quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Ao ataque

A Holanda, alegre e ofensiva, tentará superar Inglaterra e Bélgica para manter o sonho da vaga olímpica, via Liga das Nações (ANP)

Fora a derrota decepcionante para a Bélgica na estreia, até que a seleção feminina da Holanda (Países Baixos) está se dando bem na Liga das Nações feminina. Afinal, lidera o seu grupo - até inesperadamente, tendo em vista que o favoritismo prévio iria para a Inglaterra, vice-campeã mundial. De todo modo, a impressão é de que será nestas últimas datas FIFA do ano para as seleções de mulheres que as Leoas Laranjas provarão a boa fase que vivem. Até estão perto da vaga nas semifinais (e nelas, a decisão da vaga no torneio olímpico de 2024), mas para a alcançarem, precisam vencer Inglaterra - em Londres, na sexta, 1º de dezembro - e Bélgica - no dia 5, em Tilburg. Dois jogos exigentes. E para eles, a convocação deixou claro: a Holanda vai ao ataque.

O técnico Andries Jonker sinalizou isso ao explicar a convocação: "Queremos vencer, queremos nos classificar. E nos parece compreensível que a gente convoque atacantes de todos os tipos e tamanhos, a essas alturas". A convocação provava isso, de fato. Entre as 24 relacionadas para os jogos, há o que o futebol feminino neerlandês tem de melhor em termos de ataque. Há as titulares habituais dos tempos recentes: Jill Roord (em boa fase no Manchester City), Lieke Martens, Lineth Beerensteyn. Há Vivianne Miedema, ainda em retorno entrecortado no Arsenal, conseguindo alguns minutos em certos jogos e ficando de fora em outros. Há Esmee Brugts, jovem de talento - e cada vez mais importante em termos técnicos, como prova o belo gol da vitória contra a Escócia. Há Renate Jansen, coadjuvante sempre a postos - como esquecer seu gol contra a Inglaterra, nos 2 a 1 de setembro?

Mas há duas novidades. A primeira era a maior (talvez a única) contestação às convocações de Andries Jonker, enfim compensada: Romée Leuchter, a mais destacada atacante do Ajax, atual campeão holandês. Leuchter indicou na Euro passada ser muito promissora (até gol fez), mas sempre ficou afastada das convocações - mesmo relacionada na lista preliminar para a Copa do Mundo, ficou fora das 23 jogadoras que viajaram a Austrália/Nova Zelândia. Agora, ela enfim está de volta às Leoas Laranjas. A segunda novidade foi uma velha conhecida do grupo habitual de convocadas: Shanice van de Sanden. A veterana, querida do grupo, experimenta uma boa fase dentro e fora de campo. Dentro, por estar sendo útil ao Liverpool; fora, por ter se tornado mãe, recentemente. E o feliz fato pessoal motiva ainda mais "Shaan", como ela mesma deixou claro na chegada ao centro de treinamentos da federação, na cidade de Zeist: "Agora que minha filha nasceu, tenho ainda mais energia e felicidade em campo. Mal posso esperar para estar com elas em campo de novo".

Van de Sanden (em primeiro plano, com Snoeijs ao lado): crescendo em campo e com alegria fora dele, a volta à seleção (KNVB Media/Divulgação)

A alegria de Van de Sanden se estabeleceu em treinos tranquilos em Zeist. E a empolgação ofensiva de Andries Jonker seguiu nas palavras à emissora NOS: "Será uma semana empolgante. Agora é a fase decisiva, agora é que tem de acontecer. Escolhemos trazer mais atacantes". Lembrou até da única ausência: "Queríamos trazer até Fenna Kalma, mas seria demais". Empolgação espalhada ao se lembrar do tamanho do desafio que espera a Holanda na sexta-feira: pegar a Inglaterra, em Wembley, lotado. Tanto da parte de Jonker ("Tanto para as jogadoras quanto para a comissão, será incrível. É um estádio que tem muita história") quanto de Jill Roord - esta, falando a Asif Burhan, para a revista Forbes: "Acho que temos muitas jogadoras experientes em nosso time. Gostamos da pressão. A gente meio que curte quando todo mundo está contra a gente, isso nos dá uma motivação. Não acho que será um problema".

Também, pudera. Vencer a Inglaterra praticamente eliminará a vice-campeã mundial na Liga das Nações - e abrirá chance para ir às semifinais que podem valer vaga olímpica. Chance que terá um adversário surpreendente e difícil: a Bélgica, lembrada por Jonker. "Achar que a Bélgica não seria competitiva era coisa da imprensa holandesa. São adversárias duras, aguerridas. Sarina [Wiegman] e eu continuamos dizendo que elas não seriam fáceis. Só a imprensa holandesa achava isso. Mas parece que eu e Sarina estávamos certas".

Ainda assim, com o peso da Inglaterra e a surpresa da Bélgica pela frente, a Holanda está otimista. Não bastasse o poder ofensivo que costuma ter, Vivianne Miedema será a "opção decisiva", como foi nas datas FIFA - e como Andries Jonker prefere que ela seja, por enquanto: "O combinado é como da vez passada: se o jogo estiver acessível, Vivianne terá alguns minutos. E ela precisa se sentir bem, é claro. Veremos como ela se sai nos treinos". Acima de tudo, fica claro em mais palavras do técnico: a Holanda vai ao ataque. "Desde que cheguei à seleção, nós escolhemos ser ofensivos, seja qual for o adversário. Todas se sentem bem com isso. Não vejo razões para mudar. Tentaremos vencer em Wembley".

As 24 convocadas da Holanda (Países Baixos) para as datas FIFA

Goleiras: Daphne van Domselaar (Aston Villa-ING), Jacintha Weimar (Feyenoord) e Barbara Lorsheyd (ADO Den Haag)

Laterais: Kerstin Casparij (Manchester City-ING), Lynn Wilms (Wolfsburg-ALE) e Merel van Dongen (Atlético de Madrid-ESP)

Zagueiras: Caitlin Dijkstra (Twente), Sherida Spitse (Ajax) e Dominique Janssen (Wolfsburg-ALE)

Meio-campistas: Jackie Groenen (Paris Saint Germain-FRA), Daniëlle van de Donk (Lyon-FRA), Victoria Pelova (Arsenal-ING), Damaris Egurrola Wienke (Lyon-FRA), Jill Baijings (Bayern de Munique-ALE) e Wieke Kaptein (Twente)

Atacantes: Lineth Beerensteyn (Juventus-ITA), Lieke Martens (Paris Saint Germain-FRA), Jill Roord (Manchester City-ING), Renate Jansen (Twente), Vivianne Miedema (Arsenal-ING), Esmee Brugts (Barcelona-ESP), Katja Snoeijs (Everton-ING),  Shanice van de Sanden (Liverpool-ING) e Romée Leuchter (Ajax)

Nenhum comentário:

Postar um comentário