sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

810 minuten: como foi a 20ª rodada da Eredivisie

Luuk de Jong segue comemorando, e dando razões para o PSV comemorar (ANP/Pro Shots)

Willem II 1x1 Groningen (terça-feira, 26.01)

Há três jogos sem vitória, o Groningen precisava dar uma satisfação à sua torcida. Não só mostrando um estilo de jogo mais ofensivo (sem descuidar da defesa tão atingida na goleada sofrida para o Utrecht), mas também conseguindo o triunfo diante do Willem II, que faz campanha ruim na temporada. Pois bem: o técnico Erwin van de Looi adiantou os laterais e os meias, deixando o time no 3-4-3. Mas o time da casa valeu-se da habilidade existente em alguns de seus jogadores de meio-campo e ataque para criar mais chances no primeiro tempo em Tilburg. A maior delas, com Erik Falkenburg: no meio da etapa inicial, o goleador dos Tilburgers na temporada cabeceou após cruzamento de Nick van der Velden, exigindo grande defesa do goleiro Sergio Padt. Depois, Guus Hupperts (recém-emprestado aos Tricolores, pelo AZ) perdeu outra boa chance, chutando fraco para Padt agarrar. Finalmente, aos 44, veio o gol buscado pelo Willem II: escanteio, e o zagueiro Dries Wuytens desviou para o gol.

Na etapa final, embora o Groningen tenha até aparecido uma vez - Bryan Linssen encobriu o goleiro Kostas Lamprou, mas a bola saiu por cima -, o Willem II seguiu exigindo muito trabalho de Padt. Chances boas vieram de Van der Velden e de Robbie Haemhouts; e um chute forte de Funso Ojo superou o goleiro Groninger, mas mandou a bola no travessão. A conta de tantas chances perdidas pelos donos da casa veio da pior forma possível: nos acréscimos, aos 49 minutos, Hedwiges Maduro desviou córner para o gol e empatou o jogo. Resultado que não foi bem recebido por nenhum dos dois lados. O Willem II segue olhando com preocupação para a zona de repescagem/rebaixamento; e o nível de jogo do Groningen novamente decepcionou, adiantando o anúncio no dia seguinte: o treinador Van de Looi sai quando a temporada terminar.

O Ajax de Sinkgraven criou poucas chances contra o defensivo Heracles (ANP/Pro Shots)


Ajax 0x0 Heracles (terça-feira, 26.01)

Desde que a janela de transferências do inverno europeu se abriu, Frank de Boer indicava/pedia implicitamente: um atacante de finalização é a principal carência do Ajax na disputa do título do Campeonato Holandês. A julgar pelo que se viu na terça, na Amsterdam Arena, De Boer está correto: a ineficácia na criação de jogadas ofensivas foi um tormento não só para os jogadores Ajacieden, mas também para a própria torcida. Primeiramente, o ataque já fora privado anteriormente de uma opção importante: lesionado contra o Vitesse, o lateral direito Kenny Tete descobriu rompimento dos ligamentos do tornozelo, foi operado e ficará fora dos campos até abril. Ou seja, praticamente perderá o resto da temporada. Sem velocidade nem jogadores confiáveis na frente, o Ajax demorou muito para trazer perigo ao gol dos Heraclieden. 

No primeiro tempo, só fez isso a partir dos 20 minutos, quando Daley Sinkgraven exigiu defesa de Bram Castro. O maior perigo veio na meia-hora de jogo: Riechedly Bazoer chutou e mandou a bola na rede... pelo lado de fora. Na etapa final, a partida seguiu no mesmo diapasão: um Heracles bem defensivo, contentando-se em segurar o time anfitrião. E o Ajax tentando alguma coisa, com Anwar El Ghazi e novamente Bazoer, mas se abatendo aos poucos e contentando-se em trocar passes infrutíferos na defesa, mantendo a posse de bola. Nos dez minutos finais, Viktor Fischer até teve uma boa chance, mas o empate sem gols foi inevitável. Um castigo merecido para um Ajax que teve seu 12º jogo sem sofrer gols na Eredivisie - mas que, enfim, também ficou sem marcar, após as dificuldades dos últimos jogos, desde o turno. E que deu espaço para o PSV chegar definitivamente na disputa do título.

Cena repetida: Janssen e Dabney dos Santos celebrando um gol do ascendente AZ (Jeroen Putmans/VI Images)
AZ 3x1 Cambuur (quarta-feira, 27.01)

Mesmo com a boa vitória sobre o Feyenoord, no domingo passado, o AZ ainda parecia abatido. A saída surpreendente de Mounir El Hamdaoui abatera tanto colegas de elenco quanto diretoria: afinal, era um jogador útil e experiente, que saíra graças à cláusula de liberação ingenuamente aceita. Porém, do jeito que os Alkmaarders atuaram contra o Cambuur, parecia que não havia lamentação nenhuma - e se havia, ela fora completamente dissipada. A terceira vitória seguida da equipe treinada por John van den Brom foi consolidada com um início arrasador. Aos três minutos da etapa inicial, Dabney dos Santos passou como quis pelo lateral direito Tom Hiariej e tocou a Vincent Janssen, que ficou livre para fazer 1 a 0. Aos 15, Joris van Overeem marcou o segundo, em toque suave por cima do goleiro Leonard Nienhuis. E aos 20, a jogada do primeiro foi repetida no terceiro: Dabney passando facilmente por Hiariej, cruzamento para Janssen, gol (o 12º do atacante dos AZ'ers nesta Eredivisie).

Já na penúltima posição, e já sabendo que provavelmente perderia Bartholomew Ogbeche, o seu destaque supremo em campo, o Cambuur não teve a menor força para reverter o princípio perfeito do AZ. E o segundo tempo foi apenas pro forma: a vitória dos anfitriões estava garantida a tal ponto que Janssen já foi substituído aos 22 minutos, por Robert Mühren, para receber os aplausos da torcida por seus dois gols (cinco nas duas últimas rodadas!). Ainda assim, Martijn Barto, substituto de Ogbeche, achou ânimo para fazer belo gol, aos 27 minutos, num chute colocado, de esquerda, no ângulo de Sergio Rochet. Mas o AZ já comemorava o seu terceiro triunfo em sequência, que o leva à nona posição na tabela, trazendo a zona de play-offs por vaga na Liga Europa para a mira. Reação clara, após um primeiro turno decepcionante. El Hamdaoui, quem?

NEC 2x0 Twente (quarta-feira, 27.01)

Embora a ascensão do NEC seja clara e a situação aflitiva do Twente esteja mais do que conhecida, o jogo entre ambos no estádio De Goffert foi... estranho. Por muito tempo, as equipes trocaram chances esparsas, sem dominar de fato o jogo. Pelo lado dos visitantes, Hakim Ziyech e Jerson Cabral tentaram coisas no primeiro tempo, e o estreante Zakaria El Azzouzi (substituindo o gripado Jari Oosterwijk no ataque) teve a grande chance na etapa final: aos 15 minutos, em jogada individual, El Azzouzi partiu com a bola dominada desde o seu próprio campo, e chegou à área. Mas seu chute ficou demasiadamente sem ângulo, e Brad Jones evitou o gol do Twente.

Aí, na parte final do jogo, a maior força ofensiva do NEC decidiu o jogo. Aos 30 minutos, Navarone Foor deu belíssimo passe em profundidade, que deixou Anthony Limbombe na cara do gol. E o belga não desperdiçou a chance: 1 a 0 para o time de Nijmegen. E aos 43, quem mais se destaca nos Nijmegenaren novamente apareceu: em chute colocado, o venezuelano Christian Santos (que vai ficando no clube, enquanto não se confirmam os boatos de transferência) deu números finais à vitória que levou o NEC a se aproximar decisivamente do Heracles na disputa do quarto lugar. Após patinar no início da temporada, o campeão da segunda divisão em 2014/15 vai comprovando seu nível razoável.

De Graafschap 3x1 ADO Den Haag (quarta-feira, 27.01)

Com o Cambuur já perdendo para o AZ, o De Graafschap até poderia diminuir a desvantagem na última posição da Eredivisie. Porém, teria contra si um ADO Den Haag que conseguia manter firmeza dentro de campo, afastando os efeitos das turbulências internas. E o time de Haia começou o jogo em Doetinchem, no estádio De Vijverberg, como concluíra a vitória sobre o... Cambuur, na rodada passada: logo aos nove minutos do primeiro tempo, Édouard Duplan cobrou escanteio e Mike Havenaar cabeceou para o gol, fazendo 1 a 0 para os visitantes. Pior: para o De Graafschap, o árbitro Martin van de Kerkhof deixou de marcar três pênaltis ainda na etapa inicial.

A etapa final ia se arrastando, e nada. Parecia que o esforço habitual dos Superboeren, apoiados pela torcida, iria dar em nada, novamente. Aí, quem podia oferecer algum tipo de qualidade, ofereceu, na mais apropriada das horas. Aos 24 minutos, o lateral direito Bart Straalman cruzou para a área e Vincent Vermeij cabeceou para empatar o jogo. A animação cresceu, e Karim Tarfi garantiu a virada aos 33, com chute forte. E nos acréscimos, Cas Peters ainda fechou o placar de uma vitória surpreendente, mas merecida do De Graafschap. Que ainda está na lanterna do Holandês (única posição com rebaixamento direto para a segunda divisão), mas três pontos atrás do Cambuur. A raça elogiável dos Superboeren está mais próxima de ser premiada.

Vitesse 1x1 Zwolle (quarta-feira, 27.01)

Três pontos separavam Vitesse de Zwolle antes da rodada. O que indicava um ótimo jogo no Gelredome, em Arnhem. E foi exatamente o que aconteceu: chances de parte a parte. Na etapa inicial, é certo que o Vitesse trouxe mais perigo (Renato Ibarra e Valeri Qazaishvili exigiram boas defesas do goleiro Mickey van der Hart). Mas os visitantes, com um esquema mais cauteloso, foram avançando aos poucos. Numa das chegadas ao ataque, Lars Veldwijk foi empurrado pelo zagueiro Maikel van der Werff, e a torcida dos Zwollenaren reclamou pênalti, não marcado pelo árbitro Ed Janssen. Pouco depois, Veldwijk saía na cara do gol de Eloy Room, mas impedimento duvidoso foi marcado.

No segundo tempo, seguiram as trocas de ataques. Se Dirk Marcellis avançou da zaga e bateu forte para boa defesa de Room, o lateral esquerdo Kosuke Ota também exigiu intervenção de Van der Hart em chute de longe. Até que aos 19 minutos, a torcida dos Arnhemmers comemorou graças a um jogador do Zwolle: cruzamento para a área, e Bram van Polen desviou acidentalmente para as próprias redes, abrindo o placar para o time anfitrião. Vitória garantida? Marcellis não deixou: aos 22 minutos, em novo avanço ao ataque, o zagueiro arrematou forte e empatou para o Zwolle. Empate que permaneceu no placar, mantendo as duas equipes firmes na zona dos play-offs pela Liga Europa.

Excelsior 1x3 PSV (quarta-feira, 27.01)

Quando a fase é promissora, o time dá até a impressão de que controla o jogo. De que o adversário pode pressionar e pressionar, mas, de fato, o mais forte pode definir a parada quando quiser. Foi exatamente o que aconteceu no estádio Woudestein, em Roterdã. O PSV abriu o placar no início do jogo: já aos oito minutos do primeiro tempo, Andrés Guardado dominou rebote de um escanteio que ele mesmo cobrara, e novamente jogou a bola na área. Na cabeça de Luuk de Jong, que desviou seguro para marcar o seu 15º gol no Campeonato Holandês: 1 a 0. Com a vantagem que desejavam, os Boeren colocaram em prática o estilo com que já estão acostumados. Voltaram para a defesa, e deixaram o Excelsior controlar a posse de bola no resto da etapa inicial. Assim, Adil Auassar e Jeff Stans passaram a criar boas jogadas, e o ataque até teve boas chances de empatar - principalmente com Brandley Kuwas.

E no segundo tempo, após ter passado algum apuro com os Kralingers, o PSV se impôs novamente. Aos quatro minutos, aproveitando sobra de bola aérea, Jorrit Hendrix (boa atuação de um volante cada vez mais firme) bateu de fora da área e ampliou a vantagem do time de Eindhoven. Golpe preciso, duro demais para que o Excelsior assimilasse. O ataque anfitrião diminuiu a velocidade, e os visitantes aceleraram um pouco mais o jogo pelas laterais. Diante disso, o belo gol de Luciano Narsingh - driblou o lateral Daan Bovenberg, e bateu colocado no ângulo, aos 14 minutos, definiu de vez o jogo. O Excelsior até conseguiu um gol merecido nos acréscimos (Kuwas cruzou rasteiro e Jeffrey Bruma "desviou" acidentalmente para as redes), mas em nenhum momento a vitória escapou da alça de mira do PSV. Impondo aos Rotterdammers o nono jogo sem triunfos na temporada, os Eindhovenaren encurtaram a desvantagem para o líder Ajax. Estão apenas um ponto atrás. E quem duvida que podem alcançar os Amsterdammers?

Roda JC 1x0 Utrecht (quinta-feira, 28.01)

Na rodada passada, o Roda JC até vencera, fazendo 1 a 0 no Excelsior e encerrando um jejum de 14 partidas sem triunfos na Eredivisie. Ainda assim, pelo nível dos Kralingers (tão baixo quanto o do time de Kerkrade), ficava a dúvida se os Koempels realmente haviam evoluído, após as sete contratações feitas nesta janela de transferências. Uma boa indicação viria no jogo contra o Utrecht, um dos times que mais evoluía na competição: vindos de uma sequência invicta de seis jogos - cinco vitórias, um empate, e apenas três gols sofridos nas últimas cinco partidas -, os Utregs haviam entrado seriamente na zona dos play-offs por vaga na Liga Europa. E durante boa parte do jogo no Parkstad Limburg Stadion, os visitantes tiveram a única chance perigosa da etapa inicial: aos 10 minutos, um chute forte de Yassin Ayoub bateu na trave. 

No segundo tempo, o Roda JC começou atrás do gol. Mas perdeu uma ótima chance graças ao nervosismo de Nathan Rutjes, que recebeu livre de Tom van Hyfte, mas não dominou bem e foi desarmado. Pouco depois, aos 15 minutos, Hicham Faik bateu forte para o gol, mas a bola foi para fora. Com o Utrecht tendo a auspiciosa marca de onze gols nos últimos quinze minutos de jogo durante este campeonato, o nervosismo foi crescendo. Aí, o belga Maecky Ngombo, um dos reforços recém-chegados (no caso dele, vindo do Standard Liège), acalmou o Roda JC: a nove minutos do fim do tempo regulamentar, Ngombo recebeu lançamento de Faik na área, dominou bem e tocou na saída do goleiro Robbin Ruiter para fazer 1 a 0. A segunda vitória consecutiva levou o Roda à 13ª posição, aliviando ligeiramente o perigo de rebaixamento. Bem ligeiramente.


Nova derrota do Feyenoord. E só restou a Kuyt lamentar (Laurens Lindhout Photography/VI Images)


Feyenoord 1x2 Heerenveen (quinta-feira, 28.01)

Estava na cara que aconteceria. Pressionado pelas três derrotas consecutivas, que praticamente liquidaram o sonho de acabar com o jejum de títulos holandeses, o Feyenoord precisava reagir o mais rápido possível, diante de sua torcida. E até foi mais ativo contra o Heerenveen, criando mais oportunidades ao longo do primeiro tempo e exigindo boas defesas do goleiro Erwin Mulder (um ex-Feyenoorder). Ainda assim, não só o Stadionclub foi ineficiente, como também começou a sofrer do mal de jogar em casa, em má fase, diante de uma torcida fervilhante: a pressão começou a atrapalhar. Pior: principal finalizador do time, Michiel Kramer deixou o campo aos 32 minutos, por uma lesão no tornozelo, dando lugar a Anass Achahbar. O time de Roterdã foi piorando, piorando... e levou o duro castigo ainda na etapa inicial, aos 40 minutos: bom lançamento de Sam Larsson, e Henk Veerman ficou livre para tocar na saída de Kenneth Vermeer e fazer 1 a 0 para os visitantes.

Precisando da vitória para manter alguma segurança no meio da tabela, o Heerenveen procurou garantir-se já no começo do segundo tempo: Morten Thorsby chutou a bola na trave, e Luciano Slagveer perdeu chance incrível em contra-ataque ao concluir em cima de Vermeer. O Feyenoord tinha o direito de esperar por algo. E esse "algo" veio em forma de uma bicicleta estupenda de Achahbar, aos 25 minutos, concluindo talvez o mais bonito gol do Campeonato Holandês 2015/16 até agora (veja no vídeo abaixo). Aí, com a animação da torcida, o time anfitrião foi à frente. Deixou os espaços nas pontas, como a defesa errônea e cronicamente costuma fazer. Bastou: aos 40 minutos, Joey van den Berg arrematou e fez 2 a 1, definindo a vitória do Heerenveen e sacramentando a quarta derrota seguida do Feyenoord na Eredivisie (só acontecera com o clube duas vezes, em 1958 e 1988). E Giovanni van Bronckhorst foi definitivo após o jogo, à FOX Sports holandesa: "A autoconfiança acabou completamente". Pensar em título? Coisa do passado. Agora é pensar em conter a aproximação de Heracles e NEC, isso sim.


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