segunda-feira, 12 de março de 2018

810 minuten: como foi a 27ª rodada da Eredivisie

No clássico regional, o Heracles Almelo se valeu do desespero crescente do Twente para a virada (Pro Shots)
Heracles Almelo 2x1 Twente (sexta-feira, 9 de março)

Só o fato do primeiro cartão amarelo no clássico da região do Twente ter vindo com apenas 45 segundos de jogo (Adam Maher, ao derrubar Jamiro com um carrinho) já mostrava o tamanho da tensão vivida no estádio Polman - principalmente pelo Twente, cada vez mais desesperado com o perigo do rebaixamento. E a tensão foi tão grande que acabou resultando num primeiro tempo quase sem chances. Mesmo superior tecnicamente, o Heracles só arriscou algo com Brandley Kuwas (num chute aos 2' e num cruzamento aos 41'). O Twente, então, só teve chance com arremate de Maher, aos 32', espalmado pelo goleiro Bram Castro.

Mas a animação se fez presente na etapa complementar logo a partir dos cinco minutos dela: aos 50', Tom Boere fez o pivô para Danny Holla, e este lançou para Adnane Tighadouini finalizar e fazer 1 a 0 para os mandantes. O alívio durou pouco, todavia: aos 57', Kuwas cruzou, e Kristoffer Peterson finalizou - na primeira, o goleiro Joël Drommel ainda rebateu, mas na segunda Peterson garantiu o 1 a 1. Mais um pouco, e aos 63' o Heracles virou o jogo, no azar de Adam Maher: em escanteio, o zagueiro Robin Pröpper cabeceou, e o meio-campista dos Tukkers anfitriões tentou tirar em cima da linha. Apenas a mandou para o alto das redes, no 2 a 1 que aumentou as esperanças do time de Almelo com vistas à repescagem pela Liga Europa - e aumentou o drama do Twente, com somente nove pontos ganhos em 2018.

Como no sábado passado, o NAC Breda foi intenso. E teve outra vez a recompensa: a vitória que o ajuda a se aproximar da permanência (Maurice van Steen/VI Images)
ADO Den Haag 0x2 NAC Breda (sábado, 10 de março)

Mesmo que o jogo fosse no estádio de Haia, parecia que a ótima atuação do NAC Breda contra o Feyenoord, na rodada passada, não tinha acabado. Após uma chance inicial do Den Haag - aos 3', Nasser El Khayati finalizou em cima do goleiro Nigel Bertrams -, os visitantes de Breda se reanimaram no ataque. E enfim, coroaram a boa atuação com o bonito gol de Mounir El Allouchi para abrir o placar, aos 18', num voleio na entrada da área. Depois, aos 39', Sadiq Umar novamente se destacou, como no sábado passado: soube usar o corpo numa dividida com Wilfried Kanon, foi atingido na área, e viu o pênalti marcado por Danny Makkelie (que ainda expulsou Kanon - o zagueiro marfinense acertara Umar sem bola). Thierry Ambrose cobrou com precisão: 2 a 0 para os visitantes de Breda.

Descontente com o pênalti marcado, a torcida do Den Haag já começou seus protestos antes mesmo do intervalo, vaiando Makkelie incessantemente. No começo do segundo tempo, o juiz chegou até a interromper a partida, por alguns minutos, ameaçando suspendê-la. Só então as coisas ficassem pacificadas. Ainda assim, o time auriverde só voltou a trazer algum perigo aos 79', quando Nick Kuipers cabeceou a bola na trave e Donny Gorter finalizou a sobra em cima de Bertrams. De resto, o NAC Breda manteve sem problemas a segunda vitória seguida, que o coloca em ótima situação para  se salvar na primeira divisão (já são nove pontos de distância para as três últimas posições). Ao time de Haia, não bastasse a derrota e a zaga dilapidada (além da expulsão de Kanon, saíram lesionados Tom Beugelsdijk e Tyronne Ebuehi), a vaga na repescagem por Liga Europa ficou mais difícil.

O Excelsior, em sua doce rotina fora de casa: mais uma vitória, permanência na Eredivisie praticamente assegurada - e até a possibilidade de sonhar com a Liga Europa (Gerrit van Keulen/VI Images)
VVV-Venlo 2x3 Excelsior (sábado, 10 de março)

Era o encontro entre dois daqueles clubes-pequenos-com-campanhas-honrosas. E com detalhe importante: quem vencesse não só praticamente asseguraria a permanência na primeira divisão, mas também se aproximaria ligeiramente da zona de repescagem para a Liga Europa. Pois o Excelsior se valeu de sua proverbial capacidade para obter bons resultados fora de casa nesta temporada para sair na frente: Levi Garcia fez seu primeiro gol pelos Kralingers, abrindo o placar aos 35'. Só que o VVV-Venlo conseguiu o empate aos 41', de modo inesperado: um gol contra do zagueiro Jürgen Mattheij "à Oséas", pulando sozinho em escanteio e mandando a bola para as redes, de cabeça.

No segundo tempo, o início foi equilibrado, até Hicham Faik recolocar o Excelsior na frente aos 61', com um tremendo chute de fora da área - talvez, o mais bonito tento da rodada. Vinte minutos depois, Mike van Duinen fez 3 a 1 e deixou claro que o time de Roterdã chegaria à sua oitava vitória fora de casa na temporada. Lennart Thy até mostrou outra vez a valia que tem para o time de Venlo, diminuindo para 3 a 2 aos 85', mas os visitantes conseguiram manter a vantagem que lhes deu os objetivos primordiais daquele que seria o vencedor: com 35 pontos, em 11º lugar, deverão ficar na primeira divisão - e só a cinco pontos da zona de play-offs por Liga Europa, podem sonhar com ela.


A imagem inimaginável antes do começo do jogo: PSV inconsolável, humilhado por um fervilhante Willem II (Tom Bode/VI Images)
Willem II 5x0 PSV (sábado, 10 de março)

O Willem II estava abatido antes da partida: afinal, a saída do técnico Erwin van de Looi, prevista apenas para o fim da temporada, fora antecipada na quinta passada, em decisão do próprio treinador - sucedido pelo interino Reinier Robbemond. E o PSV (sem os suspensos Hirving Lozano e Jorrit Hendrix) tentou aproveitar tal abatimento no começo do jogo - logo aos 3', com Santiago Arias batendo rasteiro para fora, e aos 11', quando, da esquerda, Gastón Pereiro (definitivamente reabilitado na equipe) finalizou de fora da área - a bola saiu, mas passou perto da meta defendida por Mattijs Branderhorst. Só que a primeira boa chance da partida veio num contra-ataque dos mandantes, aos 14': Konstantinos Tsimikas cruzou da esquerda, e Rienstra completou na grande área, para a rebatida do goleiro Jeroen Zoet, meio no susto. A resposta dos Boeren veio de um modo bonito. Aos 20', Luuk de Jong tentou marcar contra o Willem II como já fizera na rodada passada, contra o Utrecht: Marco van Ginkel cruzou a bola, e o atacante arriscou uma puxeta, mandando a bola perto do travessão de Branderhorst.

Só que, no contra-ataque seguinte, aos 21', o Willem II chegou para marcar. Thom Haye lançou novamente - mas desta vez, quem pegou a bola foi Fernando Lewis, pela direita. E o lateral cruzou rasteiro, para Rienstra dominar na pequena área, se antecipando à zaga, e tocar por baixo de Zoet, fazendo 1 a 0. Era o início de um dia diferente na Eredivisie (no melhor dos sentidos). Ainda vivo no jogo, o PSV buscou o empate aos 25'. Pereiro cobrou falta, que saiu após desvio na defesa - e no escanteio surgido, Steven Bergwijn cobrou para Branderhorst pular e pegar a bola. Aos 40', Luuk de Jong reclamou de pênalti existente (foi visivelmente puxado por Freek Heerkens na área), mas o juiz Bjorn Kuipers até cartão amarelo deu ao atacante, pela queixa. A última chance para o empate ainda no primeiro tempo veio nos acréscimos: Ramselaar cruzou, e Pereiro completou com chute forte, que desviou em Branderhorst e foi para o lado. Ainda sofrendo de dores musculares iniciadas após cobrar um tiro de meta no primeiro tempo, o goleiro dos Tilburgers foi substituído pelo reserva Timon Wellenreuther após o intervalo.

Fran Sol, a prova da reação do Willem II: do tumor testicular extirpado aos três gols e ao posto de goleador da Eredivisie (ANP/Pro Shots) 
E os Eindhovenaren seguiram pressionando no começo da etapa final: aos 49', Arias cobrou escanteio, e Luuk de Jong cabeceou na pequena área - a bola passou pouco acima do travessão. Aumentando as dificuldades do Willem II, Reinier Robbemond precisou mudar mais um na defesa: também lesionado, Tsimikas saiu para a vinda de Giliano Wijnaldum (irmão mais novo do jogador do Liverpool). Mas os mandantes seguiam esbanjando esforço em campo, aumentando a já enorme empolgação da torcida nas cadeiras e arquibancadas do Willem II Stadion. Quase encaminharam de vez a vitória aos 58': Lewis recebeu a bola na direita, livre, e bateu colocado e cruzado, na trave direita de Zoet. A jogada seguiu, o PSV se descuidou na defesa, e no minuto seguinte veio a merecida ampliação da vantagem para o time de Tilburg. Elmo Lieftink ganhou a dividida com Pereiro no campo de ataque, dominou a bola e a passou a Fran Sol. E o espanhol fez o que a torcida do Willem II sempre espera dele: um chute preciso, no canto esquerdo de Zoet, que até pulou, mas amargou mesmo a esférica no seu filó para o 2 a 0 surpreendente - mas muito justo. Com Mauro Júnior vindo para o jogo quase imediatamente após o segundo gol (no lugar de Arias) e Luuk de Jong perdendo boa chance aos 64' - após escanteio e bate-rebate, o atacante dominou e arrematou forte, mas Wellenreuther pegou -, o PSV ainda tentou evitar a derrota que se avizinhava.

Mas estava difícil: o miolo de zaga estava vulnerável, as laterais abertas, o meio-campo dando espaço. Cada vez mais empolgado, o Willem II buscava o ataque. E foi premiado aos 70': Thom Haye completou cruzamento, e a bola foi às mãos de Derrick Luckassen. Pênalti marcado por Bjorn Kuipers, cartão amarelo para Luckassen, e Fran Sol bateu sem problemas para fazer 3 a 0. Estava iniciada a festa. Que teve sequência aos 76': Lieftink deixou a Rienstra, que superou Daniel Schwaab no jogo de corpo, entrou na área e bateu no canto esquerdo de Zoet para fazer 4 a 0. E se era necessária uma nota de rodapé para abrilhantar o dia histórico do Willem II, ela veio no último minuto: após escanteio, Luckassen puxou Lachman na área. Bjorn Kuipers viu, marcou o pênalti e deu o segundo cartão amarelo a Luckassen - logo, o cartão vermelho. Fran Sol bateu, fez seu terceiro gol no jogo - 13º na temporada, levando-o à artilharia do campeonato - e completou os 5 a 0, maior goleada da história do time de Tilburg sobre os visitantes de Eindhoven, que desde novembro de 1964 não sofriam derrota por tais números na Eredivisie. Certo, o PSV ainda está tranquilo na liderança do campeonato. Mas definitivamente, não esperava pelo vexame lamentável que sofreu.

Ao vencer o Roda JC no jogo direto, o Sparta provou: pode até ser rebaixado na repescagem, mas não se entregará sem luta (ANP/Pro Shots)
Roda JC 0x2 Sparta Rotterdam (sábado, 10 de março)

A partida no Parkstad Limburg Stadion, em Kerkrade, talvez fosse a mais fundamental desta rodada: na disputa pela fuga da última colocação, o duelo direto entre o vice-lanterna e o lanterna daria um impulso valioso ao vencedor (se vencedor houvesse, claro) para, pelo menos, buscar a chance da repescagem na reta final da temporada. E o Sparta começou em ótimas condições: já aos 12', fez 1 a 0, com o veterano zagueiro Sander Fischer fazendo apenas seu quinto gol em 122 partidas pela Eredivisie - mas, talvez, o mais importante deles. O Roda só teve chances de empate aos 39', quando uma finalização de Simon Gustafson, perto do gol, foi impedida pela zaga dos Spartanen.

No segundo tempo, antes que houvesse surpresa desagradável para os visitantes de Roterdã, Robert Mühren definiu a vitória aos 65': recebeu passe de Thomas Verhaar, chegou livre à área e finalizou para fazer com que o Sparta abrisse quatro pontos de vantagem em relação à lanterna. Surpresa desagradável mesmo tiveram os mandantes: aos 68', Donis Avdijaj recebeu em profundidade, tocou para o meio da pequena área, e Mikhail Rosheuvel teve o gol vazio para marcar, só que fez isto (aos que não clicaram: perdeu o gol, inacreditavelmente). Só restou ao atacante lamentar, na entrevista após o jogo: "A bola escorregou quando eu ia desviar". Avdijaj e Schahin também perderam chances. E o Roda ficou estacionado perigosa e aflitivamente na lanterna, com o Sparta celebrando uma das vitórias mais importantes que poderia ter.

O desvio acidental de Ryan Thomas colocou o Groningen no rumo de uma merecida vitória (Pro Shots)
Groningen 2x0 Zwolle (domingo, 11 de março)

A crise de um dos clubes já era aberta: afinal, o Groningen já não vencia havia seis jogos. Porém, os três pontos também não cairiam mal para o Zwolle, com apenas uma vitória e um empate nas sete rodadas anteriores. Entre os dois, os donos da casa se deram melhor no Noordlease Stadion. Desde o começo da partida, os Groningers rondavam a defesa adversária. Quase conseguiram o gol aos 21', num chute de Tom van de Looi, que saiu sem direção. Mas aos 25', a sorte ajudou os anfitriões alviverdes a fazerem 1 a 0: Tom van Weert cruzou forte, e Ryan Thomas desviou acidentalmente, cometendo gol contra. Amplamente superior, o Groningen poderia ter chegado ao segundo gol ainda antes do intervalo, na bela tentativa de Mimoun Mahi, aos 43' (um toque sutil, que encobriu o goleiro Diederik Boer e foi rumo ao travessão).

Para resolver seu problema, o Zwolle viu a entrada em campo do quarto mais jovem jogador da história da Eredivisie - que por sinal, se tornaria o mais jovem da história a tomar um cartão amarelo: aos 16 anos e 81 dias, Sepp van den Berg substituiu Erik Bakker no meio-campo. Até deu certo: os Zwollenaren foram mais ofensivos no segundo tempo. Mustafa Saymak perdeu gol cara a cara com o arqueiro Sergio Padt, aos 60', ao passo que Thomas quase marcou a favor, aos 73'. Só que os "Dedos Azuis" perderam suas chances. O Groningen, não: no último minuto, Ajdin Hrustic fez 2 a 0, num chute que desviou na defesa do Zwolle. E enquanto os mandantes ganharam certo respiro em relação à zona de repescagem/rebaixamento, uma das surpresas mais agradáveis do primeiro turno já se preocupa: o Zwolle até segue na zona da repescagem pela vaga na Liga Europa, mas na última posição da região (7º lugar), quatro pontos à frente do ADO Den Haag.

Pasveer tem motivos mais profundos para querer esquecer a goleada do Utrecht: falhou em dois dos cinco gols (Maurice van Steen/VI Images)
Utrecht 5x1 Vitesse (domingo, 11 de março)

"Acontece." Depois do jogo no estádio Galgenwaard, o Vitesse poderia se contentar com esse triste consolo. Afinal de contas, uma rodada depois de vencer o Ajax, o time de Arnhem foi facilmente superado pelo Utrecht. Desde o começo, o time de Jean-Paul de Jong mandou na partida. Aos 13', Mark van der Maarel tentou abrir o placar com um chute, pego pelo goleiro Remko Pasveer. Depois, tanto Yassin Ayoub quanto Zakaria Labyad tiveram chances para marcar. Finalmente, aos 36', coube a um zagueiro colocar os Utregs na frente: Labyad ajeitou, e Willem Janssen mandou a esférica para o filó. E só para encaminhar a vitória, o 2 a 0 do Utrecht foi ainda mais bonito, aos 44': rápido contra-ataque, de Gyrano Kerk para Sander van de Streek, deste para Labyad, de Labyad para o gol.

Na volta para o segundo tempo, o Vitesse até mostrou mais presença no ataque. E ganhou leves esperanças de reação ao diminuir, com Navarone Foor fazendo belo gol aos 55' (como na rodada passada, após Mason Mount passar, Foor acertou chute preciso e colocado nas redes). Só que tais esperanças foram definitivamente soterradas por duas falhas de Pasveer. Aos 60', o goleiro do Vites rebateu facilmente a bola cruzada nos pés de Van de Streek, que fez 3 a 1. Pasveer nem teve como fazer nada no quarto gol - Ayoub, aos 74', completando escanteio -, mas voltou a falhar dramaticamente no 5 a 1, três minutos depois: ao tentar dominar bola recuada, deixou-a passar sob seus pés, e a meta ficou livre para Ayoub marcar o segundo. Só restou aos colegas destinarem um consolo maior ainda a Pasveer, como fez o capitão Guram Kashia: "Já aconteceu algo assim comigo".


David Neres completou a goleada: após algum sofrimento, afinal o Ajax reduziu um pouco a distância ao PSV (Jasper Ruhe/ajax.nl)

Ajax 4x1 Heerenveen(domingo, 11 de março)

Joël Veltman foi o bode expiatório da derrota para o Vitesse: o capitão do Ajax foi para o banco, dando a lateral direita a Rasmus Kristensen e a braçadeira de capitão a Matthijs de Ligt (19 anos!). Porém, a pesada goleada sofrida pelo PSV reabriu os caminhos do Ajax. Que já poderia ter marcado aos 3': Donny van de Beek cobrou escanteio, e Morten Thorsby desviou acidentalmente na trave. Só que o Heerenveen deu sua primeira estocada com rapidez, também, aos 5': Denzel Dumfries chegou pela direita, cruzou, e Pele van Amersfoort escorou para fora, dividindo a bola com André Onana. Ainda assim, a primeira chance real de gol foi dos Ajacieden, aos 19', graças a Justin Kluivert. O camisa 45 driblou Dumfries, cruzou para o meio da área, e Huntelaar escorou por cima do gol. No minuto seguinte, novamente o camisa 9 tentou: dominou a bola na área após cruzamento, arrematando para a defesa de Hansen.

Aos poucos, o ritmo dos anfitriões diminuiu, e parecia que a partida entraria na perigosa e repetida tendência do Ajax nas partidas recentes: tocar e tocar, esperando o grande espaço. Aos 31', ele apareceu. E Ziyech aproveitou: o camisa 10 lançou a bola pelo alto, com perfeição, para De Ligt entrar no meio da área e desviar de cabeça, à direita de Hansen, fazendo 1 a 0. Parecia tudo bem, só que a vantagem dos Amsterdammers durou exatamente dois minutos. Foi o tempo que demorou para que os visitantes da Frísia tivessem espaço, e Thorsby tocasse a bola para Martin Odegaard. O norueguês dominou e finalizou bem para empatar o jogo: um chute firme, preciso, no canto esquerdo de Onana. E os mandantes de Amsterdã tiveram de voltar à estaca zero, buscando gols em momentos esparsos - como num cruzamento de Rasmus Kristensen, aos 43', ou num chute de Van de Beek afastado pela defesa no minuto seguinte.

Ajax voltou para o segundo tempo bem mais ofensivo. Insistiu, insistiu, e se tranquilizou com o gol de Tagliafico (ANP/Pro Shots)
Já na volta do intervalo, o Ajax buscou passar à frente novamente: com alguns segundos, David Neres deixou a bola com Huntelaar, que apenas escorou para Van de Beek entrar na área e finalizar à esquerda de Hansen. Mais um minuto, e foi a vez de Huntelaar perder chance até mais perigosa: David Neres cruzou, o atacante dominou no centro da área, girou, e bateu por cima do gol, sozinho. E aos 48', Ziyech arriscou, fora da área, mas Hansen conseguiu evitar o frango: segurou com a parte de trás das pernas a bola que passara por elas. Huntelaar teve outra grande oportunidade aos 50': estava sozinho na área, de novo, e finalizou de primeira o cruzamento de Kluivert, num voleio que mandou a esférica no travessão. Aos 53', foi a vez de Van de Beek voltar à carga, num cabeceio. Aí apareceu Hansen, com ótima defesa, espalmando a bola. Até que a insistência deu certo, aos 59'. Foram quatro chutes a gol. O primeiro, com Ziyech cobrando falta, foi na barreira. O segundo, com Schöne aproveitando a sobra, acertou o travessão de Hansen após desvio. O terceiro, de Maximilian Wöber, foi rebatido pelo goleiro do Heerenveen. E o quarto, enfim, de Nicolás Tagliafico, tomou o caminho desejado pelo Ajax: a rede (após bater na trave), sacramentando o 2 a 1, no primeiro gol do lateral argentino pelo clube que defende desde janeiro.

Batido e abatido após o gol, o Fean só tentou novamente o empate aos 69': Arber Zeneli, havia apenas alguns minutos em campo, veio da esquerda para o meio, chegou à beira da área e finalizou arrematando, para Onana pegar firmemente. No minuto seguinte, Henk Veerman entrou no ataque alviazul, para ter a alta estatura usada nas bolas aéreas. Mas foi o Ajax que quase fez o terceiro gol - aos 70', num contra-ataque com três contra um, em que Ziyech foi impedido por Hansen. Foi o Ajax que achou tempo e espaço para o 3 a 1, aos 88': mais um lançamento de Ziyech, para Van de Beek finalizar - e que transformou a vitória em goleada nos acréscimos, com David Neres. E foi o Ajax que conseguiu a vitória, mesmo com alguns sustos, cumprindo a expectativa de encurtar para sete pontos a distância para o líder PSV. A esperança de título segue diminuta, mas acesa. Enquanto houver vida (ou bambu)...

Feyenoord aliviado: após duas derrotas seguidas, uma vitória contra o AZ, para oferecer perspectivas rumo à final da Copa da Holanda (Tom Bode/VI Images)
Feyenoord 2x1 AZ (domingo, 11 de março)

Claro, Campeonato Holandês e Copa da Holanda são torneios diferentes, com situações diferentes. Na Eredivisie, o AZ vive situação mais tranquila que a do Feyenoord: terceiro colocado, 14 pontos à frente do Stadionclub, considerado um time melhor (coletivamente falando) do que o atual campeão holandês. Mas era impossível evitar a lembrança de que os dois times se encontrarão no próximo dia 22 de abril, para a final da KNVB Beker. Mais impossível ainda evitar lembrar que, no primeiro turno, os Feyenoorders haviam imposto um categórico 4 a 0 em plena Alkmaar. E era óbvio que o time da casa iria tentar mostrar força ofensiva desde o começo em De Kuip, para provar que não é nem um pouco inferior aos Alkmaarders. Pelo menos no primeiro tempo, o objetivo foi plenamente atingido. Já aos seis minutos, o Feyenoord teve grande chance de abrir o placar: Karim El Ahmadi cruzou, e Nicolai Jorgensen só não finalizou certo porque seu toque de calcanhar saiu mal feito.

Aos 11', Oussama Idrissi ainda deu o sinal de vida dos visitantes, num chute bem defendido por Brad Jones no gol. E mais: aos 23', o AZ teve todos os motivos para reclamar do juiz Dennis Higler, que deixou passar o claro pênalti cometido por Jan-Arie van der Heijden, cuja mão impediu a bola de avançar num cruzamento rasteiro de Guus Til - as queixas foram tantas que Alireza Jahanbakhsh até levou cartão amarelo. Depois, a oportunidade dos mandantes foi ainda mais concreta: aos 30', Jorgensen cabeceou à queima-roupa, para Marco Bizot espalmar no reflexo, provando por quê foi um dos três goleiros pré-convocados por Ronald Koeman para os amistosos da seleção holandesa. Todavia, aos 33', Bizot nada pôde fazer: o zagueiro Pantelis Hatzidiakos errou um recuo e deixou a bola nos pés de Jean-Paul Boëtius, que veio da esquerda para o meio e finalizou com chute rasteiro para fazer 1 a 0.

Motivos não faltaram para o AZ de Weghorst reclamar: chances perdidas, erros graves da arbitragem, outra derrota contra os grandes... (Tom Bode/VI Images)
Ainda antes do intervalo, Steven Berghuis quase marcou o segundo gol: em cobrança de falta, o ponta-direita acertou a trave de Bizot. Para resolver a pressão ofensiva, o técnico John van den Brom fortaleceu tanto a defesa (com a entrada de Ron Vlaar, enfim recuperado de lesão) quanto a criação de jogadas, com a vinda de Mats Seuntjens para o campo. De nada adiantou: fora um cabeceio de Wout Weghorst, a defesa do Feyenoord sequer foi pressionada. E o ataque demorou um pouco, mas enfim fez o segundo gol, aos 73': Berghuis passou, Tonny Vilhena fez o corta-luz, e Jorgensen ficou livre para marcar seu primeiro gol em 2018, encaminhando a vitória do Stadionclub.

No final, o AZ teve outra razão para reclamar de Dennis Higler: uma bola vinda dos pés de Kevin Diks foi pega por Brad Jones com as mãos, mas o juiz também não marcou tiro livre indireto, após a infração do goleiro australiano. Ainda houve tempo para Weghorst diminuir, já nos acréscimos, mas o fato é que o AZ amargou, de novo, outra derrota contra o Trio de Ferro - nos onze jogos recentes contra Ajax, PSV ou Feyenoord, o time de Alkmaar só conseguiu um ponto. Retrospecto negativo, para um time tão agradável de se ver jogar nesta temporada. Bem, pelo menos já há uma data marcada para reencontrar o Feyenoord e mostrar valor...

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