quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Os desafios continuam. As lesões também

Não haverá De Jong, nem De Ligt, nem Memphis Depay, nem Gakpo... mas Van Dijk é um dos "sobreviventes" de uma Holanda que pegará França e Grécia com muitos machucados (Rene Nijhuis/BSR Agency/Getty Images)

As vitórias contra Grécia e Irlanda, nas rodadas mais recentes das eliminatórias da Euro 2024, deram a leve impressão de que a seleção masculina da Holanda (Países Baixos) começou a encontrar caminhos para melhorar, após o mau começo de ano. Entretanto, a certeza do momento atual da Laranja só virá mesmo após as rodadas que vêm por aí na qualificação. Rodadas que têm um jogo dificílimo - contra a França, nesta sexta (13), em Amsterdã - e outro traiçoeiro - contra a Grécia, na segunda (16), em Atenas. E se os desafios continuam, os problemas também seguem para a equipe neerlandesa. Problemas que podem ser resumidos numa palavra: lesões. De novo, o técnico Ronald Koeman tem muitos desfalques machucados, em relação ao que pode ser considerado uma convocação "ideal". 

A começar pelo gol, posição por si só problemática (daqui a pouco se falará disso): titular contra Grécia e Irlanda, Mark Flekken pediu dispensa das datas FIFA, por estar adoentado. Na zaga, de uma vez só, três desfalques: além de Jurriën Timber - este fica fora até 2024, com o rompimento do ligamento cruzado anterior do joelho direito -, Matthijs de Ligt (choque) e Sven Botman (joelho) também ficaram fora da convocação. Pior ainda foi o impacto no meio-campo: um problema no tornozelo deixará de fora das partidas Frenkie de Jong, cada vez mais indispensável para a Holanda - e um possível substituto, Teun Koopmeiners, foi cortado logo após a apresentação, sem condições físicas de jogo. No ataque, além de Memphis Depay ser ausência de novo por problema muscular na coxa, Cody Gakpo - outro nome cuja importância aumenta - também está fora, por causa de contusão no joelho. E bastou Steven Berghuis se apresentar na segunda-feira para ser prontamente desligado da delegação, pela lesão na panturrilha que já o afastara da partida do Ajax na rodada passada do Campeonato Holandês.

Só restou a Ronald Koeman fazer piada, na entrevista coletiva da data de apresentação, ao já começá-la informando o corte de Koopmeiners: "Já temos um time inteiro de ausências". Depois, falando sério, Koeman colocou sua opinião, na relação sempre tensa entre datas de clubes e datas de seleções: "A culpa é puramente do calendário. Já reclamamos há anos. Veja como todo mundo se machucou. A França perdeu três jogadores no fim de semana, na última hora". No entanto, na hora de resolver o problema, o técnico reconheceu: "Este é um trabalho que ainda não começou". 

De novo, os goleiros: entre o estreante Olij (esquerda), o provável titular Verbruggen (de costas, com o treinador da posição, Patrick Lodewijks) e o contestado Noppert (direita), a Laranja segue com problemas (Rene Nijhuis/BSR Agency/Getty Images)

Por falar em trabalho, os problemas da Holanda vão além dos machucados. E estão focados numa posição (há muito tempo, por sinal): o gol. Como já citado, Flekken fora o titular contra Grécia e Irlanda - e não só não passou a impressão mais segura, principalmente contra os irlandeses, como pediu dispensa, adoentado que estava. E a roda-viva debaixo das três traves continuará, para desalento de Ronald Koeman: "Não é bacana [a alternância], mas preciso continuar fazendo escolhas". Até porque Andries Noppert, o mais experiente dos três presentes, dificilmente jogará: em primeiro lugar, porque continua falhando vez por outra no Heerenveen, e em segundo lugar, porque já não fora originalmente convocado, só entrando após o corte de Flekken ("Patrick Lodewijks [treinador de goleiros] veio com algumas sugestões, quando os goleiros se machucaram. Daí, escolhemos", explicou Koeman). Então, sobram dois nomes que nunca jogaram pela Holanda: Bart Verbruggen e Nick Olij. Aí, pelo menos, começam alguns alívios. Porque tanto um quanto o outro se mostram merecedores da provável chance. 

Um dos titulares do Brighton que chama alguma atenção no Campeonato Inglês, considerado o candidato mais preponderante a ser titular, Verbruggen é considerado promissor: surgido na base do NAC Breda (não jogou em nenhum dos clubes grandes), começou a se destacar no Anderlecht, na temporada passada. Foi um raro nome a escapar ileso da má campanha da Holanda na Euro sub-21 deste anos. E mostra talento nas defesas cara-a-cara, com bom posicionamento, além da capacidade no jogo com os pés - Ronald Koeman até brincou com isso, na coletiva: "Ele só precisa sair jogando com passes menos curtos na área, porque aí o treinador fica mais tranquilo no banco". Já Nick Olij, o primeiro jogador convocado para a Holanda atuando pelo Sparta Rotterdam desde 1996, é uma convocação que até tardou. Olij, 28 anos, surgido na base do AZ, vive grande ascensão nos últimos dois anos: eleito o melhor goleiro da segunda divisão holandesa em 2021/22, pelo NAC Breda, transferiu-se para o Sparta Rotterdam... e se estabeleceu como um dos melhores goleiros da Eredivisie, com boa impulsão e bons reflexos. Qualidades que faziam a torcida do Sparta gritar "Olij in Oranje, o-o-o-o-o" ("Olij na Laranja", com a melodia de "Vamos a la playa"). Que faziam o arqueiro esperar pela convocação. Que afinal veio, e foi comemorada por ele ao diário Algemeen Dagblad: "É incrível, se você vê de onde eu vim".

Outra convocação comemorada foi a de Jeremie Frimpong. Enfim, o lateral direito foi anistiado de seu "castigo" por recusar a convocação para disputar a Euro sub-21 ("Não foi a melhor ideia, não foi bom da minha parte. Mas agora quero seguir em frente", reconheceu Frimpong ao perfil oficial da seleção holandesa). E ele chega embalado, como o melhor de sua posição na atualidade, no Campeonato Alemão - são dois gols e três passes para gol no Bayer Leverkusen, atual líder da Bundesliga. Reserva na Copa passada, Frimpong só não será titular porque tem como "concorrente" na posição Denzel Dumfries, participante das jogadas nos últimos cinco gols que a Holanda fez, nome fundamental quando o time joga com três zagueiros, já apelidado pela imprensa ("A locomotiva de Barendrecht", em referência à cidade onde começou a jogar). 

Constrangimentos superados, Frimpong está de volta à seleção da Holanda. E em grande fase. Só não será titular porque há Dumfries (Rene Nijhuis/BSR Agency/Getty Images)

Há outros nomes que deixam uma boa impressão. Tijjani Reijnders, de bom começo no meio-campo do Milan ("Minha paciência foi premiada", celebrou o meio-campo à revista Voetbal International); Xavi Simons, mostrando plenamente no RB Leipzig o destaque que apenas começa a ter na seleção; Calvin Stengs, de volta à seleção após dois anos, ostentando bom momento no Feyenoord - agora jogando no meio-campo; Wout Weghorst, que sempre aproveita muito bem as chances de jogar pela Laranja e, por causa dos desfalques, deverá ter a titularidade que reclamou contra a Irlanda ("Ele se desculpou, mas nem liguei tanto para isso. Quero mais é que todos os reservas fiquem tristes por não jogar. Ele é um ótimo jogador para se trabalhar", perdoou Ronald Koeman). Serão esses nomes que tentarão ajudar a Holanda contra uma França que, mesmo oscilando, é a melhor seleção europeia - basta citar que, nas eliminatórias da Euro, são cinco jogos e cinco vitórias dos Azuis, sem nenhum gol sofrido. E que, mais importante, tentarão vencer a Grécia - esta, sim, adversária mais direta da Holanda por uma vaga na Euro.

Ganhar a partida da próxima segunda, aliás, encaminharia de vez a Holanda ao torneio europeu, tendo em vista as rodadas finais (contra Irlanda, em casa, e Gibraltar). E apesar dos pesares, é por isso que a Laranja supera os problemas rumo aos desafios. Além do mais, se as lesões grassam por lá, a França também não terá William Saliba, Jules Koundé, Dayot Upamecano, e Kylian Mbappé teve lá suas contusões. Quem sabe...

Os 23 convocados da Holanda (Países Baixos) para as datas FIFA

Goleiros: Andries Noppert (Heerenveen), Bart Verbruggen (Brighton-ING) e Nick Olij (Sparta Rotterdam)

Laterais: Denzel Dumfries (Internazionale-ITA), Jeremie Frimpong (Bayer Leverkusen-ALE), Quilindschy Hartman (Feyenoord) e Daley Blind (Girona-ESP)

Zagueiros: Virgil van Dijk (Liverpool-ING), Micky van de Ven (Tottenham-ING), Stefan de Vrij (Internazionale-ITA), Lutsharel Geertruida (Feyenoord) e Nathan Aké (Manchester City-ING)

Meio-campistas: Tijjani Reijnders (Milan-ITA), Marten de Roon (Atalanta-ITA), Joey Veerman (PSV) e Mats Wieffer (Feyenoord)

Atacantes: Donyell Malen (Borussia Dortmund-ALE), Xavi Simons (RB Leipzig-ALE), Steven Bergwijn (Ajax), Calvin Stengs (Feyenoord), Brian Brobbey (Ajax), Wout Weghorst (Hoffenheim-ALE) e Ian Maatsen (Chelsea-ING)

Nenhum comentário:

Postar um comentário