quarta-feira, 5 de abril de 2023

Sem testes. Sem testes?

A Holanda pode até estar encaminhada para a Copa feminina. Mas terá de fazer alguns testes, ao contrário do que parecia (KNVB Media)


Em tese, chegou a hora da seleção feminina da Holanda (Países Baixos) se definir para a Copa do Mundo que vem aí. As 26 convocadas já são frequentemente lembradas pelo técnico Andries Jonker, o próprio Jonker sempre ressalta que é hora de definições ("Não há mais tempo para tentar coisas com as jogadoras", apregoou à emissora NOS)... e a suposição é de que a escalação a ser vista nos amistosos contra Alemanha - nesta sexta, 7, em Sittard - e Polônia - na próxima terça, 11, em Roterdã -  é bem próxima do que se verá em campo na estreia pela Copa, contra Portugal, em 23 de julho. Pois bem: o discurso é uma coisa, mas a prática talvez seja outra. Por mais que a base das Leoas Laranjas seja bastante conhecida de torcedores, aqui e ali se notam vagas e oportunidades que ainda não foram plenamente aproveitadas. 

A mais notável: quem, afinal, preencherá (em termos) a lacuna no meio do ataque, com a ausência agora confirmada de Vivianne Miedema na Copa? Há várias possibilidades. Para começo de conversa, Lineth Beerensteyn, muito bem nos amistosos contra a Áustria em fevereiro, pode jogar na área - e vive boa fase pela Juventus. Por outro lado, Fenna Kalma tem mais uma chance de fazer pela equipe nacional neerlandesa o que faz aos borbotões no Twente: gols. E já nos treinamentos desta semana, no centro da federação, uma velha conhecida se "candidatou" a jogar como principal referência: Jill Roord. De volta às convocações após lesões, a ponta-de-lança do Wolfsburg comentou essa possibilidade à NOS: "Eu sou boa com a bola nos pés, e posso jogar nos espaços curtos. Em um jogo eu venho mais de trás, em outro eu jogo mais pelos lados, depende do adversário e de como dominamos, mas eu posso jogar assim, e gosto de ter a bola, como 'Viv'".

Outro foco aberto está no meio-campo. Titular absoluta, Jackie Groenen está fora dos amistosos, por lesão. Damaris Egurrola deverá substituí-la ao lado das habituais Sherida Spitse e Daniëlle van de Donk, mas é bem provável que se vejam as experiências que Jonker negava. Por exemplo, com uma surpresa de volta à seleção, após um ano: recuperada de grave lesão no joelho, Sisca Folkertsma foi convocada pela primeira vez com o novo técnico. Que nem a conheceu, mas aposta na experiência de Folkertsma, integrante do time campeão europeu em 2017: "Eu não a conheço. Mas a vi contra a Islândia [eliminatórias da Copa, em 2021], e ela foi ótima. Minha comissão também foi à França, e ela não está jogando na posição em que queremos. Mas está voltando da lesão no ligamento cruzado, é uma jogadora excelente, e podemos ver algo dela".

Wieke Kaptein: mesmo nova, já respaldada para a primeira convocação para a seleção adulta (KNVB Media)


Assim como se poderá ver algo de uma estreante. Aos 17 anos de idade, habitual titular da seleção sub-19, a meio-campista Wieke Kaptein foi a grande surpresa da convocação. Lembrada pela primeira vez para a seleção adulta, Kaptein já tem sido titular habitual no Twente, líder do Campeonato Holandês. E é outra jogadora que Andries Jonker deseja ver mais a fundo: "Eu a assisti na Supercopa da Holanda, em setembro [de 2022], e ela já era uma das jogadoras mais importantes do Twente. Ainda é. Não importa quantos anos se tem, mas quão boa você é. Neste momento, ela merece uma convocação. Veremos como ela está. Sem pressão".

Há mais possibilidades para a Holanda, em mais posições. Victoria Pelova também está pronta para a titularidade no meio-campo, e já nota as fortes diferenças de nível e de intensidade entre o Ajax em que jogava e o Arsenal em que agora está ("Nas primeiras semanas, ainda não tínhamos tantos jogos, e os treinos eram bem intensos. E cada partida [do Campeonato Inglês] é um clássico"). Algumas vezes, o destino forçou mudanças. Como na ausência de Esmee Brugts, lesionada, no amistoso contra a Alemanha - Andries Jonker lamentou na entrevista coletiva: "Esse tipo de jogo vale ouro para alguém como ela, na idade dela, nessa fase do desenvolvimento dela". Ou seja: será necessário escalar outra jogadora como ala. Ou mesmo voltar a apostar no esquema com três zagueiras, com Spitse como "líbero".

Andries Jonker pode até falar que não é hora para testar. De fato, o grosso do time titular da Holanda pode até estar definido para a Copa feminina. Mas que o time ainda passará por ajustes daqui até 23 de julho, passará.

As 26 convocadas da Holanda (Países Baixos)

Goleiras: Daphne van Domselaar (Twente), Barbara Lorsheyd (ADO Den Haag) e Jacintha Weimar (Feyenoord)

Laterais: Kerstin Casparij (Manchester City-ING), Lynn Wilms (Wolfsburg-ALE), Dominque Janssen (Wolfsburg-ALE) e Merel van Dongen (Atlético de Madrid-ESP)

Zagueiras: Stefanie van der Gragt (Internazionale-ITA), Aniek Nouwen (Milan-ITA), Caitlin Dijkstra (Twente) e Jill Baijings (Bayer Leverkusen-ALE)

Meio-campistas: Sherida Spitse (Ajax), Damaris Egurrola Wienke (Lyon-FRA), Daniëlle van de Donk (Lyon-FRA), Victoria Pelova (Arsenal-ING), Sisca Folkertsma (Bordeaux-FRA) e Wieke Kaptein (Twente) 

Atacantes: Lieke Martens (Paris Saint Germain-FRA), Lineth Beerensteyn (Juventus-ITA), Fenna Kalma (Twente), Esmee Brugts (PSV), Romée Leuchter (Ajax), Tiny Hoekstra (Ajax), Renate Jansen (Twente) e Katja Snoeijs (Everton-ING)

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