quinta-feira, 20 de março de 2025

É possível acreditar

O começo preocupou, mas a seleção da Holanda (Países Baixos) cresceu contra a Espanha, na Liga das Nações. O empate abateu um pouco, mas a impressão do 2 a 2 foi positiva (KNVB Media/Divulgação)

Terminada a ida das quartas de final da Liga das Nações, na transmissão da emissora holandesa NOS, o ex-jogador e comentarista Pierre van Hooijdonk exultou: "A atuação da Holanda foi fantástica". Não é para tanto: afinal, a partida contra a Espanha terminou com empate em 2 a 2, em De Kuip. Ainda assim, de fato, a impressão passada pela Laranja foi melhor do que se esperava, ainda mais saindo atrás no placar. Conseguindo reverter o melhor começo da adversária, cresceu em campo, teve jogadores aparecendo em momentos importantes, e trouxe a competitividade que às vezes lhe falta. Só faltou a atenção máxima em momentos decisivos, como mostrou o gol de empate espanhol.

Quando a partida começou, a Espanha tentou rapidamente impor seu estilo de velocidade e eficiência, além da troca de passes. Já tentou o gol aos 2', quando Fabián Ruiz passou, Pedri chutou e Bart Verbruggen teve de defender. Até que a Holanda tentou avançar no lance seguinte, quando Tijjani Reijnders invrteu o jogo, e Cody Gakpo dominou e chutou, para fora. Só que uma infelicidade de Jorrel Hato, tendo a responsabilidade de marcar Lamine Yamal, rendeu o gol que poderia desestabilizar a Laranja. Aos 9', Hato errou, Yamal lhe roubou a bola, passou a Pedri, e este deixou Nico Williams livre na entrada da pequena área para fazer 1 a 0. Começava aí o pior momento da seleção neerlandesa: lenta, permitia a troca de passes, dava espaços aos espanhóis. Que o dissesse Álvaro Morata, que cabeceou para fora aos 19'.

Só que havia quem se esforçasse na Holanda. Tijjani Reijnders e Frenkie de Jong, por exemplo, começavam a ter a bola no meio-campo. Se seu anúncio como titular atraía dúvidas sobre seu posicionamento (lateral direito? Ponta?), Jeremie Frimpong aos poucos deixou claro que iria mais à frente. Foi assim que participou do gol de empate que reabriu os caminhos: aos 28', ele cruzou, a bola foi parcialmente rebatida, e sobrou para Justin Kluivert deixar Gakpo livre para chutar rasteiro e empatar. Começava aí um domínio crescente dos holandeses em De Kuip. Além dos citados, Justin Kluivert também apareceu (como em cruzamento que passou direto pela área, aos 31'). Mesmo sem aparecer tanto, Memphis Depay também teve sua chance na volta à seleção, arriscando aos 36' e forçando o goleiro Unai Simón a rebater. E aos 42', Reijnders teve a grande chance da virada: após cruzamento de Frimpong, bateu da entrada da área, alto, mandando a bola desviar o travessão.

Se Reijnders e De Jong dominaram o meio-campo, Frimpong foi sempre confiável na direita, acelerando os ataques da Laranja (Joris Verwijst/BSR Agency/Getty Images)

Sem problemas. Porque, quando o segundo tempo começou, bastaram cerca de 45 segundos para a jogada se repetir, com final feliz em laranja: Frimpong cruzou da direita, Reijnders bateu da entrada da área (agora, rasteiro, no canto direito), 2 a 1. Com velocidade, a Laranja dominava os espanhóis. Ensaiava fazer o terceiro gol, em momentos como o chute de Justin Kluivert (aos 51', por cima do gol) e um arremate de Gakpo (aos 59', após inversão de jogo de Memphis Depay). E ainda se protegia bem contra o ataque espanhol, com atuação atenta da dupla formada por Virgil van Dijk e Jan Paul van Hecke.

Só a partir das entradas de Ayoze Pérez, Mikel Oyarzábal e, principalmente, Dani Olmo, a Espanha voltou a pressionar mais seriamente. A começar em lances como o chute de Dani Olmo bloqueado por Van Dijk, aos 70'. Já na reta final, um novo erro de Hato fez a pressão espanhola aumentar: num lance com a bola solta no meio, o lateral esquerdo foi tentar dividir com Robin Le Normand, acertou o tornozelo do zagueiro e foi corretamente expulso (para muitos, como o zagueiro Dean Huijsen - nascido na neerlandesa Amsterdã - deveria ter sido ao obstruir Kluivert). Exigido, o goleiro Bart Verbruggen apareceu aos 86' (pegando firme chute de Nico Williams) e aos 89' (um arremate menos perigoso de Huijsen). Porém, já nos acréscimos, uma desatenção tirou a vitória: Nico Williams tentou de novo da entrada da área, Verbruggen rebateu - um pouco atrapalhado por tanta gente na frente -, e Merino empatou na pequena área. Um claro anticlímax em Roterdã.

Anticlímax amenizado pela atuação boa, até inesperadamente boa, da seleção dos Países Baixos. Se nomes como De Jong, Reijnders e Frimpong repetirem o bom nível na volta do próximo domingo, na espanhola Valência, a Holanda pode acreditar. Aliás, pode acreditar até além, nas eliminatórias da Copa de 2026.

Liga das Nações da UEFA - Quartas de final - jogo de ida

Holanda 2x2 Espanha

Data: 20 de março de 2025
Local: De Kuip (Roterdã)
Árbitro: Glenn Nyberg (Suécia)
Gols: Nico Williams, aos 9', Cody Gakpo, aos 28', Tijjani Reijnders, aos 46', e Mikel Merino, aos 90' + 3

HOLANDA
Bart Verbruggen; Lutsharel Geertruida, Virgil van Dijk, Jan Paul van Hecke e Jorrel Hato; Tijjani Reijnders (Mats Wieffer, aos 90' + 1) e Frenkie de Jong (Teun Koopmeiners, aos 74'); Jeremie Frimpong, Justin Kluivert (Xavi Simons, aos 74') e Cody Gakpo; Memphis Depay (Matthijs de Ligt, aos 84'). Técnico: Ronald Koeman

ESPANHA
Unai Simón; Pedro Porro, Robin Le Normand, Pau Cubarsí (Dean Huijsen, aos 40') e Marc Cucurella; Pedri (Dani Olmo, aos 66'), Martín Zubimendi e Fabián Ruiz (Mikel Merino, aos 84'); Lamine Yamal (Mikel Oyarzábal, aos 66'), Álvaro Morata (Ayoze Pérez, aos 66') e Nico Williams. Técnico: Luis de la Fuente

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