quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

As perguntas que não querem calar

Mesmo com a ausência de Miedema sendo muito sentida, a Holanda já está com todo o foco na Copa feminina (KNVB Media)

Foi mais difícil do que se imaginava ao longo das eliminatórias, mas afinal, a seleção feminina da Holanda (Países Baixos) está na Copa do Mundo. E começará a se preparar para ela nestas datas FIFA de fevereiro, com uma semana de treinos em Valletta, a capital de Malta, intercalada por dois amistosos contra a Áustria - nesta sexta, 17, e na próxima terça, 21. O que não quer dizer que tudo esteja tranquilo no ambiente das "Mulheres Laranjas". Afinal de contas, há duas perguntas a responder. O técnico Andries Jonker ainda precisa afinar o estilo com o qual a equipe neerlandesa irá a campo em Dunedin, cidade neozelandesa em que se estreará na Copa, em 23 de julho, contra a vencedora da repescagem entre Camarões, Tailândia e Portugal. Mais importante: é preciso começar a saber quem ocupará a lacuna mais sentida que a Holanda poderia sentir - a lacuna que Vivianne Miedema deixará nos próximos meses, Mundial incluído.

O rompimento do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo da atacante/capitã da seleção foi sentido além da dor em Miedema, além de deixá-la fora da Copa. Foi sentido pelo símbolo cada vez maior que ela é no futebol feminino, em termos mundiais. Por como "Viv" se tornou, nos últimos anos, voz cada vez mais ativa sobre a seleção em que joga, o esporte que pratica, as questões que o envolvem. Enfim, só se pode falar mesmo em "lacuna". Em certos aspectos, Miedema é insubstituível. E as próprias colegas de seleção reconhecem isso. Começando por Jackie Groenen, lamuriosa ao site NU Sport: "É uma grande perda para nós. Quando se joga com Vivianne, se sabe que ela vai marcar um. Ela é uma de nossas líderes, e tem uma opinião definitiva sobre o futebol. Sempre podemos usar bem isso, e sentiremos falta disso. É horrível".

Porém, como se sabe, de nada adianta chorar a lesão sofrida. Uma das mais experientes jogadoras entre as 26 convocadas, Stefanie van der Gragt ressalta isso - e apregoa: "Outras precisam se erguer agora para ocuparem esse papel [de liderança]". Andries Jonker também sabe bem disso. E já quer sair dos dois amistosos contra a Áustria com uma ideia melhor a respeito de como os Países Baixos irão para a Copa. Jonker deixou isso claro na entrevista coletiva dada por videoconferência: "É cedo para dizer que o time titular já será esse [dos amistosos], mas eu vou tentar desde já formar um time que possa fazer uma boa Copa". Dentro dessa ideia, claro, uma das principais dúvidas está em quem preencherá a lacuna que Miedema deixará em Austrália/Nova Zelândia. E em qual será o esquema tático visto com as neerlandesas.

Uma coisa depende da outra, de certa forma. É possível que a Holanda siga sendo escalada com três atacantes, como costuma jogar. Ou então, que Jonker prefira aprimorar o esquema com três zagueiras (tendo Sherida Spitse, uma provável capitã, como "líbero"), já visto nos últimos amistosos de 2022 - ora com problemas (derrota para a Noruega), ora com soluções (vitória sobre a Dinamarca). Aí, aumentam as chances de uma jogadora que falou: Lineth Beerensteyn. E para ela, segundo suas palavras à emissora NOS, tanto faz o esquema: "Não tenho ideia de que tipo de jogadora ele [Andries Jonker] quer ver naquele lugar. Já mostrei várias vezes que posso jogar tanto nos lados como no meio da área. E não tenho preferência. A escolha é do técnico".

Há outras atacantes mais experientes, mas Fenna Kalma pode se catapultar para o time titular com a quantidade de gols que faz (Getty Images)

Se é assim, será difícil para Jonker escolher. Porque se Beerensteyn está aí, se Lieke Martens tem a experiência a seu lado, é impossível ignorar o desempenho impressionante de Fenna Kalma jogando no Campeonato Holandês. No ano passado, a atacante do Twente (finalizadora por excelência) fez 33 gols em 24 rodadas; nesta, em 15 rodadas já são 25 bolas de Kalma nas redes. Anda cada vez mais difícil negar a ela um lugar entre as titulares. Assim como para Esmee Brugts, capacitada na ponta esquerda, o único ponto positivo de uma temporada apagada do PSV. Assim como, mais atrás, para Damaris Egurrola, que certamente será titular caso o treinador escolha a opção com três jogadoras na defesa holandesa.

Enfim, com qual esquema tático a Holanda vai? Como o impacto da ausência de Miedema será amenizado? Essas perguntas que não querem calar têm cinco meses e 37 dias para serem respondidas, até o dia 23 de julho. Delas dependem as perspectivas da Holanda na Copa do Mundo feminina. Afinal, Jackie Groenen já sintetizou bem: "Parece longe, mas está cada vez mais perto".

As 26 convocadas da Holanda (Países Baixos)

Goleiras: Daphne van Domselaar (Twente), Barbara Lorsheyd (ADO Den Haag), Lize Kop (Ajax) e Jacintha Weimar (Feyenoord)

Laterais: Kerstin Casparij (Manchester City-ING), Lynn Wilms (Wolfsburg-ALE), Dominque Janssen (Wolfsburg-ALE) e Merel van Dongen (Atlético de Madrid-ESP)

Zagueiras: Stefanie van der Gragt (Internazionale-ITA), Aniek Nouwen (Milan-ITA), Caitlin Dijkstra (Twente) e Jill Baijings (Bayer Leverkusen-ALE)

Meio-campistas: Sherida Spitse (Ajax), Jackie Groenen (Paris Saint Germain-FRA), Daniëlle van de Donk (Lyon-FRA), Victoria Pelova (Arsenal-ING) e Damaris Egurrola Wienke (Lyon-FRA)

Atacantes: Lieke Martens (Paris Saint Germain-FRA), Lineth Beerensteyn (Juventus-ITA), Fenna Kalma (Twente), Esmee Brugts (PSV), Romée Leuchter (Ajax), Tiny Hoekstra (Ajax), Alieke Tuin (Fortuna Sittard), Renate Jansen (Twente) e Katja Snoeijs (Everton-ING)

Nenhum comentário:

Postar um comentário