domingo, 7 de setembro de 2025

Alarme verdadeiro

Memphis Depay, abraçado por Gakpo, foi o nome que decidiu a vitória para a Holanda (Países Baixos). Pouco, diante de atuação preocupante (Petras Malukas/AFP/Getty Images)

Na entrevista pré-jogo que concedeu, o técnico da Lituânia, Edgaras Jankauskas, minimizou um pouco o favoritismo que a Holanda (Países Baixos) tinha, na partida deste domingo, pelas eliminatórias da Copa de 2026: "Se a Holanda é pressionada, ela comete erros. Consegui ver isso até contra Malta: mesmo goleando, houve um período do jogo em que a defesa holandesa levou pressão e teve algumas dificuldades". Poderia parecer ridículo esperar que os lituanos fizessem algo em Kaunas. Pois quase fizeram: a Laranja repetiu a história vista contra a Polônia, fazendo uma vantagem inicial e permitindo o empate, com o desleixo defensivo. Houve risco sério de vexame, até. Evitado pela vitória por 3 a 2, mais difícil do que se pensava, mas mantendo a equipe neerlandesa na primeira posição.

Com a defesa lituana previsivelmente fechada em Kaunas (era uma barreira de até cinco jogadores), mais jogadores tentavam ajudar Cody Gakpo. Como Quinten Timber, com quem o camisa 11 tabelou, logo aos 5', antes de chutar para a defesa do goleiro Edvinas Gertmonas. Ou Memphis Depay, que participou bastante. Aos 6', num cruzamento. Aos 10', arrematando por cima do gol, após tabelar com Gakpo. E principalmente, aos 11', fazendo o gol que o isolou como maior goleador da história da Laranja (51 gols, um à frente de Robin van Persie), completando cruzamento de Gakpo na pequena área.

A partir daí, a Holanda voltou a cometer o erro do empate contra a Polônia: mesmo com a maior posse de bola (foram 75% no primeiro tempo), mesmo que Virgil van Dijk tivesse espaço para avançar, as chances eram poucas, diante de um time fechado até para chutes de fora. Só aos 25' se tentou algo, num arremate de Quinten Timber para fora, numa falta ensaiada. Se era impossível nos chutes, o segundo gol surgiu nos passes. Aos 33', Donyell Malen avançou tentando chutar da entrada da área. Sem espaço, preferiu rolar a bola. Deu certo: Timber dominou, chegou à pequena área e finalizou cruzado para o 2 a 0. Poderia estar resolvido.

Não estava. Porque outro defeito constante da Laranja apareceu: a desatenção e lentidão de sua defesa. Foi assim logo aos 36', quando Justas Lasickas superou Jerdy Schouten na corrida, Stefan de Vrij falhou na cobertura, e Lasickas cruzou para Gvidas Gineitis arrematar e diminuir a vantagem neerlandesa. Vantagem que se acabou por completo aos 42', numa bola parada: Gineitis cobrou falta, o zagueiro Edvinas Girdvainis desviou de cabeça, 2 a 2. 

Poderia parecer ridículo imaginar a Lituânia pressionando a Laranja (jogando de azul), mas o empate e o esforço constante fez a seleção da casa merecer aplausos (Roy Lazet/Soccrates/Getty Images)

Um empate que seria vexaminoso para a Laranja pareceu correr até mais perigo no começo do segundo tempo. Porque os Países Baixos só tinham as tentativas de Gakpo, no ataque (aos 54', um chute dele foi bloqueado por Markas Beneta, zagueiro que recém-entrara em campo; aos 59', o camisa 11 bateu e Gertmonas pegou). E a Lituânia acreditava como nunca numa façanha, logo em seu primeiro jogo contra a Laranja pela história. Tanto que, aos 60', Arthur Dolznikov aproveitou um erro de Jerdy Schouten - atuação ruim do meio-campista, só menos frágil ao recuar para a zaga. Dolznikov dominou a bola pela esquerda, veio até a área, e arriscou o chute - defendido por Bart Verbruggen.

Justamente nesse período de maior risco, Memphis Depay apareceu de novo. Se é contestado pela torcida e imprensa holandeses, se raramente consegue ser decisivo pela Laranja, desta vez o camisa 10 foi decisivo como quer ser. Aos 64', completou de cabeça cruzamento ótimo de Dumfries para fazer o 3 a 2 e desafogar a Laranja, em grande parte. Grande parte, porque o estreante Sem Steijn e Micky van de Ven entraram bem, Malen manteve a atuação razoável (tentou seu gol, aos 78' - Gertmonas pegou), assim como Gakpo (aos 70', mandou a bola no travessão). Mas não completamente desafogada.

Porque a Lituânia insistiu, com vários atacantes em campo. Alguns, mais altos, como Vaidas Magdusauskas. Outros, um pouco mais habilidosos com a bola nos pés, como Paulius Golubickas, que até driblou Van Dijk numa tentativa aos 85'. E a Holanda terminou o jogo com três zagueiros - Matthijs de Ligt entrou nos minutos finais -, totalmente insegura, tentando apenas manter a vitória que afinal conseguiu.

Vitória que, claro, é muito válida. Principalmente por obra e graça de Memphis Depay, dos melhores em campo. Mas cuja atuação manteve os alarmes verdadeiros acesos para a sequência das eliminatórias. Caberá à Laranja apagá-los para alcançar a Copa diretamente.

Eliminatórias para a Copa de 2026 - Europa - Grupo G

Lituânia 2x3 Holanda
Data: 7 de setembro de 2025
Local: Darius e Girénas (Kaunas)
Juiz: Elchin Masiyev (Azerbaijão)
Gols: Memphis Depay, aos 11' e aos 64', Quinten Timber, aos 33', Gvidas Gineitis, aos 36', e Edvinas Girdvainis, aos 42'

LITUÂNIA
Edvinas Gertmonas; Klaudjus Upstas (Markas Beneta, aos 50'), Rokas Lekiatas, Edvinas Girdvainis,  Vilius Armalas e Justas Lasickas; Gratas Sirgedas (Paulius Golubickas, aos 67'), Domantas Antanavicius (Modestas Vorobjovas, aos 46'), Gvidas Gineitis e Romualdas Jansonas (Gytis Paulauskas, aos 46'); Artur Dolznikov (Vaidas Magdusauskas, aos 76'). Técnico: Edgaras Jankauskas

HOLANDA
Bart Verbruggen; Denzel Dumfries, Virgil van Dijk, Stefan de Vrij (Jurriën Timber, aos 61') e Nathan Aké (Micky van de Ven, aos 62'); Jerdy Schouten, Tijjani Reijnders (Sem Steijn, aos 62') e Quinten Timber; Donyell Malen (Matthijs de Ligt, aos 88'), Memphis Depay (Wout Weghorst, aos 83') e Cody Gakpo. Técnico: Ronald Koeman

Nenhum comentário:

Postar um comentário