quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Guia da Eredivisie feminina 2022/23: troca de guarda

Em seu lento desenvolvimento, o Campeonato Holandês feminino começa a ter uma nova geração tomando conta - e Van Domselaar é um dos grandes símbolos dela (Marcel ter Bals/Orange Pictures/BSR Agency/Getty Images)

É engraçado notar: de certa forma, na rotina do futebol feminino da Europa, o Campeonato Holandês já se tornou algo semelhante ao que é entre os homens. A Azerion Vrouwen Eredivisie (nome mudado, pelo novo patrocinador - a Azerion, desenvolvedora de games e promotora de eventos de e-sports) é uma liga que dá espaço às jogadoras jovens e talentosas, holandesas ou não. Uma vez que se destaquem bastante, a liga dos Países Baixos fica "pequena demais" para elas, que normalmente migram para campeonatos nacionais mais competitivos. É o que deverá acontecer com uma geração altamente promissora, ganhando cada vez mais espaço na seleção. Essa troca de guarda deve ser comprovada pela temporada 2022/23, que começa nesta sexta-feira, com quatro partidas.

Nenhuma pessoa simboliza mais isso do que Sari van Veenendaal. Escolhida pela FIFA a melhor goleira do mundo em 2019, nome certo para iniciar a escalação da seleção feminina da Holanda (Países Baixos) nos últimos sete anos, capitã das Leoas Laranjas, Van Veenendaal era criticada nos últimos tempos, pela queda técnica. Na Euro feminina passada, lesionou-se no ombro com apenas 21 minutos jogados na estreia, contra a Suécia. Daphne van Domselaar entrou, e foi uma das melhores goleiras da Euro, mostrando que estava pronta para ocupar a titularidade no gol. O brilho de Van Domselaar, a perspectiva da recuperação de uma lesão aos 32 anos de idade (com toda a monotonia dos trabalhos), a vontade de encarar novas coisas fora do futebol... tudo isso influiu na decisão anunciada por Sari em julho: encerrar a carreira. Pareceu o pontapé inicial para uma gradual saída de cena de várias mulheres que foram decisivas na popularização do futebol feminino na Holanda. Mesmo com atuações muito dignas na Euro, Stefanie van der Gragt foi dispensada pelo Ajax, em detrimento de uma zaga mais jovem. De veteranas, no duro, a Eredivisie terá só Sherida Spitse, Siri Worm, Kika van Es e Renate Jansen. Mesmo nomes como Lieke Martens e Daniëlle van de Donk, ambas em ligas ainda competitivas, já não ocupam o destaque de antes.

Já a citada Van Domselaar é só a abre-alas da mudança geracional que o futebol feminino neerlandês vive - mudança iniciada na seleção pelo demitido e criticado Mark Parsons, justiça seja feita. Victoria Pelova, Esmee Brugts, Romée Leuchter: todas jovens, todas tiveram espaço na Euro feminina, todas deixaram uma impressão honrosa na campanha da Holanda, todas com espaço cada vez maior em seus clubes. Sem contar nomes como Fenna Kalma, a goleadora e melhor jogadora da temporada passada da Eredivisie feminina. Kalma ainda ficou de fora do torneio continental de seleções, para aborrecimento de muitos - e foi prontamente incluída na primeira convocação de Andries Jonker como técnico da seleção de mulheres. Já Brugts fez o gol da vitória no dramático 1 a 0 contra a Islândia, pela última rodada das eliminatórias da Copa, garantindo a vaga direta no Mundial de 2023 para o time neerlandês. Mais um sinal de que todas essas jogadoras estão prontas para assumirem maiores responsabilidades. 

Há também sinais de fortalecimento na liga. Afinal de contas, dois novos clubes disputarão o campeonato, aumentando o número para 11, disputando 22 rodadas: o Fortuna Sittard criou uma equipe de mulheres, e o Telstar reativou a sua. E o Utrecht já antecipou: também reviverá seu time feminino, para a temporada 2023/24. Porém, o nível de exigência também aumenta. Foi o que Sherida Spitse ponderou, quando os dois novos integrantes foram anunciados: de nada servirá aumentar o número de clubes, se isso não significar um nível técnico mais competitivo. Sem contar Vivianne Miedema: o grande símbolo atual da Holanda (Países Baixos) no futebol feminino sempre faz questão de ressaltar como é importante que as promessas holandesas logo migrem para campeonatos mais competitivos - pelo aspecto fisico e técnico, mas também pelo aspecto da maturidade.

De fato. É bom lembrar que nenhum clube holandês disputou a fase de grupos da Liga dos Campeões feminina passada, o Twente já ficou pelo caminho nesta, e o Ajax terá o dificílimo desafio de passar pelo Arsenal se quiser chegar aos grupos - isso, numa Champions League feminina que terá sua decisão em Eindhoven nesta temporada. No entanto, há esta nova geração que surge. Que iniciará um novo capítulo no futebol feminino holandês. E que terá neste campeonato iniciante o momento para comprovar: está pronta para substituir a geração que tanto marcou, mas cujo adeus começou com Van Veenendaal. E foi só o adeus inicial...

Ainda sem Van Westeringh, o ADO Den Haag conta com Ravensbergen para ser bom no ataque (Kees Kuijt/BSR Agency/Getty Images)

ADO Den Haag

Cidade: Haia  
Equipe feminina fundada em: 2007
Estádio: Cars Jeans Stadion (capacidade para 15.000 torcedores) 
Apelidos: Hagenaren (nome dado aos habitantes e nativos da cidade de Haia)
Títulos: 1 Campeonato Holandês (três Copas da Holanda)
Patrocínio: Girl Power Radio (webrádio)
Técnico: Sjaak Polak
Destaque: Jaimy Ravensbergen (atacante)
Fique de olho: Kirsten van de Westeringh (atacante) e Wiëlle Douma (defensora)
Temporada passada: 4º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: terminar entre os quatro primeiros

O ADO Den Haag pode não ter como fazer frente aos três grandes do futebol feminino na Holanda. Ainda assim, o trabalho do técnico Sjaak Polak merece elogios. Principalmente, pela organização defensiva - que até permite ao time sair para o ataque com relativa capacidade técnica. E esses dois setores têm destaques claros. Na defesa, há a experiência da goleira Barbara Lorsheyd (agora, reserva imediata de Van Domselaar na seleção - pelo menos, por enquanto) e a promissora zagueira Wiëlle Douma. O ataque está em compasso de espera: se Jaimy Ravensbergen é a principal esperança de gols, há a perspectiva da recuperação de Kirsten van de Westeringh, principal criadora de jogadas, vinda de rompimento do ligamento cruzado anterior do joelho. Até a recuperação se consumar, o Den Haag espera manter a organização, para continuar como o "melhor do resto". A competição por isso vai aumentar, e a equipe de Haia parece preparada.

Romée Leuchter já é uma das principais atacantes da Holanda como um todo. E atrai as principais expectativas para ajudar as Ajacieden a, enfim, levarem a Vrouwen Eredivisie (Geert van Erven/Orange Pictures/BSR Agency/Getty Images)

Ajax

Cidade: Amsterdã 
Equipe feminina criada em: 2012
Estádio: De Toekomst (capacidade para 2.250 torcedores) 
Apelidos: Ajacieden (nome dado a torcedores e jogadores do clube); Amsterdammers
Títulos: 2 Campeonatos Holandeses (cinco Copas da Holanda)
Patrocínio: ABN-Amro (banco)
Técnica: Suzanne Bakker
Destaques: Victoria Pelova (meio-campista) e Romée Leuchter (atacante)
Fique de olho: Lisa Doorn (defensora)
Temporada passada: 2º colocado
Copas europeias: Liga dos Campeões (enfrentará o Arsenal-ING, na segunda fase preliminar)
Objetivo: Título

Apesar de todo o investimento, de toda a boa vontade, de ter até um título feminino na temporada passada (a Copa da Holanda), o Ajax ainda não conseguiu o título holandês com que tanto sonha. Para enfim consegui-lo, a aposta é clara na juventude, a ponto de dispensar Stefanie van der Gragt, um nome experiente que poderia ajudar. Além disso, a atacante Kelly Zeeman encerrou a carreira. E Sherida Spitse ficou como o único nome mais calejado para guiar, como capitã, um time jovem e talentoso. Na defesa, Lisa Doorn; no meio-campo, Victoria Pelova e Nadine Noordam; no ataque, Romée Leuchter, Nikita Tromp e Chasity Grant. Todas elas, destaques do Ajax, já capazes de disputarem vaga na seleção holandesa mesmo com pouca idade. De quebra, um nome que sofreu com lesões tem nesta temporada a sua chance de reagir: a goleira Lize Kop se recuperou da grave concussão cerebral que sofreu no ano passado, e virá com tudo para recuperar a titularidade nas Ajacieden e o espaço que um dia teve na seleção. Escolhida a dedo pela diretora Daphne Koster para suceder Danny Schenkel, a técnica Suzanne Bakker já teve um bom começo, ao eliminar o 1.FFC Frankfurt alemão e ficar mais perto da vaga na fase de grupos da Liga dos Campeões. Só aumenta o ânimo para a crença em Amsterdã: dessa vez, vai.

Naomi Piqué é um dos únicos motivos para o Excelsior apostar que as coisas podem ser melhores (excelsiorroterdam.nl/Divulgação)

Excelsior

Cidade: Roterdã
Equipe feminina criada em: 2017
Estádio: Van Donge & De Roo (capacidade para 4.500 torcedores) 
Apelido: Kralingers (de Kralingen, o bairro da cidade de Roterdã onde fica o Excelsior)
Títulos: nenhum 
Patrocínio: Spieren voor Spieren (organização beneficente para ajudar crianças com problemas musculares congênitos)
Técnico: Richard Mank
Destaque: Naomi Piqué (atacante)
Fique de olho: Iris van Bokhoven (atacante)
Temporada passada: 9º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: não terminar em último

O último colocado da Vrouwen Eredivisie passada já está acostumado à dura realidade das posições de baixo da tabela. E deverá continuar acostumado a isso: em que pese um desempenho honroso na Copa da Holanda para mulheres (chegou à semifinal, perdendo para o campeão Ajax), o Excelsior ainda tem dificuldades de estrutura. Foi um alvo preferencial de gols - só o Twente colocou 21 bolas na rede das Kralingers, ao longo de três jogos, na liga passada. Pelo menos, o técnioco Richard Mank ficou para a temporada passada. E tem boas jogadoras, como as atacantes Naomi Piqué e Iris van Bokhoven (candidata a revelação). Entretanto, a principal perspectiva delas é só partir para um clube que tenha mais aspirações dentro do futebol feminino - como fez Sabrine Ellouzi, que se foi para o Feyenoord.

O Feyenoord aproveitou sua temporada de estreia para ver as referências aparecerem no time. Sabrine Ellouzi chega, agora, para tentar ser outra delas (Feyenoord.nl/Divulgação)

Feyenoord

Cidade: Roterdã 
Equipe feminina fundada em: 2021
Estádio: Varkenoord (capacidade para 2.000 torcedores) 
Apelidos: Stadionclub (em holandês, "o clube do estádio" - referência a De Kuip, considerado o mais tradicional estádio do país); Feyenoorders; Rotterdammers
Títulos: nenhum
Patrocínio: EuroParcs (rede de espaços de acampamento)
Técnico: Danny Mulder
Destaque: Sabrine Ellouzi (atacante)
Fique de olho: Jacintha Weimar (goleira)
Temporada passada: 5º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: terminar entre os quatro primeiros

A temporada passada, primeira do Feyenoord disputando o Campeonato Holandês de mulheres, foi para se estabelecer. E isso aconteceu: entre momentos bons (ganhar o primeiro Klassieker feminino oficial, goleando o Ajax por 4 a 1) e ruins (levar 6 a 0 do ADO Den Haag, em casa), terminar em quinto lugar foi um desempenho de não se envergonhar. Agora, já estabelecido, esta temporada é para o Stadionclub se afirmar. Até porque ele já tem seus destaques para apresentar, No gol, Jacintha Weimar foi à Euro feminina às pressas, preenchendo a lacuna deixada pelo corte de Van Veenendaal, e se mostra muito promissora. No meio-campo, Cheyenne van der Goorbergh garante a experiência. No ataque, já havia Pia Rijsdijk e Sophie Cobussen. Sanne Koopman, titular da Holanda na boa campanha no Mundial sub-20 feminino, vira mais uma opção de gols com sua chegada, do VV Alkmaar. E Sabrine Ellouzi veio do Excelsior para ajudar Van der Goorbergh no meio. Enfim, o nível de exigência aumentará um pouco mais no centro de treinamentos de Varkenoord.

Já antológica no futebol feminino da Bélgica, a atacante Tessa Wullaert foi a abre-alas da ambiciosa estreia do Fortuna Sittard na Eredivisie feminina (fortunasittard.nl/Divulgação)

Fortuna Sittard

Cidade: Sittard
Equipe feminina fundada em: 2022
Estádio: Fortuna Sittard Stadion (capacidade para 12.000 torcedores)
Apelidos: FSC, Fortunezen 
Títulos: nenhum
Patrocínio: Azerion (fabricante de games para computador)
Técnico: Roger Reijners
Destaque: Tessa Wullaert (atacante)
Fique de olho: Samantha van Diemen (defensora)
Temporada passada: não disputou
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: não terminar em último

No Campeonato Holandês masculino, o Fortuna causou furor na pré-temporada, com uma ambiciosa contratação (o atacante turco Burak Yilmaz). E no feminino, o clube auriverde de Sittard também celebrou a sua temporada de estreia na Vrouwen Eredivisie com pompa e circunstância. Para começo de conversa, trouxe a principal referência que a Bélgica tem em futebol feminino: a atacante Tessa Wullaert, maior goleadora da história da seleção de mulheres daquele país, de atuações razoáveis na Euro. Depois, vieram nomes promissores do próprio futebol doméstico, como a goleira Claire Dinkla, a meio-campista Dana Foederer e a defensora Samantha van Diemen - esta, tendo nova chance, após saída turbulenta e mal explicada do Feyenoord. Para treinar todas elas, um nome de experiência comprovada no futebol feminino: Roger Reijners, treinador da Holanda na primeira participação dela numa Copa do Mundo (2015). Enfim, o Fortuna Sittard começou com tudo no futebol feminino. Mas está só começando. Só o tempo dirá se a empolgação inicial virará uma condução regular das coisas.

O Heerenveen quer se fortalecer de novo como time bom para revelar jogadoras, e Buikema pode catalisar isso (Photo by Perry van de Leuvert/BSR Agency/Getty Images)

Heerenveen

Cidade: Heerenveen  
Equipe feminina criada em: 2007
Estádio: Sportpark Skoatterwâld (capacidade para 3.000 torcedores) 
Apelidos: Fean (corruptela de "Hearrenfean", nome do time no idioma frísio - falado na província de Frieslândia, onde fica a cidade de Heerenveen), Frísios, Time da Frísia, "De Superfriezen" ("os superfrísios") 
Títulos: nenhum
Patrocínio: Ausnutria (empresa de alimentos infantis à base de leite de cabra)
Técnico: Hans Schrijver
Destaque: Nayomi Buikema (meio-campista)
Fique de olho: Dayna Schra (atacante)
Brasileiras no grupo de jogadoras: nenhuma
Temporada passada: 7º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: não terminar em último

Em tempos idos, o time feminino do Heerenveen ficou famoso por ser a porta de entrada de várias boas jogadoras para uma carreira regular: para ficar só num exemplo disso, Vivianne Miedema começou sua trajetória no time da Frísia. Contudo, até mesmo esse posto tem sido perdido pelo Fean nas temporadas recentes. Para tentar recuperá-lo, optou-se por um técnico experiente, embora mais vinculado ao futebol masculino: Hans Schrijver, 63 anos. E Schrijver terá alguns nomes promissores, como a meio-campista Nayomi Buikema (já presente na seleção sub-19 da Holanda) e a atacante Dayna Schra. Quem sabe seja suficiente para fazer o Fean ter uma posição um pouco melhor - não muito, mas um pouco - na liga.

Muitos reforços experientes vieram. Mas é de uma novata já comprovada, Esmee Brugts, que o PSV mais espera o talento para ser levado mais a sério (Broer van den Boom/BSR Agency/Getty Images)

PSV

Cidade: Eindhoven  
Equipe feminina criada em: 2012
Estádio: Sportcomplex De Herdgang (capacidade para 2.500 torcedores) 
Apelidos: Boeren (em holandês, "fazendeiros" - referência ao grande número de fazendas e áreas verdes na região onde fica Eindhoven); Eindhovenaren (nativos de Eindhoven) 
Títulos: nenhum Campeonato Holandês (uma Copa da Holanda)
Patrocínio: Brainport Eindhoven (conglomerado formado por cinco empresas de Eindhoven)
Técnico: Rick de Rooij
Destaques: Esmee Brugts (atacante) e Joëlle Smits (atacante)
Fique de olho: Lisan Alkemade (goleira)
Temporada passada: 3º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: Título

Se o rival Ajax tem a pressão ampliada para tentar destronar o Twente no topo da Eredivisie, a pressão no PSV é ainda maior. A temporada passada foi uma tremenda decepção em Eindhoven: um time que ficou a muitos pontos da disputa do título, deixou passar a Copa da Holanda que vencera em 2020/21, nem mesmo teve a Eredivisie Cup para se consolar. Para tentar voltar a ser concorrente digno de menção, o clube passou por algumas reformulações. Uma delas, por obrigação: o fim da carreira de Sari van Veenendaal abre caminho para Lisan Alkemade, titular no gol da Holanda quarta colocada no Mundial sub-20 feminino, ocupar a vaga no gol dos Boeren. Outras delas, por investimento: nomes experientes, Siri Worm e Kika van Es chegam para ajudar Mandy van den Berg a estabilizar a defesa. No meio-campo, a vida sem Desirée van Lunteren (outra veterana que parou) passa a ter a mexicana Anika Rodríguez como destaque, além de Inessa Kaagman, mais um reforço de longos serviços prestados à seleção. No ataque, há Naomi Pattiwael; Joëlle Smits, de volta após a apagada passagem pelo Wolfsburg... e Esmee Brugts, um dos grandes símbolos da nova e talentosa geração holandesa que surge. A ponta-esquerda tem todo o talento técnico para personificar uma fase em que o PSV, quem sabe, consiga transformar investimento em resultados.

Chelly Drost é uma das raras veteranas num grupo novo, para o reiniciante Telstar (sctelstar.nl/Divulgação)

Telstar

Cidade: Velsen
Equipe feminina criada em: 2022
Estádio: BUKO Stadion (capacidade para 3.260 torcedores)
Apelidos: De Witte Leeuwinnen ("As Leoas Brancas", derivação de "Witte Leeuwen", "leões brancos", apelido do time masculino)
Títulos: nenhum
Patrocínio: Sportcity (rede de academias)
Técnico: Marelle Worm
Destaques: Chelle Drost (meio-campista) e Dominique Bruinenberg (meio-campista)
Fique de olho: Isa Gomez (atacante)
Temporada passada: não disputou
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: não terminar em último

O Telstar é um "quase novato". Afinal, chegou a disputar a antiga BeNeLiga até 2016 - com direito até a um terceiro lugar, em 2011/12. Porém, veio a falta de dinheiro, a desativação da equipe feminina, toda a estrutura passando para o VV Alkmaar... e só agora os "Leões Brancos" podem ter também as "Leoas Brancas". Coube à diretora Yvonne van Gennip comandar a montagem de um grupo novo, que terá experiência somente em duas meio-campistas, Chelle Drost e Dominique Bruinenberg. A técnica Marelle Worm aprendeu no lugar e com a pessoa certa: tendo jogado a maior parte da carreira no ADO Den Haag, Worm foi pupila de uma certa Sarina Wiegman. E mesmo (re)iniciante, o Telstar começa com um bom clima para impulsionar o futebol feminino. Até por um parceiro mais ligado ao futebol masculino: Andries Jonker, novo técnico da seleção, teve o último trabalho no time de homens do Telstar, e incentivou bastante a criação da equipe feminina.

Goleadora máxima do futebol feminino dos Países Baixos, atacante muito promissora em termos de seleções, melhor da Eredivisie passada: Fenna Kalma simboliza um Twente que já é dominante, e quer ser ainda mais (Rene Nijhuis/BSR Agency/Getty Images)

Twente

Cidade: Enschede
Equipe feminina criada em: 2007
Estádio: Het Diekman (capacidade para 2.500 torcedores) 
Apelidos: Tukkers (gíria para nativos do Twenthe, região da província de Overijssel onde fica a cidade de Enschede)
Títulos: 8 Campeonatos Holandeses (duas Copas da Holanda, uma Supercopa da Holanda e duas BeNeLigas)
Patrocínio: Roetgerink (vestuário e sapataria)
Técnico: Joram Pot
Destaque: Fenna Kalma (atacante)
Fique de olho: Daphne van Domselaar (goleira) e Marit Auée (defensora)
Temporada passada: Campeão
Copas europeias: Liga dos Campeões (eliminado pelo Benfica-POR, na primeira fase preliminar)
Objetivo: Título

Somente a precoce eliminação nas fases preliminares da Liga dos Campeões das mulheres e a saída de Kerstin Casparij, rumando para o Manchester City, foram motivo de lamentação no Twente. De resto, o time de Enschede continua com o grupo inalterado para tentar manter o domínio que hoje tem no futebol feminino dos Países Baixos, exemplificado com o tricampeonato da Vrouwen Eredivisie, o título da Eredivisie Cup e a vitória na Supercopa da Holanda, conquista que abriu esta temporada. Se é verdade que se deve ter cautela na observação do trabalho sob um novo técnico  (Joram Pot, vindo do Zwolle para suceder Robert de Pauw), os destaques estão todos lá. No gol, está Daphne van Domselaar, de atuações tão surpreendentemente boas na Euro, tornando-se na seleção o que já é nos Tukkers - ou seja, titular absoluta. Na defesa, Marisa Olislagers, outra que já vira útil para a seleção com sua versatilidade, podendo jogar como volante mais à frente. No meio-campo, Kayleigh van Dooren, que segue no radar das convocações, como boa criadora de jogadas. E no ataque, o trio que virou a cara das últimas conquistas: Anna-Lena Stolze, Renate Jansen e Fenna Kalma. Pouco, ainda? Pois o Twente trouxe para a zaga uma rara holandesa que mostra boas perspectivas defensivas - Marit Auée, vinda do Zwolle, importante na boa campanha no Mundial sub-20 feminino. Há ainda Kim Everaerts, pronta a receber mais chances na lateral esquerda. Enfim, o Twente teve poucas perdas. E tem muita esperança de conseguir o tricampeonato seguido da Vrouwen Eredivisie, para transformar o domínio que já tem em hegemonia.

O VV Alkmaar pode ser modesto, mas é um clube que revela bons nomes - e tem alguma segurança em Maudy Stoop (Jan Mulder /BSR Agency/Getty Images)

VV Alkmaar

Cidade: Alkmaar 
Equipe feminina criada em: 2017
Estádio: Sportpark Robonbosweg (capacidade para 2.000 torcedores)
Apelidos: não tem
Títulos: três Campeonatos Holandeses (uma Copa da Holanda)
Patrocínio: Schot
Técnica: Mark de Vries
Destaque: Maudy Stoop (defensora)
Fique de olho: Veerle van der Most (atacante)
Brasileiras no grupo de jogadores: nenhuma
Temporada passada: 8º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: não terminar em último

Um dia, o VV Alkmaar teve força no futebol feminino holandês, sim. Quando era o AZ Alkmaar, chegou a ser tricampeão da liga (2007/08, 2008/09, 2009/10). Só que o mecenas Dirk Scheringa largou o clube, o dinheiro diminuiu, e o AZ desativou seu clube. Restou ao VV Alkmaar aproveitar, a partir de 2017, a estrutura então parada do Telstar para seguir com o futebol feminino. Enquanto os bons tempos não voltam, pelo menos o clube aposta na continuidade: o técnico Mark de Vries renovou contrato, há jogadoras promissoras - a zagueira Maudy Stoop, mesmo jovem, já é capitã e demonstra liderança... e o VV Alkmaar também se mostra capaz de ser um criadouro. Como mostram as transferências da goleira Roos van Eijk para o Milan-ITA, de Sanne Koopman para o Feyenoord... pode ser um caminho para, quem sabe, ficar mais perto das campanhas honrosas, como as que o antecessor AZ fazia.

Sem Naomi Hilhorst por algum tempo, Danique Noordman é a principal jogadora para tentar catapultar o Zwolle, cheio de nomes promissores (Kees Kuijt/BSR Agency/Getty Images)


Zwolle

Cidade: Zwolle  
Equipe feminina criada em: 2010
Estádio: Mac³Park (capacidade para 13.250 torcedores) 
Apelidos: Zwollenaren, Dedos Azuis (em holandês, "Blauwvingers")
Títulos: nenhum 
Patrocínio: AKM Media (empresa de elementos multimídia)
Técnico: Olivier Amelink
Destaque: Danique Noordman (meio-campista)
Fique de olho: Marushka van Olst (atacante) 
Temporada passada: 6º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: ficar entre os quatro primeiros

O Zwolle pode ser um time muito longe de ser campeão, mas virou um bom revelador. Que o diga o Twente, atual tricampeão holandês de mulheres, que levou nesta temporada a principal zagueira (Marit Auée) e o treinador (Joram Pot) dos "Dedos Azuis". Tudo bem: o técnico que chega, Olivier Amelink, é acostumado a trabalhar com equipes de jovens - embora sua experiência seja mais vinculada ao futebol masculino. Ainda assim, nomes como a meio-campista Danique Noordman são esteios em torno dos quais novatas de destaque podem aparecer. É verdade que o time foi altamente prejudicado por mais uma lesão da atacante Naomi Hilhorst, principal nome em campo. Ainda assim, há várias candidatas a revelação: a goleira Tess van der Flier, a zagueira Zaina Bouzerrade, a meio-campista Danique Noordman (esta, titular da Holanda no Mundial sub-20 feminino), a atacante Marushka van Olst. Todas podem ajudar os Zwollenaren a chegarem perto de Feyenoord e ADO Den Haag, na disputa para ver qual clube é o "melhor do resto".

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