quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Guia da Eredivisie feminina 2025/26: tudo novo. De novo?

O Twente comemorou o bicampeonato do Campeonato Holandês feminino, comemorou a Supercopa da Holanda já em 2025/26... qual será o campeão agora? (Stan Oosterhof/Soccrates/Getty Images)

Popularizar o futebol feminino talvez seja uma espécie de "círculo virtuoso": se a seleção de mulheres de qualquer país for bem, haverá mais mulheres interessadas, mais clubes querendo criar departamentos de futebol feminino, possibilitando a revelação de mais jogadoras, que podem chegar à seleção etc. Dito isso, talvez a modalidade tenha sofrido um certo impacto na Holanda (Países Baixos), com a má campanha - previsivelmente má, aliás - das Leoas Laranjas na Eurocopa feminina. Ou talvez não. Porque é meio unânime: a seleção não é propriamente ruim, apenas precisa de alguma reformulação. Além disso, independente de seleção, a aparência é de que, mesmo que lentamente, há um crescimento sustentável do Campeonato Holandês das mulheres. E isso é provado nesta temporada 2025/26 da Vrouwen Eredivisie, a ser iniciada neste sábado, com os seis jogos.

Se o Fortuna Sittard acabou de vez com o investimento ao desativar seu time de mulheres, a vaga aberta já foi prontamente reposta pela estreia do NAC Breda numa liga neerlandesa feminina. Além disso, até mesmo um ponto negativo - a diminuição vindoura de clubes, de 12 para 10 - é contrabalançado por um ponto positivo: a adoção do sistema de acesso e descenso, com dois caindo para a Eerste Divisie (segunda divisão) e dois subindo para 2026/27. O nível técnico do Holandês pode ser baixo, mas é inegável que, pelo menos, boa vontade há por parte da federação. Além do mais, como mostra a afluência de japonesas, por exemplo, a Holanda já começa a ser vista como um destino de "aclimatação" rumo a ligas mais competitivas europeias. Porém, os favoritos seguem os mesmos: o trio Twente-PSV-Ajax. Mesmo com tudo novo, o campeão será o Twente, de novo?

Se algumas velhas conhecidas saíram, a jovem Floortje Bol fica para tentar ajudar o ADO Den Haag (Angelo Blankespoor/Soccrates/Getty Images)

ADO Den Haag

Cidade: Haia  
Equipe feminina fundada em: 2007
Estádio: Bingoal Stadion (capacidade para 15.000 torcedores), em Haia
Apelidos: Hagenaren (nome dado aos habitantes e nativos da cidade de Haia)
Títulos: 1 Campeonato Holandês (três Copas da Holanda)
Patrocínio: Girl Power Radio (webrádio)
Técnicos: Marten Glotzbach
Destaque: Barbara Lorsheyd (goleira)
Fique de olho: Floortje Bol (atacante)
Principais chegadas: Robin Blom (D, AZ), Ziva Henry (M, Feyenoord), Senna Koeleman (M, Feyenoord) e Femke Prins (A, Fortuna Sittard)
Principais saídas: Daniëlle Noordermeer (D, Ajax), Kayra Nelemans (D, Club YLA-BEL), Cheyenne van den Goorbergh (M, encerrou a carreira), Louise van Oosten (M, Ajax) e Manon van Raay (A, OH Leuven-BEL)
Temporada passada: 7º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: terminar entre os seis primeiros

Para um time tão tradicional no futebol feminino da Holanda quanto o Den Haag, o sétimo lugar da temporada passada foi incômodo. Poderia ter sido até pior, diante do mau começo na liga, mas aos poucos o time reagiu. Mas chega a esta temporada com algumas mudanças, principalmente no meio e no ataque (onde Louise van Oosten, destaque do meio-campo das Hagenaren, partiu para o Ajax, e a jovem Manon van Raay preferiu tentar a sorte na Bélgica). 

No mais, o técnico Marten Glotzbach agora começará uma temporada completa contando com a experiência inegável da goleira Barbara Lorsheyd e das defensoras Bo Vonk e Pleun Raaijmakers, mais o promissor reforço da atacante Femke Prins, destaque no extinto time feminino do Fortuna Sittard. É com a juventude de Prins, Iris Remmers, Floortje Bol e Anne van Egmond que o Den Haag conta para voltar a fazer uma campanha mais digna de sua tradição no futebol de mulheres.

O Ajax tem muitas novatas para tentar se reanimar após a derrocada na reta final da temporada passada. Ranneke Derks é uma das mais promissoras (Divulgação/Ajax.nl)

Ajax

Cidade: Amsterdã 
Equipe feminina criada em: 2012
Estádio: De Toekomst (capacidade para 2.250 torcedores). Para jogos maiores, é usada a Johan Cruyff Arena (56.120 lugares), também em Amsterdã
Apelidos: Ajacieden (nome dado a torcedores e jogadores do clube); Amsterdammers
Títulos: 3 Campeonatos Holandeses (cinco Copas da Holanda)
Patrocínio: ABN-Amro (banco)
Técnica: Anouk Bruil
Destaques: Sherida Spitse (defensora/meio-campista) e Danique Tolhoek (atacante)
Fique de olho: Ranneke Derks (atacante)
Principais chegadas: Daniëlle Noordermeer (D, ADO Den Haag), Louise van Oosten (D, ADO Den Haag), Nurija van Schoonhoven (M, Utrecht), Isa Colin (M/A, AZ), Ranneke Derks (A, PSV) e Joëlle Smits (A, PSV)
Principais saídas: Dionne van der Wal (G, Telstar/HERA United), Inessa Kaagman (D/M, dispensada), Isa Kardinaal (D, London City Lionesses-ING), Kay-Lee de Sanders (D, Milan-ITA), Milicia Keijzer (D, Milan-ITA), Lily Yohannes (M, OL Lyonnes-FRA), Rosa van Gool (M, Everton-ING) e Tiny Hoekstra (A, encerrou a carreira)
Temporada passada: 3º colocado
Copas europeias: Europa Cup (enfrentará o Sturm Graz-AUT, na primeira fase preliminar)
Objetivo: Título

Decepção foi a palavra que cercou o Ajax por toda a temporada passada. Para um clube que vinha rivalizando com o Twente em busca do título nacional, ficou feio ver a derrocada na reta final da liga - sem contar uma ótima aparição na Liga dos Campeões, em 2023/24, para nem passar da segunda fase preliminar em 2024/25. Quando mais precisava mostrar força para ser campeão, o Ajax fracassou, e algumas declarações da treinadora da época, Hesterine de Reus, não ajudaram muito (por exemplo, quando Hesterine comentou que a derrota para o PSV, por 3 a 1, significava o "fim das chances", mesmo com algumas rodadas pela frente. Isto é: era unânime que as coisas precisavam mudar em Amsterdã. A começar por Hesterine de Reus, cuja demissão foi anunciada antes mesmo do campeonato passado acabar.

A renovação continuou notável nas saídas das jogadoras. Lily Yohannes, que já fazia hora extra na Vrouwen Eredivisie, enfim foi para um time europeu de ponta - no caso, o OL Lyonnes (ex-Lyon). E abriu a fila continuada por Isa Kardinaal, Kay-Lee de Sanders, Rosa van Gool, até mesmo pela decisão de Tiny Hoekstra em encerrar a carreira. A partir disso, o Ajax foi atrás dos adversários para qualificar sua equipe. Na defesa, aposta na zagueira Daniëlle Noordermeer para a lacuna aberta pela saída de Kardinaal; no meio, Nurija van Schoonhoven é boa opção para ser ponta-de-lança; e no ataque, Joëlle Smits - duas vezes goleadora da Eredivisie em sua carreira - tem competência comprovada. Como técnica, se a questão era renovar, espera-se mais vontade de Anouk Bruil, 31 anos de idade, "promovida" do time B do Ajax para comandar a equipe principal. E as Ajacieden têm jogadoras que seguem firmes e fortes: Regina van Eijk, Sherida Spitse, Lotte Keukelaar, Bo van Egmond... elas serão as mais experientes a guiar as mais novas, que deverão fazer um Ajax renovado. E campeão, a torcida espera.

Sabrine Ellouzi, que se destacou no difícil cenário do Excelsior, tem ótima chance no AZ (Divulgação/AZ.nl)

AZ

Cidade: Alkmaar
Equipe feminina criada em: 2007, reativada em 2023
Estádio: AFAS Trainingscomplex/Sportcomplex Kalverhoek (Wijdewormer)
Apelidos: Alkmaarders
Títulos: 3 títulos holandeses (1 Copa da Holanda)
Patrocínio: não tem
Técnico: Wouter de Vogel
Destaque: Floor Jolijn Spaan (atacante) e Desirée van Lunteren (meio-campista)
Fique de olho: Sabrine Ellouzi (atacante)
Principais chegadas: Jet van Beijeren (A, Heerenveen), Sabrine Ellouzi (A, Excelsior) e Shanique Dessing (A, Excelsior)
Principais saídas: Robin Blom (D, ADO Den Haag), Isa Colin (M/A, Ajax), Ilvy Zijp (A, Zwolle) e Romaïssa Boukakar (A, Heerenveen)
Temporada passada: 6º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: Vaga na Europa Cup

Devagar e sempre. Assim está o AZ. Funcionando há duas temporadas, o time feminino de Alkmaar já começa a se firmar como um clube de meio de tabela, com boas perspectivas. Revelando boas jogadoras - que o diga a goleira Femke Liefting, já no Chelsea após ter sido eleita a melhor goleira do Mundial Sub-20 feminino passado, ainda jogando em Alkmaar. E tendo um time com nomes promissores a ponto de já receberem apostas dos três grandes no futebol feminino neerlandês, como a meio-campista Isa Colin, agora no Ajax.

Se algumas promessas saem, outras chegam. Nem só formadas em Alkmaar, como foi a atacante Floor Jolijn Spaan, já um símbolo das Alkmaarders. Mas também encontradas em outros clubes, tendo no AZ a chance de despontarem em definitivo. Como a atacante Jet van Beijeren, também participante do Mundial Sub-20 de mulheres pela Holanda no ano passado, que já mostrava talento no Heerenveen. Ou mais uma da posição, a tunisiana Sabrine Ellouzi, que conseguia se destacar mesmo nas constantes dificuldades que o Excelsior vive, e terá no time de Alkmaar uma boa oportunidade. Assim como é boa a oportunidade do AZ se firmar no meio de tabela, nesta temporada.

Isa Gómez mudou de clube (de Telstar para o Excelsior), mas não mudou de dificuldades: as Kralingers se esforçarão para não ficarem outra vez na lanterna (Divulgação/Excelsior)

Excelsior

Cidade: Roterdã
Equipe feminina criada em: 2017
Estádio: Woudestein (capacidade para 4.500 torcedores) 
Apelido: Kralingers (de Kralingen, o bairro da cidade de Roterdã onde fica o Excelsior)
Títulos: nenhum 
Patrocínio: Caru (empresa de contêiners)
Técnico: Mathijs Kreugel
Destaque: Katelyn Hendriks (meio-campista)
Fique de olho: Isa Gómez (atacante)
Principais chegadas: Djennah Cherif (D, Racing Genk-BEL), Mahiro Yamamoto (M, Haarlem), Anna Maria van der Vlist (M, Telstar), Isa Gómez (A, Telstar) e Naomi Hilhorst (A, Zwolle)
Principais saídas: Robine de Ridder (D, Racing Genk-BEL), Yaël Mollink (D, Warbeyen-ALE), Dechamaily Lont (A, Feyenoord - voltando de empréstimo) e Sabrine Ellouzi (A, AZ)
Temporada passada: 12º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: não terminar em último

Chega até a ser triste. O Excelsior tem boa vontade, dá respaldo ao seu time feminino, as jogadoras são visivelmente esforçadas... mas há duas temporadas, o time não sai da última colocação da Vrouwen Eredivisie, mesmo que se alterne com o antigo Telstar (e que até o Zwolle tenha frequentado a lanterna). Pois bem, agora isso será proibitivo, pela adoção do rebaixamento na liga neerlandesa feminina. E o pior é que a atacante Sabrine Ellouzi, dos raros destaques que a equipe tinha, tomou o rumo do AZ. Como sói acontecer, contudo, o clube de Roterdã não se entregará sem luta. 

Nas contratações, vale prestar atenção na meio-campista Anna Maria van der Vlist e na atacante Isa Gómez, destaques de um Telstar que também sofria no fundo da tabela antes de se transmutar no HERA United. Sem muito espaço no Zwolle (costumava vir da reserva), a atacante Naomi Hilhorst terá sua chance no clube do bairro de Kralingen. Assim como a meio-campista japonesa Mahiro Yamamoto, que buscará seu lugar ao sol. Como outra meio-campista, Lynn Groenewegen, que começou no Excelsior e hoje tem seu espaço no campeão Twente. Como a própria Sabrine Ellouzi terá agora, no AZ. Quem sabe o próprio Excelsior não tenha o seu lugar ao sol, desta vez.

Akari Takeshige tenta seguir os passos da compatriota Toko Koga, na zaga do Feyenoord, que tenta emplacar outra temporada consistente (Divulgação/Feyenoord.nl)

Feyenoord

Cidade: Roterdã 
Equipe feminina fundada em: 2021
Estádio: Varkenoord (capacidade para 2.000 torcedores). Para jogos maiores, há o De Kuip (47.500 lugares)
Apelidos: Stadionclub (em holandês, "o clube do estádio" - referência a De Kuip, considerado o mais tradicional estádio do país); Feyenoorders; Rotterdammers
Títulos: nenhum
Patrocínio: Prijsvrij (agência de viagens)
Técnica: Jessica Torny
Destaque: Ella van Kerkhoven (atacante) 
Fique de olho: Fleur Stoit (atacante) e Kirsten van de Westeringh (atacante)
Principais chegadas: Claire Dinkla (G, Fortuna Sittard), Akari Takeshige (D, Telstar), Kokona Iwasaki (M, Verdy Beleza-JAP), Eva van Deursen (M, Eibar-ESP), Dechamaily Lont (A, Excelsior - voltando de empréstimo) e Fleur Stoit (A, PSV)
Principais saídas: Oliwia Szymczak (G, Zwolle - empréstimo), Toko Koga (D, Tottenham-ING), Jarne Teulings (M, Eintracht Frankfurt-ALE) e Ziva Henry (M, ADO Den Haag)
Temporada passada: 5º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: Vaga na Europa Cup

Após duas temporadas em que havia escorregado (7º em 2022/23, 8º em 2023/24), o Feyenoord pareceu retomar o caminho para figurar no "subtopo" do Campeonato Holandês feminino, com o bom 5º lugar em 2024/25. Melhor do que a posição foi notar que algumas jogadoras já chamaram a atenção ao longo da temporada, como as atacantes Ella van Kerkhoven e Esmee de Graaf, muito confiáveis no Stadionclub. E notar que o Stadionclub já serve de time em que as jogadoras podem pegar "cancha" rumo a centros mais competitivos. Que o diga a zagueira japonesa Toko Koga, que se aprimorou por dois anos em Roterdã antes de rumar, agora, para o Tottenham.

A renovação do contrato da técnica Jessica Torny, por mais dois anos, foi uma inequívoca prova de confiança da diretoria feminina - por sua vez, também comandada cuidadosamente pela ex-jogadora Gabriella Maria "Manon" Melis. Até por isso, a equipe de Roterdã vira um "meio de caminho" cada vez mais interessante entre os clubes de baixo e de cima da tabela. Ou mesmo como um clube que oferece espaço a quem esteja sem possibilidades nos três grandes favoritos habituais. No primeiro caso, estão reforços como a goleira Claire Dinkla, boa reserva para a titular Jacintha Weimar, e a zagueira japonesa Akari Takeshige. No segundo, a atacante Fleur Stoit, sem espaço no PSV. Por tudo isso, o Feyenoord tem como objetivo se firmar no "subtopo" que se constrói com Utrecht e AZ. Para, quem sabe, um dia, sonhar com o título.

Na foto estilosa de divulgação, Romaïssa Boukakar foi apresentada no Heerenveen, onde terá a chance da titularidade que não teve no AZ (Divulgação/Heerenveen.nl)

Heerenveen

Cidade: Heerenveen  
Equipe feminina criada em: 2007
Estádio: Sportpark Skoatterwâld (capacidade para 3.000 torcedores). Para jogos maiores, é usado o Abe Lenstra (26.100 lugares)
Apelidos: Fean (corruptela de "Hearrenfean", nome do time no idioma frísio - falado na província de Frieslândia, onde fica a cidade de Heerenveen), Frísios, Time da Frísia, "De Superfriezen" ("os superfrísios") 
Títulos: nenhum
Patrocínio: Moofpeople (empresa de pagamentos)
Técnico: Niklas Tarvajärvi
Destaque: Evi Maatman (atacante)
Fique de olho: Romaïssa Boukakar (atacante)
Principais chegadas: Hanna Stallmann (M, Zwolle), Sterre Kroezen (M, Twente), Romaïssa Boukakar (A, AZ)
Principais saídas: Iris Teijema (D, encerrou a carreira), Chantal Schouwstra (D/M, Meppen-ALE), Sanne van der Velde (M, Groningen), Jet van Beijeren (M/A, AZ) e Lyanne Iedema (A, Zwolle)
Brasileiras no grupo de jogadoras: nenhuma
Temporada passada: 9º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: não terminar em último

Trata-se de mais um time tradicional no futebol feminino holandês, mas que não consegue demonstrar sua força nos tempos atuais. Pelo menos, até agora. Porque, pelo menos, o técnico Niklas Tarvajärvi terá uma temporada de sequência para trabalhar. E nesta sua segunda temporada, alguns reforços que chegaram são mais qualificados tecnicamente. Principalmente na parte ofensiva.

Nela, chegaram a meio-campista Sterre Kroezen, vinda do Zwolle com certo talento, e uma boa aposta: a atacante Romaïssa Boukakar, que sempre entrava nos jogos do AZ, vinda do banco, sem nunca ser a titular da vez. No Fean, a marroquina Boukakar poderá jogar, enquanto na defesa, a goleira Jasmijn Resink e a zagueira Fenna Meijer procuram dar estabilidade ao time. Tudo para que o clube da Frísia, como o ADO Den Haag, tome algum impulso e volte a ficar no meio da tabela da Vrouwen Eredivisie.

O NAC Breda foi o primeiro clube a comemorar o acesso dentro do Campeonato Holandês feminino, na história (Gino van Outheusden/Pix4Profs)

NAC Breda

Cidade: Breda
Equipe feminina criada em: 2024
Estádios: Sportpark Heksenwiel. Para jogos maiores, é usado o Rat Verlegh (20.500 lugares)  
Apelidos: 
Títulos: 1 título da segunda divisão (2024/25)
Patrocínio: Trinamics (soluções em tecnologia)
Técnico: Jan de Hoon
Grupo de jogadoras ainda não disponível
Destaque: July Schneijderberg (atacante)
Fique de olho: Kim Hendriks (meio-campista)
Principais chegadas: Manoah van Houwelingen (D, Excelsior), Emely van der Vliet (M, VIFK-FIN), Indi van Dalen (M, Sparta Rotterdam), Josje Visser (OJC Rosmalen), Michelle Buitendijk (Jong Sparta Rotterdam)
Principais saídas: Donna van der Meulen (G, dispensada), Kamar Laamouz (A, dispensada), Shannon Tabi (A, dispensada)
Brasileiras no grupo de jogadoras: nenhum
Temporada passada: Campeão da primeira metade da segunda divisão (2024/25)
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: não terminar em último

Eis a grande novidade desta Eredivisie. Tão "novidadeira" que simboliza duas coisas em sua presença. A primeira: a adoção do acesso e do descenso no Campeonato Holandês feminino, já que foi um vencedor no sistema "dois turnos, dois campeões" da segunda divisão passada, sendo, portanto, promovido. A segunda: o NAC Breda se tratar de mais um estreante holandês no futebol feminino. Até por isso, estar ainda em estruturação de sua equipe. A começar pelo técnico: se Richard Mank, ex-Excelsior, comandou o time na segunda divisão, agora se foi para a federação dos Países Baixos. E Jan de Hoon chega às pressas. Tem algumas contratações, como a zagueira Manoah van Houwelingen. Mas é uma incógnita.

O PSV já tinha um time forte, quase campeão... quer sê-lo em definitivo, agora. Por isso, não só manteve os destaques, como repatriou a "filha da terra" Aniek Nouwen. Tudo pelo título (Divulgação/PSV)

PSV

Cidade: Eindhoven  
Equipe feminina criada em: 2012
Estádio: Sportcomplex De Herdgang (capacidade para 2.500 lugares). Para jogos maiores, é usado o Philips Stadion (35.000 lugares)
Apelidos: Boeren (em holandês, "fazendeiros" - referência ao grande número de fazendas e áreas verdes na região onde fica Eindhoven); Eindhovenaren (nativos de Eindhoven) 
Títulos: nenhum Campeonato Holandês (uma Copa da Holanda)
Patrocínio: Brainport Eindhoven (conglomerado formado por cinco empresas de Eindhoven)
Técnico: Roeland ten Berge
Destaque: Riola Xhemaili (meio-campista/atacante) e Renate Jansen (atacante) 
Fique de olho: Liz Rijsbergen (atacante)
Principais chegadas: Aniek Nouwen (D, Chelsea-ING), Riola Xhemaili (M/A, Wolfsburg-ALE - transferência definitiva após empréstimo) e Liz Rijsbergen (A, Twente)
Principais saídas: Veerle Buurman (D, Chelsea-ING), Siri Worm (D/M, encerrou a carreira), Fleur Stoit (M/A, Feyenoord), Shanique Dessing (A, AZ), Joëlle Smits (A, Ajax) e Ranneke Derks (A, Ajax)
Temporada passada: Vice-campeão
Copas europeias: Liga dos Campeões (eliminado pelo Manchester United-ING, na segunda fase preliminar) e Copa Europa (enfrentará o Rosenborg-NOR, na primeira fase preliminar)
Objetivo: Título

De agora não pode passar. Bem, o PSV já era guiado por esta frase para a temporada passada nas mulheres: afinal de contas, os investimentos foram pesados para a criação de um time capaz de ser, enfim, campeão holandês feminino. E quase foi: vale lembrar que o clube de Eindhoven teve o mesmo número de pontos do Twente, só perdendo o título no saldo de gols, primeiro critério de desempate. De certa forma, perder o título assim era só mais um motivo para as Boeren chegarem com ainda mais pressão a esta temporada. E mais investimentos também. Para a zaga, outra repatriada experiente do futebol holandês/neerlandês: nascida e criada "futebolisticamente" no PSV, Aniek Nouwen está de volta, após uma grave lesão no joelho atrapalhar sua passagem pelo Chelsea - com um rápido empréstimo ao Milan no meio. E no meio-campo, o reforço não é uma chegada, é uma permanência: das melhores do time, das melhores do campeonato passado, a meio-campista suíça Riola Xhemaili (titular da digna campanha de sua seleção na Eurocopa) fica em definitivo no PSV.

Além da chegada de Nouwen e da permanência de Xhemaili, é notável que as Eindhovenaren têm um time muito entrosado. Várias das titulares já são conhecidas. Na defesa, a goleira Nicky Evrard, titular da seleção da Bélgica, e as laterais Sara Thrige (na direita) e Emma Frijns (na esquerda) - fará falta Gwyneth Hendriks, ainda em recuperação de grave lesão no joelho. No meio-campo, há Nina Nijstad, Sisca Folkertsma, Robine Lacroix. E no ataque, Renate Jansen - começando a última temporada de sua carreira -, Fenna Kalma, Chimera Ripa. É um time tão confiável que até sobravam jogadoras, vendidas sem muito drama aos adversários: a meia Fleur Stoit ao Feyenoord, a atacante Shanique Dessing ao AZ, mais outra atacante (Joëlle Smits) ao Ajax. Talvez o PSV só pudesse ter cuidado melhor de sua base: a atacante Ranneke Derks, melhor jogadora do Europeu sub-19, destaque da Holanda (Países Baixos) campeã(ões), foi cedida ao Ajax. De todo modo, seria difícil para Derks ter espaço num time que parece tão maduro. E que chega muito forte para tentar, enfim, ser campeão da liga. Até porque já perdeu para o Twente na Supercopa da Holanda desta temporada...

Barbara Barend, Marieke Visser e Susan van Geenen: dessas três surgiu o HERA United, o primeiro clube profissional holandês dedicado só ao futebol feminino (Divulgação)

HERA United

Cidade: Amsterdã
Equipe criada em: 2025
Estádio: Sportpark Goed Genoeg (25.000 lugares), em Amsterdã
Apelidos: De Witte Leeuwinnen ("As Leoas Brancas", derivação de "Witte Leeuwen", "leões brancos", apelido do time masculino)
Títulos: nenhum
Patrocínio: Sportcity (rede de academias)
Técnico: Ed Engelkes
Destaque: Samya Hassani (atacante)
Fique de olho: Lizz Forshaw (atacante)
Principais chegadas: Dionne van der Wal (G, Ajax), Rachel van Herk (G, sem clube), Nicole Stoop (D, Fortuna Sittard), Isabel Kopp (D, Fortuna Sittard), Hitomi Tanaka (M, Sporting de Huelva-ESP) e Lizz Forshaw (A, Universidade de Columbia-EUA)
Principais saídas: Mei Wei Rispens (G, OH Leuven-BEL), Felice Hermans (D, Utrecht), Akari Takeshige (D, Feyenoord) e Isa Gomez (A, Excelsior)
Temporada passada: 11º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: não terminar em último

Embora já não seja mais o Telstar, o HERA United ainda o é. Mas é novo: por obra e graça da escritora Marieke Visser, da empresária Susan van Geenen e da jornalista Barbara Barend, nasceu o HERA United, o primeiro clube profissional dedicado somente ao futebol feminino dentro da Holanda (Países Baixos). Porém, era um clube profissional sem grupo nem jogadoras. Resolveu isso com a aliança ao Telstar, participante do Campeonato Holandês feminino até a temporada passada. Se a licença profissional não fosse dada até o início da liga, o time a disputaria como Telstar. Mas ela foi dada exatamente na quarta-feira em que este guia é publicado - 3 de setembro de 2025 -, e por isso ele já consta como HERA United.

O técnico Ed Engelkes foi contratado na temporada passada já como parte da estruturação, algumas jogadoras chegaram - como a zagueira Nicole Stoop e a lateral esquerda Isabel Kopp, ambas egressas do desativado time feminino do Fortuna Sittard... mas mesmo com nome diferente, o status do clube não muda: ainda tentando escapar das últimas posições do Campeonato Holandês. Pelo menos, agora começa uma nova fase da história. Que pode ser interessante.

Jill Roord poderia seguir jogando fora da Holanda. Mas a vontade a fez voltar à terra natal - e ao Twente, onde capitaneará a tentativa do tricampeonato (Divulgação/Twente)

Twente

Cidade: Enschede
Equipe feminina criada em: 2007
Estádio: Het Sportpark Schreurserve (2.000 lugares). Para jogos maiores, é usado o De Grolsch Veste (30.000 lugares)
Apelidos: Tukkers (gíria para nativos do Twenthe, região da província de Overijssel onde fica a cidade de Enschede)
Títulos: 9 Campeonatos Holandeses (quatro Copas da Holanda, uma Supercopa da Holanda e duas BeNeLigas)
Patrocínio: Reggeborgh (fundo de investimentos)
Técnica: Corina Dekker
Destaque: Jill Roord (meio-campista/atacante)
Fique de olho: Jaimy Ravensbergen (atacante)
Principais chegadas: Inge Tijink (G, Zwolle), Sterre Kroezen (M, Zwolle - retornando de empréstimo) e Jill Roord (M/A, Manchester City-ING)
Principais saídas: Daniëlle de Jong (G, Juventus-ITA), Merel Bormans (D, Utrecht - transferência em definitivo após empréstimo), Kim Everaerts (D, OH Leuven-BEL), Kayleigh van Dooren (M, Milan-ITA), Sterre Kroezen (M, Heerenveen) e Liz Rijsbergen (A, PSV)
Temporada passada: Campeão
Copas europeias: Liga dos Campeões (enfrentará o GKS Katowice-POL, na terceira fase preliminar)
Objetivo: Título

Ganhar o bicampeonato holandês, com um time predominantemente jovem, superando um Ajax mais badalado e um PSV mais estruturado, demonstrou como o Twente é forte no futebol feminino da Holanda (Países Baixos). Aliás, forte e histórico, pela revelação de jogadoras - como uma certa Jill Roord, que lá começou sua carreira, em 2015. Cujo pai, René Roord, é o diretor do futebol feminino no clube. E que, desejosa de voltar à terra natal por motivos particulares, se transformou na contratação mais badalada para o Campeonato Holandês desta temporada, oito anos após deixar as Tukkers. Poucas provas de manutenção de força poderiam ser maiores para o atual bicampeão. Em termos de tática, a chegada de Roord também ajuda bastante: afinal, repôs uma lacuna que estava aberta pela saída de Kayleigh van Dooren. 

No mais, a curiosidade fica em ver como será o trabalho da nova treinadora, Corina Dekker, que se tornou a quinta holandesa a ter o diploma da UEFA para técnicos, e tem a responsabilidade de comandar um Twente que teve o trabalho vitorioso do antecessor Joran Pot. Para isso, Dekker ficou sem jogadoras experientes, como a goleira De Jong (terceira arqueira da Holanda/Países Baixos na Eurocopa feminina) e a atacante Liz Rijsbergen, que tentará no PSV o ritmo de jogo que já não tinha após grave lesão no joelho. De toda forma, há uma base já consolidada no time: a ala esquerda Alieke Tuin, as meio-campistas Danique van Ginkel e Sophie te Brake, as atacantes Jaimy Ravensbergen (goleadora da Vrouwen Eredivisie passada) e Nikée van Dijk... já seria um grupo de jovens talentosas, como foi na campanha do título passado. Com Jill Roord como líder, as condições para o tri - e para outra participação na fase de grupos da Liga dos Campeões de mulheres - estão mantidas.

A jovem Renfurm poderá ajudar o Utrecht a tentar outra campanha elogiável (Divulgação/FC Utrecht)

Utrecht

Cidade: Utrecht 
Equipe feminina criada em: 2023
Estádio: Sportcomplex Zoudenbach (1.000 lugares). Para jogos maiores, é usado o De Galgenwaard (23.750 lugares)
Apelidos: Utregs
Títulos: nenhum
Patrocínio: T-Mobile (empresa de telefonia e comunicações)
Técnica: Linda Helbling
Destaque: Nikita Tromp (atacante) 
Fique de olho: Rosalie Renfurm (meio-campista)
Principais chegadas: Felice Hermans (D, HERA United/Telstar) e Merel Bormans (D, Twente - transferência em definitivo após empréstimo)
Principais saídas: Liza van der Most (D, encerrou a carreira), Ilse van der Zanden (D, Fiorentina-ITA), Nurija van Schoonhoven (M, Ajax), Judith Roosjen (A, Zwolle)
Temporada passada: 4º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: vaga na Europa Cup

Talvez o Utrecht seja o clube que melhor tenha se aproveitado do crescimento que o Campeonato Holandês vive. O começo da temporada 2023/24, primeira da história do time feminino das Utregs, foi fabuloso, mas aos poucos o fôlego acabou, e o time terminou na sétima posição. Já na temporada passada, o fôlego não acabou, e o começo ótimo teve sequência, terminando na quarta posição. Mais do que isso: o Utrecht mostra um time muito sólido. Linda Helbling é mais um caso de treinadora que tem pleno respaldo do departamento feminino para trabalhar. O que resulta num time com base consolidada. 

No gol, a belga Femke Bastiaen; na zaga, se Ilse van der Zanden saiu, Merel Bormans é capaz de liderar o miolo de zaga; no meio-campo, as titulares são tantas - de Marthe Munsterman a Tami Groenendijk, passando por Dieke van Straten, Sam de Jong, a revelação Rosalie Renfurm. E no ataque, a dupla Lobke Loonen-Nikita Tromp é uma das melhores do campeonato. Já tem sido o suficiente para perturbar Twente, PSV e Ajax. Se o Utrecht crescer, pode ser suficiente até para mais.

Já que um clube com jogadoras formadas na base fez campanha decepcionante em 2024/25, o Zwolle contratou alguns nomes, como a atacante Zijp, para melhorar (Divulgação/PECzwolle.nl)

Zwolle

Cidade: Zwolle  
Equipe feminina criada em: 2010
Estádio: Sportpark De Vegtlust (2.000 lugares). Para jogos maiores, é usado o Mac³Park (13.250 torcedores) 
Apelidos: Zwollenaren, Dedos Azuis (em holandês, "Blauwvingers")
Títulos: nenhum 
Patrocínio: Zonneplan (fornecedora de energia sustentável)
Técnico: Gert Peter de Gunst
Destaque: Zoë Zuidberg (atacante)
Fique de olho: Lyanne Iedema (meio-campo/atacante)
Principais chegadas: Oliwia Szymczak (G, Feyenoord - por empréstimo), Lyanne Iedema (A, Heerenveen), Ilvy Zijp (A, AZ) e Judith Roosjen (A, Utrecht)
Principais saídas: Inge Tijink (G, Twente), Tess van der Flier (G, encerrou a carreira), Vita van der Linden (M, dispensada), Hanna Stallmann (M, Heerenveen), Sterre Kroezen (M, Twente) e Naomi Hilhorst (A, Excelsior)
Temporada passada: 10º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: ficar entre os seis primeiros

O técnico antecessor, Olivier Amelink, migrando para a seleção sub-21 de mulheres da Holanda (Países Baixos). Vários nomes presentes nessa mesma seleção. Sexto lugar em quatro temporadas seguidas. O Zwolle começou a temporada passada sonhando em surpreender... e surpreendeu negativamente, ficando em 10º lugar, vendo um trabalho decepcionante do técnico Jim Brinkhof (não por acaso, sua saída foi anunciada antes mesmo da temporada acabar) e alguns talentos saírem do clube para poderem despontar de vez, como a volante Nayomi Buikema, atualmente no Ajax.

Assim, realmente a pré-temporada foi de reformulação. A começar pelo técnico, com a chegada de Gert Peter de Gunst. Alguns nomes promissores de outros clubes foram contratados, como as atacantes Ilvy Zijp e Judith Roosjen. E a polonesa Oliwia Szymczak é boa contratação para preencher no gol a lacuna aberta pela saída de Inge Tijink, titular nos últimos anos. E alguns destaques ficam, como as atacantes Hanna Huizenga e Zoë Zuidberg. Enfim, o Zwolle perdeu o destaque de sua base na equipe principal. Mas se fortaleceu. A ver se volta a frequentar o meio da tabela.

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