quarta-feira, 31 de maio de 2023

Play-offs pela Conference League: três hábitos e um sonho

É comum achar que Ajax, PSV e Feyenoord monopolizam a disputa do título do Campeonato Holandês, com o AZ desafiando vez por outra. Pois prestando atenção aos play-offs disputados na Holanda (Países Baixos), a cada fim de temporada, que valem vaga na segunda fase preliminar da Conference League, também é possível notar uma frequência constante de certos clubes. É claro que há oscilações no desempenho dos clubes aqui e ali - que o diga o Groningen, que disputou os play-offs em 2020/21 e hoje está rebaixado. Porém, a repescagem (que em holandês é chamada "Nacompetitie", "depois da competição") é comum para os clubes do "subtopo" do futebol neerlandês.

E os participantes que começarão a disputar a vaga na Conference, nesta quinta-feira, comprovam isso. O Twente pode até disputá-la pela primeira vez, mas já teve sua passagem fugaz pela Conference. O Utrecht é um veterano dos play-offs da Conference, inegavelmente: afinal, vai para sua sexta participação seguida na tentativa de conseguir um lugar na competição europeia (lembrando que era a Liga Europa, até 2020/21). O Heerenveen tem aparições mais esparsas, mas também esteve nos play-offs na temporada passada. E até o Sparta Rotterdam, a grande surpresa, teve sua aparição em 2020/21.

Então, é hora de ver como esses clubes todos chegam para tentarem ser o representante da Holanda (Países Baixos) que falta nas competições europeias da temporada 2023/24. Os vencedores dos dois duelos decidirão a vaga em ida (8 de junho, às 15h de Brasília) e volta (11 de junho, às 9h30 de Brasília).

Twente x Heerenveen
Jogo de ida: 1º de junho, às 13h45 de Brasília, em Heerenveen
Jogo de volta: 4 de junho, às 9h30 de Brasília, em Enschede

Livre de lesões no joelho, que o perturbaram, Vaclav Cerny é o destaque de um Twente muito competente e consistente. Que pode provar isso nos play-offs (Joris Verwijst/BSR Agency/Getty Images)

Twente (5º colocado na temporada regular)

No gol, a segurança habitual de Lars Unnerstall. Na lateral direita, Joshua Brenet e sua velocidade, sempre uma opção possível para ataques. No meio-campo, Michel Vlap, livre de um jejum de gols, parecendo ainda melhor do que já é na criação de jogadas. E no ataque, além de um Vaclav Cerny cada vez melhor na ponta-direita (foi o goleador do clube e quem mais passes para gol deu na temporada regular), um daqueles saudáveis problemas: o jovem costarriquenho Manfred Ugalde cresce de produção, a ponto de deixar no banco Ricky van Wolfswinkel, ainda confiável em campo. Em suma, o Twente está muito regular. Não à toa, é considerado o principal favorito para ter a vaga na Conference League - que, aliás, conheceu nos play-offs da fase de grupos. Quando caiu para a Fiorentina-ITA, que... é finalista da Conference atual. Quem sabe isso não aconteça com os Tukkers?

Sydney van Hooijdonk assumiu a responsabilidade no Heerenveen. E será quem mais merecerá aplausos no time, caso o Fean leve a vaga (Bart Stoutjesdijk/ANP/Getty Images)

Heerenveen (8º colocado na temporada regular)

Poderia ter sido o RKC Waalwijk, que também chegou à última rodada do Campeonato Holandês com chances. Poderia ter sido o Go Ahead Eagles, que vinha mais atrás e também tinha possibilidades remotas. No fim, foi o Heerenveen. Que passou por uma mudança de tática ao longo da temporada, se tornando mais ofensivo. Também, pudera: o Fean teve um dos melhores atacantes da Eredivisie em Sydney van Hooijdonk, que voltou por empréstimo para enfim cumprir tudo que se esperava dele na primeira passagem, no returno da temporada passada. A ajudar o filho do ex-atacante Pierre, estiveram os pontas Osame Sahraoui e Antoine Colassin (este, evoluindo na reta final da temporada). Isso, sem contar o lateral direito Milan van Ewijk, também importante ofensivamente - já se fala que o PSV pensa com carinho em sua contratação. Ainda valerá muito a pena o retorno de um velho conhecido: Andries Noppert. O goleiro titular da Holanda (Países Baixos) na Copa passada sofreu com uma lesão muscular sofrida em janeiro. E só retornou agora. Mas trará experiência valiosa para o time da Frísia, que tentará voltar a uma competição europeia - chegou perto nos play-offs passados, mas caiu para o AZ.

Sparta Rotterdam x Utrecht
Jogo de ida: 1º de maio, às 16h de Brasília, em Utrecht
Jogo de volta: 4 de junho, às 9h30 de Brasília, em Roterdã


Koki Saito virou ídolo e símbolo da grande esperança que o Sparta Rotterdam tem para voltar às competições continentais (Roy Lazet/ANP/Getty Images) 

Sparta Rotterdam (6º colocado na temporada regular)

O Sparta Rotterdam nem precisava de muito incentivo para entrar com todo o otimismo nos play-offs. Só estar neles, após sofrer para se salvar do rebaixamento em 2021/22, já era um delicioso sinal de como as coisas melhoraram para o time do bairro de Spangen, em Roterdã, atualmente. Porém, o fato de poder voltar a um torneio europeu, após 38 anos, é mais uma razão para sonhar alto. Outro fator, bem mais prático: os Spartanen só chegaram a esta fase por terem muitos bons jogadores na temporada. No gol, Nick Olij foi simplesmente o melhor de sua posição ao longo das 34 rodadas regulares do Campeonato Holandês. No meio-campo, Joshua Kitolano e Arno Verschueren se entrosaram bem - sem contar a experiência de Jonathan de Guzmán. E no ataque, Tobias Lauritsen cuidou dos gols, e o japonês Koki Saito se mostrou grata revelação. Ainda faltam incentivos? Pois bem: na última rodada, domingo passado, o Sparta Rotterdam fez 5 a 0 no lanterna Groningen. Sua maior goleada num jogo fora de casa pela Eredivisie, desde 1985. O clube mais antigo em atividade no futebol profissional dos Países Baixos - fundado em 1888 - está muito motivado. Merece toda a atenção.

"Tasos" Douvikas já fez 19 gols no Campeonato Holandês. O Utrecht precisa e deseja que ele faça mais alguns (Dennis Bresser/Soccrates/Getty Images)

Utrecht (7º colocado na temporada regular)

Está certo que o Utrecht queria mais: há algumas temporadas o clube não sai dos play-offs, e tudo o que desejava era obter uma vaga direta num torneio europeu. Era fazer algo semelhante ao que o AZ faz: desafiar os três grandes. No entanto, terá mais uma vez de jogar tudo em duas partidas por um lugar numa competição europeia. Se lhe serve de consolo, superou dificuldades e parece mais assentado. Teve até de trocar seu técnico na pausa para a Copa do Mundo - e não por estar em má fase, mas pelo técnico Henk Fräser ter exagerado numa briga com o atacante Amin Younes, nos treinos desta pausa. Só que o dinamarquês Michael Silberbauer, sucessor de Fräser, conseguiu estabilizar os Utregs. Para isso, contou com uma defesa experiente (Sean Klaiber, Mike van der Hoorn, Mark van der Maarel e Nick Viergever). Teve um meio-campo bem firme, com a mescla da experiência de Jens Toornstra com a evolução de Can Bozdogan. E no ataque, bastaria citar Anastasios Douvikas, um dos goleadores da Eredivisie (19 gols), mas tanto Taylor Booth quanto Othman Boussaid ajudaram. Enfim, se é para disputar novamente os play-offs, nada melhor do que "ganhá-los" de novo (a última vez foi em 2019) para dar à temporada a aliviante impressão de que ficou tudo bem por acabar bem.

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