Robben foi um dos únicos a mostrar vontade, numa vitória insuficiente da Holanda (ANP/Pro Shots) |
Depois da partida de quinta-feira revelar como a seleção da Holanda perdeu terreno no futebol europeu, graças aos 4 a 0 impostos pela França, a necessidade da Laranja nesta oitava rodada do grupo A das eliminatórias europeias para a Copa de 2018 era tão óbvia que é quase desnecessário citá-la: vencer a Bulgária. Pois bem, foi exatamente o que aconteceu, com os 3 a 1 vistos neste domingo, na Amsterdam Arena. O problema é que a Suécia também fez o óbvio: goleou Belarus fora de casa (4 a 0). E assim, seguem pequenas as chances da Holanda alcançar a repescagem para ainda tentar participar de um mundial pela 11ª vez.
Na entrevista coletiva dada no sábado, Dick Advocaat reconheceu a necessidade maior: "O jogo contra a França já foi. Precisamos de dedicação total contra a Bulgária. Precisamos vencer - e como isso será feito, não importa nada". Já na coletiva, o treinador antecipou algumas mudanças. Com a suspensão de Kevin Strootman, Tonny Vilhena já foi anunciado como titular no meio-campo. Recuperado das dores no joelho, Kenny Tete foi ocupar o lugar na lateral direita, como previsto. A surpresa veio pouco antes do jogo: Davy Pröpper receberia o voto de confiança como armador, enquanto Wesley Sneijder ia para o banco. À emissora pública NOS, Advocaat não fez rodeios: "Wesley não esteve na sua melhor forma contra a França. Então, é necessário tentar algo. Pröpper é bom com a bola nos pés, e se mexe mais. (...) Espero um time mais dinâmico, não podemos ficar tocando para lá e para cá".
Pelo menos no começo, deu muito certo. A Holanda mostrou mais velocidade pelas pontas - principalmente na esquerda, com Quincy Promes e Daley Blind aparecendo mais. E Pröpper justificou plenamente a aposta recebida, tentando não só criar, mas também aparecer na frente para a finalização. Símbolo disso tudo foi o primeiro gol, aos 7': Promes recebeu de Blind, tabelou com Vincent Janssen e cruzou para Pröpper finalizar na pequena área. Já significava algo: pelo menos, o desespero não seria tanto em busca do gol.
O que não quer dizer que a Oranje deslanchou a partir do 1 a 0. Longe disso. A Bulgária seguiu fechada em seu 4-1-4-1 (ou 4-4-2, quando não tinha a posse de bola), e a compactação impedia troca veloz de passes. Resultado: por várias vezes a bola tinha de ser recuada para Wesley Hoedt e Stefan de Vrij - e destes, até para Jasper Cillessen recomeçar as jogadas. Enquanto a Holanda atuava lentamente, a Suécia já encaminhava a vitória contra Belarus, fazendo 3 a 0 apenas na etapa inicial. E só para lembrar como a postura tática holandesa é deficiente, quase houve empate da Bulgária logo aos 17', quando Ivelin Popov cruzou e Georgi Kostadinov cabeceou na trave. Chance de gol para os holandeses? Só aos 34', quando Janssen enfim teve a bola nos pés, recuada por Pröpper, e arrematou rente à trave esquerda de Plamen Iliev. Ficava claro: a Holanda vencia, mas precisaria acelerar bem mais o jogo se quisesse diminuir a desvantagem no saldo de gols.
No segundo tempo, não só o marasmo seguiu, com a Holanda raramente achando espaços, como a Bulgária até começou a arriscar mais, com o espaço no meio-campo. Ainda assim, ficava demais depender apenas da dupla Popov-Kostadinov para fazer Cillessen trabalhar. Pelo lado laranja, de nada adiantava Janssen aparecer mais no jogo, se seus chutes invariavelmente saíam pela linha de fundo. Mais confiança mereciam Blind, Promes, Pröpper... e Robben. Três deles participaram da jogada do 2 a 0, aos 67': Promes passou, Blind cruzou, Robben escorou para fazer seu 34º gol pela seleção (sexto goleador na história, superando a marca dos 33, alcançada por Johan Cruyff e Abe Lenstra).
Novamente para lembrar a fragilidade crônica holandesa, a Bulgária diminuiu quase na sequência, quando Ivelin Popov cobrou falta e Kostadinov, quase imperceptivelmente, desviou a bola na área, fora do alcance de Cillessen - e sem marcação nenhuma. Tudo bem, a Holanda até merecia vencer - e assegurou os três pontos com o segundo gol de Pröpper, aos 80', de cabeça. Mas se sabia que era um triunfo com pouco significado. Primeiro, porque a goleada da Suécia ampliava a diferença no saldo de gols, primeiro critério de desempate nas eliminatórias da Copa (+11 para os suecos, +5 para os holandeses).
Em segundo lugar, porque a Oranje nunca deu a real impressão de que poderia golear os búlgaros - algo criticado pelo capitão Robben à NOS: "É necessário vencer, por muitos gols. Mas achei o time apático no segundo tempo. É necessário marcar. Há vontade, mas é necessário mais movimentação". Em terceiro lugar, porque algumas alterações pedidas não foram testadas, mesmo com a vitória garantida - como experimentar Bas Dost no lugar de Janssen.
E a única esperança holandesa é saber que ainda sobrevive ("Ainda estamos na briga", falou Robben; "Nada é impossível", apregoou Pröpper"). No entanto, o pessimismo é geral na Holanda: se o adversário da próxima rodada é Belarus, o da Suécia é Luxemburgo, que também oferece possibilidade de aumentar o saldo de gols. A Laranja sobrevive no inferno: segue em crise, longe de um lugar na Copa do Mundo. Nem mesmo o auxiliar técnico Ruud Gullit falando em "vitória fantástica", num vídeo que postou em seu perfil no Twitter, ilude mais.
Eliminatórias para a Copa de 2018 - Europa
Holanda 3x1 Bulgária
Data: 3 de setembro de 2017
Local: Amsterdam Arena (Amsterdã)
Juiz: Anastasios Sidiropoulos (Grécia)
Gols: Davy Pröpper, aos 7' e aos 80'; Arjen Robben, aos 67', Georgi Kostadinov, aos 69'
Holanda
Jasper Cillessen; Kenny Tete, Stefan de Vrij, Wesley Hoedt e Daley Blind; Georginio Wijnaldum e Tonny Vilhena; Arjen Robben, Davy Pröpper (Marco van Ginkel, aos 86') e Quincy Promes; Vincent Janssen. Técnico: Dick Advocaat
Bulgária
Plamen Iliev; Strahil Popov, Vasil Bozhikov, Georgi Terziev e Petar Zanev; Atanas Zehirov (Georgi Slavchev, aos 46'); Ivailo Chochev, Georgi Kostadinov, Aleksandar Tsvetkov (Simeon Slavchev, aos 24') e Stanislav Manolev (Andrei Galabinov, aos 60'); Ivelin Popov. Técnico: Petar Hubchev
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