O PSV não atacou quando e como devia. Por isso inveja o Rostov, que vai à Liga Europa (Joep Leenen) |
Armar o time no 5-3-2 é mais do que uma tática válida como qualquer outra; é até aconselhável, se sua defesa for excessivamente frágil e enfrentar um time traiçoeiro. Todavia, caso a equipe jogue em casa, preocupar-se primeiro em não tomar gols pode ser contraproducente. Se a equipe simplesmente precisa da vitória, sem a qual estará eliminada do torneio que disputa, o 5-3-2 pode ser um tiro no pé. E se tal esquema é empregado contra um adversário que também não atacará muito nem fará questão da posse de bola, aí a escolha do técnico será inegavelmente errada.
Pois bem: foi o que se viu do PSV em seu jogo derradeiro pela Liga dos Campeões. Precisando vencer para conseguir a vaga de consolação na Liga Europa, os Boeren tinham condições de fazê-lo. Não que o Rostov fosse de se menosprezar. Longe disso: a vitória sobre o Bayern de Munique comprovou como a equipe russa, além de se valer de uma notável sabedoria tática, possui jogadores capazes de criarem perigo ofensivo (Christian Noboa, Dmitri Poloz e Sardar Azmoun são os exemplos mais notórios). No entanto, é claro que o Rostov era grande mas não era dois.
Phillip Cocu achou que era. Só assim para explicar como os Eindhovenaren foram tão avaros no ataque, durante o primeiro tempo. Somente se tentava alguma coisa pelas pontas: fosse com Santiago Arias, pela direita, fosse com Joshua Brenet, pela esquerda - e aí, também merecem críticas os meio-campistas. Nenhum dos três teve velocidade, nem criou jogadas que superassem as compactadas linhas dos visitantes de Rostov-do-Don. O que "matou de inanição" Luuk de Jong e Steven Bergwijn, os dois da frente. As críticas talvez só possam ser amainadas para Bart Ramselaar: cada vez mais seguro no meio, o camisa 23 do time de Eindhoven não temia arriscar chutes de longe.
O Rostov? Ficava na dele. Afinal, qualquer empate lhe colocava na segunda fase da Liga Europa. Então, tirando um ou outro chute perigoso (como um de Poloz, ainda no primeiro tempo), a equipe de fora se defendia, continuava controlando o meio, restando apenas os cruzamentos infrutíferos de Arias e Brenet.
Somente depois do intervalo as coisas começaram a mudar no PSV: Bergwijn começou a voltar mais para pegar a bola, e também arriscar chutes, como vinha fazendo Ramselaar. E aos 60', enfim, Cocu decidiu abrir mais sua equipe, deixando o 5-3-2 de lado para colocar Siem de Jong e Gastón Pereiro em campo, tirando respectivamente Arias e Zinchenko. O time da casa virava um 3-4-3: afinal, já não restava muito tempo para o gol que poderia levar à vitória necessária.
Claro, a maior ofensividade do PSV levou a contragolpes mais perigosos do Rostov - como aos 67', quando Sardar Azmoun arriscou chute de fora, forçando Jeroen Zoet a fazer sua primeira (e única) defesa importante no jogo. Todavia, o time da casa começou a chegar mais ao gol. Fosse nos chutes de fora, a opção preferencial: Bergwijn levou o goleiro Soslan Dzhanaev a encaixar bem a bola, num arremate de longe, aos 75'. Aos 80', à queima-roupa, Luuk de Jong quase fez o dele, mas escorou cruzamento em cima de Dzhanaev. Havia três minutos, Luciano Narsingh substituíra Nicolas Isimat-Mirin, deixando o PSV com quatro atacantes. Aos 86', o lance de mais drama: novo cruzamento para a área, Dzhanaev saiu mal do gol, a sobra ficou com o PSV, e a bola foi rolada para Ramselaar bater rasteiro. Só não entrou porque foi tirada em cima da linha.
Todavia, já era tarde demais para ser ofensivo. Mais cinco minutos de acréscimo, o jogo acabou, e a participação do PSV nos torneios continentais também - desde 1992/93 a equipe não era eliminada na fase de grupos da Liga dos Campeões com tão poucos pontos (2). Deixando a torcida com duas alternativas: vaiar (o que fez tão logo Craig Thomson apitou o fim da partida) e pensar que a equipe do coração tentou o ataque tardiamente. Phillip Cocu até defendeu a abordagem mais cautelosa, na entrevista coletiva após o jogo: "Nesse tipo de partida, é importante não ficar em desvantagem, ainda mais contra aquela que talvez seja a equipe de contragolpe mais perigoso. Falar depois é fácil".
Tudo bem, o Rostov era mesmo perigoso. Ainda assim, era obrigatório para o PSV, pelo menos, buscar mais a vitória, ser mais ofensivo. Se bem que talvez não desse certo mesmo assim, diante de uma equipe cujo meio-campo sente claramente as ausências de Andrés Guardado e Jorrit Hendrix. Sem contar a falta de gols, exposta no empate contra o Roda JC, no sábado passado. Se não há qualidade para fazer gols, como jogar ofensivamente? Eis a questão que o atual bicampeão holandês terá de responder nos campos holandeses, se quiser o tri.
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