sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Continuava no roteiro

Ainda no começo (e em todo o jogo), Mbappé exemplificou que a França está acima da Holanda. Mas nem por isso a Laranja jogou mal, nem há motivos para desespero (ANP/HH)


Desde a entrevista coletiva de segunda-feira passada, Ronald Koeman deixava claro: o jogo contra a França era importante e vencê-lo seria bom, mas era a partida contra a Grécia, na próxima segunda-feira, que seria mais decisiva para os destinos da seleção masculina da Holanda (Países Baixos) nas eliminatórias da Euro 2024. Torcida, imprensa, implicitamente até o próprio Koeman: todos assumiam que a seleção da França é melhor - talvez, até, bem melhor - e era favorita para vencer o jogo desta sexta em Amsterdã. E foi o que aconteceu. Se serve de consolo, aqui e ali a Laranja mostrou qualidades. E algumas delas vieram de nomes que começaram pela primeira vez como titulares.

O problema é que alguns problemas continuam insistentes e desagradáveis. Como, por exemplo, a lentidão e a desatenção com que a Holanda começa suas partidas. Algo que é "prato feito" para uma seleção de alto nível, como a França, aproveitar quando surgem erros. Ainda mais quando quem os aproveita é um craque indubitável como Kylian Mbappé: logo aos sete minutos, Lutsharel Geertruida o deixou livre na área, Randal Kolo Muani ajeitou, Antoine Griezmann cruzou, e o camisa 10 francês completou para o 1 a 0. Pior: pela direita, o duo Griezmann-Kolo Muani dava muito trabalho a Quilindschy Hartman, um titular pela primeira vez, e o segundo gol parecia muito mais próximo de acontecer. Pior ainda: após choque com Ibrahima Konaté, Wout Weghorst (que já não conseguia aparecer muito no ataque) ficou com dores no joelho. Insistiu em continuar, mas virou mais um machucado, precisando ser substituído antes do intervalo.

Só que, ainda no primeiro tempo, a Holanda conseguiu deixar de lado a aposta apenas nas jogadas de bola aérea, que não estavam dando certo. Com a bola mais nos pés, tanto Tijjani Reijnders quanto Joey Veerman mostraram alguma capacidade - principalmente o primeiro, elogiado por muitos. E a Laranja até teve chances, como numa finalização ruim de Veerman, aos 27'. Ou num chute de Xavi Simons, aos 39', defendido por Mike Maignan. Ou mesmo em chute de Hartman, no qual Maignan conseguiu "pegar o frango" antes que ele escapasse, aos 45'. Enfim, a Holanda dava indícios de que poderia pensar num empate. E Koeman até colaborou com isso, tirando Marten de Roon (mal no jogo) e colocando Mats Wieffer no intervalo. De quebra, aos 49', nova tentativa, com Donyell Malen - só que o chute saiu fraco.

Contudo... Ronald Koeman reconheceu, na entrevista pós-jogo à emissora NOS: "Não temos um craque como ele". Como Mbappé. Que mostrou, sozinho, que a Holanda não conseguiria empatar, por mais que se esforçasse. Com apenas um lance: o belíssimo gol que fez, aos 53', após receber a bola de Théo Hernandez, tabelar com Adrien Rabiot e chutar colocado, da entrada da área, no ângulo, inalcançável para Bart Verbruggen, goleiro estreante na Holanda (e que foi discreto, no bom sentido). E de fato, a Holanda se esforçou. No gol anulado de Malen, aos 55' - Nathan Aké estava impedido ao cruzar. No chute de Malen para fora, aos 81'. E aos 83', na bonita jogada do gol de Hartman, que se destacou no segundo tempo até mais do que no primeiro: dominou a bola, correu com ela até a área, tabelou com Steven Bergwijn e chutou sem ângulo, talvez tentando cruzar, com trabalho facilitado por Maignan abrir seu canto e tomar o primeiro gol sofrido pelos franceses na qualificação para a Euro.

Entre as atuações dignas dos titulares novos na Holanda, a melhor foi a de Hartman, o autor do gol (Koen van Weel/ANP)

Mas o tempo todo a França esbanjava sua superioridade à Holanda. Bastava a seleção da casa assustar, que os sustos dos Azuis eram ainda maiores - no chute em que Mbappé mandou a bola no travessão aos 86', e no arremate que Verbruggen pegou após tabela de Marcus Thuram com Olivier Giroud (vindo no banco, no lugar de Kingsley Coman). Ainda assim, o esforço neerlandês foi indiscutível. E quase foi premiado nos acréscimos, em outra disparada de Hartman, que cruzou a bola que passou rápida demais por Bergwijn. 

E se a Holanda perdeu, viu a França comemorar a vaga assegurada no torneio continental de seleções e viu a Grécia passar à segunda posição do grupo B das eliminatórias (vitória sobre a Irlanda, 2 a 0), não há motivo nenhum para pânico. Sim, o jogo da próxima segunda será num ambiente fervilhante em Atenas: afinal, é o "tudo-ou-nada" para os gregos tentarem ir à Euro, ainda mais após tomarem 3 a 0 em Eindhoven. Só que, mesmo se perder, a Holanda ainda terá Irlanda (em casa) e Gibraltar nas últimas rodadas. Mesmo se tudo isso der errado, ainda estará na repescagem das eliminatórias, vencedora que foi de seu grupo na Liga das Nações. A Laranja sabe que terá uma "final" (palavras de Ronald Koeman) na segunda-feira, e pode escolher ir à Euro sem sofrimento. 

Só não pode com a França, seleção um estágio acima. A derrota continuava no roteiro.

Eliminatórias da Euro 2024
Holanda 1x2 França
Data: 13 de outubro de 2023
Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Juiz: Felix Zwayer (Alemanha)
Gols: Kylian Mbappé, aos 7' e aos 53', e Quilindschy Hartman, aos 83'

Holanda
Bart Verbruggen; Lutsharel Geertruida, Virgil van Dijk e Nathan Aké (Micky van de Ven, aos 80'); Denzel Dumfries (Jeremie Frimpong, aos 62'), Tijjani Reijnders, Marten de Roon (Mats Wieffer, aos 46'), Joey Veerman e Quilindschy Hartman; Xavi Simons (Steven Bergwijn, aos 80') e Wout Weghorst (Donyell Malen, aos 38'). Técnico: Ronald Koeman

França
Mike Maignan; Jonathan Clauss (Malo Gusto, aos 80'), Ibrahima Konaté, Lucas Hernandez e Théo Hernandez; Aurélien Tchouameni, Adrien Rabiot e Antoine Griezmann (Youssouf Fofana, aos 87'); Kingsley Coman (Olivier Giroud, aos 70'), Randal Kolo Muani (Marcus Thuram, aos 80') e Kylian Mbappé. Técnico: Didier Deschamps

Nenhum comentário:

Postar um comentário