Ah, a montanha-russa que é acompanhar a seleção masculina da Holanda (Países Baixos)... se antes das datas FIFA de outubro, a impressão era de consistente evolução na Laranja, agora ela chega para as últimas rodadas da fase de grupos da Liga das Nações sob forte desconfiança. Também, pudera: as más atuações no empate com a Hungria e, principalmente, na derrota para a Alemanha jogaram a equipe neerlandesa numa situação longe de estar garantida, no grupo 3 da Liga A. do qual é segunda colocada. Se quiser ir sem sofrimento às quartas de final do "torneio europeu de amistosos", em março, terá de vencer a Hungria (sábado, 16, às 15h45 de Brasília, em Amsterdã). Se não vencer, precisa no mínimo empatar, para manter chances de avançar na última rodada, enfrentando a Bósnia (terça-feira, 19, às 16h45 de Brasília, em Zenica). Caso contrário, a Laranja terá de disputar os play-offs contra o rebaixamento de liga.
Para tentar eliminar esses riscos, a Holanda segue com um problema: seu ataque. Em primeiro lugar, pela ausência de um nome da posição acima de qualquer suspeita: deve seguir o rodízio entre Joshua Zirkzee e Brian Brobbey, visto nas rodadas anteriores da Liga das Nações. Em segundo lugar, porque ambos estão inconstantes: se foram bem nos jogos de setembro, foram mal nos de outubro - e o mesmo se pode dizer sobre seus desempenhos em clubes, já que Zirkzee anda na reserva do Manchester United e Brobbey segue sem gols pelo Ajax, após 12 rodadas de Campeonato Holandês (até tem um, na Liga Europa). Sendo assim, além da possibilidade de se escalar Wout Weghorst - quase sempre opção confiável -, há sempre a persistente pergunta a Ronald Koeman: e Memphis Depay, volta? Se volta, quando? O técnico foi um pouco mais definitivo sobre o atacante do Corinthians, na coletiva da segunda passada: "Memphis ainda não está bem o bastante, nem em forma o bastante. Mas se tem um jogador de seleção com quem tenho mais contato, é ele - e Virgil [van Dijk], que é o capitão. Se ele continuar assim, estará no radar em março [próximas datas FIFA]".
Se serve de consolo para a seleção, o meio-campo já parece ter uma variedade de bons jogadores quase tão grande quanto a defesa holandesa (esta, desfalcada de Nathan Aké, poupado desta vez). O próprio Koeman reconheceu isso, aliás, na coletiva de segunda: "É bacana, o que se quer é sempre ter variedade de ótimos jogadores em casa posição". Ainda mais quando a maioria deles vive boa fase. Tijjani Reijnders é o principal nome do Milan, na atualidade; Ryan Gravenberch é fundamental no Liverpool, líder do Campeonato Inglês; Teun Koopmeiners, enfim livre de lesões, volta a se estabelecer na Juventus; e por último, mas não menos importante, Frenkie de Jong.
![]() |
Entre tantos bons meio-campistas que a Laranja possui, Frenkie de Jong atrai o maior destaque desta convocação. Até óbvio: é sua volta, após mais de um ano (Robin van Lonkhuijsen/ANP/Getty Images) |
433 dias após seu jogo mais recente pela seleção masculina da Holanda (Países Baixos), sete meses depois de uma lesão no tornozelo que teve recuperação lenta - a ponto de tirá-lo da Eurocopa -, enfim aquele que é considerado o melhor meio-campo holandês dos anos recentes teve de falar muito sobre suas incertezas à imprensa. Incertezas que nem foram tantas assim, segundo De Jong - agora pai - falou à revista Voetbal International: "Nunca duvidei se eu jogaria. Eu sei que rapidamente comparam quem machuca o tornozelo com Van Basten, mas não sei o que ele teve na época. Ouvi que ele foi operado várias vezes, e que nunca deu certo. Não foi assim comigo". Mas que vinham à cabeça vez por outra, como o meio-campo reconheceu ao diário De Telegraaf: "Passou pela minha cabeça o medo de que a lesão fosse crônica. Sempre confiei que voltaria a jogar. Mas houve incertezas sobre o quanto a recuperação duraria, e se o tornozelo ficaria completamente como era. Ele está bem, está melhorando, não tenho problema para jogar".
É bem verdade que outros três meio-campistas estão machucados (raramente a Laranja pode contar com todos os seus convocáveis...): Joey Veerman, Jerdy Schouten e Xavi Simons são as ausências da vez. Ainda assim, repita-se: o meio tem uma variedade de jogadores quase tão generosa para a seleção neerlandesa quanto a defesa tem. Falta o ataque render. E ele precisa. Afinal de contas, uma eliminação da Liga das Nações, até inesperada, traria um efeito que poderia respingar até no técnico Ronald Koeman. Afinal de contas, agora se pode dizer que, em qualquer tropeço mais sério da Laranja, haverá aqui e ali quem pense na hipótese de sondar Erik ten Hag para a seleção masculina - embora Koeman faça um trabalho razoável, ainda que longe da perfeição.
É exatamente para evitar esses sustos que a Holanda tem de se impor contra Hungria e Bósnia.
Os 25 convocados da Holanda (Países Baixos) para as datas FIFA
Goleiros: Bart Verbruggen (Brighton-ING), Mark Flekken (Brentford-ING) e Nick Olij (Sparta Rotterdam)
Defensores: Denzel Dumfries (Internazionale-ITA), Devyne Rensch (Ajax), Virgil van Dijk (Liverpool-ING), Matthijs de Ligt (Manchester United-ING), Jurriën Timber (Arsenal-ING), Stefan de Vrij (Internazionale-ITA), Jan Paul van Hecke (Brighton-ING) e Jorrel Hato (Ajax)
Meio-campistas: Tijjani Reijnders (Milan-ITA), Quinten Timber (Feyenoord), Ryan Gravenberch (Liverpool-ING), Justin Kluivert (Bournemouth-ING), Frenkie de Jong (Barcelona-ESP), Teun Koopmeiners (Juventus-ITA) e Mats Wieffer (Brighton-ING)
Atacantes: Joshua Zirkzee (Manchester United-ING), Brian Brobbey (Ajax), Cody Gakpo (Liverpool-ING), Donyell Malen (Borussia Dortmund-ALE), Wout Weghorst (Ajax), Noa Lang (PSV) e Jeremie Frimpong (Bayer Leverkusen-ALE)
Nenhum comentário:
Postar um comentário