segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Caminho suave

Van Dijk extravasa ao fazer o gol da vitória: a Holanda está muito longe de ser a melhor das seleções europeias, mas deverá ir à Euro (UEFA/Getty Images)

É opinião quase unânime que a seleção masculina da Holanda (Países Baixos) está num segundo escalão, atualmente. E a derrota contra a França, na sexta passada, deixou isso claro. Entretanto, a opinião tem sido exagerada a ponto de apostar que a Laranja seria presa fácil para a Grécia, nesta segunda-feira, nas eliminatórias da Euro 2024. Apostar até que a equipe ficaria fora da Euro. Não era para tanto exagero, e o jogo em Atenas deixou claro. Não que os holandeses tenham brilhado - longe, muito longe disso. Mas foram melhores, conseguiram a vitória por 1 a 0 e também o objetivo desejado: ter caminho suave na reta final da qualificação. Bastará uma vitória, em novembro, em uma das últimas rodadas, contra Irlanda (casa) ou Gibraltar (fora), e o lugar na Euro estará garantido.

A bem da verdade, já ficou claro que a Grécia se protegeria na defesa desde a escalação, somente com Fotis Ioannidis no ataque, abrindo mão de Georgios Giakoumakis (destaque na vitória contra a Irlanda) e Vangelis Pavlidis. E a Holanda, também com suas mudanças - Mats Wieffer titular no meio, Steven Bergwijn titular no ataque -, já teve a bola desde o começo. E também cercou bem mais a área grega em busca do gol. Que poderia ter vindo em uma jogada ensaiada, num escanteio em que a bola sempre ia para Tijjani Reijnders (aproveitando bem suas chances como titular, novamente jogando bem) chutar. Na primeira, aos 19', Reijnders mandou para fora; na segunda, no minuto seguinte, o goleiro Odisseus Vlachodimos espalmou com uma "manchete" típica de vôlei.

Só que a grande chance da Holanda se tranquilizar e confirmar sua superioridade veio aos 25', num pênalti - em jogada aérea, Van Dijk foi puxado por Konstantinos Koulierakis. Chance perdida, porque Wout Weghorst, escolhido como cobrador nestas datas FIFA, após os treinos (e com os vários desfalques...), bateu mal, e Vlachodimos pegou. Nem assim a Grécia se agigantou em campo, apostando somente nos lançamentos longos, de preferência para a direita, na esperança de que Anastasios Bakasetas ou Giorgos Masouras ajeitassem a bola e criassem uma jogada. Só a Holanda seguiu tentando - Koulierakis bloqueou chute de Weghorst aos 38', e Steven Bergwijn bateu para fora aos 44'. 

Na falta de Frenkie de Jong, Tijjani Reijnders aproveitou bem sua chance: outra boa atuação (Rico Brouwer/Soccrates/Getty Images)

O que também não quer dizer que a pressão neerlandesa era gigante. Nem que a equipe não corria riscos. Tanto que, no intervalo, Donyell Malen entrou no lugar de um Lutsharel Geertruida que novamente marcou com fragilidades no trio de zagueiros. Além do mais, a Holanda ficou retraída além da conta no segundo tempo. Só atacou no começo, com Bergwijn (contra-ataque veloz aos 47', chute espalmado por Vlachodimos para fora) e Xavi Simons (após um rebote de Vlachodimos em chute de Reijnders, Malen e Bergwijn ajeitaram, e o camisa 10 também perdeu), Azares também influíram, como a lesão muscular que tirou Wieffer do jogo. Marten de Roon entrou para fechar o meio, Micky van de Ven já tinha substituído Quilindschy Hartman - outra boa atuação -, os visitantes recuaram... e a Grécia ousou mais. Giakoumakis e Pavlidis vieram para o jogo, Petros Mantalos deu um susto aos 79' (chutou, a bola desviou, mas o goleiro Bart Verbruggen defendeu antes de Giakoumakis chegar). E o alerta máximo veio aos 84': Van de Ven errou na saída de bola, um cruzamento, e Ioannidis cabeceou para fora.

Curiosamente, foi nesse momento de mais sufoco que a Holanda enfim aproveitou sua chance. Brian Brobbey enfim teve a bola para cumprir sua função (ser o "pivô" para quem vinha de trás), Denzel Dumfries teve espaço para avançar e foi derrubado por Pavlidis na área. Pênalti. Mais um. Como se não bastasse, o VAR opinou que Dumfries caíra mais do que fora derrubado - e o juiz espanhol Alejandro Hernández ainda reviu o lance antes de confirmar o pênalti. Sem Weghorst nem Xavi Simons, cobradores preferenciais, o capitão Van Dijk assumiu a responsabilidade ("nem pensei na Copa", comentou à emissora NOS, lembrando a cobrança perdida na disputa contra a Argentina). E fez o gol do alívio. Que até teve outra ameaça: o juiz chegou a rever suposto pênalti de Panos Retsos em Brobbey, sem marcá-lo.

De todo modo, mesmo em mais um jogo longe de brilhar, a Holanda conseguiu o que queria: encaminhar um lugar na Euro 2024. Precisa melhorar muita coisa, continua sendo uma equipe mediana... mas não é para tanta desconfiança assim.

Eliminatórias da Euro 2024
Grécia 0x1 Holanda 
Data: 16 de outubro de 2023
Local: OPAP Arena/Agia Sophia (Atenas)
Juiz: Alejandro Hernández (Espanha)
Gols: Virgil van Dijk, aos 90' + 4

Grécia
Odisseas Vlachodimos; Lazaros Rota, Konstantinos Koulierakis (Manolis Sioplis, aos 61') e Panos Retsos; Anastasios Bakasetas (Taxiarchis Fountas, aos 60'), Konstantinos Mavropanos, Dimitris Kourbelis (Andreas Bouchalakis, aos 60') e Petros Mantalos (Vangelis Pavlidis, aos 81'); Giorgos Masouras (Georgios Giakoumakis, aos 77') e Kostas Tsimikas; Fotis Ioannidis. Técnico: Gustavo Poyet

Holanda
Bart Verbruggen; Lutsharel Geertruida (Donyell Malen, aos 46'), Virgil van Dijk e Nathan Aké; Denzel Dumfries, Mats Wieffer (Marten de Roon, aos 81'), Tijjani Reijnders e Quilindschy Hartman (Micky van de Ven, aos 74'); Xavi Simons (Joey Veerman, aos 62'); Steven Bergwijn e Wout Weghorst (Brian Brobbey, aos 62'). Técnico: Ronald Koeman

Nenhum comentário:

Postar um comentário