quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

2020 deixou (inesperados) pontos de interrogação

A postura pensativa de Frank de Boer tomou conta do futebol holandês como um todo em 2020 (Laurens Lindhout/Soccrates/Getty Images)

Antes de 2020 começar, o futebol na Holanda (Países Baixos) terminava 2019 com orgulho, pelo que se vira nos gramados - Ajax semifinalista da Liga dos Campeões, seleção masculina vice-campeã da Liga das Nações e de volta a um torneio grande (vaga na Euro garantida), seleção feminina vice-campeã mundial. E tinha esperanças pelo que viria em 2020. Esperanças que, se não foram dilapidadas por todos os efeitos da pandemia conhecida, foram bastante diminuídas. E que fazem com que este ano termine e 2021 comece com muitos pontos de interrogação. O maior deles, em uma pergunta: será que a Holanda voltará a ter dificuldades no processo de reação que seu futebol vivia, após o embalo dos últimos anos?

E nada simboliza tão bem essas dúvidas que o futebol neerlandês vive hoje em dia quanto a sua seleção masculina. Afinal de contas, a Laranja terminou 2019 classificada para a Euro, com um técnico elogiado (Ronald Koeman) e uma geração promissora personificada em vários nomes - de Virgil van Dijk a Georginio Wijnaldum, passando por Matthijs de Ligt e Frenkie de Jong, sem contar Memphis Depay (que estava lesionado e provavelmente perderia a Euro). Veio 2020. Veio a pandemia. Que trouxe como primeiras consequências o cancelamento de dois amistosos, contra Espanha e Estados Unidos, que ocorreriam em março. Depois, claro, o adiamento da Euro para 2021. Viriam consequências mais sérias.

A mais séria de todas nem entrou na conta da pandemia: no mata-mata da Liga dos Campeões jogado na "bolha" de Lisboa, em agosto, o Barcelona foi arrasado pelo Bayern de Munique. Para minorar os efeitos da crise, decidiu cortejar Ronald Koeman uma terceira vez - e aí, Koeman deixou a seleção ("Como acreditar que a Euro ocorrerá em 2021?"). Sem querer um técnico estrangeiro e resistindo a quem pudesse quebrar de forma brusca o que Koeman construíra, a federação tomou a controvertida decisão de apostar em Frank de Boer, vindo de maus trabalhos em clubes. Para piorar, no reinício do futebol europeu pós-"primeira onda", nas primeiras rodadas do Campeonato Inglês, Virgil van Dijk, o grande líder da Laranja em campo, sofreu lesão séria no ligamento cruzado anterior do joelho - e a participação na Euro ficou em risco.

Frank de Boer chegou já com partidas sérias à espera, principalmente na Liga das Nações. Nos primeiros jogos, a Laranja dos homens sofreu: atuações preocupantes (principalmente na derrota para a Itália e no empate com a Bósnia, na Nations League), falta de eficiência no ataque. Mas aí, Koeman sinalizou em uma entrevista que a seleção holandesa deveria entrar em nova fase. Frank de Boer fez experimentos válidos - como no 1 a 1 contra a Itália, em que um esquema com cinco zagueiros resultou em mais segurança. Alguns jogadores, como Wijnaldum, cresceram de produção. Memphis Depay voltou de sua lesão no joelho já sendo preponderante no ataque. E mesmo que a Laranja tenha caído na Liga das Nações, passa-se a impressão de que o time pode, sim, fazer papel digno na Euro.

A seleção feminina da Holanda se classificou à Euro 2022-que-era-2021 sem problemas. Mas precisa ser mais forte contra adversárias mais fortes (Twitter/KNVB Media)

Tal impressão é um pouco mais enfraquecida em se tratando da seleção feminina, que tanto emocionou os Países Baixos (o mundo, até) em 2019, com o esforço e a habilidade que levaram à campanha altamente elogiável na Copa do Mundo. Claro, as Leoas Laranjas ainda seguem fortes. Bem ou mal, cumpriram o principal objetivo de 2020, ao terminarem as eliminatórias da Euro 2022-que-era-2021 com uma campanha perfeita - dez vitórias em dez jogos. Têm jogadoras de qualidade elogiada: Vivianne Miedema continua muito bem no Arsenal, sua colega de time Jill Roord viveu talvez o melhor ano de sua carreira, Lieke Martens retornou ascendente ao Barcelona após a lesão no pé. Sarina Wiegman, então, repetiu em 2020 a dose de 2017, sendo escolhida a melhor treinadora do mundo - escolha muito contestada, aliás. Mas a campanha irretocável na qualificação para defender o título europeu era praticamente uma obrigação, pela fragilidade do grupo. Rússia, Eslovênia, Turquia, Kosovo, Estônia: não só nenhuma dessas seleções era páreo para a Holanda, como as jogadoras adversárias tratavam as neerlandesas mais como estrelas do que como oponentes.

Sempre que a Holanda enfrentou adversárias de maior qualidade no futebol feminino neste 2020, ou empatou (Brasil, Canadá e França, todos esses jogos no torneio amistoso de março, quando a pandemia eclodia na Europa) ou perdeu (Estados Unidos - em amistoso no mês passado, mesmo após nove meses de inatividade, as norte-americanas fizeram 2 a 0 sobre as Leoas Laranjas, com até mais facilidade do que tiveram na final da Copa). De quebra, o anúncio da saída de Sarina Wiegman rumo à seleção da Inglaterra, depois do torneio olímpico de futebol feminino que ocorrerá (?) em Tóquio, deixou a impressão melancólica de um fim de ciclo. Se quiser continuar a ascensão e se confirmar como seleção de ponta no futebol feminino mundial, a Holanda precisará de boas atuações em Tóquio - e nos anos seguintes, sob nova direção - a sucessora de Sarina Wiegman deve ser anunciada em janeiro.

Até porque, na liga feminina, independentemente das dificuldades do PSV (as ambiciosas contratações da goleira Van Veenendaal e da zagueira Mandy van den Berg não trouxeram resultados desejados até agora) e da superioridade do Ajax (líder com 100% de aproveitamento), a fragilidade dos Países Baixos ainda é inegável, como provam as eliminações dos supracitados PSV e Ajax na Liga dos Campeões das mulheres. E no campeonato masculino, a pandemia descortinou um cenário coberto de dúvidas. Uma das dúvidas, eterna, já que a Eredivisie 2019/20 foi interrompida sem campeão nem rebaixados: quem ganharia entre Ajax e AZ, que estavam empatados na ponta? Depois, a consequência imediata mais urgente: qual será, exatamente, o dano financeiro causado aos clubes médios e pequenos pela interrupção da fonte de renda que eram as bilheterias? Mesmo agremiações um pouco mais robustas, como Heerenveen ou Vitesse, sofrem nos balanços com a ausência obrigatória de público nos estádios.

Obviamente, a pandemia tirou o público dos estádios holandeses. Eles sofrem com isso, até mesmo financeiramente. E pensam em até quando isso ocorrerá (Erwin Spek/Soccrates/Getty Images)

Aliás, mesmo os clubes maiores dos Países Baixos ainda deixaram claro, nesta metade da temporada, que lhes falta condições de sonhar em repetir o que o Ajax fez em 2018/19. A começar pelo próprio Ajax: o apego crônico ao estilo de jogo, algumas falhas em momentos cruciais e a falta de alternativas confiáveis para as ausências vindas de lesão tornaram a eliminação na Liga dos Campeões inevitáveis. AZ e Feyenoord sonharam em avançar na Liga Europa, mas suas incompetências cobraram um duro preço. E até o PSV, que mostrou poder de reação para garantir a classificação na Liga Europa, ainda sofre com inconstâncias vez por outra - causadas até por fatores externos, como o surto de COVID-19 que vitimou o grupo de jogadores, em outubro, que deixou sequelas físicas só agora sendo superadas.

Enfim, 2020 jogou o futebol holandês num cenário cheio de pontos de interrogação - até inesperados, já que não havia pandemia antes do começo do ano. Tais dúvidas podem ter respostas negativas. Mas... também podem ter respostas positivas. Na geração masculina que trouxe a Holanda de volta a um Europeu sub-21, após oito anos, e que tem vários nomes capazes de aparecerem também na seleção adulta (Teun Koopmeiners, Abdou Harroui, Calvin Stengs, Myron Boadu). Nas jogadoras que, lentamente, começam a se destacar na seleção feminina - caso das atacantes Katja Snoeijs e Joëlle Smits. No surgimento das vacinas que podem, daqui a um tempo, possibilitar o retorno gradual do público aos estádios. 

2021 revelará o teor dessas respostas.


quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Um jogo, um parágrafo, um vídeo: a 14ª rodada da Eredivisie

Fortuna Sittard 2x1 RKC Waalwijk (terça-feira, 22 de dezembro)

O RKC Waalwijk começou mostrando em Sittard o mesmo das rodadas mais recentes: velocidade no ataque. O primeiro gol já poderia ter vindo com Richard van der Venne, que chutou para fora aos 12'. Veio pouco depois: aos 15', num roubo de bola no meio, Cyril Ngonge lançou, e Finn Stokkers conferiu a chance. Só aí o Fortuna Sittard foi ao ataque. Chegou perto com Mats Seuntjens (chute rente à trave aos 20'), com Lisandro Semedo (o goleiro Kostas Lamprou espalmou aos 36'), com Zian Flemming (Lamprou pegou falta aos 42'), mas o empate foi de Sebastian Polter, completando escanteio nos acréscimos da primeira etapa - o VAR ainda verificou suposto impedimento, mas nada houve. No segundo tempo, sim, a pressão do Fortuna foi intensa em busca da virada, com os visitantes acuados. Polter tentou aos 70', Lamprou salvou duas tentativas de Flemming (74' e 88'), mas só aos 90' + 2, nos acréscimos, Semedo fez o gol da vitória em Sittard. Reação freada no RKC - e seguida no Fortuna.


Emmen 2x3 Utrecht (terça-feira, 22 de dezembro)

Dois times que sofrem na temporada buscavam um fim de ano mais ameno: o lanterna Emmen contra um Utrecht sem vencer há seis partidas. Os Utregs começaram mais fortes em busca do primeiro gol - que afinal veio aos 22': numa tabela com Mimoun Mahi, Eljero Elia completou com chute da entrada da área. Só que o Emmen também dera sinais de pressão - como em tentativa de Nick Bakker, aos 19'. E virou o jogo em dois belíssimos gols. Aos 27', o zagueiro Miguel Araújo cobrou falta magistral; o chute de Lucas Bernadou, que fez 2 a 1 aos 43', também mandou a bola no ângulo direito. Poderia ter sido a primeira vitória do Emmen na temporada. Mas o Utrecht seguiu tentando. Conseguiu o empate aos 60', quando Gyrano Kerk cruzou e Joris van Overeem completou. E aos 75', Adrián Dalmau completou a segunda virada no jogo. Sofrendo com más atuações na temporada, o alívio de Dalmau simbolizou o alívio do Utrecht: voltava a vencer pelo Campeonato Holandês, após dois meses.


PSV 4x1 VVV-Venlo (terça-feira, 22 de dezembro)

Desde o primeiro segundo de jogo em Eindhoven, o PSV foi massivamente ofensivo, chegando pelas laterais, criando chances (como com Cody Gakpo, aos 13'). O que aconteceu? Exatamente: o VVV-Venlo abriu o placar, aos 22', quando Jafar Arias completou o cruzamento de Vito van Crooij. Na frente, os Venlonaren se fecharam mais diante da pressão do PSV, que seguiu. Aos 34', o primeiro alívio: Noni Madueke foi derrubado por Christian Kum, e Max converteu o pênalti para o 1 a 1. A virada poderia ter vindo ainda antes do intervalo: Mohamed Ihattaren, Cody Gakpo e Max tiveram chances. Só que ela veio logo no começo da etapa final: aos 50', Max cobrou escanteio, e Olivier Boscagli cabeceou para o 2 a 1. Pouco depois, aos 59', Gakpo enfim acertou o pé, completando troca de passes para o terceiro gol. De quebra, ele ainda acertou a trave, já aos 83'. Mas o gol que transformou a vitória em goleada esperada veio de Adrian Fein, nos acréscimos. Isso, porque Donyell Malen ainda foi poupado...


Twente 0x2 Sparta Rotterdam (terça-feira, 22 de dezembro)

O Sparta Rotterdam parecia ser o time da casa, tamanha a volúpia em busca do gol. Já aos 6', só o goleiro Joël Drommel evitou o gol de Mario Engels - que perderia mais duas chances ainda, aos 10' e 14'. O único momento em que o Twente assustou foi aos 23', quando Jayden Oosterwolde cruzou e Danilo completou por cima. Depois, o ritmo dos visitantes diminuiu. Mas justamente na reta final do primeiro tempo, quando a morosidade estava maior, Engels acertou o pé, fazendo 1 a 0 nos acréscimos. No começo da etapa final, sim, o Twente buscou o empate com mais perigo: Wout Brama chutou para fora aos 49', Danilo também mandou pela linha de fundo aos 54', Kik Pierie cabeceou para o goleiro Maduka Okoye pegar aos 66'. Justamente depois desta chance do empate, o Sparta praticamente garantiu sua vitória. E como: com belíssimo chute colocado de Deroy Duarte, no ângulo, aos 67'. Nono lugar na tabela: para um time que começou a Eredivisie na lanterna, ótimo "presente de Natal".


AZ 3x1 Vitesse (quarta-feira, 23 de dezembro)

Era "confronto direto", entre dois médios que desejam entrar na disputa do título. E o AZ já começou mais esperto. Foi a senha para conseguir o primeiro gol, logo aos 5': uma falha de Maximilian Wittek foi aproveitada na área por Jesper Karlsson, que chutou. Mais veloz, o time da casa teve até gol anulado, com Tijjani Reijnders, aos 19'. Só aí o Vitesse tomou jeito. Perdeu boas chances aos 32', com Oussama Darfalou, aos 35', com Matus Bero, e aos 37', com Loïs Openda. O que aconteceu? Isso mesmo: o AZ, num contra-ataque, fez 2 a 0 aos 40', com Myron Boadu. Pelo menos, logo com 30 segundos de bola rolando no segundo tempo, o Vites diminuiu na sorte: Timo Letschert tentou afastar a bola da área, chutou em cima de Openda, e 2 a 1. E o jogo esquentou - Reijnders perdeu chance aos 50', Darfalou teve gol anulado aos 62'... até que, aos 75', em seu primeiro toque na bola após substituir Boadu, Ferdy Druijf fez 3 a 1. Outra vitória, um jogo a menos... o AZ, de mansinho, está chegando.


Willem II 1x1 Ajax (quarta-feira, 23 de dezembro)

Quando Antony fez 1 a 0 para o Ajax, logo aos 4', imaginou-se o de sempre: Ajax construindo vitória tranquila já no primeiro tempo. Até porque, aos 8', Klaas-Jan Huntelaar (titular de novo) quase ampliou, de cabeça. Enfim, o jogo parecia tranquilo para os Amsterdammers. Mas o cansaço por que passam se manifestou de novo. E o Willem II começou a trazer perigo pelas pontas, no contra-ataque. Foi assim que Ché Nunnely, aos 21', e Kwasi Wriedt, aos 35', fizeram André Onana trabalhar. E logo no princípio do segundo tempo, aos 54', Wriedt empatou, premiando a atenção do ataque dos Tricolores. Foi a senha para um resto de jogo animado. De um lado, o Ajax insistiu em busca da virada - mas ou acertou a trave (com Dusan Tadic, aos 64'), ou fez o goleiro Robbin Ruiter se destacar nos minutos finais (pegou chutes de Antony, Huntelaar e Promes). Do outro, o Willem II assustou a lenta defesa do Ajax, em mau dia - como em chute de Wriedt, aos 73'. Enfim: uma "zebra" pela qual o líder não esperava. Nem queria.


ADO Den Haag 0x2 Zwolle (quarta-feira, 23 de dezembro)

Sofrendo com a inconstância, o Zwolle partiu ao ataque desde o começo em Haia. Pelle Clement tentou dois chutes em sequência, aos 11' e 12'. Nem mesmo a mudança precoce no Den Haag, para torná-lo mais ofensivo (Bilal Ould-Chikh substitui Kees de Boer), alterou a superioridade visitante, ainda que o jogo tenha caído no marasmo durante boa parte do primeiro tempo, com leve sobressalto no fim: Sam Kersten arriscou de um lado aos 41', Ricardo Kishna arriscou do outro aos 42'. No começo da etapa complementar, Kishna quase marcou de cabeça para os mandantes. Não deu certo. Foi a sorte dos Zwollenaren: aos 51', Sai van Wermeskerken cruzou, e Mike van Duinen fez 1 a 0, também de cabeça. Daí, os "Dedos Azuis" seguiram no controle. Quase marcaram aos 58', num chute de Van Duinen. E na reta final, aos 84', confirmaram a vitória diante dos mandantes fragilizados, com dois nomes vindos da reserva: Yuta Nakayama roubou a bola e tabelou com Clint Leemans, que bateu para o 2 a 0.


Groningen 0x1 Heracles Almelo (quarta-feira, 23 de dezembro)

Embalado, o Groningen queria se aproximar mais da parte de cima. O Heracles Almelo só desejava respirar mais em relação à zona de repescagem/rebaixamento. Num jogo muito vitimado pela chuva (como todos na rodada, de modo geral), os Groningers começaram melhores. Ahmed El Messaoudi teve dois chutes seguidos, aos 18' e 19', impedidos pelo goleiro Janis Blaswich. Já os Heraclieden só chegaram perto do gol numa jogada de Delano Burgzorg, aos 37'. Daí, com a chuva castigando parcialmente o gramado, o jogo ficou muito tempo sem chances de gol - e sem graça. Mas quando a chance apareceu, aos 79', o Heracles aproveitou: Rai Vloet passou, e Adrián Szöke tocou na saída do goleiro para o 1 a 0 dos visitantes. De quebra, aos 88', Blaswich salvou a vantagem, com mais duas defesas. E o time de Almelo celebra: duas vitórias seguidas para um fim de ano mais calmo.


Feyenoord 3x0 Heerenveen (quarta-feira, 23 de dezembro)

Com novos titulares (Luciano Narsingh na ponta esquerda, Bryan Linssen no meio do ataque), o Feyenoord começou com tudo. O gol poderia ter vindo já aos 3', com Steven Berghuis; ficou mais perto aos 10', com Jens Toornstra; aos 40', um chute de Toornstra com desvio só não entrou pelos pés do goleiro Erwin Mulder (que pegara os arremates citados); Narsingh, então, mandou a bola na trave (22') e no travessão (43'). O Heerenveen, defensivo, só assustara com os Veerman: um chute de Joey, aos 12', e uma bola que quase Henk acertou (45'). Mas logo que a etapa final começou, Bryan Linssen decretou que seria o protagonista do Feyenoord na vitória. Aos 48', o atacante fez 1 a 0, de cabeça, após escanteio. Aos 59', ele completou cruzamento de Berghuis para o segundo gol. Aí, o Stadionclub ficou tranquilo, em sua última partida no dia. E só para confirmar, aos 90' + 1, ainda houve tempo para o terceiro gol de Linssen. Contestado pela torcida, ele terá alívio na folga. É o "espírito de Natal"...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Um jogo, um parágrafo, um vídeo: a 13ª rodada da Eredivisie

Zwolle 0x0 Emmen (sexta-feira, 18 de dezembro)

Motivado para dar uma satisfação após a surpreendente eliminação na Copa da Holanda, o Zwolle até começou pressionando - aos 10', Mustafa Saymak tentou, mas o goleiro Dennis Telgenkamp pegou. Só que foi o lanterna Emmen que rondou mais o gol no primeiro tempo: pela esquerda, Caner Cavlan tentou duas vezes, aos 29' e 43' (o goleiro Michael Zetterer pegou as duas), e Glenn Bijl cabeceou vendo a bola ser tirada em cima da linha aos 36'. Já na etapa final, Van Duinen tentou colocar os Zwollenaren à frente com dois chutes, aos 52' e aos 62'. Mas os lances de mais proximidade do gol ficaram nisso, e o empate sem gols foi o retrato adequado de um jogo sem muita emoção. Pior para os visitantes: após 13 rodadas, nada de vitória para o Emmen neste campeonato.


Sparta Rotterdam 2x3 Groningen (sábado, 19 de dezembro)

Desde o começo da partida em Het Kasteel, foram chances de um lado e de outro. E o Groningen acertou primeiro: aos 16', após rebote de escanteio, o zagueiro Wessel Dammers fez 1 a 0 para os visitantes. Apesar disso, o equilíbrio seguiu: um time atacava, e outro contra-atacava. Coube aos mandantes empatarem assim, aos 36': logo após bola roubada na defesa, Dirk Abels cruzou, e Lennart Thy completou para as redes. Porém, também coube aos Groningers encaminharem a vitória com dois gols vindos de contragolpes quase iguais, no segundo tempo: tanto aos 53' quanto aos 73', pela esquerda, Mohamed El Hankouri cruzou e Jorgen Larsen conferiu. Só para seguir o lá-e-cá do jogo, aos 80', Wouter Burger ainda reacendeu as esperanças dos mandantes, diminuindo para 3 a 2 num chute forte. O goleiro Sergio Padt ainda evitou o empate aos 88', tirando com os pés o chute de Tom Beugelsdijk. E o Groningen conservou a vantagem que o levou à quinta posição: ótima campanha.


VVV-Venlo 1x2 Twente (sábado, 19 de dezembro)

Nos dez primeiros minutos, houve gol anulado para um time e outro. Parecia indício de jogo equilibrado. Alarme falso: logo o Twente tomou conta das ações, mesmo fora de casa. Aos 23', Vaclav Cerny perdeu gol, cara a cara com o goleiro Thorsten Kirschbaum. Mas aos 27', o próprio Cerny passou para Danilo marcar seu 11º gol no campeonato. E a vantagem do Twente só não ficou inatingível pelos erros nas chances (Luka Ilic mandou no travessão aos 36') e pelo mérito de Kirschbaum (evitou gols de Tyrone Ebuehi, aos 30', e Queensy Menig, aos 42'). No segundo tempo, os Tukkers seguiram tranquilos, criando chances como um chute de Danilo, aos 54'. E pareceram garantir a vitória aos 63': numa falha do zagueiro Christian Kum, Ilic fez 2 a 0 num belo chute colocado. Porém, vieram riscos desnecessários com o gol do VVV-Venlo: aos 70', de cabeça, Evert Linthorst marcou para os mandantes. Pelo menos, depois do susto, o Twente se cuidou e garantiu os três pontos.


RKC Waalwijk 1x4 PSV (sábado, 19 de dezembro)

Eficiência é algo importante no futebol, e o PSV provou isso. Aos 9', o RKC Waalwijk teve a primeira grande chance, mas Anas Tahiri acertou o travessão. Bastou: aos 11', num contra-ataque, o zagueiro Ahmed Touba errou na inversão de jogo, e Mario Götze passou para Cody Gakpo fazer 1 a 0. Quase na sequência, aos 14', Mohamed Ihattaren acertou chute de fora para o 2 a 0 dos Boeren. De quebra, Gakpo quase marcou aos 15', e Donyell Malen teve gol anulado aos 22'. Mesmo tendo mais a bola - e tendo chances como a de Paul Quasten, aos 37' -, o RKC não perturbava os visitantes. Até houve queixa de pênalti (a bola bateu na mão de Jordan Teze), mas o juiz Kevin Blom deixou seguir. Haveria pênalti, aos 71', mas ele seria para o PSV: Denzel Dumfries foi agarrado por Melle Meulensteen, e ele mesmo converteu a cobrança. De tanto tentarem, os mandantes diminuíram (Finn Stokkers, aos 87'). Mas Noni Madueke transformou a vitória dos Boeren em goleada,  marcando o quarto gol nos acréscimos.


Utrecht 1x1 Fortuna Sittard (sábado, 19 de dezembro)

Contando com seu principal destaque nas últimas partidas - Mimoun Mahi, enfim titular -, o Utrecht começou trazendo perigo, em chutes do próprio Mahi, ambos perto da trave, aos 3' e aos 8'. Mas o Fortuna Sittard também cresceu aos poucos, por obra principal de Lisandro Semedo: o português tentou aos 15' (o goleiro Eric Oelschlägel, substituto do lesionado Maarten Paes, pegou) e teve grande chance aos 36', num arremate rebatido por Oelschlägel - na sequência, Emil Hansson tentou, e o zagueiro Tommy St. Jago tirou em cima da linha. Entre os dois destaques, no segundo tempo, Mahi apareceu primeiro: aos 52', completou escanteio para fazer 1 a 0, de cabeça. Mas a valentia do Fortuna Sittard rendeu o empate em outro cabeceio após escanteio: aos 63', com Sebastian Polter. De resto, só mais uma chance perigosa para cada lado (Mahi para o Utrecht, aos 79'; Semedo para o Fortuna, aos 84'). E o empate é mais lamentado pelo Utrecht, sem vencer na Eredivisie há seis rodadas.


Vitesse 1x0 Feyenoord (domingo, 20 de dezembro)

O Vitesse já foi para o ataque em um minuto: Loïs Openda já forçava o goleiro Nick Marsman a trabalhar. Depois, aos 28', Openda superou Marcos Senesi na corrida, e seu cruzamento só não teve consequências porque Eric Botteghin interceptou a bola. Mais contido na defesa (cinco homens), o Feyenoord tentava pouco, mas tentou: com Bryan Linssen, aos 35', e Nicolai Jorgensen, aos 37'. Porém, a ousadia do Vites teve mais sucesso: aos 40', de novo Openda venceu Senesi, cruzou, e Oussama Darfalou completou para o 1 a 0. Na etapa final, os visitantes de Roterdã correram atrás do empate. Mas faltou (muita) eficiência nas muitas chances. Aos 59', Jorgensen e Linssen tentaram à queima-roupa - o goleiro Remko Pasveer pegou os dois; aos 70', após bate-rebate, Linssen mandou por cima; nos acréscimos, Eric Botteghin errou desvio, e Luis Sinisterra cabeceou na trave. A sequência invicta (26 jogos) do Feyenoord acabava no jogo direto com o Vitesse, isolado em 3º.


ADO Den Haag 2x4 Ajax  (domingo, 20 de dezembro)

O Ajax até demorou para achar espaços contra o fechado ADO Den Haag - no começo, só um cabeceio de Klaas-Jan Huntelaar, aos 11', e um chute de Ryan Gravenberch, aos 17'. Mas quando o espaço se abriu, aos 22', com o 1 a 0 de Dusan Tadic, o espaço ficou aberto para a goleada Ajacied. Já aos 22', Huntelaar fez 2 a 0, de cabeça - falha do goleiro Luuk Koopmans. Aos 30', Labyad fez o terceiro. E aos 32', Huntelaar marcou 4 a 0, seu segundo no jogo. Mais chances vieram até para ampliar a vitória: Antony (33'), Tadic (34') e Daley Blund (37') erraram chutes. Parecia o surgimento de outro placar extravagante. Mas o Den Haag - que só aparecera no ataque com Michiel Kramer, aos 44' - melhorou na etapa final. Rapidamente diminuiu, com Kramer, aos 49'. E aos 70', Samy Bourard - que veio muito bem do banco - fez o segundo dos mandantes de Haia. Mas o Ajax, que teve chances ao longo da segunda etapa, conseguiu controlar os danos para seguir líder.


Heerenveen 1x2 Heracles Almelo  (domingo, 20 de dezembro)

Eram dois adversários sob alguma pressão: afinal, ambos não venciam havia cinco rodadas - com a situação do Heracles já começando a preocupar na tabela. Pois a primeira estocada dos visitantes de Almelo foi rápida e certeira: aos 6', em jogada individual, Delano Burgzorg chutou com precisão para o 1 a 0. Tendo força ofensiva, o Heerenveen foi atrás do empate. Quase o conseguiu, ainda no primeiro tempo, quando Henk Veerman mandou a bola na trave. Todavia, tão logo o segundo tempo se iniciou, os Heraclieden novamente foram precisos: num escanteio, aos 48', Silvester van der Water cobrou e Mats Knoester desviou de cabeça para o 2 a 0. Pouco depois, os mandantes da Frísia voltaram a ter alguma perspectiva de empate, com o belo chute de Joey Veerman que foi às redes aos 57'. Porém, na reta final, a expulsão do zagueiro Pawel Bochniewicz (agarrou Adrián Szöke aos 88') acabou com as chances do Fean - e deu o alívio ao Heracles, vencendo de novo fora de casa, após 15 partidas.


AZ 5x3 Willem II  (domingo, 20 de dezembro)

Mesmo como visitante, o Willem II começou trazendo mais perigo em Alkmaar, em jogadas pelas pontas. E o gol dos Tricolores veio com sorte - aos 16', Zakaria Aboukhlal cometeu gol contra. O AZ até começou a atacar de verdade - aos 29', Myron Boadu teve gol anulado -, mas a sorte era do Willem II: aos 36', após o VAR alertar pênalti de Calvin Stengs, Mike Trésor bateu e fez 2 a 0. Jogo perdido para os Alkmaarders? Teun Koopmeiners disse "não". Em cinco minutos (38' e 43'), o capitão do AZ empatou o jogo. Mais leve no segundo tempo, o time da casa já voltou virando rapidamente: aos 54', Stengs fez 3 a 2, em bela jogada. Aos 65', mandando a bola no ângulo, Fredrik Midtsjo fez o quarto gol. E aos 69', quando Midtsjo sofreu pênalti de Derrick Köhn, o cobrador oficial Koopmeiners permitiu que Jesper Karlsson batesse para o 5 a 2. Ché Nunnely ainda diminuiu no minuto final: era tarde para evitar mais uma vitória dos Alkmaarders - e para amenizar a péssima temporada que faz o Willem II. 

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Schrijvers: guardado na memória

Schrijvers passou longe de ser um dos grandes goleiros da Europa na década de 1970. Mas na Holanda, numa década de roda-viva na posição, teve presença marcante (Arquivo Nacional Holandês)

2020 tem sido um ano de muitos comentários e lembranças na Holanda (Países Baixos) sobre goleiros da década de 1970. Em primeiro lugar, as lamentações ocorridas em novembro passado, pela morte de Willem "Pim" Doesburg, arqueiro que fez história em Sparta Rotterdam e PSV - além de ter sido o jogador com mais atuações na história do Campeonato Holandês (687 jogos, entre 1962 e 1987). Também em novembro, foram as celebrações - poucas, mas notáveis - pelos 80 anos de Jan Jongbloed, guarda-metas da Laranja nas finais das Copas de 1974 e 1978. 

Pois bem: neste dia 15 de dezembro, faz aniversário (74 anos) um outro goleiro histórico da Holanda. Que também viveu seu auge nos anos 1970. Que foi contemporâneo de Jongbloed e Doesburg - aliás, os três foram os goleiros convocados para a seleção holandesa que disputou a Copa de 1978. Que também se notabilizou pela longevidade na carreira dentro de campo. Que após essa carreira, também ficou conhecido como um ex-goleiro capaz de boas avaliações sobre os sucessores de posição, na seleção e fora dela. Verdade, também dava sustos vez por outra, nunca foi incluído na lista dos melhores da Europa.

Mas, bem ou mal, Piet Schrijvers teve aparições na Laranja. Mais constantes até do que os outros colegas de geração. E por ter ficado um pouco mais conhecido, merece também um texto sobre sua carreira.

Começando depois, evoluindo antes

Nascido na pequena Jutphaas (tão pequena que nem existe mais - seu território foi anexado ao município de Nieuwegein, em 2005), Schrijvers começou a jogar na adolescência, em clubes amadores de duas cidades maiores próximas à terra natal. Em Utrecht, atuou pelo VV RUC; em Soest, no SEC. Mas sua carreira começou para valer mesmo já na reta final da adolescência, com a mudança para o HVC, clube amador de Amersfoort, também próxima a Utrecht. Foi por lá que, aos 16 anos, o goleiro já estreava no time principal do HVC, então disputando a terceira divisão.

No começo da carreira, Schrijvers saltou rápido até o destaque (Joop van Bilden/Anefo)

Lá, as atuações de Schrijvers chamaram a atenção a ponto dele já ser convocado para a seleção sub-19 da Holanda, em 1964, sob o comando do técnico Georg Kessler (que depois, o treinaria na Laranja adulta). E o salto posterior veio já em 1965: Schrijvers foi contratado pelo AFC-DWS, clube de Amsterdã que disputava a primeira divisão. Por sinal, o jovem chegou para a reserva de um nome que já tinha mais tempo de estrada - e que seria seu contemporâneo na seleção: Jan Jongbloed.

Mesmo com Jongbloed como titular, Schrijvers seguiu evoluindo na carreira. Teve uma pausa forçada, por um acidente automobilístico sofrido em 1965. Mas tão logo voltou, cresceu no AFC-DWS a ponto de tomar a titularidade. Ou, no mínimo, de dividi-la com Jongbloed. Até por isso, quando o técnico Leslie Talbot chegou ao clube de Amsterdã, logo após a temporada 1967/68, disse que Jongbloed seria seu titular e colocou Schrijvers à disposição para transferências, o goleiro atraiu logo a atenção de um clube de relativa grandeza no Campeonato Holandês. No caso, o Twente. Foi para lá que o goleiro rumou, em 1968.

Sempre a postos

Enfim, Schrijvers tinha um time para ser titular absoluto. Fez mais do que isso: junto a nomes como o zagueiro Kees van Ierssel e o meio-campista Epi Drost, Schrijvers foi um dos símbolos da primeira grande fase da história do Twente. Começando pelo terceiro lugar na temporada 1968/69 da Eredivisie, sua primeira no clube de Enschede. Mostrando alguma firmeza debaixo das traves, e um porte físico respeitável (até demais - sempre esteve acima do peso durante a carreira, beirando os 100 quilos), Schrijvers já recebeu um primeiro prêmio em 1969: ainda que na reserva de Jan van Beveren, veio a primeira convocação para a seleção holandesa adulta - por sinal, vinda do técnico Georg Kessler, o mesmo que lhe abrira espaço na seleção sub-19.

Nas temporadas seguintes, o Twente continuou com campanhas elogiáveis: quarto lugar na Eredivisie 1969/70, quinto lugar na Eredivisie 1970/71, a chegada às quartas de final da Copa das Feiras (antecessora da Copa da UEFA), também em 1970/71, só caindo para a Juventus. Schrijvers seguia como titular dos Tukkers. Mostrava cada vez mais firmeza no gol. A ponto de enfim ter estreado na seleção para valer, em dezembro de 1971, num amistoso contra a Escócia.

No Twente, Schrijvers (esticando o braço na foto) se consolidou como um dos goleiros mais notáveis de sua geração na Holanda (Arquivo ANP)

Todavia, seria a partir de 1972 que Schrijvers viveria a melhor fase da carreira. No Twente, foi o líder de uma defesa que sofreu somente 13 gols, sendo o ponto forte de uma equipe que voltou a terminar o Campeonato Holandês na terceira posição, em 1971/72. Na temporada seguinte, 1972/73, viriam desempenhos ainda melhores. Pela Eredivisie, o Twente alcançou o vice-campeonato; na já rebatizada Copa da UEFA, mais um vice-campeonato, com a equipe vermelha de Enschede só caindo para o Borussia Mönchengladbach na final.

Indiscutível no gol do Twente, Schrijvers só não era o titular no gol da seleção holandesa porque lá estava Jan van Beveren, o melhor dos arqueiros daquela geração. Ainda assim, era um reserva confiável. Provou isso em duas das três partidas em que atuou pela Laranja em 1973, nas eliminatórias da Copa de 1974. Uma delas, decisiva: na última rodada, contra a rival geográfica Bélgica, fora de casa. Em Bruxelas, no antigo estádio Heysel, Schrijvers ajudou a segurar o 0 a 0. E ajudou a colocar a Holanda na Copa.

Em suma: Piet Schrijvers podia não ser o titular, mas estava sempre a postos para cumprir a função.

Agarrando a oportunidade no Ajax

Com o titular Van Beveren lesionado (e já em rota de colisão com Johan Cruyff, o líder num grupo cheio de vaidades), o convocado Schrijvers chegou a sonhar com a titularidade na Copa de 1974. Mas as escolhas táticas de Rinus Michels para aquele torneio acabaram com tais chances: desejoso de um goleiro que soubesse trabalhar melhor com a bola nos pés - até mais do que com as mãos -, o treinador daquela histórica seleção escolheu um velho conhecido de Schrijvers para ser o primeiro goleiro neerlandês no Mundial: Jan Jongbloed, com quem se alternara nos tempos de AFC-DWS. Se servia de consolo, Schrijvers sempre foi o goleiro escolhido entre os cinco reservas a ficarem no banco, nas sete partidas em que a Laranja mostrou o ápice do Futebol Total.

Consolo maior ainda para Schrijvers veio logo depois. Procurando um titular, ainda em meio a reformulações após a saída de Johan Cruyff no ano anterior, o Ajax se interessou pelos dois principais goleiros convocados para a Holanda no Mundial - até porque o terceiro, Eddy Treijtel, era do arquirrival Feyenoord. Jongbloed declinou da proposta: preferiu continuar na titularidade e no ambiente mais tranquilo do FC Amsterdam, como era chamado o DWS desde 1972. Já Schrijvers agarrou aquela chance: tomou o caminho Ajacied em julho de 1974, logo após a Copa.

Por nove anos, Schrijvers foi titular absoluto no gol do Ajax - e se acostumou à torcida chamando-o de "urso", mais pelo porte físico do que pelas atuações (Arquivo ANP)

E pelos nove anos seguintes, Schrijvers foi titular absoluto na meta do Ajax. De vez em quando causava alguns sustos na torcida, pela falta de agilidade debaixo das traves. Tanto que, pelo porte físico pesado - com trocadilho -, para sempre o goleiro ganhou o apelido de "De Beer van de Meer" (em holandês, "O urso de De Meer", referência ao estádio do Ajax na época). Mas sua calma, sua experiência e seus conhecimentos na posição o mantiveram firme na meta dos Amsterdammers. Começava com Schrijvers a escalação do Ajax em cinco títulos holandeses - 1976/77, 1978/79, 1979/80, 1981/82 e 1982/83 -, duas Copas da Holanda - 1978/79 e 1982/83 - e em outras boas campanhas, como a chegada às semifinais da Copa dos Campeões em 1979/80.

Na seleção, frustração na grande chance

Enquanto se consolidava no Ajax, Schrijvers se mantinha nas convocações da seleção holandesa masculina. Em 1975, ainda se alternou nos titulares com Jongbloed e Van Beveren (então, num "armistício" com Cruyff). Mas em 1976, o "Urso de De Meer" se consolidou como o camisa 1 da Laranja. Foi o titular na fase final da Euro daquele ano, disputada na Iugoslávia. Passou relativamente incólume, numa campanha turbulenta da seleção batava. E se Jongbloed foi o goleiro mais escalado em 1977, quando a Copa de 1978 chegou, ambos foram convocados e seguiram candidatos à titularidade, numa interessante alternância de estilos. Schrijvers era um goleiro mais afeito a pegar bolas; Jongbloed atuava mais adiantado. Schrijvers se valia do porte físico mais avantajado; Jongbloed era mais ágil.

Pelo menos na fase de grupos daquele Mundial na Argentina, o técnico Ernst Happel preferiu Jongbloed como titular da Holanda. Porém, nas mudanças por que a escalação da Laranja passou para a segunda fase após um início inconstante, Happel (e seu auxiliar técnico, Jan Zwartkruis) preferiu mais segurança no gol. Entrava em campo Schrijvers, jogando na goleada sobre a Áustria, por 5 a 1, e no empate contra a rival Alemanha (2 a 2). Assim, provavelmente, o arqueiro camisa 1 seguiria titular. Porém, o jogo que valia a vaga na final daquela Copa também valeu uma das grandes frustrações na carreira de Schrijvers. 

Schrijvers conseguira chegar à titularidade na seleção masculina da Holanda durante a segunda fase da Copa de 1978. Mas uma dividida num gol sofrido acabou com seu sonho (Arquivo ANP)

Ela veio aos 26 minutos do primeiro tempo, num cenário já ruim: na jogada que rendeu o primeiro gol à Itália, adversária holandesa naquela partida, houve uma dividida tripla, com o atacante Roberto Bettega, o zagueiro Ernie Brandts e Schrijvers disputando a mesma bola. Bettega tocou e fez 1 a 0. Brandts atingiu involuntariamente a perna de Schrijvers. E o goleiro levou a pior: com muitas dores na tíbia, mesmo sem fratura, precisou ser substituído. Justamente quando tinha a grande chance de ser titular da Holanda numa ocasião grande como uma Copa (e dentro dela, numa final), Schrijvers teve de ver Jongbloed entrando para jogar na virada holandesa sobre os italianos (2 a 1), além de ser titular de novo na derrota para a Argentina, na final da Copa. Nem mesmo no banco Schrijvers ficou: ainda lesionado, deu lugar a Doesburg entre os cinco reservas holandeses da final.

A longo prazo

Pelo menos, após a Copa de 1978, com Jongbloed fora das convocações seguintes, Schrijvers enfim se consolidou como titular da Holanda, indo para os 32 anos de idade. O problema é que a Laranja começava a mergulhar numa profunda entressafra. Ainda conseguiu ir à Euro 1980, mas a geração que viveu seu apogeu em 1974 tinha se despedido da seleção (Cruyff, Willem van Hanegem) ou já caminhava para os últimos anos nela (Ruud Krol, os irmãos Willy e René van de Kerkhof, Robert Rensenbrink, Johnny Rep), e novatos como Jan Peters não traziam a confiança necessária.

Bem ou mal, Schrijvers foi o titular na Euro. Novamente sofreu com uma lesão - deu lugar a "Pim" Doesburg no 1 a 0 contra a Grécia, estreia holandesa naquele torneio continental -, mas concluiu a campanha na fase de grupos. Porém, com um grupo decadente e um técnico sem conseguir impor respeito, veio a eliminação precoce da Laranja. Mais do que isso: já naquela convocação, um dos três goleiros era um novato ousado de 23 anos. E Hans van Breukelen dava mostras de que não aceitaria ser tratado como café-com-leite nem pelo reserva Doesburg (37 anos em 1980), nem pelo titular Schrijvers.

Só veterano Schrijvers conseguiu ter boa sequência como goleiro titular da Laranja (Arquivo ANP)

Mesmo assim, Schrijvers seguiu como forte opção no gol da Holanda naquela primeira metade de década. Em 1981, mesmo com uma roda-viva de goleiros em amistosos (o também veterano Doesburg, Van Breukelen, uma experiência com Edward Metgod), ele ainda foi presença constante na fracassada campanha nas eliminatórias da Copa de 1982. A partir de 1982, começou a ser alternado com Van Breukelen na seleção. Ainda assim, foi titular em boa parte de 1983, na campanha de qualificação para a Euro 1984, outro doloroso fracasso naquela fase obscura da Holanda.

Até que a temporada 1983/84 representou um ponto da virada final na carreira do já veteraníssimo Schrijvers. Começando pela sua carreira em clubes: com os novatos Hans Galjé e Sjaak Storm pedindo passagem para disputarem a posição de goleiro do Ajax, ele preferiu deixar o clube, já em 1983 - teve propostas do Groningen e do canadense Edmonton Eagles, mas tomou o caminho do pequeno Zwolle. E em 1984, aos 37 anos, ele fez a última de suas 46 partidas pela seleção masculina da Holanda - goleada sobre a Dinamarca em amistoso (6 a 0, em março). No Zwolle, Schrijvers seguiu mostrando tanto a calma e a postura no gol quanto o porte físico cada vez mais pesado e lento - mas foi querido da torcida dos Zwollenaren. Que até criou um apelido para ele: se no Ajax foi "De Beer van de Meer", no Zwolle o goleiro virou "De bolle van Zwolle" (em holandês, "a bolota do Zwolle"). E mesmo com a queda do time para a segunda divisão, ao fim da temporada 1984/85, Schrijvers se despediu do futebol aclamado pelos companheiros e pela torcida, aos 38 anos, num amistoso de celebração.

O Zwolle pode até ter sido rebaixado no capítulo final da carreira de Schrijvers, mas ele foi aclamado - e até erguido por Frank Rijkaard no amistoso de celebração da carreira (Cor Mulder/Arquivo ANP)

Fora do gramado, dentro do futebol

Como vários outros casos na Holanda, Schrijvers parou de jogar mas começou a treinar. Aliás, fez isso no próprio Zwolle: já em 1985, tornou-se auxiliar técnico de Co Adriaanse no comando dos "Dedos Azuis". Em 1987, teve sua primeira experiência como técnico principal, treinando o Wageningen (segunda divisão). Demitido no ano seguinte, Schrijvers foi para outra função que poderia exercer bem: treinador de goleiros. Foi como trabalhou no Utrecht e no Twente, ganhando experiência que o fez um dos nomes mais respeitados dos Países Baixos quando o assunto era analisar guarda-metas - até mesmo os seus sucessores na seleção.

Como técnico, Schrijvers viveu um bom momento no começo da década de 1990, ainda na segunda divisão do país. No TOP Oss, ficou dois anos (1991 a 1993), ajudando na estruturação de um clube que estava recém-convertido ao profissionalismo; depois, o ex-goleiro treinou o AZ na temporada 1993/94, quase devolvendo a equipe de Alkmaar à primeira divisão - ela terminou em 3º lugar na Eerste Divisie. E sua carreira como treinador principal se encerrou de volta ao Zwolle, que comandou entre 1995 e 1996.

A partir de então, Schrijvers voltou a ser treinador de goleiros. Acumulou mais experiências na função - PSV, seleção da Arábia Saudita -, e até escreveu um livro sobre a posição ("Keepen is een kunst" - "ser goleiro é uma arte" -, lançado em 2002, em parceria com Yoeri van den Busken). Finalmente, parou de estar no meio do futebol em 2009, após comandar uma equipe amadora.

Schrijvers já começa a sofrer com o Mal de Alzheimer, mas sua fama como goleiro está garantida nos Países Baixos (Pim Ras)

E Schrijvers foi sempre voz muito ouvida quando o assunto era a posição de goleiro. Até 2019, quando o lançamento de sua biografia - "De Beer van de Meer", também em parceria com Yoeri van den Busken. Foi quando o ex-goleiro trouxe a triste notícia de que começava a conviver com os primeiros efeitos do Mal de Alzheimer.

Até por isso, neste aniversário de 74 anos que Piet Schrijvers celebra nesta terça-feira, merece ter um texto em sua celebração. Por mais que não tenha sido um goleiro mundialmente marcante, segue guardado na memória como um dos nomes importantes que a posição teve na Holanda (Países Baixos).

Piet Schrijvers
Data de nascimento: 15 de dezembro de 1946, em Jutphaas
Clubes: HVC (1963 a 1965), AFC-DWS (1965 a 1968), Twente (1968 a 1974), Ajax (1974 a 1983) e Zwolle (1983 a 1985)
Seleção: 46 jogos, entre 1971 e 1984

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Um jogo, um parágrafo, um vídeo: a 12ª rodada da Eredivisie

Heracles Almelo 1x2 Fortuna Sittard (sexta-feira, 11 de dezembro)

Chances, o Heracles criou. Numa delas, até, Rai Vloet chegou a colocar a bola nas redes, aos 24' - mas estava impedido, e o gol foi anulado. Bastou um avanço para o Fortuna Sittard, e veio o 1 a 0, aos 33', com certa sorte: Sebastian Polter cruzou, o zagueiro Marco Rente tentou afastar e cometeu o gol contra. Tal cenário seguiu semelhante no segundo tempo: os Heraclieden tentaram (Vloet finalizou perto do gol aos 49'), mas o Fortuna ficou mais perto do gol (como num cruzamento de Lisandro Semedo, aos 58'). E aos 60', em outro contra-ataque, fez o 2 a 0: Emil Hansson lançou, Polter tocou na saída do goleiro. Então, as chances se alternaram. De um lado, Polter quase fez 3 a 0 aos 73'; do outro, Delano Burgzorg acertou o travessão aos 74'. Por fim, de tanto tentar, o time da casa ainda diminuiu nos acréscimos, com Burgzorg. Mas mesmo com esse "abafa final", era tarde para evitar a primeira vitória fora de casa dos visitantes de Sittard em dois anos - e desde 2001 não vinham duas vitórias seguidas. Outra reação.


Groningen 2x0 RKC Waalwijk (sábado, 12 de dezembro)

Com dois clubes em campo para tentarem continuar suas ascensões na temporada (vinham de vitórias), o RKC Waalwijk foi mais ousado no primeiro tempo. Só que errou as poucas finalizações que teve, no desanimado primeiro tempo. Ahmed Touba cabeceou para fora aos 4', Finn Stokkers perdeu grande chance aos 17', Vurnon Anita mandou voleio para fora aos 30'. Logo que o segundo tempo começou, o Groningen esquentou mais a partida. E já foi mais eficiente: em escanteio aos 54', Ahmed El Messaoudi ajeitou a bola, tabelou e bateu para fazer 1 a 0. Só aí os visitantes de Waalwijk foram em busca do empate. Que só foi evitado pelo goleiro Sergio Padt, com boas defesas aos 60' (conclusão de Stokkers) e 72' (voleio de Anita). Aí, aos 76', o azar de Kostas Lamprou foi a sorte de Daniel van Kaam: o goleiro do RKC cobrou tiro de meta direto no meia-esquerda do Groningen, que dominou, chegou à área e fez 2 a 0, confirmando a boa fase que os Groningers vivem.


Emmen 1x1 ADO Den Haag (sábado, 12 de dezembro)

No "jogo dos desesperados" - entre último e penúltimo colocados do campeonato -, o Den Haag foi preciso em sua primeira estocada: aos 6', Lassana Faye cruzou, e Vincent Besuijen fez 1 a 0 para os visitantes. Só que o bom começo foi interrompido à força: aos 14', torcedores do Emmen presentes fora do estádio De Oude Meerdijk acenderam sinalizadores e fogos, a fumaça tomou conta... e os jogadores se recolheram por quase vinte minutos. Jogo recomeçado, o Emmen começou a ser mais perigoso, forçando o goleiro Luuk Koopmans a trabalhar - como em chute de Michael de Leeuw, aos 37'. Na etapa final, a pressão dos anfitriões em busca do empate ficou mais forte. Com bola na trave de De Leeuw, aos 47'; com erro de Sergio Peña, aos 63'; em chutes de Glenn Bijl... finalmente, o zagueiro Miguel Araujo aliviou com o empate, aos 72'. E ficou o empate no placar, sem facilitar a vida de nenhum dos dois times. Com dureza maior para o lanterna Emmen, ainda sem vitórias após 12 rodadas.


Ajax 4x0 Zwolle (sábado, 12 de dezembro)

Como o Ajax reagiria à derrota na rodada passada e a eliminação na Liga dos Campeões? Com gols. Aos 7', Klaas-Jan Huntelaar cabeceou para o 150º gol de sua carreira pela Eredivisie; e aos 11', Quincy Promes (titular) dominou o cruzamento de Antony e finalizou para o 2 a 0. De quebra, Promes quase marcou mais duas vezes: aos 18', em boa defesa do goleiro Michael Zetterer, e aos 40', acertando a trave. Antes mesmo desta última chance, Antony já fizera 3 a 0, aos 35'. E a vitória Ajacied estava praticamente garantida diante do Zwolle, que só teve leve chance aos 28', com Mike van Duinen. No segundo tempo, a tranquilidade dos mandantes de Amsterdã era tamanha que até entraram em campo dois estreantes no time principal: o meia Kenneth Taylor e o atacante Victor Jensen. Se eram necessárias chances, vinham coisas como a bola na trave de Lisandro Martínez, aos 78'. O Zwolle? Só chegou num chute de Kenneth Paal, aos 80'. E para confirmar uma goleada, Ryan Gravenberch mandou às redes, nos acréscimos. Vitória tranquila, para amainar qualquer sintoma de crise.


Vitesse 1x1 Heerenveen (domingo, 13 de dezembro)

Foi uma partida com duas metades bem estabelecidas - e não só pelos 45 minutos de cada uma. No primeiro tempo, a tônica foi o domínio do Vitesse. Oussama Tannane cobrou falta perto do gol, aos 17'; Million Manhoef teve uma excelente chance aos 20' - finalizou por cima do gol, à queima-roupa; Tannane exigiu boa defesa do goleiro Erwin Mulder em outra falta, aos 30'; e finalmente, num cruzamento de Tannane, aos 38', Oussama Darfalou (substituto de Armando Broja, infectado pelo novo coronavírus) completou para o 1 a 0 do Vites. Já no segundo tempo, o Heerenveen é que controlou o ritmo das ações, pelo menos no começo. Tanto que o empate dos visitantes da Frísia veio já aos 54', com dificuldades: o goleiro Remko Pasveer defendeu os chutes de Benjamin Nygrén e Sherel Floranus, e a bola só foi às redes no terceiro rebote, quando Floranus acertou a mira. Empatado o placar, as duas equipes ainda tentaram algo na reta final, mas nada conseguiram. Azar do Vitesse, que caiu para quarto.


VVV-Venlo 0x3 Feyenoord (domingo, 13 de dezembro)

Sim, o Feyenoord teve mais a bola e rondou mais o ataque desde que o jogo em Venlo começou. Mas daí a serem efetivamente perigosos, os visitantes de Roterdã demoraram. Só nos chutes de média distância o Stadionclub tentava algo: foi o que Steven Berghuis fez aos 14' e aos 32', e foi o que Orkun Kökcü fez até com mais perigo aos 32', mandando a bola no travessão. Mas não só era infrutífero, como o VVV-Venlo até assustava levemente, em tentativas de Evert Linthorst (aos 10', de cabeça, e aos 14'). No segundo tempo, a inapetência do Feyenoord no ataque seguia. Até que Berghuis deu um bom sinal, num chute rasteiro rente à trave, aos 66'. E o alívio dos Rotterdammers veio, enfim, aos 68': Jens Toornstra fez 1 a 0. Berghuis afastou o medo de vez aos 73', com um belíssimo gol em chute colocado. Os Venlonaren ainda assustaram num erro de Nick Marsman, aos 74' - mas Marcos Senesi consertou, evitando o gol de Torino Hunte. E Toornstra fez o terceiro aos 77', mantendo o Feyenoord invicto.


Willem II 1x3 Sparta Rotterdam (domingo, 13 de dezembro)

O Sparta demorou pouco para mostrar que manteria o embalo que vive nas rodadas mais recentes. Já aos 6', em escanteio, Lennart Thy ajeitou a bola na entrada da pequena área e concluiu para o 1 a 0. Depois, mesmo sem chegar com frequência, os visitantes de Roterdã sempre traziam mais perigo ao ataque - como na chance que Deroy Duarte teve, aos 14'. Aliás, coube ao próprio Duarte fazer o segundo gol dos Spartanen, aproveitando rebote, nos acréscimos. Superioridade flagrante, em relação a um Willem II que não dera um chute a gol nos primeiros 45 minutos. E que seguiu, com o 3 a 0 do Sparta, já no começo do segundo tempo - aos 51', aproveitando erro de Derrick Kohn na defesa. Só depois da porta arrombada o Willem II teve espaço para algumas chances no ataque, principalmente com Kwasi Vriedt e Vangelis Pavlidis. O grego até fez gol, aos 83', mas este foi anulado. O de Wriedt, nos acréscimos, ainda valeu. Nada que perturbasse o Sparta: já são três vitórias seguidas.


PSV 2x1 Utrecht (domingo, 13 de dezembro)

No começo, o PSV teve dificuldades para atacar, diante de um Utrecht fechado. E penou com os contragolpes puxados pelo veloz Gyrano Kerk. Ele iniciou a jogada terminada com chute de Sander van de Streek, para fora, aos 15'. E Kerk também chegou a balançar as redes, aos 16' - mas estava impedido, e o gol foi anulado. Se faltava espaço, o time da casa contou com seus destaques para chegar ao gol em Eindhoven. Aos 31', Mario Götze cruzou, e Donyell Malen fez 1 a 0, de letra; e aos 37', Mohamed Ihattaren fez ainda melhor - belíssimo chute no ângulo para o 2 a 0. O Utrecht assustou num chute de Kerk, aos 44', mas o PSV estava tranquilo - no segundo tempo, Philipp Max até cobrou falta na trave, aos 57'. Os Utregs só melhoraram com as entradas de Mimoun Mahi e Moussa Sylla, no ataque. No primeiro lance, aos 65', Mahi já forçou o goleiro Yvon Mvogo a fazer duas defesas. No segundo, aos 71', diminuiu para 2 a 1, aproveitando sobra de bola. E o Utrecht ameaçou empatar, no fim do jogo. Mas desta vez o PSV segurou a vitória - e foi à vice-liderança.


Twente 1x3 AZ (domingo, 13 de dezembro)

Desde o apito inicial em Enschede, as duas equipes foram bem ofensivas. O Twente, tendo mais a bola: no chute de Queensy Menig na rede pelo lado de fora aos 14', no chute do mesmo Menig que foi à trave aos 16', na finalização de (ainda) Menig no travessão aos 26'. Já o AZ, sem dois titulares, se protegia na defesa - e apostava nos contragolpes de Myron Boadu. Num deles, aos 34', o golpe certo dos visitantes: Boadu foi até à área, foi derrubado, pênalti, Teun Koopmeiners fez 1 a 0. Ficou melhor ainda para os Alkmaarders aos 43': num chute quase sem ângulo, Yukinari Sugawara fez 2 a 0. E o AZ pôde começar o segundo tempo mais tranquilo. Até com mais chances - como o de Jesper Karlsson, aos 62'. O Twente só foi reanimado por um pênalti: aos 73', Halil Dervisoglu foi derrubado por Calvin Stengs, e Danilo converteu. Aí, os Tukkers buscaram o empate... mas em outro contra-ataque do AZ, Jayden Oosterwolde derrubou Zakaria Aboukhlal. O juiz marcou pênalti, o VAR transformou o pênalti em falta... mas Koopmeiners não se importou: cobrança precisa para o 3 a 1 do AZ, aos 90'.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Um positivo, dois negativos

Na semana passada, quando terminou a quinta rodada das fases de grupos dos torneios europeus, um leve otimismo tomou conta dos times holandeses. Afinal de contas, só pensar na hipótese de quatro clubes dos Países Baixos avançarem às fases eliminatórias - um na Liga dos Campeões, três na Liga Europa - já era agradável, ainda mais sendo um país cujas participações em competições continentais andavam decepcionando muito, há algumas temporadas. Assim como era temeroso pensar na hipótese de três dos neerlandeses (o PSV já chegava a esta última rodada classificado) caírem. Bem, entre o melhor e o pior dos cenários, houve uma leve desvantagem para o último. Primeiro, pela decepção do Ajax na Liga dos Campeões. Depois, porque, se o PSV mostrou categoria em seu grupo, AZ e Feyenoord decepcionaram por razões diferentes, em suas respectivas eliminações na Liga Europa.

As tantas chances perdidas no ataque e a fragilidade na defesa cobraram a eliminação como preço duro ao AZ. Nos minutos finais dos jogos, só para doer mais e aumentar as turbulências (ANP) 

Se é possível dizer que alguma delas doeu mais, foi a da equipe de Alkmaar. Precisando da vitória contra o Rijeka croata, para ter uma das vagas do grupo F na segunda fase, o time holandês cumpriu o que o técnico Pascal Jansen (sucessor do demitido Arne Slot) prometeu: pressão desde o início. Myron Boadu teve duas chances de cabeça, aos 11' - o goleiro Nevistic pegou - e aos 23' - para fora. Jesper Karlsson também perdeu uma chance, num arremate cruzado aos 29'. Aos 41', quem mandou a bola pela linha de fundo foi Yukinari Sugawara. E nos acréscimos', Nevistic agarrou uma cobrança de falta de Teun Koopmeiners. Se o Napoli "ajudava" o AZ ao vencer momentaneamente a Real Sociedad, a equipe holandesa precisava de uma vantagem para se pacificar de vez. O 0 a 0 era perigoso, porque do nada, o Rijeka podia mostrar eficiência nos raros avanços. 

Aos 53', isso se comprovou: um descuido da defesa do AZ (já desfalcada pela saída de Bruno Martins Indi) e Luka Menalo recebeu passe, ficou livre na área e tocou na saída de Marco Bizot para o 1 a 0 da equipe croata. Pior do que a desvantagem, foi o time da Holanda seguir perdendo chances - uma delas, de Albert Gudmundsson, aos 55', incrível (livre, na pequena área). Porém, aos 59', a salvação pareceu vir, com o chute preciso de Owen Wijndal que empatou o jogo. Com o Napoli mantendo sua vitória, a vaga parecia próxima, mesmo com alguns sustos da defesa. Todavia, o sofrimento aumentou aos 81', com a expulsão - um tanto exagerada - de Karlsson, num pé alto. O AZ teria de se segurar na defesa. Mas num espaço de poucos segundos, nada disso valeu a pena. Em Nápoles, aos 89', William José empatou a partida para a Real Sociedad - e isso já eliminaria os Alkmaarders de qualquer jeito. Mas o Rijeka ainda jogou sal na ferida aberta: quase simultaneamente, aos 90' + 3, após jogada de Tibor Halilovic pela esquerda, Ivan Tomecak ficou livre na pequena área para o 2 a 1 do Rijeka. A incompetência ofensiva do AZ cobrava seu preço, da maneira mais cruel possível. E, de certa forma, aumentava a turbulência aberta pela polêmica demissão de Arne Slot.

Não se esperava muito do Feyenoord contra o Wolfsberger - e de fato, o Stadionclub ficou longe da vitória que lhe daria a classificação na Liga Europa (BSR Agency)

Se o AZ decepcionou porque teve muitas chances para se tranquilizar e desperdiçou todas (até literalmente, em campo), o Feyenoord cumpriu, de certa forma, a expectativa pessimista que a torcida tinha sobre o que ele podia fazer contra o Wolfsberger austríaco, também fora de casa. O tom negativo já começava a partir de mais uma reclamação do técnico Dick Advocaat sobre a falta de reforços para o Stadionclub: "Não acho que o Feyenoord seja um clube do topo, no momento. Clube do topo escolhe quem quer comprar e compra, como o Ajax". E o pessimismo foi justificado pelo que se viu no gramado. Não que o Wolfsberger fosse amplamente superior. Mas estava mais no campo de ataque - e até mesmo criava chances (como num chute de Dario Vizinger, aos 7'). A única vez em que os visitantes de Roterdã foram mais ameaçadores foi aos 23', quando Jens Toornstra chegou à área e arrematou, para a defesa de Alexander Kofler.

Logo depois, porém, novamente o Wolfsberger trouxe perigo, num arremate de Vizinger que o goleiro Nick Marsman espalmou, aos 27'. Logo depois, o gol do time da casa: aos 31', Matthäus Taferner ganhou de Orkun Kökcü na área, tocou para o lado, e Dejan Joveljic ficou livre para o 1 a 0 na pequena área. De quebra, aos 34', Vizinger quase fez o segundo - Marsman defendeu seu chute. E o marasmo começou ali, se espalhando por todo o segundo tempo. Porque o Wolfsberger foi bem pouco ao ataque na etapa final, só tentando o gol em chutes esparsos de Eliel Peretz e Michael Liendl. E nem precisava se preocupar com a defesa, tal a inação ofensiva do Feyenoord. Só num voleio de Luis Sinisterra, aos 84', pego por Kofler, a equipe holandesa trouxe algum perigo. O erro de Nicolai Jorgensen aos 88' (na pequena área, o atacante dominou e... chutou alto e sem rumo a ponto da bola sair pela linha lateral) foi um símbolo apropriado para a desoladora atuação dos Rotterdammers no jogo de sua eliminação.

Malen pode ter brilhado com mais um gol, mas Piroe também se destacou no fim da goleada do classificado PSV (BSR Agency)

A rigor, o time holandês que melhor jogou na rodada final da fase de grupos da Liga Europa foi justamente o que não precisava: o PSV. Recebendo o já eliminado Omonia Nicósia em casa, os Boeren foram dominantes sobre os visitantes do Chipre. Só Donyell Malen teve duas boas chances, aos 4' e aos 22'. Logo depois, Philipp Max também teve sua oportunidade, defendida pelo Fabiano. E foram justamente esses dois destaques os artífices da jogada do primeiro gol, aos 34': Max cruzou, Malen concluiu na pequena área, fazendo seu sétimo gol no torneio. A única razão a se lamentar foi a lesão aparentemente séria no joelho de Richard Ledezma - o meio-campista norte-americano, nome certo no time B dos Eindhovenaren, ganhava mais uma chance entre os titulares.

Ainda assim, o PSV se deu ao luxo de poupar titulares como o próprio Malen, já com substituições após o intervalo. Teve sua superioridade intacta durante todos os 90 minutos. Ainda mais após os 63', quando Denzel Dumfries converteu o pênalti que ele mesmo sofrera do recém-entrado zagueiro Jan Lecjaks para o 2 a 0. Se a vitória já estava garantida, Joël Piroe pôde ganhar boas razões para se lembrar do jogo - afinal, nos acréscimos, o atacante marcou duas vezes em dois minutos para transformar o triunfo em goleada e se tornar mais um nome a fazer dois gols em sua estreia num torneio europeu.

Se AZ e Feyenoord deixaram a Holanda (Países Baixos) no déficit pela Liga Europa, pelo menos o PSV estará vivo na segunda fase, junto ao Ajax. Caberá a ambos aumentar o saldo que ficou ligeiramente deficiente.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Decepção de novo

O de quase sempre para o Ajax: queda de forma em momentos decisivos da temporada, falta de alternativas táticas quando necessárias, mais uma decepção, cartão vermelho na Liga dos Campeões (ANP)

Quando o Ajax caiu para o Twente, sábado passado, na 11ª rodada do Campeonato Holandês, voltou a péssima sensação com que a torcida dos Amsterdammers já se acostuma: em dezembro, justamente na reta decisiva da primeira metade da temporada, a equipe ia fraquejar? Dias antes de um jogo decisivo, que poderia devolver a equipe às oitavas de final da Liga dos Campeões? Sim, ia. As ausências pesaram, novamente os Ajacieden tiveram seríssimas dificuldades contra um time que lhes impede de jogar como gostam (com velocidade, troca de passes, constantes chances de ataque)... e pela terceira temporada seguida, veio a eliminação na Liga dos Campeões, em plena Johan Cruyff Arena - e pela segunda temporada seguida, na fase de grupos.

A rigor, já no primeiro tempo ficou claro como o Ajax teria dificuldades para sobrepujar a Atalanta. Não era culpa de um ou outro jogador - até porque a principal novidade, Brian Brobbey, titular pela primeira vez na equipe profissional (no lugar do lesionado Lassina Traoré), fazia o que podia, tentando segurar a bola para poder fazer jogadas com quem viesse dos lados (Noussair Mazraoui ou Antony - Dusan Tadic apareceu pouco). Se havia algo a ser culpado, era a "filosofia tática" do Ajax. Que tem como seu "pecado original" jamais conseguir encontrar espaços para atacar quando o adversário está bem fechado.

E a Atalanta estava bem fechada. Com os constantes recuos de Marten de Roon e Remo Freuler para a defesa, eram até cinco jogadores impedindo espaços para chutes de fora, ou mesmo para jogadas do Ajax pelo lado. O máximo que se fazia eram cruzamentos - constantemente repelidos por Berat Djimsiti (fez isso aos 15') e Cristian Romero (aos 24', o argentino tirou bola na pequena área). De quebra, mesmo que nem precisasse da vitória, o time italiano tinha espaços para contra-atacar. E mesmo que não trouxesse perigo nem chutasse a gol, até que a Dea assustava mais. Fez isso aos 19', numa triangulação: Alejandro "Papu" Gómez lançou, Duván Zapata (outra atuação útil) ajeitou, De Roon finalizou para fora. 

Estreando entre os titulares do Ajax, Brobbey fez o que podia, mesmo sem muito espaço. E deu azar, precisando sair no intervalo (ANP)

Para piorar o perigo da armadilha em que o Ajax caía, Brobbey sofreu com um lance inesperado, ainda antes do intervalo: aos 42', num choque triplo, foi atingido involuntariamente por Nicolás Tagliafico e caiu grogue no chão. O jovem e corpulento atacante até se recompôs. Até teve uma finalização, a única do Ajax no primeiro tempo: nos acréscimos, completou cruzamento de Antony, para a defesa do goleiro Pierluigi Gollini. Mas não voltaria para o segundo tempo, substituído por Quincy Promes. No começo da etapa complementar, até que deu certo: o Ajax teve mais a presença de Tadic no ataque, mostrou mais volúpia com a bola nos pés. Mas o espaço continuou faltando.

E faltava por várias razões: a gradual queda de Promes em campo, a má atuação de Ryan Gravenberch, a falta de espaços que a Atalanta deixava para que Davy Klaassen se adiantasse ou fizesse lançamentos em profundidade, a incapacidade do Ajax em trazer perigo nas raras bolas aéreas, a dificuldade dos atacantes de ficarem com a bola nos pés. Houve apenas uma situação em que "a jogada do Ajax encaixou": aos 75', quando Promes passou a Antony, este deu a Jurgen Ekkelenkamp, e ele ajeitou de calcanhar para Klaassen finalizar, exigindo boa defesa de Gollini. Mas foi só. De resto, a Atalanta não só continuava tranquila, como voltava a ter espaços para contra-atacar. Aí, ajudava bastante Matteo Pessina, retendo a bola na frente e servindo de ajuda para "Papu" Gómez e Zapata.

A rigor, quando Gravenberch levou o cartão vermelho (aos 79', por acertar o rosto de "Papu" Gómez, levou o segundo amarelo), já ficava cada vez mais claro que outra decepção viria para o Ajax na Liga dos Campeões. Mas Luis Muriel, substituto de Zapata, estava à espreita para tentar o gol que consolidaria a atuação segura da Atalanta. Era só haver um espaço para aproveitar a chance. E ele veio aos 85', no passe em profundidade de Remo Freuler, após ganhar dividida de Ekkelenkamp. Muriel fez o que sabe: chegar à área, driblar o goleiro, fazer o gol. 

O gol que deu a todos que acompanham o Ajax a certeza de que seus erros crônicos, seu apego por vezes exagerado a uma filosofia de jogo, as infelicidades desta temporada (lesões, falta de forma física) o condenariam à Liga Europa. Mais do que isso: a certeza de que, de fato, a falta de competência rendia uma punição merecida ao time de Amsterdã. Chances para marcar gols contra Liverpool e Atalanta, houve. Mas o time não as aproveitou. Só ganhou as duas do Midtjylland. De resto, no duro, foi só mais um capítulo no museu de grandes decepções que o Ajax vive. De novo.

Liga dos Campeões - fase de grupos - Grupo D

Ajax 0x1 Atalanta

Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Data: 9 de dezembro de 2020
Árbitro: Carlos del Cerro Grande (Espanha)
Gols: Luis Muriel, aos 85'

Ajax
André Onana; Noussair Mazraoui, Perr Schuurs, Lisandro Martínez (Jurriën Timber) (Edson Álvarez) e Nicolás Tagliafico (Klaas-Jan Huntelaar); Ryan Gravenberch, Zakaria Labyad (Jurgen Ekkelenkamp) e Davy Klaassen; Antony, Brian Brobbey (Quincy Promes) e Dusan Tadic. Técnico: Erik ten Hag

Atalanta
Pierluigi Gollini; Rafael Tolói, Cristián Romero e Berat Djmsiti; Hans Hateboer, Marten de Roon, Remo Freuler e Robin Gosens (José Luis Palomino); Alejandro "Papu" Gómez e Matteo Pessina; Duván Zapata (Luis Muriel). Técnico: Gian Piero Gasperini

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Um jogo, um parágrafo, um vídeo: a 11ª rodada da Eredivisie

Sparta Rotterdam 2x1 Emmen (sexta-feira, 4 de dezembro)

Começando a renascer após um início péssimo de temporada, o Sparta Rotterdam rondou mais o gol do lanterna Emmen - incluindo até bola de Sven Mijnans no travessão, aos 18'. Mas o 1 a 0 dos Spartanen só saiu meio por acidente, aos 21': Glenn Bijl recuou mal a bola alta, e Deroy Duarte tocou para o gol. No fim do primeiro tempo, uma leve esperança para o Emmen: aos 43', o chute de Caner Cavlan exigiu boa defesa do goleiro Maduka Okoye. No começo do segundo tempo, a esperança ficou mais intensa: em escanteio aos 52', Michael de Leeuw completou, a bola desviou em Miguel Araujo e entrou para o 1 a 1. Mas o principal símbolo da reação do Sparta na temporada resolveu a vitória de uma maneira irretocável: Abdou Harroui se valeu de mais um belo chute, no ângulo, aos 58', para o 2 a 1 que estabilizou o time de Roterdã no meio da tabela. O lanterna Emmen ainda espera a primeira vitória.


RKC Waalwijk 3x2 VVV-Venlo (sábado, 5 de dezembro)

Com um empate e uma vitória nas últimas duas rodadas, o RKC Waalwijk chegava para a rodada com esperanças. Comprovadas no começo: o time da casa criou mais chances, e afinal fez 1 a 0 aos 30', com Finn Stokkers. Aí, os visitantes de Venlo se valeram do principal destaque: Georgios Giakoumakis. Convertendo o pênalti aos 35' - mão de Paul Quasten na bola, após escanteio -, o grego se isolou como o goleador do campeonato no momento, com sua 10ª bola na rede. No início do segundo tempo, ficou melhor ainda para os Venlonaren: de cabeça, aos 51', Vito van Crooij virou o jogo. Mas o melhor piorou bruscamente para o VVV logo depois: aos 55', o zagueiro Roy Gelmi foi expulso. Estava dada a senha para a pressão do RKC Waalwijk. Que conseguiu o êxito parcial com o empate de Ahmed Touba - chute com desvio, aos 75'. E teve o êxito total com a segunda virada, para 3 a 2, no chute forte de Lennerd Daneels aos 87'. Após um começo preocupante, o RKC está perto do meio da tabela.


Fortuna Sittard 3x2 Willem II (sábado, 5 de dezembro)

Mesmo em má fase, o Willem II tinha tudo para se impor diante do Fortuna Sittard, penúltimo colocado, certo? Errado: a eficiência dos mandantes nas chances ofensivas foi exemplar. Aos 9', no primeiro avanço do Fortuna, 1 a 0 - Lisandro Semedo completou o cruzamento de George Cox. Depois, a equipe auriverde se segurou contra os ataques dos visitantes de Tilburg. No segundo avanço, aos 30', bola alta, e Sebastian Polter foi derrubado por Jan-Arie van der Heijden: pênalti, Polter bateu, 2 a 0. E aos 44', um chute de Zian Flemming, com desvio, virou o 3 a 0 do Fortuna. O Willem II até criava - Ché Nunnely quase diminuíra, aos 30' -, mas nada de furar a defesa dos mandantes. Que ficaram ainda mais defensivos no segundo tempo. Até demais: aos 67', um chute de Vangelis Pavlidis diminuiu a vantagem. E o temor de um empate aumentou mais quando Van der Heijden diminuiu para 3 a 2, aos 87'. Mas o Fortuna Sittard se esforçou. E teve o prêmio: sua primeira vitória nesta Eredivisie.


Ajax 1x2 Twente (sábado, 5 de dezembro)

O Ajax bem que tentou se impor - já aos 3', Quincy Promes (no lugar do lesionado David Neres) chutou por cima. Porém, o Twente se mostrou bem postado na defesa, graças aos recuos de Wout Brama, formando uma linha de cinco marcadores. No ataque, Queensy Menig trazia perigo pela esquerda. Até que Menig chegou ao gol, aos 22', chutando em diagonal após boa subida do zagueiro Julio Pleguezuelo ao ataque. Só aí os Ajacieden foram ao ataque: Promes (aos 29'), Ryan Gravenberch (36'), Dusan Tadic (43')... quase todas as tentativas, agarradas por Joël Drommel. Para piorar, Lassina Traoré foi mais um lesionado - Brian Brobbey veio para o seu lugar. No começo do segundo tempo, o Twente voltou a assustar, com Vaclav Cerny e Danilo finalizando perto do gol. Mas o Ajax respondeu, com Antony, aos 56'. Aí, num pênalti de Brama em Zakaria Labyad aos 59', veio a chance do empate - e Tadic a aproveitou para o 1 a 1. Parecia a senha de mais tranquilidade. Que durou pouco: André Onana teve de trabalhar em chutes de Menig (62') e Danilo (67'). Os contra-ataques dos visitantes de Enschede eram mais perigosos. Até que, aos 84', em ótima jogada individual, Menig fez o gol de uma merecida vitória do Twente. Que aqueceu o campeonato. 


Zwolle 2x1 Vitesse (sábado, 5 de dezembro)

Com Riechedly Bazoer de volta após cumprir suspensão, o Vitesse começou o jogo no seu estilo, com três zagueiros. Jogando melhor. E rapidamente conseguindo o gol: logo aos 7', Oussama Darfalou fez 1 a 0. Porém, vantagem garantida, o Vites voltou à defesa para se resguardar. E o Zwolle começou a buscar o empate, com muitas chances - a maior delas, aos 43', quando Remko Pasveer defendeu bem o chute de Mike van Duinen. Sofrendo mais, o Vitesse começou o segundo tempo de volta ao ataque, acertando a trave duas vezes (Darfalou aos 48', de calcanhar, Loïs Openda aos 54', com desvio do goleiro Michael Zetterer). Porém, pouco depois, mais um cartão vermelho prejudicou os visitantes de Arnhem: aos 64', Idrissa Touré foi expulso. Na falta originada, jogada ensaiada, e Jesper Drost empatou, aos 66'. Finalmente, aos 74', Matus Bero derrubou Van Duinen na área, o juiz marcou pênalti, e Van Duinen virou o jogo. O Vitesse poderia ter subido à liderança, mas apenas amargou a frustração.


Feyenoord 0x0 Heracles Almelo (domingo, 6 de dezembro)

Com cinco jogadores na defesa - Giacomo Quagliata começou jogando na lateral esquerda -, o Heracles Almelo deixou claro que aguardaria os ataques do Feyenoord. Suas únicas tentativas no primeiro tempo vieram com Lucas Schoofs, aos 11', e Rai Vloet, aos 17'. Mas o Feyenoord respondeu mais forte ainda: aos 21', Jens Toornstra lançou, Nicolai Jorgensen ajeitou, e o voleio de Tyrell Malacia mandou a bola ao travessão. Logo depois, aos 24', Jorgensen ficou livre após lançamento longo, mas concluiu em cima do goleiro Janis Blaswich. No segundo tempo, o "ataque contra defesa" ficou ainda mais forte com a expulsão de Sinan Bakis, aos 66'. O Feyenoord teve mais atacantes em campo, com as entradas de Steven Berghuis (começou no banco, poupado) e até do jovem Marouan Azarkan. Mas continuou desperdiçando chances de gol. Blaswich espalmou o arremate de Orkun Kökcü aos 69'; Azarkan teve o domínio de bola impedido aos 85'; e nos acréscimos, Robin Pröpper evitou gol de Toornstra em cima da linha. Novamente, o Stadionclub tropeçou pela ineficiência.


AZ 1x2 Groningen (domingo, 6 de dezembro)

O abalo pela demissão inesperada e drástica do técnico Arne Slot era compreensível no AZ. Ainda assim, os Alkmaarders foram superiores ao Groningen no começo. A primeira chance foi aos 19', com Myron Boadu. Pouco depois, aos 21', o gol, numa jogada já previsível do time de Alkmaar: em escanteio, Bruno Martins Indi desviou, e Teun Koopmeiners completou de cabeça. Em desvantagem, o Groningen foi mais ao ataque - Ahmed El Messaoudi tentou aos 30'. Mas o lance que mudou o destino da partida só veio no segundo tempo: a expulsão de Fredrik Midtsjo, aos 57', deixando o AZ com dez em campo. Óbvio, os Groningers aumentaram a pressão. Até bola no travessão houve, aos 66', com Patrik Joosten. Mas foi El Messaoudi o nome da virada dos visitantes. Aos 69', ele desviou levemente um chute colocado de Joosten para o 1 a 1; e aos 74', ele arrematou da entrada da área para o 2 a 1. Não bastasse a derrota, o AZ ainda teve Martins Indi expulso, aos 85'. Mais um trauma.


Utrecht 1x1 ADO Den Haag (domingo, 6 de dezembro)

Ainda que o Utrecht esteja numa temporada decepcionante, sua situação é melhor do que a do Den Haag. E os Utregs comprovaram isso no primeiro tempo, criando mais chances de gol - com uma finalização estilosa de Mimoun Mahi como a mais perigosa delas. O ímpeto ofensivo do time da casa foi fortalecido no segundo tempo, com a entrada de Adrián Dalmau. E logo aos 48', veio o gol: numa sobra de escanteio rebatido, Mahi mandou a bola à área, e o zagueiro Justin Hoogma chutou forte para o 1 a 0. Parecia a abertura de uma vitória tranquila. Mas Dalmau acabou virando o "bode expiatório" do Utrecht: o atacante levou um cartão amarelo aos 56' (falta em Pascu), levou o segundo aos 69' (derrubou Kees de Boer), e foi expulso. Em vantagem numérica, o Den Haag foi com tudo em busca do empate. E conseguiu: aos 78', Michiel Kramer desviou cruzamento para o 1 a 1. Mais uma decepção para o Utrecht - e, se a situação do time de Haia segue difícil, pelo menos veio um ponto na rodada.


Heerenveen 2x2 PSV (domingo, 6 de dezembro)

O Heerenveen até criou a primeira chance - com Henk Veerman, logo aos 2'. Teve outra grande oportunidade aos 21', novamente com Henk Veerman. Mas o PSV logo impôs sua superioridade. Chegou pela primeira vez quando Olivier Boscagli quase fez um golaço, aos 21'. E finalmente, aos 28', fez 1 a 0 no Fean, em finalização classuda de Mario Götze. A vitória parecia garantida, e os visitantes de Eindhoven se resguardaram até demais. Senha dada para a pressão do Heerenveen em busca do empate. Que afinal veio, aos 69', com Henk Veerman - seu 10º gol na temporada. Diante de um PSV cansado, com vários destaques substituídos, o time da casa pressionou mais... e teve a virada, aos 78', numa bela jogada de Mitchell van Bergen. Já nos acréscimos, Ulysses Llañez quase ampliou. Fez falta, pois, no minuto seguinte, 90' + 2, Joël Piroe salvou o PSV. Que prendeu a respiração de novo, no fim frenético de jogo: Ibrahim Sangaré cometera pênalti, e chegou a ser expulso. Mas o VAR apontou impedimento de Henk Veerman na origem. Pênalti e expulsão revogados, ponto dos Boeren salvo.