![]() |
Passado o susto que foi além do futebol, a Holanda (Países Baixos) logo impôs sua superioridade contra a Hungria, foi bem e se classificou (Rico Brouwer/Soccrates/Getty Images) |
Susto. Era este o principal temor da seleção masculina da Holanda (Países Baixos) antes do jogo contra a Hungria, neste sábado, pela Liga das Nações. A Laranja era favorita, mas um problema, um mau resultado, poderia trazer uma crise que seria até inesperada para uma semifinalista de Eurocopa. O susto veio, mas acabou sendo pior, indo além do futebol, com a convulsão que vitimou o auxiliar técnico húngaro Ádám Szalai logo no começo, deixando o ambiente tenso em Amsterdã. Mitigado o problema de saúde, pelo menos, a Holanda superou algumas falhas defensivas, melhorou, dominou, goleou e garantiu sua classificação com o 4 a 0 nos magiares, clara e obviamente assustados com o ocorrido.
Mal começara a partida na Johan Cruyff Arena, a Holanda começou mostrando fragilidades perigosas na defesa. No primeiro lance, o ala esquerdo Loïc Négo jogou rápido com Roland Sallai, entrou livre na área com a bola, e a jogada só não causou mais males por causa do impedimento de Négo. Aos 3', o perigo húngaro valeu: em erro de Jan Paul van Hecke (titular da Laranja pela primeira vez), Dominik Szoboszlai puxou contragolpe pela esquerda, chutou, e após rebote da defesa, András Schäfer mandou por cima do gol. O começo era o mais preocupante possível para a Holanda - dentro de campo.
Porque, fora de campo, aos sete minutos de jogo, aconteceu um fato que preocupou além do futebol. Ex-jogador da seleção (meio-campo com duas Eurocopas no currículo, 2016 e 2020+1), atual auxiliar do treinador Marco Rossi, Ádám Szalai convulsionou no banco de reservas. No ato, os primeiros socorros foram solicitados e chegaram rapidamente ao banco. Era o início de 15 minutos de tensão na Johan Cruyff Arena, incluindo a ida de Denzel Dumfries e dos goleiros reservas neerlandeses (Mark Flekken e Nick Olij) para auxiliar o "cordão humano" a proteger o atendimento a Szalai. Felizmente, o húngaro recobrou a consciência, foi colocado numa ambulância, que o levou prontamente a um hospital, e a seleção visitante se sentiu apta a seguir jogando. Teve de seguir em desvantagem.
Porque antes mesmo do mal estar de Szoboszlai, um cruzamento tinha sido interceptado por Tamás Nikitscher, com a mão. Suficiente para o VAR alertar, o juiz Jesús Gil Manzano rever o lance logo após autorizar o reinício do jogo, e marcar o pênalti para a Holanda. Pênalti que Wout Weghorst converteu para o 1 a 0 (e cuja comemoração teve críticas aqui e ali, por ser considerada efusiva demais, depois de um drama tão recente com a Hungria). Até demorou para a Laranja se tranquilizar - Roland Sallai quase empatou logo aos 12', em cabeceio que Bart Verbruggen pegou firme. Mas quando se tranquilizou, passou a dominar o jogo. As tantas defesas que o goleiro Dénes Dibusz precisou fazer são a prova: um cabeceio de Tijjani Reijnder aos 13', um chute de Dumfries aos 18', um arremate de Cody Gakpo aos 41', um voleio de Donyell Malen aos 45' + 2 (o segundo dos treze minutos de acréscimo). De quebra, a Hungria teve uma ousadia para tentar empatar: Szoboszlai arriscou toque do meio-campo, aos 45' + 6, mas Verbruggen estava atento e pegou. Pouco depois, o gol foi da Holanda, em outro pênalti, no penúltimo minuto do primeiro tempo: Malen foi derrubado por Zsolt Nagy na área, Gakpo bateu no alto, 2 a 0.
Segundo tempo iniciado, pressionando cada vez mais a Hungria (Van Hecke e Van Dijk avançavam ao campo de ataque), a Holanda continuou criando chances: já aos 47', Gakpo ajeitou, e Wout Weghorst teve o chute bloqueado. Pouco depois, outra jogada que indicou o bom desempenho da dupla de ataque: aos 50', tabela entre ambos, e Weghorst mandou a bola no travessão. Além dos dois, havia Malen, também satisfatório. E o trio de meio-campo, De Jong-Reijnders-Gravenberch, comprovando as boas expectativas existentes sobre ele antes da partida. Tudo isso seguia fazendo as chances holandesas se avolumarem, assim como as defesas de Dibusz: num chute de Reijnders fora da área aos 53', num cabeceio de Dumfries aos 56', num arremate de Jurriën Timber aos 59'... a Hungria só chegou perto do gol num chute de Sallai em diagonal, para fora, aos 48'.
![]() |
Entre um meio-campo que se destacou como um todo, Frenkie de Jong já deixou claro em sua volta que dá um toque diferente ao setor na Laranja (Rico Brouwer/Soccrates/Getty Images) |
O gol laranja até demorava. Mas quando veio, aos 64', num estiloso voleio de Denzel Dumfries, o domínio da dona da casa se consolidou em campo. A vitória estava garantida a ponto de Koeman poder poupar nomes como Frenkie de Jong, fazendo experiências com as alterações. Coube a uma delas, Noa Lang, fazer Dibusz novamente trabalhar. E coube a outra - outro retorno - fazer o gol que transformou a vitória em goleada: Teun Koopmeiners, que fez 4 a 0 de cabeça, aos 86'. Além da goleada, a atuação da Laranja trouxe de volta às boas impressões. Em que pese alguma demora na recomposição defensiva, para se proteger dos contra-ataques, os neerlandeses foram bem. Estão nas quartas de final da Liga das Nações, serão cabeças-de-chave nas eliminatórias europeias da Copa de 2026... enfim, foi um bom dia para a Laranja. Os sustos ficaram fora de campo - e também terminaram bem, já que Ádám Szalai está sendo atendido num hospital de Amsterdã, consciente, fora de perigo.
Liga das Nações da UEFA - Liga A - Grupo 3
Holanda 4x0 Hungria
Data: 16 de novembro de 2024
Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Árbitro: Jesús Gil Manzano (Espanha)
Gols: Wout Weghorst, aos 9', Cody Gakpo, aos 45' + 12, Denzel Dumfries, aos 64', e Teun Koopmeiners, aos 86'
HOLANDA
Bart Verbruggen; Denzel Dumfries, Jan Paul van Hecke, Virgil van Dijk e Jurriën Timber (Jorrel Hato, aos 68'); Frenkie de Jong (Teun Koopmeiners, aos 68'), Tijjani Reijnders e Ryan Gravenberch (Mats Wieffer, aos 79'); Donyell Malen (Jeremie Frimpong, aos 84'), Wout Weghorst e Cody Gakpo (Noa Lang, aos 79'). Técnico: Ronald Koeman
HUNGRIA
Dénes Dibusz; Márton Dárdai, Botond Balogh e Willi Orbán; Zsolt Nagy, András Schäfer (Ádám Nagy, aos 74'), Tamás Nikitscher e Loïc Négo (Dániel Gera, aos 75'); Roland Sallai (Kevin Csoboth, aos 80'), Barnabás Varga (Levente Szabo, aos 60') e Dominik Szoboszlai. Técnico: Marco Rossi
Nenhum comentário:
Postar um comentário