terça-feira, 23 de julho de 2019

Sob pressão

Mal a temporada europeia começou e o PSV já conseguiu uma vitória para matar a torcida do coração. E a pressão ainda não acabou... (BSR Agency)

O desempenho do Ajax na Liga dos Campeões da temporada passada satisfez, encantou... mas o fato é que os clubes da Holanda continuam em situação preocupante. Por isso, a temporada europeia já começava para o país nesta terça, com o jogo de ida entre PSV e Basel, pela segunda fase preliminar da Liga dos Campeões. E começava sob pressão: cada ponto segue valendo para o coeficiente do país no ranking da UEFA. Com tudo isso, o cenário estava pronto para o que se viu: na primeira partida de um holandês por torneios continentais em 2019/20, emoção em alta, com o time de Eindhoven virando o placar nos acréscimos do segundo tempo - 2 a 1 para 3 a 2.

A princípio, nada fazia crer que os Boeren sofreriam tanto na partida em Eindhoven. Não que o time estivesse em ponto de bala. Longe disso: Luuk de Jong já faz falta no ataque, Gastón Pereiro está em vias de ser mais uma transferência (o meio-campista uruguaio está finalizando a ida para o Spartak Moscou-RUS), o reforço Ibrahim Afellay ainda está em reta final de recuperação e não pode jogar. Com isso, o técnico Mark van Bommel precisa fazer o que pode: Steven Bergwijn foi recuado para jogar como "camisa 10" no meio-campo, e Michal Sadílek foi escalado na lateral esquerda.

Ainda assim, impressionou positivamente a velocidade do ataque da equipe. Para um time em plena reformulação, que teve dificuldade nos amistosos de pré-temporada (derrotas para Nice-FRA e Wolfsburg-ALE, por exemplo), o trio Hirving Lozano-Donyell Malen-Bruma mostrou capacidade técnica e velocidade. Por ela, somada à velocidade de Bergwijn e à manutenção da posse de bola, o PSV começou a pressionar o Basel. E mereceu o primeiro gol, num chute de Malen rebatido pelo goleiro Jonas Omlin e completado para as redes por Bruma - aliás, o português mostrou entrosamento promissor.

Entretanto, de tanta velocidade, o PSV se preocupou demais com o ataque... e se esqueceu da defesa. Reabilitado no clube após a volta do empréstimo ao Hertha Berlin, o zagueiro Derrick Luckassen seguia para a frente. A mesma coisa fazia Denzel Dumfries, como sempre faz. Ainda assim, o Basel demorava para aproveitar os espaços. Quando o fez, foi eficiente. Aos 44 minutos, uma indecisão entre Luckassen e Jeroen Zoet, no melhor estilo "deixa que eu deixo", quase causou perigo maior. Mas este veio aos 45', num contra-ataque quase inacreditável de tão fácil: um chutão da defesa do time suíço virou lançamento que pegou Albian Ajeti livre, e o albanês teve facilidade plena para chegar à área e empatar o jogo.

Aí, no segundo tempo, começaram as dificuldades clássicas por que todo clube holandês passa nos últimos tempos. O PSV criava chances, mas não as aproveitava. Era o cruzamento de Lozano desviado acidentalmente pelo zagueiro Eray Cümart no travessão, aos 55'; era o arremate cruzado de Malen defendido por Omlin, aos 67'. Por outro lado, seguiam os espaços gigantes para o Basel assustar quando tinha a bola - como fez com Valentin Stocker, aos 53', em chute desviado por Dumfries. Como nos 45 minutos iniciais, o time azul-grená da Basileia foi mais eficiente: um escanteio aos 79', falha de marcação da defesa, e o zagueiro Omar Alderete Fernández teve todo espaço para subir e virar o jogo.

Parecia o fim para o PSV. As entradas de Cody Gakpo e Sam Lammers pareciam mais "no desespero" do que "na tática", ainda mais debaixo de um calor de 34ºC em Eindhoven. Todavia, em momentos agudos, o ataque dos Boeren teve frieza. E ela valeu uma virada emocionante já no primeiro jogo. Aos 89', Lammers, experimentado preferencialmente como meio-campista por Van Bommel, mostrou a capacidade de finalização que tem: à la Luuk de Jong, estava no meio da área para cabecear o cruzamento de Sadílek e empatar o jogo. O empate já minorava os prejuízos. E ficou melhor ainda nos acréscimos, quando Malen conseguiu desviar de letra o cruzamento de Dumfries para virar o jogo e dar uma vitória útil e até animadora.

Mas passada a emoção, o fato é que o PSV ainda tem muito o que fazer, muito o que consertar - por exemplo, no meio-campo (falta um armador) e na defesa (falta um zagueiro central e falta controlar os avanços). E continuará sob pressão. Primeiro no sábado, na decisão da Supercopa da Holanda. Depois, e mais importante, na terça-feira que vem, jogando na Basileia, quando a partida de volta da segunda fase preliminar promete mais sofrimento. A pressão continua.

Liga dos Campeões - segunda fase preliminar (jogo de ida)

PSV 3x2 Basel

Local: Philips Stadion (Eindhoven)
Data: 23 de julho de 2019
Árbitro: Andris Trentaunis (Letônia)
Gols: Bruma, aos 14', e Albian Ajeti, aos 45' + 1; Omar Alderete Fernández, aos 79', Sam Lammers, aos 89', e Donyell Malen, aos 90' + 3

PSV
Jeroen Zoet; Denzel Dumfries, Derrick Luckassen, Nick Viergever e Michal Sadílek; Pablo Rosario, Steven Bergwijn e Esteban Gutiérrez; Hirving Lozano (Sam Lammers), Donyell Malen e Bruma (Cody Gakpo). Técnico: Mark van Bommel

Basel
Jonas Omlin; Silvan Widmer, Eran Cümart, Omar Alderete Fernández (Kemal Ademi) e Taulant Xhaka; Fabian Frei, Luca Zuffi e Eder Balanta (Afimico Pululu); Ricky van Wolfswinkel, Albian Ajeti e Valentin Stocker (Noah Okafor) Técnico: Marcel Koller

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