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Certas coisas nunca mudam: por mais que alguns clubes evoluam, o título do Campeonato Holandês feminino continua sendo para poucos. Principalmente para o Twente bicampeão (Stan Oosterhof/Soccrates/Getty Images) |
Engraçado notar como, ao longo dos anos, o Campeonato Holandês feminino de futebol se revela como algo parecido à liga masculina do mesmo país. É um campeonato que revela jovens talentosas (que o digam, para citar apenas três, Daphne van Domselaar, Victoria Pelova e Esmee Brugts), de um país que tem lá sua tradição na modalidade (e tem boa vontade com ela)... mas em que o nível técnico é baixo. Bem baixo. E no qual apenas poucos clubes podem sonhar com o título. Fora deles, quanto mais baixa a posição na tabela, mais difícil é a manutenção no futebol feminino: algumas jogadoras dos últimos colocados precisam se dividir com trabalhos "regulares". Não é à toa o apontamento comum de nomes como Vivianne Miedema: se uma holandesa deseja alcançar todo o seu potencial dentro do futebol, logo precisará sair do país rumo a uma liga mais competitiva. Nem as queixas de nomes como Sherida Spitse, quanto à falta de investimento maior nos clubes fora da elite.
Se serve de consolo, mesmo com essa "definição" de perfil, pouco a pouco a Vrouwen Eredivisie muda. Clubes como Feyenoord e AZ, de temporada digna, indicam que suas equipes femininas chegaram para ficar - para nem dizer do Utrecht, novamente elogiável. E será interessante ver o que fará em 2025/26 o Hera United, primeiro clube profissional do Reino dos Países Baixos dedicado somente ao futebol feminino. Porém, o cenário ainda não mudou: o título foi assunto privativo de Twente, PSV e Ajax, mesmo com a emocionante reta final - principalmente do Twente, quatro títulos em cinco anos. E fatores como a desativação da equipe feminina do Fortuna Sittard indicam que o caminho até a estabilização é longo. Pelo menos, como já dito, há talento e boa vontade. É algo. Mas não é tudo. Que o cenário do futebol feminino neerlandês seja ajustado nos próximos anos.
Por ora, vejamos como foi este campeonato em 2024/25.
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O Twente ficou discreto por muito tempo na disputa do título. Mas quando o coletivo se fortaleceu, nomes como Ravensbergen despontaram, e as Tukkers arrancaram para o bicampeonato (Vincent Jannink/ANP/AFP via Getty Images) |
1º - TWENTE
Campanha: 57 pontos (18 vitórias, 3 empates e 1 derrota - campeão pelo melhor saldo de gols, +50)
Time-base: De Jong; Vliek, Carleer, Knol e Tuin; Te Brake (Groenewegen), Van Dooren e Van Ginkel; Ravensbergen (Ivens), Van Dijk e Hulst
Técnico: Joran Pot
Competição continental: Liga dos Campeões (eliminado na fase de grupos)
Copa nacional: campeão
Artilheira: Jaimy Ravensbergen (atacante), com 20 gols
Quem deu mais passes para gol: Alieke Tuin (ala esquerda), com 11 passes
Quem mais jogou: Alieke Tuin (ala esquerda) e Danique van Ginkel (meio-campista), ambas com 21 partidas
Destaque: Jaimy Ravensbergen (atacante)
O Twente já se acostumava às perdas, temporada após temporada, mesmo com os títulos: a conquista da Vrouwen Eredivisie 2023/24, por exemplo, foi a despedida definitiva da zagueira Caitlin Dijkstra e da atacante Renate Jansen (esta, indo justamente para um rival, o PSV). E quando esta temporada começou, com a disputa da liderança ficando entre o PSV (e seus vultosos investimentos na equipe feminina) e o Ajax (tentando seguir em frente, mesmo com a queda de produção ficando visível), aparentemente era o fim do período de longo domínio das Tukkers no futebol feminino do Reino dos Países Baixos. Também aumentava essa impressão a participação apenas protocolar na fase de grupos da Liga dos Campeões feminina: esperava-se que o clube participasse apenas para ganhar experiência, sem fazer frente aos favoritos Chelsea e Real Madrid, e foi exatamente o que ocorreu. O clima de "fim de ciclo" era tão grande que justificou o anúncio da saída do técnico Joran Pot, assim que a temporada acabasse. Somente o grupo de jogadoras poderá dizer o que aconteceu na virada de ano. O fato é que, desde o começo de 2025, o Twente começou a mostrar mais regularidade.
Nada que desafiasse PSV ou Ajax, ainda, mas havia a impressão de que, ao menor tropeço de ambos, o time aproveitaria. Da solidez coletiva foram despontando os destaques da equipe. Na defesa, Daniëlle de Jong voltava a ser a goleira titular com a saída da galesa Olivia Clark, enquanto Alieke Tuin era sempre garantia de ataques perigosos na esquerda. No meio-campo, enfim livre de lesões, Kayleigh van Dooren criava as jogadas de ataque, enquanto a capitã Danique van Ginkel era combativa. E no ataque, a norte-americana Charlotte Hulst atacava bastante pelas pontas, enquanto Jaimy Ravensbergen, aos poucos, se convertia na "mulher-gol", tendo a escudá-la sempre Nikée van Dijk, a revelação da temporada. Na reta final, o Twente brilhou. Já seria bom passar à segunda posição, na 18ª rodada, com a derrota do Ajax para o PSV. Só que o time de Eindhoven tinha saldo de gols maior. Nada que não fosse resolvido com a maior goleada da temporada (10 a 1 no Excelsior, na 19ª rodada), fazendo as Tukkers superarem o saldo de gols com um só jogo. Mais duas rodadas, e os 5 a 1 no Ajax, na penúltima rodada, deixaram o título na alça de mira. No meio do caminho, ainda veio uma "preparação" agradável, com o título da Copa da Holanda. E na última rodada, nem mesmo o susto do AZ abrir 2 a 0 tirou o Twente do prumo. Com três gols de Ravensbergen, veio a virada para 3 a 2. O bicampeonato - 10º título na liga. A tríplice coroa nacional (liga, copa e supercopa na mesma temporada). E a sequência da impressão: Ajax e PSV podem tentar, mas o Twente domina o futebol feminino na Holanda (Países Baixos).
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Renate Jansen cumpriu as expectativas: foi líder de um ótimo time do PSV. Tão ótimo que terminou com o mesmo número de pontos do campeão. Só faltaram mais gols... (Marcel Bonte/Soccrates/Getty Images) |
2º - PSV
Campanha: 57 pontos (18 vitórias, 3 empates e 1 derrota - segundo colocado pelo pior saldo de gols, +45)
Time-base: Evrard; Thrige, Hendriks, Buurman e Bross (Frijns); Folkertsma, Nijstad e Xhemaili; Ripa (Dessing/Jacobs), Smits (Kalma) e Renate Jansen
Técnico: Roeland ten Berge
Competição continental: nenhuma
Copa nacional: vice-campeão
Artilheira: Renate Jansen (atacante), com 11 gols
Quem deu mais passes para gol: Renate Jansen (atacante), com 11 passes
Quem mais jogou: Nicky Evrard (goleira), Gwyneth Hendriks (zagueira), Melanie Bross (lateral esquerda), Riola Xhemaili (meio-campista) e Renate Jansen (atacante), todas com 21 partidas
Destaque: Renate Jansen (atacante)
Era de se impressionar. Uma boa geração de novatas, capitaneadas pela zagueira Veerle Buurman, a meio-campista Nina Nijstad e a atacante Chimera Ripa. Nomes já experientes, como a volante Sisca Folkertsma e a atacante Joëlle Smits. A esse grupo, somaram-se reforços de qualidade considerável para os padrões do futebol feminino holandês, como a meio-campista suíça Riola Xhemaili e, principalmente, Renate Jansen, atacante de tanta experiência (enfraquecendo até um rival direto pelo título sonhado, o Twente). E a partir da 5ª rodada, com o Twente meio abatido então e o Ajax começando a dar sinais de queda, o PSV assumiu a liderança da Vrouwen Eredivisie. Parecia que não mais a perderia. Primeiro, porque rapidamente o time se entrosou, sob a liderança do técnico Roeland ten Berge. Os destaques despontaram, como Ripa, na primeira metade da temporada, e Renate Jansen. Segundo, porque nos jogos diretos contra o Ajax, considerado então o adversário mais árduo pelo título, o PSV fez seu papel. Em Amsterdã, na 9ª rodada, 2 a 0 PSV; na 18ª rodada, em Eindhoven, no que era considerada a primeira "decisão do título", PSV 3 a 1.
Como se faltassem reforços, um nome de grosso calibre veio para o ataque: se sua experiência no Wolfsburg não saiu a contento, Fenna Kalma voltou à Eredivisie, chegando a Eindhoven para ser a garantia de gols que sempre foi, nos tempos de Twente. Entretanto, olhares mais cuidadosos alertavam que o PSV não vencera as Tukkers (0 a 0 na 2ª rodada, 2 a 2 na 14ª). Se o time de Enschede conseguisse chegar à disputa do título para valer, poderia ser um ponto contrário. Pois chegou, na 18ª rodada, justamente após a vitória no clássico sobre o Ajax. Chegou e passou, porque dois dias depois, o extravagante 10 a 1 no Excelsior tirou do PSV justamente a sua vantagem diante do Twente: o saldo de gols. Só restava vencer os quatro jogos restantes na liga e tentar descontar a desvantagem de cinco gols para o Twente - isso, sem contar a final da Copa da Holanda feminina, justamente entre ambos. Nela, o PSV até começou melhor, mas uma infelicidade (a zagueira Gwyneth Hendriks rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito) abateu as Boeren, e o Twente conseguiu o título. De volta à Vrouwen Eredivisie, o PSV até conseguiu vencer nas quatro últimas rodadas, teve pontuação igual à do campeão... mas o saldo de gols foi menor. Restou engolir em seco a decepção. E resta ao PSV a certeza: voltou a ter força no futebol feminino dentro da Holanda (Países Baixos). Merece atenção.
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Mesmo com a grata revelação de Lotte Keukelaar, o Ajax foi pesada decepção na temporada: jamais diretoria, técnica e jogadores se entenderam (Jeroen van den Berg/Soccrates/Getty Images) |
3º - AJAX
Campanha: 53 pontos (17 vitórias, 2 empates e 3 derrotas)
Time-base: Van Eijk; De Klonia, Spitse, Kardinaal e Van de Velde; Noordman (Kaagman), Van Gool e Yohannes; Keukelaar, Tolhoek e Hoekstra
Técnica: Hesterine de Reus
Competição continental: Liga dos Campeões (eliminado pela Fiorentina-ITA, na primeira fase preliminar)
Copa nacional: eliminado pelo Twente, nas oitavas de final
Artilheira: Danique Tolhoek (atacante), com 19 gols
Quem deu mais passes para gol: Lotte Keukelaar (atacante), com 11 passes
Quem mais jogou: Regina van Eijk (goleira), Sherida Spitse (zagueira) e Danique Tolhoek (atacante), todas com 21 partidas
Destaque: Lotte Keukelaar (atacante)
Uma participação inesperadamente honrosa na Liga dos Campeões em 2023/24, indo às quartas de final após atuações surpreendentes na fase de grupos. Jogadoras promissoras, como a goleira Regina van Eijk, a lateral esquerda Isa Kardinaal, a meio-campista Lily Yohannes e a atacante Danique Tolhoek - todas, sob a liderança inquestionável de Sherida Spitse em campo. Para treiná-las, como Suzanne Bakker se foi para o Milan, chegou a experiente Hesterine de Reus. Enfim, tinha tudo para dar certo. Deu muito errado. A começar pela decepção nesta Liga dos Campeões: o Ajax não passou da primeira fase preliminar, eliminado pela Fiorentina. Logo depois dela, o sinal ficou mais amarelo ainda por uma declaração de Hesterine de Reus, à ESPN holandesa: "Na verdade, não liguei (...) A verdade é que priorizamos a liga [Vrouwen Eredivisie]. A Liga dos Campeões pesa no calendário, e o Ajax viveu isso na temporada passada. Para ser franca, eu gosto de ter controle sobre a carga semanal de trabalho". No mínimo, a declaração indicava falta de ambição nada saudável ao Ajax.
Começou a Vrouwen Eredivisie, e mesmo com as goleadas previsíveis sobre os adversários mais fracos (nas primeiras oito rodadas, sete vitórias), o Ajax passava longe de mostrar o jeito agradável de jogar mostrado em 2023/24. E na nona rodada, a derrota no jogo direto pela liderança contra o PSV decepcionou ainda mais: em plena Johan Cruyff Arena, as Ajacieden foram dominadas. Mesmo com a sequência da boa fase de Lily Yohannes e o crescimento da atacante Lotte Keukelaar, as decepções seguiam em Amsterdã, com fatores como a eliminação já nas oitavas de final da Copa da Holanda para mulheres. Fora de campo, também prejudicou as coisas a decisão de Daphne Koster, diretora do futebol feminino no clube, decidir tirar um período sabático. E na 18ª rodada, a derrota para o PSV em outra partida direta pelo título (3 a 1) fez Hesterine de Reus dar outra declaração criticada: "Acho que podemos jogar a toalha". Bastou: dias depois, sua saída ao fim da temporada era anunciada. E se havia algum resto de ânimo no Ajax, acabou na 21ª e penúltima rodada, quando o time de Amsterdã tomou inapeláveis 5 a 1 do Twente. O símbolo perfeito de como o Ajax decepcionou nesta temporada.
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Sorte de principiante? O Utrecht de Lotje de Keijzer mostrou que não: outra ótima temporada (Roy Lazet/Soccrates/Getty Images) |
4º - UTRECHT
Campanha: 40 pontos (12 vitórias, 4 empates e 6 derrotas)
Time-base: Bastiaen; Mahieu, Op den Kelder, Van der Zanden e Paliama (Koopman); Van Schoonhoven, Munsterman e Van Straten (Snellenberg); Tromp (Roosjen), De Keijzer e Loonen (Groenendijk)
Técnica: Linda Helbling
Competição continental: nenhuma
Copa nacional: eliminado pelo AZ, nas oitavas de final
Artilheira: Nikita Tromp (atacante) e Lotje de Keijzer (atacante), ambas com 6 gols
Quem deu mais passes para gol: Nurija van Schoonhoven (meio-campista), com 6 passes
Quem mais jogou: Femke Bastiaen (goleira), Nurija van Schoonhoven (meio-campista) e Marthe Munsterman (meio-campista), todas com 21 partidas
Destaque: Lotje de Keijzer (atacante)
O Utrecht já tivera um excelente começo em 2023/24, sua temporada de estreia no Campeonato Holandês feminino. Caiu no decorrer da temporada, terminou na sétima posição... mas deixou impressão elogiável. Até aí, poderia ser sorte de principiante. Só que os destaques seguiram nos Utregs, como a meio-campista Marthe Munsterman e a atacante Nikita Tromp. Se o trabalho da técnica Linda Helbling já fora bom na temporada passada, nesta, mais acostumada ao grupo de jogadoras... de fato, foi melhor ainda. O Utrecht começou bem (chegou mesmo a liderar o campeonato, na 2ª e na 4ª rodadas), e assim continuou. Só desgarrou da disputa pelo título no returno, ao perder do Twente (2 a 1, 13ª rodada) e do PSV (1 a 0, 16ª rodada). Contudo, até interferiu na disputa, ao empatar com o Ajax (1 a 1, 14ª rodada), diminuindo as chances das Ajacieden. E tendo em vista que já contrata nomes bons, como a atacante Lobke Loonen, vinda do ADO Den Haag; que nomes como Lotje de Keijzer cresceram nesta temporada; que vêm aí revelações, como a meio-campista Rosalie Renfurm, capitã da seleção feminina holandesa campeã europeia sub-17... sim, o Utrecht chegou para ficar no futebol de mulheres.
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O Feyenoord cresceu nesta temporada. Em grande parte, pelos gols de Van Kerkhoven (Feyenoord/Divulgação) |
5º - FEYENOORD
Campanha: 38 pontos (12 vitórias, 2 empates e 8 derrotas)
Time-base: Weimar; Van Bentem (Verspaget), Koga, Obispo e Van der Sluijs; Waldus, Koopman e Teulings; Van de Lavoir (Van de Westeringh), Van Kerkhoven e De Graaf
Técnica: Jessica Torny
Competição continental: nenhuma
Copa nacional: eliminado nas semifinais, pelo PSV
Artilheira: Ella van Kerkhoven (atacante), com 13 gols
Quem deu mais passes para gol: Jarne Teulings (meio-campista) e Romée van de Lavoir (atacante), ambas com 9 passes
Quem mais jogou: Jacintha Weimar (goleira), Celainy Obispo (zagueira), Maruschka Waldus (meio-campista), Sanne Koopman (meio-campista), Jarne Teulings (meio-campista) e Romée van de Lavoir (atacante), todas com 21 partidas
Destaque: Ella van Kerkhoven (atacante)
O projeto do Feyenoord no futebol feminino vive as oscilações típicas do começo. E em 2024/25, elas foram para cima. Se a temporada anterior foi de dificuldades no time feminino do Stadionclub, desta vez o clube foi um pouco melhor. Um pouco, porque ainda falta algo para superar o trio de ferro do futebol feminino holandês, que não é o mesmo do masculino (neste o Feyenoord é membro): entre turno e returno, contra Twente, PSV, Ajax e Utrecht, o Feyenoord só conseguiu um empate (0 a 0 contra o Ajax, na 4ª rodada). Ainda assim, o trabalho da técnica Jessica Torny já foi favorecido por boas atuações. Principalmente no ataque: a belga Ella van Kerkhoven e Esmee de Graaf foram das melhores atacantes no campeonato - e Kirsten van de Westeringh, enfim livre dos problemas no joelho, ganhou alguma sequência de jogos. Mais atrás, no meio-campo, Jarne Teulings foi contratação bem vinda para a criação de jogadas. E na defesa, se a goleira Jacintha Weimar mostrou insegurança vez por outra (até por isso, perdeu a vaga de terceira goleira na seleção feminina da Holanda/Países Baixos para Daniëlle de Jong), a japonesa Toko Koga mostrou talento efetivo na zaga. Enfim, o Feyenoord mostrou evolução. Espera mostrar mais em 2025/26, até porque Jessica Torny já renovou seu contrato.
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O AZ também revelou boas jogadoras. Mas ainda depende demais da veterana Van Lunteren (Pim Waslander/Soccrates Images/Getty Images) |
6º - AZ
Campanha: 36 pontos (11 vitórias, 3 empates e 8 derrotas)
Time-base: Booms (Liefting); Mol, Woons, Stoop (Groot/De Ridder) e Caprino; Colin (Van Uden), Van Lunteren e De Vette (Op de Weegh); Boukakar, Kroese e Jolijn Spaan
Técnico: Wouter de Vogel (ausente na 20ª rodada, por motivos de saúde - o auxiliar Kelvin Jansen foi o técnico)
Competição continental: nenhum
Copa nacional: eliminado pelo PSV, nas quartas de final
Artilheira: Desirée van Lunteren (meio-campista), com 10 gols
Quem deu mais passes para gol: Desirée van Lunteren (meio-campista), com 4 passes
Quem mais jogou: Camie Mol (lateral direita), Karlijn Woons (zagueira), Desirée van Lunteren (meio-campista), Romaïssa Boukakar (atacante) e Floor Jolijn Spaan (atacante), todas com 21 partidas
Destaque: Desirée van Lunteren (meio-campista)
Assim como o Feyenoord, também o AZ mostra evolução lenta e gradual, mas notável, em seu time feminino. Na sua segunda temporada na Vrouwen Eredivisie, o time de Alkmaar raras vezes ficou fora do sexto lugar. Mostrou bem mais talentos, a começar por uma jogadora que nem está mais no clube: a goleira Femke Liefting, que vinha bem, foi a melhor goleira do Mundial feminino sub-20 e foi contratada pelo Chelsea na pausa de inverno. Houve mais, como a ponta Romaïssa Boukakar, a atacante Fieke Kroese (outra que se destacou no Mundial sub-20 de mulheres), a meio-campista Isa Colin (já contratada pelo Ajax para a próxima temporada)... mas todas elas ainda parecem depender demais da líder que é a meio-campista Desirée van Lunteren, capitã, goleadora, quem mais passes deu para gol e uma das que mais partidas fez pelo AZ. Se os talentos conseguirem tirar a equipe da "Van Lunteren-dependência", o time pode seguir evoluindo nas próximas temporadas, sustentando o projeto.
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O ADO Den Haag teve problemas nesta temporada, mas nomes como Manon van Raay ajudaram a não deixar a peteca cair (Angelo Blankespoor/Soccrates/Getty Images) |
7º - ADO DEN HAAG
Campanha: 21 pontos (5 vitórias, 6 empates e 11 derrotas)
Time-base: Lorsheyd; Vonk, Noordermeer, Pijnacker Hordijk (Raaijmakers) e Nelemans; Van Oosten (Glotzbach), Van den Goorbergh e Van Raay; Van Egmond, Bol e Viehoff (Remmers)
Técnico: Stephan Vos (até a 8ª rodada), Sandra van Tol (interina, na 9ª e na 10ª rodadas) e Marten Glotzbach (a partir da 11ª rodada)
Competição continental: nenhuma
Copa nacional: eliminado nas quartas de final, pelo Twente
Artilheira: Manon van Raay (meio-campista/atacante), com 7 gols
Quem deu mais passes para gol: Manon van Raay (meio-campista/atacante) e Floortje Bol (atacante), ambas com 4 passes
Quem mais jogou: Barbara Lorsheyd (goleira), Daniëlle Noordermeer (zagueira) e Manon van Raay (meio-campista/atacante), que jogaram todas as 22 partidas
Destaque: Manon van Raay (meio-campista)
Um dos clubes mais tradicionais do futebol feminino na Holanda (Países Baixos) teve dificuldades a que estava desacostumado nesta temporada. Entrosamento, havia: muitas das jogadoras estavam juntas há alguns anos. Talento técnico, também: as atacantes Floortje Bol e Iris Remmers mostram algum talento. E finalmente, havia experiência, com a goleira Barbara Lorsheyd e a meio-campista Cheyenne van den Goorbergh. Contudo, o mau começo do Den Haag (chegou a estar em penúltimo lugar, entre a 7º e a 8ª rodadas) levou a decisões drásticas, como a demissão do técnico Stephan Vos. Enfim, jogadoras como a citada Van den Goorbergh e a atacante Manon van Raay ajudaram a controlar os danos. Mas com algumas mudanças - como o fim da carreira de Van den Goorbergh -, quem sabe o Den Haag passe pela reformulação de que mostrou precisar ao longo da temporada.
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Diante das ameaças, a temporada podia ter sido pior para o Fortuna Sittard... mas o que pode ser pior do que ver o time feminino desativado? Ficam as lembranças... (Angelo Blankespoor/Soccrates/Getty Images) |
8º - FORTUNA SITTARD
Campanha: 20 pontos (5 vitórias, 5 empates e 12 derrotas)
Time-base: Dinkla; Van Koot, Vijfhuizen, Stoop e Kopp; Van Wershoven e Van Heeswijk; Eijken, Dekker (Peereboom) e Arons; Prins
Técnico: Glenda van Lieshout
Competição continental: nenhuma
Copa nacional: eliminado nas quartas de final, pelo SV Saestum (amador)
Artilheira: Isa Dekker (meio-campista), com 5 gols
Quem deu mais passes para gol: Isa Dekker (meio-campista), com 4 passes
Quem mais jogou: Claire Dinkla (goleira), Isabel Kopp (lateral esquerda), Rosa van Wershoven (meio-campista), Amber van Heeswijk (meio-campista) e Femke Prins (atacante), todas com 21 partidas
Destaque: Isa Dekker (meio-campista)
O corte brusco de investimentos no fim da temporada passada - e a saída de várias jogadoras decorrente deles, como a atacante belga Tessa Wullaert, eleita a melhor jogadora do Campeonato Holandês feminino passado, além de goleadora dele - já indicava uma temporada difícil para as Fortunezen. Se serve de consolo, podia ser pior: uma vitória aqui, outra ali, e o clube de Sittard nunca chegou a ficar nas últimas posições, embora tenha caído para a 10ª posição na 13ª rodada. Além do mais, pelo menos uma jogadora, a meio-campista Isa Dekker, mostrou o talento esperado ao chegar do AZ. O que não teve consolo foi a decisão anunciada a poucas rodadas do fim da temporada: a equipe feminina do Fortuna Sittard seria desativada, pela "falta de condições de dar o alto nível de que as jogadoras precisam" (nas palavras da diretoria). E o fim teve até alguma dignidade, com duas vitórias nas últimas quatro rodadas, ajudando o time auriverde a terminar mais acima da temporada. Contudo, de certa forma, o triste fim foi a consequência de um clube que investiu demais em temporadas anteriores, apenas pelo imediatismo, sem a intenção de dar sequência à sua equipe feminina. Uma pena gigante.
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O Heerenveen, de tanta tradição no futebol feminino, precisa melhorar. Até para ter mais jogadoras que ajudem nomes como Van Beijeren (Stan Oosterhof/Soccrates/Getty Images) |
9º - HEERENVEEN
Campanha: 15 pontos (4 vitórias, 3 empates e 15 derrotas)
Time-base: Resink; Van Vilsteren, Meijer, Smits e Schouwstra (Nassette); Van Beijeren, Kerkhof e Maass (Stockmar); Kerkhof, Maatman e Iedema (Udink)
Técnico: Niklas Tarvajärvi
Competição continental: nenhuma
Copa nacional: eliminado nas quartas de final, pelo Feyenoord
Artilheira: Evi Maatman (atacante), com 9 gols
Quem deu mais passes para gol: Evi Maatman (atacante), com 4 passes
Quem mais jogou: Jasmijn Resink (goleira), Fenna Meijer (zagueira), Chantal Schouwstra (lateral esquerda), Elfi Maass (meio-campista), Slije Stockmar (meio-campista), Eef Kerkhof (meio-campista/atacante) e Evi Maatman (atacante), todas com 21 partidas
Destaque: Evi Maatman (atacante)
O Fean era outro clube que poderia mostrar mais capacidade de ficar no meio de tabela. Só que começou mal (apenas uma vitória e sete derrotas, nas primeiras dez rodadas), rondando as últimas posições. Pelo menos, isso não levou a decisões drásticas: o técnico Niklas Tarvajärvi seguiu trabalhando, continuou a aposta em algumas boas jogadoras - como a ponta-de-lança Jet van Beijeren, bem no Mundial feminino sub-20 pela Holanda -, e uma sequência de três vitórias entre a 13ª e a 15ª rodadas ajudou a içar o time para posições acima. Mas de nada adiantou diante do péssimo fim: seis derrotas nas seis últimas rodadas. Mesmo com alguns talentos, um clube de tanta tradição - o Heerenveen revelou nomes como Lieke Martens e Vivianne Miedema - precisa apresentar mais.
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O Zwolle decepcionou. Tanto pelos problemas internos, quanto pela falta de rendimento de algumas jogadoras. Poucas, como Hanna Huizenga, saíram a contento (Stan Oosterhof/Soccrates/Getty Images) |
10º - ZWOLLE
Campanha: 14 pontos (3 vitórias, 5 empates e 14 derrotas)
Time-base: Tijink; Dijsselhof, Rutgers, Pruim e Weiman; Van der Linden (Kemper) e Van de Velde; Zuidberg (Hilhorst), Van Vugt e Kroezen; Huizenga
Técnico: Jim Brinkhof
Competição continental: nenhuma
Copa nacional: eliminado pelo Heerenveen, nas oitavas de final
Artilheira: Zoë Zuidberg (atacante), com 4 gols
Quem deu mais passes para gol: Sterre Kroezen (meio-campista) e Hanna Huizenga (atacante), ambas com 2 passes
Quem mais jogou: Inge Tijink (goleira), Jasmijn Dijsselhof (lateral direita), Maud Rutgers (zagueira), Senne van de Velde (meio-campista), Sophie van Vugt (meio-campista), Sterre Kroezen (meio-campista) e Hanna Huizenga (atacante), todas com 21 partidas
Destaque: Hanna Huizenga (atacante)
Com muitos nomes presentes na seleção feminina da Holanda (Países Baixos) quarta colocada no Mundial feminino sub-20 do ano passado, o Zwolle causava algumas expectativas pelo que poderia fazer nesta temporada. Expectativas frustradas: mesmo com só uma mudança substancial (o técnico Jim Brinkhof, substituindo Olivier Amelink, agora na seleção holandesa sub-21), as Zwollenaren frustraram. Pior: na fase inicial da temporada, chegaram a estar na última posição do campeonato. Nomes que poderiam despontar, como a lateral esquerda Inske Weiman e a atacante Zoë Zuidberg, pouco mostraram. E quem mostrou, saiu rapidamente do clube - como a volante Nayomi Buikema, que tomou o rumo do Ajax na metade da temporada. Não é de se impressionar que a saída de Jim Brinkhof tenha sido anunciada. O Zwolle pode não estar no mesmo status de Feyenoord e AZ, mas tem capacidade e jogadoras para mostrar mais.
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Penúltima posição, derrotas... o Telstar nem se importa com isso. Já está rumando para o futuro, como Hera United (Stan Oosterhof/Soccrates/Getty Images) |
11º - TELSTAR
Campanha: 11 pontos (2 vitórias, 5 empates e 15 derrotas)
Time-base: Steen; Donker, Takeshige, Ridder e Daalman (Tiebie); Kira e Berrevoets; Vis, Nottet (Hassani) e Lagcher; Van Belen
Técnicos: Marelle Worm (até a 15ª rodada) e Ed Engelkes (a partir da 16ª rodada)
Competição continental: nenhuma
Copa nacional: eliminado nas oitavas de final, pelo ADO Den Haag
Artilheira: Jannette van Belen (atacante), com 5 gols
Quem deu mais passes para gol: Jannette van Belen (atacante), com 4 passes
Quem mais jogou: Kelly Steen (goleira), Puck Donker (lateral direita), Chinatsu Kira (meio-campista) e Lieke Vis (atacante), todas com 21 partidas
Destaque: Jannette van Belen (atacante)
O Telstar mostrou a fragilidade costumeira, embora com algum entrosamento entre as jogadoras - muitas delas, conhecidas das "Leoas Brancas" há algumas temporadas. Tanto que houve mudança de comando no meio da temporada, com Marelle Worm dando lugar a Ed Engelkes. E esta mudança foi um indício de que 2025/26 era mais uma temporada "de passagem". Afinal de contas, na próxima temporada o clube passará seu departamento de futebol feminino para o Hera United, o primeiro clube profissional dedicado especificamente à modalidade na Holanda (Países Baixos). Então, a temporada foi de mudanças estruturais, como a citada chegada de Ed Engelkes, técnico acostumado ao futebol feminino, com passagem pelo Ajax. Mesmo com somente duas vitórias, com poucos destaques técnicos - como a meio-campista japonesa Chinatsu Kira e a atacante Jannette van Belen... nada disso perturbou o Telstar. Que nem será mais Telstar, na próxima temporada. A ver como o Hera United se sai.
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Ellouzi fazendo o gol da vitória sobre o Utrecht: o único momento feliz, em outro ano difícil do Excelsior (Milan Rinck/Soccrates /Getty Images) |
12º - EXCELSIOR
Campanha: 10 pontos (1 vitória, 7 empates e 14 derrotas)
Time-base: Van der Klooster; Van Goch, De With (Vrij), Westerink, Helderman e Mollink; Martina (Breewel), Hendriks e Lammers; Ellouzi e Homan
Técnico: Mathijs Kreugel
Competição continental: nenhuma
Copa nacional: eliminado pelo Feyenoord, nas oitavas de final
Artilheira: Sabrine Ellouzi (atacante), com 6 gols
Quem deu mais passes para gol: Katelyn Hendriks (meio-campista), com 3 passes
Quem mais jogou: Anouk van der Klooster (goleira) e Chelsea Homan (atacante), ambas com 21 partidas
Destaque: Sabrine Ellouzi (atacante)
Quando o Excelsior venceu o Utrecht por 1 a 0, na 15ª rodada do Campeonato Holandês feminino, a comemoração entre as jogadoras foi parecida à de um título. Também, pudera: havia quase dois anos que o time do bairro de Kralingen, em Roterdã, não vencia uma só partida pela liga. Algo até triste, porque o Excelsior, pelo menos, demonstra raça em campo. Entretanto, sofre com o que quase todos os times holandeses que não sejam do Trio de Ferro feminino sofrem: a alternância do semiamadorismo, as falhas defensivas gritantes, a fragilidade que tornou o Excelsior lanterna pela segunda temporada seguida. Se serve de consolo, há um talento inegável na atacante Sabrine Ellouzi. E uma mostra às jogadoras de que há um caminho: no começo da temporada, a meio-campista Lynn Groenewegen também sofria no Excelsior. Seguiu jogando bem, foi contratada pelo Twente... e é campeã holandesa feminina.
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