quinta-feira, 9 de outubro de 2025

De ponto em ponto

Coube a Gakpo tranquilizar uma Holanda que, novamente, jogou mal. Mas pelo menos goleou, e se mantém perto da Copa de 2026 (ProShots)

Impossível dizer que a seleção masculina da Holanda (Países Baixos) jogou bem: houve falhas, houve até riscos corridos do que seria um vexame contra Malta, que jamais marcou um gol na Laranja em oito partidas até agora. Só que também é impossível dizer que a Laranja jogou irremediavelmente mal e nada presta. Pelo menos, no segundo tempo, em campo, os gols rápidos deram alguma segurança ao time neerlandês, que no fim conseguiu uma goleada nas Eliminatórias da Copa de 2026. Se o time estivesse melhor, a goleada poderia ser maior. De todo modo, o placar por 4 a 0 é considerável, e aumenta um pouco o conforto no saldo de gols, primeiro critério de desempate do grupo. Trocando em miúdos: se não houver mais nenhum susto, a Holanda tem tudo para se garantir direto na Copa. 

Contudo, repita-se: as falhas de concentração seguiram na equipe neerlandesa. Que o diga o enorme susto visto aos dois minutos de jogo em Ta'Qali: Virgil van Dijk recuou errado (o goleiro Bart Verbruggen estava mal posicionado), Joseph Mbong dominou, e a Holanda só não ficou atrás no placar porque Mbong chutou para fora. Susto assimilado, pelo menos logo a Laranja - jogando de azul - passou a rondar mais o ataque. Porém, com tudo focado num só jogador: Cody Gakpo. Foi ele quem criou a primeira chance, aos 10'. Foi ele quem fez o primeiro gol, aos 12', num lance em que o juiz croata Duje Strukan se atrapalhou: Ryan Gravenberch (que começou bem o jogo) foi derrubado pelo volante Matthew Guillaumier, a bola sobrou para Wout Weghorst bater para o gol, só que Strukan se esqueceu do estereótipo do futebol - "jogada de pênalti e gol, é gol" - e manteve a marcação do pênalti. Pelo menos, confusão encerrada, Gakpo acertou. Assim como quase acertou aos 14', mandando a bola na trave. Depois, aos 22', o terceiro gol quase saiu duas vezes: primeiro num chute de Gravenberch, depois, num voleio de Micky van de Ven, para fora.

Mas nada disso apagava algumas falhas persistentes, e até irritantes, da Holanda em campo. De novo, pela direita, a dupla Denzel Dumfries-Jeremie Frimpong negava fogo: nem Dumfries atacava, e nem Frimpong (embora mais com a bola nos pés) trazia grande perigo aos malteses, que bloqueavam espaços para chutes. Pior: Gravenberch e Tijjani Reijnders, embora aparecessem muito no meio, quase sempre "esperavam a bola no pé", eram lentos nas divididas. Pior ainda: a lentidão na recomposição defensiva até abria espaços para Malta sonhar com o empate, em contra-ataques. No mais ofensivo deles, aos 34', Alexander Satariano carregou a bola até o ataque, passou para Ilyas Chouaref, e o chute só não trouxe consequências porque Dumfries, que voltou rápido, afastou de peito para escanteio. Certo, alguns lances de ataque poderiam ter trazido tranquilidade aos Países Baixos - como aos 38', num pênalti que Weghorst "ganhou no grito", mas que o VAR mostrou ser inexistente (a bola até bateu no braço do zagueiro Enrico Pepe, mas ele estava perto demais do corpo). Ainda assim, a Holanda novamente desagradava. 

Caso o segundo gol demorasse a sair no segundo tempo, poderia desagradar ainda mais. Pelo menos, bastou um minuto e cinquenta e dois segundos para que o terceiro pênalti do jogo fosse o segundo confirmado: Weghorst foi agarrado na área (aí, sem questionamentos), e Gakpo acertou sua segunda cobrança no jogo. Com uma vantagem menos magra, as chances começaram a aparecer para a Laranja: Weghorst cabeceando para fora aos 49', Frimpong forçando o goleiro maltês Henry Bonello a rebater chute colocado aos 53'... e o próprio Bonello, errando na saída de bola com os zagueiros, "entregou" o terceiro gol dos visitantes em Ta'Qali, aos 56', com Gakpo dominando e passando para Reijnders fazer 3 a 0.

Memphis Depay entrou durante o segundo tempo e ainda conseguiu seu gol (Alberto Pizzoli/AFP/Getty Images)

Só aí Ronald Koeman pôde trocar alguns jogadores. Se continuava com algum espaço para tentar o gol de honra - principalmente pelas pontas -, Malta tropeçava na pouca técnica. Chances mesmo, só holandesas: Bonello espalmou cabeceio de Dumfries aos 79’, Memphis Depay (que entrou no meio da etapa final) bateu rente à trave esquerda aos 88', segundos depois Donyell Malen finalizou para fora, com desvio num defensor de Malta... e houve tempo, nos acréscimos, para Memphis completar cruzamento de Dumfries e fazer 4 a 0.

Uma goleada que não matou as críticas (justas) à atuação dos Países Baixos. Mas que, pelo menos, cumpriu a tarefa. De gol em gol, de ponto em ponto, a Laranja segue perto da Copa. Só não pode ser relaxada no próximo domingo, contra a Finlândia, adversária mais exigente do que Malta...

Eliminatórias para a Copa de 2026 - Europa - Grupo G

Malta 0x4 Holanda
Data: 9 de outubro de 2025
Local: Estádio Nacional (Ta'Qali)
Juiz: Duje Strukan (Croácia)
Gols: Cody Gakpo, aos 12' e aos 49', Tijjani Reijnders, aos 56', e Memphis Depay, aos 90' + 3

MALTA
Henry Bonello; Juan Corbalan, Kurt Shaw, Enrico Pepe e Ryan Camenzuli; Matthew Guillaumier e Alexander Satariano (Yannick Yankam, aos 73'); Joseph Mbong (Adam Overend, aos 73'), Teddy Teuma (Kemar Reid, aos 84') e Ilyas Chouaref (Jodi Jones, aos 84'); Irvin Cardona (Basil Tuma, aos 87'). Técnico: Emilio de Leo

HOLANDA
Bart Verbruggen; Denzel Dumfries, Jurriën Timber, Virgil van Dijk e Micky van de Ven (Quilindschy Hartman, aos 84'); Tijjani Reijnders, Frenkie de Jong (Justin Kluivert, aos 67') e Ryan Gravenberch; Jeremie Frimpong (Donyell Malen, aos 67'), Wout Weghorst (Memphis Depay, aos 67') e Cody Gakpo (Xavi Simons, aos 84'). Técnico: Ronald Koeman

Nenhum comentário:

Postar um comentário