terça-feira, 30 de julho de 2019

Indefensável

As falhas do PSV eram conhecidas, mas o time esperava se classificar na Liga dos Campeões para ganhar tempo e compreensão da torcida, até para corrigi-las. Fracassou (BSR Agency)
Mesmo ganhando o jogo de ida contra o Basel-SUI, pela segunda fase preliminar da Liga dos Campeões, o PSV já deixara uma impressão incômoda: tinha muitos problemas a solucionar (principalmente na defesa), e pouco tempo para isso. Contra o Ajax, sábado passado, pela Supercopa da Holanda, o incômodo da torcida aumentou: com apenas 35 segundos de jogo na Johan Cruyff Arena, o time de Amsterdã já estava vencendo por 1 a 0, e o time de Eindhoven nunca deu a real impressão de poder virar para cima do rival. A pressão aumentou rumo ao jogo de volta, nesta terça: o técnico Mark van Bommel preconizava que os jogadores "tinham de virar gente grande rapidamente". Mas o resultado na Basileia foi o pior possível. As falhas da defesa seguiram, o ataque perdeu tantas chances quantas criou, e os Boeren já estão eliminados do principal torneio europeu.

É certo que o PSV foi à Suíça sem um jogador que poderia colaborar: o atacante Sam Lammers, lesionado no joelho duante a Supercopa da Holanda. Ainda assim, com a mesma escalação da partida da ida, semana passada, os Eindhovenaren já começaram sofrendo, num St. Jakob Park lotado. Jogando com mais velocidade, o Basel ainda tinha vantagem numérica quando chegava ao ataque: tendo apenas dois no miolo de zaga (Derrick Luckassen e Nick Viergever), era comum que o PSV ficasse em apuros quando a dupla Ricky van Wolfswinkel-Albian Ajeti ia ao ataque. E ainda contava com o auxílio de Valentin Stocker. E até de quem jogava mais atrás, como o zagueiro Eran Cümart.

Foi assim que logo o time holandês se viu encurralado. Basta dizer que foi Hirving Lozano quem cometeu a falta que resultou no primeiro gol do Basel, logo aos oito minutos, num chute forte de Cümart - houve quem dissesse que o goleiro Jeroen Zoet poderia ter tentado defender o arremate, alertando para uma crise técnica do camisa 1 (Zoet discordou após o jogo, mas reconheceu a falha: "Falar que estou em crise é exagero, mas preciso melhorar"). E o time azul-grená suíço continuou superior após o gol: atacou mais, foi mais veloz, teve chance do segundo (bola para fora de Van Wolfswinkel aos 19').

O empate de Bruma (à frente) fez o PSV melhorar, e ter mais esperanças. Só que a fragilidade defensiva cobrou um preço duro (PSV/Twitter)

Só restava ao PSV tentar tirar a bola dos arredores de sua defesa, com chutes longos. A partir disso, era esperar que uma jogada individual partisse de Lozano, Steven Bergwijn, Donyell Malen ou Bruma. Inesperadamente, deu certo: aos 23 minutos, num cruzamento de Malen, o português Bruma cabeceou na entrada da área. A bola nem foi tão forte assim, mas foi alta o suficiente para ir ao ângulo do goleiro Jonas Omlin e decretar o 1 a 1. A partir de então, os visitantes da Holanda conseguiram o que desejavam: equilibrar o jogo. Conseguiam manter o Basel mais distante do ataque, e até ousavam mais buscar a virada - como num chute de Malen (bem no jogo, se movimentando no centro do ataque), defendido por Omlin aos 40'.

No segundo tempo, a ousadia do PSV quase rendeu a virada que lhe seria salvadora - nesse caso, o Basel precisaria de mais três gols para a classificação. Já aos 47', em sequência, Bergwijn veio pela direita e chutou na trave, e Lozano mandou o rebote por cima do gol. Aos 52', foi a vez de Malen, em outro arremate de fora da área pego por Omlin. Aos 63', Bruma arrematou da meia-lua para a defesa do arqueiro sueco do Basel. E dois minutos depois, Bergwijn começou a correr com a bola no meio-campo e só parou na área, quando finalizou em diagonal e Omlin pegou com os pés.

Havia chances de gol para os visitantes da Holanda, mas elas eram perdidas. Podiam fazer falta. E fizeram, porque o Basel estava vivo no jogo. Já provara isso aos 61', quando Van Wolfswinkel perdeu grande chance: sozinho, na pequena área, cabeceou torta a bola vinda do cruzamento de Stocker. A diferença foi que, na vez seguinte em que teve a chance, o holandês aproveitou: em outro cruzamento de Stocker, aos 68', Ajeti puxou sozinho a marcação de Luckassen e Viergever. Van Wolfswinkel ficou sozinho na área. Fez 2 a 1 para o Basel. E era o fim precoce do PSV na Liga dos Campeões, porque os Boeren passaram longe de empatarem no final.

Claro, uma hora a derrota será superada. Precisa ser, como preconizou Van Bommel na entrevista pós-jogo. Ainda resta a Liga Europa, oferecendo Haugesund-NOR ou Sturm Graz-AUT na terceira fase preliminar. Entretanto, ficou claro que o PSV sente muita falta de quem saiu (Luuk de Jong e Angeliño). Que Van Bommel tem dificuldades ao achar possíveis substitutos - Michal Sadílek na lateral esquerda foi escalação estranha, bem como Bergwijn no meio-campo, para mascarar a falta de um "camisa 10" criativo. E que Lozano ainda está sem muito ritmo de jogo, após a lesão no joelho. Todos esses erros costumam ser letais, numa Liga dos Campeões, ainda que na fase preliminar. E ficou a impressão de que a paciência será curta, mesmo com o Campeonato Holandês ainda no começo. Até porque o desempenho do PSV nesta terça-feira foi indefensável.

Liga dos Campeões - segunda fase preliminar (jogo de volta)

Basel 2x1 PSV

Local: St. Jakob Park (Basileia)
Data: 30 de julho de 2019
Árbitro: Fábio Veríssimo (Portugal)
Gols: Eran Cümart, aos 8', e Bruma, aos 23'; Ricky van Wolfswinkel, aos 68'.

Basel
Jonas Omlin; Silvan Widmer, Eran Cümart, Omar Alderete Fernández e Taulant Xhaka (Raoul Petretta); Fabian Frei, Luca Zuffi e Eder Balanta; Ricky van Wolfswinkel, Albian Ajeti e Valentin Stocker Técnico: Marcel Koller

PSV
Jeroen Zoet; Denzel Dumfries, Derrick Luckassen, Nick Viergever e Michal Sadílek; Pablo Rosario, Steven Bergwijn e Esteban Gutiérrez; Hirving Lozano (Cody Gakpo), Donyell Malen e Bruma. Técnico: Mark van Bommel



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