segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Parada obrigatória: domínio menor, mas domínio

Vencer o Feyenoord, de modo inquestionável, na última rodada do turno, sinaliza: o PSV pode dominar menos, mas ainda domina o Campeonato Holandês em 2024/25 (Joris Verwijst/BSR Agency/Getty Images)

A apresentação do guia ao Campeonato Holandês desta temporada indicava, literalmente: "O campeão PSV (...) continua sendo favorito". Pois bem: 17 rodadas depois, pausa de inverno transcorrendo, o time de Eindhoven confirma isso, líder da Eredivisie que é. Sim, é verdade que o domínio é menor do que foi em 2023/24: ao invés da trajetória perfeita, os Boeren já contam com duas derrotas no caminho até agora. Mostram falhas aqui e ali, e têm adversários capazes de aproveitá-las. Mesmo assim, ainda têm vantagem relativamente segura (seis pontos) em busca do bicampeonato. Além do mais, o PSV conta com um grupo de variedade notável para os padrões do Campeonato Holandês. Principalmente no lado ofensivo - a começar pelos meio-campistas Ismael Saibari e Malik Tillman, possivelmente os melhores da Eredivisie até agora.

Contudo, se o guia apontou que talvez o Ajax não figurasse como o principal adversário do atual campeão na disputa pelo título, as 17 rodadas mostraram um destino relativamente diferente. Sim, os Ajacieden ainda têm o que melhorar - dentro e fora de campo. Mas é inegável que a equipe de Amsterdã se mostra um pouco mais fortalecida, em relação à assustadora temporada passada. Aqui e ali, alguns nomes se destacam. Venceu, ora bolas, o próprio PSV no jogo direto, em Amsterdã. E seis pontos não é uma vantagem inatingível. Sim, o Ajax pode ainda ter o título na alça de mira.

Só que não pode bobear, porque há quem queira chegar à disputa pela liderança. Como o Utrecht, enfim vivenciando o que já queria há tantos anos: estar nas primeiras posições de fato. Como o Feyenoord, que oscila, mas agora já tem um caminho a seguir. Mais atrás, AZ e Twente estão nas primeiras posições, mais uma vez. Como surpresas positivas, Go Ahead Eagles (de novo...) e NAC Breda. E na parte afligida pela ameaça de rebaixamento, Zwolle, Groningen e Heracles Almelo estão com as barbas postas de molho; Almere City e RKC Waalwijk sabem da dificuldade que terão para evitarem o rebaixamento; mas o Sparta Rotterdam é a presença inesperada, vivendo novamente uma situação difícil, a que já se desacostumava.

Enfim, é melhor avaliar a situação de cada um dos clubes do Campeonato Holandês - masculino -, com o primeiro turno encerrado. E esperar o que virá a partir da próxima sexta, quando Fortuna Sittard e Go Ahead Eagles retomam a Eredivisie, iniciando a 18ª rodada.

Parada obrigatória: RKC Waalwijk

Alguns atacantes até se esforçam, mas o RKC Waalwijk tem desempenho terrível até aqui, no Campeonato Holandês. O risco de cair é altíssimo (Pieter van der Woude/BSR Agency/Getty Images)

Posição: 18º lugar, com 7 pontos
Técnico: Henk Fräser
Time-base: Houwen; Van Gelderen, Van Eijma, Van den Buijs (Lelieveld) e Wouters (Meijers); Roemeratoe e Oukili (Van de Loo); Cleonise, Lokesa (Ihattaren) e Margaret; Zawada
Maior vitória: RKC Waalwijk 2x0 Almere City (11ª rodada)
Maior derrota: NAC Breda 4x1 RKC Waalwijk (10ª rodada)
Copa da Holanda: enfrentará o Utrecht, nas oitavas de final
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Richard van der Venne (meio-campista), com 4 gols
Objetivo do início: escapar do rebaixamento
Avaliação: Ainda há possibilidade de escapar das últimas posições, mas o péssimo desempenho defensivo precisa ser urgentemente resolvido para evitar que o perigo constante se concretize

Periodicamente, o time de Waalwijk sofre para escapar do rebaixamento. Nem foi o caso nas temporadas mais recentes, terminadas no meio de tabela (a passada, com um 9º lugar, quase rendeu vaga na repescagem pelo lugar holandês na Conference League). Mas nesta, está difícil dos Waalwijkers se defenderem. Literalmente, aliás: trata-se da pior defesa do Campeonato Holandês, com 41 gols sofridos em 17 rodadas. O segundo pior mandante e o pior visitante da liga até agora. Também, pudera: por pouco o time auriazul escapou de ter o recorde negativo em começos de campanha nos 68 anos de história da Eredivisie - oito derrotas nas oito primeiras rodadas, começando com um 5 a 1 sofrido para o PSV. E quando pontuou, foi com um empate (2 a 2 com o Twente, 9ª rodada).

Vitória, quando veio, foi somente contra um Almere City tão afligido pela grande ameaça de rebaixamento quanto o RKC (2 a 0 - único triunfo do time no primeiro turno). Pelo menos, houve duas vitórias na Copa da Holanda, na qual o time disputará as oitavas de final. E há jogadores que aparecem aqui e ali. Quando entra, o meia reserva Richard van der Venne ainda ajuda (quando nada, por ter feito quatro gols). Recebendo chances após longos problemas particulares, Mohamed Ihattaren dá sinais de que pode ajudar. E no ataque, o polonês Oskar Zawada pelo menos se esforça até em derrotas (marcou dois gols contra o Fortuna Sittard, no 3 a 2 sofrido na 16ª rodada). Ainda assim, parece pouco para passar a impressão de que o RKC Waalwijk vai se salvar desta vez. Ainda mais tendo caído para a última posição, na rodada derradeira de 2024.

Parada obrigatória: Almere City

O atacante Brym está chegando ao Almere City, para tentar ajudar o clube a escapar do rebaixamento. Continuará sendo difícil, em que pesem alguns sinais positivos (Divulgação)

Posição: 17º lugar, com 9 pontos
Técnico: Hedwiges Maduro (até a 16ª rodada) e Ano ush Dastgir (interino, na 17ª rodada) - Jeroen Rijsdijk assumirá a partir da 18ª rodada
Time-base: Bakker; Akujobi, Jacobs (Visus), Lawrence (Barbet) e Zagaritis; Van de Kamp e Delaurier-Chaubet (Nalic); Haye (Mattoir), Tahiri e Kadile (Robinet); Hansen
Maior vitória: Almere City 3x0 Heerenveen (17ª rodada)
Maior derrota: Almere City 1x7 PSV (3ª rodada)
Copa da Holanda: eliminado pelo Quick Boys (terceira divisão), na primeira fase
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Kornelius Hansen (atacante), com 2 gols
Objetivo do início: escapar do rebaixamento
Avaliação: As "Cabras Negras" estavam avisadas de que seria difícil escapar das últimas posições, antes mesmo da temporada começar. Vivem o que esperavam - mas se esforçam para sair da situação

O Almere City já estava avisado: sem jogadores como Rajiv van la Parra e Peer Koopmeiners, nem o técnico Alex Pastoor (considerado responsável pela façanha de manter um estreante em Eredivisie na primeira divisão, em 2023/24), seria difícil repetir a dose e ficar acima da zona do rebaixamento. Dito e feito. Nas duas primeiras rodadas, duas derrotas para as "Cabras Negras", sem gols marcados; na terceira, o gol veio, mas virou apenas nota de pé de página diante da goleada que o PSV impôs (7 a 1). Às pressas, começaram a chegar nomes com um pouco mais de experiência, como os meio-campistas Anas Tahiri e Thom Haye - este, tendo experiências na seleção da Indonésia -, mas o Almere City entrou entre as duas últimas posições da Eredivisie para não sair, pelo menos até agora.

A falta de gols seguiu se refletindo ao longo das 17 rodadas: é o pior ataque da Eredivisie, com apenas 10 bolas nas redes adversárias. Vitória, só na décima rodada (1 a 0 contra o NEC) - e mesmo esta foi eclipsada pela eliminação na Copa da Holanda, para o Quick Boys, da terceira divisão. Com 12 derrotas, por maior que fosse o esforço, era duro manter o técnico Hedwiges Maduro - que passou até a ser aconselhado por Foeke Booy, ex-Cambuur e Utrecht, mas terminou demitido mesmo. Coube ao time, treinado pelo auxiliar Anoush Dastgir, conseguir uma vitória reanimadora para terminar 2024, fazendo 3 a 0 no Heerenveen e saindo da última posição - mas seguindo no penúltimo lugar, que também causa o rebaixamento. A vitória e a contratação de alguns nomes  - para técnico, Jeroen Rijsdijk; para o ataque, o canadense Charles-Andreas Brym - são as luzes no fim do túnel que o time de Almere tenta enxergar para dar o passo seguinte e tentar respirar. Mas continuará sendo muito difícil.

Parada obrigatória: Sparta Rotterdam

O goleiro Olij era prudente antes da temporada começar. E lamenta o que ocorre com o Sparta Rotterdam: queda brusca em 2024/25, voltando a viver tempos difíceis (Bart Stoutesdijk/ANP/Getty Images)

Posição: 16º colocado, com 12 pontos
Técnico: Jeroen Rijsdijk (até a 10ª rodada), Nourdin Boukhari (interino, na 11ª rodada) e Maurice Steijn (a partir da 12ª rodada)
Time-base: Olij; Reith (Bakari), Eerdhuijzen, Meissen e Van Aanholt (Van der Kust); Kitolano, Verschueren e Clement; Neghli, Lauritsen e Nassoh 
Maiores vitórias: Willem II 1x2 Sparta Rotterdam (4ª rodada) e RKC Waalwijk 1x2 Sparta Rotterdam (6ª rodada) 
Maior derrota: Sparta Rotterdam 1x4 Utrecht (11ª rodada)
Copa da Holanda: eliminado pelo Go Ahead Eagles, na segunda fase
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Camiel Neghli (atacante), com 5 gols
Objetivo do início: play-offs por vaga na Conference League
Avaliação: Sem ganhar um jogo pelo Campeonato Holandês há mais de três meses, o Sparta volta a viver um cenário temido que parecia ficar em segundo plano: voltar a se esforçar para se livrar da queda

Em um semestre, quanta coisa muda... que o diga o Sparta Rotterdam. Quando a temporada estava começando, a revista Voetbal International ressaltava o grande momento da história do clube, presente nas duas últimas repescagens por vaga da Holanda (Países Baixos) na Conference League. Mas o goleiro Nick Olij, presente nisso tudo, foi prudente: "Sabemos onde estávamos há três anos [o Sparta quase caiu, na temporada 2021/22]. Estávamos no outro lado da moeda". De fato, prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Porque os Spartanen começaram somente com três empates na temporada. Vencendo Willem II (2 a 1, 4ª rodada) e RKC Waalwijk (também 2 a 1, 6ª rodada), até rondou a zona de repescagem pela Conference, novamente. Contudo, aí começou a espiral negativa. Sem vitórias até a 10ª rodada, houve a primeira vítima: Jeroen Rijsdijk, primeiro técnico demitido dentro da Eredivisie na temporada.

Só que... nada melhorou. Mesmo com o retorno de Maurice Steijn, o técnico da histórica campanha na temporada 2022/23, uma sequência de cinco derrotas empurrou o time do bairro de Spangen, em Roterdã, para a antepenúltima posição. Jogadores responsáveis por grandes momentos, como o supracitado Olij e o meio-campo Arno Verschueren, não rendem como já renderam anteriormente. O ataque, mesmo com tantas opções (Shunsuke Mito, Tobias Lauritsen, Camiel Neghli, Mohamed Nassoh, o brasileiro Kayky...), é o segundo pior da temporada - só 14 gols, junto ao Groningen. Os empates são excessivos (6), e o Sparta é o pior mandante do campeonato até aqui (nada de vitórias em nove jogos em Het Kasteel - quatro empates e cinco derrotas). Houve quem chegasse para ajudar, como o veterano Patrick van Aanholt na lateral esquerda, mas os Spartanen já estão sem vencer pela liga neerlandesa desde 21 de setembro do ano passado. Neste 2025, precisam reagir urgentemente para afastarem aquela realidade que parecia tão distante antes da temporada: brigar para não ser rebaixado.

Parada obrigatória: Heracles Almelo

Luka Kulenovic ajuda o Heracles Almelo no que pode. Mas o clube está "machucado" por traumas anteriores, e faz uma campanha temerária (Broer van den Boom/BSR Agency/Getty Images)

Posição: 15º lugar, com 14 pontos 
Técnico: Erwin van de Looi
Time-base: De Keijzer; Benita, Mirani, Mesik e Roosken; De Keersmaecker e Scheperman (Zamburek); Podgoreanu (Van Kaam), Engels e 't Zand; Kulenovic 
Maior vitória: Heracles Almelo 2x0 NAC Breda (11ª rodada)
Maior derrota: Twente 5x0 Heracles Almelo (10ª rodada)
Copa da Holanda: enfrentará o De Graafschap (segunda divisão), nas oitavas de final
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Luka Kulenovic (atacante), com 7 gols
Objetivo do início: escapar do rebaixamento/meio de tabela
Avaliação: Em que pese terem alguns bons jogadores, os Heraclieden seguem sofrendo e não conseguem se livrar definitivamente dos riscos de rebaixamento. Tentarão fazer isso no returno

O rebaixamento de 2021/22, em queda inesperada nas últimas rodadas (e consumada na repescagem), talvez seja uma chaga que ainda perturbe o time de Almelo, mesmo já de volta à Eredivisie há duas temporadas. Foi assim em 2023/24, quando os Heraclieden não passaram da 14ª posição. Está sendo assim novamente agora. Porque a equipe alvinegra nunca saiu da parte de baixo da tabela - o máximo a que chegou até agora foi à 10ª posição. E porque ela demora a vencer: não só conseguiu três pontos somente na sexta rodada (2 a 1 no NEC, fora de casa), como saiu com a vitória em somente três vezes no primeiro turno. E se não perdeu tanto, "compensou" no número de empates: oito, junto do Zwolle, só abaixo do Sparta Rotterdam. E se trata da terceira pior defesa da liga até agora: 33 gols sofridos.

Claro que há pontos positivos no time. No ataque (ou na ponta direita, onde às vezes joga), o bósnio Luka Kulenovic faz o possível: com sete gols, conseguiu convencer até a ponto de deixar o titular antigo Jizz Hornkamp no banco de reservas, mesmo após este se recuperar de lesão. Os meio-campistas Brian de Keersmaecker e Mario Engels também colaboram. Mas, no geral, ainda se vê em campo um Heracles temeroso, que ainda não consegue impor respeito e deixar a queda para trás. Um bom exemplo disso foi a goleada sofrida justamente no clássico contra o Twente: um erro defensivo, o 1 a 0 surgiu, e o Heracles ficou batido, com os gols do rival se empilhando até o 5 a 0 final. 2025 já começou com uma perda de titular - o lateral esquerdo Ruben Roosken, rumando para o Huddersfield Town-ING. E começa com a preocupação de rebaixamento ainda em alta. Tentar diminuí-la é o grande objetivo.

Parada obrigatória: Groningen

Jorg Schreuders (à frente) foi quem mais tentou ajudar, mas o Groningen, como um todo, não se ajuda (Rene Nijhuis/BSR Agency/Getty Images)

Posição: 14º lugar, com 16 pontos
Técnico: Dick Lukkien
Time-base: Vaessen; Bacuna, Rente (Blokzijl), Prins e Peersman (Stam); Schreuders, Pelupessy (Resink), Hove e Valente; Postema (Willumsson) e Van Bergen
Maior vitória: Groningen 4x1 NAC Breda (1ª rodada)
Maior derrota: NEC 6x0 Groningen (11ª rodada)
Copa da Holanda: eliminado pelo AZ, na segunda fase
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Jorg Schreuders (meio-campo), com 3 gols
Objetivo do início: escapar do rebaixamento
Avaliação: No meio do caminho, uma péssima sequência deixou os Groningers rondando a zona de rebaixamento. O perigo foi diminuído, mas ainda existe, e precisa ser neutralizado no returno

Ao começar sua volta à primeira divisão goleando no primeiríssimo jogo do Campeonato Holandês 2024/25 (4 a 1 no NAC Breda), tendo mais uma vitória e um empate nas primeiras três rodadas, parecia que o Groningen viria para ser outro egresso da Eerste Divisie, a segunda divisão, a se dar bem na temporada de retorno à elite. Tanto que o clube do norte dos Países Baixos ficava na segunda posição, ao final dessas rodadas. Contudo, logo vieram os tropeços: o Groningen só voltaria a vencer na 12ª rodada (1 a 0 no Sparta Rotterdam). Até lá, foram três empates e seis derrotas, de 25 de agosto a 9 de novembro.

Talvez porque, mesmo com alguns nomes de qualidade (o meio-campo Jorg Schreuders, por exemplo), faltam os gols: trata-se do segundo pior ataque do campeonato, 14 gols em 17 rodadas, mesmo com constantes mudanças entre jogadores no setor (Thijs Oosting, Romano Postema, Thom van Bergen, o islandês Brynjólfur Willumsson). Também não ajudaram questões como a punição temporária à indisciplina de dois titulares, o goleiro Etienne Vaessen e o lateral direito Leandro Bacuna. E fatores como duas goleadas tomadas - 6 a 0 para o NEC, na 11ª rodada, e 5 a 0 para o PSV, na 13ª - também aumentaram as preocupações e as pressões sobre o técnico Dick Lukkien. Terminar o primeiro turno sem vencer há três rodadas (um empate, uma derrota e um jogo suspenso contra o Heracles Almelo) também mantém os temores em alta. O Groningen precisará retornar de modo convincente para que eles sejam mitigados, e não aumentados. Também por isso, a contratação de um atacante: o experiente Mats Seuntjens.

Parada obrigatória: Zwolle

Pelo crescimento de nomes como Dylan Mbayo, o Zwolle conseguiu controlar os danos do mau começo de temporada. Não melhora, mas não piora (Peter Lous/BSR Agency/Getty Images)

Posição: 13º lugar, com 17 pontos (atrás pelo menor número de gols)
Técnico: Johnny Jansen 
Time-base: Schendelaar; Floranus, Graves (Aertssen), MacNulty e Van der Haar; El Azzouzi e Van den Berg (Fichtinger); Mbayo, Monteiro e Velanas (Krastev); Vente
Maior vitória: Zwolle 3x0 Fortuna Sittard (4ª rodada)
Maior derrota: PSV 6x0 Zwolle (10ª rodada)
Copa da Holanda: eliminado pelo NEC, na primeira fase
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Dylan Vente (atacante), com 4 gols
Objetivo do início: escapar do rebaixamento/meio de tabela
Avaliação: Embora tenha fragilidades visíveis, o Zwolle conta com destaques aqui e ali. Por eles, alguns resultados vêm. E por estes resultados, o clube se segura pouco acima da zona de repescagem/rebaixamento

O Zwolle tem lá suas semelhanças ao NEC, que vem logo acima dele na tabela - quando nada, porque ambos têm a mesma pontuação, vale lembrar. Em primeiro lugar, também não consegue embalar rumo a uma posição segura na tabela. Em segundo lugar, também tem resultados ruins: foram só duas vitórias nas duas primeiras rodadas. Fez até pior, aliás: chegou a estar na 16ª e antepenúltima posição (a da repescagem de acesso/descenso), em três rodadas. Tomou até duas goleadas de clubes grandes (5 a 1 do Feyenoord, na 2ª rodada; PSV 6 a 0, na 10ª rodada). Somente o atacante Dylan Vente mostrava alguma capacidade técnica. Por quê, então, o Zwolle ainda consegue segurar sua situação?

Porque, bem ou mal, logo o técnico Johnny Jansen conseguiu consolidar seu time dentro de um jeito de jogar: dois volantes, quatro na defesa etc. Em segundo lugar, na reta final do turno, os Zwollenaren melhoraram: cresceram de produção nomes como o ponta direita Dylan Mbayo (eleito o melhor jogador da Eredivisie em novembro, no geral), o meio-campo Jamiro Monteiro, mesmo o goleiro Jasper Schendelaar (que cresceu não só nas defesas, mas na reposição de bola - uma delas rendeu até um passe para gol, nos 3 a 1 no Fortuna Sittard, na 11ª rodada). Por isso, o Zwolle perdeu menos na parte final do turno. Não vence desde a 14ª rodada (1 a 0 no Sparta Rotterdam), mas ainda consegue se segurar pouco acima das posições perigosas. E controla o perigo de crise. Pelo menos, por enquanto.

Parada obrigatória: NEC

Koki Ogawa faz seus gols, mas não só o NEC não embala, como mostrou piora preocupante no final da primeira metade da temporada (Broer van den Boom/BSR Agency/Getty Images)

Posição: 12º lugar, com 17 pontos (na frente pelo maior número de gols)
Técnico: Rogier Meijer
Time-base: Roefs; Pereira, Márquez, Nuytinck e Verdonk; Proper (Schöne) e Hoedemakers; Önal (Hansen), González e Ouaissa (Sano); Ogawa
Maior vitória: NEC 6x0 Groningen (11ª rodada)
Maior derrota: Go Ahead Eagles 5x0 NEC (15ª rodada)
Copa da Holanda: eliminado pelo Heracles Almelo, na segunda fase
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Koki Ogawa (atacante), com 6 gols
Objetivo do início: meio de tabela/vaga nos play-offs por vaga na Conference League 
Avaliação: Até que a equipe de Nijmegen tem bom nível técnico. Entretanto, o final da primeira metade da temporada foi péssimo, aumentando a pressão da torcida. O NEC precisa melhorar, rápido

O NEC é outro time que sofre com a inconstância na atual temporada do Campeonato Holandês. Nem era para ser assim: afinal de contas, a base do time segue relativamente igual à da (boa) temporada passada. Entretanto, o time de Nijmegen não consegue ter uma boa sequência de resultados que seja em sua campanha na liga. Começou perdendo as duas primeiras rodadas; depois, ganhou as duas seguintes; daí perdeu mais duas partidas seguidas; e assim foi. Tendo em vista a qualidade técnica, não precisava ser assim. Há bons jogadores: os meio-campistas Dirk Proper e Mees Hoedemakers, os pontas Sontje Hansen e Kodai Sano, Koki Ogawa também faz seus gols no ataque, Vito van Crooij foi contratação das mais úteis para a ponta esquerda. Mas não adianta: os Nijmegenaren não embalam. Não embalam nem mesmo após bons resultados, como os 6 a 0 sobre o Groningen (11ª rodada).

Talvez porque o NEC só consiga suas vitórias quando tem capacidade de se impor sobre o adversário. Se encontra problemas para atacar com velocidade pelas pontas, seja com os pontas, seja com os alas, o time se amua, fica sem poder de reação. E isso se viu na perigosa queda de produção na reta final da temporada. Desde a 12ª rodada, a equipe está sem vitórias no campeonato. Não que não compita, mas sempre perde - foi o que se viu, por exemplo, nos 2 a 1 sofridos para o Ajax (14ª rodada). Pior ainda foi notar fragilidade defensiva nos 5 a 0 sofridos para o Go Ahead Eagles (15ª rodada) e nos 4 a 1 pespegados pelo Willem II (17ª rodada). Resultados que já fazem o time ser o quarto com mais derrotas na liga. Que fizeram a ala de "ultras" da torcida até ir conversar sob tensão com o técnico Rogier Meijer. E que fazem o NEC precisar voltar da pausa de inverno já melhorando.

Parada obrigatória: Heerenveen

Sob o comando de Robin van Persie, o Heerenveen até conseguiu vitórias importantes. Mas precisa de mais estabilidade em campo para ganhar confiança (Pieter van der Woude/BSR Agency/Getty Images)


Posição: 11º lugar, com 21 pontos
Técnico: Robin van Persie
Time-base: Van der Hart (Noppert); Hall (Braude), Hopland, Kersten e Köhlert; Van Ee e Brouwers; Olsson (Jahanbakhsh), Smans e Sebaoui; Nicolaescu (Rallis)
Maior vitória: Heerenveen 4x0 NAC Breda (4ª rodada)
Maior derrota: AZ 9x1 Heerenveen (5ª rodada)
Copa da Holanda: enfrentará o Quick Boys (terceira divisão), nas oitavas de final
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Ion Nicolaescu (atacante), com 5 gols
Objetivo do início: meio de tabela/vaga nos play-offs pela Conference League
Avaliação: A fragilidade defensiva e a inconstância são tamanhos a ponto de ainda causar desconfiança sobre o Fean. Mas a reação no final do turno deixa a promessa de que dias melhores venham

Campeonato Holandês, 16ª rodada, a penúltima do primeiro turno. O Heerenveen recebe o líder PSV... e joga bem, terminando por impor a segunda derrota ao líder da Eredivisie nesta temporada (1 a 0). O resultado foi tão importante que trouxe à torcida do time da Frísia a promissora sensação de que "agora ia". Ainda mais porque o adversário da 17ª rodada seria o Almere City, último colocado da Eredivisie. Resultado: Almere City 3 a 0, saindo da lanterna. Eis a inconstância que torna o Fean um alvo de desconfiança de todos na temporada, até agora. E essa desconfiança tem algumas razões de ser. A primeira: o excessivo apego de Robin van Persie a um estilo de jogo ofensivo. Nem haveria nada tão ruim nisso, não fosse o desapego diretamente proporcional aos resultados (importantes num futebol competitivo). A prova mais gritante disso foi os 9 a 1 sofridos para o AZ, na 5ª rodada: era simplesmente a pior derrota sofrida pelo Heerenveen em sua história no Campeonato Holandês, mas ainda assim Van Persie se dizia "orgulhoso" dos jogadores terem persistido num jeito de jogar, e que quedas assim "faziam parte". 

Paciência tinha limite. Ainda mais porque os resultados práticos diziam que o Heerenveen só tinha três vitórias após dez rodadas, sofria com a persistência dos maus desempenhos de goleiros (nem Andries Noppert nem Mickey van der Hart conseguiam ter uma longa sequência confiável, e o rodízio segue até agora). Por sinal, a décima rodada marcou o ponto mais baixo do Fean: a 16ª colocação, que leva à repescagem de acesso/descenso. Melhorar era preciso, e urgente. E até que a equipe melhorou: teve três vitórias - inclua-se aí o inesperado triunfo sobre o PSV -, viu o crescimento de alguns jogadores (como Levi Smans, no meio-campo), conseguiu respirar um pouco indo até uma região segura da tabela. Mesmo assim, a desconfiança continua, pela distorção dos resultados. Para dar um exemplo, o Heerenveen é o quarto melhor mandante e o terceiro pior visitante do campeonato. Só mesmo ficando no meio da tabela, só mesmo se estabilizando, é que a torcida dará algum respaldo ao primeiro trabalho de Robin van Persie "para valer" como treinador. Resultados não são tudo, mas são 100%...

Parada obrigatória: NAC Breda

Há jogadores mais talentosos, mas é o esforço de nomes como o zagueiro Van den Bergh que leva o NAC Breda a estar numa posição segura (Roy Lazet/Soccrates/Getty Images)

Posição: 10º lugar, com 22 pontos (atrás pelo menor número de gols)
Técnico: Carl Hoefkens
Time-base: Bielica; Lucassen, Greiml, Van den Bergh e Kemper; Balard e Oldrup Jensen; Paula (Saná Fernandes), Leemans e Sauer; Omarsson
Maior vitória: NAC Breda 4x1 RKC Waalwijk (10ª rodada)
Maior derrota: Heerenveen 4x0 NAC Breda (4ª rodada)
Copa da Holanda: eliminado pelo Barendrecht (terceira divisão), na segunda fase
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Leo Sauer (meio-campista) e Elias Már Ómarsson (atacante), ambos com 3 gols
Objetivo do início: escapar do rebaixamento
Avaliação: O esforço, principalmente na defesa, faz com que os aurinegros de Breda sejam um adversário mais duro do que se esperava. Para um time vindo da segunda divisão, o meio de tabela está ótimo, por ora

Quer saber como joga o NAC Breda? Basta olhar, mais do que táticas ou coisas assim, para sua dupla de zaga. Tanto Leo Greiml quanto o capitão Jan van den Bergh não descansam, se mantêm vigilantes, dedicam todo o esforço que podem. Por isso, talvez, o time aurinegro de Breda esteja se saindo melhor do que a encomenda na temporada: se a técnica só está em alguns jogadores, sobra esforço. Isso já se viu nas duas primeiras rodadas - se logo no primeiro jogo da Eredivisie o time levou 4 a 1 do Groningen fora de casa, a segunda rodada trouxe uma agradável vitória sobre o Ajax (2 a 1), com o gol da vitória sendo feito nos acréscimos. Parecia que o esforço não seria suficiente para tirar o NAC da parte de baixo da tabela, pelo começo da campanha, com cinco derrotas nas sete primeiras rodadas. Era até compreensível: mesmo que a dedicação não faltasse, o técnico Carl Hoefkens parecia rodar demais o esquema.

Até que Hoefkens encontrou o time como lhe pareceu melhor: com dois volantes, alguma qualidade técnica em Clint Leemans e no eslovaco Leo Sauer (este, emprestado pelo Feyenoord), alguma capacidade de marcar gols no islandês Elias Már Ómarsson. E uma sequência de três vitórias entre a 8ª e a 10ª rodada - 1 a 0 no NEC, 2 a 1 no Zwolle, 4 a 1 no RKC Waalwijk - foi decisiva para catapultar os Bredanaren ao meio de tabela. Se vieram duas derrotas depois (sem contar a eliminação na Copa da Holanda, uma nova boa sequência - um empate e duas vitórias, entre a 13ª e a 15ª rodadas - ajudou o time de Breda a se manter estável. Bem como novas contratações, como o experiente Terence Kongolo, na lateral esquerda. E até mesmo nas derrotas, o esforço seguia: na 16ª rodada, o NAC Breda abriu o placar contra o AZ, só entregando a virada nos acréscimos. É certo que perder para o Go Ahead Eagles, concorrente direto, na última rodada do turno, foi prejudicial. Mas por ora, o NAC Breda se mostram osso duro de roer. Está de tamanho mais do que bom.

Parada obrigatória: Willem II

Com Bokila (braços erguidos) ajudando na reta final, junto a um time que já estava entrosado e sabendo como jogar, o Willem II faz campanha mais segura do que se pensava (Rene Nijhuis/MB Media/Getty Images)

Posição: 9º lugar, com 22 pontos (na frente pelo maior número de gols)
Técnico: Peter Maes
Time-base: Didillon-Hödl; Tirpan, Behounek, St. Jago e Sigurgeirsson; Bosch, Meerveld e Lachkar; Doodeman (Nizet), Bokila e Sandra (Vaesen)
Maior vitória: Willem II 4x1 NEC (17ª rodada)
Maior derrota: Utrecht 3x2 Willem II (6ª rodada)
Copa da Holanda: eliminado pelo VV Noordwijk (terceira divisão), na segunda fase
Competição europeia: nenhuma
Artilheiros: Ringo Meerveld (meio-campista), Cisse Sandra (atacante) e Kyan Vaesen (atacante), todos com 4 gols 
Objetivo do início: escapar do rebaixamento/meio de tabela
Avaliação: O surpreendente empate contra o Feyenoord, na estreia, já sinalizava: os Tricolores de Tilburg tinham plenas condições de fazer boa campanha. Até agora, com firmeza tática, conseguem isso

Como dito na avaliação logo acima, o jogo de estreia do Willem II neste Campeonato Holandês sinalizou que o campeão da segunda divisão estava longe de ser presa fácil. O Feyenoord até dominou no primeiro tempo, mas apenas controlou o jogo na etapa final, e foi surpreendido pelo empate dos Tricolores, nos minutos derradeiros. Já naquela primeira partida, se notaram alguns aspectos do jogo do time de Tilburg. O primeiro deles: a firmeza. O técnico belga Peter Maes acertou ao privilegiar primeiro a defesa, colocando cinco jogadores no setor. E logo eles se entrosaram, a tal ponto que rapidamente se decorou que os Tilburgers tinham o goleiro francês Thomas Didillon-Hödl (dos melhores do campeonato até aqui, aliás), continuando com Rob Nizet, Mickaël Tirpan, Raffael Behounek, Thomas "Tommy" St. Jago e Rúnar Tór Sigurgeirsson.

No meio-campo, dois nomes cuidavam da criação de jogadas: Jesse Bosch e Ringo Meerveld, como já haviam feito na vitoriosa temporada na segunda divisão. E na frente, logo a dupla momentânea Kyan Vaesen-Cisse Sandra se estabeleceu como a garantia dos gols necessários. Bastou para que o Willem II, empatando pouco, se mantivesse seguro no meio da tabela. Às vezes, um pouco abaixo, perdendo para Utrecht (3 a 2, 6ª rodada), PSV (2 a 0, 7ª rodada) e Ajax (1 a 0, 10ª rodada). Às vezes, subindo, como na vitória sobre o AZ (2 a 1, 12ª rodada). Aos poucos, os Tricolores puderam ousar mais, passando a jogar com três atacantes (aí entrou Jeremy Bokila, destaque tardio do primeiro turno no time). E se prejudicou perder em sequência para Groningen (2 a 0, 14ª rodada) e Heerenveen (2 a 1, de virada, na 15ª rodada), duas vitórias nas duas últimas rodadas fizeram o time controlar os efeitos da eliminação na Copa da Holanda e se aproximar do Fortuna Sittard - e da zona de repescagem pela vaga na Conference League. Nada mal para um clube vindo da segunda divisão, precisando se reacostumar. O Willem II se reacostumou rapidamente. E faz campanha segura até aqui.

Parada obrigatória: Fortuna Sittard

Alen Halilovic era o destaque solitário do Fortuna Sittard. Ganhou outros colegas, e o time começou a despontar neste Campeonato Holandês (Gerrit van Keulen/ANP/Getty Images)

Posição: 8º lugar, com 25 pontos (atrás pelo menor número de gols)
Técnico: Danny Buijs
Time-base: Branderhorst; Ivo Pinto, Rodrigo Guth, Adewoye (Van Ottele) e Dahlhaus (Dijks); Bastien e Rosier; Fosso, Halilovic e Peterson; Bullaude (Aïko)
Maior vitória: Utrecht 2x5 Fortuna Sittard (17ª rodada)
Maior derrota: Ajax 5x0 Fortuna Sittard (3ª rodada)
Copa da Holanda: eliminado pelo Quick Boys (terceira divisão), na segunda fase
Competição europeia: nenhuma
Artilheiro: Kristoffer Peterson (atacante) e Ezequiel Bullaude (atacante), ambos com 5 gols
Objetivo do início: meio de tabela/escapar do rebaixamento
Avaliação: O começo preocupou a torcida dos Fortunezen, com quatro derrotas nas seis primeiras rodadas. Mas a equipe se aprumou, evoluiu desde então, cumpre o objetivo e sonha até com coisa melhor

Desde os tempos de seu trabalho no Groningen, o técnico Danny Buijs é saudado como alguém que estabelece bom ambiente com os jogadores e é querido pela torcida, mesmo sem que os resultados venham. Só que eles precisavam vir. Ainda mais no Fortuna Sittard, que se começou a temporada com duas vitórias, preocupou-se com quatro derrotas seguidas, entre a 3ª e a 6ª rodadas. Inclusive, a derrota da 3ª rodada (5 a 0 para o Ajax) impressionou pela facilidade com que os Amsterdammers se impuseram na Johan Cruyff Arena. Parecia a senha de uma temporada difícil. Mas, aos poucos, Buijs arrumou a equipe. Destaques, haviam. Como Alen Halilovic: o ponta-de-lança croata, um dia considerado a grande revelação do Barcelona (dez anos atrás, mais ou menos), é o grande destaque dos Fortunezen. Precisava de companheiros.

Eles vieram. Principalmente a seu lado, no meio-campo e no ataque. Vindo para a temporada, o sueco Kristoffer Peterson logo tomou conta da ponta direita, trazendo velocidade e habilidade. No ataque, dois nomes se alternaram em destaques: o argentino Ezequiel Bullaude (emprestado pelo Feyenoord) e Alessio da Cruz, velho conhecido de Eredivisie. Mais atrás, o congolês Samuel Bastien se firmou como volante veloz. E o Fortuna Sittard reagiu, vencendo alguns jogos inesperados (como 1 a 0 no AZ, na 8ª rodada) e sendo osso duro de roer em outros (arrancou empate do Feyenoord, 1 a 1, na 14ª rodada). Com duas vitórias nas duas últimas rodadas do turno - destaque para o movimentado 5 a 2 no Utrecht, fora de casa, na 17ª rodada -, se sobressaiu em relação a Willem II e NAC Breda, adversários diretos. A boa campanha na Eredivisie neutraliza a eliminação na Copa da Holanda. E enfim, traz os resultados de que Danny Buijs necessitava para seu trabalho.

Parada obrigatória: Go Ahead Eagles

O Go Ahead Eagles começou a temporada em baixa. Logo se arrumou, alguns destaques apareceram... e as Águias estão fazendo, outra vez, excelente campanha (Broer van den Boom/BSR Agency/Getty Images)

Posição: 7º lugar, com 25 pontos (na frente pelo maior número de gols)
Técnico: Paul Simonis
Time-base: Plogmann; Deijl, Nauber, Kramer e James (Adelgaard); Llansana e Linthorst; Antman, Breum e Oliver Edvardsen; Victor Edvardsen
Maior vitória: Go Ahead Eagles 5x0 NEC (15ª rodada)
Maior derrota: Go Ahead Eagles 1x5 Feyenoord (9ª rodada)
Copa da Holanda: enfrentará o Twente, nas oitavas de final
Competição europeia: Conference League (eliminado pelo SK Brann-NOR, na segunda fase preliminar)
Artilheiro: Oliver Edvardsen (meio-campista), com 8 gols
Objetivo do início: meio de tabela/vaga de repescagem pela Conference League
Avaliação: O mau começo, com dificuldades de ataque, assustou bastante. Mas o "Kowet" logo se aprumou, cresceu de produção e faz, mais uma vez, campanha primorosa para suas possibilidades

Quatro rodadas, três derrotas, só dois gols marcados - mesmo tendo até mais finalizações do que os adversários (foi assim nos 2 a 0 sofridos em casa para o Fortuna Sittard, na primeira rodada do Campeonato Holandês). O Go Ahead Eagles teve medo de que fosse o início de uma campanha que o jogasse de volta à realidade, após a primorosa campanha de 2023/24 - premiada com a vaga na segunda fase preliminar da Conference League. Algumas perdas nas transferências, como as do goleiro Jeffrey de Lange e do meio-campo Willum Willumsson, aumentavam o temor do time da cidade de Deventer. Só o tempo e os resultados acalmaram a torcida. Mais precisamente, os resultados da 5ª rodada (2 a 1 no Sparta Rotterdam, fora de casa) e da 6ª também (1 a 1 com o Ajax, que tem sido "assustado" pelas Águias nas últimas temporadas).

Aos poucos, sustos assimilados, o "Kowet" se "reentrosou". Na defesa, nomes já conhecidos (Mats Deijl, Gerrit Nauber, Joris Kramer) recuperaram o costume de jogarem juntos. O técnico Paul Simonis, sucessor de René Hake, enfim consolidou o esquema tático com dois volantes. Determinadas mudanças táticas, como mandar o dinamarquês Jakob Breum (ponta de origem) para o meio, deram certo. Aos poucos, os gols retornaram, principalmente por obra e graça da dupla de Edvardsen que não são parentes (o meia-esquerda norueguês Oliver e o atacante sueco Victor). E o Go Ahead Eagles começou a evoluir. O "caldeirão" que o estádio De Adelaarshorst virou nos últimos anos voltou a se esquentar, com vitórias como os 5 a 0 no NEC (15ª rodada) e os 2 a 1, de virada, no NAC Breda (17ª rodada). Prêmio: o time aurirrubro está, de novo, na zona de repescagem pela vaga na Conference League. Só não é uma surpresa porque já aconteceu na temporada passada. Mas é sinal do primoroso trabalho feito no clube - méritos ao ex-jogador Paul Bosvelt, diretor de futebol. E do grande momento que o Go Ahead Eagles vive.

Parada obrigatória: Twente

Com seus gols, Sem Steijn (artilheiro da Eredivisie) ajudou o Twente a se recuperar de um começo inconstante. Só falta melhorar contra os grandes (BSR Agency/Getty Images)

Posição: 6º lugar, com 31 pontos
Técnico: Joseph Oosting
Time-base: Unnerstall; Van Rooij, Hilgers, Kuipers e Salah-Eddine; Regeer e Eiting; Ltaief (Rots), Steijn e Van Bergen (Van Wolfswinkel); Lammers
Maiores vitórias: Almere City 0x5 Twente (6ª rodada) e Twente 5x0 Heracles Almelo (10ª rodada) 
Maior derrota: PSV 6x1 Twente (15ª rodada)
Copa da Holanda: enfrentará o Go Ahead Eagles, nas oitavas de final
Competição europeia: Liga Europa (30º colocado na fase de liga)
Artilheiro: Sem Steijn (meio-campista/atacante), com 12 gols
Objetivo do início: vaga direta nas competições europeias
Avaliação: Mesmo caindo um pouco de produção em relação a temporadas anteriores, os Tukkers têm destaques e fazem um bom papel. Só precisam se recuperar de tropeços contra adversários diretos

Nas quatro primeiras rodadas da Eredivisie, somente uma vitória (2 a 1 no NEC, fora de casa, logo na primeira rodada). Sem dúvida, algo relativamente incomum, em se tratando do Twente, habitual "pedra no sapato" dos três grandes neerlandeses, integrante quase fixo do "subtopo" da tabela. Pelo menos, logo os Tukkers se recuperaram. Até porque nunca faltou esforço dos jogadores - que o digam os notáveis empates contra Manchester United e Fenerbahçe, ambos na Liga Europa. Logo, as vitórias começaram a vir também na liga nacional - começando pelos 5 a 0 fora de casa no Almere City (6ª rodada). E elas indicaram os destaques que apareceriam no Twente. O principal deles, claro, Sem Steijn: meio-campista cada vez mais adiantado (quando não jogando como ponta esquerda), Steijn logo começou a mostrar o faro de gol que o tornou o atual goleador do campeonato, com 12 gols.

Além de Steijn, também ajudaram nomes como o lateral direito Bart van Rooij, boa contratação, e o driblador meia-direita Sayfallah "Sayf" Ltaief. Junto a velhos conhecidos da torcida, como Youri Regeer e Ricky van Wolfswinkel (sem contar outro reforço, Sam Lammers), os Tukkers começaram a engatar vitórias notáveis, como golear o rival regional Heracles Almelo (5 a 0, 10ª rodada) e virar o jogo contra o Go Ahead Eagles, surpresa da temporada (3 a 2, 14ª rodada). Não à toa, logo o time fez valer a força que tem ao jogar em De Grolsch Veste, seu estádio - é o terceiro melhor mandante do campeonato. Porém, na hora de encarar os clubes da mesma região da tabela... o Twente sofre. Perdeu de Feyenoord (2 a 1, 8ª rodada) e AZ (1 a 0, 17ª rodada), foi goleado pelo PSV (6 a 1, 15ª rodada), empatou com o Ajax (2 a 2, 12ª rodada). De quebra, vê o goleiro Lars Unnerstall, habitualmente confiável, cometer erros vez por outra na saída de bola. Ainda assim, há perspectivas para o clube de Enschede nesta temporada. Basta se agigantar contra adversários bem colocados, que outra boa temporada estará garantida.

Parada obrigatória: AZ

Troy Parrott começou bem no AZ, passou pela forte turbulência entre setembro e novembro... e continua bem para a reação que o AZ ensaia (Ed van de Pol/BSR Agency/Getty Images)

Posição: 5º lugar, com 32 pontos
Técnico: Maarten Martens
Time-base: Owusu-Oduro; Kasius (Maikuma), Goes, Penetra e Möller Wolfe; Clasie e Koopmeiners (Buurmeester); Lahdo (Meerdink), Mijnans e Van Bommel; Parrott
Maior vitória: AZ 9x1 Heerenveen (5ª rodada)
Maior derrota: Feyenoord 3x2 AZ (11ª rodada)
Copa da Holanda: enfrentará o Ajax, nas oitavas de final
Competição europeia: Liga Europa (19º colocado na fase de liga)
Artilheiro: Troy Parrott (atacante), com 10 gols
Objetivo do início: vaga direta em competições europeias/três primeiras posições
Avaliação: Mesmo tendo um período de péssima sequência, o time de Alkmaar está onde (quase) sempre esteve - logo abaixo dos ponteiros. E pressionando-os vez por outra

A temporada passada foi de turbulências com que os Alkmaarders estavam meio desacostumados. Pelo menos, para 2024/25, o técnico belga Maarten Martens teria tempo para colocar sua equipe de modo mais natural, sem a pressa de precisar de uma recuperação. Até que foi assim, pelo menos no começo de Eredivisie. Como se pedia, os titulares do AZ passaram a ter mais nomes da geração campeã da Youth League (a "Liga dos Campeões" para jovens) 2023/24: Rome-Jayden Owusu-Oduro no gol, Wouter Goes na zaga, Mexx Meerdink de volta do empréstimo ao Vitesse para ser mais usado no ataque. De quebra, Ruben van Bommel voltava a se destacar, enquanto o irlandês Troy Parrott fazia exatamente aquilo para que foi contratado: gols. E o início foi promissor: um empate e três vitórias, sem sofrer gols nas quatro primeiras rodadas, desaguando nos 9 a 1 sobre o Heerenveen, pela 5ª rodada - simplesmente a maior vitória em casa na história do AZ dentro do Campeonato Holandês. Se fosse assim, o AZ estaria se credenciando para disputar o título. 

Só que não foi. Porque, entre o fim de setembro e o começo de novembro, o AZ encarou um período altamente problemático. No campeonato holandês, seis jogos sem vitória (incluindo aí derrotas em casa para Utrecht e Willem II), também perdendo para Feyenoord e PSV e, portanto, despencando da segunda posição que chegou a ocupar para um pouco abaixo. Na Liga Europa, uma sequência de três derrotas também dificultou as perspectivas de avançar, pelo menos, à segunda fase. Pelo menos, ao contrário da temporada passada, Martens seguiu com o respaldo da diretoria (que também passa por mudanças internas). E o treinador do AZ fez algumas alterações que ajudaram a equipe. Na lateral direita, o japonês Seiya Maikuma se estabilizou; no meio-campo, o experiente Jordy Clasie ganhou um parceiro praticamente fixo em Peer Koopmeiners (que, não bastasse ser irmão de Teun, ainda tem posição muito semelhante à do jogador da Juventus: meio-campo, improvisado na zaga de vez em quando). Sven Mijnans foi para a criação de jogadas, como gosta. E após a tempestade, veio a bonança - pelo menos na Eredivisie: o time terminou 2024 com cinco vitórias seguidas (incluindo aí 2 a 1 no Ajax, na 15ª rodada, e 1 a 0 no Twente, na 17ª). Enfim, o AZ restabeleceu alguma normalidade em sua temporada. Quer aprimorar isso na metade final dela.

Parada obrigatória: Feyenoord

O Feyenoord oscilou no começo da temporada. Ainda tem pontos a resolver. Ainda assim, a volta promissora de Santiago Giménez indica que dias melhores virão (Broer van den Boom/BSR Agency/Getty Images)

Posição: 4º lugar, com 35 pontos
Técnico: Brian Priske
Time-base: Wellenreuther (Bijlow); Read (Nieuwkoop), Hancko, Beelen e Smal (Hugo Bueno); Zerrouki (Hwang), Milambo e Timber; Hadj-Moussa, Giménez (Carranza) e Igor Paixão
Maior vitória: Zwolle 1x5 Feyenoord (2ª rodada) e Almere City 1x4 Feyenoord (12ª rodada)
Maior derrota: PSV 3x0 Feyenoord (17ª rodada)
Copa da Holanda: enfrentará o Rijnburgse Boys (terceira divisão), nas oitavas de final
Competição europeia: Liga dos Campeões (18º colocado na fase de liga)
Artilheiro: Santiago Giménez (atacante), com 6 gols
Objetivo do início: Título
Avaliação: O trabalho de Brian Priske demorou um pouco a engrenar. O Stadionclub tem certas coisas a resolver, como um problema com os goleiros. Mas já mostra mais solidez, graças aos nomes que crescem

A primeira rodada do Campeonato Holandês indicou um pouco o que foi o Feyenoord nesta primeira metade de Eredivisie - como, de resto, na primeira parte da temporada em si. Contra o Willem II, um primeiro tempo primoroso, com vantagem por 1 a 0, que poderia ser até maior. Porém, o segundo tempo trouxe queda de produção, um Stadionclub apenas controlando a vantagem... e veio o castigo: empate em 1 a 1, a oito minutos do fim. A goleada por 5 a 1 no Zwolle (2ª rodada) relembrou: o Feyenoord tinha seus talentos, muitos, até. Na zaga, Dávid Hancko; no meio-campo, Quinten Timber, recebendo o reforço da vitalidade do sul-coreano Hwang In-beom, e da técnica do jovem Antoni Milambo, enfim recebendo sequência de jogos; e no ataque, Igor Paixão aparecendo cada vez mais, se credenciando como o grande nome do clube na temporada, até agora. Porém, uma sequência de dois empates na Eredivisie (e a péssima estreia na Liga dos Campeões - 4 a 0 inapeláveis do Bayer Leverkusen) fizeram o time de Roterdã perder terreno em relação aos líderes. Mesmo após uma sequência de cinco vitórias - incluído aí um 3 a 1 no Benfica, em pleno Estádio da Luz, na Liga dos Campeões -, veio a derrota para o Ajax, em De Kuip, em jogo atrasado da 4ª rodada. No gol, Timon Wellenreuther fora escolhido como titular, mas falhava, dando lugar a Justin Bijlow, que logo se machucou, com Wellenreuther retornando. Para piorar, uma grave lesão muscular parecia afastar Santiago Giménez dos campos até este 2025 que começa. Estava tudo perdido?

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Desde seu trabalho no Sparta Praga, o técnico Brian Priske deixava claro: seu trabalho costumava passar por um começo de altos e baixos, mas quando se estabilizava, recuperava a força. Dito e feito: se faltava Giménez, Anis Hadj-Moussa começou a se destacar na ponta direita, ajudando bastante Igor Paixão, enquanto Julián Carranza e Zépiqueno Redmond tinham suas chances. Na defesa, o jovem Givairo Read recebia chances e saía a contento na lateral direita, aproveitando chances após a lesão de Bart Nieuwkoop - coisa semelhante acontecia na esquerda, com Gijs Smal se firmando, pelo espanhol Hugo Bueno estar machucado. Duas vitórias estabilizaram o time na Eredivisie, mas o símbolo da relativa reação veio na Liga dos Campeões: perdendo por 3 a 0 para o Manchester City, fora de casa, o Stadionclub foi atrás das fragilidades do City, teve a surpresa agradável da volta de Santiago Giménez... e buscou o 3 a 3. E na Eredivisie, mais algumas vitórias vieram, recolocando o Feyenoord numa condição mais confiável. Os problemas estão no excesso de empates (5, o segundo maior). E em perder um jogo direto sem muita reação: na última partida do turno, o PSV impôs categóricos 3 a 0, distanciando os Rotterdammers da disputa pela ponta. Ainda assim, a sensação é de que o time ainda pode entrar a sério nessa disputa. Caberá ver como será o retorno, após os dias de treinos, no balneário espanhol de Marbella.

Parada obrigatória: Utrecht

Paxten Aaronson foi um dos reforços que ajudaram o Utrecht a ter um time coeso, que enfim supera seus limites na tabela, entrando na disputa do título (Ben Gal/BSR Agency/Getty Images)

Posição: 3º lugar, com 36 pontos
Técnico: Ron Jans
Time-base: Barkas; Horemans, Van der Hoorn, Viergever e El Karouani; Fraulo (Booth/Bozdogan), Toornstra (Aaronson) e Jensen; Rodríguez (Romeny), Ohio (Min) e Cathline
Maior vitória: Sparta Rotterdam 1x4 Utrecht (11ª rodada)
Maiores derrotas: Utrecht 2x5 PSV (14ª rodada) e Utrecht 2x5 Fortuna Sittard (17ª rodada) 
Copa da Holanda: enfrentará o RKC Waalwijk, nas oitavas de final
Competição europeia: nenhuma
Artilheiros: Paxten Aaronson (meio-campista), Noah Ohio (atacante) e Yoann Cathline (atacante), todos com 4 gols  
Objetivo do início: vaga nos play-offs pela Liga das Conferências/vaga direta na Liga Europa
Avaliação: Mesmo sem tantas contratações, o técnico Ron Jans refinou uma escalação que já estava entrosada. E o time equilibrado realiza até aqui o que os Utregs tanto queriam: disputar a ponta a sério

O Utrecht já era conhecido por ter um time capacitado, há algumas temporadas. Tanto que, quase sempre, disputa a repescagem por vaga na Conference League. Só que raramente passava disso, o que descontenta tanto a torcida quanto o empresário Frans van Seumeren, mecenas do clube há muitos anos. Pelo menos, na temporada 2023/24 poderia ser pior, após o mau começo. Mas o técnico Ron Jans chegou, estabilizou tudo... pelo menos até a decisão da repescagem, em que a vaga foi perdida em casa, traumaticamente (no fim da prorrogação), para o Go Ahead Eagles. Então, mesmo em boas condições, os Utregs precisavam dar uma satisfação. Pois bem, a estão dando. A começar pelas ótimas contratações feitas para esta temporada. Na defesa, os laterais Siebe Horemans (direita) e Souffian El Karouani (esquerda). No meio-campo, o promissor norte-americano Paxten Aaronson, dos únicos destaques do Vitesse, rebaixado e com sua própria existência ameaçada pela crise financeira que vive. No ataque, Noah Ohio (um dos destaques da seleção sub-21 da Holanda, que chega com tudo para a Euro) e Yoann Cathline (bom ponta, vindo do Almere City).

Com a boa mescla dos reforços - jovens, em sua maioria - com nomes experientes como Mike van der Hoorn, Nick Viergever e Jens Toornstra, o Utrecht começou bem. E uma sequência de seis vitórias seguidas (entre 3ª e 9ª rodadas, sem contar o jogo adiado da 5ª rodada) configurou simplesmente o melhor começo da história do clube fundado em 1970 - da fusão de outros dois, DOS e Velox - no Campeonato Holandês, levando-o à segunda posição. Se o time nem se destacava tanto no De Galgenwaard, sua casa (apenas o oitavo melhor mandante), equilibrava as coisas como o segundo melhor visitante, invicto (seis vitórias e dois empates fora de casa), algo comprovado até por resultados como vencer o AZ em Alkmaar (2 a 1, 7ª rodada) e empatar com o Ajax em Amsterdã (2 a 2, o jogo atrasado da 5ª rodada). Porém, a reta final do primeiro turno indicou oscilação defensiva preocupante. Na 14ª rodada, derrota para o líder PSV, em casa, por goleada (5 a 2); na 16ª rodada, o time chegou a ficar por 3 a 1 atrás do Go Ahead Eagles, e só empatou nos acréscimos; e na 17ª, a derrota mais surpreendente - 5 a 2 para o Fortuna Sittard, em pleno De Galgenwaard. Consertar tal oscilação é o principal objetivo no returno, para um Utrecht que, enfim, realiza seu sonho: desafiar o Trio de Ferro do futebol holandês.

Parada obrigatória: Ajax

Kenneth Taylor fez por merecer aplausos. Assim como o Ajax, de certa forma: mesmo sem se impor tanto, é clara a reação do time, bem mais confiável do que na temporada passada (Andre Weening/BSR Agency/Getty Images)

Posição: 2º lugar, com 39 pontos
Técnico: Francesco Farioli
Time-base: Pasveer; Gaaei (Rensch), Sutalo, Baas e Hato; Henderson, Klaassen e Fitz-Jim (Van den Boomen); Traoré, Brobbey (Weghorst) e Akpom (Godts)
Maior vitória: Ajax 5x0 Fortuna Sittard (3ª rodada)
Maior derrota: NAC Breda 2x1 Ajax (2ª rodada) e AZ 2x1 Ajax (15ª rodada)
Copa da Holanda: enfrentará o AZ, nas oitavas de final
Competição europeia: Liga Europa (11º colocado na fase de liga)
Artilheiros: Davy Klaassen (meio-campista) e Wout Weghorst (atacante), ambos com 6 gols
Objetivo do início: vaga em competições europeias/título
Avaliação: Embora as limitações de opções no grupo se façam sentir nos tropeços esporádicos, a melhora dos Ajacieden é visível na temporada. Ainda há chances de alcançar a liderança e voltar a ser campeão

No começo da temporada, o Ajax ainda era olhado pela imprensa - e um pouco, pela torcida, até por sua própria - como uma incógnita. Algo até natural, diante da traumática temporada 2023/24, cheia de problemas dentro e fora de campo, seguramente o pior momento da história recente do clube de Amsterdã. Disputar as fases preliminares da Liga Europa também causava desconfiança. E os dois primeiros resultados da equipe no Campeonato Holandês - vitória por 1 a 0 contra o Heerenveen, e derrota por 2 a 1 para o NAC Breda - trouxe um temor de que esta temporada seria igual àquela que passou. Nem tanto, nem tanto... chegar à fase de liga da Liga Europa e resultados como a goleada sobre o Fortuna Sittard (5 a 0, 3ª rodada) indicaram bons augúrios. Aos poucos, se viu que o italiano Francesco Farioli formava um time mais firme na defesa, sem deixar de ter no ataque a fluidez de que a torcida Ajacied tanto gosta. 

Isso se devia a algumas decisões de Farioli - polêmicas no começo, mas compreendidas depois, como colocar o veteraníssimo Remko Pasveer (41 anos completados em novembro passado) no gol. Deve-se também à melhora de alguns jogadores já presentes, como Jordan Henderson, Kenneth Taylor e Mika Godts - o inglês tem protegido bem a zaga; Taylor, normalmente adiantado para a ponta esquerda, talvez seja o melhor jogador do Ajax nesta temporada; o jovem Godts cresceu de produção (em jovens, o meia Kian Fitz-Jim também merece lá seu destaque). E à utilidade de alguns nomes que chegaram, como Davy Klaassen - novamente com gols importantes, novamente ajudando no meio-campo, novamente mostrando como se sente "em casa" no Ajax - e Wout Weghorst - mesmo na reserva, sempre marcando gols vindo dela. Vencer dois clássicos seguidos (2 a 0 no Feyenoord, em jogo atrasado da 4ª rodada, e 3 a 2 no PSV, na 11ª rodada) trouxe a confiança da torcida. E em que pese o grupo curto de jogadores (Farioli reclama do tanto que precisa "rodar" os titulares) e tropeços aqui e ali - como os empates em 2 a 2 com Twente (14ª rodada) e Utrecht (5ª rodada, jogo atrasado), mais a derrota para o AZ (2 a 1, 15ª rodada) -, o Ajax segue rondando o PSV, mais de perto do que na temporada passada. Embora a humildade ainda seja mantida, a sensação é de que o Ajax está sacudindo a poeira. Se não é acima de qualquer suspeita, tampouco faz feio. E pelo menos na Eredivisie, pode sonhar com a volta de tempos melhores.

Parada obrigatória: PSV

Ricardo Pepi (de frente), Malik Tillman (encoberto parcialmente por Hirving Lozano)... dois símbolos de um PSV menos imponente, mas ainda destacado no Campeonato Holandês (Broer van den Boom/BSR Agency/Getty Images)

Posição: 1º lugar, com 45 pontos
Técnico: Peter Bosz
Time-base: Benítez; Ledezma (Karsdorp), Flamingo, Boscagli e Mauro Júnior; Til (Schouten), Saibari (Veerman) e Tillman; Bakayoko, Luuk de Jong (Pepi) e Noa Lang
Maior vitória: Almere City 1x7 PSV (3ª rodada)
Maior derrota: Ajax 3x2 PSV (11ª rodada)
Copa da Holanda: enfrentará o Excelsior (segunda divisão), nas oitavas de final
Competição europeia: Liga dos Campeões (23º colocado na fase de liga)
Artilheiro: Ricardo Pepi (atacante), com 10 gols
Objetivo do início: Título
Avaliação: Embora o domínio não seja tão soberano quanto na temporada passada, o atual campeão ainda está com a liderança sob controle, e se vale de um poderoso ataque para ter boas condições de ser bicampeão

A torcida do PSV ainda se deliciava com o título holandês do ano passado, conquistado com somente uma derrota em 34 rodadas, quando começou esta temporada da Eredivisie. Em que pese ter começado com a perda da Supercopa da Holanda (em grande partida - 4 a 4 com o Feyenoord, vencida nas cobranças de pênalti pelo time de Roterdã), o time de Eindhoven começou a liga do mesmo jeito que terminara a anterior: vencendo. Já começou com goleada - 5 a 1 no RKC Waalwijk. Depois, veio um 7 a 1 no Almere City (3ª rodada). Em 10 rodadas, 10 vitórias. Também, pudera: para os padrões do Campeonato Holandês, o ataque dos Boeren era mais do que adequado: era ótimo, mesmo. Só no meio-campo, estão Ismael Saibari e Malik Tillman, talvez os dois melhores jogadores da atual Eredivisie. Pelos lados, Johan Bakayoko seguiu com o bom nível na direita, enquanto Noa Lang deixou as lesões musculares para trás na esquerda (sem contar as opções experientes, com Ivan Perisic e, somente no turno, Hirving Lozano, agora já indo para o San Diego FC, estreante na MLS). E na frente, Luuk de Jong começou com gols como sempre - e quando precisou entrar após De Jong se machucar, Ricardo Pepi virou simplesmente o goleador do PSV no campeonato. E nem se mencionaram Guus Til e Couhaib Driouech...

Só que o primeiro turno foi passando. E as fragilidades dos Eindhovenaren apareceram um pouco mais do que na temporada passada. Em primeiro lugar, a lesão da dupla fundamental no meio-campo (primeiro Joey Veerman, depois Jerdy Schouten) atrapalhou a montagem tática no local. Em segundo lugar, na defesa, a dupla do miolo de zaga, Rick Karsdorp-Olivier Boscagli, revelou alguns problemas na saída de bola. Foi em erros nela que surgiram as duas derrotas tidas no turno. Uma delas, em clássico: 3 a 2 para o Ajax, de virada, na 11ª rodada. Além do mais, a participação na Liga dos Campeões, deixa a desejar, com algumas dificuldades inesperadas (empate em casa com o Sporting-POR, virada suada contra o Shakhtar Donetsk-UCR, derrota para o Brest-FRA). Mesmo assim, também na defesa, houve pontos positivos: na lateral direita, sem o machucado Sergiño Dest, outro norte-americano, Richard Ledezma (Ledezma, Dest, Tillman, Pepi... quantos norte-americanos no PSV!), foi experimentado na posição e se deu bem, sem contar a opção vinda com Rick Karsdorp. Mauro Júnior segue com a utilidade de sempre, na esquerda e no meio. E as tantas vantagens seguem: líder com seis pontos de vantagem, melhor ataque, defesa menos vazada, melhor time em casa e fora... o PSV continua em excelente condição para tentar ser bicampeão. Se houvesse qualquer dúvida, a vitória categórica no último jogo do primeiro turno (3 a 0 no Feyenoord) a eliminou.