terça-feira, 10 de junho de 2025

Obrigação bem feita

Expectativas cumpridas: a Holanda (Países Baixos) goleou Malta, começa bem as eliminatórias para a Copa de 2026, e de quebra ainda teve Memphis Depay igualando recorde (Roy Lazet/Soccrates/Getty Images) 

Após o começo seguro contra Finlândia, nas eliminatórias da Copa de 2026, a seleção masculina da Holanda (Países Baixos) tinha um jogo planejado para ter clima festivo. A volta a um estádio em Groningen, após 42 anos; Malta, um adversário facilmente superável; um time se mostrando promissor; com esses fatores, era praticamente obrigatório conseguir uma vitória - e quanto mais gols, melhor. Se era quase uma obrigação vencer, foi bem feita: a goleada por 8 a 0 deixa a Laranja em ótimas condições para a sequência das eliminatórias. Mais do que isso: dá a impressão de que a campanha de qualificação tem tudo para ser tranquila, ao contrário do fracasso rumo a Rússia-2018 e das turbulências até o final feliz rumo a Catar-2022.

Em algumas análises da imprensa holandesa, constava que Malta era uma seleção que não ficava somente na defesa, mas dava espaços generosos nas laterais. Algo temerário, contra uma Laranja com Denzel Dumfries na direita e (nesta terça) Micky van de Ven na esquerda. E a seleção neerlandesa já aproveitou no começo: logo aos 4', Xavi Simons cruzou e Justin Kluivert completou para fora. Mais alguns minutos, e em jogada iniciada por Van de Ven, Memphis Depay ajeitou, e Justin Kluivert foi atingido por trás pelo lateral Juan Corbolan. Pênalti - o VAR ainda chamou o juiz Ricardo de Burgos para rever, mas ele manteve a decisão -, e Memphis Depay fez seu 49º gol pela Laranja. Só um abaixo do recorde de Robin van Persie. As condições estavam postas para que a marca fosse igualada. Foi, e nem demorou tanto assim: aos 16', Dumfries cruzou, Xavi Simons fez o corta-luz, e o espaço ficou aberto para o camisa 10 holandês bater forte, fazer 2 a 0 e se tornar um dos maiores goleadores da história da Laranja.

Memphis Depay agradece os aplausos da torcida. Aplausos merecidos, não só pelo recorde, mas por sua boa atuação (Marcel ter Bals/DeFodi Images/DeFodi/Getty Images)

Vantagem aberta, bem que Malta ainda tentou avançar (chutes de fora da área, quase em sequência, por Alexander Satariano e Matthew Guillaumier). Mas essas tentativas foram neutralizadas pelo terceiro gol, aos 20', com um dos jogadores mais festejados do dia em Groningen: Virgil van Dijk, de volta ao estádio em que começou a carreira para valer, chutando de fora após passe de Frenkie de Jong, aproveitando a sobra de chute de Kluivert. Com tamanha velocidade pelas pontas, era só aproveitar as chances, para que a goleada já fosse estabelecida. Mas elas não foram aproveitadas: De Jong chutou por cima aos 26', Stefan de Vrij (titular nesta terça) cabeceou para fora aos 36', Denzel Dumfries completou para fora cruzamento de Van de Ven que passara por toda a área, aos 38'... e independente disso, o ritmo da Holanda ficou mais lento à medida que o primeiro tempo transcorria. A torcida em Groningen ainda estava satisfeita. Mas deixaria de estar, se a partida seguisse assim.

Mesmo com algumas mudanças no intervalo (Mats Wieffer e Noa Lang foram a campo), o começo do segundo tempo também não foi lá de se entusiasmar. Xavi Simons cabeceou para fora aos 47', Van de Ven mandou arremate perigoso aos 51', Wieffer quase marcou após bate-rebate em escanteio aos 54'... mas disso não se passava. Começou a passar somente aos 61', com o quarto gol completando jogada entrosada entre três (Kluivert ajeitou, Memphis Depay passou em profundidade, Xavi Simons chutou em diagonal na área - a alguns, a jogada lembrou até o gol decisivo de Marco van Basten na semifinal da Euro 1988).

Malen acelerou de novo o ritmo da Laranja (Koen van Weel/ANP/Getty Images)

Mas o ritmo da Holanda só voltou a ficar alto com a entrada de Donyell Malen, aos 73'. Até porque ele participou dos três gols seguintes. O primeiro, marcando, em seu primeiro toque na bola, após cruzamento de Van de Ven; o segundo, cruzando para Noa Lang fazer, aos 78'; e o terceiro, marcando de novo - e em grande estilo, driblando antes do chute que estufou as redes do goleiro Henry Bonello. A festa já estava completa, mas Van de Ven ainda quis colocar a cereja no bolo, marcando seu primeiro gol pela seleção, nos acréscimos.

Um fim digno da boa impressão que a Laranja causou, corroborada por ser este seu melhor começo de sempre em eliminatórias de Copas masculinas (dois jogos, duas vitórias, +10 gols de saldo). Tendo em vista que a Polônia foi vencida pela Finlândia (2 a 1 em Helsinque), que já caiu para a Laranja, a expectativa é de que, cumprido o bom começo, os neerlandeses cumpram o que é considerada a "obrigação" seguinte: alcançar a primeira posição do grupo G e ir à Copa de 2026.

Eliminatórias para a Copa de 2026 - Europa - Grupo G

Holanda 8x0 Malta
Data: 10 de junho de 2025
Local: Euroborg (Groningen)
Juiz: Ricardo de Burgos (Espanha)
Gols: Memphis Depay, aos 9' e aos 16', Virgil van Dijk, aos 20', Xavi Simons, aos 61', Donyell Malen, aos 74' e aos 80', Noa Lang, aos 78', e Micky van de Ven, aos 90' + 3

HOLANDA
Mark Flekken; Denzel Dumfries (Lutsharel Geertruida, aos 79'), Virgil van Dijk, Stefan de Vrij e Micky van de Ven; Ryan Gravenberch (Mats Wieffer, aos 46'), Justin Kluivert (Wout Weghorst, aos 62') e Frenkie de Jong; Xavi Simons, Memphis Depay (Donyell Malen, aos 73') e Cody Gakpo (Noa Lang, aos 46'). Técnico: Ronald Koeman

MALTA
Henry Bonello; Juan Corbolan (Basil Tuma, aos 46'), Gabriel Mentz, James Carragher e Ryan Camenzuli (Jake Azzopardi, aos 81'); Matthew Guillaumier e Alexander Satariano (Myles Beerman, aos 81'); Teddy Teuma (Jedi Felice Jones, aos 60'); Adam Overend (Kurt Shaw, aos 46'), Paul Mbong e Joseph Mbong. Técnico: Emilio de Leo

sábado, 7 de junho de 2025

Tranquilo

Gakpo e Memphis comemoram o primeiro gol de uma vitória tranquila para a Holanda (Países Baixos) nas eliminatórias da Copa de 2026 (Maurice van Steen/ANP/Getty Images)

"Eu estava um pouco nervoso antes do jogo. Era o começo das eliminatórias." Foi o que o técnico Ronald Koeman confessou ao repórter Jeroen Stekelenburg, da emissora NOS, pouco depois da vitória por 2 a 0 sobre a Finlândia, primeiro jogo da seleção masculina da Holanda (Países Baixos) na qualificação da Copa de 2026. De certa forma, tinha lá seus motivos: a Laranja precisa vencer nestes jogos iniciais, para ocupar o terreno e tomar da Polônia (já com seis pontos) a liderança e a vaga direta no Mundial que todos imaginam para ela. Se esse era o medo, acabou logo: mesmo fora de casa, os neerlandeses dominaram, se impuseram rapidamente, deixaram claro que têm condições de manterem atenção nas partidas e cumprirem os prognósticos para as eliminatórias.

Bastaram os primeiros minutos de jogo para ficar claro o que seria o jogo: a Holanda com a posse de bola, a Finlândia esperando por uma chance para contra-atacar (apostando no talento de Oliver Antman, no meio-campo, e quem sabe numa finalização de Joel Pohjanpalo). Contudo, as perspectivas finlandesas foram por água abaixo com um erro: após passe de Jeremie Frimpong parcialmente afastado, o meio-campo Kaan Kairinen tentou recuar a bola para a defesa. Faltou ver que Memphis Depay estava à espreita, pronto para fazer o que fez: dominar o "presente", entrar na área e tocar no canto esquerdo do goleiro Lukas Hradecky - completando 100 jogos pela Finlândia - para fazer 1 a 0, o 48º gol de Memphis vestindo laranja.

Se estava difícil achar espaços com o toque de bola, pelo chão, os neerlandeses acharam espaço nos cruzamentos. No primeiro, aos 11', Cody Gakpo cruzou da esquerda, Frimpong cabeceou e Hradecky evitou o gol em cima da linha. No segundo, aos 15', Frimpong mandou a bola do outro lado, mas Dumfries mandou para fora. No terceiro, aos 20', Hradecky saiu do gol e pegou a bola após novo cruzamento de Gakpo. E no quarto, aos 20', enfim o 2 a 0: Gakpo cruzou, Dumfries entrou e finalizou de primeira.

Mesmo com Dumfries presente, Frimpong seguiu na ponta direita. E seguiu bem (Roy Lazet/Soccrates/Getty Images)

Vantagem segura no placar, a Holanda controlou mais o ritmo da partida em Helsinque. Deixou de pressionar tanto, até cedeu alguns espaços, mas a Finlândia só tentou aproveitá-los uma vez: aos 25', quando Oliver Antman veio pela esquerda com a bola, chutou, e o goleiro Mark Flekken pegou, após desvio em Dumfries. Mas eram só momentos esporádicos: a Laranja seguia mantendo o domínio, e tentou o terceiro gol em momentos como chutes de Memphis Depay (aos 27') e Gakpo (aos 33', com desvio), ambos para fora.

No segundo tempo, a Holanda já começou em ritmo de administração de resultado. Baixou a guarda um pouco demais - tanto que a Finlândia teve espaço para um contragolpe com Pohjanpalo, aos 50', após jogada individual (Nathan Aké afastou o cruzamento do atacante). Contudo, sempre que os finlandeses ousavam, a Laranja mostrava quem mandava. Foi assim aos 55', quando quase o terceiro gol saiu - Tijjani Reijnders tabelou com Memphis Depay, recebeu de volta, mas finalizou para fora. E no minuto seguinte, após erro finlandês na defesa, um passe de Virgil van Dijk deixou Memphis livre para chutar, mas Hradecky rebateu seu chute.

Com as alterações que vieram, os dois times ficaram algo descaracterizados. Mas a Finlândia não conseguia a finalização, por mais que rondasse o ataque mais vezes do que no primeiro tempo. E bastava a Holanda chegar para criar chances. Aos 68', arremate de Cody Gakpo, na rede pelo lado de fora; aos 73', Hradecky rebateu tentativa de Micky van de Ven; e aos 83', Gravenberch lançou em profundidade, Wout Weghorst ajeitou, e Frenkie de Jong bateu em diagonal, para fora. Só depois disso, aos 86', enfim a Finlândia tentou, num chute - fraco - de Antman (o melhor finlandês em campo). Que Flekken pegou, tendo a segurança que às vezes lhe faltou na reposição de bola com os pés.

Nada que perturbasse um jogo tranquilo para a Holanda, garantindo bom começo nas eliminatórias da Copa. A expectativa é que isso continue contra Malta, inferior (até bastante) à Finlândia, no segundo jogo, na próxima terça. Até porque a Laranja se mostrou capaz de facilitar as coisas e se impor.

Eliminatórias para a Copa de 2026 - Europa - Grupo G

Finlândia 0x2 Holanda
Data: 7 de junho de 2025
Local: Estádio Olímpico (Helsinque)
Juiz: Daniel Siebert (Alemanha)
Gols: Memphis Depay, aos 6', e Denzel Dumfries, aos 23'

FINLÂNDIA
Lukas Hradecky; Nikolai Alho (Ilmari Niskanen, aos 70'), Robert Ivanov (Onni Valakari, aos 76'), Arttu Hoskonen e Jere Uronen; Matti Peltola e Miro Tenho (Glen Kamara, aos 70'); Oliver Antman, Kaan Kairinen e Robin Lod (Fredrik Jensen, aos 55'); Joel Pohjanpalo (Benjamin Källman, aos 55'). Técnico: Jacob Friis

HOLANDA
Mark Flekken; Denzel Dumfries, Virgil van Dijk, Jan Paul van Hecke (Stefan de Vrij, aos 46') e Nathan Aké (Micky van de Ven, aos 62'); Ryan Gravenberch, Tijjani Reijnders (Justin Kluivert, aos 69') e Frenkie de Jong; Jeremie Frimpong, Memphis Depay (Wout Weghorst, aos 69') e Cody Gakpo (Xavi Simons, aos 84'). Técnico: Ronald Koeman


quarta-feira, 4 de junho de 2025

Futuro do passado

Malen, Frimpong, Noa Lang, Xavi Simons (da esquerda para a direita): a nova geração parece pedir passagem na Holanda, e é isso que muitos querem (KNVB Media/Divulgação)

A seleção masculina da Holanda (Países Baixos) terminou as datas FIFA de março deixando ótima impressão na torcida. Certo, perdeu as quartas de final da Liga das Nações para a Espanha. Ainda assim, jamais se rendeu: levou as duas partidas a empates, teve momentos de superioridade sobre os espanhóis, mostrou espírito ofensivo e promissor como poucas vezes se viu nesta segunda passagem de Ronald Koeman no comando da Laranja. E é assim que torcida e imprensa locais esperam ver a equipe neerlandesa no caminho das eliminatórias da Copa de 2026, que começa nestas datas FIFA, contra Finlândia (sábado, 7, às 15h45 de Brasília, em Helsinque) e Malta (terça, 10, também às 15h45 do horário brasileiro, em Groningen - que volta a receber uma partida da seleção masculina, após 42 anos). Porém, já há a desconfiança de que não será assim.

A convocação de Ronald Koeman já foi criticada antes mesmo da bola rolar, por algumas opções consideradas conservadoras demais. No gol, trouxe algum burburinho a chamada de Kjell Scherpen, que há algum tempo perdeu a aura de "revelação" que tinha anos atrás, quando titular da seleção holandesa sub-21 (e jogando aqui e ali pelo Ajax). Mas foi um burburinho menor, até porque Scherpen será o terceiro goleiro: com o titular usual Bart Verbruggen poupado, por lesão leve, terá chances Mark Flekken, como o coroamento de uma boa fase, com a confirmação da transferência para o Bayer Leverkusen e a inclusão entre os 10 melhores goleiros do mundo em lista da IFFHS (Federação Internacional de História e Estatística do Futebol) - lista que incluiu o brasileiro João Ricardo, do Fortaleza.

O alarido ficou maior nas opções de linha feitas por Koeman. Na lateral esquerda, nada de Ian Maatsen; no meio, nada de Kenneth Taylor ou mesmo o jovem Sem Steijn, jamais convocado, goleador do Campeonato Holandês (24 gols pelo Twente - desde Jari Litmanen pelo Ajax, em 1993/94, um meio-campista não fazia tantos gols pela Eredivisie), rumando agora para o Feyenoord. E no ataque, nada de chances a nomes como Mexx Meerdink (AZ), Joël Piroe ou Zian Flemming, destaques em dois clubes que acabam de subir à primeira divisão inglesa - Piroe no Leeds United, Flemming no Burnley. Por mais que mereçam - e até merecem, pois têm experiência que não pode ser descartada -, Memphis Depay ou Wout Weghorst não encantam mais a torcida.

Ainda assim, Koeman defende a continuidade já estabelecida em seu time, a partir da coletiva de imprensa da terça passada, se referindo especialmente ao caso de Steijn: "Não depende só de quantos gols se faz, mas também é importante que o pessoal saiba que temos um grupo fixo. Se eu convocasse novos nomes, como ficariam os convocados contra a Espanha [na Liga das Nações]? O desafio para Steijn é mostrar na próxima temporada o que mostrou nesta". A postura causa polêmicas. Ainda mais porque a seleção sub-21 da Holanda (Países Baixos) se prepara para a Euro da categoria, na Eslováquia, a partir do dia 11, com uma geração considerada muito promissora - tendo até nomes como os citados Maatsen e Taylor -, e vinda de 100% nas eliminatórias (10 jogos, 10 vitórias), sob o comando do técnico Michael Reiziger. Sim, a Laranja Jovem pode não ter jovens badalados como França ou Portugal, mas tem tudo para boa campanha nesta Eurocopa juvenil.

Mas as polêmicas ainda são controladas. Bem ou mal, Koeman deixou claro que quer o que todos quantos acompanhem a Laranja querem: a repetição do padrão visto nos jogos de março contra a Espanha ("Se conseguimos jogar assim contra uma das melhores seleções do mundo, isso dá muita confiança"). E sabe que isso é possível, tendo em vista que se a Holanda perdeu na Liga das Nações, ganhou ao cair num grupo dos mais acessíveis nas eliminatórias europeias da Copa - o G, com Polônia, Finlândia, Lituânia e Malta ("É obrigatório terminarmos o grupo [das eliminatórias] em primeiro lugar. Mas primeiro, não devemos subestimar ninguém. Agora, que jogamos bem contra a Espanha, parece fácil, mas precisamos mostrar o que mostramos nos últimos jogos").

Todos "amam" Tijjani Reijnders. O Manchester City, ainda mais: contratação próxima para o meio-campista, tão titular da Laranja quanto Frenkie de Jong (KNVB Media/Divulgação)

E a Holanda é capaz disso, de fato. Se antes a fartura de opções se via mais na defesa - e ela continua assim: Denzel Dumfries, Virgil van Dijk (estes dois, absolutos em suas posições), Nathan Aké (voltando de lesão), o veterano Stefan de Vrij, Micky van de Ven, Jan Paul van Hecke -, agora a Laranja também não reclama de meio-campo. Se antes o setor parecia depender demais de Frenkie de Jong (que sofria com lesões), agora ele não só se mostrou redivivo em boa temporada europeia do Barcelona, como tem mais nomes de boa qualidade a seu lado. Como Ryan Gravenberch, também recuperado no Liverpool - a ponto de ter sido eleito o melhor jovem da temporada na Inglaterra (mesmo já tendo sete anos desde sua aparição no Ajax, em 2018/19). Ou como o badalado Tijjani Reijnders, cada vez mais titular holandês, cada vez mais perto de uma transferência para o Manchester City ("Eles ainda estão conversando com o Milan, nem me importo muito, quem cuida disso é meu pai. Mas claro que jogar na Premier League seria um sonho de criança").

A impressão é de que só falta um atacante de alto nível, como os de tempos idos, para a Holanda subir de prateleira definitivamente entre as seleções europeias. E o pedido é de que Ronald Koeman passe cada vez mais a notar que pode ousar mais, para que a Laranja não tenha somente o futuro do passado entre seus jogadores

Os 23 convocados da Holanda (Países Baixos) para as datas FIFA

Goleiros: Mark Flekken (Bayer Leverkusen-ALE), Nick Olij (Sparta Rotterdam) e Kjell Scherpen (Sturm Graz-AUT)

Defensores: Denzel Dumfries (Internazionale-ITA), Jeremie Frimpong (Liverpool-ING), Lutsharel Geertruida (RB Leipzig-ALE), Virgil van Dijk (Liverpool-ING), Jan Paul van Hecke (Brighton-ING), Stefan de Vrij (Internazionale-ITA), Micky van de Ven (Tottenham Hotspur-ING), Nathan Aké (Manchester City-ING) e Jorrel Hato (Ajax)

Meio-campistas: Frenkie de Jong (Barcelona-ESP), Tijjani Reijnders (Milan-ITA), Xavi Simons (RB Leipzig-ALE), Ryan Gravenberch (Liverpool-ING), Mats Wieffer (Brighton-ING) e Justin Kluivert (Bournemouth-ING)

Atacantes: Memphis Depay (Corinthians), Cody Gakpo (Liverpool-ING), Wout Weghorst (Ajax), Noa Lang (PSV) e Donyell Malen (Aston Villa-ING)

terça-feira, 3 de junho de 2025

Sinal fechado

A cabeça baixa de Romée Leuchter indica: as últimas rodadas da Liga das Nações deixaram muita preocupação sobre a seleção feminina da Holanda, com vistas à Euro (Stan Oosterhof/Soccrates/Getty Images)

Desde que saiu o sorteio dos grupos da Eurocopa feminina, as perspectivas sobre a seleção da Holanda (Países Baixos) são mistas. Ao mesmo tempo em que enfrentar Inglaterra (atual campeã) e França já será certeza de grandes desafios desde a fase de grupos, ficavam as esperanças de que as Leoas Laranjas teriam, sim, condições de vencerem o equilíbrio e irem às quartas de final, por terem um time entrosado, com boas jogadoras - a começar do gol, com Daphne van Domselaar em ótima forma, e seguindo até a esperança de que Vivianne Miedema se livre das lesões. Pois é: as esperanças diminuíram bastante, com as últimas rodadas da fase de grupos da Liga das Nações. Já teriam diminuído só com os 4 a 0 sofridos para a Alemanha, na sexta-feira passada. O empate em 1 a 1 com a Escócia - lanterna do grupo 1 da Liga A, sem pontos até esta terça-feira - apenas deixou mais dúvidas sobre as capacidades neerlandesas. Dúvidas despertadas desde o primeiro minuto de bola rolando contra as alemãs.

Nem demorou tanto assim para a Alemanha começar a acelerar a troca de passes, começar a envolver a defesa holandesa, começar a chegar perto do gol. Foi assim já aos 8', quando Giulia Gwinn recebeu passe de calcanhar de Klara Bühl e chutou. Daquela vez, Dominique Janssen bloqueou. No minuto seguinte, após rebote parcial de escanteio, não houve jeito: Bühl cruzou, Janina Minge ajeitou, e Linda Dallmann completou com precisão, no ângulo esquerdo de Lize Kop, para fazer 1 a 0. Era só o começo: as alemãs acuavam as holandesas na defesa, tentavam cruzamentos pelos dois lados, não davam espaço para a Holanda tentar a troca de passes (e nem a Holanda tentava, a bem da verdade). Jeroen Elshoff, narrador da emissora NOS, lamentava: "Het is bijna niet te stoppen" - em holandês, "quase não dá para parar".

A única menção leve de ataque holandês foi aos 21': em escanteio cobrado por Jill Roord, a zagueira Buurman cabeceou, mas a goleira Ann-Katrin Berger pegou. Nada que a Alemanha não restabelecesse rapidamente. Primeiro, aos 23', quando Lea Schüller cabeceou para fora. Depois, com o segundo gol, aos 25': Kerstin Casparij (atuação muito frágil na marcação) perdeu a bola, Sjoeke Nüsken passou para Jule Brand, esta cruzou, e Lea Schüller desviou rasteiro. E foram mais jogadas alemãs, diante de uma Holanda frágil na defesa - principalmente nas laterais, com Casparij e Esmee Brugts sem conseguirem conter nem Minge, nem Gwinn, nem Bühl (talvez o nome do jogo). Com a fragilidade, vieram os espaços que normalmente vêm quando as Leoas Laranjas jogam mal. E foram aproveitados no último minuto do primeiro tempo, quando Minge lançou e Sarai Linder veio da lateral esquerda para, livre, correr com a bola até a área, tocar na saída de Kop e fazer 3 a 0.

Vieram alterações ao final do intervalo. Sherida Spitse para, quem sabe, fortalecer a saída de bola da defesa; Lynn Wilms para fortalecer a marcação na direita, no lugar de Casparij; e Victoria Pelova tentando manter a bola no meio-campo, nas poucas vezes em que a Holanda a tivesse. Mudanças? Antes mesmo que elas talvez tivessem efeito, Dallmann deu passe de calcanhar que deixou Gwinn livre para cruzar a bola na cabeça de Schüller, superando Spitse na marcação para transformar a vitória por 3 a 0 em goleada (4 a 0). Goleada que poderia ter ficado maior ainda aos 56', quando Bühl, onipresente, cobrou escanteio, e Roord tirou em cima da linha para evitar o gol olímpico. Ou mesmo aos 65', quando Kop rebateu chute da meio-campista alemã. Chances, para a Holanda, somente nos minutos finais - mais precisamente, nos acréscimos, quando Wilms cruzou e Daniëlle van de Donk (substituta de Roord) completou para fora. Notas de rodapé numa goleada que fez das alemãs semifinalistas antecipadas da Liga das Nações.

A goleada fez mais: mostrou como a seleção feminina neerlandesa seguia com alguns pontos frágeis rumo à Eurocopa. Claro, haveria mudanças na escalação contra a Escócia, dentro de um cenário em que a preparação para a Eurocopa era mais importante. Tão importante que Vivianne Miedema foi desligada da delegação, nesta segunda, com o técnico Andries Jonker antecipando: a atacante já entrará em preparação, combinada e preparada com o fisiologista da delegação, para chegar ao dia 19, data da apresentação das convocadas para a Euro, em condições de participar do torneio continental. Andries Jonker até evocou uma lembrança masculina: Arjen Robben, machucado no último amistoso holandês antes da Copa de 2010, que só jogou aquele torneio ao se preparar, dia e noite, na semana anterior. "Vivianne é do mesmo tipo dele, e vai fazer de tudo para estar lá no dia 19. Acho que vai dar certo. Ela quer muito estar na Euro, e isso mostra a jogadora de alto nível que é".

Jill Roord foi quem mais apareceu nos (poucos) bons momentos das Leoas Laranjas contra a Escócia (Alex Bierens de Haan/Getty Images)

O alto nível até começou sendo visto no time holandês que enfrentou a Escócia, em Tilburg. Curiosamente, duas conhecidas apareciam mais nas jogadas de ataque: Van de Donk (agora titular) e, principalmente, Jill Roord. Que, desta vez, abriu o placar, aos 10', após tentar uma primeira vez - a goleira Lee Alexander Gibson rebatera a primeira, mas Van de Donk cruzou na sobra. Tendo em vista os espaços que a Holanda tinha para avançar e chutar da entrada da área - Esmee Brugts fez isso aos 16', e Roord, aos 21' e aos 26', com Gibson pegando as duas tentativas -, era de se prever vitória tranquila das Leoas Laranjas. 

Previsão que se acabou aos 27', num erro da defesa: Caitlin Dijkstra mandou a bola nos pés de Emma Lawton, que cruzou com precisão para Kathleen Mary McGovern cabecear e fazer 1 a 1 (de volta ao gol, Daphne van Domselaar tentou rebater, mas a bola entrou). A partir dali, a Escócia começou a avançar mais, como se notou no chute cruzado de Mia McAuley, aos 38', para fora, em jogada originada de mais um erro de passe. Pelo menos, a Holanda ainda teve chances na reta final da etapa inicial: novo chute de Roord aos 34', um desvio de Romée Leuchter completando escanteio aos 38', um cabeceio de Victoria Pelova (aniversariante do dia) aos 39', todos rebatidos pela goleira escocesa.

Ficaria pior, para a Holanda. Porque se a Escócia atacou mais nos contragolpes durante os primeiros 45 minutos, no segundo tempo ela dominou. A começar aos 49', quando McAuley forçou Van Domselaar a defender seu chute. Aos 63', Erin Cuthbert arrematou, e com um desvio, a bola passou perto da trave esquerda. E Van Domselaar mostrou a boa fase que vive no gol, na reta final: aos 83', defendeu o arremate de Kirsty Howat, e aos 88', após Brugts errar mais um passe, gerando contra-ataque escocês, Martha Thomas bateu para a camisa 1 holandesa evitar à queima-roupa. A Holanda? Só teve chance digna de nome aos 80', num chute de Roord rente à trave.

Nada que evitasse a incômoda impressão de que a esperança de uma boa Eurocopa ficou menor para a Holanda, após estas datas FIFA. E que o sinal está praticamente vermelho. Só se espera que, após alguns dias de férias, a preparação a partir do dia 19 volte a abri-lo.

Liga das Nações da UEFA - Liga A - Grupo 1

Alemanha 4x0 Holanda
Data: 30 de maio de 2025
Local: Weserstadion (Bremen)
Árbitra: Alina Pesu (Romênia)
Gols: Linda Dahlmann, aos 9', Lea Schüller, aos 25' e aos 48', e Sarai Linder, aos 45'

ALEMANHA
Ann-Katrin Berger; Giulia Gwinn (Carlotta Wamser, aos 81'), Janina Minge (Kathrin Hendrich, aos 56'), Rebecca Knaak e Sarai Linder; Elisa Senss (Sara Däbritz, aos 68') e Sjoeke Nüsken; Jule Brand, Linda Dallmann e Klara Bühl (Selina Cerci, aos 68'); Lea Schüller (Giovanna Hoffmann, aos 57'). Técnico: Christian Wück

HOLANDA
Lize Kop; Kerstin Casparij (Lynn Wilms, aos 46'), Dominique Janssen, Veerle Buurman e Esmee Brugts (Sherida Spitse, aos 46'); Jackie Groenen, Wieke Kaptein e Damaris Egurrola Wienke (Victoria Pelova, aos 46'); Chasity Grant, Jill Roord (Daniëlle van de Donk, aos 69') e Romée Leuchter (Katja Snoeijs, aos 84'). Técnico: Andries Jonker


Holanda 1x1 Escócia
Data: 3 de junho de 2025
Local: Koning Willem II Stadion (Tilburg)
Árbitra: Silvia Gasperotti (Itália)
Gols: Jill Roord, aos 10', e Kathleen Mary McGovern, aos 27'

HOLANDA
Daphne van Domselaar; Kerstin Casparij (Lynn Wilms, aos 74'), Sherida Spitse (Dominique Janssen, aos 68'), Caitlin Dijkstra e Esmee Brugts; Victoria Pelova (Katja Snoeijs, aos 85'), Wieke Kaptein e Jackie Groenen; Daniëlle van de Donk (Chasity Grant, aos 68'); Jill Roord (Damaris Egurrola, aos 85') e Romée Leuchter. Técnico: Andries Jonker

ESCÓCIA
Lee Alexander Gibson; Emma Louise Lawton, Sophie Howard (Rachel MacLauchlan, aos 46'), Jenna Clark e Amy Muir; Kirsty MacLean (Emma Watson, aos 90' + 4), Erin Cuthbert e Caroline Weir; Mia McAuley (Kirsty Howat, aos 56'), Kathleen Mary McGovern (Martha Thomas, aos 56') e Freya Gregory (Kirsty Smith, aos 46'). Técnico: Melissa Andreatta


quarta-feira, 28 de maio de 2025

O que importa é a Euro, mas...

A seleção feminina da Holanda (Países Baixos) até terá seu interesse em avançar às semifinais da Liga das Nações, mas encara as datas FIFA pensando na preparação para a Eurocopa (Reprodução)

"Só uma coisa importa. Usaremos este período para nos prepararmos rumo à Eurocopa." Por estas frases do técnico Andries Jonker, na entrevista coletiva de apresentação, já fica claro: a seleção feminina da Holanda (Países Baixos) estará nas duas últimas rodadas da fase de grupos da Liga das Nações, tem até chance de ainda avançar às semifinais... mas pensará principalmente nos últimos ajustes para a convocação e a reta final da preparação para a Euro feminina, na Suíça, em julho. É com esse espírito, pensando (um pouco) menos em vencer e mais em se aprumar, que as Leoas Laranjas enfrentarão a Alemanha - nesta sexta, 30 de maio, às 15h30 de Brasília, na cidade alemã de Bremen - e a Escócia, fechando o grupo 1 da liga A - na próxima terça, 3 de junho, em Tilburg, também às 15h30 de Brasília.

De certa forma, a convocação para as duas partidas já indicou: ao contrário do que pareceu em 2024, Andries Jonker ainda apostará em boa parte da "geração Euro-2017" para a próxima edição do torneio europeu de seleções de mulheres. Um indício quase gritante disso está no retorno de mais uma veterana às convocações: após um ano e três meses, a atacante Shanice van de Sanden foi novamente relacionada. À primeira vista, pode parecer (e até é) apego excessivo ao passado. Nem tanto, ao se reparar que Van de Sanden marcou sete gols nos últimos quatro jogos que fez pelo Toluca, clube em que atua no México desde janeiro. E como a Liga MX Femenil já tem uma outra representante veterana entre as holandesas (Merel van Dongen, nas Rayadas de Monterrey), fica relativamente justificada a presença da veterana, que avaliou à emissora NOS a roda-viva por que passou nos últimos anos: "Eu me tornei mãe, tive algumas lesões no tornozelo, no tendão de Aquiles (...) Agora está tudo certo: me sinto em forma e posso entregar o que sou capaz de entregar em campo". E foi além: "Fiz isso [jogar no México] também para tentar ir à Euro".


Talvez também tenha sido a vontade de deixar "tudo certo" o motivo para uma mudança que foi tema na coletiva de imprensa de Andries Jonker: a atacante Jill Roord voltando (inesperadamente) ao Twente em que começou a jogar, oito anos depois de deixar os Países Baixos. Roord voltara de séria lesão - ligamento cruzado anterior do joelho - mostrando boas atuações no Manchester City, teria espaço nas Citizens... mas preferiu voltar. O motivo foi até compreensível, explicado no vídeo em que comentou seu retorno ao recém-coroado bicampeão holandês entre as mulheres: "Joguei por clubes fantásticos no exterior, dei tudo de mim por oito anos... mas nos últimos anos, perdi mais o meu prazer de jogar futebol, a minha felicidade. E já acho que vou recuperá-la aqui [no Twente]". Mesmo assim, o técnico até brincou com a surpresa que Roord causou, ao deixar a mais competitiva liga europeia da atualidade para voltar à sua "casa": "Eu quase caí da cadeira, por essa eu não esperava".

Jonker foi mais sério ao criticar o calendário das datas FIFA femininas - com alfinetada especial à própria Liga das Nações ("Essas mulheres sempre precisam continuar jogando. Sempre. As pessoas pensam que elas nunca precisam descansar. Uma hora o gás acaba"). Criticou até mesmo a antecipação da revelação de que Arvid Smit e Janneke Bijl, seus atuais auxiliares técnicos, deixarão a Holanda após a Eurocopa feminina ("Tenho minhas opiniões, mas acho melhor nem falar nada"), rumando para trabalharem ao lado de Sarina Wiegman na comissão técnica da Inglaterra, adversária na fase de grupos da Euro. Em sentido contrário, aliás, virá... Arjan Veurink, atual auxiliar de Sarina (não só nas Lionesses, mas desde os tempos em que ela era a treinadora holandesa), para comandar as Leoas Laranjas após a Eurocopa.

Jonker ressaltou que a Euro é o foco: "Claro, se pudermos vencer na Nations League, pode ser legal, mas tudo gira em torno da Euro". Até por isso, não pestanejará em poupar contra a Alemanha Vivianne Miedema, ainda voltando da lesão muscular sofrida justamente nas últimas datas FIFA ("Espero poder jogar alguns minutos contra a Escócia", desejou a atacante à ESPN holandesa), nem Lineth Beerensteyn, atual goleadora da Liga das Nações, também machucada. Jonker também deixará de fora outra titular absoluta - e muito motivada: a goleira Daphne van Domselaar, celebrada no Arsenal campeão europeu de mulheres. Vinda da festa da vitória em Londres direto para a concentração no centro da federação, na cidade de Zeist, Van Domselaar era só alegria na apresentação ("É fantástico, ainda parece mentira"). Mas até por ainda vir de lesão no tornozelo - para jogar as fases decisivas da Champions, foi poupada nas últimas rodadas da Super League inglesa -, a goleira verá Lize Kop titular contra as alemãs. Entre a dupla holandesa do Arsenal campeão, talvez só jogue Victoria Pelova, também com as memórias da festa na cabeça ("O que vou dizer mais? Foi incrível, foi inesquecível").

Pelova (centro) demorou mais para voltar da festa do título do Arsenal campeão europeu de mulheres, mas vai jogar. Ao contrário de Van Domselaar, que voltou antes, mas está fora contra a Alemanha (KNVB Media/Soccrates Images/Divulgação)

No entanto, mesmo que a Eurocopa importe mais... jogo competitivo é jogo competitivo. E o próprio Andries Jonker lembrou isso, na entrevista coletiva: "Nesta semana, o que importa é a Euro. Mas claro que queremos ganhar". Até porque, na Liga das Nações, nem o empate bastará: com dez pontos no grupo 1 da Liga A, como a Alemanha, a Holanda está atrás no saldo de gols. Então, para tentar ir às semifinais, não há jeito: é necessário ganhar em Bremen para passar à liderança e depender só de si. Ou seja: o que importa é a Eurocopa. Mas se a Holanda avançar na Liga das Nações, ninguém vai chorar. Nem mesmo com um calendário cada vez mais lotado...

As 23 convocadas da Holanda (Países Baixos) para as datas FIFA

Goleiras: Daphne van Domselaar (Arsenal-ING), Lize Kop (Tottenham Hotspur-ING) e Daniëlle de Jong (Twente) - Regina van Eijk (Ajax) estará no grupo contra a Alemanha, substituindo Van Domselaar, que não será relacionada

Defensoras: Kerstin Casparij (Manchester City-ING), Lynn Wilms (Wolfsburg-ALE), Sherida Spitse (Ajax), Dominique Janssen (Manchester United-ING), Caitlin Dijkstra (Wolfsburg-ALE), Veerle Buurman (PSV), Ilse van der Zanden (Utrecht) e Merel van Dongen (Rayadas de Monterrey-MEX)

Meio-campistas: Daniëlle van de Donk (Lyon-FRA), Jackie Groenen (Paris Saint Germain-FRA), Damaris Egurrola Wienke (Lyon-FRA), Wieke Kaptein (Chelsea-ING), Jill Baijings (Aston Villa-ING) e Victoria Pelova (Arsenal-ING)

Atacantes: Lineth Beerensteyn (Wolfsburg-ALE), Jill Roord (Manchester City-ING), Vivianne Miedema (Manchester City-ING), Esmee Brugts (Barcelona-ESP), Renate Jansen (PSV), Katja Snoeijs (Everton-ING), Chasity Grant (Aston Villa-ING), Romée Leuchter (Paris Saint Germain-FRA) e Shanice van de Sanden (Toluca-MEX).

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Análise da temporada: pobreza por pobreza

Este Campeonato Holandês teve muita oscilação e pouco brilho técnico. Mas o PSV bicampeão não está (e não tem de estar) nem aí com isso... (Joris Verwijst/BSR Agency/Getty Images)

"De kampioen van de armoede". Em holandês, o "campeão da pobreza". Em geral, é assim que os holandeses se referem a um time que tenha conquistado o Campeonato Holandês numa temporada nivelada por baixo. Ou seja: foi um campeão, merece seu respeito, mas num torneio que não foi lá dos melhores. De certa forma, este é o clima para a temporada 2024/25. Porque o PSV foi bicampeão, como até se previa, mas com altos e baixos inesperados ao longo da temporada. Contudo, o vice-campeão Ajax simbolizaria até melhor o conceito de pobreza criticado por quem tenha acompanhado a Eredivisie. Para muitos, o técnico Francesco Farioli foi o melhor do time de Amsterdã, conseguindo tirar o máximo de um grupo com poucos - pouquíssimos, até - recursos técnicos. Mas mesmo assim, a derrocada Ajacied nas cinco últimas rodadas (de líder com nove pontos de vantagem, quando a 30ª rodada começou, a perder o campeonato) foi feia a ponto de fazer muitos minimizarem este feito.

De todo modo, mesmo oscilando, o PSV teve vários bons jogadores no campeonato: o brasileiro Mauro Júnior, Guus Til, Malik Tillman, Noa Lang, Luuk de Jong (em menor escala), Ivan Perisic (principalmente na reta final da temporada). No Ajax, foi até divertido de ver como Davy Klaassen parece ter no clube o seu habitat natural, e ver a reação de Kenneth Taylor, após queda na carreira nos últimos anos depois de um bom começo. No Feyenoord, Igor Paixão foi o mais notável, precisando fazer uma temporada que justificasse a transferência que um dia ele deseja para um torneio mais competitivo (e talvez realizará). E o que dizer do Go Ahead Eagles, indo além do que já fora em 2023/24, no grande momento de sua história, em outra boa campanha na liga, além do título marcante na Copa da Holanda?

Deve-se reconhecer: sim, a Eredivisie desta temporada teve poucos momentos de destaque. Não, os clubes holandeses não brilharam muito em competições europeias: até foram mais além do que em 2023/24, mas todos foram despachados nas oitavas de final. Ainda assim, houve algo a se elogiar. Pobreza por pobreza, sempre há algo bom. Que a riqueza seja maior em 2025/26.

Análise da temporada: Almere City

Kadile (sentado, ao lado do lateral direito Dankerlui) foi quem mais tentou. Mas um nome era pouquíssimo para impedir a queda previsível do Almere City (Pieter van der Woude/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 18º lugar, com 22 pontos (4 vitórias, 10 empates e 20 derrotas - rebaixado diretamente)
No turno havia sido: 17º lugar, com 9 pontos
Time-base: Bakker; Akujobi, Visus, Lawrence (Jacobs) e Zagaritis; Haye e Tahiri (Ritmeester van de Kamp/Nalic); Hansen, Robinet e Kadile; Brym
Técnico: Hedwiges Maduro (até a 16ª rodada), Anoush Dastgir (interino, na 17ª rodada) e Jeroen Rijsdijk (a partir da 18ª rodada)
Maior vitória: Almere City 3x0 Heerenveen (17ª rodada)
Maior derrota: Almere City 1x7 PSV (3ª rodada)
Principais jogadores: Junior Kadile (atacante)
Artilheiro: Junior Kadile (atacante), com 4 gols  
Quem deu mais passes para gol: Thom Haye (meio-campista), Kornelius Hansen (meio-campista/atacante), Thomas Robinet (meio-campista/atacante), Ruben Providence (meio-campista) e Charles-Andreas Brym (atacante), todos com 2 passes
Quem mais partidas jogou: Nordin Bakker (goleiro) e Vasilis Zagaritis (lateral esquerdo), ambos com 32 partidas
Copa nacional: eliminado pelo Quick Boys (terceira divisão), na primeira fase
Competições continentais: nenhuma

Se o RKC Waalwijk teve a primeira parte da "crônica de um rebaixamento anunciado", a do Almere City foi a segunda. Já se sabia, com as várias saídas que o clube teve, que seria difícil repetir a façanha da permanência em 2023/24. De fato, não chegou a ser difícil: foi impossível, mesmo. O clube até ficou fora da zona de repescagem/rebaixamento nas duas primeiras rodadas, mas ao tomar os 7 a 1 do PSV na terceira rodada, entrou nela para não sair mais. Nem mesmo as trocas de técnico mudaram muita coisa: Jeroen Rijsdijk, ex-Sparta Rotterdam, fez o possível, mas o Almere parecia incapaz de reagir.

2024 terminou, 2025 começou, e o Almere City seguiu apenas se alternando entre última e penúltima posição com o RKC Waalwijk. Teve bons momentos, é verdade (a vitória por 1 a 0 no Utrecht, na 22ª rodada, fora de casa), mas a fraqueza ofensiva do time assustava. Somente o ponta-esquerda Junior Kadile mostrava alguma mobilidade. Nem mesmo a chegada de um nome para tentar os gols - o canadense Charles-Andreas Brym, ex-Sparta Rotterdam - impediu o time de Almere de ter o pior ataque da temporada, com apenas 23 gols em 34 rodadas. A queda consolidada na penúltima rodada, com um empate com o Fortuna Sittard (1 a 1), até aliviou o sofrimento. Na volta à segunda divisão, a intenção é tentar rondar as primeiras posições, para que os dois anos na Eredivisie não tenham sido uma lembrança agradável que logo ficará pequena.

Análise da temporada: RKC Waalwijk

Mohamed Ihattaren deu esperanças na retomada de sua carreira, o RKC Waalwijk tentou mais no returno... mas o rebaixamento foi inescapável (Jeroen Putmans/ANP/Getty Images)

Colocação final: 17º lugar, com 25 pontos (6 vitórias, 21 derrotas e 7 empates - rebaixado diretamente)
No turno havia sido: 18º lugar, com 7 pontos
Time-base: Houwen (Spenkelink/Van Osch); Al Mazyani, Lelieveld, Van Gelderen e Familia-Castillo (Meijers); Van de Loo (Roemeratoe) e Oukili; Cleonise (Lokesa), Ihattaren e Margaret; Zawada (Kramer)
Técnico: Henk Fräser
Maior vitória: RKC Waalwijk 5x0 NAC Breda (22ª rodada)
Maior derrota: Groningen 6x1 RKC Waalwijk (31ª rodada)
Principal jogador: Mohamed Ihattaren (meio-campista)
Artilheiro: Oskar Zawada (atacante), com 9 gols  
Quem deu mais passes para gol: Richonell Margaret (atacante), com 6 passes
Quem mais partidas jogou: Richonell Margaret (atacante), com 32 partidas
Copa nacional: eliminado pelo Utrecht, nas oitavas de final
Competições continentais: nenhuma

Este texto sobre os Waalwijkers poderia bem ser intitulado "crônica de um rebaixamento anunciado - parte 1". Desde a primeira metade da temporada, o RKC já parecia condenado a ser um dos dois clubes rebaixados diretamente à Eerste Divisie, a segunda divisão neerlandesa. No primeiro turno, até mais: foram oito derrotas nas oito primeiras rodadas, o time já tinha a pior defesa do campeonato... e desde então, já parecia claro que o trabalho de dois anos do técnico Henk Fräser não tinha mais de onde tirar, não tinha mais caminhos a seguir. O que não quer dizer que Fräser tenha brigado com ninguém, ou mesmo que a torcida tenha sido irritadiça: o destino cruel parecia ser aceito desde o começo da Eredivisie. Até porque o clube jamais saiu das duas últimas posições da tabela. Se serve de consolo, o RKC Waalwijk tentou mais do que o outro rebaixado. Tinha mais opções no ataque: tanto o polonês Oskar Zawada quando o experiente Michiel Kramer faziam seus gols, Richonell Margaret tinha alguma velocidade na ponta... 

E houve a agradável surpresa de Mohamed Ihattaren, enfim voltando ao futebol profissional após muito tempo com problemas psicológicos (e até suspeitas policiais). Acompanhado por um psicólogo, Ihattaren mostrou foco em campo, teve habilidade no meio e no ataque, e mostrou lampejos da promessa que um dia foi no PSV, já há algum tempo. Tudo isso levou o RKC a ser um pouquinho melhor, e até a ter três vitórias seguidas, entre a 20ª e a 22ª rodadas. Mas só um pouquinho: a fragilidade defensiva impedia qualquer ascensão de longo prazo na tabela. Duas sequências de derrotas (quatro, entre a 23ª e a 27º; e três, entre a 29ª e a 31ª) começaram a confirmar o destino. E quando houve a goleada sofrida para o Groningen - 6 a 1, na 31ª rodada -, digna da pior defesa do campeonato (74 gols sofridos), ficou claro que o rebaixamento era questão de tempo. Mesmo vencendo na antepenúltima rodada (3 a 1 no Heerenveen), mesmo chegando à última rodada com chances de alcançar a "segunda chance" via repescagem de acesso/permanência, tais chances eram remotíssimas: o time auriazul teria de vencer o Go Ahead Eagles e descontar dez gols de desvantagem no saldo, para o Willem II. Vencer, o RKC venceu (5 a 3). Mas a desvantagem no saldo decretou o rebaixamento, após seis anos de Eredivisie. Caberá a Sander Duits, substituto de Henk Fräser como técnico, tentar fazer um time mais seguro na defesa para o bate-e-volta.

Análise da temporada: Willem II

O atacante Kyan Vaesen teve todos os motivos para lamentar: o Willem II, tão seguro no primeiro turno, despencou incrivelmente no returno. Decepcionou justamente na decisão da repescagem. E está rebaixado (Marcel van Dorst / EYE4images/Getty Images)

Colocação final: 16º lugar, com 26 pontos (6 vitórias, 8 empates e 20 derrotas) - rebaixado via repescagem
No turno havia sido: 9º lugar, com 22 pontos (na frente pelo maior número de gols)
Time-base: Didillon-Hödl; Doodeman (Schouten), St. Jago, Behounek, Tirpan e Sigurgeirsson (Nizet); Meerveld, Bosch e Lambert (Sandra); Vaesen (Kehrer) e Bokila
Técnico: Peter Maes (até a 30ª rodada) e Kristof Aelbrecht (a partir da 31ª rodada)
Maior vitória: Willem II 4x1 NEC (17ª rodada)
Maior derrota: Twente 6x2 Willem II (18ª rodada)
Principais jogadores: Jesse Bosch (meio-campista) e Jeremy Bokila (atacante)
Artilheiro: Jesse Bosch (meio-campista), com 4 gols 
Quem deu mais passes para gol: Nick Doodeman (ala direito) e Emilio Kehrer (meio-campo), ambos com 3 passes
Quem mais partidas jogou: Thomas Didillon-Hödl (goleiro), com 36 partidas - as 34 da temporada regular, mais duas da repescagem de acesso/permanência
Copa nacional: eliminado pelo Noordwijk (terceira divisão), na segunda fase
Competições continentais: nenhuma

Este é um texto que, a bem da verdade, ainda nem acabou. E nem deveria ter o jeito que terá. Porque, quando o primeiro turno terminou, o Willem II parecia não só seguro, mas capaz de até sonhar em disputar lugar na repescagem holandesa pela Conference League. Já começou com uma boa surpresa, arrancando empate com o Feyenoord na primeira rodada (1 a 1). Tinha uma defesa firme, com um bom goleiro deste campeonato (o francês Thomas Didillon-Hödl). Tinha um ataque capaz de ser acelerado e aproveitar os contra-ataques. E mostrava segurança suficiente. Mesmo ao cair - perdeu duas partidas seguidas na 14ª e 15ª rodadas da Eredivisie, além da eliminação na Copa da Holanda -, conseguia vencer e logo se manter seguro no meio de tabela. Seria bom se continuasse assim no returno... mas não continuou. No começo, foi uma goleada sofrida para o Twente, logo na 18ª rodada que abriu 2025: 6 a 2, a pior derrota dos Tricolores de Tilburg nesta temporada de Eredivisie. Depois, um empate (outro 1 a 1 com o Feyenoord). Mais duas derrotas - uma delas, para o rebaixado RKC Waalwijk -, um empate com o campeão PSV (1 a 1, 22ª rodada)... 

E aí, a pior sequência que um time teve neste Campeonato Holandês: oito derrotas seguidas, entre a 23ª e a 30ª rodadas. Por mais que tentasse, o técnico belga Peter Maes não conseguia melhorar a equipe. E nem os novos jogadores que entravam - Erik Schouten ficando fixo na defesa, Rob Nizet substituindo o islandês Rúnar Tór Sigurgeirsson na lateral esquerda, Emilio Kehrer jogando mais no ataque - exibiam desempenho satisfatório. Claro, sobrou para o técnico: Peter Maes foi demitido, após a 30ª rodada. E se serviu de consolo, sob o interino Kristof Aelbrecht, os Tilburgers conseguiram dois empates que, se não o tiraram da repescagem de acesso, pelo menos impediram que o RKC Waalwijk o tornasse um rebaixado direto. Ainda assim, como pior time do returno, ao contrário do que parecia no fim de 2024, o Willem II jogou sua permanência na Eredivisie, em quatro partidas na repescagem de acesso. Passou da segunda fase, superando o Dordrecht nos pênaltis. Mas a decisão contra o Telstar mostrou o pior lado: após fazer o mais difícil (arrancar empate fora de casa, 2 a 2), o time de Tilburg foi facilmente superado na volta, tomando 3 a 1 e sendo rebaixado em casa. Em meio à depressão, só surgiu a frase sincera do goleiro Didillon-Hödl: "Tivemos seis meses de merda". Difícil discordar.

Análise da temporada: NAC Breda

Esforço nunca faltou ao NAC Breda - e havia algum talento, em nomes como Leo Sauer. Mas a queda no returno foi brusca, e só os pontos com empates ajudaram o time a se salvar diretamente (Gabriel Calvino Alonso/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 15º lugar, com 33 pontos (8 vitó rias, 9 empates e 17 derrotas)
No turno havia sido: 10º lugar, com 22 pontos (atrás pelo menor número de gols)
Time-base: Bielica; Lucassen (Valerius/Busi), Greiml, Van den Bergh e Kemper; Balard e Oldrup Jensen; Leemans, Janosek (Paula/Kaied) e Sauer; Ómarsson (Van Hooijdonk)
Técnico: Carl Hoefkens
Maior vitória: NAC Breda 4x1 RKC Waalwijk (10ª rodada)
Maior derrota: RKC Waalwijk 5x0 NAC Breda (22ª rodada)
Principal jogador: Leo Sauer (meio-campista/atacante)
Artilheiros: Leo Sauer (meio-campista/atacante) e Elias Már Ómarsson (atacante), ambos com 7 gols 
Quem deu mais passes para gol: Jan van den Bergh (zagueiro), Clint Leemans (meio-campista) e Dominik Janosek (meio-campista), todos com 4 passes
Quem mais partidas jogou: Daniel Bielica (goleiro), Maximilien Balard (meio-campista) e Elias Már Ómarsson (atacante), todos com 31 partidas
Copa nacional: eliminado pelo Barendrecht (terceira divisão), na primeira fase 
Competições continentais: nenhuma

Já se notava desde que o campeonato começou: o NAC Breda poderia até cair, mas garra não lhe faltaria. Afinal de contas, mesmo entre as cinco derrotas nas sete primeiras rodadas, houvera um 2 a 1 sobre o Ajax, em casa (3ª rodada). E bem ou mal, fora encontrado um jeito de jogar, tentando proteger bastante a defesa - não raro, o time aurinegro tinha até cinco jogadores na zaga, apostando na rapidez dos contragolpes, tantos eram os pontas para tornar o ataque veloz (Adam Kaied, Raul Paula, Saná Fernandes) e passar a bola para que Elias Már Ómarsson tentasse fazer gols salvadores. Pelo menos no primeiro turno, até deu certo: com o 10º lugar ocupado, havia até esperança de surpreender mais, ou seja, chegar à repescagem por vaga na Conference League. Ainda mais com o retorno de um velho conhecido, na virada de ano: Sydney van Hooijdonk, chegando para ser mais uma opção de ataque. Mas a esperança acabou rapidamente. 

Também, pudera: a equipe de Breda foi simplesmente o segundo pior time do returno. Apenas uma vitória veio (2 a 1 no Twente, na 19ª rodada). De resto, oito derrotas e oito empates, com um time que seguia esforçado na defesa - até demais: o segundo time a mais levar cartões amarelos na temporada (60) - sem compensar no ataque (apenas 34 gols, o segundo pior ataque desta Eredivisie, mesmo com alguns jogadores razoáveis em Leo Sauer, Clint Leemans e os citados Ómarsson e Van Hooijdonk.). Ainda assim, nunca, em nenhum momento, o NAC Breda caiu para a zona de repescagem/rebaixamento. Ficou no limite, mas nunca escorregou para ela em nenhuma rodada. Talvez por nunca ter sofrido uma sequência de derrotas que o derrubassem de vez: perdeu, sim, mas empatou mais. Era ruim, mas de ponto em ponto, o time despencou menos do que o Willem II. E por isso, fica mais um ano na Eredivisie. Só que precisa ter mais qualidade técnica. Esforço não é tudo.

Análise da temporada: Heracles Almelo

Hornkamp (à esquerda) e Kulenovic fizeram o possível, mas o Heracles Almelo sofreu durante toda a temporada. O fim dela é um alívio para os Almelöers, e dá a chance da reformulação (Ed van de Pol/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 14º lugar, com 38 pontos (9 vitórias, 11 empates e 14 derrotas)
No turno havia sido: 15º lugar, com 14 pontos 
Time-base: De Keijzer; Benita, Mirani, Mesik e Rots; De Keersmaecker e Van Kaam (Bruns/Zamburek); Podgoreanu, Engels (Talvitie) e Hornkamp; Kulenovic
Técnico: Erwin van de Looi
Maiores vitórias: Heracles Almelo 4x2 Go Ahead Eagles (22ª rodada) e Heracles Almelo 4x2 Zwolle (24ª rodada)
Maior derrota: Twente 5x0 Heracles Almelo (10ª rodada)
Principais jogadores: Luka Kulenovic (atacante) e Jizz Hornkamp (atacante) 
Artilheiros: Luka Kulenovic (atacante), com 9 gols
Quem deu mais passes para gol: Mario Engels (meio-campista) e Suf Podgoreanu (meio-campista/atacante), ambos com 4 passes
Quem mais partidas jogou: Fabian de Keijzer (goleiro) e Damon Mirani (zagueiro), ambos com 32 partidas
Copa nacional: eliminado nas semifinais, pelo AZ
Competições continentais: nenhuma

Se houve um time que sofreu durante toda a temporada do Campeonato Holandês, foi o Heracles. Talvez pelo trauma restante do rebaixamento até inesperado em 2021/22, a paciência da torcida em Almelo ainda era pouquíssima. Algo que não melhorou muito com a primeira metade da temporada: a primeira vitória só veio na sexta rodada (2 a 1 no NEC), houve derrota por goleada no clássico contra o Twente (5 a 0, 10ª rodada), só três vitórias em todas as primeiras 17 rodadas, término de turno na 15ª rodada, somente uma acima da zona de repescagem/rebaixamento. Exagerada, a raiva da torcida não era: afinal, o temor de novo drama rondava. E não era a única razão.

Por mais que o desempenho dos atacantes Luka Kulenovic e Jizz Hornkamp fosse razoável; por mais que o israelense Suf Podgoreanu mostrasse até poder jogar em várias posições (de atacante de área, Podgoreanu até mesmo jogou como meio-campo); por mais que o capitão Brian de Keersmaecker exibisse alguma segurança, os Heraclieden não convenciam, mostrando a terceira pior defesa de todo o campeonato (63 gols sofridos). Nem a diretoria convencia: a falta de reforços foi a gota d'água para o técnico Erwin van de Looi se decidir pela saída, logo que a temporada acabasse. Pelo menos, o medo do rebaixamento se diluiu ao longo do returno - primeiro, pela incapacidade de Almere City e RKC Waalwijk, e depois, pelas bruscas quedas de NAC Breda e Willem II. Depois, a campanha na Copa da Holanda ajudou a restabelecer um pouco da paciência. No entanto, ficou a sensação de que os Heraclieden vão precisar de uma profunda reformulação - que já começou pelo novo técnico anunciado, Bas Sibum, vindo do Roda JC (segunda divisão). A próxima temporada já começará com alguma pressão...

Análise da temporada: Groningen

O medo do Groningen chegou a ser grande. Mas um salto notável ocorreu, a maior calma fez nomes como Valente despontarem, e a temporada terminou mais tranquila (Cor Lasker/ANP/Getty Images)

Colocação final: 13º lugar, com 39 pontos (10 vitórias, 9 empates e 15 derrotas - atrás pelo pior saldo de gols, -13)
No turno havia sido: 14º lugar, com 16 pontos 
Time-base: Vaessen; Bacuna (Rente), Blokzijl, Stam (Ekdal) e Prins (Peersman); De Jonge (Oosting) e Resink; Schreuders, Valente e Seuntjens (Postema/Willumsson); Van Bergen
Técnico: Dick Lukkien
Maior vitória: Groningen 6x1 RKC Waalwijk (31ª rodada)
Maior derrota: NEC 6x0 Groningen (11ª rodada)
Principal jogador: Luciano Valente (meio-campista/atacante)
Artilheiros: Jorg Schreuders (meio-campista), Stije Resink (meio-campista) e Thom van Bergen (atacante), ambos com 5 gols
Quem deu mais passes para gol: Luciano Valente (meio-campista), com 7 passes
Quem mais partidas jogou: Thom van Bergen (atacante), com 32 partidas
Copa nacional: eliminado pelo AZ, na segunda fase
Competições continentais: nenhuma

Depois de se aliviar com o rápido retorno à primeira divisão, o time do norte dos Países Baixos teve uma temporada em estado de alerta, por algum tempo. Principalmente no primeiro turno, quando o time sofria com a inconstância no ataque, e em especial, nas rodadas finais de 2024: ficando sem vencer em duas rodadas e vendo um jogo suspenso, os Groningers despencaram para a 14ª posição. Ainda havia alguma segurança sobre a zona de repescagem/rebaixamento, mas ela acabou assim que 2025 começou: com só uma vitória e duas derrotas nas quatro primeiras rodadas do returno, veio a queda para a 15ª posição. Só uma acima da zona de repescagem/rebaixamento. Mas o Groningen foi a comprovação mais visível de como o equilíbrio no meio de tabela foi gigante nesta temporada. Porque, na 22ª rodada, veio uma vitória (2 a 1 no NEC). Na 23ª, outra (3 a 1 no Willem II, fora de casa). 

E a ascensão na tabela foi impressionante: entre outros resultados e a proximidade da pontuação das equipes, o Groningen foi de 15º a 8º em uma rodada, sem escalas. E aproveitou bem esta ascensão: ali se alojou mais no meio de tabela, começando a ter perspectivas de repescagem na Conference, tendo um cenário mais calmo para os destaques aparecerem. E eles apareceram, principalmente no ataque. Que o diga Luciano Valente: o meio-campista deixou as hesitações de lado e cresceu de produção a ponto de virar um nome cotado para se transferir a um grande clube holandês (leiam-se PSV ou Feyenoord) em 2025/26. Claro, uma hora a arrancada acabou, com três derrotas seguidas. E se o sobe-desce ajudou a diminuir o alerta, frustrou a chance de repescagem: chegando ao 9º lugar na 31ª rodada, ao golear o RKC Waalwijk (6 a 1), o gás faltou na reta de chegada - duas derrotas, um empate, e o escorregão para o 13º posto. Pelo menos, o empate colocou o Groningen como coadjuvante da virada no destino do título: foi o empate que tirou o Ajax da liderança (2 a 2). E pelo menos, o alívio já estava garantido. Se o objetivo na volta à Eredivisie era ficar nela, como fosse, o Groningen ficou. 

Análise da temporada: Sparta Rotterdam

Com a ajuda de nomes como Zechiel, o Sparta conseguiu embalar num momento, afastar os medos do começo da temporada e ficar a salvo (ProShots)

Colocação final: 12º lugar, com 39 pontos (9 vitórias, 13 derrotas e 12 empates - na frente pelo maior saldo de gols, -4)
No turno havia sido: 16º colocado, com 12 pontos
Time-base: Olij; Bakari, Young (Meissen), Eerdhuijzen e Van Aanholt; Zechiel, Hlynsson (Kitolano) e Clement; Van Bergen (Nassoh), Lauritsen e Mito
Técnico: Jeroen Rijsdijk (até a 10ª rodada), Nourdin Boukhari (interino, na 11ª rodada) e Maurice Steijn (a partir da 12ª rodada)
Maior vitória: Sparta Rotterdam 4x0 Willem II (24ª rodada)
Maior derrota: Sparta Rotterdam 1x4 Utrecht (11ª rodada)
Principal jogador: Tobias Lauritsen (atacante) 
Artilheiro: Tobias Lauritsen (atacante), com 9 gols  
Quem deu mais passes para gol: Pelle Clement (meio-campista), com 4 gols
Quem mais partidas jogou: Nick Olij (goleiro), com 32 partidas
Copa nacional: eliminado na segunda fase, pelo Go Ahead Eagles
Competições continentais: nenhuma

O medo era grande. De um time que figurara nas duas mais recentes repescagens por vaga na Conference League, o Sparta Rotterdam caíra para a antepenúltima posição, que o forçaria a disputar a repescagem de acesso/permanência. Pior: o técnico Maurice Steijn, de tanto destaque em 2022/23, já estava de volta, mas os Spartanen demoravam a embalar novamente, pelo menos na reta final do primeiro turno. Para não voltar a sofrimentos anteriores, era bom reagir assim que 2025 começasse e a pausa de inverno acabasse. A ação começou na diretoria, que trouxe três reforços importantes no returno, todos por empréstimo: os meio-campistas Gjivai Zechiel e Kristian Hlynsson, e o atacante Mitchell van Bergen. Tudo isso já ajudou nas quatro rodadas iniciais do segundo turno, com dois empates e duas vitórias, fazendo a equipe de Roterdã ensaiar um respiro. Mas era pouco: a equipe ainda estava parada na 16ª posição. A necessidade de reação ficava cada vez mais urgente.

Para sorte do Sparta, o equilíbrio no meio da tabela era tão grande que possibilitava não só escapar rápido das últimas posições, como também partir rápido para a disputa por lugar na repescagem pela Conference League. Foi o que aconteceu com os Spartanen, a partir da maior vitória da temporada (4 a 0 no Willem II, na 24ª rodada): começava ali uma sequência de sete jogos sem derrota, com quatro vitórias, que içaram o time para a nona posição da tabela, que já o levaria de novo à repescagem. Uma reação notável. Justificada não só pela utilidade de quem chegou - Zechiel trouxe mais velocidade ao meio-campo; Hlynsson até ajudou o ataque, além de criar jogadas no meio; Van Bergen ocupou seu lugar na ponta direita -, mas também por quem já estava lá. Como Tobias Lauritsen, de gols importantes num time de ataque pouco eficaz (39 gols, o quinto pior ataque do campeonato). Ou o goleiro Nick Olij, seguro numa defesa que compensou (43 gols sofridos, a quinta melhor defesa). E resultados como o empate arrancado contra o Ajax (1 a 1, 30ª rodada) também animaram. É certo que a derrota final - 3 a 1 para o PSV, no jogo do título - impediu a repescagem. Mas pelo menos, o bom desempenho no returno (6ª melhor equipe) afastou os sustos da primeira metade da temporada.

Análise da temporada: Fortuna Sittard

O Fortuna Sittard do técnico Danny Buijs até fez o possível, mas caiu de produção no returno. E certos fatos acendem sinal de alerta para a próxima temporada (BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 11º colocado, com 41 pontos (11 vitórias, 8 empates e 15 derrotas - atrás pelo menor número de gols, 37)
No turno havia sido: 8º lugar, com 25 pontos (atrás pelo menor número de gols)
Time-base: Branderhorst; Ivo Pinto, Van Ottele, Rodrigo Guth e Dahlhaus (Dijks); Rosier e Fosso; Mitrovic (Da Cruz/Michut), Halilovic (Bullaude) e Peterson; Aïko (Sierhuis)
Técnico: Danny Buijs
Maior vitória: Utrecht 2x5 Fortuna Sittard (17ª rodada)
Maior derrota: Ajax 5x0 Fortuna Sittard (3ª rodada)
Principal jogador: Kristoffer Peterson (atacante)
Artilheiros: Kristoffer Peterson (atacante), com 7 gols
Quem deu mais passes para gol: Syb van Ottele (zagueiro) e Alen Halilovic (meio-campista), ambos com 3 passes 
Quem mais partidas jogou: Ivo Pinto (lateral direito), Syb van Ottele (zagueiro), Rodrigo Guth (zagueiro), Jasper Dahlhaus (ala esquerdo), Loreintz Rosier (meio-campista) e Ryan Fosso (meio-campista), todos com 29 partidas
Copa nacional: eliminado pelo Quick Boys (terceira divisão), nas oitavas de final
Competições continentais: nenhuma

Está certo que o Fortuna Sittard começara a temporada com duas vitórias. Só que sofrer quatro derrotas seguidas (entre a 3ª e a 6ª rodadas) começou a trazer alguma preocupação de que a temporada fosse para tentar evitar o rebaixamento - até porque o que (não) se viu nos 5 a 0 sofridos para o Ajax (3ª rodada) deu motivos para isso. Pelo menos, houve crescimento ao longo da primeira metade da temporada, com boas atuações de nomes como Alen Halilovic, e os Fortunezen terminaram o primeiro turno goleando o Utrecht fora de casa (5 a 2, 17ª rodada) e indicando que poderiam estar fortes ao longo do returno para tentarem alcançar a repescagem por vaga na Conference League. Só que não estiveram. 

No returno, o Fortuna só foi vencer na 24ª rodada (2 a 1 no RKC Waalwijk). Antes disso, foram quatro derrotas e um empate. Se o ataque parecia bem formado na primeira metade da temporada, na segunda isso se acabou: Kristoffer Peterson, Ezequiel Bullaude, Alessio da Cruz, Makan Aïko, Kaj Sierhuis (retornando de lesão complicada no joelho)... nenhum deles se firmou no ataque. Mais atrás, Halilovic machucou o tornozelo e ficou fora da reta final. Ainda assim, o Fortuna se segurava, estava firme na disputa para entrar na repescagem por vaga na Conference League... quando a realidade trouxe um choque: a UEFA recusara conceder a licença ao clube para participar de competições europeias na próxima temporada, se fosse o caso. Era uma consequência da crise financeira por que o Fortuna, nas internas, começa a passar. A punição nem influiu, porque o time ficou de fora da repescagem. Mas pode influir na permanência ou não do técnico Danny Buijs. Pode indicar uma temporada mais sofrida em 2025/26. Enfim, o sinal está aceso em Sittard.