terça-feira, 29 de junho de 2021

O círculo vai se quebrar?

A eliminação na Euro 2020 foi demais para Frank de Boer, visto com desconfiança desde antes de chegar à seleção da Holanda. Ele caiu. E a federação, que tanto tem errado na escolha dos treinadores, precisará acertar em pouco tempo (Pro Shots)

Quando foi contratado, só o benefício da dúvida ao qual todo ser humano tem direito permitia alguma confiança de que as coisas para Frank de Boer dariam certo na seleção masculina da Holanda. A desconfiança era gigantesca. Demorar quatro partidas para ter a primeira vitória sob seu comando não o ajudou. A campanha perfeita na fase de grupos da Euro 2020 rendeu só um leve crédito. Mas o modo desalentador com que os Países Baixos se renderam à República Tcheca na eliminação, nas oitavas de final, deixou claro que sua saída era um fato esperando para acontecer. Aconteceu: Frank se antecipou à decisão que fatalmente a federação holandesa tomaria. E a KNVB está de volta à estaca zero. A dois meses de uma sequência decisiva nas eliminatórias da Copa de 2022, terá de escolher um novo técnico para a Laranja. Sem poder errar. Até porque a entidade já colocou o comando da Oranje num círculo vicioso há muito tempo. Mais precisamente, desde 2014. 

Vale lembrar a história: já se sabia que Louis van Gaal deixaria a seleção após a Copa daquele ano. Ronald Koeman optara por não renovar contrato com o Feyenoord: esperava receber a proposta da federação para ser o sucessor de Van Gaal. Porém, Bert van Oostveen, então diretor de futebol profissional da federação, preferiu trazer Guus Hiddink (que se "candidatara" numa coluna de jornal) de volta, até a Euro 2016 - para que ele "preparasse" Danny Blind, que seguiria como auxiliar técnico, para se tornar o treinador neerlandês após a Euro. 

Deu tudo errado. Decadente para grandes trabalhos, com uma equipe taticamente frouxa sob seu comando, Hiddink preferiu antecipar a saída, ainda durante à problemática campanha nas eliminatórias da Euro 2016. Ainda sem preparação nem experiência suficientes para o cargo (só treinara o Ajax por alguns meses, entre 2005 e 2006), Danny Blind foi jogado à fogueira. Tinha tudo para dar errado. Deu errado: não só ele fracassou ao tentar arrumar a Holanda, que ficou mesmo fora daquela Euro, como seguiu sem atrair confiança nenhuma de torcida e imprensa. Foi demitido logo na quarta rodada das eliminatórias da Copa de 2018 - àquela altura, já sob outro diretor geral, o ex-goleiro Hans van Breukelen.

Aí, às pressas, Dick Advocaat teve de voltar à seleção pela terceira vez, para ocupar um papel que conheceu bastante em sua carreira: ser um "bombeiro", tentar consertar a situação com algum pragmatismo. Fez o possível, mas algumas derrotas (o 4 a 0 para a França) e o maior mérito da Suécia em aumentar seu saldo de gols deixaram a Laranja fora de uma Copa do Mundo, pela primeira vez após 16 anos. Só aí a federação viveu um cenário ideal: no começo de 2018, já com Eric Gudde como seu diretor geral, trouxe Ronald Koeman, o mais desejado por quem acompanhava futebol no país. Koeman podia estar em baixa, mas para o nível de jogos entre seleções, era capaz de fazer um trabalho decente. E fez: entre 2018 e 2020, ele conseguiu fazer o que se pede de qualquer equipe nacional - ou seja, aproveitar bem os nomes à disposição. A Holanda podia não ser brilhante, mas chegou ao vice-campeonato na Liga das Nações, e garantiu facilmente a vaga na Euro 2020. 

O diretor geral Eric Gudde escolheu certo quando trouxe Ronald Koeman para a Laranja, em 2018. O trabalho era bom. Mas aí, o azar arruinou (ANP)

Mas como em várias histórias tristes, o azar também deu seu empurrão. Eliminado de forma vexatória na Liga dos Campeões 2019/20 (um 8 a 2 do Bayern de Munique nas quartas de final), o Barcelona voltou a cortejar Ronald Koeman, como já fizera duas vezes antes. O técnico podia estar na seleção neerlandesa, mas nunca fez segredo: no seu plano de carreira, o ápice seria treinar o clube espanhol, em que fizera história como jogador. Tanto que, numa cláusula de seu contrato, constava: se o Barcelona, e só o Barcelona, fizesse uma oferta vantajosa, Koeman seria liberado pela federação sem problemas. O cavalo passava selado em sua frente pela terceira vez, o futebol ainda vivia relativa parada na pandemia... e Koeman decidiu realizar seu sonho. A KNVB ficava a ver navios.

E como sempre nos últimos anos, fazia a opção errada. Frank de Boer foi escolhido apenas por ser o único holandês imediatamente à disposição - Peter Bosz e Erik ten Hag, considerados os melhores do país, estavam empregados; Frank Rijkaard encerrara a carreira de técnico; Louis van Gaal, mesmo sempre deixando uma porta entreaberta, também parara. Havia 42 anos que um técnico estrangeiro não comandava a Laranja, desde o austríaco Ernst Happel. No que dependesse da federação, continuaria assim (muito embora o auxiliar Dwight Lodeweges, que até treinou a seleção como interino entre a saída de Koeman e a chegada de De Boer, seja canadense de nascimento).

Novamente, a escolha deu errado. E aí, entram mais problemas antes da falta de organização da federação holandesa sobre o que quer para a seleção masculina. Sem Erik ten Hag nem Peter Bosz, que seguem empregados, muitos nomes holandeses serão cogitados atualmente: Giovanni van Bronckhorst, Phillip Cocu, Ruud Gullit, talvez Clarence Seedorf, Henk ten Cate, talvez até tentar tirar Van Gaal da "semiaposentadoria". Nenhum deles é um técnico de ponta, na atualidade. Nenhum deles teria um nível muito diferente do que Frank de Boer teve, em seus 15 jogos na Oranje - oito vitórias, quatro empates, três derrotas -, ao longo de 279 dias.

Além do mais, já não há porque a Holanda ser tão ciosa de suas tradições, do fato de ter criado uma escola tática, porque ela já foi compreendida (e até superada) há muito tempo. Para isso, talvez fosse melhor trazer um treinador estrangeiro. Só que também não há muitos nomes à disposição. Saindo da seleção alemã, Joachim Löw talvez prefira treinar clubes, ou ficar um tempo parado; Arsène Wenger seria uma incógnita completa, parado há alguns anos; Zinedine Zidane é mais uma ideia de torcedor do que uma possibilidade factível.

Enfim, há poucas opções para a federação holandesa escolher, e tentar consertar o trabalho antes de três rodadas decisivas nas eliminatórias da Copa de 2022 (os Países Baixos enfrentarão Noruega, Montenegro e Turquia, três concorrentes à vaga no Mundial). Prestes a deixar a federação - Marianne van Leeuwen será sua substituta -, Eric Gudde tem pouco tempo para a escolha. E ela tem de ser quase perfeita. Fica a pergunta: quem quebrará o círculo vicioso entre os treinadores da Laranja?

domingo, 27 de junho de 2021

O castelo de cartas caiu

A Holanda vinha numa leve evolução durante esta Euro. Mas tinha erros. Foram duramente punidos pela República Tcheca, que fez a Laranja voltar várias casas com a eliminação na Euro (Pro Shots)

A seleção masculina da Holanda (Países Baixos) fizera uma boa fase de grupos. Ainda tinha defeitos a consertar - algumas fragilidades defensivas, por exemplo -, mas se notava uma leve evolução. Era como a lenta construção de um castelo de cartas. Tudo acabou bruscamente neste domingo. O castelo caiu, graças a um sopro da República Tcheca. Que impôs seu estilo de força física, bolas altas e mais segurança sobre o que fazer em campo, para superar uma Laranja atarantada, fazer 2 a 0 e ir às quartas de final da Euro. Pode ter sido uma surpresa, mas foi muito merecida.

No começo em Budapeste, até parecia que essa surpresa não aconteceria. Se a força da Tchéquia era o jogo pelo alto, a Holanda começou tentando: logo aos 8', num escanteio curto, Matthijs de Ligt podia até estar impedido, mas cabeceou e quase abriu o placar. Aos 13', outra bola alta quase abriu o caminho do gol: iniciando muito bem a partida na Ferenc Puskas Arena, Daley Blind lançou até o ataque, e Denzel Dumfries superou Tomas Kalas e o goleiro Tomas Vaclik, que saiu cedo do gol - só que Kalas se recompôs para evitar o 1 a 0, bloqueando o chute. Até ali, com relativa rapidez na troca de passes, aproveitando a escalação de Donyell Malen, a Holanda ensaiava o gol.

O ensaio acabou a partir da metade do primeiro tempo. Foi quando a República Tcheca começou a ter mais a bola nos pés. Começou a impor mais a sua força física, nas jogadas pelo alto - assim criou a primeira chance, aos 22', quando Petr Sevcik cruzou, e Tomas Soucek quase fez, de cabeça. E mostrou até velocidade na troca de passes (principalmente pela direita, com Vladimir Coufal): foi assim na grande chance dos tchecos durante a etapa inicial, aos 38', quando Lukas Masopust ajeitou e Antonín Barák só não abriu o placar porque De Ligt bloqueou seu chute na hora precisa. A Laranja não tinha mais espaço para trocar passes e acelerar o jogo. Só conseguiu fazer isso aos 31' (um chute de Malen bloqueado por Ondrej Celustka) e aos 39' (jogada individual de Dumfries, concluída com um chute rebatido por Vaclik). No mais, já chamava a atenção a quantidade de vezes em que Maarten Stekelenburg recebia a bola recuada, para recomeçar as jogadas com um chute longo. Sinal preocupante de falta de criatividade neerlandesa.

De Ligt sai, sozinho, após ser expulso. Já estava difícil para a Holanda. Ficou ainda mais (Getty Images)

No segundo tempo, poderia ter sido diferente a partir dos 52', quando Malen fez uma excelente jogada e ficou cara a cara com Vaclik, sem mais ninguém a marcá-lo. Preferiu tentar o drible, e o goleiro da Tchéquia, bem posicionado, fez a defesa. Dois minutos depois, outra bola alta. Superado (e levemente empurrado) por Patrik Schick, De Ligt escorregou. Decidiu evitar a sequência do lance pondo a mão na bola. Levou o cartão amarelo, inicialmente, mas o juiz Sergei Karasev ouviu o VAR, reviu o lance, viu que De Ligt interrompera a chamada "chance clara e manifesta de gol" e trocou o cartão. De amarelo para vermelho. A Holanda ficava com dez homens, sem um zagueiro. Seria um drama.

Drama aumentado pela polêmica substituição de Frank de Boer, minutos depois: preferiu tirar Malen, que vinha jogando bem mesmo com a grande chance perdida, para colocar Quincy Promes, como um "falso ala", para aumentar a quantidade de jogadores na defesa com a expulsão de De Ligt. Deu tudo errado. A bola já não seria mais da Holanda, mas da República Tcheca. Que pôde jogar como gosta, jogando a bola para o alto, aproveitando a firmeza dos seus jogadores - como Tomas Holes, de excelente atuação no meio-campo, neutralizando Georginio Wijnaldum. Que quase fez o gol com Schick, aos 60', e Pavel Kaderábek, aos 64' (grande bloqueio de Dumfries). 

Até que aos 68', num escanteio, Stekelenburg saiu mal do gol, Kalas ajeitou, e Holes teve o "prêmio" de fazer o 1 a 0. Foi a definição do jogo: uma Holanda desalentada, sem um chute a gol, sem uma alternativa para jogar além da sua preferencial, sem saber o que fazer. Diante de uma seleção segura, que sabia procurar bem os seus destaques, que tinha espaço para se impor. Foi assim a jogada do segundo gol, aos 80': Holes recebeu bola em contragolpe (após outra bola alta...), passou para o meio, e Schick estava lá para fazer o seu quarto gol na Euro.

O gol que simbolizou a queda do castelo de cartas da Holanda, cuja construção lenta no caminho desta Euro mal começou e já acabou, dizimada pela primeira seleção mais organizada que encontrou no caminho. 

Euro 2020 - oitavas de final
Holanda 0x2 República Tcheca

Local: Ferenc Puskas Arena (Budapeste)
Data: 27 de junho de 2021
Árbitro: Sergei Karasev (Rússia)
Gols: Tomas Holes, aos 68', e Patrik Schick, aos 80'
Cartão vermelho: Matthijs de Ligt, aos 55'

Holanda
Maarten Stekelenburg; Denzel Dumfries, Matthijs de Ligt, Stefan de Vrij, Daley Blind (Jurriën Timber) e Patrick van Aanholt (Steven Berghuis); Marten de Roon (Wout Weghorst), Georginio Wijnaldum e Frenkie de Jong; Memphis Depay e Donyell Malen (Quincy Promes). Técnico: Frank de Boer

República Tcheca
Tomas Vaclik; Vladimir Coufal, Tomas Kalas, Ondrej Celustka e Pavel Kaderábek; Tomas Holes (Alex Kral) e Tomas Soucek; Lukas Masopust (Jakub Jankto), Antonín Barák (Michal Sadílek) e Petr Sevcik (Adam Hlozek); Patrik Schick (Michael Krmencik). Técnico: Jaroslav Silhavy

segunda-feira, 21 de junho de 2021

A Euro começará agora

A Holanda entrou com as tarefas cumpridas contra a Macedônia do Norte. Pôde experimentar, e as experiências deram certo. Vale para provar possibilidades, porque agora o nível de exigência aumentará (Getty Images)

A seleção masculina da Holanda já estava tranquila, na última partida desta Euro 2020 (+1). Entrou em campo contra a Macedônia do Norte com as tarefas principais cumpridas: já estava classificada, já estava garantida com a primeira posição do grupo C. Talvez por isso, o jogo tenha sido pródigo em experiências no time. Elas deram certo, e a Laranja teve outra atuação segura e elogiável, com a vitória por 3 a 0. Mas as palavras dos jogadores e o cenário que se avizinha para as oitavas de final indicou: os 100 por cento de aproveitamento significam pouquíssimo. Só a partir de agora o time dos Países Baixos terá testes reais para a capacidade que ensaia provar nesta Euro.

De certa forma, isso foi muito visto nos primeiros 20 minutos do jogo em Amsterdã. Sim, a Holanda tentou impor velocidade no jogo. Contando com dois novos titulares (Ryan Gravenberch e Donyell Malen), buscou-se a pressão - a começar de um chute de Gravenberch, já aos 2'. Porém, com os avanços do meio-campo, abriam-se os espaços na defesa. Grande estrela do dia, saudado até pelo capitão Georginio Wijnaldum após anunciar o fim de sua carreira na seleção norte-macedônia, 122 jogos depois, Goran Pandev tinha rapidez nos passes, para nomes como Igor Trickovski e Aleksandar Trajkovski tentarem algo. Foi assim que Trickovski chegou a balançar as redes, aos 9', em jogada só anulada por impedimento. Foi assim que Trajkovski arrematou de fora da área, na trave, aos 22'.

Para a Holanda, embora houvesse a rapidez, e até a chegada ao ataque, faltava o chute a gol - algo exemplificado no cruzamento de Memphis Depay, aos 12', sem ninguém para concluir. Deixou de faltar só aos 24'. Aí, sim, a velocidade abriu espaço para o chute a gol: Depay novamente iniciou um rápido contra-ataque. Malen teve espaço para avançar e acelerar a jogada, pela direita. E seu cruzamento, completado sutilmente por Depay, enfim rendeu o 1 a 0 à Laranja. Era o começo de um momento de maior domínio neerlandês em campo, quase coroado aos 30', quando Malen cruzou e Denzel Dumfries quase terminou outra de suas chegadas velozes em gol, só impedido pela boa defesa do goleiro Stole Dimitrievski. A essa altura, a Macedônia do Norte já não tinha muito espaço, embora tivesse até mais posse de bola. Só Trickovski tentava chutes esparsos. 

Malen recebeu a chance. E se provou como ótima opção para ajudar Memphis Depay (Getty Images)

No começo do segundo tempo, com mudanças na Holanda (Jurriën Timber vinha para a zaga, e Steven Berghuis seria o ala direito no lugar de Dumfries), bem que os norte-macedônios tentaram acelerar mais as coisas no ataque. Só que dois momentos já impuseram o domínio definitivo da dona da casa na Johan Cruyff Arena. Aos 50', Memphis Depay cobrou escanteio, Matthijs de Ligt cabeceou, e o gol só foi evitado por Trickovski, em cima da linha. Segundos se passaram, e uma rápida troca de passes deu o 2 a 0 à Holanda: de Berghuis para Depay, de Depay para Wijnaldum fazer o seu segundo gol na Euro.

Estava iniciado o melhor momento da Holanda no jogo. A não ser por falta de Enis Bardhi aos 56' (Maarten Stekelenburg espalmou), a troca de passes envolveu totalmente a Macedônia. Fosse nas bolas longas de Frenkie de Jong - excelente atuação -, fosse nos toques curtos, as chances de gols se avolumavam. A primeira delas foi aproveitada, aos 58': numa ajeitada excelente de Malen, Depay perdeu seu chute, mas Wijnaldum fez 3 a 0 no rebote (segundo gol do capitão, goleador da Euro atualmente). Depois, Wijnaldum quase fez o terceiro, aos 62'. Mal Wout Weghorst entrou aos 67', mandou a bola no travessão. Até Timber (76') e De Ligt (88') tiveram suas chances de gol. A Macedônia do Norte já parecia mais disposta nas homenagens a Pandev, substituído sob aplausos generalizados, com direito a guarda de honra dos colegas de time. Só ameaçou num gol de Darko Churlinov, aos 71' - outro gol anulado por impedimento.

Entre aprovações maiores (como a de Malen, saudado pela excelente atuação) e desconfianças que seguem (como a lentidão para se defender dos contragolpes), a Holanda parece saber: fez uma boa primeira fase. Mas isso de nada adianta, diante de um cenário que torna bem possível um encontro com Portugal ou Espanha já nas oitavas de final, do próximo domingo. Agora, sim, a Euro vai começar para a Laranja. Agora, sim, ela terá que se provar.

Euro 2020 - fase de grupos - Grupo C
Holanda 3x0 Macedônia do Norte

Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Data: 21 de junho de 2021
Árbitro: István Kovacs (Romênia)
Gols: Memphis Depay, aos 24', e Georginio Wijnaldum, aos 50' e 58'

Holanda
Maarten Stekelenburg; Denzel Dumfries (Steven Berghuis), Matthijs de Ligt, Stefan de Vrij (Jurriën Timber), Daley Blind e Patrick van Aanholt; Ryan Gravenberch, Georginio Wijnaldum e Frenkie de Jong (Cody Gakpo); Memphis Depay (Quincy Promes) e Donyell Malen (Wout Weghorst). Técnico: Frank de Boer

Macedônia do Norte
Stole Dimitrievski; Stefan Ristovski, Darko Velkovski, Visar Musliu e Ezgjan Alioski;  Arijan Ademi (Boban Nikolov) e Enis Bardhi (Vlatko Stojanovski); Ivan Trickovski (Darko Churlinov), Elif Elmas e Aleksandar Trajkovski (Ferhan Hasani); Goran Pandev (Tihomir Kostadinov). Técnico: Igor Angelovski

 

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Sem brilho, com a vitória (e a vaga)

A Holanda brilhou menos do que na estreia. Mas conseguiu cumprir o que desejava: vitória, liderança do grupo e vaga nas oitavas de final (Pro Shots)

A seleção masculina da Holanda (Países Baixos) foi menos ofensiva em sua segunda partida na Euro 2020(+1). Seguiu mostrando algumas fragilidades na defesa, de vez em quando. Enfim, não mostrou o brilho ensaiado nos 3 a 2 da estreia contra a Ucrânia. Para ela, tudo bem: o pragmatismo lhe garantiu mais tranquilidade. Porque fez os gols que lhe possibilitaram controlar plenamente a partida contra a Áustria, vencendo por 2 a 0 e garantindo não só a classificação às oitavas de final, como também a primeira posição no grupo C. 

Para tentar criar no ataque, a Holanda investiu mais nos lançamentos longos, na fase inicial. No entanto, foi uma jogada individual que levou ao primeiro gol. Na verdade, a sequência dessa jogada: Stefan de Vrij (escalado inesperadamente na direita, com a volta de Matthijs de Ligt) veio da defesa ao ataque com a bola, mas preferiu cavar o pênalti. O juiz Orel Grinfeeld mandou seguir... só que, na sequência, Denzel Dumfries - outra vez muito ativo nos avanços pela direita - foi derrubado por David Alaba. O VAR alertou, o juiz reviu... e o pênalti foi marcado para Memphis Depay fazer seu primeiro gol na Euro, logo aos 10'.

Melhor para os Países Baixos. A entrada de De Ligt deixou a defesa mais segura. A ponto do time neerlandês poder se preocupar mais em controlar o jogo do que em tentar atacar. E ainda assim, sem o suspenso Marko Arnautovic, a Áustria perdia força ofensiva. Só trouxe algo mais perigoso aos 27', quando Christoph Baumgartner tentou jogada pela esquerda, e chutou, mas foi bloqueado por De Ligt. E a Laranja controlava o jogo, pela capacidade de Frenkie de Jong e Georginio Wijnaldum com a posse de bola: tanto para segurar, quanto para roubar, e ainda para avançar com ela. Ainda assim, só voltou a ameaçar no fim do primeiro tempo em Amsterdã, pelos avanços de Patrick van Aanholt. O primeiro rendeu inversão para Wout Weghorst cruzar - e Memphis Depay perder excelente chance. No minuto seguinte, de novo Van Aanholt cruzou, para Georginio Wijnaldum bater - aí, mérito de Andreas Ulmer, que evitou o gol com o pé, na pequena área.

Tais chances poderiam ter feito falta, diante de um adversário mais forte. Porque, em que pese uma chance de Wijnaldum no começo do segundo tempo, aos 49', a Áustria teve mais espaço para tentar o ataque, diante de uma Holanda excessivamente cautelosa. Só faltou o poderio ofensivo, mesmo: de chances reais, os austríacos só tiveram o chute de Marcel Sabitzer, impedido por Daley Blind aos 58'. Era a senha: para não ter uma péssima surpresa, a Oranje precisava voltar a avançar. Voltou aos 61': numa bola parada (escanteio de Depay), Weghorst só teve o gol impedido pela defesa de Daniel Bachmann - e De Ligt, pela perna de Aleksandar Dragovic na pequena área.

Dumfries (direita) voltou a brilhar: avançou bastante, sofreu o pênalti do primeiro gol, ele mesmo fez o segundo (Pro Shots)

Aí entraram os méritos de Frank de Boer - sim, ele os tem. Uma das alterações feitas logo depois deu certo: Donyell Malen trouxe a velocidade que Weghorst já não poderia dar no ataque. Praticamente em sua primeira colaboração, ele puxou o contragolpe que Dumfries concluiu, para o 2 a 0 que premiou outra excelente atuação do lateral direito - e tranquilizou de vez a Laranja. Vieram apenas lances esparsos da Áustria depois. Um chute de Alaba aos 81', um cabeceio de Karim Onisiwo aos 84', e mais nada. Além do mais, Wijnaldum e Frenkie de Jong seguiram com o domínio no meio-campo.

Se a vitória na estreia foi animadora, o segundo triunfo da Holanda na Euro teve menos brilho. Algo compensado pela garantia de que a Laranja não passará vexame: já está com o primeiro lugar assegurado no grupo C, já está nas oitavas de final. Só não está firme, ainda.

Euro 2020 - fase de grupos - Grupo C
Holanda 2x0 Áustria

Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Data: 17 de junho de 2021
Árbitro: Orel Grinfeeld (Israel)
Gols: Memphis Depay, aos 10'; Denzel Dumfries, aos 67'

Holanda
Maarten Stekelenburg; Denzel Dumfries, Matthijs de Ligt, Stefan de Vrij, Daley Blind (Nathan Aké) e Patrick van Aanholt (Owen Wijndal); Marten de Roon (Ryan Gravenberch), Georginio Wijnaldum e Frenkie de Jong; Memphis Depay (Luuk de Jong) e Wout Weghorst (Donyell Malen). Técnico: Frank de Boer

Áustria
Daniel Bachmann; Stefan Lainer, Aleksandar Dragovic (Philipp Lienhart), Martin Hinteregger e Andreas Ulmer; David Alaba, Konrad Laimer (Florian Grillitsch), Xaver Schlager (Karim Onisiwo) e Christoph Baumgartner (Valentino Lazaro); Michael Gregoritsch (Sasa Kalajdzic) e Marcel Sabitzer. Técnico: Franco Foda

 

domingo, 13 de junho de 2021

Treino foi treino, jogo foi jogo

A alegria com o gol de Denzel Dumfries, em uma vitória que parecia fácil e virou difícil, simbolizou: bastou a estreia para a Holanda se animar na Euro masculina (Pro Shots)

Testas franzidas, olhares de soslaio, desconfianças. Era assim que a seleção masculina da Holanda era vista, desde a preparação para a Euro 2020 (+1). E as atuações dentro de campo não davam muita razão para que fosse diferente. Pois bem: se as fragilidades nos amistosos aumentaram a má impressão, a Laranja fez tudo ficar diferente nos 90 minutos do 3 a 2 contra a Ucrânia, na estreia pela Euro. Sim, os erros ainda seguem, foram reconhecidos, permitiram que os ucranianos voltassem ao jogo. Ainda assim, mais do que os gols, o esforço e o ritmo intenso vistos em quem vestiu laranja na partida em Amsterdã já serviram para satisfazer bastante a torcida.

A atenção com que a Oranje entrou em campo na Johan Cruyff Arena já ficou visível logo aos dois minutos, quando Memphis Depay foi veloz no contragolpe, driblando Mykola Matviyenko e chegando livre para a primeira chance de gol, defendida por Heorhiy Bushchan. Pouco a pouco, dominando a bola (foram quase 70% de posse nos 45 minutos iniciais), a equipe foi prensando a Ucrânia no campo de defesa. Com um Denzel Dumfries como opção constante no ataque, provando a melhora; com Georginio Wijnaldum muito destacado na criação de jogadas; com Memphis Depay sempre rápido nos toques; com tudo isso, as chances apareceram. Bushchan trabalhou bastante: impedindo chute de Dumfries com os pés aos 6', evitando que Wout Weghorst o driblasse para o gol aos 27', rebatendo voleio de Wijnaldum aos 39'. Isso, sem contar as chances perdidas por demérito dos próprios neerlandeses - Wijnaldum aos 7' e, principalmente, o cabeceio de Dumfries, aos 40'.

O que não quer dizer que a Holanda foi perfeita no primeiro tempo. Longe disso. Mesmo com a mudança na lateral esquerda - Patrick van Aanholt começou jogando -, o setor continuou frágil. Por ali a Ucrânia deu seus raros sustos no primeiro tempo. Principalmente aos 15', num chute de Roman Yaremchuk, e aos 30', quando Andriy Yarmolenko também arrematou. Nesses dois momentos, foi a vez de Maarten Stekelenburg justificar sua titularidade na Euro: fez duas defesas seguras. Todavia, a lentidão holandesa pela canhota era motivo de preocupação. O único, até, num primeiro tempo animador, em que faltara só o gol. De um lado ou do outro, já que os dois times fizeram por merecer.

Não faltou mais no segundo tempo. Enfim, a rapidez da Laranja no ataque conseguiu pegar a Ucrânia desprevenida, tão logo o segundo tempo começou. A velocidade de Dumfries na direita superou facilmente Vitaliy Mykolenko rendeu muitas jogadas... começando pelo primeiro gol, aos 52', quando Wijnaldum aproveitou o rebote de Bushchan. E continuando aos 59', quando o camisa 22 cruzou para Weghorst marcar o 2 a 0, coroando, de certa forma, o esforço que tanto fez para chegar à Euro. Com um ataque veloz, com a defesa sendo bem controlada por Stefan de Vrij... os Países Baixos pareciam controlar o jogo.

A Holanda caiu de produção por poucos minutos - suficientes para a Ucrânia chegar ao empate e fazer a torcida toda temer a decepção (European Press Agency)


Só pareciam. Porque Frank de Boer fez mudanças: Wijndal no lugar de Van Aanholt, e Nathan Aké no lugar de um Daley Blind ainda amedrontado pelo trauma da parada cardiorrespiratória que ameaçou a vida de Christian Eriksen. As alterações foram criticadas, ao tirar o bom ritmo que a Holanda imprimia ao jogo. Nesse período de acertos, a Ucrânia voltou ao jogo num átimo: o brilhante átimo de Yarmolenko, que acertou chute no ângulo para um golaço que diminuiu o placar, aos 75'. A própria torcida, antes empolgada, sentiu o medo. O próprio time se retraiu. E numa falha de marcação, aos 79', Yaremchuk cabeceou para o 2 a 2 que seria uma ducha de água fria.

Só não foi porque, aos 85', uma falha de Bushchan na reposição de bola deixou Wijndal com a bola. Ele passou a Aké, pronto para o cruzamento. Aí, Dumfries cabeceou. E acertou as redes, consertando o seu erro do 1º tempo na melhor maneira possível: fazendo o 3 a 2. Seu primeiro gol pela seleção veio na mais necessária das horas, garantindo vitória útil na tentativa de classificação em 1º lugar no grupo. Melhor ainda: a intensidade vista no time que foi a campo provou que a seleção teve a concentração que o jogo pediu. Numa frase: para a Holanda, treino foi treino, jogo foi jogo. E na hora do jogo, ela provou seu valor.

Euro 2020 - fase de grupos - Grupo C
Holanda 3x2 Ucrânia

Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Data: 13 de junho de 2021
Árbitro: Felix Brych (Alemanha)
Gols: Georginio Wijnaldum, aos 52', Wout Weghorst, aos 59', Andriy Yarmolenko, aos 75', Roman Yaremchuk, aos 79', e Denzel Dumfries, aos 85'

Holanda
Maarten Stekelenburg; Denzel Dumfries, Jurriën Timber (Joël Veltman), Stefan de Vrij, Daley Blind (Nathan Aké) e Patrick van Aanholt (Owen Wijndal); Marten de Roon, Georginio Wijnaldum e Frenkie de Jong; Memphis Depay e Wout Weghorst (Luuk de Jong). Técnico: Frank de Boer

Ucrânia
Heorhiy Bushchan; Oleksandr Karavaev, Illia Zabarnyi, Mykola Matviyenko e Vitaliy Mykolenko; Oleksandr Zinchenko, Serhiy Sydorchuk e Ruslan Malinovskyi; Andriy Yarmolenko, Roman Yaremchuk e Oleksandr Zubkov (Marlos) (Mykola Shaparenko). Técnico: Andriy Shevchenko.

domingo, 6 de junho de 2021

Uma melhora (muito) pequena

A Holanda preocupou de novo contra a Geórgia. Mas por méritos de nomes como Memphis Depay, conseguiu uma vitória que alivia um pouco as coisas antes da estreia na Euro (Pro Shots)


A desconfiança continua gigante. Há quem diga que a seleção masculina da Holanda voltou aos tempos de pessimismo generalizado, como há alguns anos. Além do mais, alguns problemas seguiram sendo vistos contra a Geórgia, em Enschede, no último amistoso de preparação antes da Euro 2020. Porém, é justo dizer que houve pontos de melhora, aqui e ali. E eles foram responsáveis pela vitória por 3 a 0 que pode não convencer ninguém, mas pelo menos tranquiliza as coisas na Laranja nesta última semana de treinos antes da Euro, já de volta aos Países Baixos, no centro de treinamentos da federação.

De certa forma, os primeiros dez minutos exemplificaram bem os problemas do time de Frank de Boer - e as soluções que surgiram para minorar o impacto deles. A defesa já começou frágil: aos 2', Saba Lobzhanidze teve espaço na direita, driblando Daley Blind e chegando à área. Pelo menos, Maarten Stekelenburg (titular no gol durante o amistoso) defendeu o chute. E na frente, se Owen Wijndal seguiu tímido no ataque, Denzel Dumfries já apareceu bem mais como opção de jogadas. Foi assim, por exemplo, que o lateral direito chegou à área e sofreu do georgiano Lasha Dvali o pênalti que Memphis Depay converteu para o 1 a 0.

Por falar em Memphis, o camisa 10 está cumprindo muito bem até aqui o que se espera dele nesta seleção: ser a principal referência do ataque. Novamente Depay deu bons passes, apareceu para finalizar jogadas (só não fez gol aos 15' porque o goleiro Giorgi Loria fez excelente defesa), atraiu mais para o jogo nomes como Wout Weghorst - chutou para Loria espalmar aos 37' - e Frenkie de Jong - Loria também impediu seu gol, aos 43'. Trocando em miúdos: Memphis chamou a responsabilidade. O que não quer dizer que a Holanda deu segurança. Na defesa, Daley Blind (voltando após lesão) e Wijndal deixaram a esquerda frágil, à mercê das tentativas de Lobzhanidze. E até na direita houve espaço para alguns ataques georgianos. Por exemplo, a tentativa de Valerian Gvilia, para fora, aos 31'.

Weghorst comemorou muito o seu gol. Teve mais razões para comemorar: pelo menos por enquanto, garantiu a titularidade na seleção (Pro Shots/Stanley Gontha)

No começo do segundo tempo, com a Geórgia rondando mais o ataque, temeu-se até outro empate. Aí entrou Weghorst. Aqui e ali, o atacante deixava claro o quanto queria uma chance na seleção masculina holandesa. Ela veio. E ele, enfim, aproveitou: participando mais das jogadas, mostrando mais dinamismo com a bola no chão, Weghorst tinha a chance de gol ("Eu tinha a sensação de que seria um dia especial", celebrou após o jogo). E ele aproveitou uma delas, fazendo 2 a 0 aos 55' e comemorando demais a bola que colocara nas redes. Saindo ovacionado pela torcida, já é possível dizer: Weghorst foi o outro destaque da Laranja além de Memphis, tranquilizou a partida, começará a Euro como titular.

Só após o segundo gol é que a Holanda apagou suas fragilidades diante da Geórgia. Teve mais chances para gol: Dumfries novamente quase marcou aos 58' (chute na rede pelo lado de fora, após desvio), Stefan de Vrij cabeceou por cima após o escanteio da sequência, Loria impediu mais um gol de Depay aos 66'. Até Marten de Roon, justamente criticado por suas falhas no primeiro tempo - foi quem mais perdeu bolas -, quase marcou gol num bonito voleio, aos 75'. Ficara claro que as alterações haviam acelerado mais a Laranja. E um dos nomes que vieram do banco foi premiado por esse alerta maior: Ryan Gravenberch, autor do gol que fechou a vitória, aproveitando rebote de chute de Memphis Depay (quem mais?).

Os defeitos seguem, a melhora da Holanda foi muito pequena, a vitória não enganou ninguém. O capitão Wijnaldum reconheceu, após o jogo: "A torcida e a imprensa podem continuar críticos, não podemos fugir disso". Só um triunfo contra a Ucrânia, na estreia pela Euro, daqui a uma semana, vai trazer uma tranquilidade mais duradoura. No entanto, obviamente, é bem melhor ir para o objetivo principal com uma vitória. 

Amistoso 

Holanda 3x0 Geórgia

Local: De Grolsch Veste (Enschede)
Data: 6 de junho de 2021
Árbitro: Erik Lambrechts (Bélgica)
Gols: Memphis Depay, aos 10', Wout Weghorst, aos 55', e Ryan Gravenberch, aos 76'

Holanda
Maarten Stekelenburg; Denzel Dumfries, Jurriën Timber (Steven Berghuis), Stefan de Vrij, Daley Blind (Nathan Aké) e Owen Wijndal (Patrick van Aanholt); Marten de Roon, Georginio Wijnaldum (Davy Klaassen) e Frenkie de Jong (Ryan Gravenberch); Memphis Depay e Wout Weghorst (Donyell Malen). Técnico: Frank de Boer

Geórgia
Giorgi Loria; Otar Kakabadze, Lasha Dvali, Guram Kashia e Guram Giorbelidze; Valerian Gvilia (Nika Kvekveskiri) e Davit Khocholava (Jaba Jighauri); Saba Lobzhanidze (Zuriko Davitashvili), Otar Kiteishvili (Sergo Kukhianidze) e Giorgi Aburjania (Murtaz Daurshvili); Budu Zivzivadze (Georges Mikautadze). Técnico: Willy Sagnol

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Muros fortes e muros frágeis

Nem mesmo a tentativa de proteger mais a defesa com cinco jogadores deu certo: o empate contra a Escócia deixou claro que a Holanda precisa melhorar até a Euro - e rápido (Pim Ras Fotografie)

A seleção masculina da Holanda tinha um desafio de dificuldade razoável no amistoso contra a Escócia, nesta quarta-feira. Afinal, os escoceses mostram firmeza defensiva capaz de frear a maior capacidade ofensiva da Laranja. E pelo que se viu na cidade portuguesa de Faro, no empate em 2 a 2, a equipe britânica também foi capaz de deixar claro: mesmo supostamente mais protegida num esquema com cinco jogadores na defesa, a equipe neerlandesa ainda está frágil na defesa. Só Memphis Depay evitou a derrota, contra uma seleção sem sete jogadores, afastados por precaução após John Fleck testar positivo para o coronavírus.

Foi até curioso. Afinal de contas, a primeira chance de gol do amistoso foi holandesa - um chute de Denzel Dumfries na rede pelo lado de fora, aos 7'. Todavia, bastou a primeira desatenção para a primeira punição à Holanda: aos 11', tentando sair para o jogo, Marten de Roon passou a bola a Memphis Depay, este demorou... e deixou Jack Hendry livre com a bola, para chutar de fora e fazer 1 a 0 (terceiro gol de fora da área sofrido por Tim Krul nos últimos quatro jogos). Aí, os minutos seguintes deixaram claro como os treinos precisam ser intensivos para fazer os jogadores se acostumarem ao 5-3-2. Com Dumfries e Owen Wijndal deixando espaços nas respectivas laterais, a Escócia chegou mais perto da área logo após abrir o placar. Lyndon Dykes (boa atuação) poderia até ter feito o segundo aos 12', mas Krul fez boa defesa.

Pelo menos, a Holanda jogou água fria na fervura ao empatar com relativa rapidez, aos 17'. Por sinal, o lance do empate trouxe alguns raros nomes que se destacaram pela Oranje em Faro. Primeiro, Jurriën Timber: em sua primeira partida pela seleção adulta na carreira, o zagueiro não só foi o melhor da linha de cinco, como fez lançamento preciso para o ataque. Se só atuou meia hora (como Frenkie de Jong), só para Frank de Boer vê-lo jogando, Georginio Wijnaldum colaborou, escorando. E Memphis Depay fez o que se espera dele: chamou a responsabilidade, chutando para o 1 a 1.

Além da boa estreia de Timber na zaga, Memphis Depay foi o único ponto positivo da Holanda no amistoso (Pim Ras Fotografie)

O que não quer dizer que as coisas melhoraram para os Países Baixos no amistoso. Na verdade, nem para a Escócia: com duas equipes se resguardando (não só no jogo, mas para a Euro), quase não se viram lances de perigo no resto do primeiro tempo: um cruzamento de Dumfries aos 22', outro de Kieran Tierney aos 36', e nada mais. Na etapa complementar, a situação seguiu a mesma. Nem mesmo a dupla Ryan Gravenberch-Davy Klaassen, entrosada dos tempos de Ajax, fazia coisa que chamasse a atenção, mesmo vindo a campo logo após a primeira meia hora de jogo. Pelo lado da Holanda, a única jogada que mereceu ser chamada de "chance" foi um cabeceio sem rumo de Dumfries, aos 53'.

Pelo lado da Escócia, se as chances também eram poucas, pelo menos o espaço nas laterais seguia. Bastou mais competência nas jogadas para o segundo gol, aos 64': um rápido lançamento, um cruzamento preciso de Andrew Robertson, e Kevin Nisbet fez 2 a 1 como seu primeiro ato no jogo (acabara de substituir Sykes). Só aí a Holanda pareceu ganhar mais movimentação. Curiosamente, foi com as entradas de Steven Berghuis e Patrick van Aanholt, fazendo a seleção voltar a jogar com três atacantes, que a seleção laranja pressionou mais a Escócia. Foram mais cruzamentos, mais chegadas à área - a mais perigosa, com Van Aanholt chutando, e o desvio dificultando a defesa do goleiro Craig Gordon, aos 80'.

Diante disso, foi até curioso que, com tantas jogadas pelas pontas, o empate tenha saído só numa bola parada, aos 89', quando Memphis Depay cobrou falta sofrida por Berghuis. Foi um empate salvador. Mas não adiantou para melhorar a preocupante impressão que a Holanda deixou, em seu penúltimo amistoso antes da Euro. Se o muro da Escócia se revelou forte na defesa, o muro neerlandês imaginado com os cinco zagueiros ainda tem certas fragilidades. E só faltam nove dias para a Euro...

Amistoso

Holanda 2x2 Escócia
Data: 2 de junho de 2021
Local: Estádio Municipal do Algarve (Faro-Loulé)
Árbitro: Vitor Ferreira (Portugal)
Gols: 
Memphis Depay, aos 17' e 89'; Jack Hendry, aos 11', e Kevin Nisbet, aos 63'

Holanda
Tim Krul; Denzel Dumfries, Jurriën Timber (Steven Berghuis), Stefan de Vrij (Luuk de Jong), Matthijs de Ligt e Owen Wijndal (Patrick van Aanholt); Marten de Roon, Georginio Wijnaldum (Ryan Gravenberch) e Frenkie de Jong (Davy Klaassen); Memphis Depay e Wout Weghorst. Técnico: Frank de Boer

Escócia
Craig Gordon; Kieran Tierney (Scott McKenna), Jack Hendry, Liam Cooper (Declan Gallagher) e Andy Robertson (Greg Taylor); Stuart Armstrong,  Callum McGregor e David Turnbull (Billy Gilmour); James Forrest (Ryan Fraser), Lyndon Dykes (Kevin Nisbet) e Ryan Christie. Técnico: Steve Clarke



terça-feira, 1 de junho de 2021

O ensaio geral de uma antiga peça

Na tranquilidade da portuguesa Lagos, a Holanda entra na reta final rumo à Euro 2020 (Pro Shots)

Como em qualquer outra competição, a seleção masculina da Holanda (Países Baixos) terá alguns amistosos de preparação antes de um grande torneio - no caso, a Euro 2020(+1). Como na Copa de 2014, os convocados da Laranja estão fazendo uma semana de treinos num resort, no balneário de Lagos, em Portugal. E como na Copa de 2014, está cada vez mais na cara: a seleção holandesa irá para a Euro jogando com cinco homens na zaga, para tentar ocultar eventuais fragilidades defensivas. A Oranje mostrará isso primeiro no amistoso desta quarta, contra a Escócia, em outra cidade portuguesa, Faro. E deverá repetir a dose na despedida de sua torcida - sim, alguns adeptos deverão ter acesso ao estádio - rumo à Euro, em Enschede (cidade do Twente), contra a Geórgia, no próximo domingo. 

O técnico Frank de Boer foi bastante claro nas justificativas para a mudança tática (e para a consequente escalação de Marten de Roon), durante a entrevista coletiva desta terça: "Marten já conhece o esquema de cor e salteado, é assim que ele joga na Atalanta, toda semana. Além do mais, De Vrij também atua num esquema com três zagueiros na Internazionale. E [Daley] Blind tem a lembrança da Copa de 2014". Mais importante, no entanto, foi quando De Boer deixou os nomes de lado e falou mais nas razões do time como um todo: "Com uma só alteração, o jeito do time jogar já muda. Desse jeito, ganha-se um pouco mais de segurança. Isso é bom. E podemos continuar sendo ofensivos. Com três atacantes também somos ofensivos, mas o esquema é estático demais". De fato - e foi justamente a lentidão da Holanda que a complicou, por exemplo, contra a Turquia, nas eliminatórias da Copa de 2022. 

Além do mais, Frank de Boer andou se inspirando em experiências prévias. Por exemplo, as lembranças de Bert van Marwijk, a quem o atual treinador auxiliou no vice-campeonato da Laranja na Copa de 2010. Pragmático, Van Marwijk disse certa vez: "Antes tudo era baseado em técnica e criatividade. Era lindo de ver - no boxe, com Muhammad Ali, no tênis, com John McEnroe e Bjorn Borg. Mas esse tipo de tênis e de boxe você não vê mais. O esporte evolui". Sem contar a simples lembrança do que a Holanda viveu antes da Copa de 2014. Também numa preparação em Portugal, o então técnico Louis van Gaal decidiu: sem o lesionado Kevin Strootman, teria de proteger mais a defesa. Era isso, ou correr risco de ser eliminado na fase de grupos, diante de uma Espanha que vinha de título mundial e de um Chile ascendente. A Holanda apostou nisso, teve um Arjen Robben em estado de graça... e deu no que deu: num elogiável terceiro lugar. Por tudo isso, compreendeu-se bem a provável mudança tática neerlandesa na Euro. 

Nem mesmo a desconfiança faz Frank de Boer perder o sossego: o técnico da Holanda já começa a achar alternativas para a Euro (ANP)

Outra coisa que tem facilitado os trabalhos de preparação em Lagos é o bom ambiente entre os jogadores. Não que fosse novidade, mas por enquanto, seguem os sorrisos. Capitão da seleção com a ausência de Virgil van Dijk, Georginio Wijnaldum se lembrou dos tempos duríssimos vividos entre 2014 e 2018, com a ausência das grandes competições: "É um time de amigos, de novo. Formamos uma unidade. Claro que isso sozinho não ganha jogo, mas é muito importante". Até mesmo Frank de Boer, mesmo sob pesada desconfiança, tem achado momentos de relaxamento: aproveita assistindo à série The Playbook, do Netflix. E até nisso acha maneiras de aprender sobre comando de equipes no esporte: "Lá se vê como o técnico em questão [Doc Rivers, atual comandante do Philadelphia 76ers na NBA] constrói um time. Ali se vê: só juntar as estrelas não significa nada".

O que não quer dizer que a Holanda tem passado ilesa por essa reta final de preparação para a Euro. Algumas machucaduras foram inevitáveis. Já começaram na quarta-feira passada, durante o anúncio dos 26 convocados. E Frank de Boer foi novamente o alvo principal. Primeiro, por suposta omissão no anúncio dos oito cortados na pré-convocação: Anwar El Ghazi teria sabido de sua ausência durante uma gravação de programa televisivo, e Jerry St. Juste sequer teria sido comunicado. Depois se soube que a comunicação de Frank aos dois ocorrera previamente. O erro inegável de De Boer foi numa frase na entrevista coletiva. Ao comentar a convocação de Donny van de Beek, reserva no Manchester United, ele se defendeu: "Também não é que ele tenha jogado tão pouco. Atuou por cerca de 4000 minutos na temporada". Estaria tudo bem, não fosse o fato de que o treinador confundiu os dados de Van de Beek (que só jogou 1456 minutos pelo Manchester United) com os de Davy Klaassen (este, sim, com 4000 minutos em campo pelo Ajax). Aí, as desculpas foram inevitáveis: "A entrevista de quarta não foi das minhas melhores".

Já outros problemas independeram do técnico. Por exemplo, a polêmica da vacina contra a COVID-19. Oferecida à delegação na quarta-feira passada, a maioria dos membros passou por ela - Daley Blind e o próprio Frank de Boer se vacinaram, por exemplo. Porém, soube-se depois que seis jogadores se recusaram a ser vacinados. Entre eles, Memphis Depay, Wout Weghorst e Matthijs de Ligt. Já alvo de críticas por seu comportamento em relação à pandemia (chegou a postar coisas no Instagram duvidando dela, no ano passado), Weghorst preferiu desconversar sobre o tema, ao ser perguntado se era o "antipandemia": "Pô, já começaram bem...". 

A vacina contra a COVID-19 se tornou alvo de rara polêmica na Laranja - com De Ligt como bola da vez (Getty Images)

Mas De Ligt foi o grande criticado da vez: confirmou que não tomara nem pretendia tomar a vacina. "Não é obrigatório. Penso que cada um deve ser o senhor do seu próprio corpo. Eu me contentarei em manter isolamento máximo de qualquer um que não esteja envolvido com a delegação". Foi criticado até pelo virologista Ab Osterhaus, chefe do RIVM (o instituto de saúde pública dos Países Baixos), que alertou para o exemplo que o zagueiro deveria ser. Prontamente se corrigiu, em seu perfil no Instagram: "Não entendi direito a pergunta, na hora. É lógico que sou a favor da vacina". E Frank de Boer preferiu pôr panos quentes ("Eu não senti nada, mas alguns jogadores ficaram abatidos e febris, no dia seguinte"), sem deixar de tirar o corpo fora ("Cada um sabe de si - eu me vacinei").

Problema sanitário superado em Portugal, veio o problema sanitário ocorrido na Espanha: o teste positivo de Jasper Cillessen para o coronavírus. O goleiro titular da seleção já começara a cumprir o isolamento, mas Frank de Boer preferiu não correr riscos ("Não sabemos quanto tempo vai levar para ele ficar 100% de novo. Estamos com a Euro batendo à porta, e eu quero segurança"). E Cillessen, dos raros remanescentes da Holanda num grande torneio, teve mais um capítulo de azar lamentável em sua carreira, sendo cortado. Já integrado à delegação em Portugal, como sobreaviso, Marco Bizot foi efetivado como o terceiro goleiro holandês na Euro. E Frank de Boer sinalizou: tanto Tim Krul quanto Maarten Stekelenburg terão suas chances nos amistosos contra Escócia e Geórgia. Até porque, como ele próprio afirmou, o titular do gol holandês ficou indefinido.

São os únicos pontos de interrogação, numa Holanda que se prepara com tranquilidade até aqui para a Euro 2020(+1). E que, para aumentar suas chances dentro da competição, mira-se no exemplo que já deu certo em 2014. É um ensaio geral agora, para uma antiga peça.

Os 26 holandeses na Euro: Bizot

Originalmente, o destino tirou a convocação de Bizot para a Euro com uma mão (a reação de Stekelenburg na carreira). Mas deu com a outra: o corte de Cillessen abriu, enfim, a lacuna para o goleiro do AZ preencher (Pro Shots/onsoranje.nl)

Ficha técnica
Nome: Marco Bizot
Posição: Goleiro
Data e local de nascimento: 10 de março de 1991, em Hoorn
Clubes na carreira: Ajax (2011 a 2012), Cambuur (2011 a 2012, por empréstimo), Groningen (2012 a 2014), Gent-BEL (2014 a 2017) e AZ (desde 2017)
Desempenho na seleção: 1 jogo, desde 2020
Torneios pela seleção: nenhum

Há muito tempo, quem acompanha o Campeonato Holandês sabe: trata-se de um dos melhores goleiros da Eredivisie. Alguns fatores do destino (até alheios a ele) abriram caminho. Ele até ficou fora da convocação inicial, a princípio. Mas o azar de Jasper Cillessen, cortado após o teste positivo para o coronavírus (mesmo com alguns dias de isolamento), fez valer os três anos de presença constante nas convocações da Holanda. E Marco Bizot, mesmo sendo o terceiro goleiro da Laranja, tem na presença dentro do torneio continental o ápice de uma carreira marcada pela discrição.

O goleiro de 1,94m começou a jogar aos 5 anos, no amador SV Westfriezen. Mas o horizonte da carreira profissional só foi aberto em 2000, quando um olheiro do Ajax verificou alguns treinos, confiou em Bizot e o levou para Amsterdã. Ali passou os dez anos seguintes. Quando chegou ao time sub-19, começou a sofrer com algumas lesões. Mas nem elas impediram a evolução: Bizot foi promovido ao time sub-21 em 2010, lá virou titular, já começou a acompanhar os treinamentos do grupo principal... e para a temporada 2011/12, foi promovido à equipe principal do Ajax.

Porém, a discrição se impôs. A vaga de titular do Ajax já estava preenchida por Kenneth Vermeer; Jasper Cillessen já era a aposta para o futuro, na reserva; e até mesmo o posto de terceiro goleiro estava ocupado, por Jeroen Verhoeven. Para Bizot, só restaria o posto de arqueiro no time B - e mesmo aqui, teria de disputar posição, com Sergio Padt. Foi quando o Cambuur sinalizou, com uma proposta de empréstimo. Ele aceitou, e passou a temporada 2011/12 no time de Leeuwarden, disputando a segunda divisão como titular. O acesso quase veio, mas o Cambuur parou na repescagem. O empréstimo acabou, Bizot voltou ao Ajax, mas seguiria sem espaço. 

Bizot começou no Ajax, mas na hora de ser promovido, não teve espaço no time principal. Só no Groningen começou a mostrar a capacidade (Pics United)

Era hora de tocar a carreira fora de Amsterdã. E Bizot ganhou a chance no Groningen, já chegando como titular para a temporada 2012/13. Valeu não só para ganhar ritmo de jogo, mas também para se credenciar como um dos três goleiros convocados para a Euro sub-21. No Groningen, vieram boas memórias: Bizot foi nome certo entre os titulares também na temporada 2013/14, concluída com vaga garantida nas fases preliminares da Liga Europa da temporada seguinte.

Só que a discrição apareceu novamente, a partir de uma opção do próprio Bizot: rumar para um clube da Bélgica. No caso, o Racing Genk. E ali o goleiro apareceu mais intensamente - até para o próprio país natal. Foi titular, principalmente, na excelente campanha da equipe belga na Liga Europa 2016/17, chegando às quartas de final. Bastou para que o AZ se decidisse por repatriá-lo, logo ao fim daquela temporada: se Tim Krul, emprestado pelo Newcastle, não poderia ficar em Alkmaar, Bizot já comprovara ser uma opção mais barata, além de oferecer segurança parecida debaixo das traves.

Bizot precisou mostrar talento no Racing Genk para recuperar espaço na Holanda (Belga)

Titular absoluto desde a chegada a Alkmaar, Bizot teve êxito: já na primeira convocação de Ronald Koeman como técnico da seleção masculina holandesa, foi um dos três goleiros escolhidos. E se alternaria como a terceira opção para a posição com Sergio Padt, do Groningen, nos primeiros tempos sob Koeman. Aí entrou a sorte: em setembro de 2018, após discussões com um empregado ferroviário, Padt passou uma noite detido. E Bizot ganhou ali vaga praticamente cativa como terceiro goleiro da Laranja, nas convocações de Koeman.

Pelo AZ, ele justificava as convocações. Com elasticidade e firmeza em suas aparições, Bizot encerrou uma inconstância na posição dentro do clube de Alkmaar, que testara vários goleiros nas temporadas anteriores. Virou nome garantido em campanhas de destaque, como a chegada à final da Copa da Holanda (2017/18). Em 2019, conseguiu excelente marca: 22 jogos sem gols sofridos na Eredivisie, em todo o ano - o que fez famoso o apelido dado pela torcida do AZ, "De Muur" ("O Muro", em holandês). E vinha sendo o goleiro indiscutível na excelente sequência que levara o AZ a disputar a primeira posição da Eredivisie em 2019/20, antes que a pandemia encerrasse forçosamente o campeonato.

Bizot virou querido da torcida no AZ: o "Muro" ajudou o clube de Alkmaar a crescer nas temporadas recentes (Olaf Kraak/ANP)

O futebol parou, o futebol voltou, e Bizot demorou um pouco para recuperar o ritmo que ostentava. Cometeu até algumas falhas, no início da temporada 2020/21. Ainda assim, foi reagindo gradativamente. Até recuperar a confiança - tanto no AZ, quanto na seleção. A ponto de, em 2020, ter enfim a sua primeira partida na seleção principal, atuando num amistoso contra a Espanha, em 11 de novembro.

Neste 2021, a espantosa recuperação de Maarten Stekelenburg colocou a convocação de Bizot para a Euro em risco. O arqueiro ficou fora do anúncio inicial - Cillessen, Stekelenburg e Tim Krul foram os três chamados para a posição. Porém, veio o azar do titular Cillessen. Bizot já foi incluído na delegação que viajou para treinos em Portugal, ainda de sobreaviso. E enfim, o camisa 1 do AZ foi efetivado na Holanda que volta a um grande torneio. De certa forma, um prêmio ao terceiro goleiro, pela persistência discreta que demonstrou em toda a carreira até aqui.

(Koen van Weel/ANP)