quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Precisa perder o medo

Na abertura dos trabalhos da seleção feminina da Holanda (Países Baixos) em 2025, Andries Jonker é um técnico demissionário - que reclamou do isolamento na notícia (Stan Oosterhof/Soccrates/Getty Images)

Várias convocadas novatas, atuações promissoras nos amistosos que fecharam 2024 (até mesmo na derrota para os Estados Unidos)... a seleção feminina da Holanda (Países Baixos) tinha tudo para ter um começo de ano impondo respeito nas datas FIFA que vêm aí, abrindo a fase de grupos da Liga das Nações, contra Alemanha - nesta sexta, dia 21, em Almelo, às 16h45 de Brasília - e Escócia - em Glasgow, na terça, 25, às 16h30 de Brasília. Até porque impor respeito é necessário, em ano de Eurocopa feminina, na qual as Leoas Laranjas terão um grupo dificílimo, encarando Inglaterra e França. Só que a convocação feita pelo técnico Andries Jonker ignorou, em grande parte, toda essa renovação promissora. E talvez isso seja indicativo de mais problemas.

Problemas resumidos num fato, confirmado no mês passado pela federação holandesa: a saída de Jonker, cujo contrato iria até o fim da Euro, sem ter a renovação. Diretor de "futebol de alto nível" (as aspas não são irônicas), o ex-jogador Nigel de Jong justificou a decisão da dispensa de Jonker pelo desejo da federação de colocar a equipe de mulheres "numa nova fase". Compreensível, até: o trabalho de quase três anos do treinador pode ser considerado razoável (quartas de final na Copa de 2023, semifinalista na Liga das Nações passada, vaga na Eurocopa assegurada), mas diante do crescimento da nova geração e do fim gradual da "geração 2017-2019" - Lieke Martens parou com a seleção, Sherida Spitse e Daniëlle van de Donk deverão parar após a Euro -, era desejável abrir espaço para mais novatas, junto às veteranas que ficarão para tentar levar a equipe à Copa de 2027.

Saída em comum acordo, certo? Errado, conforme Andries Jonker deixou claro na entrevista coletiva de abertura dos trabalhos, no centro de treinamentos da federação, em Zeist: "Fiquei surpreso e triste. (...) Foi uma decisão da federação, e não cabe a mim explicá-la. Fui perguntado o que pensava do meu futuro, e após pensar bem, tinha dito que eu ainda queria seguir mais dois anos. Aí, a federação teria tempo para avaliar um novo substituto". Conflito aberto, nem assim Nigel de Jong quis deixar claras as razões da saida: "As razões não interessam agora, porque ainda estamos explicando. Tudo que se falar agora será uma carga extra para as jogadoras e a comissão técnica".

E as jogadoras também se afastaram de quaisquer comentários a respeito da saída vindoura de Jonker. A começar por Sherida Spitse, que falou ao lado do técnico na coletiva: "Geralmente temos contato com a direção, mas não soubemos de nada disso [demissão]. Pessoalmente, achei chato, pois tenho uma ótima relação com ele, adoraria passar mais dois anos sob seu comando". Mais amenas ainda foram, falando à emissora NOS, Daniëlle van de Donk ("Claro que é chato, mas assim são as coisas no futebol. Posso achar muitas coisas, mas não sou eu quem decide, não estamos envolvidas nisso") e Jackie Groenen ("Tenho uma opinião, mas não acho que preciso dizê-la. Posso deixar claro que tenho boa relação com Andries, mas essas são coisas que fogem do meu controle").

As jogadoras treinam normalmente, se eximindo dos debates sobre a saída de técnico que vem aí (KNVB Media/Divulgação)

Se suposta má relação com as comandadas é um motivo totalmente afastado para a troca de técnico, talvez a razão esteja numa postura meio temerosa demais de Jonker nas convocações. Se as novatas deram bom resultado, talvez fosse o caso de dar mais espaço a elas. Entretanto, o que se viu foram alguns retornos. Merel van Dongen, agora uma feliz mãe (até recebeu um uniforme das Leoas Laranjas para bebês, de presente da federação); Caitlin Dijkstra, recuperada de lesão, assim como... Vivianne Miedema, enfim ganhando algum ritmo de jogo no Manchester City, já com cinco gols na liga inglesa, expressando confiança ao site oficial da seleção neerlandesa: "'Estou bem. Estou aqui de novo, finalmente. Já faz um tempo, espero poder estar aqui com mais frequência. (...) Acho que estou razoavelmente em forma".

O otimismo segue em Esmee Brugts, que não só diz querer um título ("A Nations League é mais uma chance"), como também lembra que a Alemanha tirou das holandesas a chance de estar no torneio olímpico passado, em Paris: "Ficamos tão perto... foi duro". E será bom se esse otimismo significar um pouco mais de coragem da Holanda, em campo e nas convocações. Afinal de contas, é um caminho de se impor, rumo a uma Eurocopa em que imposição será necessária desde o começo.

As 24 convocadas da Holanda (Países Baixos) para as datas FIFA

Goleiras: Daphne van Domselaar (Arsenal-ING), Lize Kop (Tottenham-ING) e Daniëlle de Jong (Twente)

Defensoras: Kerstin Casparij (Manchester City-ING), Lynn Wilms (Wolfsburg-ALE), Sherida Spitse (Ajax), Dominique Janssen (Manchester United-ING), Caitlin Dijkstra (Wolfsburg-ALE), Veerle Buurman (PSV), Ilse van der Zanden (Utrecht) e Merel van Dongen (Rayadas de Monterrey-MEX)

Meio-campistas: Daniëlle van de Donk (Lyon-FRA), Jackie Groenen (Paris Saint Germain-FRA), Wieke Kaptein (Chelsea-ING), Jill Baijings (Aston Villa-ING) e Jill Roord (Manchester City-ING)

Atacantes: Lineth Beerensteyn (Wolfsburg-ALE), Vivianne Miedema (Manchester City-ING), Esmee Brugts (Barcelona-ESP), Renate Jansen (PSV), Chasity Grant (Aston Villa-ING), Chimera Ripa (PSV) e Chasity Grant (Aston Villa-ING) - Romée Leuchter (Paris Saint Germain-FRA). adoentada, foi cortada temporariamente entre sexta e domingo, dando lugar a Fenna Kalma (PSV)

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