Celebrado após marcar seu primeiro gol pela seleção, Strootman vai se firmando no grupo de Van Marwijk (Getty Images) |
Tem-se discutido muito o conceito de jogos entre seleções. A utilidade deles, a falta de empolgação que se vê, o ritmo modorrento. Pode-se dizer, de certo modo, que a campanha da Holanda nas eliminatórias para a Euro 2012 preenche à perfeição. Independentemente do grupo em que caísse, a Oranje já vinha anabolizada psicologicamente pela campanha na Copa. Depois que o sorteio lhe reservou os rivais, a crença da qualificação ficou ainda mais forte, quase como se fosse destino.
E é o que os jogos têm revelado: antes mesmo do massacre contra San Marino, o domínio do time de Bert van Marwijk no Grupo E já era flagrante. E o 2 a 0 contra a Finlândia foi mais uma prova do que já se vê há um bom tempo: um time que nem precisa se esforçar para ser amplamente superior. Mais do que isso: um time que mostra uma capacidade insuspeita. A de conseguir recuperar a postura tática e emocional em campo, mesmo após passar por problemas em campo.
Essa postura foi delineada desde os primeiros momentos do jogo em Helsinque. Com a mesma escalação do jogo da última sexta, a Oranje começou pressionando firmemente a saída de bola finlandesa. Não deu para abrir o placar antes dos 15 minutos, então, veio o natural: a volta ao paciente toque de bola, ao "tikkie-takkie voetbal" - sim, daí derivou o "tiki-taka" que dá nome ao estilo do Barcelona.
Assim passou-se boa parte do primeiro tempo, sem que o time anfitrião conseguisse ameaçar muito. Só que foi um passe longo que acelerou a resolução da história. Sem exercitar comumente essa qualidade na seleção, Sneijder fez um lançamento milimétrico para Strootman, que completou de primeira. Belo gol, o primeiro pela seleção, o que de certo modo ajuda o meia do PSV a se solidificar como a grande alternativa a Van Bommel ou De Jong, na dupla de marcação. Se é que Strootman ainda é alternativa.
Somente depois é que o time de Mixu Paatelainen começou a fazer algo no ataque. Guiado pelos esforços de Forssell (menos), Pukki (o melhor finlandês, provavelmente), Eremenko e Hetemaj, o time começou a criar jogadas e até a arriscar chutes a gol. Só que nenhum deles dava problemas a Stekelenburg. Essa tendência prosseguiu no segundo tempo.
Mas quem criou problemas foi a própria Holanda. Apalermada pela própria superioridade, a equipe começou a jogar displicentemente. Bastou para uma jogada perigosa surgir de um erro, e quase resultar no primeiro gol sofrido pela Oranje em jogos fora de casa nas eliminatórias: após Pieters errar um recuo de bola, aos 13 minutos, Hämäläinen dominou-a livre, entrou na área e tocou por cima de Stekelenburg. Só não marcou porque o lateral esquerdo holandês se redimiu, tirando em cima da linha.
Só então a Oranje exibiu a qualidade de conseguir se recompor. E a expulsão de Hetemaj, pelo segundo cartão amarelo após falta em Van Bommel, aos 25, só tranquilizou mais as coisas. O que não significou nova onda de letargia: Van Marwijk acertou ao tirar Van Persie e Huntelaar, apáticos, para colocar Luuk de Jong e Elia.
O atacante do Twente pouco fazia, mostrando algum nervosismo. Mas Elia deu novo dinamismo aos ataques laranjas, mostrando-se como boa opção. E foi por uma jogada individual sua que, aos 46 minutos, Luuk de Jong fez o gol decisivo, seu primeiro pela Oranje.
Enfim, a Holanda nem estava desesperada pela vitória. Mesmo que a Suécia tenha vencido San Marino, basta um ponto contra a Moldávia para a Oranje garantir o voo dos 23 atletas rumo a Polônia e Ucrânia em 2012. Só que, se não precisava de muito esforço, também não precisava incorrer na displicência. Menos mal que mostrou também capacidade de reação.
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