terça-feira, 6 de setembro de 2022

Para ser a sexta força

A federação da Holanda (Países Baixos) sabe, torcedores sabem, talvez até os jogadores saibam: o Campeonato Holandês perderia tempo, se sonhasse em igualar seu nível técnico e seu interesse ao da Premier League. Talvez, mesmo alcançar o campeonato espanhol ou o alemão seja irreal. No entanto, parece que a KNVB, enfim, compreendeu: é possível que o futebol holandês seja o sexto melhor da Europa, superando ligas mais próximas (Portugal, Escócia, Turquia etc.) e ficando mais próxima da França, mais visível. E isso pode ser comprovado ao se olhar a Holanda como o país com o sexto melhor coeficiente da UEFA. E confirmado com uma campanha em torneios europeus que repita o que se viu na temporada passada - não só em desempenho, exemplificado no Feyenoord finalista da Conference League, mas em quantidade de clubes fazendo boas campanhas.

É o que os Países Baixos querem. É o que os quatro representantes do país nos torneios continentais (o Twente caiu nos play-offs da Conference League, para a Fiorentina-ITA) tentarão fazer. A ver o que conseguem - as perspectivas estão aí.

Liga dos Campeões

Ajax

Talvez o time de Amsterdã seja a maior incógnita entre os representantes neerlandeses nas competições europeias. Pelo bom desempenho na fase de grupos da Liga dos Campeões passada - seis jogos, seis vitórias -, é possível pensar que os Ajacieden estão em ótima condição para passar do grupo A, em que apenas o Liverpool parte como favorito destacado a uma das vagas nas oitavas de final. Por outro lado, a decepção da eliminação nas oitavas de final e as várias perdas que o time de Amsterdã teve (no banco, Erik ten Hag; em campo, de Noussair Mazraoui a Antony, passando por Lisandro Martínez e Ryan Gravenberch) oferecem fragilidades que podem ser aproveitadas pelo Napoli, também técnico, e pelo esforçado Rangers, os outros dois times do grupo. Mas trazer nomes como Steven Bergwijn, ter um time estabilizado a ponto de já começar bem no Campeonato Holandês, tudo isso mantém em alta as perspectivas do Ajax na Champions League. Só quando a bola rolar, será possível ver para qual lado a situação irá.

Liga Europa

Feyenoord

Em outros tempos, o Feyenoord temeria o grupo F em que caiu. Não só pela Lazio-ITA, forte concorrente, Midtjylland-DIN e Sturm Graz-AUT.  Agora, não. Ser vice-campeão da Conference League turbinou a autoconfiança do Stadionclub, com justiça. Mesmo perder muitos nomes na janela de transferências foi algo contornado. Tanto pelo dinheiro que chegou - fazia tempo que o clube de Roterdã não obtinha rendas tão vultosas - quanto pelos nomes que vieram para substituir Marcos Senesi, Tyrell Malacia, Fredrik Aursnes, Guus Til, Bryan Linssen, Luis Sinisterra. Dávid Hancko, Jacob Rasmussen, Sebastian Szymanski, Javairô Dilrosun, Danilo, Igor Paixão: todos eles já mostram um ótimo começo no Campeonato Holandês. Se o Feyenoord começar bem, tem tudo para avançar na Europa League. E por quê pensar pequeno?

PSV

Para um time com tantas contratações (Walter Benítez, Guus Til, Xavi Simons, Luuk de Jong, Anwar El Ghazi), ter sido eliminado da Liga dos Campeões, nos play-offs antes da fase de grupos, foi um golpe decepcionante. Que deixou certas lições, muito importantes para o grupo A da Europa League, equilibrado a princípio, com o Arsenal como favorito e o Bodo/Glimt capaz de surpreender, além do FC Zürich. A maior delas: evitar fragilidades defensivas, que foram altamente prejudiciais na queda pela Champions League. Para isso, será muito útil ver o que pode fazer a dupla de volantes Ibrahim Sangaré-Joey Veerman, ambos muito bem neste momento. Além do mais, o time de Eindhoven tem muita força ofensiva, com o ótimo começo de Xavi Simons e a permanência de Cody Gakpo, cada vez mais sendo o destaque técnico da equipe. Enfim, há pontos positivos. Cabe aos jogadores - e ao técnico Ruud van Nistelrooy - trabalharem pela neutralização dos pontos negativos. Coisa que não conseguiram fazer na Liga dos Campeões.

Conference League

AZ

A temporada passada foi uma relativa decepção em Alkmaar. Tanto pelo desempenho no Campeonato Holandês, quanto pelo visto na Conference League passada: cair nas oitavas de final, para o Bodo/Glimt, deixou um certo gosto de que era possível fazer diferente, por melhor que o time norueguês tenha sido (e mereceu a classificação, pela competência maior). Pelo menos no começo, os Alkmaarders tiveram bons sinais. Em primeiro lugar, um bom começo na Eredivisie, com a defesa mais protegida - agora são cinco no setor -, um meio-campo altamente entrosado, e até boas promessas surgindo, como o ala Myron van Brederode. Em segundo lugar, um grupo que não impõe muitas preocupações - o grupo E, com o Apollon Limassol cipriota, o Dnipro-1 ucraniano e o Vaduz, primeiro clube de Liechtenstein a jogar a fase de grupos de um torneio europeu. Enfim, o AZ tem plenas condições de fazer melhor do que fez na temporada passada.

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