos momentos mais lembrados do "pênalti em dois lances" foi o "pênalti do Cruyff". A tal ponto que se pensou, por muito tempo, que o maior da história do futebol holandês tivesse inventado o lance. Não inventou, agora se sabe. Mesmo assim, é um momento facilmente visto nos YouTube da vida. E com a lembrança dele em alta, convém também lembrar, por curiosidade: como foi o jogo em que ele ocorreu?

Uma certeza se tem: difícil, não foi, ao contrário do 6 a 1 barcelonista do domingo passado. Afinal de contas, tratava-se de um Ajax que já estava na disputa do título holandês, contra (novidade...) Feyenoord e PSV. Mais do que isso: o técnico Aad de Mos tinha à disposição uma geração fulgurante a surgir nos Ajacieden. Já eram titulares os atacantes Gerald Vanenburg (18 anos) e Wim Kieft (20 anos), que teriam algum êxito na seleção holandesa, membros do elenco campeão da Euro 1988 que foram. Sem contar dois dinamarqueses que seriam presenças frequentes na marcante seleção que o país apresentou na Euro 1984 e, principalmente, na Copa de 1986: o ponta-esquerda Sören Lerby e o meio-campista Jesper Olsen. E ainda havia Frank Rijkaard, 20 anos, que entrou durante a partida. Acima de tudo, pairava a presença de Johan Cruyff, 35 anos, praticamente um "técnico em campo".

E naquele 5 de dezembro de 1982, pela 16ª rodada do Campeonato Holandês, o adversário do Ajax não era nada temível. Muito ao contrário: o Helmond Sport terminaria aquela sua primeira temporada na Eredivisie em 15ª lugar, exatamente a primeira posição fora da zona de repescagem/rebaixamento. E os Kattenmeppers não tinham o que se pudesse chamar de uma equipe muito forte. Os únicos destaques eram o meio-campista Jaak Edelbloedt e os atacantes Johan van der Hooft e Harry Lubse (este, com certa história no PSV, além de ter estado no elenco vice-campeão mundial em 1978). Com uma ponta de maldade, dá para dizer: um adversário perfeito para o Ajax, após o empate em 2 a 2 no Klassieker contra o Feyenoord, na rodada anterior.

E foi exatamente o que aconteceu. Jogando no velho estádio De Meer, sua casa até 1996, os alvirrubros não demoraram muito para imporem a superioridade. Aos 19 minutos, Cruyff abriu o placar: Lerby lançou o lateral esquerdo Peter Boeve, que cruzou para a área. Sem marcação alguma, o "Nummer 14" (que naquele jogo não usava seu número preferido na camisa, mas o 9) completou de cabeça para o gol defendido por Otto Versfeld:

Não demorou muito, e aos 23 minutos da etapa inicial, chegou o lance histórico que ficaria daquela partida "comum". Aí, é melhor ler o que o goleiro Versfeld comentou ao diário De Volkskrant, em 6 de dezembro de 2012 - 30 anos e um dia após o pênalti ensaiado com Cruyff e Olsen: "Todos querem saber o que pensei naquele momento. Cruyff chegou para a bola, e eu já achei isso curioso - ele raramente cobrava pênaltis. Acima de tudo, estava preocupado com uma questão: em que canto ele iria bater? Ele se abaixou, e pegou a bola com as mãos. Naquela hora, pensei: 'Ele ajeitou bem a bola'. Mas daí, ele tocou para a esquerda, para Jesper Olsen. Num primeiro momento, eu ainda reagi bem, você pode ver na imagem. Mas quando Olsen devolveu a Cruyff, eu parei. Estava bobo de tão surpreso. Pensava: 'O que está acontecendo aqui, em nome do céu?'. E aí a bola entrou". 
Versfeld ainda opinou: "Posso falar? O gol não deveria ter valido. Se eu disser isso, Amsterdã inteira vai me perseguir, mas preciso dizer. Veja as imagens mais uma vez: no momento em que Cruyff marca, Olsen está na frente dele. É o atacante mais avançado. Logo, estava impedido. Estraga-prazeres ou não, não importa. Era a regra na época. Agora, fica no vazio, né? Mas não tem nada ruim [nisso]". Finalmente, o goleiro (hoje em dia, taxista) ainda citou: "Até aquele jogo contra o Ajax, nunca havia ouvido falar de uma cobrança ensaiada de pênalti. E pode. (...) Eu tenho uma forte vontade de reproduzir o pênalti com Cruyff. Em De Meer não dá mais, o estádio já foi demolido. O mais legal seria fazer isso em Barcelona, no Camp Nou".
E o primeiro tempo ficou no 2 a 0 mesmo. Mas nem demorou muito para o terceiro gol, na etapa final: aos 11 minutos, em bate-rebate na área do Helmond Sport, a bola bateu acidentalmente no lateral direito Ad de Wert e foi para as redes.
Mais seis minutos, e saiu o quarto gol, em rápido contra-ataque com Lerby. O meio-campo fez jogada até semelhante à do primeiro gol: avançou, chegou à esquerda e cruzou. O volante Dick Schoenaker cabeceou, Versfeld rebateu, e Kieft conferiu para as redes.
Com o 4 a 0, Aad de Mos pôde até fazer duas substituições no Ajax, colocando Rijkaard em campo (no lugar do lateral direito Edo Ophof) e Keje Molenaar (no lugar do zagueiro Leo van Veen). E ainda houve tempo para ampliar a goleada já garantida: no minuto final, Kieft cobrou lateral, Schoenaker escorou de cabeça, e Vanenburg bateu forte para decretar o 5 a 0.

Definida mais uma goleada na campanha do Ajax. Na rodada seguinte, o time de Amsterdã finalizou o turno fazendo 3 a 1 no Fortuna Sittard. E com aquela geração altamente promissora, mais Cruyff, superou os rivais e sagrou-se campeão holandês ao final da temporada 1982/83. Já o Helmond Sport ainda se manteve na Eredivisie, como já dito, mas cairia em 1983/84. E até hoje não voltou: é o 11º da Eerste Divisie, a segunda divisão holandesa.
Ficha técnica

Ajax 5x0 Helmond Sport
Campeonato Holandês 1982/83 - 16ª rodada
Estádio: De Meer (Amsterdã)
Público: 10.000 torcedores
Árbitro: Jan Manuel
Gols: Cruyff, aos 19 e 23 do 1º tempo; De Wert (contra), aos 11; Kieft, aos 17; e Vanenburg, aos 45 do 2º tempo
Ajax
Piet Schrijvers; Edo Ophof (Frank Rijkaard, aos 21 do 2º tempo), Leo van Veen (Keje Molenaar, aos 21 do 2º tempo), Jan Mölby e Peter Boeve; Sören Lerby, Johan Cruyff e Dick Schoenaker; Gerald Vanenburg, Wim Kieft e Jesper Olsen. Técnico: Aad de Mos
Helmond Sport
Otto Versfeld; Ad de Wert, Jo Lacroix, Hans Ribberink e André Klaassen; Robert Cox (Hans Vincent), Hans Strijbosch e Jaak Edelbloedt; Johan van der Hooft, Erwin Cramer (Hans Meeuwsen) e Harry Lubse. Técnico: Jan Notermans

domingo, 14 de fevereiro de 2016

810 minuten: como foi a 23ª rodada da Eredivisie

Van Overeem (à esquerda) e Janssen marcaram na festa de gols. E o AZ segue sua brilhante reação (ANP Pro Shots)

Cambuur 0x2 Utrecht (sexta-feira, 12.02)

Até que demorou para acontecer alguma coisa no Cambuur, afundado nas últimas posições do Campeonato Holandês. Mas aconteceu: repetindo algo que já vinha indicando nos últimos tempos, o técnico Henk de Jong declarou que "algo tinha de mudar, e era o momento certo para a demissão", e deixou o clube voluntariamente no início da semana. Sem o treinador campeão da Eerste Divisie em 2012/13 (saudado pela torcida em faixas estendidas no Cambuur Stadion), caberia ao interino Sipke Hulshoff treinar os Leeuwarders contra um Utrecht que também tinha o que melhorar. Afinal, os visitantes já não obtinham vitórias havia três rodadas, perdendo fôlego na zona dos play-offs por Liga Europa. Com tudo isso, os 90 minutos vistos na cidade de Leeuwarden tiveram alguma tensão.

O Utrecht até tem mais poderio ofensivo em seu time, mas não chegava com perigo contra um Cambuur escalado no 5-3-2 - pior, ainda perdeu Yassin Ayoub, lesionado no primeiro tempo. Por sua vez, o time da casa estava mais protegido defensivamente, mas arriscava pouquíssimo (quase nada) na frente. Resultado: os erros defensivos foram duramente punidos, no fim do jogo. Aos 34 minutos do segundo tempo, o zagueiro Mark van der Maarel cabeceou para as redes, abrindo o placar. E nos acréscimos, aos 47, em outro cabeceio, Sébastien Haller encerrou seu jejum (ainda não marcara no returno). Um triunfo que encerrou a série de três jogos sem gols às sextas nas rodadas da Eredivisie. E reanimou um pouco os Utregs na parte de cima da tabela. E afunda ainda mais o Cambuur: sofreu a sexta derrota seguida, e já caiu para a lanterna (saldo de gols menor que o do De Graafschap). Tarefa dura para o elenco - e para o novo técnico, Marcel Keizer, que começa nesta segunda, vindo do Emmen, da segunda divisão.

Heracles Almelo 3x6 AZ (sábado, 13.02)

Enfim dono da terceira posição da Eredivisie (que já fazia por merecer havia muito tempo, aliás), o Heracles Almelo teria um oponente também valoroso: o AZ, que não sabia o que era perder neste 2016. Eram seis jogos - cinco pela liga, um pela Copa da Holanda -, eram seis vitórias. Ascensão premiada com subida vertiginosa na tabela: de 12º ao final do primeiro turno, para 6º após a rodada passada. E o primeiro tempo no estádio Polman, em Almelo, mostrou que a reação do time de Alkmaar não pararia por ali. Aos quatro minutos, Joey Pelupessy tentou recuar de cabeça ao goleiro Bram Castro, mas a bola saiu fraca. Sorte de Vincent Janssen: o atacante interceptou o recuo, tocou na saída de Castro e fez 1 a 0 para o AZ, no seu 14ª gol na temporada (oitavo nos últimos seis jogos!). No meio da etapa inicial, os visitantes pareceram encaminhar uma goleada. Aos 32, Pelupessy cometeu pênalti em Dabney dos Santos: Markus Henriksen bateu e ampliou a vantagem. Mais dois minutos, e Joris van Overeem recebeu passe de Dabney, escapou da marcação de Ramon Zomer e deixou o AZ com 3 a 0.

Só aí, com a porta da defesa arrombada, é que John Stegeman colocou nova fechadura. Imediatamente após o gol de Van Overeem, o técnico do Heracles tirou Menno Heerkes e fortaleceu a marcação no meio-campo, colocando Dario Vujicevic. Até deu certo, e os mandantes diminuíram ainda na etapa inicial (aos 39, Thomas Bruns chutou de fora da área e fez). No começo do segundo tempo, Alireza Jahanbakhsh ainda tentou tranquilizar o AZ, fazendo o quarto gol aos 19 minutos, após escanteio. Porém, aí começou o show de animação. Melhor composto na defesa, o Heracles foi à frente. E obteve êxito: aos 22, em novo arremate de longe, Mark-Jan Fledderus fez o segundo dos Heraclieden. Mais um pouco, e aos 28, o atacante Wout Weghorst recebeu livre na área para fazer 3 a 4. Estava chegando o empate dos Almelöers?

Não, não estava. Ao contrário: a defesa dos donos da casa falhou quando não podia, de novo. Aos 34 minutos, quando a pressão do Heracles era irrespirável em busca do 4 a 4, Stijn Wuytens cobrou escanteio e Bruns, que marcara a favor, desviou de cabeça para as redes do próprio goleiro: 5 a 3 AZ. Finalmente, aos 39, em nova jogada aérea, o volante Ben Rienstra cabeceou e definiu o 6 a 3 dos Alkmaarders. Que chegaram à sétima vitória no ano, sexta seguida pela Eredivisie, alcançando a quarta posição, um ponto atrás do Heracles. Ou seja, o AZ chegou na zona alta da tabela para ficar, como comprovaram as palavras de Ron Vlaar após o jogo, à FOX Sports holandesa: "Foi um jogo maluco, mas mostramos que queremos chegar à terceira posição". Quem duvida?

Roda JC 0x1 Twente (sábado, 13.02)

Duas equipes na mesma situação: ainda próximas da zona de repescagem/rebaixamento, mas com sequências promissoras, indicando momentos mais tranquilos na temporada. Porém, o jogo no Parkstad Limburg Stadion, em Kerkrade, teve pouquíssimos momentos de emoção. A bem da verdade, nenhuma chance real de gol foi vista nos primeiros 45 minutos. O empate sem gols não ajudava ninguém a melhorar ainda mais as situações dos Koempels e dos Tukkers. Foi a vez de Jeroen van der Lely aparecer, então.

Aos 18 minutos do segundo tempo, o lateral esquerdo (que entrara no intervalo) fez uma daquelas assistências quase tão importantes quanto o gol que sai delas: com um lançamento em profundidade, deixou Chinedu Ede livre. E o atacante alemão só teve o trabalho de escolher o canto e tocar fora do alcance do goleiro Benjamin van Leer, abrindo o placar para o Twente. Na parte final do jogo, novamente saiu do banco o "talismã" belga Maecky Ngombo, que já salvara o Roda JC contra Utrecht e Ajax. Mas quem teve a maior chance foi Mike van Duinen, que chutou para fora, nos acréscimos, perto do gol de Nick Marsman. E o time de Enschede pôde comemorar seu terceiro triunfo consecutivo: em 13º lugar, seis pontos acima da zona perigosa, já afasta mais o perigo de queda. Resta ao Roda JC, em 14º, seguir lutando.

O De Graafschap deixou a última colocação, mas o técnico pede: nada de relaxamento (ANP Pro Shots)

Willem II 0x0 De Graafschap (sábado, 13.02)

Nunca estivera tão perto: com a derrota do Cambuur, o De Graafschap poderia deixar a última posição do Campeonato Holandês. Todavia, não seria fácil aos Superboeren fazer isso, até porque o Willem II jogaria em casa, e também não vive a mais confortável das situações, estando na metade inferior da tabela. Sendo assim, os Tricolores tentaram se impor desde o começo no jogo em Tilburg: no primeiro tempo, a chance mais respeitável veio do meio-campista Robbie Haemhouts, que recebeu cruzamento de Bartholomew Ogbeche. Só que o meia belga chegou atrasado para a finalização.

Na etapa complementar, foi a vez de Erik Falkenburg tentar fazer valer mais uma vez seu papel de destaque dos Tilburgers na temporada: aos 28, ele exigiu grande defesa de Hidde Jurjus, após cabeceio. E somente as voltas dos atacantes Terell Ondaan (Willem II) e Dean Koolhof (De Graafschap), recuperados de graves lesões - Ondaan, no ligamento cruzado anterior do joelho; Koolhof, na virilha -, foram os destaques no segundo tempo. Jogando defensivamente (cometeu 17 faltas, e só deu um chute a gol), o De Graafschap se deu bem: igualou os 13 pontos do Cambuur, mas com melhor saldo de gols - -23 contra -31 -, enfim deixou a última posição. Com justiça, pois esforço não falta aos Superboeren, que já venceram duas partidas neste ano. Mas fica o alerta do técnico Jan Vreman: "Não conseguimos nada. Foi legal conseguir [este ponto], mas não chegamos lá". Prudente.

Vitesse 3x0 Heerenveen (sábado, 13.02)

A análise da rodada passada aqui no blog terminava dizendo, em AZ 1x0 Vitesse, que os Arnhemmers precisavam "reagir, urgentemente". Afinal, já eram quatro jogos sem vitória (dois empates, duas derrotas), com só um gol marcado neles. Então, o técnico Rob Maas decidiu apostar na "segurança": não só voltou ao 4-2-1-3 conhecido de elenco e torcida, mas também recolocou nos titulares o zagueiro georgiano Guram Kashia, querido dos adeptos, que andou frequentando o banco desde o fim do primeiro turno. Resultado: desde o primeiro minuto de jogo no Gelredome de Arnhem, o Vites foi francamente superior aos visitantes da Frísia, que quase não tiveram chances de gol.


Não demorou muito, veio o primeiro gol: aos 20 minutos, Milot Rashica (de volta, após lesão) cruzou da direita e o ucraniano Denys Oliynyk completou para as redes, na segunda trave. Ainda na etapa inicial, outro destaque do Vitesse se fez notar após algumas partidas de mau desempenho: aos 43, o lateral esquerdo japonês Kosuke Ota cruzou, e Valeri Qazaishvili completou para marcar 2 a 0 no placar. Mal começou o segundo tempo, veio o gol decisivo: em jogada individual, Qazaishvili driblou Caner Cavlan e Lucas Bijker, e o primeiro o derrubou na área. Pênalti, que o próprio "Vako" converteu para definir a volta do Vitesse às vitórias, com uma atuação para novamente ficar bem com a torcida. Agora, é o Heerenveen (12º, com duas derrotas seguidas) que precisa reagir urgentemente.



O Ajax atacou na hora que precisava. Foi eficiente. E conseguiu a vitória difícil (ANP Pro Shots)

Groningen 1x2 Ajax (domingo, 14.02)

Num jogo potencialmente difícil - embora no meio da tabela, o Groningen sempre costuma trazer dificuldades, ainda mais atuando em casa -, o Ajax teria o desafio de ver como se daria sua zaga remendada: com Kenny Tete e Jaïro Riedewald lesionados (o zagueiro, fora da temporada), Mike van der Hoorn foi efetivado como titular junto de Nick Viergever, enquanto Joël Veltman ficou na lateral direita. De quebra, gripado, Frank de Boer se ausentou forçosamente do jogo, cabendo ao auxiliar Hennie Spijkerman comandar os onze jogadores em Groningen. O fato é que, pelo menos no primeiro tempo, os Ajacieden sofreram um pouco. Nada que fizesse Jasper Cillessen trabalhar constantemente, é verdade. Todavia, com mais posse de bola, os Groningers tinham mais velocidade e rondavam mais a grande área dos visitantes.

Curiosamente, puderam fazer mais jogadas com uma alteração imprevista: aos 13 minutos, Bryan Linssen lesionou o músculo da coxa, dando lugar a Oussama Idrissi. E o ponta-esquerda foi o principal desafogo dos ataques dos Groningers, driblando bem e até cruzando - como aos 36 minutos, quando Hedwiges Maduro completou de cabeça exigindo defesa de Cillessen. Ao Ajax, restavam os contragolpes. Mas o único destes que foi perigoso veio aos 24 minutos: Lasse Schöne tentou o chute, mas o goleiro Sergio Padt rebateu. Davy Klaassen ainda tentou aproveitar com um toque, mas Hans Hateboer tirou em cima da linha. Mesmo que não sofresse pressão muito forte, era bom o Ajax evitar riscos no segundo tempo.

Foi o que fez: passou a tentar controlar mais a bola, saindo mais velozmente nos contragolpes. E com maior precisão nas finalizações, rapidamente os Amsterdammers conseguiram encaminhar a vitória, contando principalmente com Amin Younes. Aos 14, da esquerda, o alemão de ascendência libanesa escorou lançamento, e Anwar El Ghazi escapou da marcação de Rasmus Lindgren, avançou na área e completou na segunda trave: 1 a 0. Dez minutos depois, em tabela, Younes recebeu na área e foi derrubado. Richard Liesveld marcou o pênalti, convertido por Schöne. Com 2 a 0, o Ajax se viu mais tranquilo. Só que teve um revés: após pisar no tornozelo de Michael de Leeuw, Van der Hoorn levou seu segundo cartão amarelo, e foi expulso. Com dez jogadores, restou ao Ajax ir para a defesa e apostar nos contra-ataques, com a entrada de Ricardo van Rhijn e o recuo de Nemanja Gudelj, formando um 5-3-1. Até deu certo: o Groningen seguiu sem trazer grandes riscos a Cillessen, e só conseguiu seu gol nos acréscimos (48 minutos), em boa cobrança de falta de Danny Hoesen. Ainda assim, era tarde para evitar mais uma vitória do Ajax. Que cumpriu sua tarefa: conseguiu os três pontos, mantendo-se na briga pelo título.

Sétima derrota seguida, e queda para a sexta posição. Assim não tem como defender o Feyenoord, não, Kuyt? (Henry Dijkman Fotografie/VI Images)

Zwolle 3x1 Feyenoord (domingo, 14.02)

Se a temperatura já era fria e chuvosa em Groningen x Ajax, muito mais o era na cidade de Zwolle. A neve cobria o gramado do estádio Ijsseldelta a ponto de tornar duvidosa a realização da partida. Por fim, ela foi tirada para os lados, e a partida pôde ser jogada. Nela, para enfim tentar outra vitória, Giovanni van Bronckhorst mudou de esquema (voltou ao 4-3-3) e de jogadores (na lateral direita, Bart Nieuwkoop recebeu sua primeira chance como titular; no meio, Marko Vejinovic voltou ao time, deixando Renato Tapia no banco). Só que a mudança teve péssimos resultados. De novo, o Feyenoord deixava espaços absurdos pelos lados. E o Zwolle os aproveitou rapidamente. Aos 14 minutos, em rápido contra-ataque, Lars Veldwijk recebeu pela direita, entrou na área superando a marcação de Eric Botteghin e tocou na saída de Kenneth Vermeer para fazer 1 a 0.

E durante a maioria do primeiro tempo, foi assim. Além de não criar quase nenhuma chance de gol, o Feyenoord também sofreu bastante com os ataques dos Zwollenaren. Aproveitando a velocidade de Kingsley Ehizibue e Queensy Menig pelas pontas, os "Dedos Azuis" traziam perigo constante. Primeiro, aos 21, Wouter Marinus chegou à área, em jogada semelhante ao gol de Veldwijk, mas Vermeer espalmou dessa vez; depois, chance ainda mais valiosa, aos 31, quando Menig bateu da entrada da área, colocado, mandando na trave esquerda. E justamente quando o Zwolle mais parecia perto do segundo gol, o Feyenoord conseguiu o empate, na bola parada: aos 41, Bilal Basaçikoglu cobrou escanteio, e Sven van Beek entrou livre na área, escorando para as redes. No minuto seguinte, Basaçikoglu quase virou para o Stadionclub em rápido contragolpe, mas Van der Hart fez grande defesa.

Aí, no início do segundo tempo, novamente Basaçikoglu quase marcou, no primeiro minuto. A moeda estava virando? Pois o Zwolle tratou de fazer os Feyenoorders provarem do próprio veneno: tomaram o gol quando pareciam melhores. Já aos quatro minutos, Veldwijk fez mais do que apenas concluir: novamente pela direita, dominou, driblou Van Beek e bateu cruzado, no canto baixo de Vermeer, para recolocar os mandantes na frente. Não houve jeito, então: Eljero Elia entrou no lugar de Vejinovic, e o Feyenoord foi todo ao ataque, num 4-2-4 (depois voltou ao 4-3-3, com a entrada de Michiel Kramer no lugar de Jens Toornstra). Todavia, exceto num chute de Basaçikoglu aos 15 minutos, não houve grande perigo para o Zwolle.

Ao contrário: os donos da casa é que tiveram inúmeras chances. Ehizibue, então, precisou de três vezes para marcar seu gol. Na primeira, aos 25, completou escanteio para o gol, mas estava impedido; na segunda, aos 43, em contragolpe, Menig tocou na saída de Vermeer, a bola bateu na trave, e o camisa 20 (livre, em cima da linha!) não conseguiu mandá-la de volta para as redes, inacreditavelmente. Só nos acréscimos, aos 48, Ehizibue enfim conseguiu: saída rápida para o ataque, Feyenoord com os zagueiros todos no ataque, e Veldwijk chegou livre à área, tocando à direita para o meia-direita completar o 3 a 1. A sétima derrota seguida do Feyenoord no Campeonato Holandês. Está certo que o Stadionclub (agora, sexto colocado na liga) chegou às semifinais da Copa da Holanda, mas tal sequência aziaga torna difícil defender o trabalho antes promissor de Giovanni van Bronckhorst.

O novato Dennis van der Heijden viveu seu conto de fadas, dando a vitória ao ADO Den Haag (Laurens Lindhout Photography/VI Images)

Excelsior 2x4 ADO Den Haag (domingo, 14.02)

O Excelsior já entrou em campo numa situação dificílima: como 16º, na zona de repescagem/rebaixamento, cada vez mais precisa das vitórias. E como desgraça pouca era bobagem, rapidamente o Den Haag abriu o placar fora de casa: aos 10 minutos do primeiro tempo, Édouard Duplan criou a jogada e passou aos atacantes. Mike Havenaar chegou atrasado, mas Kevin Jansen dominou e bateu para fazer 1 a 0. Ficaria pior ainda para os Kralingers: em três minutos, dois jogadores se lesionaram (o atacante Brandley Kuwas, destaque do time na temporada, e o goleiro Filip Kurto), forçando o técnico Alfons "Fons" Groenendijk a gastar duas alterações. Aí apareceu a salvação, na forma humana de Tom van Weert. Aos 23 minutos, ele empatou o jogo, aproveitando cruzamento de Adil Auassar.

E no segundo tempo, as coisas ficariam ainda mais animadas. Aos 23 minutos, Van Weert virou o jogo para o Excelsior: em rápido contra-ataque, o lateral direito Khalid Karami serviu a Stanley Elbers (substituto de Kuwas), que deixou o atacante livre para fazer seu segundo gol na partida. Depois da tempestade do início do jogo, a bonança final? Dennis van der Heijden disse não: estreante nos profissionais do ADO Den Haag, egresso da base, o atacante de 19 anos entrou aos 31 minutos para a pressão final, no lugar do zagueiro Vito Wormgoor. Aos 32, já tinha feito 2 a 2, chutando quase sem ângulo; e aos 40, Van der Heijden tornou sua entrada no jogo ainda mais destacada, ao virar novamente o placar, em arremate da direita. Aí, aos 43, coube a Mike Havenaar definir a vitória do ADO Den Haag. O Excelsior merece aplausos, por ter resistido às intempéries do início. Mas o time de Haia é melhor, o que se havia de fazer? Apenas respeitar o conto de fadas que viveu Dennis van der Heijden.

O NEC até começou pressionando. Mas o gol de Luuk de Jong abriu caminho para mais uma vitória do líder PSV (ANP Pro Shots)


NEC 0x3 PSV (domingo, 14.02)

No empate da semana passada, contra o De Graafschap, deixar Christian Santos no banco foi uma decisão altamente polêmica para a torcida do NEC. A tal ponto que, já na segunda-feira, o técnico Ernest Faber informou que o atacante venezuelano voltaria aos titulares. Pelo menos, dali a duas rodadas: afinal, Santos estaria suspenso para o jogo contra o PSV. E para enfrentar o atual campeão holandês, o time de Nijmegen decidiu ser mais cauteloso: três zagueiros foram escalados, e a equipe foi escalada num 5-3-2, apenas com Joey Sleegers (substituto de Santos) e Anthony Limbombe na frente. A rapidez do bom meio-campo trataria de acelerar os contragolpes - ou seja, tentaria fazer os Eindhovenaren sofrerem com aquela que é sua mais notável qualidade. Aos visitantes, restava "só" vencer para manter a liderança do campeonato.

A intenção do NEC deu certo? Depende. Se o objetivo era criar mais chances no primeiro tempo, deu certo. Afinal de contas, já aos 11 minutos, Sleegers recebeu livre pela direita, entrou na área e bateu forte, forçando o goleiro Jeroen Zoet a espalmar para a linha de fundo. Antes mesmo disso, aos 8, Héctor Moreno já tivera de tirar uma bola cruzada de cima da linha. Atuando sem Jeffrey Bruma, lesionado no tendão de Aquiles, o PSV era pressionado na defesa. Só que se o objetivo do NEC era fazer gols, atuar no 5-3-2 não deu certo. Afinal, de nada adianta o esquema sem eficiência para finalizar. E eficiência é o que sobra no time de Eindhoven, que abriu o placar numa das únicas chances que teve, aos 16 minutos: Jetro Willems (finalmente, recomeçando um jogo como titular) cruzou longe da esquerda, e Luuk de Jong apareceu para fazer o seu 17º gol na Eredivisie como melhor sabe: de cabeça. Depois, os visitantes ainda perderam Jorrit Hendrix (tonto após sofrer cabeçada involuntária de Marcel Ritzmaier, o volante deu lugar a Stijn Schaars, aos 23), e viram Sleegers ter nova boa chance aos 37 (outro chute, para boa defesa de Zoet, que sequer espalmou).

Todavia, no segundo tempo, a chuva apertou no estádio De Goffert, em Nijmegen. E o NEC pareceu se preocupar mais em não tomar gols do que em pressionar o adversário, como fizera no início do jogo. Sorte do PSV: com nível técnico bem mais alto, a equipe de Eindhoven começou a chegar mais às proximidades do gol. Quase marcou aos 11 minutos, quando Luciano Narsingh completou triangulação exigindo boa defesa de Brad Jones. Mas aos 21, enfim, veio o segundo gol dos PSV'ers: escanteio da esquerda, Luuk de Jong escorou, e Jürgen Locadia, livre na segunda trave (e em condições, dadas pelo lateral Todd Kane), cabeceou para as redes. Ali o jogo se definiu: até mais motivado e solto em campo, o PSV ainda conseguiria o terceiro gol, aos 29 minutos: Locadia apareceu pela direita, e cruzou a Marco van Ginkel, que marcou seu segundo gol em duas partidas pelo clube.

Pelo 50º jogo seguido no Campeonato Holandês, o PSV deixou sua marca nas redes adversárias. E segue na liderança, fazendo um "campeonato à parte" com o Ajax. Ambos sobram na Eredivisie.